Vinte Um

Arquivo : maio 2015

James Harden, um turnover e a liberdade de se tomar uma decisão
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Giancarlo Giampietro

Parece que a ampla maioria da rapaziada que embarcou no plantão corujão na madruga desta quinta para sexta entendeu que o técnico Kevin McHale cometeu um erro gravíssimo ao não pedir tempo e parar o jogo quando Harrison Barnes errou uma bandeja em reverso meio exagerada, com o rebote sobrando para seu Houston Rockets. Na mão de James Harden. Restavam 9 segundos no cronômetro, e o placar era de 99 a 98 para o Golden State Warriors.

McHale deixou o jogo correr, e o Sr. Barba saiu em disparada, e em três segundos, o Rockets tinha vantagem numérica na transição ofensiva, com quatro atletas contra três cruzando primeiro a linha que divide a quadra. Havia diversas possibilidades de execução ali, todas, claro, precisando ser processadas em questão de décimos de segundo (mais sobre elas adiante). O segundo jogador mais votado na eleição do MVP da temporada, porém, não as aproveitou. Deu uma hesitada com a bola, errou. A marcação apertou, a bola escapou. Nem mesmo o chute ele conseguiu executar. Warriors 2 a 0 na série.

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O desfecho foi todo atrapalhado, sufocante, é verdade. Mas ainda penso que foi a decisão correta – ou melhor: a decisão que me agrada mais, com um treinador demonstrando poder de confiança nos seus atletas, em vez de exercer um papel supercontrolador. Aliás, essa não é uma das grandes reclamações sobre a NBA de hoje? As constantes intervenções, paradas? Lembrando que, no basquete Fiba, não haveria a chance de se pedir tempo ali. Que os jogadores consigam solucionar problemas em quadra, ué. Ainda mais quando estamos falando de uma liga em que o salário médio é de US$ 4 milhões, o maior em todas as competições de alto nível do esporte mundial. Não só do basquete, mas no geral, mesmo. Caras que podem ser um tanto mimados por vezes, mas que, em quadra, presume-se grande maturidade.

Disse McHale sobre a jogada: “Era o Harden descendo a ladeira. Se tenho nosso melhor atleta criando a partir de uma jogada quebrada, aceito isso em qualquer dia da semana”. Trevor Ariza, que já ganhou um título pelo Lakers em 2009: “Harden tinha a bola, e toda vez que ele está com a bola, sentimos que temos uma chance”. O barbudo, então, fala por si: “Se tivermos essa jogada dez vezes, vamos para ela dez vezes”.

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Realmente, não vejo problema nisso. Harden teve a chance de definir, apenas falhou. Isso não significa que, com pedido de tempo e uma jogada desenhada, o Rockets teria garantido um arremesso livre. Jogadas como essa são estudadas exaustivamente pela oposição, gente. Mesmo uma bola decisiva no final certeira, a partir das instruções de um treinador, acaba geralmente contestada. Não é, Pierce? O ala do Washington executou lances mirabolantes neste mata-mata, mas com alto grau de dificuldade. Não sobrou livre para aprontar em nenhum buzzer beater. Aí cabe ao treinador desenhar algo mais criativo, claro. Mas mesmo uma versão alternativa corre o risco de já ter sido filtrada por uma comissão técnica vasta, apoiada por um batalhão de scouts, como no caso do Golden State Warriors. Que, por sinal, calha de ser a melhor defesa da NBA.

Vamos, então, ao lance derradeiro – se o torcedor do Houston quiser pular essa parte, tudo bem. Está na marca de 2min49s:

1) Barnes erra em sua infiltração, e Draymond Green vai com tudo para o rebote ofensivo, em vão, e acaba até mesmo saindo de quadra, enquanto seu companheiro está no chão, desequilibrado. Para que parar o jogo aqui, especialmente quando o seu time está treinado para jogar em velocidade?

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2) Em coisa de dois segundos, o que temos? Três jogadores do Rockets descendo a quadra contra três defensores. Quadra aberta, ainda mais quando a bola está nas mãos de um Harden, daqueles que consegue encontrar espaço num garrafão abarrotado.

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3) Harden acabou avançando um pouco além da conta? Talvez, mas os visitantes estão novamente em vantagem numérica, com quatro atacantes adiantados em relação aos defensores, ainda que os cinco Warriors apareçam no grame (Dwight Howard, com seu joelho dolorido, limitado, ficou para trás). Mais de 2 segundos se passaram.

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4) Aqui chegamos ao momento que julgo crítico. Percebam o corredor que Terrence Jones tem pela frente, e o garrafão escancarado. Klay thompson está logo atrás de Curry, preocupado com o camisa 13. Draymond Green estava atrasado na recuperação e, do lado direito, Iguodala tem um Corey Brewer para vigiar. Pior: Jones estava na mira de Harden. Um passe a partir do drible o encontraria livre, e aí era subir para a cravada. Iguodala se recuperia a tempo? Talvez, mas conseguiria parar um jogador mais alto, atlético em alta velocidade? Talvez só com falta. Só percebam que menos de um segundo passou do frame acima para este:

James Harden, turnover, Game 2, Rockets, Warriors, West Finals

5) Harden perdeu o bonde de Jones, no final. Aqui, a linha de passe já era. E aí ele passa para Howard, vindo de trás. Pois havia parado de driblar e estava numa posição delicada, já cercado também por Barnes. Este é o momento em que o astro ou McHale deveriam ter pedido tempo, enfim. Havia segundos de sobra para tramar algo.

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6) Harden fez o passe para Howard e recebeu a bola de volta. Agora já tem uma barricada a sua frente. Kevin McHale afirmou, depois, que neste instante pensou em parar o jogo. Deveria ter feito, restando 2s5 no cronômetro. Aí veio o turnover, e c’est fini. Game over.

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Harden teve uma brecha clara para o passe. Poderia também ter sido mais agressivo e batido para a cesta de vez – mas talvez estivesse preocupado também em não deixar alguns segundos para um eventual troco de um time que conta com Steph Curry. McHale realmente deveria ter invadido a quadra e brecado tudo. Havia tempo para rabiscar. Mas é fácil falar assim, né? Dividindo uma jogada de 9 segundos em seis frames. Sabendo que ela não deu certo. Na hora, tanto o treinador como o ala-armador precisam processar tudo o que se passava em quadra, jogando contra o relógio. Ambos falharam.

É tudo um aprendizado, no fim.

Como protagonista, lembremos, é apenas a primeira vez que Harden faz uma final de conferência, que chega tão longe nos playoffs. Em 2012, fez uma péssima série decisiva contra o Miami Heat, mas era apenas o número três, atrás de Durant e Westbrook. Não dá para falar em tremedeira também, por favor, já que o cara foi responsável por 10 dos últimos 12 pontos do Rockets e ainda municiou Dwight Howard para a outra cesta de quadra – terminou com 38 pontos, 10 rebotes, 9 assistências, 3 roubos de bola, descansando apenas sete minutos. Imagino que, na próxima chance que tiver, o barbudo não vai hesitar em agredir a cesta, assim como fez durante toda a temporada. Sua frustração incontrolável na saída de quadra indica isso.

Agora é só esperar que McHale aposte nele mais uma vez.

*    *    *

Sobre o Chef Curry? Afe.

O MVP já soma 57 bolas de três pontos nestes playoffs. Precisa de apenas mais uma para igualar o recorde de Reggie Miller em 2000. Naquela ocasião, o ala do Pacers foi até a final da liga, perdendo para o Lakers de Shaq e Kobe. A dúvida que fica é se Steph vai passar dessa marca com dois ou três minutos de jogo em Houston, no sábado. O queridinho da América tem um aproveitamento de 87,5% (14-16) nos arremessos em que teve liberdade durante os mata-matas – só não confundam com lance livre. De longa distância, foram 8 em 10 tentativas sob essas condições. Quando contestado no perímetro, esse número cai para 44%  e 3-12, respectivamente.

Ah, e esta aqui não vale, ufa:


Loteria da NBA sorri para o torcedor do Lakers (e de Minnesota)
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Giancarlo Giampietro

Roda a roda! Bingo! Quem dá mais?

Parece gincana até, mas a loteria da NBA é coisa séria. Ou melhor, a liga americana conseguiu transformar até mesmo o sorteio da ordem de seu recrutamento de calouros num grande evento para TV. Um trabalho de marketing, de valorização do produto incomparável, fale a verdade. A audiência desta terça teve a maior audiência desde que a ESPN passou a transmitir a cerimônia, com um aumento de 10% em relação ao ano passado. Ajuda, claro, que Los Angeles Lakers e New York Knicks estivessem envolvidos no processo.

Para quem não viu, a ordem dos dez primeiros ficou a seguinte:

NBA Draft order, 2015

Pois é. O Minnesota Timberwolves, a pior campanha da temporada, conseguiu, hã, defender sua posição no topo da tabela, enquanto o Knicks, vice-lanterna, caiu para quarto. O Los Angeles Lakers, numa condição extremamente preocupante, poderia se ver obrigado a ceder sua escolha para o Philadelphia 76ers, caso ficasse fora do Top 5. Acabou, para alívio geral de Byron Scott, pulando para segundo. Enquanto o Philadelphia 76ers, que no final das contas não conseguiu ter nem mesmo o maior número de derrotas em seu questionado projeto, continuou em terceiro.

Alguns comentários, então, a respeito:

– Caso Flip Saunders não tente fazer nenhuma loucura, o Minnesota Timberwolves vai ter em seu elenco o número um dos últimos três Drafts. Isso jamais aconteceu na história da liga. E quem deve ser o primeiro colocado, o escolhido? A esmagadora maioria dos scouts aponta o jovem pivô Karl-Anthony Towns, de Kentucky, como o melhor prospecto. O torcedor brasileiro mais antenado vai lembrar que Towns já enfrentou a seleção brasileira vestindo a camisa da República Dominicana. É um talento formidável, mesmo, com muita versatilidade no ataque e uma presença defensiva respeitável. Tem apenas 19 anos e talvez só não esteja pronto para causar impacto imediato. Mas é visto como uma aposta segura em seu desenvolvimento. Acontece que, segundo as especulações de bastidores, entre todos os principais candidatos ao topo do Draft, o Wolves seria o único na dúvida entre Towns e o imenso Jahlil Okafor, de Duke. Saunders e seu estafe não estariam tão preocupados assim com as supostas deficiências do pivô (a falta de mobilidade ou interesse na defesa e o lance livre deficitário). Lembramos que Okafor começou a temporada por Duke como o candidato mais badalado, mesmo.

– Os dois são os favoritos a primeira e segunda escolhas. O que quer dizer que estariam dividos entre os lagos de Minnesota e os Lakers de Los Angeles.

Minneapolis_lakers_logo(…)

Sacou?

(Tu-tu-tun-tá!)

Para quem não pegou, o trocadilho vem do apelido Lakers. Não existem lagos em Los Angeles, gente. Essa foi apenas uma herança de uma franquia que saiu dos arredores da geralmente gélida Minneapolis para se basear em Hollywood, perto da praia. Uma mudança pouco estratégia, não é verdade? Aliás, a contraposição dessas duas cidades já gerou logo na noite do Draft a especulação de que os agentes dos novatos mais bem cotados possam fazer jogo duro com o Wolves, tentando empurrar seus clientes para o Lakers, que, além de qualquer fator geográfico ou climático, ainda é a segunda franquia mais vitoriosa da liga, a despeito dos fracassos recentes.

E aí? Quem está disposto a ser maltratado por Kobe?

