Vinte Um

Arquivo : Ante Tomic

Escondido dos scouts, Hezonja vira trunfo do Barça em vitória sobre o Real
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Giancarlo Giampietro

Hezonja, a surpresa do clássico. A NBA viu?

Hezonja, a surpresa do clássico. A NBA viu?

No sábado passado, o Barcelona recebeu no Palau Blaugrana o Sevilla, em jogo pelo returno da Liga ACB. Na plateia, foram avistados ao menos os seguintes times da NBA: Grizzlies, Hawks, Kings, Knicks, Lakers, Nets, Pacers, Pelicans, Rockets e Spurs. Todos com representantes para assistir ao três prospectos bem cotados para o próximo Draf: o letão Kristaps Porzingis e o espanhol Wily Hernangómez, pelos visitantes, e o anfitrião Mario Hezonja.

Acontece que, num triunfo por 99 a 83, o técnico Xavier Pascual mal tirou o talentoso croata do banco de reservas. O garoto jogou por apenas 6 minutos e tentou apenas um arremesso e deu uma assistência. Você pode imaginar a frustração dos gringos, né? Ainda mais que o ala tem média de 25 minutos durante a temporada e que o ala espanhol Alejandro Abrines não estava necessariamente pegando fogo em quadra, com 3 pontos em 14 minutos, enquanto Brad Oleson tinha 7 pontos. Ao menos a viagem não foi totalmente em vão, uma vez que Porzingis terminou com 18 pontos e 5 rebotes em 22 minutos, enquanto Hernangómez teve 20 minutos de ação. Paciência.

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Adiantamos a fita, então, para esta quinta. Se algum observador da liga norte-americana decidiu esticar sua estadia na belíssima cidade catalã, se deu bem. Num confronto de muito maior ressonância – justamente o Superclássico espanhol contra o Real Madrid, transmitido no Brasil com exclusividade pelos chapas Rafael Spinelli e Ricardo Bulgarelli, do Sports+ –, Hezonja foi bem aproveitado. E correspondeu para arrebentar com a defesa merengue, anotando 15 pontos em 17 minutos, com direito a cinco arremessos de três pontos.

Isto é: de repente todo mundo entendeu errado. Talvez Pascual não estivesse escondendo o croata dos olhares de John Hollinger, o vice-presidente do Grizzlies que estava na arena, ou de outro dirigente e scout. Talvez a intenção fosse desviar a atenção de Pablo Laso e toda a comissão técnica do Real. ; )

As habilidades de Hezonja não são um segredo na Espanha, claro, muito menos na Europa, aonde é badalado desde os 15, 16 anos como um dos maiores prospectos do continente. No ataque, ele tem basicamente o pacote completo: habilidoso com a bola, bastante atlético e um excelente arremessador. Quando entra em ritmo, melhor sair da frente. Quer dizer: melhor ficar na sua frente e contestá-lo sempre que puder. Os atletas do Manresa podem atestar isso, depois de terem visto o rapaz converter todas as suas oito tentativas de três pontos em confronto pela 19ª rodada da liga espanhola, um recorde.

A defesa do Real, no entanto, não estava preparada para a participação do croata nesta quinta, pela penúltima rodada do Top 16 da Euroliga. Hezonja acertou seus dois primeiros tiros de longa distância nos minutos finais do primeiro tempo, ajudando a virar o marcador a favor da equipe da casa, se tornando seu cestinha com pouco mais de quatro minutos de jogo. Na volta do intervalo, Pascual não seria louco de segurá-lo no banco. Deu mais 12 minutos para o atleta e seu aproveitamento seguiu elevadíssimo, com mais três cestas em quatro bolas (aproveitamento de 83%). Laso obviamente não estava contando com isso – e, numa partida tão equilibrada, decidida apenas nos dois minutos finais com triunfo por 85 a 80, acabou fazendo a diferença.

Hezonja entrou com vontade e respondeu no clássico

Hezonja entrou com vontade e respondeu no clássico

Outra contribuição inesperada? A de Maciej Lampe. Se fosse para os merengues temerem algum de seus ex-jogadores agora barcelonista, 97% falariam, com toda a razão, de Ante Tomic, o habilidoso gigante que, segundo tudo indica, deve dar as caras no Utah Jazz na próxima temporada. Afinal, o grandalhão talvez seja o mais perigoso no jogo interno europeu há um bom tempo, eleito para a seleção da Euroliga nas últimas duas temporadas. Mas, não. O polonês roubou a cena, anotando 12 pontos e 6 rebotes em em 15 minutos bastante agitados, se aproveitando de toda a atenção voltada para Tomic, claro. O croata deu quatro assistências. Para constar, Huertas foi bastante discreto, zerado em 12 minutos.

Na hora de decidir, porém, Lampe ficou no banco. Os técnicos partiram para um duelo de formações bastante baixas, o que ajudou o Barça a acomodar Juan Carlos Navarro e Hezonja no perímetro, deslocando o norte-americano DeShaun Thomas (cujos direitos na NBA pertencem ao Spurs) para o garrafão ao lado de Tibor Pleiss (outro vinculado ao Utah Jazz, coincidentemente, repassado por OKC na troca por Enes Kanter).

A ironia: no fim, o fato de Pascual ter limitado os minutos de Hezonja contra o Sevilla teria apenas aguçado ainda mais o interesse dos scouts. Mas é claro que eles preferiam ver o jogador em quadra, produzindo para eles verem de perto, como aconteceu para frustração do Real.

*   *   *

O placar de Real x Barça nesta temporada? Temos 3 a 2 para o time da capital, por enquanto. A diferença é que, entre essas três vitórias, duas valeram título – Supercopa e Copa do Rei.  Será que vão se enfrentar novamente no Final Four da Euroliga, em Madri? Se acontecer isso e caso repitam a decisão nacional, podemos ter 11 confrontos.

*   *   *

Na era de Xavier Pascual e Pablo Laso, o merengue leva a melhor por 18 a 15. O triunfo desta quinta foi o primeiro de Pascual em um jogo de Euroliga, após três derrotas. De qualquer forma, na tabela do Grupo E, o Real ainda aparece na liderança, devido ao maior saldo de pontos que fez em sua última vitória, pelo primeiro turno (97 a 73).


Euroligado: oscilações acontecem, mas CSKA é uma constante
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Giancarlo Giampietro

Andrey Vorontsevich fecha a porta na cara de Tarence Kinsey

Andrey Vorontsevich fecha a porta na cara de Tarence Kinsey

O Top 16 da Euroliga vai se apresentando de maneira bem traiçoeira, com altos e baixos para todos os envolvidos. Menos para o CSKA Moscou, quer dizer. O clube russo se mantém como uma constante em vitórias e invencibilidade, mesmo quando oscila um pouco: na quinta semana da segunda fase, alcançou sua 15ª consecutiva ao derrotar o conterrâneo Nizhny Novgorod por 103 a 95, na prorrogação.

A cinco minutos do fim, parecia que estava tudo tranquilo para o gigante moscovita no confronto, vencendo por 11 pontos. Permitiu, contudo, uma recuperação para o emergente clube russo, precisando jogar um tempo extra para triunfar e ser o , com Milos Teodosic (25 pontos) cumprindo novamente com seu papel de finalizador em momentos de pressão. O CSKA agora é o único invicto nesta segunda etapa da competição continental.

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Isso porque o Olympiakos foi oprimido pelo Anadolu Efes de seu ex-mentor, Dusan Ivkovic, que deu uma aula de defesa, ao passo que o Real Madrid reencontrou o Maccabi Tel Aviv pela primeira vez desde a histórica final da temporada passada e saiu mais uma vez derrotado naquele que foi o…

O jogo da rodada: Maccabi Tel Aviv 90 x 86 Real Madrid
Boa parte das bases finalistas em 2014 estão mantidas, mas não dá para dizer que elas sejam as mesmas equipes. Ambas caíram,  principalmente o Real Madrid, que foi o melhor time europeu no último campeonato – isto é, até a decisão. Os espanhóis perderam muito em velocidade e capacidade atlética com a saída de Nikola Mirotic e Tremmell Darden. Ficaram mais vulneráveis na defesa e menos explosivos no ataque.

Mais toco: agora de Brian Randle contra Sérgio Rodríguez

Mais toco: agora de Brian Randle contra Sérgio Rodríguez

Ainda assim, têm um forte conjunto, com chances de ser campeão e capaz de abrir uma vantagem de nove pontos em Tel Aviv no primeiro tempo: 54 a 46. Na segunda etapa, porém, tomaram a virada, sendo derrotados por 12 pontos. O sistema defensivo do Real não conseguiu conter nem as infiltrações de Jeremy Pargo e MarQuez Haynes (tal como haviam sofrido com Tyrece Rice e Ricky Hickman no clássico anterior, perdendo o título), nem o jogo interior do peso-pesado Sofoklis Schortsanitis. Pargo deu nove assistências e só descansou 1min40s. O Baby Shaq grego também jogou mais que o normal: 28 minutos, o dobro de sua média na temproada, e somou 17 pontos e 8 rebotes.

No ataque, o trio Llull-Rodríguez-Fernández combinou para apenas 20 pontos e 8/24 nos arremessos, prevalecendo aqui a retaguarda do Maccabi, orientada por Guy Goodes a fazer a troca a cada corta-luz. O time israelense podia intensificar essas mudanças de marcação especialmente nos minutos em que Schortsanitis estava no banco, apostando na agilidade do restante de seus pivôs (Alex Tyus, Brian Randle e Joe Alexander, reforço para o Top 16 que não desperta boas lembranças no torcedor do Milwaukee Bucks). Felipe Reyes foi o único merengue a brilhar em Tel Aviv, com 20 pontos, 11 rebotes e 3 assistências, atingindo índice de eficiência de 35, que lhe valeria o prêmio de MVP da jornada, não tivesse sua equipe perdido.

