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Para perder, Bulls tem primeiro de vencer Thibodeau
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Giancarlo Giampietro

O Thibs chora: não tem mais Luol Deng para ajudá-lo na defesa

O Thibs chora: não tem mais Luol Deng para ajudá-lo na defesa

O Chicago Bulls pensando no futuro, o Cleveland Cavaliers, no presente, e o Luol Deng no meio dessa história toda. É só o que se escreveu desde que os dois times da Divisão Central fecharam a troca do ala pelo pivô Andrew Bynum na noite desta segunda-feira, e não tem muito como fugir disso.

Na parte que toca aos touros de Chicago, porém, só falta uma coisa: combinar com Tom Thibodeau de que o time tem mais é de perder do que ganhar no restante da temporada 2013-2014 da NBA.

O sujeito é um maníaco, obcecado por basquete, que trata o jogo acima de qualquer religião. Não esperem que ele, Thibs, vai entregar os pontos, apesar de estar contrariado e triste pela saída de seu ala britânico.

“Não vou ceder nada”, afirmou o técnico, nesta terça, em seu primeiro papo deprimido com a mídia local, depois de ter perdido um de seus jogadores prediletos. “É difícil. Eu o agradeci por tudo o que ele fez por nós. Não dá para pedir mais nada de um jogador. Ele encarnou tudo aquilo que defendemos.”

Thibodeau não podia ter escolhido melhor termo, né? “Defendemos”, falou. É o que o Bulls mais fez, mesmo, desde que ele conseguiu independência do clã Van Gundy e de Doc Rivers para assumir pela primeira vez o posto de treinador principal de uma equipe. E dura até hoje: mesmo com a frustração de ter perdido seu principal jogador e apesar das constantes lesões que abalam o elenco, seu time ainda tem a segunda defesa mais eficiente da competição.

Com essa retranca ferrenha, apesar de não poder escalar Derrick Rose já por quase duas temporadas, o treinador conquistou 171 vitórias em 262 jogos, para um ótimo aproveitamento de 65,3%. Para se ter uma ideia, em San Antonio, o registro de Gregg Popovich é de 68,4%, enquanto Doc Rivers e Rick Carlisle têm, respectivamente, 62,5% e 58,6% na carreira. Sim, do seu modo turrão e extremamente exigente, ele está na elite da profissão.

Vai ser difícil, para não dizer impossível dobrar o homem.

John Paxson, vice-presidente da equipe e o chefão nas decisões esportivas, está mais que ciente a respeito – de que não há como nem mesmo se aproximar do treinador com qualquer ideia de que o melhor para todos era que o Bulls pegasse leve a partir de agora, pensando numa colocação melhor no próximo Draft.

Paxson sempre soube, claro, que o técnico não ficaria nem um pouco encantados com essa troca pelo contrato de Andrew Bynum e algumas considerações futuras de Draft. “Não seria realista pensar nisso”, disse (toin!). Mas o negócio foi feito. E por quê? Para que o Bulls pudesse economizar mais de US$ 20 milhões este ano – US$ 8,7 milhões restantes de salário para Deng e quase US$ 12 milhões em multa que o time pagaria em cima desse valor, excedendo os limites impostos pela liga.

Neste ponto, é bom sempre lembrar também que Jerry Reinsdorf, proprietário da franquia desde os anos dourados, é um dos sujeitos mais sovinas no mundo da NBA. Embora sediado em uma das maiores metrópoles do país, gerindo uma marca de apelo realmente global, ele dificilmente autorizou Paxson ou antigos diretores a quebrarem a banca na montagem de um time. Ao contrário de Lakers e Knicks, por exemplo, o Bulls só infringiu a chamada “luxury tax” uma vez – na temporada passada.

O clube até tentou chegar a um acordo de extensão contratual com Deng, mas o ala simplesmente recusou ofertas de até US$ 40 milhões por quatro temporadas. Segundo consta, ele esperava no mínimo US$ 13 milhões por ano. Com receio, então, de perdê-lo a troco de nada ao final do campeonato e, com a sanidade fiscal em voga e de terem de pagar mais multas no futuro, bateram o martelo.

Se o Bulls não tinha chance alguma de brigar pelo título deste ano, qual era o sentido de torrar uma grana dessas? Se um jogador querido como Deng – importante dentro e fora de quadra, como ressaltou Paxson – tivesse de ser sacrificado pela sanidade fiscal, que fosse o caso.

“O ônus agora está em nós. Quando se tem flexibilidade financeira, é necessário tomar decisões espertas. Estamos confiantes de que vamos pegar todos esses recursos e investi-los de volta na equipe”, disse o cartola.  “Isso é parte da NBA”, resignou-se Thibodeau. “Não dá para ficar olhando para trás.”

Agora, e se, olhando para a frente, os diretores começarem a forçar a barra, procurando interferir no trabalho do treinador? Será que mais trocas (Hinrich? Dunleavy Jr?) virão? O que sobra para ser trabalhado em quadra? Será que Thibs suportaria?

Há fortes rumores vindos da “Wind City” de que os cartolas e os integrantes da comissão técnica não se bicam mais. O ex-parceiro de Michael Jordan, que já fez cesta de título na NBA, nega: “Temos uma relação de trabalho realmente boa”. O treinador também já procurou dispersar os repórteres abelhudos a respeito. Mas obviamente rangeu os dentes ao falar sobre a troca de Deng e a conversa que teve com os superiores. “Nós discutimos a respeito. Mas vou me limitar a dizer isso.”

Ao falar sobre a negociação com o Cavs, Paxson teve todo o cuidado do mundo para não ferir Thibs e para apontar que os dois apontam para a mesma direção – a de que o Bulls ainda tenta vencer.

Mas será que eles querem isso, mesmo? E será que, no curto prazo, importa? Independentemente das reais intenções da diretoria, na esculhambada conferência Leste, pode ser que a simples combinação da forte defesa liderada por Thibs e Noah – que se recusou a falar com os jornalistas nesta terça – seja o suficiente para render, da mesma forma, uma classificação para os playoffs – o time, hoje, está em sexto. Ainda que, com Deng, o Cavs, concorrente, fique mais forte, é preciso que três ou quatro times entre Knicks, Nets, Pistons, Wizards e Bobcats se apresentem com o mínimo de consistência para complicar essa briga por vaga.

(Além do mais, podem apostar que Reinsdorf não ficaria nada chateado de ter alguns joguinhos a mais de mata-mata para faturar em maio.)

“Reconstrução não é uma palavra para se usar quando você tem jogadores como Joakim Noah em seu time, quando você tem um treinador como Tom”, disse Paxson. “Nossos caras ainda vão competir e jogar da forma como nossa cidade gosta.”

Da parte de Thibodeau, pode ter certeza disso. Resta saber se ele vai poder seguir em frente desta maneira.

*  *  *

Com 10.286 pontos na carreira, Luol Deng se despede do Bulls como seu quarto maior cestinha histórico, atrás apenas de Michael Jordan, Scottie Pippen e Bob Love, ala-pivô dos anos 70. Jerry Sloan, aquele, é o quinto. O ala, na verdade, aparece, no top 10 de diversas categorias estatísticas da franquia. Impressionante.

*  *  *

Não deixa de ser irônico que Deng tenha de deixar Chicago no dia em que o Phoenix Suns vai jogar na cidade. Foi o clube do Arizona que trocou a escolha de Draft que resultaria na contratação do ala, que ficou apenas um ano em Duke sob a tutela do Coach K. Em 2004, sétima colocação. Na ocasião, o técnico Mike D’Antoni afirmava que não via nenhum calouro disponível que pudesse ajudar sua equipe. Agora, imaginem Deng ou Andre Iguodala, o nono, correndo juntos de Joe Johnson, Stoudemire, Marion e, principalmente, Steve Nash naquela temporada? Sem eles, o time batalhou duramente na final da Conferência Oeste contra o Spurs. Se poderiam ter ajudado, mesmo inexperientes? Você diz.

*  *  *

Mike Brown vai amar Luol Deng, de cara, claro. Assim como Anderson Varejão, que enfim ganha a companhia de um defensor competente no quinteto inicial do Cavs. Agora, pagar mais de US$ 10 milhões por um jogador de histórico já volumoso de lesões, bem mais velho que o núcleo que o clube vem tentando desenvolver? Essa seria oooooutra história.


15 times, 15 comentários sobre o Leste da NBA
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Giancarlo Giampietro

JR Smith x Joe Johnson

Já que estamos em dívida, com o campeonato já correndo a mil, tentamos aqui dar uma looooonga caminhada nesta terça e quarta-feira para abordar o que está acontecendo com os 30 times da NBA até o momento, dividindo-os em castas. Começamos hoje com a Conferência Leste, a famigerada E-League.

Antes de passar por cada franquia, em castas, é mandatória a menção sobre o quão patética vem sendo a porção oriental da liga norte-americana, com apenas três times acima da marca de 50% de aproveitamento, enquanto, do lado ocidental,  apenas quatro estão no lado negativo. Isso muda tudo na hora de avaliar o quão bem um time está jogando ou não num panorama geral. Ter de enfrentar Sixers, Magic, Bucks e… (!?) Nets e Knicks mais vezes do que Warriors, Wolves, Grizzlies e… (!?) Suns ajuda muito para inflar os números de sua campanha. É como se fosse um imenso ***ASTERISCO***.

Agora vamos lá:

Os únicos dois times bons – e que ao mesmo tempo são os principais favoritos ao título
Já sabe de quem estamos falando, né? É a categoria mais fácil de se identificar além de “os dois times que são um pesadelo para Spike Lee, Woody Allen, Al Pacino, Roberty De Niro, os Beastie Boys e qualquer outro nova-iorquino”.  Na saideira de David Stern, o certo era que ele instaurasse uma série melhor-de-81 na conferência, e que o restante se dedicasse a analisar todas as minúcias da fornada do próximo Draft.

