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Arquivo : Chris Paul

Jukebox NBA 2015-16: o carma chega para abalar o Clippers
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Giancarlo Giampietro

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Em frente: já estamos nos playoffs e o blog vai tentando fazer uma ficha sobre as 30 franquias da liga, apelando ainda a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Instant Karma (We All Shine On)”, por John Lennon

Então. O último post, sobre as consequências imediatas da lesão de Stephen Curry, terminou com a lembrança de que Doc Rivers, no ano passado, para provocar e mexer no vespeiro, afirmou que o título do Golden State Warriors poderia se explicar muito pelo fator sorte. De não terem sofrido nenhuma baixa mais séria durante a campanha e por ver seus principais oponentes caindo mais cedo. Com a expectativa de reencontrar os atuais campeões pela semifinal do Oeste, esse comentário ganhava um grifo irônico e perigoso, já que poderiam enfrentar um adversário, agora, ferido e também com irritado, querendo provar algo. Ainda assim, no contexto das 21h (do horário de Brasília), o Clippers não teria mais do que reclamar. Era aquela coisa: calar-se e jogar.

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Bom… Esse contexto não durou nem cinco horas. Pelo Jogo 4 da série contra o Portland Trail Blazers, Chris Paul sofreu uma fratura na mão direita, que muito provavelmente vai afastá-lo do restante dos playoffs. Aí a observação impertinente de Rivers sobre o Warriors se tornou, digamos, cármica. Não se deve mexer jamais com essas coisas no esporte. Daí entra nosso amigo John, sempre mordaz, desconfiado e, também, sagaz. “O carma instantâneo, imediato vai vai te pegar. Vai te bater bem na cara. É melhor você ficar alerta, querido. Junte-se à raça humana”, escreve em um verso. Depois, você ainda vai encontrar estas linhas: “O carma instantâneo vai te pegar. Vai te tirar de derrubar. É melhor reconhecer seus irmãos. Todos que você encontrar.”

Ouch.

Por anos e anos, o Clippers cultivou duas imagens em Los Angeles. A primeira, otimista, de time do futuro na metrópole californiana. Uma hora chegaria a vez deles, preparadíssimos para desbancar o Lakers. A segunda, alvo de chacotas, veio como consequência dos constantes tropeços que o fortíssimo núcleo de Chris Paul, Blake Griffin, JJ Redick e DeAndre Jordan, gerido por Doc Rivers, não conseguiu evitar. Perder faz parte do jogo. Mas a choradeira insistente desses caras? Virou folclore. Agora, infelizmente, eles têm todos os motivos para resmungarem demais, ainda que, em seu protesto, só possam somente olhar para o céu, em vez de reclamar contra um trio de arbitragem qualquer, contra a liga etc.

Paul se lesionou em 'dividida' com Gerald Henderson

Paul se lesionou em ‘dividida’ com Gerald Henderson

Nesta campanha para tentar se afirmar como sério candidato ao título, que nunca foi tão mais forte como no ano passado, quando derrubaram o San Antonio Spurs num duelo épico, a equipe angelina até se habituou a jogar esporadicamente sem Chris Paul ou Blake Griffin. Mas nunca sem os dois ao mesmo tempo, por um longo período. É o que vai acontecer desta vez: no mesmo boletim médico que divulgou que o armador passou por uma cirurgia já nesta terça-feira, deixando-o afastado por tempo indeterminado, os assessores também informaram que o ala-pivô não jogará mais nesta temporada, devido à reincidência de sua lesão no quadril.

Isso que mata. Pela temporada 2011-12, Paul ficou fora de 22 partidas, e o time conseguiu segurar as pontas, curtindo as habilidades diversas de Griffin como criador, como uma arma ofensiva praticamente completa – só faltava o tiro exterior, mesmo. Nas últimas temporadas, isso foi raro. O armador poderia até estar com um estiramento de virilha aqui, ou uma outra lesão muscular ali, mas ele ao menos conseguia estar em quadra, pelas campanhas, hã, fracassadas pelos playoffs, de 2012 até agora.  No caso de Griffin, a onda de problemas físicos começou na temporada passada, quando perdeu 15 jogos. Na atual jornada, piorou: só pôde ir à quadra em 35 rodadas, abalado não só por uma distensão no quadril como, depois, pela fratura na mão que sofreu ao esmurrar um dos roupeiros do time. Coisa de TMZ e TV Fama. Para deixar claro, ele ficou muito sentido pelo ocorrido. Ok, ok.

Durante esta prolongada ausência, Doc Rivers viu seu time responder muito bem. Sem Griffin, fortaleceu sua defesa, que foi a quarta mais eficiente da liga desde o dia 26 de dezembro, sem Griffin. Do outro lado, manteve um ataque poderoso que se concentra nos pick-and-rolls entre Chris Paul e DeAndre Jordan e a ameaça do tiro exterior ao seu redor, sendo o oitavo sistema ofensivo mais eficiente no mesmo período. Uma encrenca para qualquer adversário, mesmo para os grandes favoritos. Jogaram tão bem que o retorno de seu ala-pivô estelar apresentava até alguns dilemas, de como integrá-lo, especialmente quando estava claro que ele não estava nem a 60% de seu potencial, números à parte. Faltava ritmo e força. Da pior forma possível, o técnico-presidente nem precisará mais se preocupar com isso. A dor de cabeça ficou muito maior.

Griffin também sofreu uma fratura em sua mão direita. Em janeiro, durante passagem por Toronto, quando, agrediu um amigo -- e roupeiro do time. Estava prestes a retornar de uma lesão no quadril. A mesma lesão que o tira dos playoffs agora. Ele voltou a jogar, mas não estava totalmente curado

Griffin também sofreu uma fratura em sua mão direita. Em janeiro, durante passagem por Toronto, quando, agrediu um amigo — e roupeiro do time. Estava prestes a retornar de uma lesão no quadril. A mesma lesão que o tira dos playoffs agora. Ele voltou a jogar, mas não estava totalmente curado

Sem a dupla, é difícil imaginar que alternativas Doc pode encontrar para montar um conjunto ainda competitivo para o nível que os playoffs exigem. Jeff Green, Paul Pierce e Wesley Johnson, por comitê, vão ter de assimilar o volume ofensivo dedicado a Griffin. Acontece que é difícil encontrar jogadores mais irregulares que Green e Johnson, duas escolhas top 10 de Draft que frustraram vários treinadores. Já Pierce está nas últimas: só participou de 27 minutos da série contra o Blazers, de 192 possíveis. A não ser que Rivers esteja errando feio em sua avaliação, é sinal de que não se pode esperar mais 20,0 pontos por jogo do ídolo do Celtics em um longo mata-mata. Na melhor das hipóteses, o Clippers poderia ao menos contar com o melhor de cada um em noites distintas.

Ainda assim, seria o bastante? A vida de qualquer finalizador fica mais fácil quando a bola está nas mãos de Chris Paul, um dos melhores armadores da história. Agora, a mudança de estilo não poderia ser mais radical: o filhão Austin Rivers assume a condução do ataque, de cabeça baixa, pensando quase sempre na cesta. Figura nada querida em Portland, Jamal Crawford também vai ter de se mexer, ao sair de sexto homem de vida fácil para ponto de referência no ataque. Da parte desse chutador maluco, eleito pela terceira vez o melhor sexto homem da liga, também valeria um esforço para envolver seus companheiros, ainda mais com Austin ao seu lado. Pablo Prigioni viria do banco para tentar dar alguma firmeza ao time.

Para constar: JJ Redick também está lidando com um problema no calcanhar, algo bastante significativo para alguém que não pára de correr pelo ataque, em busca de uma boa oportunidade para subir para o arremesso. Se ele não conseguir se movimentar com rapidez de um lado para o outro de quadra, o espaçamento do ataque fica ainda mais comprometido.

Sobrou para eles. E o banco do Clippers fica ainda mais fraco, algo que era aparentemente impossível

Sobrou para eles. E o banco do Clippers fica ainda mais fraco, algo que era aparentemente impossível

O baque não se limita à tarefa de fazer cestas, claro. A forte defesa do Clippers conta com a presença mastodôntica de DeAndre ao centro do garrafão, mas começa pela pressão que CP3 ainda consegue colocar em cima da bola. Contra o Blazers de Damian Lillard e CJ McCollum, ele vinha sendo figura fundamental para limitá-los. Não que jogasse sozinho: contava com a ajuda de dobras acima da linha de três pontos para forçar que os cestinhas se livrassem da bola. De certa forma, vinha dando certo, com ambos pontuando menos em relação a suas médias pela temporada regular. Rivers vai ter a disciplina para continuar este abafa? Prigioni vai ter fôlego?

Imagine a lista de tarefas que Rivers e seu badalado estafe teriam de cuidar na primeira reunião que tiveram após serem informados de seus desfalques? Um jogo que provavelmente devem ter estudado com carinho foi a derrota apertada para OKC, sofrida no dia 31 de março, por apenas dois pontos, fora de casa. Naquela ocasião, o técnico poupou o trio Paul-Jordan-Redick, enquanto Griffin ainda não estava pronto para jogar. Austin Rivers e Crawford marcaram, cada um, 32 pontos, enquanto Jeff Green contribuiu com mais 19 saindo do banco. Foi um desempenho surpreendente e que só não rendeu uma grande vitória pelo fato de sua defesa ter tomado 119 pontos. Alguns dias depois, novamente preservando seus principais atletas, a equipe venceria o Utah Jazz por três pontos, na prorrogação, também como visitante. Crawford fez 30 pontos e Prigioni somou 13, com mais sete assistências. O quão realista seria esperar a reprodução de um desempenho desses pelos playoffs? Em busca de informações, Terry Stotts muito provavelmente também colocou scouts e assistentes para dissecar essas duas *fitas*.

Aí, galera, que o Trail Blazers, tendo igualado a série em casa, virou favorito para um confronto melhor-de-três a partir desta quarta-feira. Mesmo que tenha um elenco muito jovem. Mesmo que o Clippers ainda tenha o mando de quadra. Mas o momento agora é todo favorável a Portland, e caras como Damian Lillard e CJ McCollum, na real, curtem esse tipo de situação, de encarar qualquer vestígio de pressão. Para um time que não estava tão bem cotado assim no início do campeonato, uau. Uma baita história. Para uma franquia que já sofreu com lesões de Bill Walton, Sam Bowie e Greg Oden no decorrer de sua história, acabando com sonhos ambiciosos, não vão lamentar tanto assim os problemas do oponente. O carma deles já foi pago há tempos e com juros elevadíssimos.

PS: a música inicialmente planejada para o Clippers era “Wouldn’t It Be Nice?”, clássico dos Beach Boys, banda icônica da Califórnia, muito mais apropriada. A pergunta era básica: não seria legal que os antigos primos pobres de Los Angeles ficassem juntos e se dessem bem dessa vez? Até esta segunda-feira, estava mantida. Tivemos de mudar.

A pedida? Só um milagre, mesmo. Que Austin Rivers viva as melhores semanas de sua vida. Que DeAndre Jordan acerte 80% de seus lances livres. Que JJ Redick passe a pontuar não só com precisão nos arremessos e inteligência, mas com explosão física e dribles mortais.  Que Wesley Johnson ou Jeff Green possam fazer 20 pontos por jogo. Que Jamal Crawford tenha aproveitamento superior a 45% nos arremessos. Qualquer coisa nessa linha…

Doc fala como técnico ou presidente?

Doc fala como técnico ou presidente?

A gestão: sim, se o San Antonio perdesse Kawhi e LaMarcus, provavelmente diria adeus precocemente. Se Draymond Green se juntasse a Stephen Curry no banco, Golden State também diria que ficou para a próxima. Cleveland sem LeBron e Kyrie? O mesmo. OKC sem Durant e Wess? Vimos no ano passado: nem playoff dava. Então… Se o Clippers, completando sua quinta temporada de Chris Paul e Blake Griffin, não conseguir o título, dessa vez não haveria o que Doc Rivers pudesse ter feito no mercado para remediar a situação. O que não quer dizer que o trabalho do presidente não deva ser questionado.

Enquanto tiver Chris Paul e Blake Griffin, com DeAndre Jordan e JJ Redick dando suporte, a tendência é a de que os resultados em quadra desviem a atenção do que vem acontecendo no escritório. Vai chegar o momento em que as seguidas decisões (no mínimo)  questionáveis que tomou nos últimos anos cobrarão um preço. Não seria um exagero dizer que se trabalho de longo prazo beira o desastre. Ele já virou o pôster dos críticos que preferem a separação de Estado e Igreja, ou melhor, de dirigente e técnico. Qual o receio aqui?  Que o treinador esteja sempre muito mais preocupado com questões imediatistas. O futuro? Fica para depois, mesmo.

O último exemplo disso foi a troca por Jeff Green, em fevereiro. Você pode ser o maior fã deste ala. Até concedo isso. Mas não dá para justificar um negócio por Lance Stephenson e uma escolha de primeira rodada de Draft. Não só por Stephenson ser muito mais jogador (a despeito da insanidade latente) e ter se reencontrado em Memphis. Mas pelo fato de ter desperdiçado mais uma seleção de calouro, uma ferramenta muito valiosa para a montagem de elencos.

Sabe quem é este? Não? Sem problema: para ver CJ Wilcox com a camisa do Clippers, só em foto montada mesmo

Sabe quem é este? Não? Sem problema: para ver CJ Wilcox com a camisa do Clippers, só em foto montada mesmo

A piada aqui é que talvez o presidente Rivers nem se importe mais em trocar escolhas futuras. Afinal, o técnico Rivers não aprova nunca os jovens jogadores que recebe junho após junho, mesmo. Parece conversa de maluco? Os renegados discordam: o ala Reggie Bullock foi descartado rapidamente e teve bons momentos com Detroit neste ano;  CJ Wilcox é um chutador já de 25 anos que só joga pela D-League; Branden Dawson (cuja única manchete este ano foi um caso de polícia). Para um técnico renomado, que foi um armador condecorado, guiando diversos times rumo aos playoffs com os dois cargos, é surpreendente que, como diretor, tenha um aproveitamento pífio na hora do Draft.

