Vinte Um

Arquivo : fevereiro 2013

Resumão da intertemporada da NBA: Conferência Oeste
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Giancarlo Giampietro

Com a temporada 2012-2013 da NBA fazendo sua pausa tradicional para o fim de semana das estrelas em Houston, é hora de fazer um resumão do que rolou até aqui, começando pela Conferência Oeste. Amanhã publicamos a do Leste:

Durant decola

Durant, atacando o aro, em constante evolução

Melhor jogador: Kevin Durant.
Dá sempre para melhorar, gente. Até mesmo um Kevin Durant. E por que não faria, ué? Ele tem apenas 24 anos – embora saibamos que há incontáveis casos de atletas que se acomodam rapidamente, rapidinho mesmo. Bem, o quanto melhorou o ala do Oklahoma City Thunder? Ele está chutando acima de 50% (51,9%!!!) pela primeira vez na carreira, em seu sexto ano, tem a melhor marca no tiro de três pontos (43,2%, e tenham em mente de que a maioria dos arremessos é contestada). Na verdade, ele está chutando melhor de todos os pontos da quadra – seja de fora, de média distância, pela direita ou esquerda, em bandejas e infiltrações. Em todos os lugares, desde que estreou na liga em 2007.  Vejam o estudo de Kirk Goldsberry para o Grantland. Mas não é só isso: Durant também tem a melhor marca em assistências, roubos de bola e tocos. Melhor que números, é ver também a evolução de seu jogo como um todo, com maior dedicação e destreza na defesa e o amadurecimento como um líder, tendo de conviver sadiamente com a bomba-relógio que é Russell Westbrook.
Não fosse a aberração chamada Durant, quem mais poderia entrar aqui? Tim Duncan e Tony Parker, Spurs; Kobe Bryant, Lakers; James Harden, Rockets; Chris Paul, Clippers.

Melhor técnico: Gregg Popovich.
O primeiro time a alcançar a marca de 40 vitórias na liga, de novo. A melhor campanha em um Oeste ainda brutal, sem nenhum grande reforço. A máquina de Pop está totalmente azeitada, não importando o que se pense ou não dele por causa de Tiago Splitter. A ponto de ele vencer o Chicago Bulls sem ter Duncan, Parker ou Ginóbili em sua escalação. Afinal, respeitando seus papéis, Kawhi Leonard, Danny Green, Nando de Colo, Gary Neal e o pivô catarinense estão produzindo como gente grande, ganhando confiança aos poucos sob a orientação do treinador. Mas o mais importante dado para ser considerado nesta campanha dos texanos é o seguinte: hoje eles têm a terceira defesa mais eficiente do campeonato, superando até mesmo os maníacos de Thibodeau. Isso era algo recorrente entre 2004 e 2007, mas não vinha acontecendo nos últimos anos. Sem perder o ritmo no ataque, com a quarta melhor ofensiva. O Spurs é o único time no top 5 dos dois lados.
Quem mais poderia estar no páreo? Mark Jackson, Warriors; talvez, mas talvez George Karl, Nuggets.

– Melhor reserva:  Jarrett Jack.
O armador sai do banco para dar mais consistência ao time, podendo render o genial Stephen Curry ou atuar ao lado do rapaz, devido a sua força física e capacidade defensiva. Ale ajuda na organização do time, mas também pode definir por conta própria, com um dos melhores chutes de média distância da NBA.
Quem mais? Jamal Crawford, Eric Bledsoe e Matt Barnes, Clippers (e um mata o outro); Andre Miller, Nuggets; Derrick Favors, Jazz.

Tony Parker e seu chute em flutuação

Tony Parker, cada vez melhor

– Dois quintetos:
1) Chris Paul, James Harden, Durant, Duncan, Marc Gasol.
Ficou clara a influência que CP3 tem dentro do Clippers quando ele teve de descansar nas últimas duas semanas. Harden supera Kobe estatisticamente e em resultados (mais, adiante). Marc Gasol é a âncora da segunda melhor defesa e o pivô mais inteligente da liga hoje.