Indiana Pacers: que o sistema já funcionava, não havia dúvida. Eles deixaram muito claro nos mata-matas do ano passado. É um time com identidade clara, que defende muito, contesta tudo o que pode perto do aro e na linha de três pontos, sufoca dribladores no perímetro e permite apenas chutes forçados de média distância. Com esse alicerce erguido, o que os eleva ao topo na temporada regular no momento, a outro patamar, é impressionante evolução individual de Paul George, Lance Stephenson e Roy Hibbert. Confiantes, entrosados e candidatos a prêmios desde já. Some isso à melhora do banco, e temos a defesa  mais dura da liga, de longe, agora com a companhia de um ataque que beira o aceitável, sendo o 14º mais eficiente.

Miami Heat: Dwyane Wade joga quando quer ou quando pode, LeBron James regrediu um tiquinho, se comparado ao absurdo que produziu nas últimas duas temporadas (embora esteja finalizando com ainda mais precisão), Udonis Haslem perdeu jogos, Shane Battier despencou, Greg Oden ainda não estreou e… Tudo bem, tudo na santa paz na Flórida. Eles não jogam pensando em agora e ainda é o bastante para, no Leste, sobrar e construir o melhor ataque e a sétima melhor defesa, uma combinação perigosa. Ah, e palmas para Michael Beasley! Por enquanto, em quase dois meses, ele conseguiu evitar a cadeia e, estatisticamente, escoltado por craques, vem produzindo como nunca antes na história dessa liga.

Eles querem, tentam ser decentes (ou talvez não)
Neste grupo temos times que estão entre os menos piores do Leste.

Atlanta Hawks: o mundo dá voltas, LeBron James passa de supervilão a unanimidade, Juwan Howard e David Stern enfim se aposentam, Bush vai, Obama vem, mas o Hawks não consegue se livrar da mediocridade.  Jajá teremos uma década com o time posicionado entre as terceira e sexta posições da conferência. E não podem dizer que Danny Ferry não está tentando. Joe Johnson e Josh Smith se mandaram. As chaves do carro foram entregues para Al Horford. Jeff Teague está solto. Kyle Korver, pegando fogo. DeMarre Carroll, surpreendendo. Mas, no geral, falta banco e consistência, enquanto os jogadores assimilam os conceitos Popovichianos de Mike Buddenholzer.

Detroit Pistons: ainda está cedo para detonar por completo os experimento com os três grandalhões juntos, mas todos os indícios apontam que talvez não tenha sido, mesmo, a melhor ideia. Greg Monroe parece deslocado e Josh Smith comete atrocidades no perímetro – assim como o bom e velho Brandon Jennings. Ao menos, a cada erro da dupla, Andre Drummond está por ali, preparado para pegar o rebote e castigar o aro. Rodney Stuckey, ressuscitado como um candidato a sexto homem do ano, também ajudou a aparar as arestas. Maurice Cheeks ainda precisa definir de uma vez sua rotação e encontre melhor padrão de jogo para adequar as diversas partes talentosas que, no momento, não conseguem se posicionar nem mesmo entre os 20 melhores ataques ou defesas. E, mesmo assim, o time ocupa o quinto lugar no Leste. Incrível.

O aproveitamento de quadra de Josh Smith nesta temporada: as marcas em vermelho, só para constar, estão abaixo da média da liga. E este vermelho lembra um pouco a cor de um tijolo velho

O aproveitamento de quadra de Josh Smith nesta temporada: as marcas em vermelho, só para constar, estão abaixo da média da liga. E este vermelho lembra um pouco a cor de um tijolo velho

Charlotte Bobcats: a franquia apanhou por anos e anos. Foi coisa de ser massacrada mesmo. Daí que, num ano antes do Draft mais generoso dos Estados Unidos em muito tempo,  Michael Jordan resolveu que era hora de gastar uma graninha, acertar em uma contratação (aleluia!) e formar um time até que bonitinho. Al Jefferson ainda não engrenou, recuperando-se de uma lesão no tornozelo, Cody Zeller não impressiona ninguém (positivamente, digo), Kemba Walker não progrediu, mas o time tem se sustentado com sua defesa, guiada por Steve Clifford, sobre quem havíamos alertado. A equipe mais escancarada do ano passado virou, agora, a terceira melhor retaguarda. E, aqui entre nós: Josh McRoberts é um achado.

Washington Wizards: Ernie Grunfeld pode ter feito um monte de barbaridades nas constantes reformulações de elenco que produziu desde que Gilbert Arenas pirou o cabeção. Também não tem muita sorte. John Wall se firmou como um dos melhores armadores de sua geração, mas não consegue levar adiante a dupla com Bradley Beal, afastado por uma misteriosa dor na canela que pode ser fratura por estresse (e aí danou-se). Marcin Gortat se entendeu bem com Nenê – e o brasileiro, todavia, não consegue parar em pé sem sentir dores. Quando Martell Webster vai bem, Trevor Ariza machuca. Quando Trevor Ariza vai bem, Martell Webster machuca. E Randy Wittman, coordenando uma defesa respeitável, tem de se virar do jeito que dá para manter sua equipe competitiva. No Leste, claro, não precisa de muito. Talvez nem importe nem que Otto Porter Junior esteja só na fase de aprender a engatinhar.

Chicago Bulls: pobre Tim Thibodeau. Deve estar envelhecendo numa média de um mês a cada semana nesta temporada. A nova lesão de Derrick Rose foi trágica – e dessa vez não havia Nate Robinson para socorrer. Para piorar, Jimmy Butler caiu, levando junto, agora mesmo, Luol Deng, que estava carregando piano de modo admirável. Em meio a tudo isso, Joakim Noah nem teve tempo de se colocar em forma. Para estancar os ferimentos, Taj Gibson faz sua melhor campanha, Kirk Hinrich tem evitado a enfermaria para organizar as coisas e, claro, muita defesa, a quarta melhor da liga. O suficiente para capengar por um oitavo lugar na conferência, esperando por um raio de sol.

Boston Celtics: Danny Ainge certamente confia na capacidade de Brad Stevens como técnico. Do contrário, não teria dado um contrato de seis anos ao noviço. Talvez ele só não contasse que o sujeito fosse tão bom desse jeito. Aí complica tudo! O Celtics abriu mão de Paul Pierce e Kevin Garnett neste ano para afundar na tabela e sonhar com um dos universitários badalados do momento. E aí que, em meio a essa draga toda, uma boa mente pode fazer a diferença, mesmo sem Rajon Rondo e tendo que escalar Gerald Wallace e pivôs diminutos – sem dar a rodagem necessária para Vitor Faverani. Então, meninos e meninas, pode certeza de algo: se tiver alguém torcendo para a ascensão de Knicks e Nets, o Mr. Ainge é uma boa aposta.

Descendo, mas só por ora
Três equipes que ainda vão perder muito mais que ganhar neste ano, mas as coisas estão mudando. “Perdeu, valeu, a gente sabe que não deu.”

Philadelphia 76ers: ver Michael Carter-Williams estufar as linhas de estatísticas de todas as formas já valeria o ano inteiro para aqueles que ainda choram Allen Iverson (ou Charles Barkley, ou Moses Malone, ou Julius Erving). O armador é a maior revelação da temporada. Havia fãs dele no processo de recrutamento de novatos deste ano, mas, sinceramente, não li em lugar algum a opinião de que ele fosse uma ameaça para conseguir um quadruple-double na carreira, quanto menos em seus primeiros dois meses. Ao mesmo tempo, sem pressão nenhuma por resultados imediatos, o gerente geral Sam Hinkie e o técnico Brett Brown vão rodando seu elenco, garimpando talentos, avaliando prospectos como Tony Wroten, James Anderson, Hollis Thompson, Daniel Orton etc. Sem contar o fato bizarro de que Spencer Hawes, hoje, é um dos melhores pivôs da liga. Vende-se.

Orlando Magic: A base aqui, hoje, é melhor que a do Sixers, com Arron Afflalo jogando uma barbaridade, jogando de uma forma que assusta até. Nikola Vucevic vai se provando que sua primeira campanha na Disneylândia não foi um delírio. Victor Oladipo está cheio de energia e potencial para serem explorados. Andrew Nicholson, Tobias Harris e Maurice Harkless também oferecem outras rotas a serem exploradas. O técnico Jacque Vaughn é respeitado. Para o ano que vem, os contratos dos finados Hidayet Turkoglu e Quentin Richardson expiram, e o gerente geral Rob Hennigan terá espaço para investir.

Toronto Raptors: não houve uma negociação na qual Masai Ujiri se envolveu nos últimos dois, três anos em que ele não tenha, no mínimo, levado a melhor. Isso quando ele não rouba tudo de quem está do outro lado da mesa, sem piedade alguma. Em pouco tempo, já se livrou dos contratos de Rudy Gay e Andrea Bargnani, iniciando um processo de implosão para tentar reformular, de modo definitivo, a franquia canadense – que tem aporte financeiro para ser grande. Jonas Valanciunas está dentro. O restante? Provavelmente fora. Será que Andrew Wiggins vai acompanhá-lo, em casa?

Caos total
A bagunça é tanta que fica difícil de saber como botar tudo em ordem.

Cleveland Cavaliers: no papel, um time de playoff. Mas as peças por enquanto não se encaixam tão bem como o esperado. Para dizer o mínimo, considerando que Dion Waiters partiu para cima de Tristan Thompson no vestiário. Em quadra, Mike Brown simplesmente não consegue organizar um ataque decente que não tenha LeBron James em seu quinteto. O Cavs só pontua mais que o time que aparece logo abaixo aqui. É um desastre. Para se ter uma ideia, dos dez jogadores que ficaram mais minutos em quadra até o momento, apenas Anderson Varejão acertou pelo menos 50% de seus arremessos. Até mesmo Kyrie Irving vem encontrando sérias dificuldades. Os últimos jogos de Andrew Bynum seriam o único indício positivo por aqui – e não que isso sirva para compensar o fiasco total que são as primeiras semanas de Anthony Bennett como profissional:

Milwaukee Bucks: a Tentação de jogar Larry Drew na fogueira também é grande, mas fato é que o Milwaukee Bucks em nenhum momento pôde colocar em quadra o time que eles imaginariam ter. Larry Sanders passou vexame em uma briga na balada, Carlos Delfino ainda não vestiu o uniforme, Brandon Knight e Luke Ridnour se alternam na enfermaria, aonde Caron Butler já se instalou ao lado de Zaza Pachulia. Ersan Ilyasova só não está lá porque o time precisa desesperadamente de qualquer ajuda, ainda que seja de um ala-pivô cheio de dores nas pernas. Apenas OJ Mayo, John Henson e o surpreendente Kris Middleton disputaram as 20 partidas da equipe. De toda forma, esses nomes não chegam a empolgar tanto, né? Daria um sólido conjunto, mas sem grandes aspirações. Se for para empolgar, mesmo, então, com a vaca já atolada no brejo, melhor liberar o garotão Giannis Antetokounmpo para correr os Estados Unidos de ponta a ponta.