Llull ao menos converteu uma cesta de três a menos de 20 segundos do fim para deixar o Real a dois pontos do Maccabi. De imediato, os visitantes fizeram falta em Alexander, parando o cronômetro e botando o americano em uma situação supostamente desconfortável no lance livre. Um dos fiascos do Draft de 2008, recuperado de diversas cirurgias vindo da D-League da NBA, o americano não se abalou com a pressão e matou seus dois chutes para selar a vitória.

Na trilha de Huertas
O brasileiro não precisou fazer muito em vitória de recuperação para o Barcelona sobre o Zalgiris Kaunas, por 89 a 72, em casa. Foram dois pontos, seis assistências e cinco rebotes para o armador, que errou todos os seus seis arremessos de quadra, em 21 minutos. Num jogo tranquilo, Xavier Pascual nem deu bola, podendo preservar seus principais atletas. No finalzinho, o técnico ainda tirou do banco o ala Emir Sulejmanovic, de 19 anos, de quem se espera muito na base do gigante catalão. Pascual, todavia, podia ter dado mais que 10 segundos para esse jogador que defendeu as seleções menores da Finlândia, mas vai jogar pela Bósnia-Herzegovina daqui para a frente. Uma das assistências de Huertas, de qualquer forma, poderia ter valido por, no mínimo, duas:

Veja a classificação geral do Top 16
Confira os resultados e estatísticas

Olho nele: Davis Bertans (Laboral Kutxa)
Alô, #SpursBrasil. Draftado por RC Buford em 2011, na 42ª posição, o ala está devidamente recuperado de uma cirurgia no joelho e vem recebendo extenso tempo de quadra nesta Euroliga, como titular do clube basco aos 22 anos. Com 2,08 m e um excelente arremesso, Bertans faz os olheiros profissionais salivarem há um tempão. Na vitória por 102 a 83 sobre o decepcionante Olimpia Milano, a revelação letã marcou 19 pontos em 16 minutos, castigando a defesa italiana com seu chute de fora (4-5 nos disparos para três pontos e 6-7 no geral). O problema é que o jovem jogador tende a estacionar no perímetro e forçar muito a barra nas bolas de longa distância, quando está claro que tem fluidez para fazer mais que isso. Pode ser muito mais que um clone magro de Matt Bonner.

Em números
7.000 – Dimitris Diamantidis ultrapassou a casa de 7 mil minutos de tempo de quadra na Euroliga, aproveitando-se das lesões recentes de Juan Carlos Navarro para assumir mais um recorde em sua carreira no basquete continental – ele já é o líder no ranking de assistências e roubos de bola. Ao todo, o legendário armador do Panathinaikos disputou 239 partidas do campeonato, empatando com seu ex-companheiro de clube e seleção Kostas Tsartsaris. Navarro jogou 266 vezes e segue em atividade, enquanto mais uma lenda grega, Theo Papaloukas, aposentado, tem 252. Para Diamantidis, o principal foi comemorar com mais uma vitória, e fácil, sobre o Galatasaray por 86 a 77, em casa. Ele fez uma de suas melhores partidas da temporada, com 14 pontos, 6 assistências e 5 rebotes, em 27 minutos.

1.288 – Na derrota para o Maccabi, Felipe Reyes, ícone do Real, se tornou o maior reboteiro da história da Euroliga, ultrapassando o talentoso e polêmico turco Mirsad Turkcan, primeiro de seu país a jogar pela NBA (em tímida passagem por New York Knicks e Milwaukee Bucks de 1999 a 2000, é verdade) e figura que liderou a competição nesse fundamento em três temporadas.

34 – Foi o índice de eficiência de Ante Tomic no triunfo do Barça, valendo mais um prêmio de MVP. O pivô croata somou 16 pontos, 9 rebotes, 5 assistências e 2 tocos, em 24 minutos de perfeição ofensiva (6-7 nos arremessos, 6-6 nos lances livres, nenhum turnover).

2 – O Anadolu Efes conseguiu algo impensável: limitar Vassilis Spanoulis a míseros dois pontos na vitória sobre o Olympiakos por 84 a 70. É até difícil de qualificar este feito. O armador jogou por 27 minutos e simplesmente não encontrou o rumo da cesta, errando todos os seis arremessos que tentou e terminando com três turnovers e apenas uma assistência. Tudo isso resultou num calamitoso índice de -5 na eficiência. Sua menor pontuação na temporada havia sido 9, contra o Laboral Kutxa e o Olimpia Milano. Mérito em quadra para os americanos Matt Janning e Dontaye Draper, que dividiram a responsabilidade de perseguir o astro e fizeram um trabalho excepcional de carrapato. Os grandalhões Stephane Lasme, Nenad Krstic e Dario Saric também ajudaram nessa, compondo sempre um paredão duplo para cima de Spanoulis, quando este chamava o corta-luz, ficando invariavelmente encurralado. Do ponto de vista de posicionamento tático e dedicação em quadra, foi uma aula de defesa do Anadolu no segundo tempo, com a orientação do professor Ivkovic, que foi, também, duas vezes campeão pelo clube grego (1997 e 2012). No ataque, apenas um anfitrião não pontuou: o caçula Furkan Korkmaz, ala-armador de apenas 17 anos.

As 10 jogadas da semana


Quais são os favoritos ao título da Euroliga?
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Giancarlo Giampietro

O atual campeão Maccabi Tel Aviv, creiam, não tem vez aqui. O time não só perdeu muitos dos seus principais atletas, como perdeu aquele que era o melhor técnico do continente: David Blatt. Seu ex-assistente Guy Goodes é um cara bacana, segundo registro de muita gente, mas a missão de substituir uma lenda viva israelense como Blatt é pesada demais. Então tem espaço para quem na competição que começa nesta quarta-feira, com transmissão exclusiva no Brasil pelo canal Sports+, da SKY? Veja a lista, em ordem alfabética, para não dar problema:

Tomic e Pleiss, agora lado a lado: duas torres para Huertas assistir

Tomic e Pleiss, agora lado a lado: duas torres para Huertas assistir

Barcelona: o (excessivamente) metódico Xavier Pascual perdeu Erazem Lorbek, Kostas Papanikolau e Joe Dorsey. E tudo bem: o Barça deu um jeito de ficar ainda mais forte, sendo provavelmente hoje o time mais caro da Europa. Muitos armadores europeus estão morrendo de inveja de Marcelinho Huertas. O brasileiro, que já tinha desenvolvido ótima química com o talentosíssimo Ante Tomic, agora também vai ter o alemão Tibor Pleiss como opção a ser abastecida no jogo interno. Esperem uma dose pesada de pick-and-rolls com a coordenação do paulistano, que agora tem a companhia dois dos pivôs mais altos, ágeis e técnicos da Europa ao seu dispor. Se não fosse o bastante, contrataram também o ala-pivô americano Justin Doellman. Quem? Somente o MVP da última Liga ACB, pelo Valência. Doellman é destes americanos que passou batido pelo radar da NBA, mas se transformou em um grande jogador trabalhando sério na Europa. A rotação de grandalhões de Pascual ficou realmente apelativa.

Por outro lado, a saída de Kostas Papanikolau pode significar um rombo defensivo para uma equipe que já sofre um pouco para esconder Juan Carlos “La Bomba” Navarro. DeShaun Thomas – escolha de Draft do Spurs em 2013 – foi o escolhido para o seu lugar, mas sempre foi muito mais reconhecido como um cestinha, dos tempos de Ohio State. Foi uma decisão peculiar, talvez num momento de baixa do mercado. No ano passado, o Barça levou uma surra do Real na semifinal da Euroliga. Recuperou-se, todavia, para conquistar a liga espanhola. Com as contratações que fez, o bicampeonato é o mínimo que se vai cobrar de seu treinador.

CSKA Moscou: Ettore Messina chegou a declarar na campanha passada que não prestava mais para ser técnico do gigante moscovita, que seus jogadores já não atendiam mais aos seus pedidos e tal. Estresse geral. Mesmo após a dolorosa derrota para o Maccabi no Final Four da Euroliga, o time ao menos conseguiu um milagre na Liga VTB ao virar um confronto de quartas de final com o Lokomotiv Kuban (saindo de 0-2 para 3-2) e conquistar o título regional. O troféu, porém, não iria mascarar as frustrações de Messina, que se mandou para a NBA, para ser auxiliar de Gregg Popovich em San Antonio, numa aliança bastante promissora.

Itoudis, agora técnico principal, com senhora responsabilidade

Itoudis, agora técnico principal, com senhora responsabilidade

A vaga do italiano foi ocupada, então, pelo grego Dimitris Itoudis, assistente do Panathinaikos por uma década, aprendendo bastante com Zeljko Obradovic, até assumir o Banvit, da Turquia em 2013. Acabou liderando o clube a uma campanha surpreendente na riquíssima liga turca e, de cara, foi promovido a comandante de uma potência como o CSKA. Ao seu dispor, vai ter o craque Milos Teodosic (dependendo de seu nível de motivação, sempre),  a liderança e a versatilidade de Victor Khryapa, a explosão de Sonny Weems e a fortaleza chamada Sasha Kaun. Como reforço,  ganhou a criatividade de Nando De Colo, de volta ao continente depois de passagem apagada pelos EUA, e os chutes de longa distância do geórgio Manuchar Markoishvili e do americano Demetris Nichols, ex-Bulls e Knicks. É um baita elenco, cheio de expectativas. A equipe russa não ganha o troféu desde 2008, mesmo tendo ficado fora de apenas um Final Four desde então.