A questão fica mais ampla quando vemos que, nem mesmo quando vai atrás de veteranos, Doc tem acertado — seja por problemas de avaliação do cartola ou do treinador. Spencer Hawes, Josh Smith, Glen Davis, Lance Stephenson, Jordan Formar, Chris Douglas-Roberts, Jared Dudley…  São vários os atletas que chegaram durante sua gestão e foram dispensados de modo apressado. Alguns deles passariam a render mais quase que imediatamente após trocas. É uma confusão que só, que fica mais grave quando notamos o estrangulamento de sua folha salarial.

Muitos de seus movimentos foram realizados com o intuito de livrar o clube de multas pesadas do chamado “hard cap”. Leia-se: livrar o clube das próprias armadilhas que ele mesmo arrumou. Como quando pagou mais uma escolha de primeira rodada de Draft ao Bucks para despachar o salário de US$ 4 milhões de Jared Dudley, um reserva de bom nível que durou apenas uma temporada em LA. Sua atuação foi fraca, é verdade, mas estava lesionado.

Enfim. Não dá nem para listar todas as bobagens feitas. O que deveria preocupar o torcedor do Clippers é que Doc pode muito bem decidir que chegou a hora de reformulação para o time, independentemente da azarada fratura sofrida por Chris Paul. Se for o caso, saberá por que caminho seguir?

Olho nele: Jamal Crawford

Sem CP3, sem Blake, o principal criador de jogadas de Clippers acaba sendo Jamal Crawford, mesmo, aos 36 anos, com seus crossovers indecifráveis no perímetro seguidos por arremessos-relâmpago. O problema: uma coisa é produzir contra as segundas unidades dos oponentes, tendo duas superestrelas ao seu lado. Agora, como referência, como vai ficar a vida do veterano? A gente sabe que coragem não falta. Arremessos também estarão mais do que disponíveis e, convenhamos, Crawford nunca viu um chute que ele achasse impossível de matar. Conforme citado acima, ele ainda pode ser explosivo na noite certa, ultrapassando a marca dos 30 pontos, com bolas heróicas que, sozinhas, lhes renderam o prêmio de melhor reserva do ano. Volume não é problema para ele. Duro é atingir essas marcas com um mínimo de eficiência. Sua média foid e 13,8 pontos e 41,8% nos arremessos em 29 minutos, com apenas 23,1% nos chutes de longa distância.

dominique-wilkins-trading-card-clippersUm card do passado: Dominique Wilkins. A atual versão do Los Angeles Clippers é certamente a mais promissora da franquia desde que ela adotou este nome. Numa história de muitas derrotas e derrapadas, todavia, o clube já teve seus momentos em que tudo parecia estar caminhando bem, que havia chegado a hora da virada. Voltando no tempo, temos o time de Elton Brand e Sam Cassell em meados da década passada. Um pouco antes, em 2002-03, a base formada por Andre Miller, Marko Jaric, Keyon Dooling, Corey Maggette, Quentin Richardson, Lamar Odom, Chris Wilcox e Michael Olowokandi prometia demais. Tá. Mas o time que mais empolgou Billy Cristal deve ser aquele do início dos anos 90, com Mark Jackson, Danny Manning, Ron Harper, Charles Smith, Ken Norman, entre outros. Sob o comando de Larry Brown, eles se classificaram para os playoffs tanto em 1992 como em 1993, o que era um estouro, já que não acontecia desde a época de Buffalo Braves, em 1976. Tá.

Em 1993, o time já contava com Dominique Wilkins como seu cestinha. O veterano de 34 anos havia chegado em troca por Manning. Nome por nome, parecia um tremendo negócio, né? Estavam recebendoum Hall da Fama, que iria anotar 29,1 pontos e 7,0 rebotes por sua nova equipe. Jogava bola o suficiente para ser convocado para a segunda seleção profissional norte-americana, que seria campeã em 1994. Mas aquele era o último ano de contrato de Wilkins. E você acha que ele renovaria com o Clippers?! Claro que não. Na temporada seguinte, assinou com o Boston Celtics. Manning também estava em vias de se tornar agente livre. Era mais jovem, de todo modo, uma estrela em ascensão, que havia sido selecionado pela franquia como a primeira escolha do Draft de 1988. Será que Manning renovaria em Los Angeles? Imagino que a chance era maior. De Atlanta, foi para Phoenix, onde faria parceria com Charles Barkley. Sua carreira nunca seria a mesma, porém, devido a diversas lesões no joelho. Manning era um ala-pivô versátil com muito talento. Mas Blake Griffin causou mais impacto em L.A. Se Doc achar que é a hora de trocá-lo, o retorno será mais duradouro?

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A vingança de Austin Rivers – e família
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Giancarlo Giampietro

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Daquele tipo orgulhoso e bastante confiante em sua capacidade, Austin Rivers passou três anos e pouco ouvindo as piadas, sem poder responder do modo que julgava aproriado. Elas só se intensificaram em janeiro, quando o New Orleans Pelicans oficialmente desistiu do projeto para desenvolvê-lo e o enviou primeiro para Boston. Já era uma situação estranha: o garoto vestindo a camisa do time que teve seu pai como técnico por um longo e vencedor período, e do qual ele havia saído sem ser nos melhores termos. Mas, aí, três dias depois, veio mais uma negociação, meio que cantada por toda a mídia americana: o ala-armador enfim se reuniria com Doc em Los Angeles, para ser o reserva de Chris Paul Pela primeira vez a NBA teria uma dupla de pai treinador e filho jogador em quadra.

“Ah, mas o Austin não joga nada, então só assim, mesmo”, “Papai gostou, Austin”, “Tal pai, outro filho” etc. etc. etc.

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“A coisa de que não gosto é que os caras usam o nome para ganhar audiência. É tão gratuito, e eu odeio isso. Vem lá de trás, e isso sempre me deixou pê da vida. Os caras escrevem sobre mim só por saberem que vai dar audiência. Por causa disso, sinto por ele. Tem hora que isso me faz pensar que talvez fosse melhor não ser o pai dele. Ele tem sido um alvo durante sua vida toda”, diz o técnico e presidente do Clippers, o novo primo rico de de Los Angeles. Aí já era o progenitor, mesmo, defendendo a família.

Quem diria? O Doc?

Quem diria? O Doc?

É o tipo de situação que fez Rivers pensar seriamente em derrubar a negociação tripla que envolveu também o Phoenix Suns. Tinha receio da repercussão que a relação paternal poderia ter para sua equipe – e também para o jogador, no caso. Mas, segundo consta, foi convencido pelo grupo de dirigentes e confidentes que reuniu na franquia, para assessorá-lo no comando das operações de basquete. Fez a troca e, agora, quatro meses depois, deve estar se sentindo muito bem a respeito, tanto do ponto de vista profissional como pessoal. Negócio arriscado, ganho duplo.

O Rivers filho vai curtindo uma espécie de vingança em seu nome – e no de toda a família, convenhamos. Depois de brilhar no Jogo 4 contra o Spurs, a série clássica que derrubou os atuais campeões, o rapaz está com tudo e não está prosa na semifinal contra o Houston Rockets. Não só ajudou o time a sobreviver nos dois primeiros jogos sem Chris Paul, como ganhou confiança e vem fazendo precisamente o que o técnico e dirigente visualizava no momento de sua contratação, atacando de modo agressivo e com eficiência, tendo 16 pontos em média e 55,8% no aproveitamento de quadra e 55,5% de três pontos. Algo que… Hã… Veja bem… Pouquíssimos fora da do clube angelino imaginavam que pudesse acontecer.

“Sempre acreditei nele, mas não esperava que pudesse jogar tão bem assim”, afirma ao VinteUm um olheiro da NBA que acompanhou de perto sua trajetória. “Sabemos que ele sempre foi dos caras que mais deu duro em quadra e que realmente acha que é o melhor no que faz. Isso pode ser visto como falha. Mas também como uma vantagem”, completa. Realmente depende do ponto de vista.

Menino de ouro
O mais curioso antes de tudo?  De tanto que Austin já apanhou em menos de quatro temporadas completas como profissional, é fácil esquecer que, em 2011, ele era considerado um dos garotos mais promissores de sua geração. Nascido em 1992, ao concluir sua carreira no High School, foi considerado por alguns especialistas no recrutamento universitário como o melhor prospecto daquela fornada – era o caso do Rivals.com. Acima de um tal de Anthony Davis, inclusive, ou mesmo de Andre Drummond, Bradley Beal, Michael Kidd-Gilchrist, Cody Zeller, entre outros. Para a ESPN e o o Scout.com, Davis ficou no topo, com Rivers no top 3.

Mesmo optando pelo Monocelha, o Scout.com escreve: “Não foi de modo algum uma escolha fácil colocar Davis no topo. Na verdade, Austin Rivers apresentou um forte argumento para ficar nessa posição. O filho de Doc Rivers é uma máquina de fazer cestas e tem o pacote mais avançado de habilidade com a bola desde OJ Mayo. É um jogador para grandes partidas, Rivers parece crecer quando está em situação de alta pressão. Ele é um competidor que aceita e consegue converter arremessos difíceis”.

Que tal? Só um pouquinho diferente da percepção que se tem na grande liga a seu respeito, né?

Era tão badalado, e não só por causa do pai, que acabou recrutado por Duke, para passar um ano sobre a tutela do Coach K. Com 15,5 pontos, 2,1 assistências e 3,4 rebotes em média, mais 43,3% nos arremessos, 36,5% de três e 65,8% nos lances livres, não é que ele tenha atirado fogo em toda a NCAA. Sua versão dos Blue Devils não foi muito longe no torneio nacional, caindo na segunda rodada, mesmo acompanhado por Seth Curry e não só um, mas três dos irmãos Plumlee. Foi a partir da dificuldade que enfrentou neste nível que os olheiros passaram a questionar sua habilidade para virar o craque que esperava ser na NBA – os mais críticos o consideravam um fominha, com ego acima da conta e um arremesso nada confiável, enquanto alguns adoravam sua personalidade e o talento no drible.

“Ele é um macho alfa. Acho que vai dar certo na NBA por causa disso”, avaliou Krzyzewski, antes da ida do garoto para o Draft de 2012. “Ele acredita que vai ser um grande jogador. Prefiro ter um cara assim do que alguém que não acredita em si mesmo. Quando Austin chegou a Duke, disseque cada jogador era como uma casa: quanto mais habilidades você aprende, mais janelas você vai ter em sua casa. Quando chegou, tinha apenas uma grande janela. Era um cestinha fantástico. A meta era abrir mais janelas, e ele está nesse processo. Espero que ele encontre um treinador exigente na NBA, que force-o a continuar expandindo seu jogo. Se ele reverter apenas para as coisas que ele faz bem, suas chances vão diminuir para que ele vire um bom jogador na liga.”

Um tanto profético, hein?

Até tu, Jimmer?
Em New Orleans, Austin tinha uma situação aparentemente perfeita. Afinal, acompanharia Anthony Davis, seu amigo, desde o início. Com a diferença de que, agora, o Monocelha era a maior aposta de sua geração, sem dúvida nenhuma, o número um do Draft – tendo ele saído na décima posição. Toda a pressão e expectativa que despertava em Duke agora seria relativizada de acordo com o progresso do ala-pivô. Além disso, o técnico Monty Williams é um dos amigos mais próximos de Doc nos bastidores da NBA, conhecendo os talentos do garoto há tempos.

Austin Rivers, o futuro durou pouco pelo Hornets

Austin Rivers, o futuro durou pouco pelo Hornets/Pelicans

O plano era que ele virasse o armador titular da equipe por diversas temporadas. Dois anos e meio depois de sua seleção, foi trocado num pacote trouxe o ala Quincy Pondexter e uma escolha de segunda rodada para o Pelicans – na mesma negociação que colocaria Jeff Green no Grizzlies. O clube também tinha o intuito de limpar seu salário de US$ 3,1 milhões da folha de 2015-2016, para poder renovar com Omer Asik sem problemas.

A primeira campanha de Rivers em N’awlins foi um fiasco retumbante. Pode usar qualquer termo homérico aqui, que não há problema: índice de eficiência de apenas 5,9 (quando a média da liga é 15,0), além de paupérrimos 9,6 pontos, 3,2 assistências e 37,2% nos arremessos . Isso numa projeção por 36 minutos – no geral, em 61 partidas, recebeu apenas 23,2 minutos. Em 2013, o time contratou, então, Jrue Holiday e Tyreke Evans. Os dois se juntavam a Eric Gordon. Sabe aquele papo de que na NBA as coisas mudam rapidamente? Pois é.

Ainda assim, o rapaz trabalhou pesado durante as férias. Ganhou massa muscular, estudou muito suas fitas, aprimorou fundamentos e liderou o time de verão do Pelicans com 18,2 pontos em média. Estava pronto para competir com os reforços renomados. Mas não rolou. Seus números melhoraram de um modo geral, mas não o suficiente para afastar a fama de fracasso. No terceiro ano, mesmo com as lesões de Redick, já havia perdido tempo de quadra até para Jimmer Fredette (ironicamente, mais um jogador hiperbadalado que foi quase expulso da liga). O que levou um integrante da família Rivers a protestar em público. No caso, Jeremiah, seu irmão caçula: “O Pelicans continua a jogar com Fredette no lugar do meu irmão, mesmo que meu irmão seja melhor que ele em todas as categorias. Ah, e o Austin joga na defesa”. Não surtiu efeito a reclamação, e Austin seria despachado pouco depois.

Quando retornou a Nova Orleans já como jogador do Clippers, sabia que não haveria ceriônia: “Não vai ter um tributo em vídeo para mim, isso é certo. Sinto que não fui capaz de jogar da forma que gosto lá. Tive alguns bons jogos ainda, fui um jogador sólido de NBA, mas sentia que poderia fazer muito mais”, se auto avaliou. Mas não é que os números corroborassem sua opinião.