Os dois times que são um pesadelo para Spike Lee, Woody Allen, Al Pacino, Roberty De Niro, os Beastie Boys e qualquer outro nova-iorquino
Eles ainda têm tempo para reagir. Mas vai dar muito trabalho e ainda pode custar muito dinheiro.

Brooklyn Nets: bem, sobre Jason Kidd já foi gasto um artigo inteiro. De lá para cá, soubemos que Lawrence Frank tem um salário de US$ 6 milhões (mais que Andrei Kirilenko, Andray Blatche e Mason Plumlee juntos!) apenas para escrever relatórios diários, uma vez que foi afastado do posto de principal assistente. Depois de apenas três meses no cargo. E, esculhambado nos mais diversos sentidos, o Nets obviamente não consegue se encontrar em quadra, mesmo com Brook Lopez jogando o fino. Temos agora o 20º pior ataque e a penúltima defesa da liga, acima apenas do pobre Utah Jazz. Tudo isso, lembrando, com a folha salarial mais volumosa do campeonato. “Parabéns aos envolvidos” se encaixa aqui? Que Deron Williams volte rápido – e bem. Kirilenko também precisa colocar a reza em dia.

New York Knicks: agora fica meio claro a importância que tem um Tyson Chandler, né? Um sujeito de 2,13 m de altura (ou mais), ágil, coordenado, inteligente, corajoso e que ainda converte lances livres? Causa impacto dos dois lados da quadra, facilitando a vida de todo mundo. Inclusive a do Carmelo Anthony, que pode roubar um pouco na defesa, ciente de que tem cobertura. Sem ele, o time virou uma peneira, com a quinta pior marca da liga. No ataque, uma das maiores artilharias da temporada passada agora é somente a 18ª, numa queda vertiginosa que tem mais a ver, é verdade, com a fase abominável de JR Smith e Raymond Felton. Não é culpa do Carmelo, mesmo que ele também não esteja mantendo a forma do ano passado. Daí que temos uma surra de mais de 40 pontos para o Boston Celtics no Garden? Até Ron Artest está pasmo.


NBA 2013-2014: razões para seguir ou lamentar os times da Divisão Central
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Giancarlo Giampietro

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Depois das Divisões Sudeste e Atlântico, vamos dar uma passada agora pela Central, mirando o que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e prediletos de uma só cabeça (quase) pensante:

CHICAGO BULLS
Para curtir:
– As infiltrações de Derrick Rose, que são de tirar o fôlego. É bom ter aberração atlética dessas de volta. Que o joelho aguente bem.

– Toda a dedicação e perspicácia de Joakim Noah na defesa. Difícil encontrar alguém que trabalhe tão duro e bem nas pequenas coisas que fazem do Bulls um candidato perene ao título.

Taj Gibson fazendo companhia a Noah.

– A sobriedade de Luol Deng, num basquete prático muitas vezes menosprezado.

Jimmy Butler evoluindo a cada campeonato, dando a Thibodeau mais uma opção para tentar cutucar LeBron.

– As defesas atenciosas e extremamente detalhistas de Thibs.

Para chiar:
– Os dólares que Jerry Reinsdorf economiza mesmo como proprietário de uma das franquias mais populares da liga, numa metrópole como Chicago.

– Crônicas tendinites e fascite plantar para Noah, limitando o guerreiro.

Carlos Boozer tentando comer a bola quando fica frustrado.

– A saída de Nate Robinson.

CLEVELAND CAVALIERS
Para curtir:
Kyrie Irving e seu vasto repertório, comum arremesso que precisa ser marcado de todos os cantos da quadra. Mas vai fazer como? Se ele também dribla tão rápido…

– Todos os minutos de Anderson Varejão em quadra, alguém que se equipara, sim, ao francês no jogo sujo.

– Qualquer afro de Andrew Bynum. (Ah, e uma eventual recuperação do bebezão.)

Tristan Thompson, o ambidestro, ágil e saltitante reboteiro.

Earl Clark ainda investigando, descobrindo quais são todas as suas possibilidades em quadra. A qualquer momento pode surgir algo de deixar besta.

– A noite das perucas. Não me canso de rir com isso.

– Qualquer ataque delirante de Dan Gilbert na internet.

Para chiar:
– O plantão médico para Irving, Varejão e Bynum. (Algo que pode ser das coisas mais frustrantes realmente de toda temporada).

– A falta de criatividade ofensiva de Mike Brown. Vai de Princeton de novo?

– A educação e o regime de Anthony Bennett, que, segundo Brown, vai demorar a ser o próximo Larry Johnson.

– Os arremessos descontrolados de Dion Waiters.

– O jogo pouco produtivo de CJ Miles.

Earl Clark demorando a entender quais são todas as suas possibilidades em quadra. A qualquer momento pode surgir algo de deixar besta.

– Qualquer ataque delirante de Dan Gilbert na internet. Quando ele vai contra o que você pensa. 😉

DETROIT PISTONS
Para curtir:
– A singular aposta de Joe Dumars na trinca Josh Smith, Andre Drummond e Greg Monroe.

– O pacote (quase, quaaaaaase) completo de Josh Smith. Vide abaixo.

Andre Drummond desafiando a natureza com abalos sísmicos artificiais.

Greg Monroe operando com destreza na quina do garrafão.

– A velocidade de Brandon Jennings.

– O retorno de Chauncey Billups a Detroit. E como, aos 65 anos de idade, ele ainda consegue iludir os rivais e cavar lances livres.

– A combustão de Will Bynum e Peyton Siva.

Gigi Datome!!!!

Para chiar:
– O concurso diário de pior arremesso possível entre Smith e Jennings.

– O excesso de faltas que Drummond ainda deve cometer.

Charlie Villanueva se comportando como se ainda importasse para algo. Blah.

– Toda a confusão mental que fez Rodney Stuckey encolher em quadra.

Gigi Datome no banco!!!!

INDIANA PACERS
Para curtir:
Paul George se transformando numa superestrela, passo a passo. LeBron já deu as boas-vindas a ele nos playoffs.

Roy Hibbert, paredão humano. Desde que mantenha a intensidade dos mata-matas.

 

– Ah, e as entrenvistas nonsense do Hibbertão.

– A Escola de Balé Clássico Luis Scola.

David West e como intimidar o adversário sem necessariamente um jogador maldoso. E os chutes de média distância do pivô também.

Frank Vogel, um excelente técnico, e na dele.

Larry Bird de volta após ano sabático.

Para chiar:
Danny Granger não consegui recuperar nem 50% da boa forma para ajudar um timaço.

– A limitação de George Hill como criador a partir do drible.

– A iminência de Lance Stephenson em se tornar um agente livre e muitos dos seus lapsos com a bola.

– O fim da era dos Irmãos Hansbrough.

MILWAUKEE BUCKS
Para curtir:
Larry Sanders e sua presença defensiva. E cada menção de LARRY SANDERS! feita por Zach Lowe no Grantland.

Ersan Ilyasova e sua versatilidade.

John Henson, que arrumem mais minutos para o ala-pivô, por favor.

– Soletrar Giannis Antetokounmpo a cada highlight que o molecote grego proporcionar nos finais das partidas.

Gary Neal (e Carlos Delfino) on fire.

Para chiar:
– Todo o tédio que Caron Butler pode proporcionar, com um basquete há tempos impraticável.

– Os poucos minutos para Antetokounmpo, para que o Bucks brigue pela oitava colocação no Leste.

– A quantidade desproporcional de pivôs no elenco, possivelmente com um atrapalhando o outro.

– Saber que o Golden State Warriors preferiu Ekpe Udoh a Greg Monroe.


Caras da Copa América: Thompson e Nicholson, e as diferentes formas de se formar um garrafão canadense
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Giancarlo Giampietro

A NBA está escancarada para o talento de estrangeiros há tempos. Para alcançar a liga norte-americana, há diversas maneiras. Pergunte aos brasileiros. Temos um Nenê começando a encestar com uma tabela fincada na garupa de um jipe. Temos Leandrinho com treinamentos praticamente militares quando era um infante, um adolescente. Que tal Tiago Splitter saindo de casa aos 15 anos para morar no País Basco? E por aí vamos, com infinitas rotas até conhecer o eldorado.

Para os canadenses, as coisas têm sido um pouco mais fáceis – na verdade, estamos em um ponto que já o fluxo das revelações do país mais ao norte da América (descontado o Alaska) já nem pode ser considerado mais uma tendência, mas, sim, uma realidade irreversível. Agora, entre eles também há diferentes maneiras de se encaminhar uma carreira profissional.

É só comparar as diferentes trajetórias de Andrew Nicholson e Tristam Thompson, duas das principais apostas de uma promissora seleção, dos poucos jogadores da grande liga americana a se apresentar para a disputa da Copa América e que vão desafiar o combalido garrafão brasileiro neste domingo, terceiro dia de disputa do torneio continental.

*  *  *

Tristan Thompson no ataque

Thompson, badalado desde adolescente, destinado a jogar na NBA

Tristan Thompson, segundo tudo indica, foi sempre um destaque atlético, desde os primeiros anos de estudante em Brampton, uma das cidades englobadas pela grande Toronto. Uma significativa influência de carga genética ajuda a contar esta história. Seu irmão mais jovem, Dishawn (demais, né?), é um ala-armador já cobiçado pelas grandes universidades americanas, com previsão para se formar no colegial no ano que vem. Um primo foi destaque na NCAA e na liga de futebol canadense, como tackle defensivo. Embora os pais, de origem jamaicana, não tenham feito dinheiro com o esporte, estiveram sempre envolvidos com esse tipo de prática – o pai jogava futebol, a mãe era uma corredora – até que a necessidade de fazer a vida os levou a deixar a ilha caribenha rumo a Toronto.