Fenerbahçe: agora vai? Há pelo menos duas temporadas que o clube de Istambul sonha em dar o grande salto e se tornar o primeiro de seu país a conquistar o título europeu. Para isso, atropelou qualquer noção de austeridade ou responsabilidade fiscal para montar elencos caríssimos e tirar o genial e tempestuoso Obradovic da aposentadoria. O problema é que seus dirigentes caíram naquela armadilha de buscar sempre os nomes de impacto, sem pensar ao certo em como seria a química dessas estrelas em quadra, com muitos cestinhas brigando por uma só bola. Para ajudar, o próprio treinador se mostrou (ainda) mais esbravejador no banco, com atitudes ensandecidas – como expulsar seus próprios jogadores no meio de uma partida:

Para esta temporada, a política de investimento bruto foi mantida. Numa primeira impressão, com atletas cujas características que parecem se encaixar melhor num ideal de time. Destaque para a nova dupla de armadores americanos Ricky Hickman (figura elementar no Maccabi campeão) e Andrew Goudelock (um arremessador de mão cheia, conhecido dos fãs do Lakers e do Spurs, hoje um dos cestinhas mais temidos da Europa), além do tcheco Jan Vesely, que tenta redescobrir seus talentos depois de protagonizar mais piadas do que grandes jogadas em Washington. A missão do ala-pivô tcheco, a princípio, é de ajudar na cobertua e na coesão defensiva, com sua capacidade atlética formidável, ao lado de Emir Preldzic. Menção obrigatória também para o ala-armador Bogdan Bogdanovic, o prodígio sérvio, que assume a vaga de seu xará Bojan Bogdanovic. No papel, não há como excluí-lo dessa lista, embora já tenhamos visto este filme antes. Cabe a Obradovic esfriar e usar a cabeça para ordenar esta rapaziada. Campeão turco num final para lá de controverso e vexatório – no qual o Galatasaray simplesmente se recusou a entrar em quadra no sétimo e derradeiro jogo, alegando roubalheira generalizada –, o Fener só quer saber, mesmo, da Europa.

Real Madrid: você, fã do Barcelona, por favor, não se deixe tomar pela raiva. Mas o que aconteceu com o Real Madrid na temporada passada foi uma história bastante triste: era um timaço, pronto para realmente fazer história, acumulando vitórias e recordes, e que acabou naufragando nas últimas semanas. A equipe de Pablo Laso primeiro perdeu de modo surpreendente a final continental para o Maccabi e, depois, se despedaçou diante de seu arquirrival na decisão da Liga ACB. Você faz como depois de uma decepção dessas? Troca tudo, não?

Ayón, grande presente para Laso para o pressionado Real Madrid

Ayón, grande presente para Laso para o pressionado Real Madrid

Pois a diretoria merengue, por algum milagre, decidiu segurar as pontas e manteve o treinador – que em muito simboliza a obsessão do clube para reconquistar a Europa, uma vez que era atleta madridista no tão distante título de 1995. Além disso, manteve praticamente toda a sua base, tendo de lidar apenas com a importantíssima baixa de Nikola Mirotic, que enfim foi jogar em Chicago. É praticamente impossível encontrar um atleta com as características do ala-pivô. Então o que eles fizeram foi seguir na direção oposta, fechando com Andrés Nocioni. Sai a finesse, entra a brutalidade (nas palavras do próprio Chapu). Além do mais, o Real conseguiu dar uma última cartada após a Copa do Mundo ao contratar Gustavo Ayón, cujos direitos na Espanha pertenciam ao próprio Barça. O mexicano tem tudo para ser dominante em seu retorno ao basquete europeu e deixa a rotação de pivôs também bastante congestionada. Em vez de ser demitido, Laso ganhou um presente desses. Seu time dificilmente vai alcançar o padrão de excelência da campanha passada, já que química não é algo que se replique facilmente. Se os resultados forem diferentes no final, talvez nem importe.

Correm por fora: Olympiakos e Anadolu Efes.
É difícil descartar os campeões de 2012 e 2013, que mantiveram a base do ano passado e adicionaram mais dois americanos muito atléticos a este conjunto – o ala Tremmell Darden, ex-Real, e o pivô Othello Hunter, ex-Siena. A sorte do clube grego, porém, gira em torno do estado físico de Vassilis Spanoulis. O genial armador grego sofreu com tendinite na reta final da última campanha, mas se preservou nas férias. Se estiver inteiro, seu time obviamente sobe de patamar, independentemente da saída do técnico Georgios Bartzokas.

Já o Efes segue um pouco da receita de seu conterrâneo Fenerbahçe, pagando uma nota para reformular seu elenco e tirar do ostracismo outro célebre treinador balcânico, Dusan Ivkovic. Em longo depoimento ao site oficial da competição, porém, Ivkovic faz questão de dferenciar as coisas. Seu plano é também desenvolver os mais jovens, que vão ganhar papel importante ao lado de veteranos como Nenad Krstic, Stratos Perperoglou, Stephane Lasme e Dontaye Draper, todos veteranços de Euroliga e vindo de times vencedores. Aliás, essa é uma área na qual o treinador realmente se destaca, despertando muito interesse sobre seu envolvimento com o ala-pivô croata Dario Saric e do ala-armador turco Cedi Osman, duas das maiores promessas do continente.

O problema é que, com Saric, as coisas não começaram bem. O jogador selecionado pelo Philadelphia 76ers no último Draft não vem sendo nem relacionado nas primeiras partidas do clube, levando seu pai, Predrag, ao desespero. “Acho que já é hora para ficar alarmado. O Dario está deprimido, nada está claro”, afirmou. “Se o Efes continuar mantendo-o fora, vamos procurar alguém que possa pagar a rescisão de contrato. O Dario tem de jogar, não pode ficar assistindo aos jogos da arquibancada. Ele está saudável. O Ivkovic está me deixando maluco.”

Vale lembrar que o papai Saric era um defensor ferrenho da ideia de que o filhote ficasse no basquete europeu para conseguir maior rodagem e se desenvolver, antes de assinar seu primeiro contrato de NBA.

Vai começar
A Euroliga vai ser transmitida com exclusividade no Brasil pelo Sports+ (canais 28 e 228 da SKY). Vou participar da cobertura pela terceira temporada seguida, na companhia de Ricardo Bulgarelli, Maurício Bonato, Marcelo do Ó e Rafael Spinelli. Sempre um prazer. Nesta quarta, entramos ao vivo com o duelo entre Laboral Kutxa e Neptunas Klaipeda, a partir de 15h15 (horário de Brasília). Na quinta e na sexta, rodada dupla! Cedevita Zagreb x Unicaja Málaga + Estrela Vermelha x Galatasaray e Real Madrid x Zalgiris Kaunas + Barcelona x Bayern de Munique, respectivamente.


Vai começar: a Euroliga 2014-2015 em números
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Giancarlo Giampietro

O Barcelona conta com um dos brasileiros da Euroliga. Vocês sabem quem, né? Na foto

O Barcelona conta com um dos brasileiros da Euroliga. Vocês sabem quem, né? Na foto

O basqueteiro sabe: quando chega outubro, o que ele mais ouve é: “Vai começar”.

Pois vai começar nesta quarta-feira a Euroliga de basquete, com um monte de jogadores que nos fizeram companhia durante a Copa do Mundo, dois brasileiros e o MarShon Brooks. Abaixo, alguns dados a respeito da segunda principal liga de clubes do mundo, que será transmitida no Brasil com exclusividade pelo canal Sports+, da SKY, time do qual farei parte novamente.  Jajá voltamos aqui com os times e jogadores para se ficar de olho, um contexto maior sobre os dois brasileiros no páreo – Marcelinho Huertas e JP Batista – e qualquer coisa que dê na telha.

Vamos lá, anotando:

76 – São 76 os jogadores dos Estados Unidos inscritos na competição, disparado o país com maior número de participantes no torneio. Em média, são mais de três por elenco. O atual campeão e vítima do Flamengo Maccabi Tel Aviv foi o que mais importou da fonte: oito! Mas nem todos são registrados como ianques, porém. No clube israelense, por exemplo, são três com cidadania local: o ala Sylven Landesberg e os pivôs Alex Tyus e Jake Cohen. Há americanos croatas, americanos bósnios, americanos belgas, e por aí vai.

Teodosic. Quem se lembra dele?

Teodosic. Quem se lembra dele?

66,6% – Da seleção sérvia que derrotou o Brasil pelas quartas de final da Copa, 8 atletas – ou 66,6% – jogam em clubes da Euroliga. O terror Milos Teodosic segue no CSKA Moscou, enquanto o pivô Nenad Krstic deixou a capital russa para jogar pelo Anadolu Efes, da Turquia. Em Istambul ainda aparecem o prodígio Bogdan Bogdanovic e o classudo Nemanja Bjelica, pelo Fenerbahçe. O pivô Vladmir Stimac saiu do Unicaja Málaga para o Bayern de Munique, mas o clube espanhol, por sua vez, completou sua cota com o armador Stefan Markovic. O Estrela Vermelha, único time do país disputando a competição, conta com os outros dois: o armador reserva Stefan Jovic e o atlético ala Nikola Kalinic. De resto? Miroslav Raduljca levou seus talentos, barba e Harleys para a China; Rasko Katic está em Zaragoza, Stefan Bircevic, em Madri (pelo Estudiantes) e Marko Simonovic, na França (pelo Pau-Orthez). O contingente sérvio, claro, não se limita a eles. Fora do Estrela, há mais nove jogadores espalhados pelo continente.