Uma roubada, ou quase
A linha estatística de Rivers em 41 jogos pelo Clippers, depois da troca: 7,1 pontos, 1,7 assistência (0,9 turnover), 2,0 rebotes, 42,7% nos arremessos, 30,9% de três pontos e 1,3 lance livre batido, em 19,3 minutos.  Por 36 minutos, 13,2 pontos, 3,1 assistências, 3,8 rebotes. De novo: embora representasse uma evolução em relação ao que andava fazendo pelo seu primeiro time, ainda tendo em mente que ele estava chegando no meio do campeonato, sem poder treinar tanto, não é nada que vá abalar o coração de muita gente, acho.

Não dá para dizer que era necessariamente isso que o Doc tinha em mente quando o contratou. A ideia era que Austin fosse uma figura agressiva saindo do banco de reservas, um setor calamitoso quando se fala da equipe angelina nesta temporada. Era para ele descer a ladeira, nas palavras do pai, atacando em transição, oferecendo uma outra opção no ataque, além de Jamal Crawford. Para contratá-lo, aliás, o técnico inclusive dispensou um veterano como Jordan Farmar.

Técnico e jogador, pai e filho

Técnico e jogador, pai e filho

“Se eu não estiver jogando bem, ele simplesmente vai me deixar sentado. Estou sentado no banco, não tem muito que dizer. Ele quer vencer. Meu pai é o tipo de cara que, quando eu tinha cinco anos, se jogássemos dama, ele nunca iria me deixar ganahr. Não vai fazer nenhum favor para mim aqui. Tenho de fazer por merecer qualquer coisa que queira no time”, afirmou o ala-armador.

O lance é que Doc não tinha muito o que fazer. Ou ia de Austin, ou ia de Chris Paul jogando por todos os 48 minutos. Não havia opções, alternativas, ainda mais quando Nate Robinson se apresentou ao clube contundido. Da sua parte, o treinador defendia o filho quando considerava as críticas injustas. “É o banco inteiro que está mal, na verdade, mas só falam de Austin”, disse. “Acho que falo mais com Chris, Blake e DJ, não? Não sei, talvez eu esteja apenas sendo um pai ruim. No final, ele é só mais um dos jogadores que não me escutam”, completou, com a ironia devida.

(Outra declaração divertida do técnico a respeito foi após um duelo com o Minnesota Timberwolves, de… Kevin Garnett. O pimpolho e o veterano se trombaram em quadra na saída para um pedido de tempo. KG o acertou com o cotovelo, Rivers foi para cima, e os dois receberam falta técnica. “Pessoalmente, acho que Austin deveria ter dado um soco nele”, afirmou.)

Antes tarde
A despeito do mau início como suplente de CP3, o garoto não perdeu a confiança, porém. Aliás, esse é um traço indelével da personalidade de Austin: sua confiança e sua dedicação aos treinos. “Ele por vezes é muito do basquete, muito bitolado, e a razão para seus altos e baixos é essa. É como se el fosse o Tom Thibodeau dos jogadores. Conversava com ele quando estava fora, e ele só queria saber de falar sobre seu jogo, outros jogos, e eu perguntava se ele havia feito algo de diferente. Ele respondia que não queria fazer nada de diferente, que só queria viver de basquete”, lembra Doc. “Essas mudanças para ele são um ponto de aprendizado importante.”

Em Los Angeles, havia o desconforto claro que jogar pelo pai proporcionaria, e todas as perguntas subsequentes. Além disso, era um time de ponta, com pretensão de título. Por outro lado, havia uma ou outra vantagem: o tempo de quadra disponível já mencionados aqui e o fato de não precisar ser o salvador da pátria, nem nada perto disso. Havia gente renomada o suficiente ali para arcar com consequências mais graves. Além do mais, quando dividisse a quadra com Paul e/ou Griffin, tinha menos pressão para organizar o jogo e mais liberdade para atacar. “É empolgante porque agora estou no ponto em que não preciso ficar pensando demais em tudo o que fazer. Só vou lá e jogo. Digo a eles que não estava mais acostumado a jogar tão livre assim desde Duke, ou desde o colegial, e as pessoas sabem o que fiz nessa época”, diz. “Meu pai só quis aqui por ter pensado que poderia ajudar. Estar numa equipe com atletas desse calibre só vai me beneficiar.”

Aí que Rivers fala sobre suas predileções, aquelas que o Coach K afirmava que poderiam ser, de alguma forma, um fator limitador para o jovem. “Fui um cestinha a minha vida toda. É por isso que entrei na liga. Não fui uma escolha de loteria por ter feito uma grande defesa em Duke. Fui selecionado porque faço cestas. É para isso que estou aqui”, deu o recado.

Nas últimas semanas, para surpresa geral – menos a dele –, o discurso assertivo do ala-armador enfim encontrou respaldo em quadra. Depois de anotar apenas seis pontos, no total, nas duas primeiras partidas contra o Spurs, no Staples Center, anotou 11 no Jogo 3, boa parte deles no sempre desagradável garbage time. No quarto confronto, porém, fez 14 pontos importantíssimos para devolver a derrota sofrida em casa. “Ele foi uma arma no ataque que nós não esperávamos e deu uma enorme força para eles”, admitiu Manu Ginóbili. “Acho que ele foi o cara que realmente mudou o jogo para nós”, disse Griffin. Chris Paul deu a bola do jogo para o suplente. “Por um momento, talvez por meio segundo, me tornei um pai ali”, disse Doc, ao Yahoo Sports, enfim emocionado. “É algo que sei que posso fazer”, assegurou Austin.

O papel relevante no Jogo 4 foi o suficiente para compensar as jornadas inexpressivas nos três duelos seguintes, nos quais não recebeu nem 35 minutos de ação, com cinco pontos e duas cestas em 13 tentativas. Foi quando, ao mesmo tempo em que comemorava um triunfo histórico sobre o Spurs de volta a Los Angeles, teve de lidar com a expectativa de eventualmente abrir a série contra o Rockets como titular, enquanto um dos melhores armadores da liga se recuperava de um estiramento. Uma tremenda de uma fria. Mas foi aí que ele provavelmente engatou a melhor sequência de sua carreira.

De maneira chocante, o Clippers venceu o primeiro jogo em Houston com um triple-double de Griffin e 17 pontos em 28 minutos para o jovem Rivers, que matou meio que inexplicáveis 4 de seis arremessos de fora. É como se ele tivesse sido possuído por JJ Redick, convertendo, então, seis dos próximos 12 arremessos de três pontos, ajudando o time a abrir uma vantagem de 3 a 1. O Jogo 3 foi algo especial, com 25 pontos em 23 minutos e espantoso aproveitamento de 10-13 nos chutes de quadra. A torcida aí já gritava seu nome. Incrível virada, incrível persistência. O próprio Redick avaliou a situação da seguinte maneira ao avaliar a confiança de seus companheiro, diante de tantas dificuldades. “Não sei como colocar isso sem usar um palavrão, mas você tem de ser um filho da p…”.

Opa, peraí. Aí nem o pai, nem o filho vão gostar.

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No dia 26 de junho de 2014, data do Draft passado da liga, perto  já se especulava uma troca do Clippers por Austin. Doc refutava: “Não acredito muito nessa história de pais treinarem seus filhos. Não acho que isso seja uma boa coisa”, afirmou. Austin continuou: “Não quero arruinar nosso relacionamento. Não acho que isso vá acontecer um dia, para ser honesto”.

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Austin Rivers vai virar um agente livre ao final da temporada. Sua opção de um quarto ano contratual não foi solicitada pelo New Orleans Pelicans. Por ter adquirido o atleta enquanto seu vínculo de novato ainda estava vigente, porém, o Clippers não poderá pagar mais que os US$ 3,1 milhões inicialmente previstos em sua projeção salarial. Trata-se de um desses buracos bizarros do acordo trabalhsita da liga. Será que ele vai receber algo a mais que isso no mercado, depois de exibições mais promissoras nos playoffs? Um detalhe: no momento, o jogador não tem agente, depois de ter rompido com David Falk, cara que conduziu os negócios de Michael Jordan no auge. Será que esse tipo de rendimento é sustentável?


Jogo 7 de Chris Paul já é um clássico da NBA
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Giancarlo Giampietro

Tim Duncan diz tudo. Chris Paul falou que o conhece desde os 11 anos de idade

Tim Duncan diz tudo. Chris Paul falou que o conhece desde os 11 anos de idade

Kawhi Leonard decolou no garrafão em busca de uma ponte aérea insana.  Blake Griffin o acompanhava, mas ainda conseguiu saltar, meio desequilibrado. O passe foi muito forte, porém. Por mais atlético que seja, o ala não alcançaria. Ainda assim, Matt Barnes, só para garantir, estava ali para dar uma raquetada na bola, enquanto estourava o cronômetro. Tudo isso em apenas um segundo. É o tipo de lance que vai ser visto e revisto, como dezenas de uma partida que se tornou um clássico instantâneo para a NBA.

Dentre tantas jogadas para serem reprisadas, certeza que a única que não vai sair da memória por anos e anos foi a cesta da vitória de Chris Paul, levando o Los Angeles Clippers a um placar de 111 a 109 contra o San Antonio Spurs, fechando uma série _____ no sétimo e derradeiro confronto. Preencha a frase como quiser: memorável, empolgante, massacrante, fantástica, de tirar o fôlego ou o sono.

Com mobilidade dificultada por conta de um estiramento muscular, o armador, com toda a pressão da liga em suas costas, recebeu a bola no centro da quadra e bateu para a direita enfrentando Danny Green e Tim Duncan. O drible muito controlado, como se pilotasse um io-iô. Num movimento perfeito, usa a perna esquerda, justamente aquela dolorida, e o quadril para se separar dos defensores e subir para o chute. Tabela, num ângulo bastante improvável, e dois pontos. Absolutamente magnífico.

Foi o tipo de lance – e reação, mancando, mal conseguindo comemorar direito – que remeteu a Isiah Thomas para muita gente. Antes da conquista do bicampeonato em 1989 e 90, o legendário líder do Pistons amargou uma das derrotas mais dolorosas da história da liga. Em todos os sentidos. Detroit vencia o Lakers por 3 a 2 na decisão de 1988. No Jogo 6, na mesma L.A. que reverenciou CP3 neste sábado, Thomas sofreu uma forte torção de tornozelo no terceiro período. Não só continuou em ação, mesmo que vez ou outra despencasse na quadra, como marcou 11 dos próximos 15 pontos da equipe. No total, terminou a parcial com 25 pontos, até hoje um recorde nas finais. Saiu de quadra com 43, mas derrotado por 103 a 102, numa virada suada para Magic e Kareem.

chris-paul-hamstring-jogo-7-clippers-spurs-injury-lesaoAvançando 27 anos no tempo, Paul,  curiosamente comparado a Thomas desde os tempos de universitário, saiu do Staples Center com 27 pontos – 22 depois da lesão – e, ufa, a vitória. Não só isso: foram 5 cestas de três pontos em 6 tentativas, além de 9-13 nos arremessos de quadra em geral, tendo jogado 37 minutos, mesmo sem conseguir passar pelos corta-luzes do modo habitual, ou sem poder acelerar em transição.

No momento mais crítico da temporada e talvez de toda essa era do Clippers, o baixinho correspondeu. Soltou lágrimas imediatas em quadra com o triunfo. Talvez nem ele vá saber dizer exatamente o porquê. Tanta coisa: 1) uma bola a um segundo do fim; 2) a simples dor que sentia; 3) a necessidade de levar o time adiante, com muita gente esperando para julgá-lo como um perdedor; 4) a série foi de estressar, mesmo.

Sim, foi uma injustiça que esses times tenham se enfrentado tão cedo. Mas assim quis a NBA, com o Portland Trail Blazers, campeão do Noroeste em quarto com uma campanha inferior, e assim quis o Monocelha, que empurrou o Spurs para essa roubada para garantir sua estreia nos mata-matas. Os jogadores sofreram em sete partidas, o campeonato já perdeu um forte candidato a título, mas nós ganhamos esse clássico.

Fico pensando no infeliz que tivesse um ingresso do Staples Center em mãos e que tenha desistido da partida para assistir ao combate entre Manny Pacquiao e Floyd Mayweather. Que nos desculpem os supercampeões, mas não houve mais espaço para uma luta depois do que os pesos pesados fizeram na gigantesca arena de Los Angeles. Eles trocaram socos, ou melhor, de liderança em 31 ocasiões durante 48 minutos, sendo que 12 delas foram no quarto período. Além disso, estiveram empatados em 15 momentos. Juntos, acertaram 46% dos arremessos de três pontos, com destaque para os 51,9% do time da casa. Num duelo extremamente nervoso como esse, foram apenas 22 turnovers e 52 assistências.

Chris Paul foi o grande herói, mas não, o único. Blake Griffin conseguiu mais um triple-double, com 24 pontos, 13 rebotes e 10 assistências, em 40 minutos. Ah, e converteu 10 de seus 11 lances livres. JJ Redic anotou ‘só’ 14 pontos, mas seis deles serviram para esfriar uma suposta arrancada do Spurs a coisa de cinco minutos para o fim. Matt Barnes (17 pontos, 7-13, 2 tocos, 2 roubos e 5 rebotes) e Jamal Crawford (16 pontos, 7-15 e a penúltima cesta) também escolheram a melhor hora para contribuir.

Do outro lado, o que dizer de Tim Duncan? O pivô de 39 anos somou 27 pontos e 11 rebotes, com 11-16, em 37 minutos. Arrastando uma perna. Tony Parker terminou com 20 pontos, 5 assistências e 5 rebotes em 34 minutos. Não se esqueçam que o astro francês jogou toda a série também enfrentando dores na perna, no tendão de Aquiles, sem apresentar a velocidade dos bons tempos. Esforços admiráveis, mas que viraram notas de rodapé num capítulo dedicado a Chris Paul.