Enfim, Tristan nasceu na metrópole canadense, que, vejam só, acabou ficando pequena para seus planos. Com 16 anos, deixou seu país para jogar no circuito colegial dos Estados Unidos. A primeira parada foi na Saint Benedict’s Preparatory School, ao lado do armador Myck Kabongo. Sua cotação explodiu nessa escola, entrando em seu ano de junior (o penúltimo neste nível) como o jogador mais bem ranqueado em todo o país em sua classe. Foi disputado também por muitas das principais universidades, escolhendo jogar na de Texas.

A despeito do sucesso em quadra, deixou St Benedict’s devido aos constantes conflitos com o treinador Dan Hurley. Depois de um bate-boca durante uma partida, foi afastado do time e anunciou que sairia do programa de vez. Um mero acidente de percurso, e  não demorou, claro, para que seu telefone disparasse a tocar, até que mudou-se para a prep school de Findlay. Lá, faria dupla com o armador Cory Joseh,  hoje armador titular da seleção canadense e reserva de Tony Parker no Spurs e com quem fez parceria em Texas.

Na universidade que recentemente revelou Kevin Durant e LaMarcus Aldridge, embora não tenha propriamente arrebentado, ficou apenas um ano e só – o chamado “one and done”, cada vez mais frequente desde que a NBA aumentou suas restrições para a admissão de calouros.  Aos 20, realizou aquele que parecia seu destino, selecionado no Draft de 2011 na quarta colocação pelo Cleveland Cavaliers.

*  *  *

Andrew Nicholson, a finta e o contato

Andrew Nicholson, um (nerd) físico a serviço do basquete canadense

Até os 16 anos, Andrew Nicholson gostava, mesmo, era de jogar beisebol, talvez escondido dos pais. Mas ele acabou crescendo demais, correndo o risco de ficar um pouco ridículo com a indumentária deste esporte. Começou, então, a praticar basquete para valer no colegial Father Michael Goetz, em Mississauga, também nos arredores de  Toronto.

Quer dizer: “para valer” é relativo. Não está muito claro se o esporte era realmente algo planejado como algo sério para o seu futuro. Pelo menos é o que diz o técnico Mark Schmidt, da universidade de St. Bonaventure, que recrutou o praticamente desconhecido pivô depois de vê-lo em ação após uma viagem de cerca de 260 km da cidade de Olean, no estado de Nova York, para vê-lo em ação em Mississauga.

“Eu sentei com ele e seus pais depois de seu ano de calouro (já na universidade) e disse que ele poderia jogar na NBA. Eles não tinham noção disso. Para eles, era apenas livros, livros e livros. Era o modo como os pais dele encaravam as coisas, e é isso que ele faz. A ideia de uma carreira de basquete realmente nunca ocorreu para nenhum deles, então tive de explicar que havia uma chance legítima para isso”, afirmou o treinador, quando seu pupilo se preparava para o terceiro ano de NCAA, com 20 anos. “Ele calçava mais de 50, tinha mãos enormes do tamanho de uma mesa e não tinha ideia disso.”

A essa altura, os gerentes gerais já ligavam direto para Schmidt, procurando informações sobre aquele emergente jogador, de quem poucos haviam tomado nota até então, algo raro considerando a vasta rede de informações que os clubes da liga conseguem reunir. Embora já pudesse tentar o Draft de 2011, Nicholson optou por cursar o ano de senior, de modo que poderia se completar seu curso de física. A preferência, na verdade, era fazer química, mas ele teve dificuldade para conciliar os horários de estudante-atleta com classes e aulas extra no laboratório. “Ainda assim, foi desafiador”, conta Nicholson. “Mas tive a capacidade para isso. Sou muito, muito, muito bom em dividir meu tempo. Controlo até os milisegundos.”

Opa, então tá. Temos aí um raro caso de jogador profissional que optou por levar os estudos até o fim, sem medo de afetar sua outra carreira (muito mais lucrativa). Em tempos em que vemos Fabrício Melo momentaneamente desempregado, é de se pensar…

Diplomado e ainda badalado pelos scouts, depois de fazer treinos privados por 12 times diferentes em 14 dias, ele foi escolhido pelo Orlando Magic no Draft de 2012, aos 22, na posição 19.

*  *  *

Um ano e nove meses mais velho que Thompson, Nicholson é um jogador de movimentos refinados no ataque. Consegue girar bem para ambos os lados de costas para a cesta e também ataca muito bem quando de frente para o aro, com um bom chute de média para longa distância, num repertório que já despertou comparações com David West. Para ele chegar a esse nível, porém, falta algo fundamental: a coragem e disposição do sempre subestimado pivô do Indiana Pacers em aceitar o contato físico e brigar pela bola.

Thompson, por outro lado, é pura energia. Embora seu físico, de cara, não passe essa impressão – não estamos falando do jogador mais musculoso –, sua capacidade atlética é acima da média, tem boa envergadura e, com esse pacote todo, é um baita reboteiro. Tecnicamente, contudo, ainda está em progressão. Consegue a maior parte de seus pontos quando servido próximo da cesta ou em rebarbas ofensivas.

(Até por isso, aliás, decidiu revolucionar seu jogo durante as férias: arremessava com a mão esquerda até o final da temporada passada, e agora resolveu que a mão direita tem a melhor munheca. Para os que mal conseguem usar a perna esquerda (ou direita) para subir no busão, morram de inveja: o ambidestro TT é daqueles que assina cheque com a direita, escova os dentes com a esquerda e pode bater lances livres como bem entender. Considerando que 58,6% de suas primeiras  483 tentativas na liga, decidiu tentar com a outra.)

Isto é: numa ótima notícia para o técnico Jay Triano, aumentando e muito o poder de fogo e versatilidade de sua seleção, em quadra eles também não poderiam ser mais diferentes.

Caras da Copa América:


Recusa de novato israelense evidencia lobby de times da NBA contra seleções
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Giancarlo Giampietro

Gal Mekel, orgulho israelense

Mekel foi barrado, de alguma forma, pela diretoria do Dallas Mavericks

São poucos os aficionados de NBA que já ouviram de Gal Mekel. Então permitam que o blog faça as honras: é o armador israelense, de 25 anos, recém-contratado pelo Dallas Mavericks, muito criativo com a bola, que vem de uma grande temporada pelo Maccabi Haifa, pelo qual foi campeão nacional e venceu também os prêmios de MVP tanto da temporada regular como das finais.

Mekel jogou demais pelo Mavs de verão em Las Vegas, mostrando de cara ser um armador puro, de verdade, que trata a bola com uma categoria impressionante, sendo muito instintivo em seus movimentos.  Está sempre de cabeça erguida, sem ser muito veloz no drible, mas avançando com seu próprio ritmo,  meio hipnotizante, lembrando muito Steve Nash (em estilo, o que não quer dizer que seja o “Novo Steve Nash”, ok?).

Pois bem. Foi um achado do Mavs. Ele chega para o banco de José Calderón, sem muita pressão, mas dá para imaginar que já vá ter um impacto em sua primeira campanha, ainda mais largando na frente de outro calouro, Shane Larkin, lesionado.

E, seguindo a lógica desta temporada de seleções, o que é ganho do Mavs significa, parece, obrigatoriamente perda de uma seleção. Israel, que tanto batalha para ter um time competitivo em nível continental, vai ter de encarar o Eurobasket sem seu principal condutor, para ira do técnico Arik Shivek.

Gal Mekel, no Mavs de verão

Mekel, visão de jogo. A serviço do Mavs e só do Mavs

Em entrevistas para a mídia israelense, Shivek saiu, num rompante, a detonar o clube texano, que recomendou a Mekel que ele se apresentasse para treinos em agosto, bem antes da abertura do traning camp oficial. Veja bem: não é que o jogador estivesse proibido de defender seu país na competição de 4 a 22 de setembro. Mas, como diz um o comandante Jair: “Se puder evitar…”. ; )

“O Mavs disse a Mekel que seria benéfico para ele participar dessas atividades”, disse o técnico israelense, que concentrou seus ataques em Donnie Nelson, o braço direito de Mark Cuban na direção da franquia. Se o Dallas foi uma das principais forças por trás da internacionalização da liga norte-americana, Nelson teve uma grande influência nesse processo. Natural: o filho do malucão Don Nelson foi assistente técnico da seleção lituana por anos e anos, sendo um dos ianques com a cabeça mais aberta para o mundo Fiba. Daí que Israel talvez esperasse um pouco mais de compreensão…

“Falei com Donnie Nelson pelo telefone. Isso me pegou de surpresa. Colocaram Gal em uma situação injusta”, disse Shivek, que questionou o dirigente sobre o que seria melhor para a evolução do armador: duelar com Tony Parker ou perder tempo jogando golfe?

Hehehe.

Aí deu uma exagerada, mas vale sempre o humor corrosivo.

Israel está no Grupo A do Eurobasket, que conta com a França de Parker, mais Grã-Bretanha, Alemanha, Ucrânia e Bélgica. Não são necessariamente os adversários mais fortes, mas a competitividade em si do campeonato europeu talvez já valesse para o atleta.

De todo modo, pensando o outro lado, dá para entender as motivações do Mavs facilmente. Tudo vai ser novidade para o jogador. Cidade, rotina, tática, nível de competição (ele não estaria sozinho em quadra, os mais jovens e alguns veteranos mais abnegados se apresentam e estão sempre rondando o ginásio), e tudo mais. Quanto mais cedo um jogador chegar, mais tempo para se adaptar a isso tudo. Desde que trabalhe sério e desencane dos campos de golfe, claro. O armador apenas diz: “Ficar afastado do Eurobasket não foi fácil. Mas tomei a decisão certa depois de consultar meu treinador da seleção e os diretores do Mavs”.