41 – É o número de atletas com experiência de pelo menos uma temporada regular completa na NBA – descartei os jogadores de contratos temporários, não-garantidos, com uma ou outra partida oficial ou amistosos de pré-temporada. Os dois que têm mais rodagem são Andrés Nocioni, nosso bom e velho e amigo, com  12.654 minutos (contando playoffs) e Krstic, com 11.252 minutos. Da safra nova, vale ficar de olho no que vão aprontar os alas MarShon Brooks (aquele mesmo ex-Nets, Celtics, Warriors, Lakers, seguidor de Nick Young, sem o carisma, mas que julga ser tão bom quanto um jovem Kobe Bryant e agora defende o Olimpia Milano), James Anderson (raro caso de talento mal desenvolvido em San Antonio, ex-Sixers, hoje no Zalgiris Kaunas) e Orlando Johnson (ex-Pacers e Kings, no Baskonia/Laboral Kutxa).

33,3% – Um terço dos clubes desta temporada não disputaram a última edição do campeonato: Dínamo Sassari (Itália), Nizhny Novgorod (Rússia), PGE Turow Zgorzelec (Polônia), Neptunas Klaipeda (Lituânia), todos estreantes, além de Limoges (da França, longe do torneio desde 1998), Valência (Espanha, desde 2011), Cedevita Zagreb (Croácia, desde 2013) e UNICS Kazan (Rússia, desde 2012).

Parla, Ginóbili!

Parla, Ginóbili!

13 – Há 13 anos que um clube da Itália, o país mais vencedor do torneio, não ganha leva o troféu para casa. O último foi o Virtus Bologna de um jovem Manu Ginóbili, em 2001, temporada na qual os times acabaram divididos em duas competições – a segunda com o nome de SuproLeague, ainda sob gestão da Fiba, que não foi adiante.

12 – No mapa da Euroliga, uma dúzia de países estão representados. A Espanha apresenta o maior contingente: cinco times (Barcelona, Baskonia/Laboral Kutxa, Málaga, Real Madrid e Valência). Rússia (CSKA Moscou, Nizhny Novgorod e UNICS Kazan) e Turquia (Anadolu Efes, Fenerbahçe e Galatasaray) têm três cada. Depois temos dois da Itália (Olimpia Milano e Dínamo Sassari), dois da Lituânia (Zalgiris Kaunas e Neptunas Klaipeda), 2 da Alemanha (Alba Berlim e Bayern de Munique), 1 da França (Limoges), 1 de Israel (Maccabi), 1 da Croácia (Cedevita Zagreb), 1 da Polônia (Turów Zgorzelec) e da Sérvia (Estrela Vermelha).

9 – A atual edição conta com nove campeões continentais, listados aqui pela ordem cronológica de seus primeiros títulos: CSKA Moscou (1961), Real Madrid (64), Olimpia Milano (66), Maccabi Tel Aviv (77), Limoges (93), Panathinaikos (96), Olympiakos (97), Zalgiris (99) e Barcelona (2003). Detalhe: o campeonato europeu de clubes só passou a ser disputado com o nome de Euroliga em 2001).

8 – Tal como acontece no futebol, o Real Madrid é o clube com mais títulos europeus, com oito. Da mesma forma que também acontecia nos gramados – até levantarem a taça na temporada passada –, os merengues aguardam há tempos, porém, a nona. Não sobem ao degrau do pódio desde 1995. Maccabi, CSKA e Panathinaikos têm seis títulos cada um.

Sergio Rodríguez, Señhor Barba MVP

Sergio Rodríguez, Señhor Barba MVP

5 – A Euroliga ainda tem um quinteto de MVPs em atividade nesta edição. Dificilmente eles poderiam jogar juntos, porém, já que estamos falando de cinco armadores: Juan Carlos Navarro (2009), Milos Teodosic (2010), Dimitris Diamantidis (2011) Vassilis Spanoulis (2013) e Sérgio Rodríguez (2014). Obs: o destaque de 2012 foi Andrei Kirilenko, ex-CSKA, durante a temporada do lo(u)caute da NBA.

3 – Uma tradição da Euroliga é a eleição dos MVPs de cada mês, assim como a NBA faz. O Barcelona tem uma curiosidade em seu plantel: com três prêmios cada um, Navarro e Ante Tomic são os dois recordistas nesse quesito. A longevidade de La Bomba impressiona: seus três troféus estão espalhados entre janeiro de 2006 e janeiro de 2011. Já o talentosíssimo pivô croata arrebentou na edição passada, faturando dois em sequência em fevereiro e março.

2 – Guerra da Cisplatina! Argentina, Brasil e Uruguai têm a mesma quantia de jogadores na Euroliga 2014-15: um par cada. Por essa você não esperava, né? Marcelinho Huertas (Barça) e João Paulo Batista (Limoges) fazem as vezes dos tupiniquins, enquanto Nocioni e o enjoado Facundo Campazzo representam os argentinos pelo Real Madrid. O espírito charrúa fica por conta do imortal Esteban Batista (Panathinaikos) e do armador Jayson Granger (Málaga). Obs: o jovem ala-pivô brasileiro Daniel Bordignon pertence ao Baskonia, mas foi emprestado para o Navarra, da Liga Adecco Oro, segunda divisão espanhola.

0 – O Cedevita Zagreb é o único time de todo o campeonato que não conta com nenhum jogador dos Estados Unidos em seu plantel. Em meio aos croatas, o único estrangeiro sob a orientação de Jasmin Repesa é o bósnio Nemanja Gordic, se é que isso pode ser considerado um forasteiro.


Toronto, capital norte-americana do basquete brasileiro?
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Giancarlo Giampietro

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Primeiro foi Bruno Caboclo, como já haviam lhe prometido no Draft. Agora, chamam Lucas Bebê para a festa. Em quatro dias, Toronto se tornou a capital norte-americana do basquete brasileiro. Neste domingo de noite, também de modo sorrateiro, a franquia canadense acertou uma troca para despachar John Salmons e seu salário para o Atlanta Hawks, recebendo o armador Lou Williams e os direitos sobre o pivô brasileiro, que jogou a temporada espanhola pelo Estudiantes.

Masai, Bruno e o Brasil

Masai, Bruno e o Brasil

Mais uma cartada surpreendente do gerente geral Masai Ujiri, que vai se revelando um profundo admirador dos garotos brasileiros. Não se esqueçam, como eu já estava deixando passar até ser lembrado pelo Romengão abaixo, que Scott Machado também tem convite para defender o time na liga de verão de Las Vegas, a partir do dia 11 de juho. Vai e os caras do Norte vão se tornar populares por aqui.

O negócio por Bebê ainda não havia sido oficializado até essa postagem, dependendo da aprovação da NBA. Mas parece não haver impedimento legal nenhum, e o Hawks tem pressa: só aceitaram Salmons para dispensá-lo nesta segunda-feira e economizar (só terão de pagar US$ 1 milhão de um salário de US$ 7 milhões), limpando espaço na folha salarial para atrair algum agente livre sexy.

Ainda não temos a palavra do nigeriano Ujiri a respeito da transação, então. Não sabemos ainda se é de seu interesse aproveitar Bebê na próxima temporada. O pivô ainda tem mais um ano de contrato com o Estudiantes, mas, segundo o site Encestando, estaria interessado em procurar novos rumos, seja na NBA ou em um clube de Euroliga. Sua multa rescisória é baixa, de US$ 600 mil e, caso o Raptors tenha interesse, poderá pagá-la na íntegra. A graninha também seria bem-vinda aos espanhóis, que estão com atrasos em sua folha de pagamento.

De qualquer forma, essa troca serve para vermos mais uma vez como são fluidas as coisas na NBA. Um ano atrás, o Hawks estava encantado com o carisma e os talentos de Bebê. Hoje, simplesmente o usaram numa troca para se livrar de salário em busca de nomes mais grandiosos e badalados no mercado – sem a garantia de que vá se dar bem nessa. Isso não quer dizer que o pivô brasileiro tenha perdido valor, que seja menos intrigante do que em 2013.

O que mudou, de certo, foi o contexto do Hawks, time que acabou de selecionar no Draft outro gigante ainda cru e promissor em atividade na Espanha – o cabo-verdiano Walter Tavares, na segunda rodada, um atleta de características muito semelhantes em termos de impacto em quadra, com sua capacidade para proteger e atacar o aro. Tavares, no entanto, vai ficar na Espanha pelo menos por mais um ano. Não há pressa em aproveitá-lo, assim como não havia com Lucas. Vale o registro: pouco depois de terem sido eliminados pelo Indiana Pacers num confronto muito mais dramático que o esperado nos playoffs, o gerente geral Danny Ferry e o técnico Mike Budenholzer estiveram em Madri para acompanhar o carioca de perto. Não sabemos o que conversaram. Só sabemos agora que o Hawks optou por seguir em outra direção.

E como foi a temporada do pivô pelo Estudiantes? Um pouco acidentada, infelizmente, por conta de problemas físicos. Ele pôde disputar apenas 18 partidas, lidando com dores crônicas no joelho devido a uma tendinite. Dores que, em determinado momento, o forçaram a se afastar da equipe por meses. Depois de anotar 7 pontos e pegar três rebotes contra o Bilbao pela nona rodada em dezembro, numa derrota por 72 a 55, Bebê ficou fora de ação por 12 jornadas, de dezembro até a março. Regressou, ironicamente, contra o mesmo Bilbao. Neste vai e vém, o pivô foi aproveitado de modo irregular, óbvio. Só ficou em quadra por mais de 20 minutos em três ocasiões.