*   *   *

Agora os velhacos de San Antonio vão ter de responder diversas perguntas, todas elas girando em torno de uma só: é o fim para Duncan e Ginóbili?

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O Clippers já encara o Houston Rockets na próxima segunda-feira, no Texas, com menos de 48 horas para se regenerar e se preparar. Dureza. É o custo de um Jogo 7 e de uma série como essa. Por um lado, o confronto manda o time de Doc Rivers para a segunda rodada num nível de intensidade absurdo. Quando você passa por uma experiência como essa, sai melhorado. Por outro, o quanto a confiança e o padrão de jogos elevados compensam todo o desgaste (físico e mental) acumulado? Outra: o estiramento de Paul foi muito grave? Chegará em quais condições para desafiar James Harden? Trevor Ariza vai atazaná-lo. Em tempo: o armador teve média de 39,3 minutos na série – e de 34,8 na temporada. Agora tenham em mente o tanto de responsabilidade que ele carrega tanto no ataque como na defesa. É a falta que faz um banco minimamente confiável.

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Duelar com um ressurrecto Dwight Howard não é o sonho de ninguém. Mas pode ter certeza que DeAndre Jordan está, sim, aliviado de poder enfrentar o Rockets. Afinal, no jogo do “hack-a-fulano”, Kevin McHale tem muito mais gente para esconder no banco de reservas. Além de Howard, Josh Smith é um péssimo chutador. E o pragmatismo das faltas intencionais fora da bola em péssimos chutadores quase custou ao Clippers o triunfo. Não apenas pelos seis lances livres desperdiçados pelo pivô titular, mas pelo buraco aberto no garrafão quando teve de ser substituído. Foi o momento em o Spurs dominou a tábua ofensiva e construiu uma pequena vantagem.


O que está em jogo para a sétima partida entre Spurs e Clippers?
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Giancarlo Giampietro

Sabe aquela história de que a temporada de playoffs do basquete pode acabar com relacionamentos, acabar com sua vida social e tudo o mais? É NCAA, NBB, Euroliga, NBA, LBF… Um monte de siglas competitivas chegando ao clímax, fazendo o sofá ganhar sua forma de modo definitivo, arrebentando com o controle remoto.

É uma dureza, é uma batalha.

Mas, se for para fazer (mais) um sacrifício, a noite deste sábado, bem no meio do feriadão, se faz obrigatória na frente da tela ou do computador, com o Jogo 7 entre San Antonio Spurs e Los Angeles Clippers para fechar a primeira rodada dos mata-matas da grande liga americana. Haja pilha, haja força. E, claro, haja coração.

Há muito em jogo para esses dois

Há muito em jogo para esses dois

De tantas séries que vimos, ou que tentamos acompanhar decentemente, por aí,  essa é a que teve o mais alto nível de basquete praticado. Dois pesos pesados chegando ao limite. Para quem perdeu: o time californiano abriu 1 a 0, mas perdeu a segunda em casa, teoricamente cedendo mando de quadra aos atuais campeões, que, depois, virariam. Mas o Clippers não arrefeceu e ganhou o Jogo 4. Na volta para Los Angeles, Spurs de novo:  3-2. Os caras tiveram a chance de sacramentar a classificação na quinta, mas perderam – foi apenas a segunda fez em 14 jogos que a equipe do Coach Pop falhou em fechar um duelo nessas condições. E lá vão eles para o Staples Center.

Já teve de tudo: prorrogação, triple-double para Blake Griffin, viradas e reviravoltas, atuações que deveriam ser inacreditáveis para um Tim Duncan de 39 anos, mas que viraram corriqueiros, o jogo da vida de Austin Rivers, mais problemas físicos para Tony Parker, controle e descontrole de Chris Paul, faltas intencionais e tediosas do Spurs, cravadas e airballs de DeAndre Jordan, Kawhi Leonard criando o caos em quadra e, claro, muita reclamação com a arbitragem. “É ridículo que essa seja uma série de primeira rodada. Foi a primeira coisa que o Pop me disse antes do Jogo 1, e eu disse a mesma coisa. Mas nós dois nos conformamos. Diabos, não dá para mudar isso”, afirmou Doc Rivers.

O lance é que o confronto poderia muito bem não ter acontecido.

Primeiro que as regras da NBA empurraram os dois gigantes nessa direção. Se a liga não insistisse que os campeões de cada Divisão tivessem um lugar garantido entre os quatro primeiros rumo aos playoffs, o Spurs teria ficado em quinto e pegaria o Memphis Grizzlies, enquanto o combalido Portland Trail Blazers, com pior campanha, cairia para sexto, para enfrentar o Clippers.

Agora, a despeito da frustração por essa tola convenção na hora de montar a tabela – basicamente ninguém se importa com um título regional –, os rapazes de Gregg Popovich foram aqueles que se colocaram numa situação difícil ao perder o último jogo da temporada regular para o New Orleans Pelicans. (Ok: esse paragráfo também poderia muito bem ser finalizado da seguinte maneira: a despeito da frustração… blablabla, os rapazes de Gregg Popovich acabaram vitimizados pelo Monocelha na rodada de saideira. É bom que os times de ponta no Oeste se acostumem com isso.)

Aí que dois dos melhores times da conferência após o All-Star caíram frente a frente na chave. Só um Jogo 7, mesmo, pare resolver a parada, com o Houston Rockets aguardando. Com muita coisa na mesa:

Spurs

Parar? Só se for o Griffin

Parar? Só se for o Griffin

– Poderia ser a aposentadoria de Duncan? Sim, eu sei: faz uns cinco anos já que essa pergunta se repete. O veterano disse que se sentiu muito bem durante a temporada e, durante o All-Star, deixou claro que só largaria sua carreira se percebesse que não dava mais, que estava sofrido demais para produzir – independentemente de o time conquistar novamente o título, ou não. Bem… Com 39 anos recém-completos, o cara ainda tem médias de 16,3 pontos, 11,2 pontos, 3,7 assistências, 1,7 toco e 1,5 roubo de bola, acertando 56,8% de seus arremessos de quadra. Vai parar por quê? Não teria por quê. Mas, para uma questão tão drástica como essas, a resposta jamais vai ser lógica.

– Poderia ser a aposentadoria de Manu Ginóbili – pelo menos da NBA? É… o argentino está no mesmo barco. Por isso, ambos assinaram contratos de apenas um ano. É uma decisão que vai ser tomada campeonato após campeonato. Aqui de longe, a sensação é a de que o craque argentino vai vincular seu destino ao de Duncan. Se o pivô desencanar, acho que esta lenda do basquete sul-americano também vai seguir seu rumo. Até para que o Spurs possa acelerar sua reformulação ainda com Popovich. De qualquer forma, não duvidaria nem um pouco que Manu ainda jogasse pela Argentina no Pré-Olímpico e, quiçá, no Rio 2016. Atuando na liga de seu país, depois de alguns meses parado. Qualquer coisa do tipo. Só especulações da minha parte.

– As negociações de agentes livres vão depender basicamente do que os veteranos acima decidirem. Os rumores já são muito fortes ligando o clube texano a LaMarcus Aldridge, em concorrência com Dallas e Portland. Se a renovação com Kawhi Leonard parece favas contadas, boa parte do atual elenco vai entrar no mercado: do núcleo mais utilizado, apenas Parker, Splitter, Diaw e Mills têm contrato garantido no próximo campeonato. Olho em Danny Green: um jogador que ofereça chute de três e excelente defesa é muito valorizado na NBA de hoje, mesmo que, nestes playoffs, ele esteja acertando apenas 27,3% dos chutes de fora.

Manu, Tiago e suas bandeiras

Manu, Tiago e suas bandeiras

– Tiago Splitter: o pivô não conseguiu chegar aos mata-matas com a forma física ideal, com dores na panturrilha e o condicionamento físico abalado devido ao tratamento intensivo fora de quadra. Sua presença defensiva faz muita falta ao Spurs no combate com Jordan e Griffin. De qualquer forma, está em quadra dando o que tem hoje, ao seu feitio. Aqui, as coisas não têm mais volta: se o time texano seguir diante, o catarinense vai junto, tentando trabalhar como puder.  Se a equipe for eliminada, o brasileiro vai ter boas semanas de descanso antes da convocação de Rubén Magnano. Mas tem uma coisa: considerando as dificuldades que o atleta enfrentou durante a temporada, já tendo disputado a Copa no ano passado, será que não era mais negócio lhe conceder um descanso prolongado? Isso, claro, caso Fiba não obrigue o CBB a enviar seu time principal ao México para brigar pela vaga olímpica…

Clippers

Um núcleo forte. Vai durar?

Um núcleo forte. Vai durar?

– Vai ou não vai? Chris Paul foi contratado em 2011. Já é a quarta temporada com o armador municiando Griffin e Jordan. Em tese, com esse trio de respeito, o time foi ou deveria ter sido considerado um candidato ao título. Acontece que, se perderem, será o quarto ano, então, em que nem mesmo disputariam as finais de conferência disputaram. E aí que a repercussão pode ser grave, caso o proprietário Steve Ballmer não tenha tanta paciência depois de ter assinado um cheque de US$ 2 bilhões para comprar a franquia. O próprio exemplo do Spurs indica que talvez a melhor trilha seria a de se manter uma base e procurar melhorá-la. Desde que, hã,  os jogadores queiram continuar juntos. Há muito zum-zum-zum em torno da relação de Paul com Griffin e Jordan.

– Além do mais, o início da trajetória de Doc Rivers como todo poderoso do basquete do Clippers não é nada animador. Seu time pode estar digladiando com os atuais campeões, mas isso acontece com uma base que já havia sido formada pela gestão anterior. No que cabia ao técnico-presidente, ele fracassou, chegando aos playoffs com uma rotação extremamente limitada, após várias apostas furadas. Aliás, essa questão independe do desfecho do Jogo 7: Doc tem visão estratégica para melhorar seu elenco a curto prazo, sem sacrificar o futuro da franquia? Para usar o tema da década: Doc é capaz de conduzir um time de ponta de modo sustentável?

Três que se repetem com Del Negro, Butler e Billups já fora

Três que se repetem com Del Negro, Butler e Billups já fora

– Chris Paul: um dos melhores armadores que a NBA já viu. Sem dúvida – e sem culpa de que, por boa parte de sua carreira, seu Hornets não oferecia uma estrutura competitiva, perdido nos bastidores até que o clube fosse vendido. Um furacão da dimensão do Katrina também não ajudou em nada. Agora… em Los Angeles, não lhe faltaram companheiros qualificados. No ano passado, na derrocada diante de OKC, o invocado baixinho se atrapalhou todo com a bola nos momentos decisivos, numa atuação para lá de desastrada. Mais uma falha neste sábado poderia arranhar sua reputação de líder destemido. E o time depende muito dele. Quando o Spurs conteve CP3, saiu de quadra vencedor.

– DeAndre Jordan: vai virar um agente livre ao final do campeonato. Pelos bastidores, já pintou um boato de que estaria interessado no Dallas Mavericks. Mais uma derrota precoce poderia empurrar o pivô para fora da franquia? A despeito de sua amizade com Griffin?

– Seria a aposentadoria de Hedo Turkoglu? Glen Davis vai fazer regime!? Austin Rivers vai receber propostas depois de seu fantástico Jogo 4!?

(Brincadeira, só para aliviar a tensão. A gente se fala ao final da partida.)


Spurs x Clippers: tudo igual na série, mas com opções diferentes
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Giancarlo Giampietro

A formiguinha atômica australiana vem para o resgate dos atuais campeões

A formiguinha atômica australiana vem para o resgate dos atuais campeões

Anthony Davis e seu New Orleans Pelicans podem até ser varridos pelo Golden State Warriors. Não dá para cravar isso ainda, mas pode acontecer. De qualquer forma, mesmo que se despeçam dos playoffs 2015 da NBA sem nenhuma vitória, ainda vão deixar um legado para a fase decisiva. Algo que vai muito além da maior visibilidade para o jovem astro e de um passo importante na sua caminhada para tomar conta da liga. Isso fica para o futuro. Por ora, o que eles nos deram foi a série Clippers x Spurs, a única que troca de cidade com os times empatados.

Em teoria, era para eles terem se resguardado e jogado apenas na segunda rodada. San Antonio basicamente trucidaria o Dallas Mavericks, enquanto o novo primo rico de Los Angeles enfrentaria mais dificuldades contra Memphis, mas ainda são favoritos. O Monocelha não permitiu isso e colocou frente a frente duas das três melhores equipes pós-All-Star Game em termos de equilíbrio ofensivo e defensivo, ou duas das quatro melhores equipes neste período em termos de aproveitamento (vitórias x derrotas).

Depois de uma vitória tranquila para o Clippers na primeira partida, com todas as suas enterradas e a Lob City bombando, o Spurs batalhou sem Tony Parker e, na prorrogação, venceu a segunda por 111 a 107, ao mesmo tempo em que rouba o mando de quadra do adversário. “Será uma série de matar”, afirma Doc Rivers, após a derrota. Sim, Doc, tem tudo para ser.

O time californiano é o time mais atlético em quadra, e isso não vai mudar. Uma dupla como Blake Griffin e DeAndre Jordan põe muita pressão em qualquer defesa, já que qualquer passe num raio de um quilômetro do aro é uma chance de cravada – uma bola sempre bonita, mas também bastante eficiente. Fica ainda mais difícil de parar os pivôs quando eles são municiados por um armador como Chris Paul e rodeados por chutadores como JJ Redick, Jamal Crawford e Matt Barnes. É uma combinação que rende o ataque mais eficiente da NBA nas últimas duas temporadas. Na defesa, os pivôs podem até dar uma viajada no posicionamento, que sua agilidade e impulsão lhes proporcionam uma recuperação pontual para a contestação.