– Só para ficar no clima piadístico ainda, talvez o fato mais comentado  que a própria definição do Wolves como o primeiro colocado – e a do Lakers, como segundo – tenha sido o de que Jahlil Okafor conseguiria segurar até 13 bolas de tênis em uma de suas mãos. Sim, mais de uma dúzia. Ver para crer:

A brincadeira aconteceu em um estúdio de gravação do Bleacher Report

A brincadeira aconteceu em um estúdio de gravação do Bleacher Report

Com a seguinte imagem, fica mais fácil de entender como é bem possível essa quantia:

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 – Sobre o Knicks: Phil Jackson não compareceu ao evento, que, talvez para os padrões vencedores do Mestre Zen, pode parecer humilhante. Os jornalistas mais combativos de Nova York, porém, relembraram o fato de Pat Riley ter subido ao palco no ano em que o Miami Heat teve a pior campanha de sua história. Fato é que, antes de tentar seduzir agentes livres para jogar ao lado de Carmelo Anthony e aceitar o sistema de triângulos, Jackson vai ter de se concentrar no Draft e caprichar na quarta escolha – ou trabalhar com o telefone sem parar para encontrar alguma proposta que lhe agrade. Seria uma bobagem o Knicks trocar o pick. Afinal, vai ter a chance de adicionar um jovem, barato e provavelmente talentoso jogador ao seu elenco. Caso queira fazer uma troca, vai ser obrigado a assimilar um salário muito provavelmente bem maior e que poderia interferir até mesmo nos planos a partir de julho. Sim, o técnico mais vencedor da liga, mas um executivo inexperiente ainda, está sob pressão, depois de uma campanha ridícula em Manhattan.

– A lista dos representantes dos clubes na loteria contou com gente como Larry Bird, Russell Westbrook, Byron Scott, Vlade Divac, Alonzo Mourning e Nerlens Noel. Cabia, então, para o Knicks um Jackson ou um Carmelo, não? Pelo menos alguém mais carismático – e que tenha muito mais responsabilidade sobre os problemas nova-iorquinos – do que o gerente geral Steve Mills. “Acho que estamos abertos a muitas coisas”, disse Mills, após a decepção do quarto lugar. “Sabemos que podemos conseguir um bom jogador nessa escolha, mas estamos abertos a conversas com os outros times e avaliar opções diferentes.”Se o Knicks mantiver seu posto no Draft, deve se dividir entre os armadores D’Angelo Russell (mais técnico, chutador, comparado a James Harden) e Emmanuel Mudiay (atlético, explosivo, no estilo de um Derrick Rose), dependendo de quem sobrar. O ala Justise Winslow, campeão por Duke, também correria por fora. Dia desses, inclusive, foi a um jogo do Yankees com Carmelo.

– Ficar em terceiro talvez tenha evitado mais dor-de-cabeça ao torcedor do Philadelphia 76ers. Sim, estamos cientes que os mais fanáticos abraçaram o projeto de Sam Hinkie com ardor, confiando naquilo que já se chama de O Processo, com caixa alta. O Processo é como se fosse uma pessoa já, sempre presente na tomada de decisão do dirigente. De qualquer forma, voltando ao ponto: a não ser que Wolves e Lakers sobrevivam, não vai passar nenhum pivô por eles, o que empurraria Philly para a seleção de Russell ou Mudiay, que cobririam a lacuna deixada por Michael Carter-Williams. Empilhar Okafor com Joel Embiid e Nerlens Noel não faria o menor sentido, ainda que o discurso seria o de que Hinkie não se importa com o entrosamento do time agora e esteja pensando no futuro.

– No final das contas, não teve nenhum susto. Do tipo: o Utah Jazz saltar da 12ª posição para a terceira. Se fosse o caso, a torcida do blog ficaria para Indiana Pacers e Oklahoma City Thunder, dois clubes que não tinham a menor intenção de participar da loteria, mas se viram forçados a entrar na roda devido a uma sucessão de graves lesões. Um novato de ponta seria uma bela recompensa. Não rolou: continua, respectivamente, em 10º e 14º. Vestido desta maneira, porém, não havia como Wess dar sorte ao seu clube:

Mais uma edição da Russell Fashion Week

Mais uma edição da Russell Fashion Week

– Uma atualização sobre Georginho e Lucas Dias: os dois estão treinando numa academia no Arizona neste momento, se preparando para um giro de treinos/testes individuais com os clubes americanos. A procura está grande, e pelo menos seis convites já foram feitos. Ambos estão listados para participar do adidas Eurocamp em Treviso, entre os dias 6 e 8 de junho. Danilo Fuzaro, que passa a ser discutido com mais frequência e aparecer nas projeções pré-Draft, também aguarda um convite para o evento, que dá exposição boa não só para os times americanos como também para grandes clubes europeus.


Derrocada do Clippers começou muito antes da virada do Rockets
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Giancarlo Giampietro

Howard segue em frente. Blake parou pelo caminho

Howard segue em frente. Blake parou pelo caminho

O Houston Rockets foi o primeiro time desde 2006 a sair vencedor de uma série depois de ficar em desvantagem por 3 a 1, tomando duas surras em Los Angeles e perdendo o primeiro jogo sem um tal de Chris Paul em quadra. O que a gente tira desse resultado?

Que foi um colapso homérico do Clippers, claro.

Mas como entender uma façanha, para os texanos, ou um vexame desses, para os californianos? Resumir a um termo até meio chulo como “amarelão” não cola. Afinal, dá para questionar a seriedade, a determinação ou força mental de um time que venceu agora há pouco o Spurs em San Antonio. Duas vezes. Por mais que tenham relaxado demais no Jogo 6, com a vitória praticamente garantida, fato é que perderam três partidas consecutivas para um rival aparentemente dominado, tendo imposto um saldo de 68 pontos nas primeiras quatro partidas.

O técnico David Thorpe, analista da ESPN e mentor de uma extensa lista de atletas da liga, entre eles o ala Corey Brewer e Kevin Martin (um atual jogador do Houston e outro ex-integrante), mandou a seguinte mensagem no Twitter após a virada improvável: “Pessoal, se vocês algum dia questionaram o quanto os executivos causam impacto em grandes times, agora já sabem. O Rockets venceu esta série na sala da diretoria”. Parece a melhor resposta, mesmo.

Banco? Qual banco?

Banco? Qual banco?

Não vamos perder tempo aqui discutindo quem é melhor em quadra: Harden, Howard, Paul, Griffin, Jordan… São todos talentos de ponta. Ambos os times fizeram campanhas excepcionais, empatados com 56 vitórias e 26 derrotas. Tudo podia acontecer na série. Em termos de técnico, o Clippers tinha uma presumida a vantagem, contando com Doc Rivers, um dos poucos campeões da liga ainda em atividade. Um excelente treinador, que comandou o ataque mais eficiente da temporada. Mas que foi sabotado pelas decisões do presidente o clube. No caso, ele próprio.

O Clippers tem a segunda folha salarial mais cara da liga e um dos quintetos iniciais mais fortes da liga, se não o mais forte. Concorre lá em cima com o time titular de Spurs, Warriors e Cavs em termos de rendimento. Mas essa galera não teve quase nenhuma ajuda durante uma maratona de temporada, que culminou com as duas séries mais desgastantes destes playoffs. O que fica mais claro, mesmo, é a diferença no projeto de ambos os clubes, prevalecendo a estrutura dos texanos, mais inquietos, ativos na liga, em detrimento de um oponente que se exauriu em quadra devido aos recursos escassos que tinha em quadra.

estatisticas-banco-clippers-doc-rivers-2015No total, durante 14 jogos da fase decisiva, ou 3.360 minutos disponíveis, os reservas do Clippers receberam apenas 926 (27,5%). E aqui estamos contando toda a carga de Austin Rivers, o jovem ala-armador que começou duas partidas como titular no lugar de um Chris Paul lesionado. Confira nas tabelas ao lado a diferença de produção dos reservas entre os quatro semifinalistas do Oeste. A segunda unidade do Clippers não lidera nenhuma categoria, mesmo com os minutos a mais abertos pela lesão muscular de seu principal armador. Se nos números totais, o time aparece com destaque, isso se deve apenas pelo fato de terem feito duas séries de sete jogos. Em médias absolutas de quatro estatísticas básicas, os substitutos não aparecem não lideram nenhuma coluna. (Os asteriscos aqui: Memphis também perdeu Mike Conley Jr. por três partidas, dando mais minutos a Beno Udrih e, principalmente, Nick Calathes, enquanto, no Rockets, estou contando Terrence Jones como o reserva, por ter encerrado o duelo passado desta maneira).

Tá certo: o Clippers, mesmo com esse plantel limitado, ficou muito perto de eliminar o Houston. Tinha uma vantagem de 19 pontos no terceiro quarto do Jogo 6, em casa. Depois de ter batido o San Antonio Spurs, os atuais campeões, a equipe que é exemplo quando o assunto é explorar todas as peças disponíveis. Justamente, não? Isso só reforça o problema. A série contra os compadres de Tim Duncan já foi muito exigente. Mas era apenas a primeira etapa.

O que levou o mesmo David Thorpe a trocar mensagens de texto com Corey Brewer durante o sétimo jogo no Staples Center, cujo conteúdo agora foi revelado. “Nós dois pensávamos que acabaria o gás do Clippers. O importante era não deixar que abrissem 3 a 0”, escreveu. Quer dizer: está aqui um técnico muito bem conectado, que já trabalhou com dezenas de atletas profissionais de alto nível e recebeu/recusou diversas propostas da liga, falando com um de seus pupilos, e os dois meio que admitindo que, tivesse a equipe californiana um banco melhor, muito provavelmente o Rockets não teria a mínima chance de evitar uma varrida. Mas não era o caso, e o Rockets conseguiu um triunfo apertado no Jogo 2 por 115 a 109 para estender um pouco mais o confronto. Deu no que deu. Na verdade, não foi um colapso, não foi súbito – e, sim, um desmoronamento gradativo.

Uma sucessão de erros
E aí vale dissecar a formação de ambos os elencos. É aqui que se escancara a diferença no projeto de ambos os clubes, prevalecendo a estrutura de Houston – tido nos bastidores da liga como “um clube grande” –, com lideranças irrequietas, em detrimento de um oponente que se exauriu em quadra devido aos recursos escassos que tinha em quadra. Algo difícil de entender considerando que a parte mais difícil já havia sido feita: quando Doc herdou o Clippers de Neil Olshey, já tinha um timaço, com as estrelas garantidas, com Paul, Griffin e Jordan sob contrato.

Dos atuais titulares, o único que chegou sob a chancela do novo manda-chuva foi JJ Redick. Um belo reforço, mas cujos desdobramentos já foram um tanto suspeitos. Para ter o ala, foi orquestrada uma troca tripla com Bucks e Suns, que custou ao clube um prodígio como Eric Bledsoe e mais uma escolha de segunda rodada do Draft. Bledsoe já não aguentava mais ser reserva de CP3 e estava prestes a virar agente livre. Precisava sair, mesmo. Mas ainda era uma excelente moeda de troca. Então não é que Redick tenha vindo de graça, numa barganha. Além disso, nessa mesma transação, o clube recebeu Jared Dudley. O ala fez uma péssima campanha inaugural em Los Angeles, é verdade, mas foi dispensado rapidamente por questão de economia, para escapar de multas pesadas em cima da folha salarial. Daí que, neste campeonato, foi um dos líderes do surpreendente Milwaukee Bucks. Para se desfazer dele, Doc pagou mais uma escolha de Draft, dessa vez de primeira rodada. Um desastre, fruto de impaciência e de um conflito de interesses quando você é o técnico e o dirigente. O treinador quer peças para agora. O dirigente precisa cuidar do que vem pela frente.