O técnico Txus Vidorreta acusou sua passagem pelos Estados Unidos como um fator agravante – lembrando que Bebê passou diversas semanas sob a custódia do Hawks, jogando a liga de verão de Las Vegas e treinando em Atlanta. “Depois de três meses nos Estados Unidos, não está em boas condições. Ele não teve um período de descanso, algo que é necessário antes de enfrentar a pré-temporada. Além disso, chegou com excesso de peso. As equipes da NBA têm o interesse que jogadores como Nogueira ganhem muito peso, quando não deveria ser assim. Querem isso para quando vá para a NBA, se é que vai. No momento, tem contrato com o Estudiantes, e isso está complicando sua preparação”, disse.

Luca Bebê em ação em temporada irregular na ACB

Luca Bebê em ação em temporada irregular na ACB

As boas notícias, porém, existem: com Lucas em quadra, o Estudiantes foi um time bem mais competente, com nove vitórias e nove derrotas (50%, dãr). No geral, a equipe teve campanha de 12 vitórias e 22 derrotas (35,2%), terminando em uma frustrante antepenúltima posição. Sem o brasileiro, o rendimento foi sofrível: 3 vitórias e 13 derrotas (18,5%).

Pois, no pouco que jogou, Bebê foi muito bem. Em termos de eficiência,  deu saltos consideráveis, posicionando-se na elite da fortíssima Liga ACB. Considerando jogadores que tenham ficado em quadra por um mínimo de 250 minutos, o brasileiro foi o quarto atleta mais produtivo do campeonato, atrás apenas de Tibor Pleiss, alemão do Caja Laboral/Baskonia, Blagota Sekulic, montenegrino que estava barbarizando pelo CB Canarias até ser contratado pelo Fenerbahçe, e do sensacional croata Ante Tomic, do Barça.  Como chegou a essa condição? Mantendo alto nível nas finalizações próximas ao aro (bandejas e enterradas, enterradas e bandejas) e sendo um dos principais bloqueadores do campeonato em projeções por minuto (3,38 tocos por 36 minutos, contra 2,64 de Tavares, por exemplo). O único desconto obrigatório aqui: estamos falando de projeções, uma vez que, na temporada real, Bebê foi aproveitado por apenas 16,6 minutos por rodada.

O pivô cobre espaços na defesa, intimida os adversários que queiram infiltrar. Também passa a bola surpreendentemente bem de frente para a cesta, algo que nem sempre é explorado.

Avaliando esses altos e baixos, é complicado de imaginar qual será o próximo passo para Bebê – e qual seria o mais indicado, aliás. A tendinite foi aplacada? Há boas propostas/vagas de clubes da Euroliga (e aqui seria muito melhor em pensar em times um pouco mais fracos, em que o brasileiro fosse parte integral dos planos, em vez de reserva de luxo)? Mais vale buscar a segurança de um contrato na liga norte-americana desde já? O quanto o Raptors o admira?

Lucas Bebê e sua ótima habilidade como finalizador. De Madri para Toronto?

Segundo o jornalista Ryan Wolstat, do Toronto Sun, Masai Ujiri tinha o brasileiro como um dos seus alvos no Draft do ano passado, ao lado de Giannis Antetokounmpo. Não conseguiu fechar nenhuma troca – uma vez que sua escolha estava entregue ao Oklahoma City Thunder, resultando no intrépido Steven Adams –, e teve de fechar os olhos todas as vezes que o Raptors se deparava com o Bucks de Giannis pela frente. Agora, porém, tem a chance de contratar Bebê, num setor com carências.

O lituano Joanas Valanciunas terminou a temporada em alta, mas, em geral, não deu o salto que o clube esperava. É jovem – um mês e meio mais velho que o brasileiro apenas e já com duas campanhas de NBA na bagagem – e o titular indiscutível da posição, todavia. Amir Johnson é pau-pra-toda-obra e alguém que parece ainda nem ter alcançado seu potencial pleno ainda. Tyler Hansbrough poderia ter sido dispensado hoje – mas teve seu contrato confirmado. Patrick Patterson, que jogou tão bem desde que chegou na troca por Rudy Gay, pode ser um agente livre restrito cobiçado, devido ao seu arremesso de três pontos. Chuck Hayes joga muito – para alguém de seu tamanho. E só. Pode ter espaço aí, ou não.

Além do mais, é de se imaginar que a presença do cabeleira no elenco do Raptors ajudaria na transição de Caboclo ao dia a dia na metrópole canadense, como um companheiro para trocar ideias e dividir experiências, ainda que também não fale inglês fluente. Mas isso vai depender dos próprios planos do clube em relação aos seus agentes livres, como o armador Kyle Lowry. A intenção é mantê-lo mas seu preço pode ser inflacionado, especialmente o de Lowry, que foi um dos melhores em sua posição no último campeonato e desperta o interesse de LeBron James do Miami Heat e, dizem, do Los Angeles Lakers. Com cerca de US$ 40 a 41 milhões comprometidos em holerites, já contando o vínculo futuro de Bruno, eles têm muito provavelmente a flexibilidade para assinar com quem queiram e ainda contratar Bebê para já. Vamos aguardar.

Até porque não haveria necessariamente uma urgência para que Lucas produzisse logo de cara. Seria uma peça complementar em um elenco que evoluiu muito sob o comando de Dwane Casey durante o campeonato, especialmente após a saída de Gay. Essa melhora, inclusive, forçou que Ujiri mudasse sua direção. Inicialmente, quando o nigeriano acertou seu retorno ao clube por uma bolada, esperava-se que fosse implodir o elenco. Algo que começou fazendo ao despachar Andrea Bargnani para Nova York. Acontece que o Raptors, em vez de perder, começou a vencer, a ponto de chegar aos playoffs pela primeira vez desde 2008. Daí que agora o cartola pensa em manter essa base competitiva e se virar para desenvolver jovens atletas fora da rotação. É nessa estratégia que entra a surpreendente escolha de Bruno Caboclo. Pode ser aí que se encaixe Lucas Bebê.

*  *  *

Sobre a seleção de Bruno, em tempo: sim, há mais de um mês sabia do forte interesse do Toronto Raptors pelo seu talento. Indiana Pacers, Utah Jazz (seu diretor internacional de scouting, que acabou de se desligar do clube, é um dos responsáveis pela montagem do elenco do Nike Hoop Summitt…) e o Phoenix Suns (Leandrinho?) também estavam na trilha.

Quando o ala declarou seu nome, muitos clubes saíram a sua procura, como relatei aqui. Nesses contatos, chegou a informação, de três fontes diferentes da liga, de que ele teria a promessa que seria escolhido, e que ttudo apontava que fosse realmente o Toronto. Mas ninguém esperava que ele saísse com a 20ª escolha! Isso é fato. Acho que nem mesmo Masai Ujiri acreditava nisso (risos). Minhas fontes, na verdade, acreditavam que ele sairia apenas na 59ª escolha – visto que se tratava de um nome pouco discutido. Em público, no caso.

O venerável Marc Stein, do ESPN.com, contudo, reportou que a promessa do Raptors estava endereçada para o pick 37. Então foi um meio acerto aqui no blog. Que o Toronto tenha conseguido manter isso em segredo diante da mídia norte-americana, é notório, aliás. Nenhum dos sites especializados cogitava a escolha de Caboclo. Nem mesmo na segunda rodada.

Caboclo treina em Toronto. Crédito da foto é de João Fernando Rossi, dirigente do Pinheiros que acompanha o rapaz por lá

Caboclo treina em Toronto. Crédito da foto é de João Fernando Rossi, dirigente do Pinheiros que acompanha o rapaz por lá

Com a proximidade do Draft, porém, os nervos ficam mais tensos. A primeira opção da franquia, o armador local Tyler Ennis, foi escolhida pelo Suns. Na dúvida, Ujiri foi de Bruno logo em 20º, mesmo, relatando depois que o tinha como o segundo calouro em sua lista (claro, daqueles que julgava possível obter) e que temia que ele não estivesse disponível mais de uma hora depois. Vai saber. Ele não quis arriscar.

O agente responsável pelo ala – que era o mais jovem do Draft – ajudou a segurar as pontas para a franquia canadense também. Foi bastante seco em seus contatos com as franquias que o procuravam. Nos últimos dias antes do processo de seleção, havia um companheiro, envolvido na cobertura, que até mesmo especulava se a estratégia realmente não era de que Bruno passasse batido pelo Draft para ter plena possibilidade de escolha no futuro, sem ficar preso a um só clube. O agente brasileiro, agora escoltando o garoto nos Estados Unidos, ajudando-o também como intérprete, havia me dito que não tinha nada de promessa. Como postei na noite: compreensível, havia um plano em curso, e, na guerra fira que é a preparação para o Draft, cada um defende os seus interesses. A lição que fica aqui é a de sempre: declaração oficial nem sempre – ou quase nunca – não é o suficiente.

Minutos depois da escolha de Caboclo, também ouvi de uma fonte de que Caboclo já tinha a garantia de que seria aproveitado de imediato pelo Raptors. Calhou que não era achismo. Durante a apresentação do menino, Ujiri confirmou – depois, inclusive, de admitir que tenha visto o ala, ao vivo, em três ocasiões. O garoto vai trabalhar bastante com a comissão técnica de Casey e deve, aqui e ali, ser aproveitado na D-League. Mas esperem que ele fique muito mais tempo em Toronto, mesmo, já que o time não possui um afiliado particular na liga de desenvolvimento. Hoje, eles dividem esse vínculo com o Fort Wayne Mad Ants com outros 12 clubes (!!!) – uma situação agora bizarra, uma vez que todas as outras equipes  têm parcerias individuais.