É o mesmo processo pelo qual Lucas Bebê vai passar com o Atlanta Hawks. Saca?

Mesmo que ele não vá assinar com a franquia para agora, o gerente geral Ferry o quer por perto pelo maior tempo possível, para acelerar os trabalhos físicos e técnicos com o pivô. Lembrando que o mesmo Ferry já havia criado alguns empecilhos para Anderson Varejão, em seus tempos de chefão do Cleveland Cavaliers.

Esse tipo de impasse acontece há tempos, não vai se encerrar por aqui e, na verdade, só tende a piorar, já que o influxo de jogadores estrangeiros na NBA segue firme, ainda mais com a crise econômica abalando as principais ligas europeias. Apenas os figurões têm autonomia para barganhar.

Por isso é bom que Magnano se familiarize com essa ideia, mesmo. Do contrário, teremos mais e mais convocações nos próximos anos que não terão representatividade alguma.


Cavs faz aposta, contrata Bynum e agora só torce para que médicos não trabalhem tanto
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Giancarlo Giampietro

Playoffs, ou enfermaria lotada.

Ao contratar Andrew Bynum nesta quarta-feira, o Cleveland Cavaliers se coloca entre essas duas rotas alternativas. Esperando, claro, que a primeira seja aquela a ser seguida.

Sobre o pivô? Difícil ir além da seguinte condicional: “Se ele estiver inteiro, se jogar…” aí dá samba. Do contrário? Ao menos o gerente geral Chris Grant foi duro nas negociações e fez o máximo para proteger os cofres de sua franquia. Segundo consta, do montante de US$ 12 milhões acertado, apenas a metade seria garantida – o restante dependeria de algumas metas especificadas no contrato. Provavelmente quantidade de partidas, minutos, pontos, presença no All-Star Game, classificação para os playoffs etc.

Bynum + Varejão

Varejão agora não vai precisar trombar com Bynum (e outros gigantões), se tudo der certo

De modo que, embora para qualquer mortal a quantia de US$ 6 milhões já valha a aposentadoria, sombra e água fresca, para as finanças da NBA, parece uma aposta adequada. Risco meio caro, mas com a possibilidade de ter uma graaaande recompensa.

E bota grande nisso, falando de Bynum. Um dos poucos legítimos seven footers no raio da liga, e não um gigantão qualquer: de costas para a cesta, é provavelmente o jogador mais talentoso em atividade. Quer dizer, “em atividade”.

Porque o pivô não disputou um jogo sequer na última campanha, acelerando o envelhecimento de Doug Collins significativamente. O mais triste é notar que, em sua carreira, passado oito anos desde que entrou no Lakers como um adolescente em 2005, ele só foi escalado em mais de 65 partidas (nas campanhas de 82 jogos) apenas uma vez, em 2006-2007, quando participou de todas as rodadas. No ano pós-lo(u)caute, 2011-2012, teve sua melhor participação: 60 jogos de 66 possíveis, um milagre.

Nesse campeonato, ele atuou sob o comando de Mike Brown, que reencontra agora em Cleveland. Vai saber se é “bla-bla-blá” ou o quê, mas Bynum afirmou que a presença do treinador foi um grande incentivo para fechar negócio com a franquia. Sob sua orientação, teve médias de 18,7 pontos e 11,8 rebotes, matando 55,8% dos arremessos, com 35 minutos de rodagem.

Se ele chegar de alguma forma próximo desses números, o Cavs será um time a ser temido no Leste.

Desde que seus médicos tenham folga. Coisa que não vem acontecendo com frequência. Taí um clube que precisou de reforços de profissionais da medicina estrangeiros.

Na temporada passada, apenas dois atletas disputaram as 82 partidas: Tristan Thompson e Alonzo Gee. Entre suas principais figuras, Kyrie Irving perdeu 23 jogos, Anderson Varejão, outros 77 e Dion Waiters, 21. Escolha número um do Draft deste ano, o ala-pivô Anthony Bennett vem de uma cirurgia no ombro e nem vai participar da liga de verão de Las Vegas. Haja analgésico.

Para Varejão, a presença de Bynum pode ser um alívio neste sentido. Se o grandão jogar, a carga física para o brasileiro pode ser reduzida consideravelmente – ficando a dúvida se, nessa altura da carreira, ele tem a agilidade suficiente para correr com os alas-pivôs mais leves e atléticos e se manter um jogador eficiente. Até se lesionar na temporada passada, não nos esqueçamos que o capixaba vivia sua melhor fase em quadra, jogando mais centralizado, mesmo.

De todo modo, é isso: para Anderson e Cleveland em geral, eles só esperam muita saúde, antes de tudo.

*  *  *

Para quem duvidava, o Cavs confirma com a contratação de Bynum: o time quer jogar pelos playoffs, sim, em 2014. Nada de acumular trunfos e de apostar no mercado futuro. Grant já havia contratado Jarret Jack como escudeiro de Kyrie Irving, um jogador versátil no ataque que pode fazer uma dupla armação interessante com o jovem astro e Dion Waiters. Bennett, apesar da pouca idade e de ter feito apenas uma temporada entre universitários, tem bagagem e era considerado um dos calouros mais preparados para jogar de cara na grande liga. Assim como o ala russo Sergey Karasev, profissional há anos e medalhista de bronze em Londres 2012. Earl Clark ainda não é um jogador formado, mas já funciona como um grande defensor e vem com a tarimba de ter testemunhado de perto toda a loucura do mundo Laker. O Cleveland quer, mesmo, o sucesso para agora.

*  *  *

Para balancear melhor seu elenco, o Cavs precisa se esforçar para contratar Karasev e mais chutadores, mesmo, de imediato. A rotação de perímetro ainda é fraco e a artilharia de fora tem de ser abastecida para abrir a quadra para Bynum e Varejão.

*  *  *

Seu time precisa de um ala-pivô jovem e atlético? Olho em Tristan Thompson. A gente já colocou muito “se” aqui, pensando em todo o histórico médico desse elenco, mas se Bynum e Varejão aguentarem o tranco e Bennett for tudo aquilo que a direção (e Mike Brown, que o acompanhou de perto em UNLV, onde seu filho vai jogar…), o tempo de quadra de TT pode ficar bastante reduzido. Isso depois de ele ter terminado o ano com médias de 11,7 pontos e 9,4 rebotes, evoluindo de maneira expressiva a partir do afastamento do pivô brasileiro.


Lucas Bebê, Raulzinho e Augusto encaram as incertezas do Draft da NBA. Saiba como funciona
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Giancarlo Giampietro

Lucas Bebê, o Nogueira

Nesta terça-feira, enquanto apenas um punhado de clubes ainda tem em mente o título da NBA, 14 estarão de olho em outra decisão: o sorteio da ordem das primeiras posições do Draft, com o Orlando Magic tendo a maior probabilidade para ganhar a primeira escolha, seguido por Charlotte Bobcats, Cleveland Cavaliers, Phoenix Suns e New Orleans Hornets.

É um primeiro passo para desanuviar algumas das diversas questões que rondam o recrutamento de novatos da liga. A partir do momento em que a sequência das equipes seja definida, as projeções se tornam mais interessantes, considerando as necessidades de cada elenco e os jogadores disponíveis. Mas é pouco: essa é uma novela que só vai durar até o dia 27 de junho, quando David Stern subirá a um palanque no ginásio do Nets para conduzir a cerimônia pela última vez, mas, até chegarmos lá, encara-se muitos rumores, informações plantadas, espionagem, negociações e trocas consumadas – e muitas outras que ficam no quase.

Envolvidos nessa confusão toda estão Raulzinho (ou “Raul Neto” lá fora) e Lucas Bebê (“Lucas Nogueira”), duas de nossas maiores revelações/promessas, além do talentoso, mas enigmático ala Alexandre Paranhos, do Flamengo, que mal pisou em quadra no NBB deste ano e, ainda assim, levantou sua candidatura. Além deles, qualquer jogador nascido em 1991 também pode ser selecionado, sem precisar se declarar para o Draft – caso do pivô Augusto Lima.

O processo todo é muito complexo. Então vamos por partes:

– A inscrição (para jogadores nascidos entre 1992 e 1994, de 19 a 21 anos): é um movimento natural para as carreiras de Bebê e Raulzinho. São dois garotos na mira dos scouts da liga americana há anos, especialmente depois da ótimas apresentações pela Copa América Sub-18 de 2010, na qual o Brasil não derrotou na final os Estados Unidos por pouco, mas por pouco mesmo. Ali eles competiram de igual para igual com Kyrie Irving, Austin Rivers e outros.

Depois de assinados os primeiros contratos na Espanha, é sempre necessário um período de adaptação a uma nova cultura de basquete, em nível mais alto. Lucas, após um ano praticamente perdido, resgatou toda a expectativa em torno de seu desenvolvimento com uma campanha 2012-2013 bastante promissora pelo Estudiantes, enquanto Raul já foi um dos principais atletas do Lagun Aro, o Gipuzkoa de San Sebastián, um clube rebaixado – fato que, no entanto, não diminui o feito do jovem armador.

Raulzinho, filho do Raul

Raulzinho teve papel de protagonista

Projeções, cuidado: os sites especializados na cobertura do Draft elaboram listas que são atualizadas regularmente com base tanto no que eles ouvem de scouts, dirigentes e técnicos da liga, como também em avaliações pessoais. Não são, então, ciência exata. Mas há quem se esforce muito para tentar fazer as previsões mais corretas possíveis. No momento, porém, vamos descartar os palpites precoces – de que time X escolheria o jogador Y –, uma vez que nem mesmo a ordem das equipes está estabelecida, para nos concentrarmos nas chamadas “big boards”, um ranking geral das revelações.

Pensando em longo prazo, em suas características físicas – envergadura, mobilidade e agilidade impressionantes para alguém de sua altura –, o pivô Lucas se aproxima do Draft muito mais bem cotado.  O DraftExpress, do chapa e ultracompetente Jonathan Givony, o lista como o 28º melhor jogador entre os atuais participantes. O NBADraft.net o tem como o 16º em sua lista. No ESPN.com ele seria apenas o 39º, mas apontado pelo especialista da casa, Chad Ford, também como um possível candidato ao primeiro round. Raulzinho tem cotações bem mais modestas: só aparece entre os 100 melhores prospectos para o DraftExpress, como o número 99. Já Augusto está um pouco acima: 75º para o ‘DX’, 54º para o NBADraft.net e 80º para a ESPN americana.