Agora, do outro lado, é o que Doc também diz: “O Spurs ainda é o atual campeão, e eles vão continuar sendo os atuais campeões a cada noite”. Assim como Tim Duncan, prestes a completar 39 anos, seguirá como uma ameaça a ser respeitada até os 74, aproximadamente. É incrível. Se a gente for classificar os astros da liga por longevidade, somente Kareem Abdul-Jabbar se equipara ao orgulho das Ilhas Virgens (quer dizer, imagino que no arquipélago exista ao menos uma estátua para o ex-nadador, nem que seja num complexo aquático). Os dois foram top de linha desde a primeira temporada até a última. Com a diferença que não sabemos se Duncan está de saideira, ou não. Os repórteres que cobrem o time texano de perto juram que não há nenhum indício para isso.

“Ele foi espetacular”, disse o Coach Pop, que teve a sorte de, em sua segunda campanha como treinador da franquia, descolar na primeira rodada do Draft esse pivô formado em Wake Forest. “Ele continua me maravilhando. Ele sabia que precisava ficar em quadra e deu um jeito. Continuou sendo agressivo, o que é realmente impressionante.”

Timmy!!!

Timmy!!!

Para quem não mergulhou madrugada a fundo, Timmy jogou os últimos quatro minutos do tempo regulamentar e toda a prorrogação pendurado com cinco faltas. São as chagas das batalhas com Jordan e Griffin. Terminou o confronto com 28 pontos, 11 rebotes, 4 assistências e 2 roubos de bola. No final, ele estava mais preocupado em pedir desculpas para o seus companheiros, já que acertou apenas uma cesta em cinco tentativas de quadra no quarto final. Que coisa, né? “Fui péssimo. Perdi umas duas ou três bandejas, cometi dois ou três erros defensivos, saindo da minha posição para dar enterradas a DeAndre”, afirmou, todo remoído.

Fora a consistência de Duncan e sua aura de campeão, sabe o que mais que o Spurs vai continuar tendo como larga vantagem em relação ao Clippers? Banco. Opções. Muitas delas. Se o eterno All-Star conseguiu se manter no jogo pendurado, Manu Ginóbili afirmou que perdeu a conta das suas faltas e acabou excluído no quarto final. Poderia ser um baque para qualquer equipe, ainda mais que Tony Parker já havia sido retirado pelo técnico devido a dores no tendão de Aquiles. O francês, visivelmente estourado, depois de sentir a perna esquerda no primeiro embate,  jogou por 30 minutos e só fez um pontinho em lances livres. Para o Spurs, não fez diferença. “Eles perdem Parker, entra o Mills. Manu está fora, Green entra. É o que eles fazem. Você tem de tirar o chapéu para eles”, afirmou Jamal Crawford.

Patty Mills, a formiguinha atômica australiana, marcou 18 pontos em 19 minutos. Boris Diaw foi igualmente importante, fazendo de tudo um pouco para a equipe, com 12 pontos, 9 rebotes, 6 assistências e 2 roubos de bola em 37 minutos. O cerebral ala-pivô francês vai ter de aguentar o tranco, com tempo de quadra elevado, enquanto Tiago Splitter não recupera o ritmo de jogo – o catarinense jogou por 19 minutos e, em determinados momentos, demonstrava pura falta de fôlego. E aqui já vimos um ajuste de Pop: Aron Baynes nem foi acionado, perdendo espaço para Matt Bonner.

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Ao todo, os suplentes do Spurs receberam 103 minutos de rodagem neste segundo duelo. Do outro lado, Rivers segue com sua rotação paupérrima. Não por ser teimoso. Mas, sim, pelo fato de sua versão cartola ter feito um péssimo trabalho na montagem deste elenco. Chega a um embate tão equilibrado como esse, e simplesmente não tem confiança em ninguém que não atenda pelo nome de Jamal Crawford entre os reservas. O perigoso (ainda que por vezes destrambelhado) arremessador ganhou 21 minutos numa noite em que a mão estava fria (4-13 nos arremessos, 1-7 de três pontos, um horror). Depois, contem 11 minutos para o Rivers filho e Glen Davis, velho de guerra. De resto? Hedo Turkoglu teve quatro e Danthay Jones não conseguiu nem arredondar para um minuto o instante em que entrou em quadra para espirrar.  O quarteto somou 17 pontos. Menos que Mills, se você me permite a comparação.

Haja fôlego para o quinteto titular: foram 47 minutos para Griffin e Redick, 44 para Jordan, 43 para Paul e 37 para Barnes. Como de praxe, eles jogaram demais. Griffin saiu com um triple-double (29 pontos, 12 rebotes e 11 assistências, consagrando seu companheiro de garrafão), enquanto Jordan somou 20 pontos, 15 rebotes e 3 tocos. Paul manteve esse ritmo de excelência, com 21 pontos, 7 assistências e 8 rebotes. Redick matou 4 de 9 nas bolas de longa distância. O quinteto titular do Clippers, conforme já ressaltado aqui, foi a unidade mais produtiva da temporada, em números absolutos, vencendo seus oponentes por média de 7,5 pontos.

Agora… Spencer Hawes, a principal contratação para o campeonato, recebeu um gelado “DNP” (não jogou). Assim como Lester Hudson, importado de última hora da China, e Epke Udoh, subutilizado em toda a campanha. Não dá para entender como um time com as pretensões elevadas do Clippers chega ao mata-mata desse jeito, ainda mais depois de seguidas decepções nos playoffs com a mesma base. Simplesmente não dá. Por mais que Rivers seja um técnico de fato brilhante, seu trabalho como dirigente acaba se tornando o maior obstáculo rumo ao título – não se esqueçam que esse núcleo já estava lá quando ele foi contratado.

O Spurs agora vê Parker se juntando a Splitter na fila dos arrebentados. Preocupa, claro. Mas, para qualquer outra equipe, perder o armador e o pivô titulares significaria desespero total, enquanto o adversário celebraria. Na rotação (quase) igualitária de Popovich, todavia, os desfalques são amenizados. Bom para Doc tomar nota a respeito. Pode mai ser mais uma cortesia do Monocelha.


Os playoffs começaram! Panorama da Conferência Oeste
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Giancarlo Giampietro

Se for para comparar com a outra metade da liga, a Conferência Oeste ainda é uma dureza que só. A perspectiva é de séries muito mais equilibradas daqui. Acontece que o nível talvez não seja o mais elevado, especialmente se formos comparar com o que muitos desses times estavam fazendo há dois ou três meses. As lesões interferiram bastante. Hoje, o Golden State Warriors desponta mais favorito do que nunca, especialmente pelo fato de o San Antonio Spurs ter perdido o mando de quadra na primeira (e na segunda rodada), sobrando ainda com o lado mais complicado da chave. A equipe de Gregg Popovich fechou a temporada regular em alta, mas vai precisar fazer uma campanha memorável para alcançar a final da liga pelo terceiro ano seguido, em busca de seu primeiro bicampeonato.

NBA: San Antonio Spurs at Los Angeles Clippers

Não poderia ter ficado para mais tarde?

Palpites, que é o que vocês mais querem
Warriors em 4: o time californiano tem o melhor ataque, a melhor defesa e mais experiência. Pode ser que o Monocelha consiga uma vitória em casa, mas…
Rockets em 7: dependendo sempre do joelho e das costas de Dwight Howard. O Dallas está em crise existencial, Dirk envelheceu, mas Carlisle tem truques.
Spurs em 6: é o que o Monocelha aprontou na última rodada. O elenco mais vasto de San Antonio e a defesa de Kawhi em CP3 fazem a diferença.
Grizzlies em 7: a série que mais depende dos médicos do que de qualquer outra coisa; o mando na Grindhouse joga a favor de Marc e Z-Bo

Números
47,7% –
O percentual de acerto de Chris Paul nos arremessos a partir do drible (pull up shooting), liderando toda a liga. Fiz o filtro com uma média de ao menos cinco tentativas por jogo, para deixar claro que esse recurso realmente faz parte de seu repertório. CP3 tenta em média 9,7 por jogo. Tony Parker vem atrás, praticamente num empate técnico com Stephen Curry. Agora, se você for falar de chutes a partir do drible de longa distância, com um mínimo de duas tentativas por jogo, Curry sobe para segundo, com incríveis 42,3%, perdendo somente para Isaiah Canaan, do Philadelphia. Se for para filtrar com um mínimo de quatro tentativas, apenas o craque do Warriors se qualificaria. : )

41,4% – O percentual de arremesso que Andrew Bogut permite ao seus adversários nas imediações do aro. É a terceira menor marca da temporada, atrás de Rudy Gobert e Serge Ibaka, logo acima de Roy Hibbert, Derrick Favors, LaMarcus Aldridge e Nerlens Noel. Mostra o quanto o australiano sabe usar seu tamanho, se posicionando muito bem, para compensar a movimentação lateral bem reduzida e a impulsão quase zero. Claro que há outros fatores que influenciam essa contagem também: há ajuda de marcação dupla? Como os oponentes chegam ao aro? Estão equilibrados? Estão rodeados por bons arremessadores? Mas, enfim, é um dado que comprova a eficiência do antigo número um do Draft na proteção de cesta.

Ao ataque, Harden

Ao ataque, Harden

14,3 O total de pontos por partida que James Harden gera o Houston Rockets em suas infiltrações, seja com suas próprias finalizações, em assistências ou em lances livres. Na temporada regular, apenas Reggie Jackson, contando apenas seu desempenho pelo Detroit Pistons, gerou mais pontos no ato de bater para a cesta. O interessante é notar Stephen Curry logo abaixo do barbudo, com 12,0 pontos em média. Ou seja: um atacante completo, não apenas um chutador.

+7,5 O saldo de pontos do quinteto titular do Clippers na temporada, quando completo em quadra. Essa é a melhor marca da liga, acima de Cavs, Hawks e Warriors – pelo menos entre os quintetos que jogaram um mínimo de 30 partidas. Quando Jamal Crawford entra nas alas, na vaga de Redick ou Barnes, o time ainda rende muito bem, com as 15ª e 16ª melhores marcas. Nos playoffs, com maior tempo de descanso e numa última arrancada, Doc Rivers vai poder  limitar os minutos de seu banco. Mas uma hora Spencer Hawes, Glen Davis e/ou seu filho vão precisar entrar em quadra. Aí que seu péssimo trabalho como dirigente deverá ser exposto.

7,2 – na soma de todos os deslocamentos de um jogador pela quadra, a SportVU consegue calcular sua velocidade média em quadra – o que não quer dizer que eles sejam os mais velozes de uma ponta a ponta de quadra. Patty Mills, armador reserva do Spurs, é o que aparece com a maior média, com 7,2 km/h. Um dado muito curioso: Cory Joseph, justamente como quem o australiano briga por minutos na rotação do Coach Pop, é o segundo. E quer saber do que mais? Tony Parker, o titular da posição, é o quinto no ranking. Se você quer se candidatar a armador em San Antonio, sabe que vai ter de correr muito…

Os brasileiros
Leandrinho vai ganhar seus minutos aqui e ali pelo Warriors, dependendo do andamento das partidas. Se a pedida de Steve Kerr for mais fogo no ataque, o ligeirinho será acionado – e ainda tem a velocidade e, especialmente, a experiência para entrar em quadra nesse tipo de situação. Nos jogos que se pedir mais defesa, Shaun Livingston deve ficar mais tempo em quadra (não sei se confiará em Justin Holiday). Em San Antonio, a grande interrogação rumo aos playoffs gira em torno da panturrilha de Tiago Splitter. O pivô catarinense teve o início e o final de temporada atrapalhados devido a dores na panturrilha direita. Por isso, foi poupado dos últimos cinco jogos, depois de ter perdido 19 dos primeiros 20. Gregg Popovich já afirmou que usar de toda a precaução possível com Splitter, admitindo até mesmo a possibilidade de ele ficar fora de algumas partidas dos playoffs. Isso foi antes de saber que teria o Clippers pela frente. Aron Baynes pode trombar com DeAndre Jordan, assim como Jeff Ayres. Mas nenhum deles tem a inteligência e a capacidade defensiva do brasileiro.

Splitter vai conseguir sair do banco para combater DeAndre?

Splitter vai ser liberado para sair do banco e combater DeAndre?

Alguns duelos interessantes
Anthony Davis x Andrew Bogut: a tendência é que o Pelicans precise limitar os minutos de Omer Asik, para dar conta de correr atrás dos velozes e versáteis atletas do Warriors. É até melhor: se Davis ficasse com Draymond Green, precisaria flutuar muito longe da cesta e ficar de certa forma alienado na defesa. Dante Cunningham pode assumir essa, e aí teríamos toda a vitalidade e explosão física do Monocelha contra um gigante cerebral como Bogut. O que tem mais apelo aqui é o embate no ataque de New Orleans, com as investidas de frente para a cesta do candidato a MVP, que será testado pelas contestações (e, especialmente, as bordoadas) do australiano.

Terrence Jones x Dirk Nowitzki: Rick Carlisle seguiu a cartilha de Gregg Popovich e controlou o tempo de quadra do craque alemão durante a temporada. O alemão de fato chega, na medida do possível, descansado para a fase decisiva. Mas o quanto ele pode render esses dias? Sua mobilidade parece já bem reduzida. No ataque, seu arremesso ainda é uma arma a ser temida, tudo bem. O problema é a defesa, ficando muito vulnerável aos ataques frontais de Jones, um oponente jovem, atlético e de personalidade. Josh Smith também pode se aproveitar disso. O pior: Tyson Chandler já vai estar ocupado com Dwight Howard, sem poder dar tanta cobertura como de praxe. Mesmo que consiga pará-los no garrafão, ambos os alas-pivôs têm boa visão de quadra e podem municiar os arremessadores da equipe.