2) Tony Parker, Russell Westbrook, Kobe Bryant, Blake Griffin, Al Jefferson.
Aos 30 anos, o armador francês joga sua melhor temporada, acreditem. Incrível. Já Westbrook acaba muitas vezes punido por aquilo que não é: um armador. Ele pode ter essa função determinada na hora de se anunciar a escalação, mas jamais deveria ser encarado como alguém que compete com Steve Nash ou John Stockton. Bota pressão na quadra toda, nem sempre toma as melhores decisões, mas é uma força aterrorizante. Kobe começou o ano muito bem, mas já erdeu rendimento e também perde pontos por se apresentar como um capitão muito temperamental, que não ajuda em nada seu time a se estabilizar em meio ao caos. Griffin é outro que, aos poucos, vai trabalhando seu jogo em diversos aspectos, tendo agora um chute de média distância respeitável. Para Al Jefferson ninguém dá muita bola, mas ele segue o pivô ofensivo consistente de sempre, liderando o Utah Jazz rumo aos playoffs novamente.
Quem mais poderia ganhar um convite para o baile? Stephen Curry e David Lee, Warriors; Damian Lillard e LaMarcus Aldridge, Blazers.

– Três surpresas agradáveis:

James Harden, surpresa pelo Rockets

Harden, agora barba de elite

1) James Harden, o craque: não havia dúvida alguma de que estávamos diante de um jogador talentoso, em seus tempos de assessor de Durant e Westbrook. Mas aqui no QG 21 a expectativa não era a de que ele poderia tomar a liga de assalto desta maneira. Em seu quarto ano na NBA, o barbudo se transformou num cestinha implacável, numa das maiores dores-de-cabeça para qualquer defensor de perímetro, com seu estilo muito vistoso e agressivo. O maior volume de jogo custou a Harden a eficiência nos tiros de quadra em geral e nas bolas de três pontos (agora ele não tem a duplinha do Thunder para aliviar a pressão, claro), mas, ao mesmo tempo, o ala tem se colocado ainda mais na linha de lances livres, cobrando quase 10 por partida. Ele também não deixou de olhar para os companheiros: 25% de suas posses de bola terminam em assistência. Depois de tanto tentar a contratação de Dwight Howard nas férias, o Rockets enfim conseguiu sua superestrela em Harden.

2) Golden State Warriors defendendo: a equipe das vizinhanças de San Francisco conseguiu limitar seus adversários a uma pontaria de apenas 44% na temporada, o suficiente para ter a sexta melhor marca de toda a liga. Empatados, pasme, com o Boston Celtics. O Warrios é o time que também permite o sétimo pior aproveitamento de três pontos aos oponentes (34,2%). Tudo isso com o novato e ainda cru Festuz Ezeli de titular por um bom tempo e Andrew Bogut trajando seus elegantes no banco de reservas.

3) Damian Lillard, mais um armador de elite: a moral do novo queridinho de Portland é tamanha que ele foi o primeiro jogador escolhido no falso “Draft” entre Charles Barkley e Shaquille O’Neal para o jogo festivo da molecada no fim de semana do All-Star. Sim, ele saiu antes mesmo de Kyrie Irving (o que mostra, aliás, que o Chuckster talvez não desse um bom gerente geral, mas tudo bem). Quando deixou a modestíssima universidade de Weber State, nenhum especialista ou gerente geral estava apostando em uma coisa dessas. Lillard enfrentava basicamente o segundo escalão da NCAA. Hoje, bate de frente, em igualdade, com os melhores do mundo, que têm dificuldade para conter seu jogo bastante burilado. Ele não é o mais rápido, o mais explosivo, o de maior impulsão, ou melhor chute e visão de jogo. Mas combina um pouco de tudo na média ou acima da média nesses quesitos para se tornar o grande favorito a novato do ano.

– Três surpresas desagradáveis:
1) Los Angeles Lakers: Sério?! Não acredito!

2) As lesões em Minnesota: Ricky Rubio começou a temporada de muletas. Kevin Love depois fratura a mão. JJ Barea sofre com concussão e um tornozelo esquerdo. Os problemas crônicos no joelho de Brandon Roy, adivinhem, seguem crônicos. Chase Budinger rompe o menisco do joelho esquerdo. Nikola Pekovic torce o tornozelo esquerdo. O promissor ala-armador Malcom Lee, ótimo defensor, lesiona o joelho. Andrei Kirilenko começa a lidar com espasmos musculares nas costas. Kevin Love volta a fraturar a mão direita. Alexey Shved torce o joelho esquerdo. Andrei Lirilenko enfrenta problemas musculares no quadríceps. Ah, e Dante Cunningham ficou doente. E lá se foi o sonho de playoffs para o Wolves.