Lucas Bebê

Lucas, bem cotado pelos sites especializados. Mas ainda é muito cedo no processo

Essas são apenas estimativas de gente que cobre o assunto há anos e que podem ser alteradas drasticamente nas próximas semanas. E outra: basta um gerente geral se encantar com algum dos três, que tudo isso pode vai pelo ralo. Outro fator que pode influenciar: por terem carreira na Europa, os clubes não se sentiriam obrigados a levá-los para os Estados Unidos imediatamente. Poderiam deixá-los em seus atuais times por mais algum tempo de desenvolvimento. O Denver Nuggets, por exemplo, tem um plantel abarrotado e a escolha número 27 a seu dispor. Será que eles terão espaço para adicionar um calouro? Eles poderiam, então, trocar sua escolha ou seguir justamente essa rota de despachar um gringo na Europa, esperando aproveitá-lo no futuro – como o Spurs já fez com Manu Ginóbili lá atrás e o Chicago Bulls faz hoje com Nikola Mirotic.

Os treinos privados: com suas campanhas encerradas na Espanha ao final da temporada regular, tanto Lucas como Raul têm condição de viajar para os Estados Unidos para participar de seções individuais ou com alguns poucos atletas nos ginásios das franquias da NBA – Augusto também pode embarcar nessa, já que o Unicaja Málaga acaba de ser eliminado. É uma chance para se fazer testes físicos que avaliem a capacidade atlética, participar de entrevistas e enfrentar alguns concorrentes diretos. Os times tiram daí informações importantes, especialmente as que saem no bate-papo, mas por vezes os dirigentes podem se enamorar com um atleta que salte por cima de cadeiras com a maior facilidade do mundo, mesmo que ele não tenha ideia de como lidar com uma marcação dupla em quadra.

NBA Draft Combine: de 15 a 19 de maio, um grupo de cerca de 60 atletas – eleitos pelos clubes – se reuniu em Chicago para serem examinados, medidos e realizarem alguns exercícios com bola. Lucas e Raul não compareceram, mas devem tomar parte do…

Augusto Lima, em grupo de promessas

Augusto tem a chance de mostrar serviço no Eurocamp depois de jogar pouco pelo Málaga

Adidas Eurocamp: de 8 a 10 de junho, em Treviso, a multinacional promoverá aquela que seria a versão europeia do Draft Combine, voltada para os talentos mais promissores em atividade na Europa e em outras regiões do mundo. Os clubes da NBA se deslocam para a Itália, mas os times do Velho Continente também marcam presen≥ça para avaliar os dezenas de revelações. Augusto já participou deste camp algumas vezes, assim como Bebê, que não foi nada bem em 2011, aliás. A lista de inscritos ainda não está definida, mas é grande a chance de que o trio esteja por lá. Muitos europeus já conseguiram usar este camp para emplacar suas candidaturas ao Draft. O francês Evan Fournier, do Nuggets, foi o caso mais recente.

17 de junho, prazo final: isso, Bebê e Raul têm até essa data para decidirem se vão ficar, ou não, no Draft, podendo retirar seu nome caso não se sintam confortáveis com o que estejam ouvindo. Seus agentes podem reunir informações por cerca de um mês antes de tomarem a decisão. Caso desistam, eles participarão do processo em 2014 como candidatos automáticos, mesma situação por que Augusto passa hoje.

27 de junho, o Draft: no Brooklyn. São 60 escolhas divididas entre as equipes, sendo que algumas possuem mais picks do que outras, dependendo de negociações passadas. Para Augusto, a noite interessa de qualquer jeito, uma vez é o seu último ano como candidato ao recrutamento. Caso ele não seja selecionado, não é o fim do mundo. Pode continuar com sua carreira tranquilamente na Europa e, se quiser, tentar a NBA no futuro como um agente livre (rota seguida por Andrés Nocioni, Walter Herrman, Pablo Prigioni e que Rafael Hettsheimeir teve a chance de tentar no ano passado, por exemplo). Se ouvir seu nome na segunda rodada do Draft, entre os picks 31 e 60, posição na qual os contratos não são garantidos, sua transição para os EUA dependeria de seus interesses e, principalmente, de sua franquia (como no caso de Paulão, cujos direitos pertencem ao Minnesota Timberwolves, clube que não chegou a fazer uma proposta para o pivô, mesmo depois de ele ter sido avaliado de perto na liga de verão de Las Vegas em 2012).


Modelo sustentável de contratações é um dos segredos para a longevidade do Spurs
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Giancarlo Giampietro

Gary Neal, ele mesmo

Gary Neal não deixou muita saudade em Barcelona, mas se encaixou no Spurs

Ter um Tim Duncan ajuda. Um treinador com a versatilidade, inteligência e o cartaz de Gregg Popovich também. Quando você combina esses dois fatores, já tem grandes chances de encaminhar uma longa jornada de sucesso como no caso do San Antonio Spurs. Mas isso não serve como a única explicação sobre o quão vitoriosa – e por um período tão duradouro – a franquia texana vem sendo nos últimos 17 anos, desde que o pivô foi selecionado no Draft de 1997.

Um dos segredos para essa prosperidade está no modelo sustentável de contratações orquestrado justamente pelo Coach Pop e seu fiel companheiro RC Buford, gerente geral do Spurs, um clube que nunca ficou fora dos playoffs após a contratação de Duncan e, acreditem, só perdeu duas vezes na primeira rodada dos mata-matas durante essa sequência.

RC Buford, gerente geral

Buford tem sua parte significante no interminável sucesso do Spurs

Não que eles não gastem –  até porque, para manter seu renomado trio, custa dinheiro, por mais bonzinhos e fiéis que sejam. Sua folha de pagamento, porém, é apenas a 12ª maior da liga, tendo valido US$ 69,838 milhões nesta temporada. Foi um pouco menos do que desembolsou o Golden State Warriors, justamente a equipe que tanto lhe deu trabalho nas semifinais do Oeste, com US$ 70,1 milhões. Já uma comparação com a folha do Los Angeles Lakers, a mais custosa deste ano, é de envergonhar a família Buss, que torrou US$ 100,131 milhões numa equipe que foi varrida pelos rivais na primeira rodada dos mata-matas.

Os confrontos com o Lakers, aliás, deixaram evidentes as diferentes concepções de montagem de um elenco. As estrelas estavam em ambos os lados. Na hora de recorrer ao banco de reservas, contudo, Mike D’Antoni tinha um número bem reduzido de alternativas, ficando com a vida ainda mais complicada com a ocorrência incessante de lesões. Do outro lado, Popovich obviamente tinha Parker, Ginóbili e Duncan em forma, mas suas opções para complemento de rotação eram bem mais animadoras, caso necessárias. Tanto que o clube não teve receio em dispensar um cestinha comprovado como Stephen Jackson a apenas alguns dias dos playoffs, por “motivos-de-Stephen-Jackson”.

E como o Spurs montou seu elenco? Quem são esses jogadores baratos que se enquadram no modelo sustentável de gestão? Como eles buscaram essas peças complementares? Vamos lá:

Cory Joseph: o armador canadense tem apenas 21 anos e ainda está em desenvolvimento – e esse é um dos pontos positivos da equipe, que trabalha muito bem com seus atletas mais jovens. Joga pouco, mas bem, com 11 minutos sólidos por partida nos mata-matas, aproveitando suas chances para pontuar e sem cometer turnovers, para dar um descanso a Parker. Quando ingressou na Universidade do Texas, era badalado vindo do colegial – fazia parte das seleções de base de seu país. Os Longhorns não chegaram a empolgar tanto, com o armador sendo considerado muito cru e nada preparado para jogar na NBA. Mesmo assim, se inscreveu no Draft e foi premiado com a 29ª escolha pelo Spurs. Por causa da escala salarial imposta aos novatos, seu salário custa pouco mais de US$ 1 milhão.

Patty Mills: o terceiro armador na rotação de Popovich é o titular da seleção australiana e, quando Andrew Bogut não se apresenta, se torna o principal jogador de um time que sempre dá trabalho – e é dirigido, vejam só, por um assistente técnico de Popovich, Brett Brown. Então temos esse cenário: um atleta que não saiu muito valorizado da universidade de Saint Mary’s, mas que já tinha prestígio internacional. Mills foi selecionado apenas na posição 55 do Draft de 2009, dois anos antes de Joseph. Durante a temporada do lo(u)caute, assinou com o Melbourne Tigers, em seu país. Depois, foi para a China, para defender o Xinjiang Flying Tigers. Uma vez que não tinha mais contrato com o Blazers, quando a temporada chinesa se encerrou e voltou a ficar disponível para a NBA, assinou com o Spurs. Da espécie de formiguinha atômicas da liga, daquelas que pode botar fogo na quadra com sua habilidade ofensiva, custando também pouco mais de US$ 1 milhão.

Gary Neal: ala-armador que não teve a carreira universitária mais expressiva e começou a preencher seu currículo na Europa, a começar pela Turquia. Em 2008, teve uma passagem bastante discreta pelo Barcelona ao lado de um envelhecido Pepe Sánchez. Foi no Benetton Treviso em que se encontrou, jogando por um dos clubes mais tradicionais do continente. Em 2010, defendeu o Málaga novamente na Espanha. Até que, do nada – do ponto de vista de quem nunca havia ouvido falar do jogador –, fechou um contrato de três anos com o Spurs no dia 22 de julho daquele ano, que se tornou uma tremenda de uma barganha: salário de US$ 854 mil, aproveitamento de 39,8% nos tiros de três pontos e a capacidade de sempre poder oferecer um pouco mais em quadra quando Parker e/ou Ginóbili estão fora. Vira agente livre ao final do campeonato.