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É aí que entram as escolhas de Draft. Mercadorias importantíssimas na NBA de hoje devido ao baixo salário que os calouros recebem. É a grande chance de se contratar jogadores bons, para compor a rotação, pagando pouco. Ainda mais no caso de um Clippers que já paga US$ 48 milhões para seus três principais atletas – e espera pagar ainda mais, na hora de renovar com Jordan. Acontece que não só o técnico-presidente saiu gastando picks por aí, como também não soube aproveitar as que tinha. Em 2013, optou pelo ala Reggie Bullock – um cara vindo de North Carolina, com fama de bom chutador e defensor, o tipo de operário que se encaixaria perfeitamente no atual sistema. Depois de 658 minutos em uma temporada e meia, aos 23 anos, Bullock foi repassado para o Phoenix Suns na transação por Austin Rivers. Neste ano, foi a vez do ala CJ Wilcox, de Washington. Um senior, supostamente pronto para contribuir. Pois o cara terminou a temporada regular com 24 anos (é cinco anos mais velho que Bruno Caboclo, para se ter uma ideia) e apenas 101 minutos de tempo de quadra, em 21 jogos. Inexplicável – a não ser que a diretoria já esteja pronta para considerá-lo um fracasso, o que pegaria muito mal.

Farmar e Hawes: pareciam nomes certos, até que...

Farmar e Hawes: pareciam nomes certos, até que…

Por estar acima do teto salarial, restava a Rivers outras duas alternativas além do Draft para reforçar seu time: as exceções (midlevel e biannual) que cada franquia recebe para efetuar contratações, desde que tenha flexibilidade econômica para tal – que não tenham extrapolado qualquer limite do bom senso de acordo com as regras da liga, basicamente. Os alvos foram Spencer Hawes e Jordan Farmar. Bons nomes. Hawes foi cobiçado por muita gente no mercado, enquanto Famar tinha experiência de playoff e vinha de excelente jornada pelo vizinho Lakers. Acontece que, aí, quem falhou foi o treinador. Em nenhum momento a dupla de agentes livres se sentiu confortável, com dificuldade para mesclar suas habilidades com as do núcleo já pré-estabelecido. Com o quinto maior salário do elenco (mais de US$ 5 milhões), Hawes participou de apenas oito das 14 partidas nos mata-matas e recebeu 57 minutos. Só entrava em caso de extrema emergência, ou com o placar resolvido. Uma bomba. Farmar? Foi dispensado no meio do campeonato após desavenças com o comandante. O que não vai impedi-lo de embolsar boa parte dos US$ 4,2 milhões de seu contrato, mesmo que já esteja em ação na Turquia.

Sem muito mais dinheiro ou alternativas para investir e sem confiar nos atletas mais jovens, restou a Rivers apelar a veteranos para compor seu elenco de apoio. Caras de salário mínimo, que estivessem sobrando no mercado. Acontece que, neste campeonato especificamente, não pintou nenhum PJ Brown ou Sam Cassell no mercado. Vieram nessa, então, Glen Davis, Hedo Turkoglu, Epke Udoh, Chris Douglas-Roberts, Nate Robinson, Lester Hudson, Jordan Hamilton e Danthay Jones. Só Big Bagy e o truco (pasme! já é um ex-jogador em atividade) foram aproveitados na rotação – o que é surreal da par. CDR saiu junto de Bullock. Robinson estava contundido e deu lugar a Hudson. Jones carregou o Gatorade, enquanto Hamilton, que vinha bem na D-League, teve o azar de sofrer uma lesão. Em suma: nada deu certo.

Do outro lado, o Rockets
Vocês sabiam que o finalista do este custa US$ 13 milhões a menos que o time que acabou de eliminar, mesmo contando com dois superastros e com um elenco capaz de suprir as lesões de seu armador titular e de um pivô lituano em franca evolução? Pois então. Para montar este grande time, o gerente geral Daryl Morey precisou mover mundos e fundos. Não foi uma herança.

Padrinho da comunidade nerd da NBA, Morey manipulou sua folha salarial com visão de longo prazo, sabendo também dosar agressividade e paciência, números e scout. Ao mesmo tempo. Cansado de ver um time medíocre morrer na praia, seja numa primeira rodada de playoff, ou mesmo já na temporada regular devido a uma forte concorrência no Oeste, o dirigente se envolveu em uma série de negociações disposto a acumular jogadores de potencial e relativamente baratos, além de ter acertado a mão na maioria de suas escolhas de Draft. O elenco seguia competitivo – para não desagradar ao departamento financeiro e torcedores –, ao mesmo tempo que se posicionava para uma eventual troca de impacto. Foi quando Sam Presti topou uma oferta hoje risível por James Harden (Kevin Martin, Steven Adams, Jeremy Lamb e Mitch McGary, mais os direitos sobre o ala Alejandro Abrines, do Barcelona).

Morey batalhou os telefones para ter Harden em Houston

Morey batalhou os telefones para ter Harden em Houston

Com o Sr. Barba no elenco, ficou mais fácil de convencer Dwight Howard a virar as costas para o Lakers no mercado de agentes livres. Não dá para subestimar um movimento desses – qual foi o último craque a largar Hollywood desta maneira? Kobe pode ter dado uma boa força ao empurrar o pivô para fora de sua franquia, mas o fato é que o clube texano estava muito bem posicionado, técnica e financeiramente, para fechar o negócio.

E o que mais? Trevor Ariza veio praticamente pela metade do preço de Chandler Parsons, num negócio da China, de deixar Yao Ming todo pimpão. O ala campeão pelo Lakers em 2009 não só marca muito mais, como tem um estilo de jogo que casa melhor com Harden e Howard, dois jogadores que controlam a bola no ataque. Jason Terry e Pablo Prigioni chegaram em trocas periféricas, pouco discutidas, mas que hoje se mostram importantíssimas depois da lesão de Patrick Beverley (que veio, lembrem-se, do basquete russo, para vaga que um dia pertenceu a Scott Machado). Corey Brewer custou uns rocados, Troy Daniels e duas escolhas de segunda rodada de Draft, com restrições. Terrence Jones foi draftado, assim como o caçula Clint Capela, de apenas 20 anos e jogando minutos importantes contra o Mavs na primeira rodada. O suíço, o ala-armador Nick Johnson e o ala KJ McDaniels podem render para o futuro, ou serem envolvidos em futuras trocas. De negócios por ora mal-sucedidos, temos Kostas Papanikolau, ala da seleção grega e titular do Barça que não rendeu o esperado, e Joey Dorsey, alguém até decente para ter como o quinto na rotação de grandalhões – mas cujo contrato custou ao time o novato Tarik Black, outro achado no mercado do departamento de scouts. Ah, claro, e o Josh Smith: de graça e compadre de Dwight Howard. Valeu, Stan.

Não quer dizer que Houston também não erre feio. Pagou US$ 9,2 milhões em salários de jogadores que nem foram utilizados durante a temporada: Luis Scola (ainda!), Francisco Garcia, Jeff Adrien e Francisco Garcia. A maior bolada pertence a Scola, superior a US$ 6 milhões, no último ano de um contrato anistiado por Morey em 2012. Agora, se o dono Les Alexander libera sua diretoria para assinar cheques sem pestanejar, esse prejuízo deve ser relativizado. Além disso, o simples fato de o cartola ter se desfeito dessa para montar um elenco que julgava melhor já dispensa o uso de um eletroencefalograma. Se há algo que não se pode reclamar em relação ao gerente geral, é de esmorecimento ou passividade. Morey ouviu um não de Chris Bosh, contratou e trocou Jeremy Lin. Cedeu Kyle Lowry ao Toronto. Não fechou com Goran Dragic quando o preço era mais baixo. Mas fechou tantos, mas tantos negócios bons que chegou uma hora em que o zum-zum-zum nos corredores da liga era o de que seus pares se sentiam intimidados na hora de negociar com ele. Temiam tomar uma rasteira, sem nem perceber o que estava acontecendo.

Em Los Angeles, Doc já não tem nem muito o que discutir com a concorrência.  A não ser que esteja disposto a falar sobre Chris Paul e Blake Griffin. Ou isso, ou está de mãos atadas, num momento em que o que deveria predominar seria a tensão, suplantando a decepção por essa derrota histórica. DeAndre Jordan vai para o mercado de agentes livres em alta, despertando o interesse de muitos clubes. Se perder o pivô, vai fazer o quê? Sua folha salarial já está estourada. Aí teria de resgatar Spencer Hawes. Um jogador com o qual falharam ambos: técnico e dirigente.


Paul Pierce venceu os playoffs. Agora não sabe se continua
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Giancarlo Giampietro

Paul Pierce, Wizards, Playoffs, clutch

Já temos as duas finais de conferência definidas com Golden State Warriors x Houston Rockets e Atlanta Hawks x Cleveland Cavaliers, com os dois primeiros cabeças-de-chave de ambos os lados ainda no páreo, algo que não acontece desde… Desde… O ano passado. Ufa, nem precisou pesquisar tanto assim. De todo modo, ainda vamos falar sobre o Paul Pierce, tá? O cara que venceu estes playoffs da NBA. E que agora vai passar por alguns dias, ou talvez algumas semanas de indecisão, sobre aquele tema que atormenta qualquer jogador: é a hora de parar?

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“Eu nem sei se vou conseguir jogar mais basquete”, afirmou, nos vestiários do Verizon Center em Washington, após a dolorida e derradeira derrota para o Atlanta Hawks, na sexta-feira. Aquele jogo em que ele até acertou um arremesso (supostamente) decisivo, que levaria a partida para a prorrogação. DeMarre Carroll inicialmente mal poderia acreditar, até respirar aliviado. “O John Wall entregou na mão dele, e eu o perseguia. Quando girei e vi Paul Pierce arremessando a bola, estava prestes a chorar. Pensei: ‘De novo não’. Ela caiu, mas os deus do basquete estavam ao nosso lado. Eles nos permitiram passar por essa”. O ala do Hawks, claro, tinha em mente a cesta matadora do Jogo 3, dessa vez sem dúvida alguma sobre sua validade. Aquela que levou Pierce a dar uma declaração já célebre. Dias depois, porém, não haveria bravata, ao ser informado que a bola havia saído atrasada de sua mão direita por qualquer coisa de um ou dois décimos de segundo. Não valeu, e o recurso tecnológico está aí para isso.

Não foi a única cesta do veterano que parecia encaminhar o Wizards à final do Leste, para depois ser revertida. No Jogo 5, ele matou uma bola de três pontos, da mesma zona morta, a 8s3 do fim, para colocar seu time acima no placar, 81 a 80. Na posse de bola seguida, no entanto, o Hawks conseguiu a virada com uma jogada excepcional de Al Horford na coleta do rebote e a cravada. (Aqui, teve de engolir um tremendo de um sapo. No momento em que acertou seu chute, estava ao lado do banco adversário. Gritou para todos ouvirem: “Acabou a série”. Não foi bem assim.)


Mesmo um jogador com a personalidade e rodagem de Pierce sente o baque após duas frustrações seguidas dessa. Ele achou que havia feito sua parte, mas não foi o suficiente. Saiu de quadra emocionado na eliminação, o que durou até a hora das entrevistas. Uma cena bastante incomum de se presenciar quando o assunto é Paul Pierce. E aí, quando começou a falar, tudo fez sentido. Saiu este baita depoimento:

“Honestamente, o que passava por minha cabeça é que eu não tenho muitos jogos desses mais sobrando. Talvez não tenha mais nenhum, mesmo. Essas caminhadas durante uma temporada regular de NBA, durante os playoffs são muito emotivas. Ela exige muito não só de seu corpo, mas de sua mente, de seu espírito. Afeta não só você, mas as pessoas ao seu redor. Em dias como esse, você vai para casa, está com sua família, mas não sente vontade de falar com eles, nem de fazer nada devido ao que o jogo causa. Derruba você. Você vai para casa, e foi um dia ruim. É duro. As pessoas acham que você apenas joga basquete e vai para casa, e está com corpo dolorido. Não é isso. Mentalmente e as pessoas ao seu redor: é isso que afeta. Sei que vou para casa e não vou ter o que falar com minha mulher ou minha mãe. Provavelmente só posso ficar com minhas crianças agora. Elas me trazem alegria. Na hora de parar, provavelmente vai ser a coisa mais difícil que terei de fazer. De abandonar o jogo. Mas sei que vai acontecer um dia. Só nunca vou me arrepender de nada, e tanto faz se eu pendurar o tênis agora ou mais tarde. Sei que as pessoas que estiveram comigo durante todos esses anos sabem que o Paul Pierce compareceu todos os dias e deu tudo o que tinha todos os dias. Sei que fiz tudo o que podia na quadra.”