*  *  *

O que penso a respeito?

Em primeiro lugar, nunca se pode ignorar o que representa financeiramente a transição para a NBA. É hipocrisia ignorar esse aspecto, ainda que, se tudo ocorresse conforme o esperado (pelo basquete brasileiro), Bruno não teria problemas em tocar uma vida confortável. Mas agora estamos falando de milhões de dólares, e para já.

Tirando isso, que importa, tem o jogo. Sem ele, não há a bufunfa, claro.

Faz mais de meses, especialmente depois da fase final da última LDB, que o burburinho nacional em torno de Bruno estava demais. E com razão. Não é todo dia que se vê um garoto com seus atributos físicos entrar em cena. Agora não é só de envergadura, agilidade e talentos naturais que tais que vive um prospecto. Precisa de tino, força de vontade e um trabalho por trás. E aí ficam os méritos para o Barueri, clube que o teve até 2013, e o Pinheiros, que o contratou no ano passado para acelerar seu desenvolvimento, por meio de trabalhos específicos diários e o simples convívio com o time adulto, que já faz uma baita diferença.

Talvez o ideal fosse seguir nesse ritmo por ora? Era o que o agente Eduardo Resende dizia, há coisa de duas ou três semanas. Que ele ficaria pelo menos mais um ano nessa rotina, antes de pensar em dar algum salto. Jogaria mais com a equipe principal e tal. Acontece que o interesse do Raptors não queria esperar. A franquia canadense confia que possa fazer o jogo do garoto crescer, mesmo que ele não jogue muito em seus primeiros meses – ou até mesmo durante o campeonato inteiro.

Há quem duvide. Um scout da liga disse ao New York Daily News que Bruno não valia nem mesmo uma escolha de segunda rodada. Segundo o que viu do atleta. Pensem que esse tipo de comentário pode sair da boca de alguém que neste exato momento é pressionado por seus superiores sobre um eventual desconhecimento do atleta.

Dos olheiros que ouvi, a frase de consenso foi a seguinte: “Potencial absurdo, mas ainda não sabe muito bem o que está fazendo em quadra. Vai precisar de tempo, mas vale a aposta. Por que não? Muitos calouros americanos mais americanos não dão em nada. E no caso de Caboclo há evidentes qualidades a serem exploradas”. Realmente só não esperavam que fosse sair tão cedo no Draft. As coisas mudam pouco de figura, até mesmo quanto a cobranças de torcedores e mídia, além de adversários mais antenados. Cada ala que tenha saído depois do brasileiro vai tê-lo como alvo.

No ano passado, Giannis Antetokounmpo foi contratado pelo Milwaukee Bucks com planos semelhantes. Acabou que entrou na rotação da equipe rapidamente e terminou a temporada como o novato talvez mais promissor de sua geração. Bruno pode seguir a mesma linha, quiçá, ao menos em termos de ganhar tempo de quadra inesperado? Perguntei aos scouts, e eles só concordavam em uma coisa: que ambos só eram similares em termos de narrativa, história. “Garoto que é uma aberração física e que veio do nada para a NBA”. Mas que o grego já estaria muito mais desenvolvido em alguns aspectos como “feeling” de jogo e sua habilidade com a bola quando foi draftado. São olheiros em que confio, que trabalham para equipes com bom faro para e aproveitamento de jogadores estrangeiros, isso posso garantir.

Aguardemos os relatos de seus treinos e rachas com DeMar DeRozan e Terrence Ross agora mesmo em Los Angeles para ver quais serão as primeiras impressões. Em julho, tem liga de verão. Outra atividade programada será a participação no camp de Tim Grgurich, renomado  treinador que investe muito no aprimoramento de fundamentos e já trabalhou por muito tempo com George Karl, inclusive com Nenê em Denver. Resta confiar agora que os técnicos de Toronto ajudem no progresso do ala para encarar essas diferentes e maiores expectativas. De tudo o que ouço sobre Bruno, da sua parte não vai faltar empenho.

PS: Durante esta Copa, como havia avisado, a atualização do blog fica atrapalhada. Ainda falta escrever sobre Splitter, Spurs, LeBron (de novo!?!) e tal. Ah, seleção também, claro. Está acabando, e logo acessaremos isso. 


Em quem ficar de olho no F4 da Euroliga: Ante Tomic motivado
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Giancarlo Giampietro

E quem se lembra de um Tomic merengue sem energia?

E quem se lembra de um Tomic merengue sem energia?

Para quem ainda não está farto de tanta emoção, com o que se vem passando nos playoffs completamente alucinantes da NBA e com tantas surpresas no NBB, então é hora de abrir os braços para uma carga extra de drama – e basquete refinado – neste fim de semana. Mais especificamente na sexta-feira e domingo, com o Final Four da Euroliga.

A gente pode falar de Barcelona e Real Madrid, que fazem mais um clássico de matar, ou das constantes potências CSKA e Maccabi, que história não falta. Na verdade, vamos tratar desses clubes, sim, entre hoje e amanhã. Mas, antes, prefiro gastar um tempo com os protagonistas em quadra.

Sim, os melhores jogadores do mundo, inclusive os europeus, estão do outro lado do Atlântico. Parker, Nowitzki, irmãos Gasol, Pekovic, Gortat e tantos mais. Mas não quer dizer que o segundo maior torneio de clubes do mundo fique só com as sobras. Há diversos atletas que assinariam contratos na NBA sem a menor dificuldade, sendo peças relevantes, mas que, por circunstâncias diversas – entre as quais se destaca invariavelmente a adoração de fanáticas torcidas e alguns milhões de euros na conta –, seguem jogando perto de casa.

Navarro e sua breve parceria com Pau Gasol em Memphis. Frustração

Navarro e sua breve parceria com Pau Gasol em Memphis. Frustração

Peguem, por exemplo, Juan Carlos Navarro. Desnecessário falar sobre o currículo, a reputação e o talento de La Bomba. Em sua única temporada nos Estados Unidos, ele não chegou a ser maltratado como Vassilis Sponoulis foi por Jeff Van Gundy em Houston, mas sofreu demais em um ano perdido do Memphis (60 derrotas!), no hiato entre os times de Hubbie Brown e Lionel Hollins. Ainda viu seu grande amigo Pau Gasol ser trocado. Um ano depois, correu de volta para Barcelona, aonde é rei, talvez chocado com a barbárie.

Este é um caso emblemático. Mas há diversos nessa linha: Erazem Lorbek, cortejado pelo Spurs ano após ano, mas que segue no Barça; Dimitris Diamantidis, o mito alviverde do Panathinaikos; Nikola Mirotic, o segundo grande sonho de qualquer torcedor do Bulls que se preze (o primeiro, claro, sendo um Derrick Rose 100%); sem contar os diversos americanos ignorados pelos Drafts da vida, mas que construíram e lapidaram toda uma carreira no velho mundo (Keith Langford, Daniel Hackett, Joey Dorsey, Ricky Hickman, Tremmell Darden, Aaron Jackson, Bryan Dunston etc. Etc. Etc).

Não dá para cravar que todos eles seriam bem-sucedidos num ambiente muito mais exigente do ponto de vista atlético, em que suas façanhas europeias talvez sejam ignoradas, tendo eles que batalhar novamente a partir do zero por respeito e o decorrente tempo de quadra. Dependeria muito da franquia, da diretoria e, claro, do técnico – sem contar a adaptação muitas vezes complicada, como Tiago Splitter e Mirza Teletovic podem testemunhar.

Há que prefira, então, evitar o risco, ficando numa zona de conforto, já bem remunerado. Mas também há aqueles que são simplesmente subestimados, mesmo, não vendo a hora de receber uma boa proposta, mas sem necessariamente estarem dispostos a assinar pelo salário mínimo da NBA, como fez Pablo Prigioni em seu primeiro ano de Knicks, já na reta final da carreira.

Pensando apenas nos quatro semifinalistas, vamos listar abaixo alguns craques que merecem ser observados com atenção, mas sem a menor preocupação se dariam certo ou não na NBA. Bons o suficiente para serem apreciados pelos que já fazem agora. Essa é uma lista que já deveria ter sido escrita antes, para relembrar o belíssimo campeonato que fez Andrés Nocioni, a versatilidade da dupla Emir Preldzic e Nemanja Bjelica, do Fenerbahce, o próprio Dunston, vigoroso pivô do Olympiakos, eleito o melhor defensor da temporada, o jovem italiano Alessandro Gentile, revelação do Olimpia Milano e candidato ao Draft deste ano, e muito mais.

Antes de chegar aos caras, um lembrete para contextualizar: para os que estão (bem) mais acostumados com a NBA, lembrem que o basquete Fiba é jogado em 40 minutos, e não 48. Logo, o tempo de quadra de uma partida da liga norte-americana é 20% maior, de modo que as estatísticas em geral são mais infladas por lá, fazendo alguns dos números abaixo parecerem tímidos. Além disso, a abordagem ofensiva das equipes de ponta da Europa tende a ser diferente, com mais jogadores assumindo responsabilidades, dividindo a bola, mesmo as que têm grandes cestinhas, que poderiam muito bem carregar um time nas costas.

E, ok, aqui entra o momento da propaganda: o evento será transmitido com exclusividade pelo Sports+, canal 28/128 da SKY, com este blogueiro lelé na equipe de equipe, ao lado do ultrafanático e informado Ricardo Bulgarelli e os narradores Maurício Bonato, Rafael Spinelli e Marcelo do Ó, que, cada um ao seu modo, ajudam a dar emoção ao jogo.