Terrence Jones tem uma lenda com quem duelar

Terrence Jones tem uma lenda com quem duelar

Tony Parker x Chris Paul: creio que Kawhi Leonard e Danny Green vão alternar na tentativa de contenção do armador do Clippers, deixando Parker com Matt Barnes, que é muito mais alto, mas não tem autonomia e talento para colocar a bola no chão e criar em situações específicas de mano a mano. A importância do francês vai ser para desgastar seu adversário do outro lado da quadra. Precisa atacar, atacar e atacar, movimentando-se com e sem a bola. Paul jogou uma de suas melhores temporadas, é forte e sabe que o tempo já está passando. Mas não tem muita ajuda do banco e pode ser levado ao limite.

LaMarcus Aldridge x Marc Gasol/Zach Randolph: aqui há diversas possibilidades. Z-Bo precisa cuidar de Robin Lopez, que pode ser consideravelmente menos talentoso que seu irmão gêmeo no ataque, mas ainda causa problemas perto da tabela e tem um bom chute de média distância. Digo: Randolph será requisitado na defesa perto da tabela e não apenas na proteção de rebotes. De qualquer forma, é provável que o espanhol fique, mesmo, com Aldridge, mesmo que a estrela do Blazers jogue afastada do garrafão, apostando no seu arremesso. Em geral, Gasol tem feito um bom trabalho contra seu companheiro de All-Star, que tem um aproveitamento de quadra de apenas 43% nas últimas três temporadas contra Memphis. Do outro lado, porém, imagino que Portland também prefira deixar Lopez com Randolph, que tem um jogo muito mais físico e poderia cansar Aldridge. As partidas são longas e um pivô vai se ver com o outro em algum momento.

Ranking de torcidas
1 – Warriors. Além de todo o talento que Steve Kerr tem em seu elenco, há uma outra razão para o fato de o Golden State só ter perdido duas partidas em casa durante a temporada regular. Essa galera sabe fazer barulho e esperou por anos e anos para que o clube voltasse a ser competitivo. O único risco aqui é o fator ‘modinha’. De ter gente muito mais interessada em festa do que no jogo dentro do ginásio num jogo importante.

Curry rege uma torcida fanática, que agora pode soltar a voz

Curry rege uma torcida fanática, que agora pode soltar a voz

2 – San Antonio. Até mesmo ranquear torcidas na Conferência Oeste é complicado. O clima nos jogos do Spurs também é de euforia. Além disso, de tantas batalhas que esses caras viram nos últimos anos, são aqueles que mais cultura e sapiência adquiriram, entendendo os momentos críticos para ajudar seu time, um esquadrão que briga pelo título há mais de 15 anos

3 – Portland. O Blazers é o time da cidade – uma situação rara nas sedes da NBA. Historicamente, Portland estaria acima tanto de Memphis como Oakland com a arenas mais complicada de se jogar. Hoje, porém, creio que os dois times acima vivam momentos mais especiais. No fim, até mesmo ranquear as torcidas é algo complicado de se fazer no Oeste (vide logo abaixo). Então usei como critério de desempate o recorde como anfitrião nesta temporada.

4 – Memphis. A sinergia entre o time e seu público é praticamente incomparável. Jogadores e torcedores querem moer a alma do adversário. (Sim, uma frase que, isolada no vácuo, não faz sentido algum, mas a linguagem esportiva nos permite certas liberdades, né?)

Antes de moer, eles podem tostar também

Antes de moer, eles podem tostar também

5 – Houston. Eles ainda se lembram do bicampeonato de 94 e 95. Querem mais e já abraçaram James Harden e seu jogo metódico.

6 – Dallas. Tudo vai depender de Nowitzki. Se o alemão esquentar a mão, a torcida vai explodir, inevitavelmente. Nesta temporada, porém, tiveram a pior campanha como anfitriões entre todos os oito classificados do Oeste.

7 – Nova Orleans. Eles vão estar empolgados pela primeira participação nos playoffs nessa fase da franquia. Até por isso, tudo é muito novo. Mais: já puderam celebrar bastante na última rodada da temporada regular e dá para imaginar casos e casos de  garotos confusos por lá: mas a gente não era o Hornets?

8 – Clippers. O Staples Center roxo e amarelo é uma coisa. O vermelho, branco e azul, outra – Billy Cristal sabe disso. Tirando Milwaukee, pela proximidade a Chicago, é o único ginásio em todo estes playoffs em que será possível escutar gritos pelo time ou por um jogador adversário. Isso incomoda até mesmo os astros da equipe.

Meu malvado favorito: Draymond Green. O ala-pivô do Warriors batalha perto da cesta, se movimenta bem pelo perímetro, procura o contato e fala bastante. Fala muito como diria o outro. As provocações são automáticas. Some tudo isso, e você tem uma atitude que invariavelmente chama a atenção/desperta a ira das torcidas adversárias. É o tipo de jogador que você adora ter ao seu lado e odeia enfrentar. Por isso, quando virar agente livre ao final do campeonato, Green será bastante cobiçado. Mas é impossível imaginar que o time californiano vá deixá-lo sair.


Chegou a tempestade Westbrook junto com a bonança
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Giancarlo Giampietro

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Mascarado, com marra e muita explosão em quadra

Quando OKC anunciou, antes do início da temporada, que Kevin Durant ficaria afastado por algumas semanas devido a uma fratura no pé, a meteorologia detectou, talvez de maneira preventiva, a iminência de uma Tempestade Westbrook que estaria por vir. Era uma previsão do tempo ambígua, tal como acontece hoje em dia em São Paulo e outros cantos do país: em tempos de seca, uma chuvarada trovejante não se equivale necessariamente a má notícia, embora possa causar sempre os estragos paralelos.

Pensando em Westbrook, com Durant enfrentando uma série de percalços após a cirurgia pela qual passou, era de se esperar muitos, mas muitos arremessos, mesmo, para o bem ou para o mal. O Thunder iria depender demais do explosivo jogador. Só restava saber o resultado disso. Ele se perderia nessa situação, com fome de bola, alienando os companheiros, chutando até antes da linha central da quadra, ou ficaria ainda mais confortável como o dono da bola, carregando o time em pontos e como força criativa.

Ao conseguir seu quarto triple-double consecutivo em suada vitória sobre o Sixers por 123 a 118, com prorrogação, acho que já nem precisa mais cair nessa discussão, né? O armador-ala-craque-não-importa-a-definição vive a melhor fase de sua carreira, na hora que a equipe mais precisa, para proteger a oitava colocação na Conferência Oeste.

Quatro triple-doubles seguidos? Isso não acontece desde 1989, quando Michael Jordan causava geral. Até mesmo Sua Alteza do Ar tem de se impressionar com o que Westbrook produziu nesta quarta-feira: 49 pontos, 10 assistências e 16 rebotes, em 42. Muito provavelmente a melhor atuação da temporada, concorrendo com os 52 pontos em 33 minutos de Klay Thompson. “É, definitivamente, uma bênção. Mas o mais importante é que estamos vencendo”, disse.

O curioso? Na ficha estatística da partida, vemos que, com o camisa #0 em quadra, seu time perdeu por 12 pontos. É o tal do +/-, o saldo de pontos. Um número frio que, isolado, obviamente não diz nem 50% do que foi a partida. Talvez só aponte problemas defensivos, visto que o segundanista Isaiah Canaan, recém-saído de Houston, marcou 31 pontos e deu 6 assistências. Mas problemas defensivos gerais, e, não, só de um jogador. Até porque, numa liga que usa e abusa do jogo com bloqueios, os pivôs e os homens que são obrigados a rodar vindo do lado contrário são tão ou mais importantes que o defensor primário em cima da bola.

Além do mais, para alguém com tamanho volume ofensivo, toda a ajuda possível se faz necessária do outro lado da quadra. Por exemplo: nas campanhas de título do Miami Heat, LeBron assumia responsabilidades para marcar os destaques adversários, sim. Mas só nos minutos mais importantes de jogos parelhos. Até lá, tinha um Shane Battier para quebrar um galho danado. (Obviamente, Westbrook, desatento e arrojado demais, nunca foi um defensor tão qualificado como LeBron.)

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Sam Hinkie, gerente geral do Sixers apegado a diversas contas, certamente teria mais observações para fazer a respeito desse saldo de pontos negativo. Claro que a torcida devota de Oklahoma City não está nem aí para isso. Estão curtindo demais as exibições de um de seus queridinhos. Um momento bacana nesse triunfo foi quando, na linha de lance livre, Wess ouviu gritos de “MVP” estrondosos. Básico. O legal é que, no banco, ainda tentando entender exatamente o que acontece em seu pé direito, lá estava Kevin Durant fazendo gestos com os braços pedindo para que a algazarra fosse maior. Por ele, o prêmio de jogador mais valioso nem precisa sair da cidade.

Aqui do meu canto, ainda fico entre Stephen Curry e James Harden, mais regulares durante a temporada (perderam pouquíssimos jogos tanto em termos de resultado como de lesão) e igualmente exuberantes. Agora, por tudo o que vem fazendo recentemente, o superatleta de OKC ao menos aparece acima de LeBron James, também mais ou menos pelo mesmo critério: jogou seis partidas a menos, mas, quando esteve em quadra, arrebentou, enquanto o astro do Cavs tirou uns bons dois meses de folga antes de entrar em duas semanas sabáticas revigorantes. Quem vota ao seu favor vai alegar que ele tem médias de 27,0 pontos, 8,2 assistências e 7,0 rebotes, números maiores que os dos três concorrentes aqui citados.

Pois é, na coluna de cestinhas da liga, Westbrook superou seu ex-companheiro Harden, assumindo a primeira posição. É coisa de um décimo – 27,0 x 26,9 –, mas superou. Por mais que não fale dessas coisas, ou melhor, por mais que não fale muito sobre quase nada, deve estar feliz da vida. Tendo Durant ao seu lado, dificilmente assumiria o topo dessa lista, mesmo que tivesse potencial absurdo para tanto:

E aí? Você ainda fica embasbacado com esse tipo de lance, ou já está acostumado com as jogadas dessa aberração?

(…)

Sim, ficamos todos boquiabertos. Ainda mais quando lembramos que o fenomenal atleta já passou por três cirurgias no joelho nos últimos dois anos. Não faz o menor sentido que alguém, 100%, possa executar um lance deles com tanta velocidade e força. Quanto mais alguém que passou por uma sala de cirurgia tantas vezes em tempos recentes. Que o diga, infelizmente, Derrick Rose.

westbrook-mask-philly-triple-doubleWestbrook ainda tem um arranque devastador, que lhe propicia, por exemplo, a cobrança de 20 lances livres em 42 minutos – contra 14 de seus companheiros. Dá para ter uma ideia do nível de atividade necessário para, sendo armador, cobrar 20 num jogo? Só um cara feroz desta forma, mesmo. Na temporada, ele bate 9,2 em média, maior marca de sua carreira.Essa produção elevada na linha se mantém numa projeção por minutos. O número alto de lances livres o ajuda a atingir também seu melhor índice de eficiência, e de longe, mesmo que esteja falhando nos arremessos de longa distância. Com 27% de acerto nos tiros de fora, é saudável, então, que tenha dado uma maneirada em suas tentativas, comparando especialmente com o que havia feito nas duas temporadas passadas.

É isso.

A tempestade veio, mesmo. Mas já acompanhada pela bonança.

*    *    *

O triple-double de Westbrook ganhou as manchetes na rodada desta quarta, mas não foi um fato isolado. De vez em quando, o universo parece conspirar por uma noite de anomalias estatísticas que só fazem confundir a cabeça. Vamos lá:

– Na vitória dramática sobre o Utah Jazz, com uma cesta de Tyler Zeller no finalzinho, o Boston Celtics cometeu apenas 3 turnovers. Três! Vale com um recorde da franquia. Antes de matar o jogo, Zeller havia sido um dos vilões da noite. Ele, Avery Bradley e Isaiah Thomas desperdiçaram a bola uma vez cada. Lamentável, não é coisa que se faça.

– Num jogo em que acertou apenas 1 de 13 arremessos de quadra, errando inclusive todos seus chutes de três pontos, Damian Lillard encontrou um jeito diferente para contribuir em vitória do Blazers sobre o Clippers na prorrogação: pegou 18 rebotes (17 defensivos). Ele é o primeiro jogador de 1,90 m, ou menos, a conseguir essa marca desde Fat Lever, um dinâmico ex-armador do Denver Nuggets, em 1990. Em sua carreira, o All-Star de Portland tem média de 3,7 rebotes. Na temporada, vem com 4,6.

– Se o assunto é rebote, não tem como fugir dos 25 que Hassan Whiteside coletou contra o Lakers. Sozinho, a revelação do Miami Heat igualou o desempenho de quatro adversários Carlos Boozer, Robert Sacre, Ed Davis e Jordan Hill nesse fundamento. Foi o terceiro jogo nesta temporada em que o sujeito, que tem Líbano e segunda divisão da China em seu currículo, passou da casa de 20 rebotes no ano. Impressionante. Por outro lado, se for pensar, é algo que vem acontecendo até que bastante vezes neste ano, não? O Data21 foi, então, pesquisar: em 19 jogos a marca de 20 rebotes foi superada, sendo que DeAndre Jordan é o líder aqui, com cinco jogos absurdos desses. Contra o Mavs, no mês passado, ele teve 27 rebotes em 39 minutos.

Agora, não dá para falar de Jordan nesta quinta de manhã sem mencionar seu lapso mental no jogo contra o Blazers. Justamente ao se posicionar bem para aproveitar uma rebarba ofensiva, o pivô teria a chance de efetuar um tapinha para buscar a vitória no tempo regular. Não fez e dominou a bola, causando um surto cômico de Chris Paul:

– O ala Jason Richardson marcou 29 pontos na derrota do Sixers para o Thunder. Nos tempos de cestinha do Golden State Warriors das vacas magras, ou municiado por Steve Nash, pelo Phoenix Suns de 2010, isso até que era normal. Porém, depois de ficar dois anos parados, tendo passado por duas cirurgias graves, tem de comemorar. “Pensei que nem voltaria a jogar basquete mais”, disse Richardson, que não ultrapassava a marca de 25 pontos desde o dia 11 de fevereiro de 2012, pelo Orlando, contra o Milwaukee Bucks.