3) Phoenix Suns, o lanterna: Goran Dragic não chega a ser Steve Nash, está bem longe disso, mas se mostrou um armador competente, de acordo com o que o clube pagou. O resto? Um elenco extremamente lento numa liga que valoriza mais e mais a velocidade. Um elenco também desequilibrado, com muitos jogadores duplicados, o que não ajuda na hora de tentar diversificar o plano de jogo. A aposta em Michael Beasley se mostra um fracasso. O resultado é um time habituado a competir nos playoffs amargando a lanterna da conferência.

– O que resta para os brasileiros:
Bem, com a dispensa de Scott Machado pelo Rockets, sobrou apenas Tiago Splitter para contar história. O catarinense se tornou titular de Popovich, enfim, mas isso não quer dizer que fique tanto tempo em quadra assim. Num elenco vasto, lhe cabem por enquanto 23,8 minutos por jogo – e o tempo subiu, aliás, também pela lesão recente de Duncan. O interessante é que, estatisticamente, seus números são inferiores aos da campanha passada e, ainda assim, ainda lhe posicionam entre os jogadores mais eficientes da NBA. E o mais importante é que, com ele em quadra, o Spurs como um todo rende bem mais, como o chapa Rafael Uehara já nos alertou.

PS: encontre o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.


Um apanhado em números de uma noite estranha da NBA
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Giancarlo Giampietro

Carter manda bala de três pontos e passa Bird

Hironicamente, Vince Carter passa Larry Bird na lista de cestinhas com um tiro de três

Daqui a alguns dias todos o  jet set da NBA estará reunido em Houston para celebrar, encher a cara em Houston no fim de semana do All-Star Game. Os astros carregam suas entourages e participam de baladas homéricas. Os dirigentes se reúnem num saguão, num bar pra discutir trocas. Tudo com muito glamour, tudo, digamos, pomposo.

Bem diferente do que vimos nesta quarta-feira. Que noite bizarra que teve a liga. Vamos com um apanhado de números para mostrar a primeira ressaca já vista no esporte antes da festa:

– Como o campeonato tem uma pausa entre sexta-feira e segunda, a rodada desta quarta ficou carregada, com 12 partidas sendo disputadas, envolvendo, então 24 dos 30 times do campeonato, desequilibrando a vida de qualquer jogador de Fantasy Basketball;

– Dos 24 times que foram para quadra, apenas sete marcaram mais do que 100 pontos.

– Pior: cinco equipes não conseguiram marcar nem mesmo dos 80 pontos, com destaque para o show de horrores que foi o confronto entre Boston Celtics e Chicago Bulls. Doc Rivers ao menos conseguiu derrotar seu ex-assistente, Tom Thibodeau, por 71 a 69, numa partida que honrou a memória dos embates entre Knicks e Heat nos anos 90. Ugly ball.

– Vale a pena investigar um pouco mais o triunfo do Celtics sobre o Bulls. O terceiro período foi vencido pelo Bulls por 13 a 8. Treze a oito. Vocês leram direitinho. Ao final de três quartos, o placar indicava Boston 43, Chicago Chicago 49. De repente, os times se viram envolvidos numa bonança no quarto período! Celtics 28 a 20: showtime!!!

– Pior que Bulls e Celtics na noite passada? Sim, o Portland Trail Blazers conseguiu, sendo completamente destroçado pelo New Orleans Hornets. O Hornets, segundo pior time da Conferência Oeste. Os visitantes foram limitados a patéticos 63 pontos – não conseguiram marcar 20 pontos em nenhuma das quatro parciais. Damian Lillard foi o cestinha com 12 pontos, mas errou 11 de seus 15 arremessos. O consistente LaMarcus Aldridge anotou apenas 6 pontos em 30 minutos. Nicolas Batum converteu apenas uma cesta de quadra em dez tentativas. No geral, o Blazers acertou 24 de 74 arremessos, com aproveitamento de 32,4%. Aaaaaaaargh.

– Para comparar, em Los Angeles, na última partida da rodada, o Clippers sozinho conseguiu 46 pontos apenas no primeiro quarto! Foi aquele show de enterradas de sempre para a turma de Chris Paul, com Blake Griffin e DeAndre Jordan decolando como se fosse uma manhã de segunda-feira em Congonhas. Depois eles maneiraram, pra não castigar um Houston Rockets sem James Harden.

– As coisas foram tão estranhas que chegou até mesmo o dia em que Vince Carter pode dizer que tem mais pontos do que Larry Bird em sua carreira. Ele agora tem 21.796 pontos, cinco a mais do que um dos maiores jogadores de todos os tempos. Carter agora é o 29 maior cestinha da história da NBA. (Lembrando que Bird teve a reta final de sua carreira completamente abalada por dores crônicas nas costas.)