Nando De Colo: ala-armador francês de 25 anos, 1,95 m de altura e um talento natural impressionante, de movimentos fluidos, boa visão de jogo e arremesso em evolução. Ganhou quase 13 minutos de média durante o campeonato, mas, com Ginóbili novamente em forma, não sai mais do banco durante os playoffs. De qualquer forma, devido ao que mostrou em seu primeiro ano de liga, o Spurs já sabe que poderá contar com ele no futuro. Draftado na posição 53 em 2009, ficou na Europa por mais três anos, progredindo naturalmente, jogando na Liga ACB, a liga nacional mais difícil da Europa. Salário de US$ 1,4 milhão neste ano e no próximo.

Danny Green, versão Euroliga

Danny Green, em dias eslovenos

Danny Green: ala de 25 anos formado na tradicional Universidade de North Carolina, pela qual foi campeão em 2009 como titular. O único jogador da história dos Tar Heels a somar mais de 1.000 pontos, 500 rebotes, 200 assistências, 100 tocos e 100 roubos de bola. E é isso mesmo: fazia um pouco de tudo pela equipe, mas nada excepcionalmente bem, a ponto de ser questionado: será que poderia se transformar em um jogador de NBA? Os analistas com viés estatístico juravam que sim. Foi selecionado pelo Cleveland Cavaliers de LeBron James em 2009, na 46ª posição – percebam que estamos falando de mais um caso de jogador escolhido na segunda rodada do Draft. Não foi aproveitado pela franquia, porém, sendo dispensado em outubro de 2010. O Spurs o contratou em novembro e o dispensou duas semanas depois. Jogou na D-League até retornar a San Antonio para o final da temporada. Durante o lo(u)caute, assinou com o Union Olimpija, da Eslovênia, clube de Euroliga, e vinha em uma grande campanha até que exerceu uma cláusula de liberação quando a NBA garantiu sua temporada 2011-2012. Assinou por três anos e US$ 12 milhões.

Kawhi Leonard: o ala de apenas 21 anos já era bem cotado quando se candidatou ao Draft de 2011, mas o interessante foi como o Spurs conseguiu selecioná-lo. Leonard passou batido, de alguma forma, por 14 equipes até ser escolhido pelo Indiana Pacers a pedido do clube texano, em troca do armador George Hill, alguém que era natural de Indiana e se encaixava no plano de reconstrução de Larry Bird. Hill foi mais um que o Spurs selecionou em uma posição nada vantajosa (26ª em 2008) e que estava pronto para receber um aumento salarial que não se enquadraria no elenco de Popovich, mesmo sendo um dos favoritos do técnico. Antes de perdê-lo por nada, então, descolaram essa troca mágica. Hoje, Popovich jura de pés juntos que Leonard está destinado a virar um All-Star.

Boris Diaw: figura estabelecida na liga, mas, completamente desmotivado em Charlotte, foi dispensado pelo Bobcats em março de 2012, com problemas de peso (coloquemos assim, de modo educado). Foi recolhido pelo Spurs no ato, para jogar ao lado de seu melhor amigo, Tony Parker, e virar titular num time que esteve muito perto de se garantir na final no ano passado até levar uma virada incrível do Oklahoma City Thunder. Renovou por dois anos e US$ 9,2 milhões. Mais um contrato abaixo do valor de mercado e, melhor, de curta duração.

Splitter, bons tempos

Splitter, MVP na Espanha

Tiago Splitter: o catarinense foi a 28ª escolha do Draft de 2007. Era uma estrela na Europa, o que deixava sua contratação complicada: ganhava bem pelo Baskonia e a escala salarial de novatos da liga não permitiria que os valores fossem equiparados – sem contar a multa rescisória exorbitante. Mas tudo bem: tempo a franquia, sempre brigando nos playoffs, tinha de sobra. Esperaram três anos e conseguiram mais uma barganha, pagando US$ 11 milhões por três anos de vínculo com aquele que era o melhor jogador da liga espanhola. Depois de duas temporadas de pouco tempo de jogo, despontou este ano como titular e peça fundamental para o fortalecimento da defesa do Spurs. Agente livre ao final da temporada, aos 28 anos.

DeJuan Blair: cotado como um talento top 10 no Draft de 2009, teve suas aspirações abaladas pelo exame médico oficial da liga, que constatou problemas estruturais em seu joelho. A ponto de ser escolhido pelo Spurs apenas em 38º. Titular nos dois primeiros anos, perdeu espaço este ano com a ascensão de Splitter. Último ano de contrato, valendo US$ 1 milhão.

Matt Bonner: escolhido como o 45º do Draft de 2003 pelo Chicago Bulls, começou jogando na Itália até retornar ao clube e ser trocado para o Toronto Raptors. Progrediu bem no Canadá e virou alvo de Gregg Popovich. Está na liga por uma só razão, e isso não tem a ver com seu cabelo ruivo: tem aproveitamento de 41,7% na carreira em arremessos de longa distância. Habilidade que encaixou com o plano de jogo de Popovich perfeitamente nos últimos anos, espaçando a quadra para seus astros brilharem. Salário de US$ 3,6 milhões, inferior ao que Steve Novak, ex-Spurs, ganha em Nova York.

Aron Baynes: mais um australiano observado em primeira mão por Brett Brown, o gigante de 2,08 m e 118 kg assinou com o Spurs no meio da temporada, depois de arrebentar pelo mesmo Union Olimpija na Euroliga, com médias de 13,8 pontos e 9.8 rebotes (liderava o torneio neste fundamento até seu time ser eliminado). Recebeu apenas US$ 239 mil este ano – pela metade do campeonato – e tem salário de US$ 788 mil para a próxima temporada.

Sobre Tracy McGrady, desnecessário elaborar. Uma contratação pontual para os playoffs, com uma medida de segurança que Popovich espera não ter de usar.

Fazendo um balanço de tudo isso: são seis jogadores de fora dos Estados Unidos (sem contar Parker e Ginóbili) e mais dois americanos que vieram do basquete europeu; apenas um desses operários foi escolhido entre os 20 primeiros do Draft (Leonard); cinco saíram apenas na segunda rodada do recrutamento de calouros, sendo que Baynes e Neal nem selecionados foram; três deles (Mills, Green e Bonner) foram dispensados rapidamente por seus primeiros times. Todos eles estão abaixo ou na conta em relação ao valor de mercado da NBA (considerando idade x produção).

Com um departamento de olheiros atentos, que não tem limites na sua caça a talentos, uma direção que não dá tiro no pé, assinando contratos curtos e de valores palatáveis para uma cidade como San Antonio, uma das menores da liga, a franquia estabeleceu um método de trabalho que virou exemplar para toda a concorrência. Hoje são vários os dirigentes formados dentro do clube texano que gerenciam outras franquias – Sam Presti, do Oklahoma City Thunder, o principal exemplo entre esses.

Moral da história? Não basta ter sorte para vencer – como ganhar a primeira escolha num Draft com Tim Duncan disponível, justamente depois de um ano em que o Spurs, já competitivo no Oeste, sofreu com diversas e diversas baixas, David Robinson entre elas, e ficou fora inesperadamente dos playoffs. Quando isso acontece, faz um brinde, sorriso bem aberto, e segue em frente. E, se puder coletar Tony Parker e Emanuel Ginóbili, respectivamente, nas 28ª e 57ª escolhas do recrutamento de novatos, melhor ainda.


Conheça os reforços baratos que ainda podem ser úteis na NBA
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Giancarlo Giampietro

Nate Robinson, sim, senhor

Nate Robinson, o melhor jogador da semana no Leste. Acreditem

Quem poderia imaginar que Nate Robinson, fazendo as vezes de Derrick Rose no Chicago Bulls, poderia ser eleito o melhor jogador da semana no Leste em alguma ocasião? Larry Brown e Doc Rivers, que perderam alguns anos de vida ao comandar o dinâmico e tresloucado baixinho, certamente não.

Mas, para o Bulls, ele se provou um reforço perfeito. O time mantém um padrão defensivo absurdo, sufocante, e está bem posicionado na briga pelos playoffs no leste. Mas uma hora é preciso fazer cesta para vencer uma partida, não? E Robinson sabe fazer isso muito bem. Nem sempre ele é o jogador mais consciente e empenhado em quadra, mas seus talentos ofensivos são inegáveis. Ganhando o salário mínimo para sua idade, com o contrato sem garantia alguma, que mal teria, então? Thibodeau liberou a contratação, e foi na mosca.

Na NBA, muitas vezes o mercado funciona como o do futebol brasileiro, com uma oferta muito grande de jogadores. É normal que alguns passem despercebidos e demorem em fazer parte da liga, assim como há inúmeros casos de jogadores já contratados e envolvidos em negociações apenas como contrapeso e que, do nada, se tornam peças fundamentais em seus novos clubes (exemplo: ver Clark, Earl na enciclopédia que vai sendo preparada para dar conta dessa temporada completamente maluca por que passa o Lakers).

Com o dia 21 de fevereiro, a data-limite para a realização de trocas se aproximando, veja alguns jogadores para quem não se dá muita bola, ou que são muito pouco aproveitados hoje em seus atuais clubes, e que poderiam ganhar mais oportunidades ou ajudar outras equipes na briga pelos playoffs:

Sai de baixo que é o Will Bynum

Se não tomarem cuidado com Will Bynum…

– Will Bynum, armador, Detroit Pistons.
Pelo que vem produzindo vindo do banco na Motown, é um alvo de certo modo óbvio, de tão bem que vem jogando, fazendo dupla com o calouro-sensação Andre Drummond. Tem médias de 9,1 pontos e 3,7 assistências na temporada, com 45,6% de acerto, em apenas 18,1 minutos. Nos últimos cinco jogos, mesmo com a chegada de Calderón, seus números são de 13,6 pontos e 5,6 assistências, com pontaria incrível de 53,8%. Esse baixinho que não foi draftado por nenhum time ao sair de Georgia Tech e brilhou pelo Maccabi Tel Aviv na Europa não tem nenhum ano a mais em seu contrato, recebendo US$ 3,25 milhões nesta temporada. Isto é, seria uma opção para reforçar o banco de qualquer candidato ao título sem custar muito e produzindo demais, colocando pressão nas defesas com seu jogo explosivo e atlético.