Depois de falar tanto a respeito de um tema tão doloroso, não haveria muito o que se conversar em casa, mesmo. Não se trata de um tom negativista decorrente das três derrotas seguidas para Atlanta e da anulação de algumas cestas que julgava salvadoras. É simplesmente o processamento de uma ideia que seria natural para um atleta de 37 anos: a de que o fim está próximo. Natural, mas que não significa que seja fácil. E aí vem a melancolia nas palavras do craque. Ele produziu ainda, ele teve seus grandes momentos, como quando desestabilizou o Toronto Raptors primeiro com os comentários no jornal, para depois esmagar corações de uma torcida fanática no ginásio. Muito legal. Realizador. Mas será que foi a última vez? Para alguém de sua grandeza – estamos falando de um dos maiores nomes da história do Boston Celtics, o que não é pouco –, vale a pena iniciar mais uma caminhada se não for para ser relevante esportivamente?

Há casos como o de Robert Parish, outro pilar do Celtics, que conseguiu, topou ir bem mais longe em sua carreira, e nem dá para ignorar o aspecto econômico de algumas decisões como essa, considerando a discrepância salarial entre a NBA da década de 80 e a de 90. Aos 43 anos, todavia, Parish ganhou seu quarto título, então pelo Chicago Bulls. A diferença é que o pivô, a essa altura, era muito mais um assistente técnico do que jogador, tendo participado de apenas duas partidas em todo o campeonato. Pergunte a Randy Wittman, e ele vai atestar na hora a importância do veterano ala nesse sentido. “Caras que são de Hall da Fama como ele nunca param de te maravilhar. Ele foi uma grande influência para nós este ano. Não apenas pelo que ele fez em quadra, mas por sua liderança e direção que nos deu no vestiário. Isso é algo que você não ensina. É algo que ou você tem, ou não tem. Ele fez tudo por nós nessas duas séries. Seguimos ele”, disse o técnico do Wizards.

Do seu lado, o treinador confia que terá Pierce ao lado de John Wall por mais uma temporada, a segunda de seu contrato. “Eu adoraria. Ficaria surpreso se ele não voltasse. Claro, não quero colocar palavras na boca dele, mas acho que ele pôde ver os caras de nosso time e o coração que essa equipe tem. Por que você não gostaria de encerrar sua carreira com um grupo desses?”, questionou.

Querer, obviamente PP quer. O difícil é saber simplesmente se dá para jogar. Ao anular sua cesta no estouro do cronômetro, a arbitragem decretou que estes seriam os seus números na última partida contra o Hawks: 4 pontos, 4 faltas e 1-7 nos arremessos. Do outro lado, DeMarre Carroll e Paul Millsap, os oponentes que ele teoricamente deveria vigiar, somaram 45 pontos. Pierce é daquele tipo orgulhoso, que está atento ao que os outros pensam, mas que provavelmente liga muito mais para a sua própria percepção das coisas.

No momento, está nessa fase autoavaliação. Ao lado de Kobe, Manu, Duncan, Dirk, Gasol… Um grupo de lendas vivas, devotas ao basquete, perto do fim – ou distante do auge atlético. Uns estão muito mais para lá do que para cá, outros ainda rendem em alto nível. Uns falando bastante a respeito, outros em reclusão. E nós aqui, aguardando uma decisão. Pedindo mais, mas igualmente aflitos por eles.

Paul Pierce: uma verdade difícil de se contrariar na hora da decisão

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Real acaba com jejum na Euroliga e consagra Nocioni
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Giancarlo Giampietro

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O Chapu primeiro jogou como um garoto. Depois, comemorou muito e chorou

“Basquete não é só arremessar, passar, driblar… Basquete também é ter coração. E ele tem um coração enorme.”

Em quadra, fazendo de tudo para conter as lágrimas, com tanto o que desabafar, foi com essa frase que o técnico Pablo Laso explicou a importância de Andrés Nocioni para a conquista do título da Euroliga pelo Real Madrid, a tão aguardada novena do clube, com vitória por 78 a 59 sobre o Olympiakos. A nona taça continental, aumentando sua distância para os demais concorrentes, como o maior campeão da competição. Foi uma definição perfeita para resumir o que havia acabado de testemunhar na cabine do Sports+, ao lado dos companheiros Maurício Bonato e Ricardo Bulgarelli.

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O Chapu foi para a quadra tanto na semifinal como na revanche deste domingo, com intensidade e garra absurdas, fazendo coisas que parecem impossíveis para alguém que beira os 36 anos. A correria desenfreada na transição defensiva, alguns atropelos rumo ao rebote e um par de tocos em que alcançava a bola no segundo andar. Quem poderia dizer que ainda tinha essa energia toda dentro de si? Ele estava por todos os lados, parecendo o ala de 11 temporadas atrás, quando escoltava Manu Ginóbili e Luis Scola rumo ao ouro olímpico em Atenas. Foi como se realmente tivesse voltado no tempo e recuperado uma energia de garoto. Ele realmente queria o título continental. Não só o garantiu, como também acrescentou ao seu currículo o título de MVP do Final Four.

“Você se sente satisfeito porque há muitas e muitas horas de trabalho para chegar a esse ponto, com muita dor no joelho, dor no no tornozelo, todos os dias, e tudo por isso, para uma conquista dessas”, afirmou o argentino, que terminou a etapa decisiva da Euroliga com médias de 12,0 pontos, 6,5 rebotes, 1,5 assistência e 1,5 toco. Números modestos, não? Que de modo algum vão quantificar o impacto que o veterano teve em quadra pelo Real, saindo do banco. “Ele é um veterano, mas ao mesmo tempo nos demonstrou ser jovem”, diz Rudy Fernández. “Essa força que tem na quadra nos deixa todos mais confiantes. Acontece logo de cara, quando vemos que o Chapu está jogando bem.”

O que nos remete a seus primeiros dias como jogador merengue, tendo chegado para simplesmente cobrir a saída de um craque como Nikola Mirotic, aquele que, taticamente, era o grande diferencial da equipe – um ala-pivô com habilidade para produzir dentro e fora, muito mais ágil e talentoso que a maioria dos atletas com quem duelava na Europa, talento que a NBA pôde admirar em seu primeiro ano de Chicago Bulls. Muitos, aliás, poderiam estranhar a opção por sua contratação. Afinal, era um perfil totalmente diferente. E que, por melhor que estivesse jogando pelo Baskonia, já está em reta final de carreira, torcendo para que não fosse a campanha em que, após anos e anos de batalha, estivesse quebrado. O argentino simplesmente dizia: não vou me equiparar a Mirotic em técnica, mesmo, mas talvez possa oferecer combatividade, aspereza e fibra ao time. Depois da festa no vestiário, confirmou a tese aos jornalistas presentes: “Foi para isso que vim aqui”.

É, pois é.

Georgios Printezis, também um leão ao seu modo, Brent Petway, Bryant Dunston, Othello Hunter… A linha de frente toda do Olympiakos pôde ver o quão combativo o Chapu ainda pode ser, entregando tudo o que tinha em quadra por um título inédito em seu currículo. Um troféu que Manu Ginóbili conquistou antes de se mudar para San Antonio, mas que Luis Scola não tem em sua coleção. Essa dupla vai ser sempre a referência quando formos pensar da geração dourada argentina, não tem jeito. São os craques da técnica, da definição dos pontos. O título da Euroliga e um raro prêmio individual, porém, vêm numa ótima hora, no ocaso de sua carreira, para se elevar o status de Nocioni – ele também é um craque ao seu modo, um craque de coração.

Algumas fotos da comemoração do argentino, com certa indiscrição:

Via Twitter do tampinha Facundo Campazzo. A legenda do armador falava alguma coisa sobre... Huevos

Via Twitter do tampinha Facundo Campazzo. A legenda do armador falava alguma coisa sobre… Huevos

Campazzo, de novo. Depois, Nocioni lembraria um selinho em Leo Gutiérrez durante a conquista do ouro olímpico em Atenas e brincaria: meu primeiro e meu segundo amor. Campazzo não jogou a final, mas foi listado pelo técnico Pablo Laso para a partida. É campeão da Euroliga.

Campazzo, de novo. Depois, Nocioni lembraria um selinho em Leo Gutiérrez durante a conquista do ouro olímpico em Atenas e brincaria: meu primeiro e meu segundo amor. Campazzo não jogou a final, mas foi listado pelo técnico Pablo Laso para a partida. É campeão da Euroliga.

Sai ovacionado de quadra. A galera toda gritando "Chapu". Até o Rei Felipe nessa : )

Sai ovacionado de quadra. A galera toda gritando “Chapu”. Até o Rei Felipe nessa : )

O selfie básico

O selfie básico

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Se um grande campeão precisa passar por grandes provações, testes, o Real Madrid  seguiu o script à risca. O time havia batido na trave nas últimas duas finais, entrando para a decisão sempre como favorito. A gestão Florentino Pérez deu atenção especial ao departamento de basquete e liberou os cofres para fazer grandes contratações. O elenco deste ano conta com nove atletas que jogaram a última Copa do Mundo e mais dois americanos de ponta no mercado europeu. Uma versão dos galácticos, por assim dizer. Tudo para acabar com o jejum de títulos europeus, que durava desde 1995. Com dois fiascos seguidos, imagine a pressão para cima de Pablo Laso, não importando o nível de basquete apresentado durante a temporada regular. Na campanha passada, houve um momento que sua equipe era, para mim, a melhor do mundo. Um estilo vistoso demais e avassalador em sua execução. De nada adiantava. Muita gente queria sua cabeça em meados de junho, julho. Pois o técnico sobreviveu e foi premiado com o título. Mesmo que não estivessem mais encantando como antes, foi algo justo. Não é lá muito fácil concordar com um ala enjoado como Rudy Fernández, mas ele tem razão ao dizer: “O basquete nos devia algo assim. Obrigado a todos que confiaram em nós”.

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Se houvesse como dar um prêmio de Co-MVP, ele deveria ser entregue a Jaycee Caroll. Aliás, os estrangeiros todos do Real roubaram a cena em Madri, para aliviar a barra das estrelas e queridinhos nacionais. Sergio Llull foi muito bem nesta decisão (com 12 pontos, 4 assistências e ótima defesa para cima de Spanoulis), mas Rudy Fernández, Sérgio Rodríguez e, principalmente, o capitão Felipe Reyes estiveram muito abaixo do esperado, visivelmente tocados pela pressão da final em casa. Carroll já parecia jogar um rachão, colocando em prática seu arremesso indefectível. Tem aquela munheca que lança a bola com um tanta rotação que, quando há um contato com a rede, parece que ela vai se enganchar, ou causar tanta fricção que poderia gerar fumaça. No terceiro período, quando o Olympiakos ensaiava mais uma de suas marchas assustadoras para virar o placar, esse gatilho anotou 11 de pontos em sequência, com direito a três bolas de fora, para apaziguar um pouco os ânimos madridistas. No final, foram 16 pontos em 20 minutos, com 80% no perímetro, além de também ter ajudado na contenção de Spanoulis. Vejam só:

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Foi um domingo de conquista dupla para o Real. De manhã, seus garotos faturaram o Adidas Next Generation Tournament, a versão juvenil da Euroliga, derrotando o Estrela Vermelha por 73 a 70 na decisão. A sensação eslovena Luka Doncic ganhou o prêmio de melhor jogador do evento, com médias de 12,3 pontos, 8,0 rebotes, 5,0 assistências e 1,3 roubo de bola, em 9 partidas. Ele só tem 16 anos. O torneio era sub-18. Quem também é mais jovem que a maioria dos concorrentes e comemorou ao lado de Doncic? O paulistano Felipe da Gama, pivô de 2,18 m e apenas 17 anos. Um projeto de longo prazo, mas de ótimo potencial, o único brasileiro presente em quadra nesse final de semana festivo na Europa.