 – Na vitória do Raptors sobre o Knicks em pleno Madison Square Garden, Rudy Gay e Carmelo Anthony combinaram para apenas nove cestas de quadra em 45 arremessos no total. Melo estava jogando contundido, sem falar nada. Gay simplesmente não conseguia achar a cesta, mesmo.

Como diria o general Kurtz… “É o Horror!”


Chefão do Celtics diz que gostaria de manter Leandrinho apesar de lesão. Mas calma
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho abatido

Vamos tentar entender o que vem por aí no futuro de Leandrinho, sem exercícios de futurologia ou sentimentalismo.

A melhor notícia para o ala-armador, depois da primeira lesão drástica da carreira do brasileiro desde sua chegada aos Estados Unidos, saiu nesta quarta-feira. Foi tão rápido como o brasileiro gosta de atacar: o vice-presidente do Boston Celtics, chefão das operações de basquete Danny Ainge afirmou que pretende manter o ligeirinho em seu elenco, a despeito da ruptura de ligamento colateral do joelho que o jogador sofreu em derrota para o Charlotte Bobcats na segunda-feira.

“Nós adoramos o que Leandro fez”, afirmou o cartola. “Mesmo com nosso time próximo das multas de tetlo salarial, sentimos que Leandro ajudaria nosso e que sua hora iria chegar para nós aqui. É uma perda difícil.”

É raro e legal ver um dirigente se pronunciando desta maneira. Teoricamente, o vínculo de Leandrinho com o Celtics vence ao final da temporada, e, a partir daí, o clube não teria obrigação alguma a mais com o atleta. Saber do interesse em elaborar um novo contrato com o brasileiro nessas condições, então, se torna algo bastante positivo.

Mas sempre tem um “mas”, não?

E nesse caso não estamos falando de um, porém de vários:

– Foi uma sinalização de Ainge, mas não uma promessa;

– Ainge é o mesmo dirigente que já afirmou que nunca mexeria com seu antigo “Big 3” – Paul Pierce, Kevin Garnett e Ray Allen –, mas que, na temporada passada, por pouco não fechou um negócio que enviaria Ray-Ray para Memphis em troca de OJ Mayo. Isso já foi confirmado até por Doc Rivers, uma informação que ajuda a entender o porquê de Allen ter assinado com o arquirrival Miami Heat para esta temporada, a despeito de ter uma proposta maior de Boston na mesa;

– Ainge também é o mesmo dirigente que, simultaneamente ao bate-papo com o Grizzlies, também quase despachou Pierce para o Nets, em troca de uma escolha de “Draft” que acabou endereçada ao Portland por Gerald Wallace, escolha que acabou se transformando no extremamente promissor armador Damian Lillard;

– Tudo isso não para dizer que Ainge não tem palavra. O problema é que, no mercado volátil da NBA, há muitos fatores que influenciam, que pesam na decisão de um dirigente. Pensando na atual situação do Celtics,  muitas dessas casualidades serão respondidas nos próximos oito dias, até 21 de fevereiro de 2013, que é a data-limite para trocas na atual temporada. Por exemplo: tudo indica que Ainge não vá se desfazer de Garnett ou Pierce nesta temporada, curioso  para ver no que pode dar a atual campanha, a despeito de tantas baixas. Mas isso não quer dizer também que o ex-armador esteja com o telefone desligado. Ele poderia tentar buscar algum substituto para Leandrinho mesmo ou Rondo nesta temporada. Qualquer negócio que traga a Boston mais peças do que sairão pode influenciar em qualquer negociação com o brasileiro no futuro. No sentido de que o clube pode já se comprometer com o máximo de jogadores possível (15) para uma temporada. Chegando então ao período, pré-Draft, em que as negociações entre todas as franquias se intensificam, não dá para ter certeza alguma de que Ainge vá poder assinar com Leandrinho, ou não;

– E para Leandrinho? Valeria assinar com o Celtics? Não vamos nos esquecer que o jogador, oras, é parte interessada em qualquer negociação também. Por enquanto, o brasileiro não vai passar por cirurgia, pois, além da ruptura do ligamento cruzado anterior, ele sofreu uma lesão também no ligamento médio. Antes de passar por uma cirurgia, ele tem de esperar a reabilitação desse segundo problema. Ou seja: vai acabar demorando um pouco mais sua reabilitação, de modo que ele poderia ter sua pré-temporada para 2013-2014 ameaçada. Desta forma, qualquer negócio firmado com antecedência poderia ser de grande valor. Por outro lado, será que, com o susto da lesão, Leandrinho estaria disposto a conviver com contratos que duram apenas um ano – como foi obrigado a assinar em 2012? Será que ele estaria interessado a voltar para Boston, diante da complicação que foi descolar tempo de quadra no atual campeonato? Será que Terry, Rondo ou Lee continuarão no time? Enfim, são várias questões nesse sentido.