Vamos lá, enfim, a alguns destaques do F4, sem necessariamente ser os melhores do campeonato, mas apenas uma lista que dá na telha. Free style, mano, com pílulas publicadas nos próximos dias:

– Ante Tomic, pivô do Barcelona.
11,8 ppj, 6,3 rpj, 2,2 apj, 63,3% de 2 pts, 68,4% nos lances livres em 22 mpj.

E o que você faz quando é dispensado – e, de certa forma, humilhado – publicamente pelo Real Madrid?

O clube merengue não estava lá muito satisfeito com o espírito competitivo de Ante Tomic e resolveu exercer uma cláusula contratual para romper seu vínculo com o pivô croata um ano mais cedo.

Veja este trecho de reportagem do diário As: “Sua falta de energia tapou suas virtudes inquestionáveis, e o Real Madrid preferiu não seguir contando com um jogador que não ofereceu os níveis de energia necessários que a equipe precisava nem sequer em partidas da final que o Real Madrid perdeu ante um Barcelona muito concentrado em seu jogo interior”.

Ok, não foi o técnico Pablo Laso que escreveu o texto, ou nenhum diretor do clube. Mas a gente conhece a relação quase simbiótica entre os jornais da capital e os poderosos do Real. Dá, quase, para assumir como discurso oficial.

Então, Tomic, o que fazer?

Ué, assinar com o Barcelona, claro. E, melhor, arrebentar pelo arquirrival.

Desde que deixou a capital espanhola, migrando para o sul, o pivô adquiriu uma bem-vinda consistência. Nada como boa rodagem e experiência – e uma motivação a mais. É quando você vê o potencial ser concretizado, quando muito, ou tudo, do que se projeta para um jogador acontece começa a acontecer em quadra, até que parece algo praticamente automático – a ponto de ter sido o MVP dos meses de fevereiro e março – em sequência, mesmo, algo que nunca havia acontecido antes na história da liga.

Aos 27 anos, o croata de 2,17m sabe bem o que fazer quando acionado, confiante em produzir como a primeira opção ofensiva do Barcelona. Há momentos em que talvez ele pudesse ser ainda mais explorado, mas esse é o “preço a se pagar” (nem precisa de tanto drama, vai?) individualmente por fazer parte de um dos elencos mais caros e competitivos do continente, cheio de cestinhas de prestígio.

Já fiz essa comparação antes, e ela parece ainda mais válida depois de mais uma temporada: em diversos movimentos, Tomic vai lembrar Pau Gasol, um dos últimos grandes ídolos do clube catalão, especialmente pelo biótipo esguio e até por seu comportamento calmo em quadra – que muitas vezes pode ser interpretado, precipitadamente, como complacência. Seu tiro de média distância precisa ser marcado, embora seja muito mais eficiente num raio de dois ou três passos, usando sua envergadura, embora não tenha tantas alternativas assim (em tremos de sequência de fintas, para abrir mais espaço no garrafão). A visão de jogo e capacidade para servir seus companheiros tanto na cabeça do garrafão como próximo da tabela, de costas para o aro, também vem melhorando a cada ano, chegando a 2,2 assistências por jogo neste ano. Ajuda, nesse sentido, o fato de ter sido desenvolvido como um jogador de perímetro, antes de dar aquela espichada no fim da adolescência.

Sua química com Marcelinho Huertas está num ponto excelente. Com seus braços compridões, vira um alvo fácil para pontes aéreas, mesmo que ele não seja daqueles atletas que castiguem o aro – melhor deixar isso para o Joey Dorsey, mesmo. O legal é quando os dois trocam favores, com o pivô passando para o brasileiro em handoffs, ou com passes por cima dos marcadores para acertar o brasileiro em cortes por trás da defesa.

Hoje, na real, o melhor jeito de parar o pivô do Barcelona é tentar atacá-lo com agressividade do outro lado da quadra, para tentar carregá-lo de faltas (2,7 por jogo). Para alguém de sua estatura, o croata se mexe bem pelo garrafão, mas ainda vai ser vulnerável diante de armadores e laterais numa troca de pick and roll. O difícil é escolher a melhor hora de buscar a infiltração, uma vez que Xavier Pascual arma uma defesa bem compacta, fechando espaços.

Tomic se tornou sem dúvida o principal pivô do basquete europeu, com o terceiro maior índice de eficiência da competição. Algo que a Euroliga confirma, elegendo o atleta como o melhor da posição nos últimos dois campeonatos. É esse o craque que o Real vai ter de encarar mais uma vez.

Seu contrato vai até 2015. O próximo passo natural seria a NBA, na qual ja á foi draftado pelo Utah Jazz em 2008, num daqueles stash picks, na 44ª posição. Mas resta saber se Tomic toparia. Para quem sai de Real para Barça diretamente, não acho que tenha receio de desafios.


Final Four da Euroliga: os jogadores vinculados a clubes da NBA
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Giancarlo Giampietro

Ante Tomic faz farra

Ante Tomic crava contra os ex-companheiros de Real Madrid. Deixaram escapar…

Basicamente? A grande maioria dos jogadores que vão estar em quadra neste fim de semana pelo Final Four da Euroliga teria condições de fazer parte da rotação de um time de NBA. Alguns, como titulares. Outros? Completando o banco. Mas é inegável o talento. Vamos  publicar mais um post sobre o assunto, mas falando, claro, mais sobre a liga europeia do que a norte-americana. Aqui, seguem alguns atletas que já foram selecionados no Draft:

Sergio Llull (Real Madrid): o armador espanhol de 25 anos  foi a 34ª escolha do Draft da NBA de 2009, via Denver Nuggets, mas para o Houston Rockets, que desembolsou US$ 2,25 milhões (!!!) só para adquirir seus direitos. Essa é a compra mais cara de um pick na segunda rodada do recrutamento de calouros da liga. Então, sim, dá para dizer que Daryl Morey aguarda ansiosamente o dia em que poderá por as mãos neste explosivo jogador, um atleta de calibre da NBA que vem melhorando a cada temporada. O problema? Existe a possibilidade de que ele demore muito para cruzar o Atlântico, se é que vai fazer um dia. Seu contrato com o Real vai até 2014 e ele já deu a entender que não veria impedimento para estender esse vínculo. Estatísticas.

Nikola Mirotic (Real Madrid): o ala-pivô naturalizado espanhol tem 22 anos apenas, mas já é uma estrela na Europa e estaria pronto para defender o Chicago Bulls (que o selecionou em 2011 com a 23ª escolha) agora mesmo nos playoffs não tivesse um detalhe: o contrato com o Real até 2016. Mas os fãs do Bulls podem ficar tranquilos: a expectativa é que, no meio do caminho, ele negocie uma rescisão para tentar a NBA. Ainda precisa melhorar como um passador, mas sabe colocar a bola na cesta com tiros de média e longa distância e movimentos mais desenvolvidos próximo do garrafão. Sólido reboteiro e presença incômoda na defesa devido a sua envergadura. Estatísticas.

Kostas Papanikolau (Olympiakos): inicialmente draftado pelo New York Knicks no ano passado em 48º, teve seus direitos adquiridos pelo Portland Trail Blazers na negociação que mandou Raymond Felton e Marcus Camby de volta a Manhattan. Tem contrato até 2014 com o clube ateniense e estaria na mira do Barcelona. Eleito “a estrela ascendente” da temporada, aos 22 anos, é um ala muito forte e atlético que refinou seu arremesso a tal ponto que chega ao Final Four com aproveitamento de absurdos 52,7% na linha de três pontos. Bom reboteiro e defensor na posição. Estatísticas.

Ante Tomic (Barcelona): croata de 26 anos e 2,17 m de altura, escolhido pelo Utah Jazz na 44ª posição do Draft de 2008. Eleito o melhor pivô da temporada, com justiça. Vestindo a camisa do Barça, em muitos momentos relembra Pau Gasol em seus movimentos no garrafão. Tem um jogo de pés bastante criativo, girando para os dois lados, em direção ou no sentido contrário da cesta, podendo compensar algum desequilíbrio com munheca certeira (aproveitamento de 66,7%, terceiro melhor do ano). Tem contrato até 2015. Não está claro se tem interesse em jogar na NBA, mas seria um desperdício o Utah não tentar. Estatísticas.

Sasha Kaun (CSKA Moscou): existem lenhadores canadenses e existem lenhadores russos também, claro. Formado na universidade de Kansas, pela qual foi campeão ao lado de Mario Chalmers e Darrell Arthur em 2008, Kaun regressou para Moscou para construir uma firme carreira como uma força defensiva. Agora, se apresenta também como um jogador que precisa ser marcado perto do aro, tendo convertido 72,8% nos arremessos de dois pontos, algo elevadíssimo. Só uma coisa: na hora em que ele for cobrar lances livres, melhor fechar os olhos (51,6% e 49 air-balls segundo estatísticas extraoficiais). Kaun poderia dar uma força para Anderson Varejão em Cleveland, mas renovou seu contrato por três anos com o CSKA. Estatísticas.

Há também o caso de Erazem Lorbek, que hoje tem seu “passe” vinculado ao San Antonio Spurs, que está numa outra lista de jogadores que a NBA não conseguiu aproveitar:

* O Canal Sports+, da Sky, transmite nesta sexta-feira e no domingo todos os quatro jogos do Final Four da Euroliga. Transmissões na sexta e sábado a partir de 12h45 (horário de Brasília). Divido os comentários com Ricardo Bulgarelli. A naração fica por conta dos companheiros Maurício Bonato, Ricardo Bulgarelli e Marcelo do Ó, como foi durante toda a temporada.