A lenda de Spanoulis só cresce e agora desafia o Real Madrid
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Giancarlo Giampietro

Ele de novo

Ele de novo

Primeiro foi uma exibição assustadora de um jogador. Depois, entrou em quadra um timaço para definir a final da Euroliga 2014-2015.

Na abertura do Final Four em Madri, Vassilis Spanoulis voltou a torturar o CSKA, com todos os seus craques, torcedores plácidos e dirigentes cheios de careta nos primeiros assentos ao lado da quadra. O Olympiakos alcança sua terceira deicão em quatro temporadas, em busca do terceiro título. Agora, terão pela frente mais um oponente que sonha com a revanche: o time da casa, o Real, que destroçou o Fenerbahçe pela segunda semifinal.

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Lembrando: o clube grego foi bicampeão em 2012 e 2013 com viradas no último jogo para cima de CSKA e Real, respectivamente. Enquanto tiver sob a liderança de Spanoulis, os caras vão chegar.

O que o camisa 7 fez nesta sexta foi algo meio indescritível. Estava comentando a partida no Sports+, ao lado do chapa Rafael Spinelli, e houve uma hora em que fiquei simplesmente sem palavras. Para um analista, ao vivo na TV, parece o fim da picada, né? Mas é que sua exibição foi tão impressionante que por vezes que era de deixar qualquer um perplexo, mesmo. Veja o Luigi Datome, por exemplo:

(Não sei nem o que escrever para descrever Spanoulis. Lenda? História? Ou apenas Spanoulis? Estou totalmente chocado.)

Estamos todos, Gigi. Veja a reação de uma galera, entre atletas de NBA e Euroliga, frente ao que o craque grego fazia.   E foi o quê exatamente? Se você pega a linha estatística final da partida, vitória por 70 a 68, vai ver um atleta com 13 pontos e péssimo aproveitamento de 4-15 (26,6%) nos arremessos de quadra, em 32 minutos. Mais turnovers (quatro) do que assistências, tendo levado três tocos também durante a jornada.Vem cá: o que tem de especial nisso?  

Pois é. Mais uma vez percebe-se como é perigoso espiar uma linha estatística e avaliar que fulano tenha “brilhado”, “dado show” ou “ido mal”. Com esse rendimento numérico ridículo, Spanoulis foi ainda o cara da partida. Depois de errar seus primeiros 11 arremessos de quadra e só converter dois pontos no primeiro tempo na linha de lance livre, de passar em branco no terceiro período, ele voltou para a quadra com seis minutos restando no cronômetro e… Pumba.

   

Por 26 minutos, ele não conseguia fazer nada. De repente, decidiu que era a hora da matança. Fez, então, 11 pontos, seus seus últimos quatro arremessos no jogo, incluindo três arremessos de longa distância, para elevar a contagem do Olympiakos de 54 a 69, com a ajuda de quatro pontinho de Kostas Sloukas. O CSKA vencia por nove pontos a três minutos do fim e novamente entrou em colapso. O que leva um sujeito a ser tão confiante assim? 

O ala-armador francês Nando De Colo, que havia feito um excelente primeiro tempo, acabou descadeirado pelo veterano. É um grande jogador, mas falou um pouco mais do que devia em quadra e tomou a resposta mais dolorida: a de que ainda precisa crescer muito para se colocar num patamar de astro europeu. Foi o mesmo tipo de postura que o tirou de San Antonio, sem aceitar muito bem os minutos limitados com Gregg Popovich e que ainda não se justifica, tendo em base o que faz em quadra. Não há dúvida de que tenha muito talento, mas ainda lhe falta tarimba. Começou a forçar arremessos, cochilou demais na defesa e, ainda assim, foi mantido como referência ofensiva por parte de Dimitris Itoudis. O técnico grego, que fez uma primeira Euroliga formidável,  se atrapalhou em sua rotação nos momentos decisivos, promovendo diversas substituições. Não encontrou resposta para o camisa 7 alvirrubro.

Ele já havia sido eleito pelos dirigentes da Euroliga como o atleta mais temido na hora de partir para uma bola decisiva. Lá foi ele de novo, então. A lenda de Spanoulis só cresce. O Emanuel também está tentando digerir tudo isso:

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Ayón guardou o melhor para o fim: exibição completa contra o Fenerbahçe

Ayón guardou o melhor para o fim: exibição completa contra o Fenerbahçe

É essa a figura que vai desafiar o Real Madrid novamente. Os anfitriões venceram o Fenerbahçe, de Zeljko Obradovic, por 96 a 87. O placar conta só um pouco do que foi a partida. O primeiro tempo dos vencedores foi um primor, com 20 pontos de vantagem abertos (55 a 35), 18 assistências, oito bolas de três pontos convertidas e nenhum turnover. Zero. Uma aula ofensiva. Pareceu o Real da temporada passada, com um jogo vistoso, ainda com Nikola Mirotic na formação titular, correndo a quadra com criatividade, velocidade e inteligência – as três podem ser unidas, acreditem. Juntos, os Sergios, Rodríguez e Lllull, tiveram 25 pontos e 16 assistências, contra apenas dois desperdícios de posse de bola.

A surpresa foi ver Gustavo Ayón absolutamente dominar o garrafão. Não por que haja o que duvidar sobre as qualidades do mexicano, mas mais pelo fato de que a expectativa era a de que tivesse uma batalha com os excelentes pivôs  do clube turco. Ayón somou 19 pontos, 7 rebotes, 6 assistências e três roubos de bola. Além disso, converteu 8 de 11 arremessos de quadra, saindo excluído com cinco faltas. Ele contou com a ajuda de 12 pontos, 6 rebotes e muita luta por parte de Andrés Nocioni.

Na busca incessante pela novena, a nona taça continental no basquete, o gigante espanhol só não pode se empolgar tanto. “Não ganhamos nada ainda”, afirma Llull, que sabe que seu time vai ter de apagar um trauma de duas decisões perdidas por virada, a primeira contra o próprio Olympiakos. Revisar esse e outro episódio de seu passado recente pode ajudar o time do técnico Pablo Laso a se preparar da forma apropriada para a decisão. Não custa lembrar que, em 2014, no Final Four de Milão, o Real massacrou o Barcelona por 100 a 62 e acabou derrotado pelo Maccabi na final. Um clube de prestígio incontestável na Europa, mas que era um azarão na ocasião. Agora vão enfrentar um Olympiakos cheio de orgulho também. E com aquele matador. Sérgio Rodríguez sabe o que precisa ser feito: “Temos de tentar limitar Spanoulis”. Mas como lidar com uma lenda?


Dia de Final Four pela Euroliga: perspectivas para as semis
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Giancarlo Giampietro

O centro da quadra no Palácio dos Esportes em Madri

O centro da quadra no Palácio dos Esportes em Madri

O Final Four da Euroliga tem largada nesta sexta-feira. O Real Madrid é o anfitrião, tendo Fenerbahçe, CSKA e Olympiakos como seus concorrentes na fase decisiva do campeonato europeu de clubes. Pelas semifinais, o clube merengue vai encarar o estreante Fener. Do outro lado, os moscovitas tentam se livrar da fama recente de fregueses de Vassilis Spanoulis.  Os vencedores se cruzam na final domingo. O que está em jogo nesses confrontos?

Bem… Fora o título?

(…)

Toin-oin-oin-oiiiiim.

Isso, fora o título. A ideia aqui é apresentar o contexto em torno de cada um desses pretendentes, o que cada um vai levar para a quadra, em termos de trunfos (são muitos, afinal foram os times que sobreviveram a uma dura linha de corte, acima de 28 adversários) e possíveis limitações (mantendo a lógica, poucas). É impossível apontar um favorito. Concordo absolutamente com o CEO da liga, Jordi Bertomeu: é 25% para cada um. Ou talvez 26% para o Real e 23,3% para os demais, nas contas de Andrei Kirilenko, o craque do CSKA que anunciou que vai se despedir das quadras ao final da temporada. “As chances no Final Four são basicamente iguais para os quatro times. Não posso dizer que um time seja completamente melhor que o outro, diferentemente do ano passado, quando o Maccabi parecia correr por fora. Talvez o Real Madrid ganhe 1% a mais de chance que o resto por estarem em casa, mas acho que cada equipe que chegou aqui mereceu isso, e vão ser dois duelos muito interessantes para os torcedores”, diz o russo.

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Simbora:

Real Madrid

Real, pela nona taça. Agora vai?

Real, pela nona taça. Agora vai?

O que joga a favor: joga em casa… tem dois armadores fantásticos que se chamam Sergio, dinâmicos, agressivos, que se complementam muito bem e são um terror em transição – o elenco todo é formidável, mas a chave para o sucesso recente do Real passa por essa dupla, que oferece tanto no ataque (chute, infiltração, passe) e na defesa (pressão em cima da bola o tempo todo)…  O estilo de Rodríguez e Llull se encaixa perfeitamente com o de Rudy Fernández, ala atlético, talentoso e conhecido por sua capacidade de improvisar em momentos mais apertados, desde que 100% bem fisicamente, tendo sofrido uma torção no tornozelo em 30 de abril. “Não vou falar sobre minha lesão, pois me sinto bem”, disse… A liderança de Felipe Reyes, que realizou sua melhor temporada em muito tempo, com muita consistência e produção elevada em minutos controlados… O espírito combativo de Andrés Nocioni… O pacote multiuso de Gustavo Ayón… Muitas opções no banco de reservas.

O que estaria contra? Hã… jogar em casa? Sacumé, né? Jogar em casa coloca sua torcida ao seu lado, mas sempre vai levantar o receio de que não se pode decepcioná-la. No caso dos merengues especificamente, a tensão é muito maior pelo fato de o time ter perdido as últimas duas decisões, e de virada. Para os que acompanham o futebol tão bem como basquete, vão se lembrar de toda a expectativa que cercava a decisão da Champions League passada, contra o Atlético de Madrid. Toda a expectativa pela décima. Pois no basquete temos um cenário parecido, a busca pela novena, com hashtag #APorLaNovena, e tudo – o Real é o clube que mais venceu a Euroliga, mas não levanta a taça desde 1995. “Todo mundo nos está pedindo para ganhar o Final Four. Jogamos em cas, perdemos as últimas duas finais”, afirma o capitão Felipe Reyes. O veterano pivô ainda citou o fato de os rapazes do futebol terem caído frente a Juventus pelas semis da Champions como um fator a mais de pressão.

Fenerbahçe

O Fener de Bogdan-Bogdan silenciou os campeões do Maccabi nas quartas

O Fener de Bogdan-Bogdan silenciou os campeões do Maccabi nas quartas

O que joga a favor: Zeljko Obradovic, sem dúvida nenhuma. O sérvio busca sua própria novena, e por um quinto clube. Um dos times que guiou rumo ao título roi justamente o Real. Sabe quando? Sí, sí: em 1995. Será que seus jogadores e os torcedores do Fener confiam no seu poder de liderança e conhecimentos do riscado? Com a palavra, o ala-armador Bogdan Bogdanovic, seu jovem compatriota: “O técnico deixa tudo mais fácil para que possamos nos concentrar no jogo. Ele deixa tudo mais fácil”… Aliás, ‘Zoc’ estava totalmente à vontade na coletiva de apresentação do F4 nesta quinta, transformando o evento numa apresentação só sua de standup comedy. Quando soube que Nemanja Bjelica foi eleito o MVP da temporada, tirou uma com seu craque. “Nemanja pode jogar em qualquer posição, fazer qualquer coisa em quadra… Então, Nemanja, prove isso para mim na semifinal”, exclamou, dando aquele tapinha no ombro do compatriota. Sobre o Real de Pablo Laso? “O time gosta de correr, jogadas individuais, isoladas, marcação box com um, pressão quadra toda…. Mais alguma coisa, Pablo?”, sorriu para o adversário e ex-pupilo, um dos campeões de 95. Depois, falou mais sério e com toda a confiança da Sérvia: “Vi quase todas as partidas do Real Madrid nesta temporada: estamos preparados para enfrentá-los”…. Obradovic também tem ao seu dispor um elenco caríssimo e ainda mais versátil que o do oponente, com alas-pivôs (muito) altos, (muito) ágeis e (consideravelmente) habilidosos… Entre eles o MVP Bjelica… O Fener enfim conseguiu reunir suas peças estreladas num só time, crescendo muito durante a competição até varrer o Maccabi Tel Aviv pelas quartas de final, algo dificílimo de se fazer.