– O tempo de afastamento de Anthony Davis das quadras foi bem mais curto. Ele perdeu cinco jogos seguidos devido a uma contusão no ombro. Retornou de forma providencial contra o Detroit, da dupla Andre Drummond e Greg Monroe. Caras pesados, né? Que, juntos, acumularam 26 pontos, 33 rebotes e 6 tocos. Bela produção. Acontece que Davis, sozinho, teve 39 pontos, 13 rebotes e 8 tocos. Se ele aguentar fisicamente o tranco, meu amigo, prepare-se: a Era Monocelha só está começando.


Fim de semana das estrelas, com entretenimento: parte final
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Giancarlo Giampietro

As mascotes infláveis. Só mais uma das atrações da noite (e a melhor, para mim)

As mascotes infláveis. Só mais uma das atrações da noite (e a melhor, para mim)

Acho que o basqueteiro mais purista precisa aceitar, de uma vez por todas, que o fim de semana All-Star da NBA tem propósitos de entretenimento. Ou que, pelo menos, o aspecto de diversão do esporte se sobrepõe ao de competitivo. Pelo menos por três dias, gente. Temos 82 partidas da temporada regular para nos preocuparmos com quem está vencendo – ou entregando – jogos para valer.

Neste ano, a convite do Canal Space, fiz minha primeira cobertura do evento ao vivo. Faz diferença. Ainda que o alcance de audiência TV seja infinitamente maior que o dos felizardos ou abnegados que decidiram comprar um dos ingressos para o Barclays Center ou o Madison Square Guarden, que tenhamos HD e atee Ultra HD, televisores enormes, som estéreo etc. etc. etc., não se pode ignorar que algumas coisas têm impacto maior para quem está no ginásio. Ainda mais com os próprios telões enormes ali para complementar o que está sendo visto ao vivo – aliás, o público reagiu sempre muito mais a qualquer brincadeira veiculada no telão do que nos trechos de Jersey Boys, Mamma Mia! e Chicago que vimos.

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Pegue, por exemplo, a partida deste domingo. Entre o aquecimento dos atletas e o apito final, foram três apresentações de números da Broadway e dois shows de popstars. Mais as intervenções das mascotes, que, acreditem, funciona muito mais com a visão geral da quadra. Figuras. Você pode até não gostar de uma coisa ou de outra – como foi o meu caso com a senhorita Ariana Grande, já correndo o risco aqui de irritar seus mais de 20 milhões de seguidores do Twitter. Mas a festa é bem armada e extrapola, e muito, o limite das quatro linhas. Literalmente, para quem viu o palco permanente montado atrás de uma das cestas.

A partida não tem defesa? Tem arremessos de três pontos a mais de dois metros da linha, tem ponte aérea, não tem defesa etc. etc. etc. Mas, num universo em que se contesta muito as lesões dos atletas, em que o clamor por menos jogos na temporada cresce, não vamos querer realmente que LeBron James entre em quadra sedento para fazer Klay Thompson ou Damien Lillard zerarem.

O Oeste venceu por 163 a 158, com um recorde de 321 pontos combinados entre ambas as seleções, os minutos finais tiveram um certo suspense, e tal, mas não dá para analisar o jogo como se fosse uma partida qualquer.

Seguem umas notas, então, do que reparei na plateia:

– Bill Clinton foi a personalidade mais aplaudida no Garden, e de longe, deixando Jay-Z, Beyoncé e Rihanna na saudade. Pega essa, cultura pop. Até Dwyane Wade foi tietá-lo antes do início do segundo tempo, pedindo uma foto. Para o meu gosto, o ator Ethan Hawke era aquele que merecia aplausos de pê pelo combo Boyhood, Dia de Treinamento e a trilogia de Antes do Amanhecer, mas tudo bem.

– Clinton e os milicos estavam no ginásio, mas não se iludam: quem anda naquilo tudo é o Little CP3, que, em determinados momentos, iria até o banco de reservas e se sentava ao lado do pai, empurrando algum companheiro de time para o lado.

Pequeno Chris não perde uma

Pequeno Chris não perde uma

– De novo: não dá para crucificar ninguém, mas parece que Carmelo Anthony decidiu encerrar suas atividades nesta temporada antes mesmo de o Jogo das Estrelas começar. O ala anfitrião teve diversos arremessos livres, mas não acertou a mão, desperdiçando 14 de 20 chutes. Com 14 pontos dele e apenas três de Kevin Durant, tivemos apenas 17 no geral para os dois últimos jogadores a vencer o prêmio de cestinha da liga. Devido a dores crônicas no joelho, essa pode ter sido a despedida melancólica de Melo nesta temporada absolutamente deprimente do Knicks.

– Os jogadores mais empolgantes de se ver foram Stephen Curry e Russell Westbrook. Cada ao seu modo, né? Curry com seu controle de bola fenomenal, por vezes ignorado devido a sua habilidade no arremesso, enquanto o MVP Wess desafia as leis da física em suas arrancadas corriqueiras. Além do mas, houve momento em que baixou o santo de Kyle Korver nele nos tiros de fora. LeBron James, do seu lado, consegue combinar um pouco dos dois astros em seu jogo.

– Por falar em Korver, ele terminou com 21 pontos, todos eles em arremessos de longa distância. Quando a bola não caía, ele ficava realmente nervoso. Não por ter lhe custado algum recorde – mas pelo simples fato de que o ala do Hawks parece, hoje em dia, não acreditar que seja possível que a bola bata no aro e caia fora da cesta.

– Foi por apenas um minutinho que o técnico Mike Budenholzer pôde fazer um exercício hipotético no qual seu Hawks tivesse Jeff Teague, Korver, Paul Millsap e Al Horford acompanhados por… LeBron James na ala, em vez do valente DeMarre Carroll. O Rei só foi escalado para acompanhar o quarteto por um breve momento no terceiro período, até dar o lugar a Jimmy Butler.

– O lance mais engraçado, para mim, aconteceu no primeiro tempo ainda, quando Dirk Nowitzki desafio as recomendações ortopédicas e saltou para completar uma ponte aérea de Stephen Curry com uma enterrada. O astro alemão, depois, fez uma graça em quadra, empolgado que só com aquela que talvez tenha sido sua primeira enterrada desde o título de 2011.  : )

– O Garden é a meca, sim. Mas o retorno ao ginásio do Knicks depois de ter passado duas noites no Barclays Center proporciona um contraste incrível. O clima da torcida em Manhattan, vaiando airball de LeBron, tendo boas sacadas durante a partida, porém, acaba compensando.

– Pelos corredores do ginásio, em um giro pré-jogo, foi possível visualizar os aposentados Kevin Willis e Jason Collins, além do jovem ala-armador Victor  Oladipo, o único que sonhou em desafiar Zach LaVine no torneio de enterradas. O legal é que o rapaz do Orlando Magic, sem crecencial vip nenhuma, foi reconhecido aos poucos pelo público, enquanto batia o maior papo com um amigo. Pelo que vi, depois da primeira, porém, ficou mais de dez minutos tirando fotos com quem se aproximava.

Oladipo, no meio da galera

Oladipo, no meio da galera

Para fechar, segundo números extraoficiais, os cinco primeiros dias em NYC, até a conclusão do ASG, tiveram:

18 viagens de metrô
1 corrida de táxi
2 carona de ônibus
1 princípio de gripe
2 cheesebúrgueres (juro!)
1 pedaço de pizza
6 donuts
11 chocolates quentes


Espetáculo não é o bastante para o Clippers em Los Angeles
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Giancarlo Giampietro

Rivers e Paul: eles sabem que o time precisa de mais

Rivers e Paul: eles sabem que o time precisa de mais

Espetáculo por espetáculo, a turma Hollywood ainda prefere ver Kobe Bryant. Então, se for para o Clippers tomar conta de Los Angeles para valer, nessa geração, eles só podem fazer isso com um resultado expressivo. No caso da metrópole californiana, meus amigos, isso só significa uma coisa: título.

Chris Paul bem sabe disso. “Não quero nem dizer por que vamos ser o time. Nós temos de jogar, de fazer. Já tem muito falatório”, afirmou o veterano. Desde que o armador foi trocado para Los Angeles – pela segunda vez, já que não podemos esquecer o primeiro negócio vetado por David Stern, que o mandaria para o Lakers –, o ex-primo pobre da cidade foi elevado a superpotência e candidato natural ao título. Era o resultado de ter um dos melhores armadores da história da liga ao lado de uma estrela em ascensão como Blake Griffin.

Isso aconteceu em 2011. Desde então, o time teve campanhas de 60,6%, 68,3% e 69,5% de seus jogos, dando pequenos e consistentes passos rumo ao topo. As expectativas só aumentaram na temporada passada com a chegada de Doc Rivers, a evolução de DeAndre Jordan e a contratação de JJ Redick. No geral, porém, o time conseguiu apenas uma vitória a mais na temporada regular, subindo de 56 para 57 (ainda que com oito partidas a menos de CP3). Nos mata-matas, o time alcançou as semifinais da Conferência Oeste, como havia feito em 2012, perdendo para o Oklahoma City Thunder por 4 a 2.

DeAndre foi o terceiro melhor reboteiro da temporda passada, mas não conseguiu livrar ou influenciar o Clippers no geral

DeAndre foi o terceiro melhor reboteiro da temporda passada, mas não conseguiu livrar ou influenciar o Clippers no geral

Essa trajetória nos playoffs, porém, é bem mais complexa. Quando enfrentavam um time complicado como o Golden State Warriors na primeira rodada, Rivers e seus jogadores foram torpedeados pelo vazamento dos comentários ignóbeis e racistas, via TMZ, do ex-proprietário do clube, Donald Sterling. Houve um turbilhão de emoções, incluindo a ameaça de boicote por parte dos atletas de ambos os lados, até que o recém-empossado comissário Adam Silver agiu com firmeza. Depois, contra o Thunder, a lembrança obrigatória fica para o Jogo 5, no qual o Clippers teve uma grande chance de assumir a dianteira da série, com a oportunidade de fechá-la em casa.

Além da série de trapalhadas da arbitragem, que despertou a ira de Rivers na entrevista coletiva, aquela partida ficou marcada por uma exibição completamente desastrosa por parte de Paul, justo ele, o capitão, da mão firme com a bola. Depois de o time abrir uma bela vantagem, tomou uma virada que não poderia ser explicada por uma ou outra decisão equivocada dos homens do apito. O próprio Chris Paul fugiu disso, assumindo a culpa. “Perdemos, e está na minha conta. Eles fizeram a cesta, e tivemos a chance de vencer na última jogada, e eu nem consegui arremessar. Foi muito tonto. Era sou supostamente o líder da equipe. Isso não pode acontecer. A liga pode divulgar algum comunicado sobre a marcação, mas quem se importa? Perdemos”, afirmou.

Acontece. Agora, a NBA é uma liga cruel, extremamente competitiva. O Clippers obviamente ainda está no páreo, produz um clipe imenso de melhores momentos a cada rodada – haja ponte aérea! –, mas o cenário pode ser alterado drasticamente e de modo rápido. Por isso o armador sabe: chegou a hora de ir longe nos playoffs. Bem longe.

O time: ataque não é problema. Com o pulso firme e talentoso de Paul, as habilidades ainda em expansão de Blake Griffin – que é muito, mas muito mais que um pôster –, e excelentes arremessadores ao redor deles, Rivers tem elementos de sobra para coordenar um dos três ataques mais eficientes da liga mais uma vez. Em termos de defesa, o impacto do treinador, porém, não foi tão dramático conseguiu elevar o time de nono para sétimo na temporada passada, e com um número maior de pontos por posse de bola. Quando questionado sobre quais pontos mais o preocupavam, o estrategista não hesitou em apontar os rebotes. “Não sei quais seriam além do rebote. Era isso chegando a esta temporada, e permanece. Pessoalmente, achei que foi um milagre que tenhamos feito o que que fizemos no ano passado do modo como reboteamos. Estava preocupado com isso o ano todo, preocupado nos playoffs. É duro vencer jogos quando as outras pessoas continuam conseguindo arremessos extra”, disse. O Clippers foi o 20º nesse fundamento. De seus principais adversários, o Spurs foi quem ficou mais próximo, em 13º.

A pedida: sucesso nos playoffs e, quem sabe, o título. Estamos combinados.

Olho nele: Spencer Hawes. O pivô tem a oportunidade em Los Angeles de mostrar que é muito mais que o atleta da NBA mais apaixonado pelo Partido Republicano. Hawes foi o primeiro alvo de Rivers no mercado de agente livre, contratado para reforçar sua rotação de garrafão atrás de Griffin e Jordan, para oferecer arremesso de média e longa distância, passe e também reforçar justamente o rebote pedido por Rivers. Nos mata-matas do ano passado, o técnico tinha apenas Big Baby para dar um respiro aos titulares. Como ele vai responder a esse desafio? Em sua carreira, o pivô de 26 anos disputou dois playoffs, pelo Sixers. O que, veja bem, não conta para muito. Era um time café-com-leite, num Leste esvaziado. Não havia pressão alguma. Agora a coisa muda de figura.

Spencer Hawes, reforço no garrafão por US$ 6 mi anuais

Spencer Hawes, reforço no garrafão por US$ 6 mi anuais

Abre o jogo: “Baron estava se preparando, e Sterling começou a balançar os braços, gritando para ninguém em particular.”Por que vocês estão deixando ele cobrar o lance livre? Ele é péssimo! Ele é o pior cobrador de lances livres da história!”, berrava. O Baron estava acertando algo como 87% naquela temporada. Eu estava de pé no meio da quadra, bem perto dos assentos do Sterling, olhando isso de canto, tentando não rir. Olhei para os caras do outro time, tipo, pensando que aquilo não poderia estar acontecendo”, Blake Griffin, em depoimento extenso sobre como era ser um jogador do Clippers sob o amalucado, inconsequente, mas… lucrativo controle de Sterling.