Euroliga: Barça tenta superar lesões para confirmar favoritismo contra Panathinaikos
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Giancarlo Giampietro

Diamantidis x Navarro

Quanto mais Diamantidis x Navarro tivermos, melhor. Beeeeem melhor

O que daria para dizer é que existe um favorito para a conquista: o Barcelona, dono da melhor campanha da temporada regular, com 22 vitórias e apenas duas derrotas (uma em cada fase, para o CSKA Moscou em casa e para o Kimkhi em Moscou). O time de Marcelinho Huertas venceu suas últimas 12 partidas pelo Top 16. Os catalães venceram também 14 partidas com vantagem de duplo dígitos. Com a melhor defesa da Euroliga, seguraram seus adversários abaixo dos 70 pontos em 15 ocasiões, duas abaixo dos 50 pontos – a média geral foi de apenas 67,6 pontos sofridos.

A dificuldade, porém de cravar o Barça como o grande candidato ao título vem pelo fato de Xavier Pascual ter perdido dois alas de uma vez, na reta final do Top 16, incluindo o titular Pete Michael e o jovem Xavi Rabaseda. Mickeal foi afastado devido a embolia pulmonar e não joga mais nesta temporada, enquanto Rabaseda sofreu uma fratura por estresse na perna direita e só retornaria no caso de o clube passar pelo Panathinaikos.

A rotação de Pascual, desta forma, fica bastante danificada. Ele vai ter de contar com atuações vigorosas do australiano Joe Ingles – um talento, mas ainda inconsistente, e sem a pegada defensiva dos dois desfalques – ou apostar mais no garoto Alejandro Abrines, 19 anos, candidato ao “Draft” da NBA deste ano, que marcou 21 pontos em 21 minutos contra o Maccabi Tel Aviv na última rodada, mas ainda muito frágil fisicamente. Outra solução seria jogar com Huertas, Victor Sada e Juan Carlos Navarro ao mesmo tempo no perímetro, mas, por melhor defensor que Sada seja, ficaria difícil para ele bater de frente Jonas Maciulis, do Panathinaikos, por um longo período. Mesmo o vigoroso Michael Bramos já criaria problemas.

De qualquer maneira, coletivamente, o Barcelona tem uma defesa tão sufocante, que, mesmo avariada individualmente e caindo um pouco de rendimento, pode ser ainda o suficiente para brecar o ataque do Panathinaikos. Impressionou durante toda a fase regular a capacidade que o sistema de Pascual tem em empurrar os oponentes para longe da cesta, forçando arremessos de baixo aproveitamento, quase sempre contestados. Entrar no garrafão catalão é sempre um desafio ou uma aventura.

Sobre Huertas? Continua com o brilho de sempre ofensivo, com uma criatividade sem fim nos contra-ataques e muito tino para o jogo de pick-and-roll, facilitando muito a vida de seus pivôs. Seu tempo de quadra depende muito do confronto que a equipe tem. Se o jogo pede muito mais defesa ou a cobertura específica em um craque, dá mais Sada. Agora, se a equipe clama por um pouco de inventividade no ataque, o brasileiro prevalece. Duro que o embate das quartas de final não é dos mais favoráveis, do ponto de vista defensivo. Contra o Panathinaikos, vai ter as mãos cheias na defesa, lidando com o já legendário Dimitris Diamantidis, o croata Roko Ukic e o inconstante Marcus Banks. Provavelmente ele bateria de frente com Ukic, que é extremamente talentoso, mas nem sempre agressivo com a bola.

Outro ponto importante a se destacar no Barcelona é o crescimento de seus pivôs, com uma rotação que se provou muito sólida e versátil. Ante Tomic e Erazem Lorbek compõem a dupla de grandalhões mais talentosa do continente. O brutamontes Nathan Jawai, o Baby Shaq, australiano, e o enérgico CJ Wallace vêm do banco para complementá-los muito bem.

Por fim, fica o enigma em torno de Juan Carlos Navarro. Ninguém vai duvidar da coragem e do talento de La Bomba, que pode acabar, destroçar um adversário por conta própria com seus chutes de três pontos (aproveitamento de 51,1% no Top 16, em 45 tentativas) e constante movimentação ofensiva. Resta saber apenas se o seu corpo vai aguentar o tranco, depois de tanto desgaste na temporada. Ele teve de lidar com problemas no tornozelo e no joelho, perdendo as 12ª, 14ª e 16ª rodadas, e vinha com tempo bastante limitado, controlado por Pascual. O Barça precisa de seu cestinha em forma na melhor forma para encarar uma defesa também bastante forte do Panathinaikos. Ficamos na torcida, aliás, para que Diamantidis, defensor exemplar, seja escalado em sua contenção. Seria um duelo dos sonhos para se acompanhar.


Málaga reforça com pivôs seu elenco, e Augusto fica em situação nebulosa na Espanha
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Giancarlo Giampietro

Um dos clubes mais fortes da Espanha e tradicionais da Europa, o Unicaja Málaga estava ficando para trás, bem para trás. Barcelona e Real Madrid mantiveram um núcleo fortíssimo e ainda fizeram contratações mais que pontuais para a próxima temporada.

Os catalães agora contam com o talento do pivô croata Ante Tomic, que veio do arquirrival, aliás, além de um certo armador legendário Sarunas Jasikevicius, de volta após nove anos, nos quais passou por praticamente todos os clubes de elite do continente. Já o Real acertou o retorno do Rudy Fernández, eleito vilão olímpico no Vinte Um, e com o pivô Marcus Slaughter, que nunca teve uma chance real na NBA e construiu sua carreira na Europa, jogando por agremiações menores até chegar ao primeiro escalão.

Augusto enterra na Espanha

Augusto: pivô muito atlético, veloz, saltador, mas que pode ficar preso no banco

E nada de o Málaga se mexer? Mesmo depois de terminar a Liga ACB passada com um decepcionante nono lugar, fora dos playoffs, e de uma campanha nada empolgante na Euroliga, com 17 vitórias e 17 derrotas?

Bem, na semana passada seu elenco enfim começou a tomar uma forma mais séria, e aí vem a má notícia na parte que refere ao basquete brasileiro: as contratações são pouco promissoras para o progresso de Augusto Lima. Três dos principais reforços para o técnico Jasmin Repeša são homens de garrafão: o norte-americano James Gist, o sérvio Kosta Perovic e o espanhol Fran Vázquez, que deixou o Orlando Magic falando sozinho mais uma vez. Eles se juntam ao croata Luka Žorić, e, de repente, a rotação de pivôs da equipe já parece deixar o brasileiro afundado no banco.

Claro que depende de Augusto também, de tentar se impor nos treinamentos e deixar um dos medalhões para fora. Mas é muito difícil: Gist, Perovic e Vázquez chegam com salários altos e status de soluções. Žorić seria o homem a ser batido, mas é muito mais experiente e foi dos poucos, do elenco passado, que agradou e seguiu no clube.

Augusto, hoje com 21 anos, vem sendo preparado em Málaga há tempos, em mais um caso de brasileiro que foi cedo para a Espanha para ser cultivado por um grande clube – trilha aberta por Tiago Splitter em 2000. Dezenas de jogadores daqui repetiram essa rota, e foram poucos os que vingaram. Dois deles apenas quando se desvincularam do Unicaja:

– Vitor Faverani, que hoje está por cima, precisou de uma reviravolta na carreira na temporada passada, na qual jogou pelo Valencia. Hoje é visto como um dos melhores pivôs da liga, mas, diga-se, vai ter de dar sequência ao trabalho e confirmar essa confiança toda no próximo campeonato.

– O armador Rafael Luz conseguiu sair do Málaga para o bem e, até onde se sabe, sem traumas com a diretoria. Na temporada passada, fez um bom campeonato pelo falido Alicante e agora está no Obradorio, com vida própria no mercado espanhol.

Tem também o Paulão, que acabou de assinar com o Cajasol, mas ainda busca estabilidade na carreira após uma jornada igualmente turbulenta pelo clube da Andaluzia. Se Faverani teve problemas de comportamento, o pivô revelado em Ribeirão Preto penava para se manter em forma devido a uma série de lesões que deixou muita gente frustada.

Augusto Lima, do Málaga

Augusto vai tirar o uniforme de treino?

É um problema: o Málaga investe em projetos de base, mas não consegue incorporar os talentos desenvolvidos ao seu time principal. Há muita pressão por resultados em uma liga bastante competitiva, e a saída de Aito Garcia no ano passado, um treinador mais afeito ao trabalho com jovens, não ajudou em nada.

Fica, então, esse impasse para Augusto, que também rendeu bem mais quando foi emprestado para o Granada em 2010-2011 e ganhou minutos preciosos. Tudo para,  campanha seguinte, de volta ao seu clube, ser atrapalhado por uma cirurgia nas costas. Não pôde mostrar serviço e agora enfrenta uma dura concorrência para pisar em quadra.

Lembrando que, até para o seu futuro longe da Espanha, a próxima temporada é muito importante para o brasileiro. Como vai completar 22 anos em 2013, ele participará do draft da NBA automaticamente. Seu jogo – de capacidade atlética, vigor e energia incomuns para alguém de seu tamanho – é bem conhecido pelos olheiros europeus, mas uma boa produção nos meses que antecedem o recrutamento de calouros da liga poderia alçá-lo até mesmo ao primeiro round.

Para produzir, no entanto, ele precisa, antes, jogar.


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