O que joga contra? Claro que qualquer um dos times que entram em quadra neste final de semana estarão pressionados. Mas, se fosse fazer um ranking, colocaria o Fener em segundo, a despeito dos traumas do CSKA (mais abaixo). Pois nenhum time turco jamais conquistou a Euroliga, e o investimento do país na modalidade tem sido dos maiores, se não o maior da Europa. A competição é patrocinada pela Turkish Airlines, por exemplo. E mais: o quanto Obradovic teria de paciência para seguir com o projeto adiante no caso de uma derrota neste ano? Não é fácil alcançar essa fase… O Fener tenta levantar o caneco, mas só terá dois jogadores em seu elenco com experiência nesse tipo de situaçao: Nikos Zisis e Jan Vesely. O quanto a cancha de um treinador pode compensar a sensação de novidade para seus atletas? Não que seja um elenco jovem. Mas um clima de F4 é outra história… A rotação de armadores ficou enfraquecida depois da lesão de Ricky Hickman, justamente um cara que foi campeão pelo Maccabi no ano passado.

CSKA Moscou

Kirilenko, perto do fim

Kirilenko, perto do fim

O que joga a favor: a melhor campanha de todo o campeonato, com 25 vitórias e apenas três derrotas, tendo engatado inclusive uma sequência de 15 triunfos consecutivos… Dimitris Itoudis pode ser um treinador principal estreante num Final Four, mas conquistou cinco títulos de Euroliga sendo o braço direito de Obradovic no Panathinaikos… Andrei Kirilenko está em ótima forma física, uma notícia excepcional para o basquete como um todo, que já o tinha como um ex-jogador em atividade devido a tantos problemas físicos que teve em sua curta passagem pelo Brooklyn… E é um AK-47 motivado, já decidido a se aposentar ao final do campeonato, buscando um troféu inédito para seu grande currículo. “Ele se uniu ao time pefeitamente. É surpreendente o quão bem está jogando. É a peça que nos faltava para ganhar o Final Four. Ele merece uma Euroliga”, afirma o armador Aaron Jackson… O fato de o americano Jackson ser o terceiro armador na rotação de Itoudis também nos diz muito sobre o poderio deste elenco. Só mesmo um par Milos Teodosic/Nando De Colo para rivalizar com os Sérgios do Real. Ou até mesmo superá-los: nesta temporada, o sérvio foi eleito para o quinteto ideal, enquanto o francês descolou uma vaga na segunda equipe.

O que joga contra? As recentes decepções. Com seu orçamento invejável e um time sempre fortíssimo em quadra, o CSKA convive com um jejum de títulos desde 2008, com um troféu conquistado justamente em Madri. Desde então, só ficou fora do F4 em 2011, tendo sido vice-campeão em 2009 e 2012 e caído nas semis em 2010 e nos últimos dois anos. O revés mais dolorido sem dúvida foi contra o Olympiakos na final de 2012, com cesta de Georgios Printezis a 0s7 do fim… E eles voltam a enfrentar o Olympikaos nesta sexta, tendo de superar esse trauma psicológico agravado pela surra que tomaram do clube grego na semi de 2013… Agora, por que eles não estariam mais pressionados que o Fener, então? Simplesmente pelo fato de o clube moscovita ser gigante demais no mercado europeu, como presença constante na briga pelo título e também pelo fato de ter uma torcida bem… Morna – e, de certa forma, mimada. O Palacio de Deportes de la Comunidad de Madrid (ou Barclay Card Center, desde julho de 2014…) vai bombar, e é provável que não se ouça nenhum pio dos russos nas arquibancadas, esmagados que serão pelos torcedores gregos. A cobrança vem muio mais de uma diretoria cheia de pompa.

Olympiakos

A celebração com Printezis na série dramática contra o Barça: cesta no estouro do cronômetro pelo Jogo 5

A celebração com Printezis na série dramática contra o Barça: cesta no estouro do cronômetro pelo Jogo 5

O que joga a favor: um núcleo formado por Vassilis Spanoulis, Printezis, Vangelis Mantzaris e Kostas Sloukas, que jogam junto há muito tempo e foram bicampeões em 2012-2013. Eles sabem o que é preciso fazer para chegar lá, não há dúvida, mostrando resiliência impressionante em ambas as conquistas, para derrubar times mais caros (CSKA e Real), correndo atrás do placar em ambas as decisões… Para tanto, contaram e contam com o poder de decisão de Spanoulis, já uma lenda viva do basquete europeu… Ser um azarão? É meio estranho se referir assim a um time que já conquistou dois títulos na década, mas, se o time não é uma surpresa nessa fase decisiva – tal como foi o Maccabi no ano passado –, em termos de poderio financeiro está claramente um degrau abaixo dos demais concorrentes. Além disso, as próprias conquistas já dão ao time uma proteção para qualquer eventualidade. “É o terceiro Final Four para nós em quatro anos, e não sei como. Acho que a pressão que sentimos agora é menor do que nos anteriores”, diz Printezis, também um matador na hora H ao seu modo, depois de bater o cronômetro mais uma vez nesta temporada em uma vitória emocionante sobre o Barcelona, no quinto e derradeiro jogo das quartas de final. “Ter menos pressão não significa que não estejamos preparados e com desejo de vencer de novo”, avisa.

O que joga contra: a dependência de Spanoulis para produzir no ataque. O craque sofreu novamente com problemas no joelho durante a campanha, chegando a perder um mês de jogos. Mantzaris assegura que seu companheiro e ídolo de adolescência está tinindo: “Acho que neste ano vi seu jogo ainda mais maduro. Essa é uma das razões pelas quais estamos aqui, e ele realmente está em ótima forma”, diz o armador… A rotação de pivôs é vulnerável. Os americanos Bryant Dunston e Othello Hunter jogam pesado e tendem a acumular faltas (na temporada, tiveram média, respectivamente, de 3,0 e 2,6 por jogo). Depois deles, a terceira opção seria Vasileios Kavvadas, de 24 anos e que disputou apenas 11 jogos durante a temporada – não está preparado para um evento desses.

Os confrontos
CSKA x Olympiakos, 13 h (horário de Brasília): o aspecto psicológico já explanado acima é o componente mais intrigante da partida, não há dúvida. Cinco jogadores do CSKA (Kirilenko, Khryapa, Teodosic, Kaun e Vorontsevich) estavam em quadra durante o colapso de 2012, quando a equipe vencia a decisão por 19 pontos no terceiro período até ser derrotada por 62 a 51. Um episódio desses poderia servir para motivá-los a dar o troco, mas não dá para esquecer que logo no ano seguinte eles se reencontraram, e deu lavada do time de Pireus: 69 a 52.

Se formos reparar em ambos os placares, nota-se um escore baixo. É a receita de jogo que o Olympiakos vai tentar – e precisa – repetir nesta sexta, para poder desbancar os russos. Para tanto, ajuda o fato de terem a melhor defesa da competição. “Qualquer um pode ver por nossas estatísticas que começamos a partir da defesa, mesmo”, diz Mantzaris. No ataque, cronômetro explorado até o fim, e as combinações de pick and roll de sempre com Spanoulis, se aproveitando do corta-luz de figuras atléticas e vigorosas como Dunston e Hunter e rodeado por grandes arremessadores como Lojeski e Sloukas. Se o time grego não conseguir impor esse ritmo lento para a partida, tende a se lascar. “Acho que estamos na melhor forma possível. O Olympiakos é obviamente um dos times mais duros da Euroliga. Eles te forçam a jogar fora da sua zona de conforto, com um jogo amarrado.

O CSKA de Itoudis tem um plano tático muito mais aberto que o de Ettore Messina, para construir o melhor ataque da competição, com um jogo mortal em transição. Em meia quadra, porém, o time é igualmente eficiente, com o melhor aproveitamento de três pontos da competição (41,85%!), diversos atletas de excelente corte para a cesta (De Colo, Jackson, Weems, Hines) e toda a inteligência nos deslocamentos fora da bola de Kirilenko. Dá muito trabalho vigiar o veterano russo e ao mesmo tempo cuidar para que os chutadores não se desmarquem. Como se não fosse o bastante, é preciso cuidado com a tábua defensiva. “Algo importante para nós é o rebote, porque eles têm vários caras grandes que atacam a tabela, especialmente com Kirilenko na posição 3”, admite Hunter.

Real Madrid x Fenerbahçe: um confronto muito, mas muito intrigante. Os dois times têm capacidade de correr pela quadra toda, mas meu palpite é de que Obradovic vai querer desacelerar as coisas. Afinal, é com a transição a mil por hora que o Real pratica seu melhor basquete, e eles estarão jogando energizados pelo apoio da torcida. Então que tal forçá-los a jogar em meia quadra, numa partida de mínimos detalhes, e tentar usar a pressão do público a seu favor? Foi um estilo praticado pelo Fener  na reta final da temporada, com resultados excepcionais: 13 vitórias nos últimos 14 jogos. Detalhe: o time turco já venceu CSKA, Olympiakos e Maccabi Tel Aviv como visitante.

A grande questão para os turcos será a defesa contra Rodríguez e Llull. O garoto Kenan Sipahi, de 19 anos, pode ter grande responsabilidade para tentar parar um deles, ajudando Zisis e Andrew Goudelock. “Temos de afastá-los da linha de três pontos e também pará-los em transição. Precisamos bagunçar com a intensidade deles”, diz o cestinha americano. O melhor mesmo, é traçar uma estratégia coletiva para conter esses armadores inventivos e fogosos, com a ajuda de uma linha de frente bastante flexível, com Bjelica, Vesely, Preldzic e mesmo Erden. O que não quer dizer que os armadores do Real também não tenham preocupações defensivas. Algum deles vai ter de vigiar Goudelock de perto, mas bem de perto, mesmo. O mínimo de espaço é suficiente para o “MiniMamba” castigar do perímetro. Longe da cesta, vai ser bacana de ver o embate entre Rudy Fernández e Bogdan-Bogdanovic tabém. Isso se Obradovic não apelar a formações mais altas com Preldzic.
Esse grupo, inclusive, leva uma vantagem atlética considerável em relação aos pivôs do Real, cuja maioria é de jogo terrestre. Para combatê-los, o americano Marcus Slaughter deve ter um papel relevante. Os fundamentos de bloqueio e movimentação de pés de Reyes e Ayón serão muito exigidos para a coleta dos rebotes. Além disso, fica a questão sobre como os merengues vão reagir no momento em que Bjelica tiver a bola na cabeça do garrafão para a atacar a cesta de frente, com muito mais mobilidade. “Eles têm um jogador 4 que joga como armador. É um aspecto diferente na Europa. Não são muitos os jogadores que conseguem fazer o que o MVP faz”, diz Slaughter.


Pivô de 17 anos e 2,18 m é único brasileiro na festa da Euroliga
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Giancarlo Giampietro

Felipe dos Anjos, em ação na 1ª rodada do #ANGT

Felipe dos Anjos pega um de seus 10 rebotes, em ação na 1ª rodada do #ANGT

Num apanhado de números, retrospecto e curiosidades sobre o Final Four 2015 da Euroliga, um dado que pode frustrar o basqueteiro destas bandas é o fato de não haver nenhum jogador do país na disputa pelo título. Marcelinho Huertas, com o Barcelona, e JP Batista, com o Limoges, eram os únicos atletas inscritos no torneio e acabaram eliminados – o armador nas quartas de final, pelo Olympiakos, e o pivô, na primeira fase.