Você não perguntou, mas… o novo dono do Clippers, o bilionário Steve Ballmer, ex-CEO e ainda maior acionista da Microsoft, não vai permitir que seus técnicos e jogadores usem – ou, vá lá, que pelo menos não sejam flagrados em público usando – produtos eletrônicos da Apple. O homem pagou US$ 2 bilhões por seu novo brinquedinho. Então fica assim.

doc-rivers-clippers-cardUm card do passado: Glenn “Doc” Rivers. Primeiro uma pergunta séria: quem aí reconhecia o ex-armador e hoje técnico do Clippers como Glenn? Dr. Glenn Rivers? Um baita ganho em estilo, gente. Mas deixemos de bobagem. O legal desse card é mostrar o jovem Rivers, claro. Mas também para falar daquela temporada: 1991-92, a primeira na qual a franquia foi aos playoffs quando baseada em Los Angeles – em sua primeira encarnação, como Buffalo Braves, com Bob McAdoo, já havia acontecido. No princípio dos anos 90, o clube viva um grande momento, com uma base bastante promissora, na qual constavam também Ron Harper (antes de estourar o joelho), Charles Smith (que migraria para o Knicks), e, principalmente, Danny Manning. O ala-pivô era bem diferente de Blake Griffin, um cara muito mais vigoroso e atlético, mas também foi uma grande aposta técnica e comercial da liga,  até que seguidas lesões o derrubaram. Aos 30 anos, Rivers disputava sua primeira campanha fora de Atlanta e a única em L.A., com 10,9 pontos e 3,9 assistências em 28,1 minutos. Em 1992, seria envolvido numa troca tripla que o mandaria para o Knicks de Pat Riley, com Mark Jackson chegando ao time californiano.


A NBA precisa banir o dono racista do Clippers
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Giancarlo Giampietro

Sterling e sua ex-namorada: uma bomba de relações públicas para a NBA se livrar

Sterling e sua ex-namorada: uma bomba de relações públicas para a NBA se livrar

Há tanto sobre o que escrever depois de uma primeira semana daquelas nos playoffs da NBA. Que tal o cartão de visitas de Troy Daniels, das viagens de busão pelo interior do Texas e dos hambúrgueres apressados aos luxos da grande liga, sob os holofotes,  salvando a temporada do Houston Rockets? E o Nenê, que fez ninguém menos que Joakim Noah, o agora oficialmente melhor defensor da temporada, de gato e sapato? Para, depois, se perder numa bobagem imperdoável para alguém que é o veterano da turma, a referência num time que tenta curtir seu primeiro momento de alegria desde os tempos em que Gilbert Arenas ainda não havia cruzado, mancando, a fronteira da insanidade? Tem muito mais, para todos os gostos: a inventividade de Rick Carlisle, os renascidos Beno Udrih e James Jones, Pero Antic x David West, Toronto em chamas, LaMarcus etc.

Mas, neste sábado, após o TMZ — vejam só, o TMZ!!! — divulgar um áudio extremamente desagradável de Donald Sterling, o proprietário do Los Angeles Clippers, no qual ele pede singelamente a sua namorada para que ela pare de se deixar fotografar com pessoas negras e que, por favor, não as leve para o Staples Center para assistir aos jogos de seu time, e que era para se evitar até mesmo esse zé-ninguém que atende por Magic Johnson, fica impossível falar sobre basquete. Ficou para o segundo, terceiro ou quarto plano.

Justo o basquete.

Em nenhum momento, em nenhuma instância social, qualquer tipo de manifestação racista pode ser aceita, tolerada. Mas no esporte em geral, e especialmente na NBA, ou na modalidade do bola ao cesto em específico, isso se torna ainda mais deplorável. Repugnante. Nojento. E que o dicionário nos dê mais e mais termos para abordar o caso.

Aqui do meu canto, segundo minha curta experiência, o basquete sempre foi uma realidade à parte, passando de forma alheia a muitas das desigualdades que tomam conta de nossa vida, não importando o estágio da globalização, ou da suposta racionalidade que deveríamos ter atingido. Escrevo aqui como um paulistano declaradamente branco de classe média – cuja família já flutuou de média-pra-alta, média-pra-baixa, dependendo do plano ou índice econômico da vez. Então que adotemos, mesmo, a… Hã… “média”.

De qualquer forma, isso significou estudar sempre em colégio particular, com convênio médico em dia, frequentando shoppings, matinês a cada fim de semana, sem muita dificuldade – ao, menos, claro, segundo minha percepção, ignorando sacrifícios que o pai já fazia. No meu círculo de amigos, colegas, no que dependia, ou fosse depender dessa rotina, havia ou haveria apenas brancos. É um fato. No colégio, contava-se nos dedos o número de negros inscritos. Em todas as turmas.

Foi apenas com o basquete que meu convívio se expandiu. Praticamente todos os amigos negros que tenho fiz nas quadras, especialmente aquela imaginária diante de uma tabela improvisada na rua Abagiba (Vila das Mercês), na qual já fraturei a mão ao tomar uma cama de gato e cair destrambelhado no meio-fio. Foi gente que saiu da quadra, da rua para casa, entrando portaria adentro, por mais que alguns olhares no prédio estranhassem. Se eu percebia isso, imagine eles? Mas os outros que se lascassem, o ‘estrago’ já havia ocorrido.

De modo que, sim, o jogo se tornou uma espécie de templo para mim. Não deliberadamente como forma de justiça social, mas simplesmente por ser um universo em que dinheiro, cor de pele, nem nada externo importava. A gente queria saber apenas de bater bola, ficando a tarde inteira olhando para cima, para a cesta. Não havia razão para perder tempo com esse tipo de excrescência intelectual.

Com o passar dos anos, meu grau de atividade boleira diminuiu de modo considerável, mas a paixão pela coisa ficou. Dentro desse contexto, os comentários de Sterling ficam ainda mais ofensivos. Ninguém tem o direito de mexer com algo sagrado assim. Sua fala não fere apenas o bom senso, mas, particularmente, uma porção de memórias.

Agora, obviamente a ofensa é bem mais pesada para tantos outros. Peguem por exemplo um filme como “12 Anos de Escravidão” e o acalorado debate que ele causa no circuito norte-americano. Obviamente há profundas feridas sociais ainda abertas por lá, e nem poderia ser diferente. Quando o tema envolve a NBA, uma superpotência econômica impulsionada especialmente por mão-de-obra negra, falar em escândalo é pouco. E chegou a hora, ainda que bem tarde, de se dar um basta nisso.

Os jornalistas mais veteranos na cobertura do campeonato  se apressaram em dizer que de modo algum a gravação divulgada pelo site de fofocas mais odiado da América os surpreende. Que já ouviram coisa muito pior saindo da boca mal-lavada do sujeito. Para eles, pouco importa que Sterling se defenda, levantando suspeitas sobre a autenticidade do conteúdo divulgado. Seu histórico, por si só, já seria o suficiente para uma revolta.  Como Phil Jackson já questionou: quantos “incidentes” a mais causados por este imbecil seriam necessários para que uma providência fosse tomada? Acontece que, numa conveniente e institucional hipocrisia, a direção da liga conviveu com isso por anos e anos, fazendo vista grossa.

Devido ao ocaso tecnológico – em que o vicioso ciclo de notícias de 24 horas por dia, sete dias por semana enfim se mostrou últil -, dessa vez as barbaridades do velhinho “pegaram”, viraram manchete por todas as partes. A opinião pública se deu conta da gravidade e do descompasso da situação de se ter um proprietário de um clube de basquete racista. Não há mais como fugir, evitar o assunto. Os cartolas que se virem diplomaticamente.

Não é algo fácil de se resolver, mas eles precisam dar uma resposta adequada. Não dá mais, espero, para enrolar, enrolar, enrolar e torcer para que o suspense, o drama dos playoffs seja o suficiente para encobrir a sujeira. Ou dá? Lembrem-se que não existe na liga um poder centralizado, ainda mais agora com a aposentadoria de David Stern. Mesmo com o velho comissário, porém, não haveria algo muito claro para se fazer: tanto ele como Adam Silver são funcionários dos 30 associados, personagens que controlam as franquias. São relações complicadas, com distintas facções ideológicas, numa ciranda de gente muito poderosa, de que não brinca em serviço. A ponto de um desbocado como Mark Cuban, que tanto torpedeou a administração de Stern, se esquivar  em público. Disse que era algo “óbvio”, dispensava repercussão e, ao mesmo tempo, seria resolvido internamente.

Cuban e outros podem fazer rodeios, mas não tem mais volta. Como conciliar agora Sterling numa mesma reunião com Michael Jordan, dono do Charlotte Bobcats? E o que dizer de Doc Rivers? Como o vitorioso treinador pode aceitar receber ordens – e cheques – de uma figura asquerosa dessas? Para não falar de Chris Paul, a face da franquia em quadra e presidente do sindicato dos atletas, ou Blake Griffin, cujas acrobacias valorizaram, e muito, o patrimônio do bufão. Aliás, são quantos os brancos no elenco do ex-primo pobre de Los Angeles? JJ Redick, Hedo Turkoglu e mais ninguém.

Fulos da vida, sem chão, Redick entre eles, os atletas do Clippers se reuniram neste sábado e ventilaram a possibilidade de fazer um boicote. Abrir mão de disputar o quarto jogo da série contra o Warriors – e quão legal seria se contassem com o apoio dos arquirrivais odiados do outro lado?  Mas pensaram, repensaram e afirmam que vão para a quadra. É algo complexo, mesmo. Por um lado, seria uma bomba para a liga resolver, com sua credibilidade e muitos milhões de dólares em jogo. Por outro, esse grupo de atletas já batalhou por mais de 80 partidas na temporada. É o trabalho, o sonho deles. Abririam mão disso, ou simplesmente estão acima de um verme desses? O título seria deles ou de Sterling? Que joguem e ataquem essa situação, amparados legalmente e pela comunidade da NBA, mas depois. No caso de conquista, é de se imaginar que o proprietário só poderia comemorar num camarote reservado, no ostracismo, acompanhado de alguma gentalha de KKK, distante do vestiário e dos verdadeiros protagonistas.

No ostracismo, sim: a atitude pode ter efeito inócuo, já que a franquia continuaria embolsando a grana da bilheteria e afins, mas o empresário, primeiramente, tem de ser banido do Staples Center e outras arenas. Seria uma vergonha transmitir jogos em que sua figura pudesse aparecer para as câmeras da TV, a poucos metros de Rivers ou Griffin.

Obviamente que Sterling será multado também. É o que o escritório da liga em Nova York mais sabe fazer. Relembrem que Micky Arison, dono do Miami Heat, foi punido em US$ 500 mil ao criticar alguns de seus pares durante o lo(u)caute, em 2010. E essa multa teve muito mais a ver com o ferimento de práticas comerciais, estratégicas. Era um momento de intensa barganha por parte dos dirigentes, e Arison foi penalizado como reprimenda à suta suposta tentativa de sabotar negociatas que terminaram tão favoráveis aos magnatas.

A questão em torno do mentecapto que dirige o Clippers, porém, é muito maior. É, na verdade, imensurável. Não há dinheiro que o bilionário possa desembolsar  que valha sua ignorância. Como bem disse Kenny Smith, ex-armador do Rockets e comentarista da TNT, é uma vergonha que Sterling seja rico apenas quando o assunto sejam dólares. Disso ele entende, e talvez tenha que se preparar espiritualmente para abrir mão de seu brinquedinho em troca de mais algumas centenas de milhões a mais. Uma vez terminada a temporada, o núcleo forte de gestão da liga, antes presidido por Peter Holt, do Spurs, precisa encontrar algum meio de forçar a venda da franquia.

Candidatos não vão faltar. Bill Simmons, uma das figuras mais influentes da ESPN hoje e proprietário de uma caderneta de ingressos da franquia californiana, escreveu pouco antes de os mata-matas começarem sobre como a liga vive um momento de Eldorado também financeiro.  O Milwaukee Bucks, santamãe, custou mais de US$ 500 milhões. Serão diversos os Tios Patinhas, então, esperando na fila, pela chance de desembolsar até mesmo mais de US$ 1 bilhão para adquirir um clube em ascensão como o Clippers, com dois superastros na folha de pagamento, ainda mais numa cidade como Los Angeles.

É algo legalmente possível? Forçar a saída de Sterling? Muito provavelmente não, mas, com pressão de todos os lados, incluindo dos outros donos de clube, talvez a situação fique de fato insustentável. A não ser, claro, que boa parte desses gestores esteja de acordo com o discurso racista desse camarada. Se nenhuma decisão drástica, radical for tomada, teremos a resposta. E aí os atletas que terão de tomar alguma providência, como já prometem fazer, ainda que o próprio Chris Paul, imerso nos playoffs, tenha se calado por ora. DeAndre Jordan, por outro lado, foi brilhante ao postar em sua conta de Instagram simplesmente um quadro negro. Para ele, não havia muito o que dizer.

LeBron James, porém, se pronunciou, e foi como um legítimo rei. “Não há espaço para Donald Sterling na NBA”, afirmou, entre outras ponderações. “Acredito em Adam. Acredito na NBA. Se esses comentários forem verdadeiros, eles têm de fazer algo, e fazer rapidamente, antes que isso saia de controle.”

E ponto.

Não há mais espaço para gente desta laia em lugar nenhum, muito menos no nosso basquete – NBB, Euroliga, ou Parque do Ibirapuera. Nem aqui no VinteUm. Qualquer sujeito que possa pensar ou dizer algo semelhante ao que falou o dono do Clippers só pode ser considerado persona non grata neste blog. Não são bem-vindos definitivamente.