– Ronnie Brewer, ala, New York Knicks.
Já em sua quarta equipe na liga, Brewer começou o campeonato como titular em uma campanha surpreendente do New York Knicks, mas perdeu espaço na metade da temporada, antes mesmo do retorno de Iman Shumpert, tendo jogado mais de dez minutos apenas em uma partida das últimas 11 – uma vitória contra o Hornets no dia 13 de janeiro. Estranho: embora estivesse visivelmente fora de forma (se comparado ao físico que mostrou em Utah e Chicago) depois de passar por uma cirurgia, ainda oferece a qualquer time vencedor uma importante presença física e atlética, dedicada ao serviço sujo. Esteticamente, seu arremesso é uma das coisas mais feias em toda a NBA, mas ele compensa isso com ataques ferozes por rebotes ofensivos, uma defesa capaz de incomodar gente como Dywane Wade. Recebe o salário mínimo no ano: US$ 1 milhão.

A prancheta de Luke Walton

QI: durante o lo(u)caute da NBA, Walton foi assistente técnico na Universidade de Memphis

– Luke Walton, ala, Cleveland Cavaliers.
Calma, calma, calma. O torcedor do Lakers pode ter vontade de rolar no chão, com uma síndrome do pânico às avessas. Já faz tempo que ele supostamente não servia para nada no banco de Phil Jackson. O que ele poderia fazer hoje que ajudaria uma equipe de ponta? Bem, nunca é demais ter um passador inteligente em seu elenco, e isso o veterano faz como poucos, deixando seu genial pai orgulhoso. Em sua carreira, tem média de 4,7 assistências numa projeção de 36 minutos por jogo. Tem armador que se contentaria com algo assim. De todo modo, é uma habilidade para ser empregada homeopaticamente: o Walton filho também tem o corpo quebradiço, é extremamente vulnerável na defesa e lento. Mas pode ajudar a dar fluidez pontualmente a uma equipe que dependa demais de investidas individuais. Salário um pouco alto (5,6$ milhões), mas no último ano de vínculo e já com boa parte dele paga pelo próprio Cavs.

– Chris Singleton e Dahntay Jones, alas, Washington Wizards e Dallas Mavericks.
Tal como Brewer, são defensores implacáveis, fortes e atléticos, e pouco usados por seus atuais treinadores. Não porque não consigam mais perseguir os principais jogadores da outra equipe, mas essencialmente por estarem elencos em que suas habilidades são sobressalentes. Acabaram vítimas das circunstâncias. Singleton é praticamente um joão-ninguém na NBA, mas tem lampejos pelo Wizards que mostram o quão relevante pode ser em quadra – com 2,03 m de altura, ótima envergadura, está equipado para jogar nesta nova liga que testemunhamos, que não se importa muito com posições. Seria um ala ou um ala-de-força? Não importa: fato é que, na defesa,  conseguiria ao menos fazer sombra a caras como LeBron James e Kevin Durant. Acreditem. Já Jones é um pouco mais baixo, reduzindo sua cobertura a jogadores com porte semelhante ao de Wade.

Deem uma chance a Ayón

Ayón pode fzer muito mais do que simplesmente posar para uma foto vestido de Orlando Magic

Gustavo Ayón, ala-pivô, Orlando Magic.
Na encarnação passada do Vinte Um, já revelamos que o mexicano é o orgulho de Zapotán, com direito a música em sua homenagem e tudo (veja abaixo). Já não é pouco. Mas saibam também que, em seus tempos de liga espanhola, Ayón sucedeu caras como Scola, Splitter e Marc Gasol como seu jogador mais eficiente, posicionado entre os destaques de diversas categorias no principal campeonato nacional da Europa. Na NBA, teve um começo discreto, mas muito interessante pelo Hornets na temporada passada, mas vem sendo pouco aproveitado na Flórida, atrás do emergente Nicola Vucevic, do calouro Andrew Nicholson (aposta da franquia) e do veterano Big Baby na rotação de garrafão. Superatlético, inteligente, bom arremessador de média distância, faz de tudo um pouco em quadra e seria uma ótima opção num time bem estruturado, em que cada jogador tenha suas missões bem definidas em quadra.

Timofey Mozgov, pivô, Denver Nuggets.
Na verdade, praticamente o elenco inteiro do Nuggets poderia se enquadrar nessa brincadeira. Entre eles e o Clippers, estamos falando certamente dos times com mais opções em toda a liga. Mas destacamos o gigantão russo, que já foi alvo de muita chacota em Nova York e agora não consegue sair do banco de George Karl. E o que tem de tão especial, então? Bem, qualquer um que viu a seleção russa jogando nas Olimpíadas vai sair responder. Ele dominou Splitter e Varejão em confronto direto, por exemplo. Mas não foi só isso: de um trabalhão para qualquer oponente na campanha rumo ao bronze, com movimentos sofisticados para quem supostamente seria apenas mais um lenhador russo. Também está no último ano de contrato e, de todos os listados aqui, é o mais provável para mudar de clube – até Karl já falou abertamente a respeito, de que ele merecia mais tempo de quadra, mas que, com Koufos jogando bem e McGee aprontando das suas, não há muito o que fazer no momento.


Noah faz as vezes de Varejão como peça deslocada no All-Star Game da NBA
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Giancarlo Giampietro

JoJo não para!

Não teve Anderson Varejão, então vai de Joakim Noah, mesmo. Não que signifique muita coisa.

Esses são dois jogadores bem semelhantes, e os paralelos vão muito além da cabeleira exótica – embora, fale a verdade, nesse quesito o capixaba dê de 10 a 0, não? Dificilmente o coque do francófono vai poder virar peruca para os torcedores de Chicago usarem uma noite especial.

Mas, no que importa mais, a bola quicando, estamos falando de dois dos jogadores mais raçudos, empenhados, determinados, dedicados, comprometidos, aguerridos etc. etc. etc da NBA. Dois reboteiros e defensores excepcionais, que ajudam suas respectivas equipes nos pequenos detalhes de jogo, que dão sustentação para que elas vençam (no caso do Bulls) ou estejam em condições de, ao menos, lutar (alô, Cavs).

Varejão vinha em sua melhor temporada, como candidato sério ao jogo das estrelas em Houston, mas seus recorrentes problemas físicos lhe custaram qualquer chance de receber a honraria. Abriu espaço para Noah, e a vaga não podia ficar em melhores mãos – David West, com sua campanha de arromba pelo Indiana, que nos desculpe.

JoJo vai de 12,1 pontos, 11,1 rebotes, 4,1 assistências, 2,1 bloqueio e 1,3 roubo de bola, com 75,3% nos lances livres e 45,7% nos chutes de quadra no atual campeonato. Ao passo que Anderson tem 14,1 pontos, 14,4 rebotes, 3,4 assistências, 0,6 bloqueio e 1,5 roubo de bola, com 75,5% nos lances livres e 47,8% de pontaria.

São rendimentos bem similares, com o brasileiro ligeiramente superior.

Mas uma comparação fria assim não conta para muito, né? Talvez Noah já levasse a melhor numa eleição levando em conta o melhor rendimento do Bulls na temporada. Também dá para contra-argumentar que o pivô capixaba não tem culpa de jogar em um clube inferior e que, sem seus esforços, a coisa poderia ser ainda mais braba em Cleveland. Aí que o advogado de Noah também poderia defender a tese de que, num sistema amarrado como o de Thibodeau, seus números ofensivos acabam sacrificados, mesmo com Derrick Rose afastado por lesão (sobrando deste modo mais arremessos para o restante da cavalaria). E esse parágrafo não ia terminar nunca com tantos pontos de um lado ou de outro. No fim, a infeliz lesão de Anderson encerrou qualquer discussão.

Noah não é o mais habilidoso na hora de colocar a bola na cesta ou de driblar. Há, porém, muito mais coisa em jogo numa quadra de basquete, e, em termos de serviço sujo e jogadas complementares, o sujeito é um dos melhores.

Está feito convite: no próximo jogo do Bulls, desviem o olhar da bola para a ação que se passa distante dela, tanto na defesa ou no ataque.

Na retaguarda, vejam o quanto se movimenta Noah, para fechar espaços com sua movimentação horizontal e vertical. Para alguém de seu tamanho, é de se embasbacar. No pick and roll, ele pode tanto se antecipar contra a investida de um armador como recuar rapidamente em sequência para cobrir  eu próprio jogador. Atacando, ciente de suas limitações com a bola, dificilmente vai atacar a cesta no mano a mano, a não ser quando estiver diante de um pivô mais lento. De resto, vai se colocar em situações em que pode converter o arremesso de longa distância – que é feio que dói, mas funciona adequadamente –, ou para usar seu talento como passador. Especialmente lendo a defesa da cabeça do garrafão, mas não que não saiba também dar suas assistências em movimento.

No Chicago sistemático de Thibodeau, essas são  contribuições vitais.

Numa pelada como o All-Star Game?

Completamente deslocadas, assim como as de Varejão estariam.

*  *  *

Na vitória do Bulls sobre o Detroit Pistons na semana passada, Marco Belinelli foi quem fez a bandeja e, depois, converteu o lance livre para dar a vitória para o time da casa, nos segundos finais. Mas o lance mais incrível fica por conta de Noah. O pivô reage rapidamente a um arremesso perdido pelo ala italiano, salva uma bola impossível e mal vê o desfecho do lance. Clique aqui e assista. “Foi a melhor jogada”, afirma o armador Nate Robinson. “O engraçado é que estávamos comemorando na quadra, e ele ainda estava derrubado sobre as cheerleaders.”

*  *  *

Curioso é que, durante sua preparação para o Draft da NBA de 2007, Noah era constantemente comparado a Varejão, e se mostrava ofendido: afirmava que se considerava um jogador muito diferente e de outro nível. Bom lembrar apenas que, naqueles tempos, o brasileiro era considerado um marcador dos mais chatos, mas no ataque de Mike Brown era muito pouco aproveitado, vivendo das rebarbas de LeBron James – e Larry Hughes, Damon Jones, Donyell Marshall, o envelhecido Ilgauskas e outros jogadores nada brilhantes.