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Entre os quatro semifinalistas, há 15 nacionalidades no páreo, incluindo dois argentinos: o veterano Andrés Nocioni e o jovem e enjoado Facundo Campazzo, ambos anfitriões pelo Real Madrid. Agora, se tudo correr conforme o esperado, o clube merengue poderá apresentar num futuro breve ao menos um brasileiro em seu plantel principal: Felipe dos Anjos, paulistano de 17 anos e impressionantes 2,18 m de altura. Vale ficar de olho no desenvolvimento do espigão, que vai defender o time da casa no torneio juvenil continental, organizado na capital espanhola paralelamente ao evento principal.

Felipe, na fase classificatória do torneio juvenil continental

Felipe, na fase classificatória do torneio juvenil continental

Com oito clubes divididos em dois grupos, o Adidas Next Generation Tournament, na verdade, já começou a ser disputado nesta quinta, e o Real atropelou o primeiro concorrente, os italianinhos do Stella Azzurra, por 74 a 43. Trata-se de um esquadrão da categoria, tenho conquistado na semana passada o campeonato júnior espanhol com média de 49,7 pontos sobre os adversários. Nesse duelo, Felipe jogou por 15 minutos, vindo do banco, e apanhou 10 rebotes e deu 2 tocos. No ataque, foram três pontos com uma cesta de quadra e um lance livre.

O destaque da base merengue é o ala esloveno Luka Doncic, que totalizou 15 pontos, 15 assistências e 12 rebotes só na final contra o Joventut Badalona (triunfo por 97 a 57). Até agora, no ANGT, são 13,0 pontos, 7,2 rebotes, 4,4 assistências e 1,8 roubo de bola, com 41,2% de três. Pode anotar o nome dele. Para os olheiros europeus, é um craque certeiro, que, ainda aos 16 anos, já defendeu o elenco principal na Liga ACB.

Com 17 anos completados agora no final de abril, Felipe ainda é visto como um projeto mais de longo prazo. Tem ótima mobilidade e velocidade para alguém de seu tamanho – que obviamente lhe proporciona uma presença dominante nos rebotes e na patrulha da cesta –, mas está apenas nos primeiros passos quando o assunto é a habilidade para comandar o jogo a partir do garrafão. Em três partidas pelo pelo #ANGT, tem média de 6,4 rebotes e 2,2 tocos em 19 minutos de ação, além de 57,1% nos arremessos de quadra e 69,2% nos lances livres. Os jogos do torneio vão até o domingo.

“Sou um jogador que nunca perde a confiança”. Essa é a frase que aparece em seu perfil no site do clube madridista, no qual é descrito assim: “Enorme envergadura, com a qual muda a direção de diversos arremessos dos rivais. No ataque, sua altura lhe permite anotar pontos com uma elevada porcentagem de acerto. Sua constante evolução física e desportiva fazem dele um pivô de alta projeção”. Sem trocadilhos, por favor.

Felipe viajou para Madri aos 14, um ano mais jovem que o adolescente Splitter que chegou ao Baskonia em 2000, assessorado pelos agentes Marcelo Maffia e Luiz Martin, justamente os mesmos representantes do catarinense. Antes, já havia passado pelas primeiras etapas das categorias de base do Pinheiros. Aos 12, já tinha 2,03 m de altura. Thierry Gozzer contou um pouco mais sobre sua trajetória.

Veja alguns dos lances da promessa brasileira, em clipe produzido pela BasketCantera.TV, com base em lances do pivô pela primeira etapa do #ANGT, englobando o tradicional torneio juvenil de L’Hospitalet:


O Final Four 2015 da Euroliga em números
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Giancarlo Giampietro

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A maior competição de basquete do mundo (Fiba) aguarda um novo campeão. Nesta sexta-feira temos as semis, com o anfitrião Real Madrid, bastante pressionado, enfrentando o estreante Fenerbahçe, do legendário Zeljko Obradovic, enquanto o CSKA Moscou reencontra um pesadelo na forma de Olympiakos, clube pelo qual foi derrotado de maneira inacreditável na decisão de 2012.

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A disputa por medalhas acontece domingo. Antes de falar sobre os jogos em si, seus principais personagens e tal, segue um apanhado estatístico sobre o evento. #F4Glory:

17 – É a soma de títulos entre os quatro candidatos deste ano, com o Real puxando a fila, com oito, seguido por CSKA (seis) e Olympiakos (três). O Fenerbahçe luta pelo caneco pela primeira vez. O detalhe é que o Real não ganha a parada desde 1995, quando era dirigido por Zoc Obradovic, justamente o atual comandante do Fener.

16 – Os jogadores que já tiveram passagem pela NBA e que estão relacionados para os próximos quatro jogos. O clube que tem mais representantes nesse sentido é o CSKA Moscou, com Andrei Kirilenko (ele, mesmo), Nando De Colo (Spurs, Raptors), Demetris Nichols (Cavs, Bulls e Knicks), Sonny Weems (Raptors e Nuggets), e Victor Khryapa (Bulls, Blazers, alguém com quem a liga não teve paciência, infelizmente). Sempre com o asterisco de que nem sempre o selo da liga americana vale para alguma coisa no cenário europeu. Que o diga a dupla do Olympiakos Vassilis Spanoulis e Oliver Lafayette. Enquanto o genial armador grego foi desprezado de modo inacreditável por Jeff Van Gundy durante toda uma temporada em Houston, Lafayette, hoje da seleção croata, fez apenas uma partida em sua vida pelo Boston Celtics. Então o conceito de NBA é relativo: tanto Spanoulis merecia muito mais chances no time de Yao e T-Mac, como Lafayette passou batido por lá e só foi se desenvolver na Europa, mesmo.

AK 47 reencontra o Olympiakos após frustração em 2012

AK 47 reencontra o Olympiakos após frustração em 2012

15 – Levando em conta os atletas utilizados durante a campanha, o elenco dos quatro semifinalistas reúne 15 nacionalidades diferentes. A pátria com mais representantes numa Euroliga? Os Estados Unidos da América, claro, com um contingente de também 15 jogadores: Weems, Nichols, Aaron Jackson, Kyle Hines (CSKA); Andrew Goudelock, Ricky Hickman (Fenerbahçe); KC Rivers, Marcus Slaughter, Jaycee Carroll (Real Madrid); Brent Petway, Othello Hunter, Bryant Dunston, Lafayette e Tremmell Darden (Olympiakos). Os demais: 12 gregos, oito turcos, oito russos, quatro espanhóis, três sérvios, dois argentinos (nossos amigos Nocioni e Campazzo, ambos do Real). O resto aparece com um cada: Croácia, França, Lituânia, México, Bielorrússia, Geórgia, República Tcheca e Tunísia. Com a eliminação do Barça de Huertas, pelas quartas de final, e do Limoges de JP Batista, pela primeira fase), não restou nenhum brasileiro – no evento principal, no caso, pois nas finais do torneio juvenil, o Adidas Next Generation tournament, consta o pirulão Felipe dos Anjos, de 17 anos, pivô de 2,18 m do Real Madrid.

14 – Este é o 14º Final Four da carreira de Obradovic, o técnico do Fenerbahçe, com seis clubes diferentes, sendo o recordista disparado em ambos os quesitos. Em suas 13 tentativas anteriores, ganhou impressionantes oito títulos. Se fosse um clube, estaria empatado com o Real Madrid, o único octocampeão. Foi bem-sucedido com o Partizan Belgrado em 1992, o Joventut Badalona em 1994, o Real Madrid em 1995 e o Panathinaikos em 2000, 2002, 2007, 2009 e 2011. Tá bom? A única equipe que o sérvio falhou em levar ao F4 foi o Benetton Treviso, em 1998. Em termos de equipes, o CSKA Moscou é aquela que mais disputou as semis da Euroliga, chegando perto do título também em 14 ocasiões – no formato moderno, de 1988 para cá, já contando esta edição. Triunfou em 2005, 06 e 08. O Olympiakos tem dez aparições, enquanto o Real Madrid, oito. Entre os atletas, Victor Khryapa, um ícone do clube, chega ao seu décimo.

Zoc de novo, agora pelo Fener

Zoc de novo, agora pelo Fener

10 – Na revanche entre CSKA e Olympiakos, estarão presentes em quadra nove atletas que disputaram a histórica decisão de 2012, decidida com uma bola de Georgios Printezis no estouro do cronômetro. O próprio Printezis segue defendendo o clube grego, ao lado dos compatriotas Spanoulis, Vangelis Mantzaris e Kostas Sloukas. Pelo fronte russo, temos Kirilenko (que saiu e voltou, após passagens por Minnesota e Brooklyn), Khryapa, Teodosic, Sasha Kaun e Andrey Vorontsevich, além do pivô norte-americano Hines, que vive um momento especial, ou estranho, campeão há três anos e que virou a casaca.

7 – A Euroliga já anunciou as seleções da temporada. Dos 10 jogadores apontados, sete vão jogar o Final Four: Milos Teodosic (CKSA), Spanoulis (Olympiakos), Bjelica (Fenerbahçe) e Felipe Reyes (Real Madrid) no primeiro time, enquanto Nando De Colo (CSKA), Andrew Goudelock (Fener) e Rudy Fernández (Real) aparecem na segunda equipe. O gigante sérvio Boban Marjanovic, do Estrela Vermelha, completa o quinteto ideal, enquanto a segunda unidade conta ainda com o ala Devin Smith, do Maccabi Tel Aviv, e com o pivô croata Ante Tomic, do Barcelona.

Spanoulis, Teodosic, Bjelica, Reyes e Marjanovic

Spanoulis, Teodosic, Bjelica, Reyes e Marjanovic

6 – Os clubes da NBA possuem os direitos sobre meia dúzia de atletas dos quatro melhores clubes da temporada europeia. Caras que já foram draftados no passado, mas que ainda não cruzaram o Atlântico. São eles: Sasha Kaun (30 anos, CSKA/56º em 2008, pelo Cavs); Emir Preldzic (27 anos, Fenerbahçe/57º  em 2009, pelo Cavs, mas cujos direitos hoje pertencem ao Mavericks); Nemanja Bjelica (27 anos, Fenerbahçe/35º em 2010, pelo Minnesota Timberwolves); Bogdan Bogdanovic (22 anos, Fenerbahçe/27º pelo Suns, em 2014); Georgios Printezis (30, Olympiakos/ 58º em 2007, pelo Raptors, mas cujos direitos hoje pertencem ao Hawks; Sergio Llull (Real Madrid/34º pelo Rockets, em 2009).

 4 – A superpotência CSKA chega ao seu quarto Final Four consecutivo, tendo terminado em segundo, terceiro e quarto, respectivamente, nas últimas três edições. Após dois vice-campeonatos, o Real joga pela terceira vez seguida, enquanto o Olympiakos retorna após o bi de 2012 e 2013.

PS: O canal Sports+ transmite o Final Four da Euroliga com exclusividade. Estou nessa com a companhia dos chapas Ricardo Bulgarelli, Maurício Bonato e Rafael Spinelli.


Nos playoffs, não são apenas os superastros que brilham
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Giancarlo Giampietro

Matthew Dellavedova, aprovado por LeBron

Matthew Dellavedova, aprovado por LeBron

LeBron James, Derrick Rose, Stephen Curry, Blake Griffin, Chris Paul, Anthony Davis, Paul Pierce… É natural que, chegando os playoffs, o noticiário se concentre mais e mais nas grandes figuras da liga, aqueles que tendem a resolver a parada por suas equipes, naqueles momentos mais complicados. Os caras dos números arrebatadores, das bolas no estouro do cronômetro.

Na vitória do Cleveland Cavaliers sobre o Chicago Bulls nesta terça, para o Cavs abrir 3 a 2 na série, um lance que chamou muito a atenção foi este belíssimo toco de LeBron para cima de Rose, quando o armador tentava empatar o placar e completar uma reação assustadora dos visitantes no quarto período. Não só é um lance bastante plástico, como envolve duas estrelas:

Nesses lances de transição defensiva que tanto adora, LBJ foi lá no alto e deu a raquetada. Em slow, fica ainda mais bacana. Com a arrancada do armador e voo do bloqueador, é muito fácil ignorar o trabalho sutil de Matthew Dellavedova na jogada. O australiano, duro na queda, não se intimidou em ver o camisa 1 partindo em sua direção, a 100 por hora. Pelo contrário. Guardou posição e, no último momento, ainda se deslocou milimetricamente para a direita para forçar um ângulo  mais complicado no arremesso.  Desta forma, também retardou o movimento de Rose, permitindo a chegada de seu companheiro para a cobertura. Pimba.

São os pequenos detalhes igualmente relevantes num confronto tão equilibrado como esse, que tem toda a cara de sete jogos – isso, claro, desde que, em meio a tantas lesões, os dois times consigam listar o mínimo de jogadores exigido pela liga. Dellavedova, aliás, fez uma bela partida, que faz justiça ao papel que desempenhou durante o campeonato. Ele não vai produzir estatísticas, fazer cestas mirabolantes, mas o torcedor do Cavs e, principalmente, David Blatt sabe que pode contar com o australiano para o que der e vier.

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Não, não dá para esperar que ele vá fazer tuuuudo. Aquele tiro de três de LeBron, espremido na zona morta, com o Jimmy Butler vindo em sua direção? Melhor esquecer. Dificilmente o “Delly” refugaria na situação. Mas uma coisa é ter força de vontade, outra é a capacidade atlética e técnica para executar a jogada. Por outro  lado, se precisar que ele marque, ou torre a paciência de alguém, vai estar lá. A briga por um rebote ofensivo aparentemente perdido? Conte com essa também, mesmo que ele mal alcance no aro e que não seja nem o sétimo atleta mais veloz em quadra. Simplesmente encara. Alguém disposto a movimentar a bola ou para ficar de canto, sem reclamar se está tendo oportunidades que seu agente esperava? Mas, claro!

Durante a primeira metade caótica que foi a temporada do Cavs, Dellavedova foi importante justamente por isso, por sua entrega constante, ainda que seu rendimento estatístico em geral tenha sido inferior ao de sua campanha de novato. Foi alguém em quem tanto o contestado Blatt como o arredio LeBron poderiam confiar. Mesmo nesses mata-matas, em que seu aproveitamento de três pontos caiu de 40,7% para 36,5%, você vai ver em diversas ocasiões o Rei de Akron acionar o australiano em transição para um disparo de fora.

Contra o Bulls, obviamente não foi sua semi-interceptação de Rose que ganhou atenção.

Mas, sim, esse enrola-enrola com Taj Gibson, que resultou na exclusão do ala-pivô. Não dá para elogiar sua atuação nesse lance específico: um jogador de basquete presumidamente não precisa dar uma chave de perna no adversário. Ainda mais quando a bola já caiu na cesta. Por outro lado, rapaziada, são os mata-matas, né? Ou melhor: os playoffs. Os caras já se enfrentaram cinco vezes em menos de duas semanas. Essas coisas vão acontecer cedo ou tarde. Falou ao trio de arbitragem a perspicácia para também dar uma técnica no armador reserva do Cavs, ao passo que, se num primeiro momento a reação de Gibson parece indicar a exclusão como a melhor decisão, podendo rever o lance em quadra poderiam muito bem ter levado em consideração o fator “reação”. Enfim. Em sua estreia na fase decisiva, Dellavedova foi mais malandro que um veterano. “Delly é provavelmente o cara mais durão de nosso time”, comentou LeBron.

Pensando nesse, veja bem, valentão operário valente, que tal fugirmos um pouco da regra e listarmos, então, outros personagens periféricos das semifinais de conferência? Um exercício que o leitor corajoso de longa data do blog sabe ser recorrente por aqui. Não dá para escapar dele:

Mike Dunleavy Jr., Chicago Bulls: sim, pois o Jimmy Butler não conta. O ala já virou uma estrela e vai ser muito bem pago ao final do campeonato. Minha única preocupação com esse faz-tudo é a sua saúde. Ver Noah e Gibson se arrastando contra o Cavs traz ecos de Luol Deng para a quadra, e resta saber apenas como Butler estará daqui a quatro anos, mesmo que Thibs seja dispensado. Talvez boa parte do estrago já esteja feito. De todo modo, voltemos a Dunleavy, o ala que entrou na liga em 2002, também conhecido como o Draft de Yao, Amar’e e Nenê. Foi a terceira escolha, vindo de Duke já como campeão universitário e muita expectativa. Foi mais uma ser comparado a Larry Bird – hoje isso não está tão em moda, mas há 10, 15 anos qualquer ala branco minimamente talentoso que despontava nos Estados Unidos ouvia essa comparação. Obviamente o cara não chegou nem perto disso. Muitos questionam uma suposta falta de ambição e esperavam mais, se não, hã, top 10 da história, mas pelo menos algo mais consistente com os números que teve por Indiana em 2007-08 (19,1 pontos, 5,2 rebotes e 3,5 assistências, 42,4% de três pontos).

Dunleavy, discreto, eficiente e importante

Dunleavy, discreto, eficiente e importante

Pode ter frustrado alguns, mas é inegável que tenha talento: basta desviar os olhos de Rose e das caretas de Noah por alguns instantes e observá-lo em ação, mesmo aos 34 anos. No ataque, ele chuta que é uma beleza, se movimenta de modo muito inteligente pela quadra, é um excelente passador. Falta o arranque para a cesta, coisa que nunca fez parte de seu repertório, nem mesmo no auge. Ele não vai ser um cara para carregar um ataque, mas seu pacote de habilidades ofensivas é extremamente importante, para espaçar a quadra para as infiltrações de Rose e Butler, ainda mais quando a dupla de pivôs é Noah e Gibson, sem chute nenhum. “É uma das razões para eu ter vindo para cá: apenas fazer parte de um grupo que vença muitos jogos. Não ligo para o resto. Gosto de me apresentar, fazer meu trabalho e ir para a casa”, afirma o ala. Thibs adora: “Ele é o profissional exemplar. Joga para o time. É simplesmente um jogador de basquete. Tem horas que você apenas precisa mexer a bola de um lado para o outro. Ele vai lá e faz. Não se reflete em assistências, mas ele te dá movimento.”

Otto Porter Jr., Washington Wizards. Nenê é um candidato eterno nessa categoria, enquanto sua carreira durar. Mas vamos virar o disco aqui, pegando alguém que ainda pode ser considerado um lançamento no mercado. Porter teve apenas 319 minutos de jogo em sua primeira temporada, o que não dá nem 7 jogos inteiros. Nos playoffs, então, foram apenas seis minutinhos. Espirrava em quadra e saía. Um ano depois, porém, as coisas estão mudando: em oito jogos pela fase decisiva, ele já recebeu 263 minutos de jogo (43 vezes mais). Não se trata de caridade do técnico Randy Wittman.  Ainda que possa dar aquela viajada em quadra, o ala aos poucos se integrou ao time, dando enfim provas do basquete que fez dele também uma terceira escolha de Draft (num recrutamento bem fraco, é verdade).  Quando o selecionou, o gerente geral Ernie Grunfeld não tinha em mente um futuro craque, mas um complemento para seus jovens destaques. Como se fosse um Tayshaun Prince para Chauncey Billups e Rip Hamilton. Demorou um pouco, mas está acontecendo.

“Sua presença no rebote, seu arremesso… Isso é o seu crescimento. Sabíamos do que ele era capaz quando o selecionamos. Ele cresce a cada vez que vai para a quadra agora”, afirma Beal. Num elenco abarrotado de veteranos, Porter oferece a mais companhia na hora de acelerar, abrindo para o tiro de três pontos, ou cortando com sua passada larga rumo ao aro. Perto da tabela sua influência cresce, devido aos braços compridos e sua energia. Características agora bem empregadas do outro lado da quadra, algo com que DeMar DeRozan certamente não contava. Além disso, seu crescimento permite que Paul Pierce jogue mais minutos como  um ala-pivô aberto e também poupa o veterano de correr atrás alas mais rápidos pelo perímetro.

Dennis Schröder, Atlanta Hawks. DeMarre Carroll ainda é bizarramente o cestinha da equipe nos playoffs. Então acaba tendo sua candidatura impugnada dessa vez, e também já passamos por sua trajetória singular aqui. Legal, pois aí sobra espaço para falar sobre um reserva que vai subindo com determinação a escadaria dos queridinhos do blog. Pode chamá-lo até de Schrödinho, que tudo bem. O armador foi vital em diversas vitórias do Hawks na temporada regular, e ainda assim tem gente que pode achar que é uma “surpresa” o que ele fez nos últimos dois jogos em Washington. É que os rapazes de Mike Budenholzer venceram tantas partidas, mesmo, no campeonato, que se corre o risco, sim, de que uma ou outra contribuição fique para trás. O sucesso fica diluído.

Sem John Wall, o Wizards perdeu não só o seu principal organizador como também uma presença física imponente na marcação. Ao lado de Jeff Teague, o alemão vai se esbaldando. Ramon Sessions e Will Bynum não conseguem acompanhá-lo. Seu perfil é diferente dos demais listados. Estamos falando de um cestinha agressivo. Quando consegue forçar a troca após o corta-luz, fica mais fácil ainda, dando voltas em torno de Marcin Gortat, Paul Pierce e mesmo de um pivô ágil como Nenê. “Fico dizendo para o Jeff: ‘Continue atacando’. E ele me diz a mesma coisa. Era uma motivação para nós. Vamos para a cesta, que eles não conseguem nos parar”, diz o armador que, vejam só, numa projeção por 36 minutos, aparece como o principal pontuador do time, com 20,1 por jogo, além das 7,8 assistências. Teague precisou esperar um tempinho até assumir o posto de titular em Atlanta. Para mim, é questão de tempo para Schrödinho ganhar o mesmo status. Mesmo que em outro clube.

Tony Allen, Memphis Grizzlies. Hã… Quer dizer… Periférico?! Por dois jogos esse sujeito tirou os Splash Brothers da linha, desarmando o ala do Golden State Warriors. Estrelou vines e clipes do YouTube sem parar ao invadir uma roda de dança das criancinhas em Oakland, desarmar Klay Thompson na maior, dizer que Curry é bonitinho, e tal, mas que não é nada que não tenha visto antes e lançado sua campanha fervorosa para o “Primeiro Time de Defesa” do Conselho de Segurança e…  Precisa de mais?

Já foi, Klay

Já foi, Klay #1stTeamAllDefense

Mas, sim, periférico. Nas vitórias do Grizzlies, Mike Conley foi o protagonista, e pudera. O sujeito mal abre o olho esquerdo direito. Acabou de passar por uma cirurgia facial, por conta de múltiplas fraturas, e ainda está disposto a encarar um Andrew Bogut e um Draymond Green lá embaixo. Eu, hein? No ataque, Gasol e Z-Bo também carregam a pecha de dupla que joga na contramão da liga, lá embaixo, com se fossem os anos 80, 90. O armador e os homens de garrafão, além do mais, jogam dos dois lados da quadra. Allen causa um impacto enorme na defesa – e sua ausência no Jogo 4, com surra do Warriors, evidenciou isso –, mas suas deficiências ofensivas foram novamente expostas por Steve Kerr no Jogo 4 contra o Warriors. Seguindo tática empregada por Gregg Popovich no ataque, o técnico ordenou que seus atletas não se incomodassem que o ala ficasse livre no perímetro. Livre, mesmo, para arremessar enquanto bem entendesse. Se consultarmos o aproveitamento de arremessos em sua carreira, faz sentido. Nos playoffs, tem acertado apenas 33,3% dos arremessos de média distância e 10% de fora.