Para alguém que joga com tanta velocidade, é de se imaginar o quão difícil será para Leandrinho o período que vem pela frente: pisar no freio, se medicar, passar por uma cirurgia séria, fazer horas de fisioterapia e, ao mesmo tempo, deixar a vida correr por conta própria, esperar, esperar, esperar e matutar. Matutar bastante.

 


Menos um: Leandrinho aumenta a lista de baixas brasileiras na NBA
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho abatido

Começou com um recorde, mas agora sobraram apenas os cacos para contar. Quer dizer: eram seis brasileiros na ativa na NBA, agora ficaram três, se tanto.

A última baixa no contingente nacional é Leandrinho. O ala-armador sofreu uma lesão no joelho esquerdo na derrota do Celtics para o Charlotte Bobcats, nesta segunda-feira, e a expectativa nos bastidores da franquia de Boston já era bastante pessimista antes mesmo da realização de uma ressonância magnética. Feito o exame, foi constatada uma ruptura no ligamento cruzado anterior do ligeirinho – a mesma causa para o afastamento de Rajon Rondo,  inclusive.

Leandrinho agora se junta a Anderson Varejão numa lista bastante desconfortável para um certo país tropical. Lista de baixas da qual Scott Machado também faz parte. São menos três… Que fase!

Sobraram agora Tiago Splitter, Nenê e Fabrício Melo.

Mas sabemos que o pivô novato vai passar muito mais tempo na D-League, aprendendo aos poucos, do que com a equipe principal. Então é como se, na segunda metade da temporada 2012-2013, tivessem restado, para valer, apenas dois brasileiros para contar história. Ao menos são dois jogadores que estão em ascensão.

Tiago Splitter se fixou como titular do Spurs e, com a lesão de Tim Duncan, se tornou a referência solitária no garrafão de Greg Popovich – e quem diria? (Aliás, como questionar o técnico-general? Alguém reparou que seu time acabou de derrotar o Chicago Bulls sem Parker, Ginóbili e Timmy? A melhor equipe da temporada, mais uma vez).

Enquanto, em Washington, Nenê vai se desvencilhando de sua fascite plantar para ajudar John Wall a trazer um pouco de dignidade para o Wizards. Seu time venceu quatro dos últimos cinco jogos – tendo perdido apenas para o Spurs, diga-se –, com o pivô brilhando em quadra. Com uma saudável média de 31,8 minutos, vem com 16 pontos, 9,4 rebotes e excepcionais 4 assistências por partida. Sem contar o aproveitamento de 60,3% nos arremessos de quadra.

Muito bem. Mas não dá para dizer que isso alivie o clima na hora de digerir a lesão de Leandrinho. Ainda mais na hora em que ele estava encontrando seu papel na rotação de Doc Rivers…

Leandrinho está fora


O Fantástico Mundo de Ron Artest: Quem? Quando? Onde? Por quê?
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Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

*  *  *

Ron-Ron: whosdat?!

O #mettaworldpeace que nem sabe fazer cara de conteúdo

Se a gente gosta de se referir a Ron Artest como praticante do lunatismo, é porque ele anda sempre com a cabeça na Lua, né?

Mas claro.

Depois da sapatada que o Lakers tomou do arquirrival Boston Celtics nesta quinta-feira, nosso anti-herói revelou-se tão aturdido, que não sabia nada do que estava acontecendo ao redor do universo. Digo: de todo o o universo.

Seria natural que ele não soubesse a quantas anda o clamor popular contra aquele tal de Renan Calheiros. Sem problema. Agora… Que o Pau Gasol está seriamente lesionado e não vai poder jogar por no mínimo seis semanas, colocando novamente a temporada do Lakers na berlinda?! Não, ele também não tava sabendo. Disse aos repórteres ontem em Boston que precisou de o Steve Blake avisá-lo, no vestiário, sobre o que se passava com seu pivô espanhol preferido. 🙂

E mais: o #mettaworldpeace também teve de recapitular com Blake o desfecho da partida anterior contra o Brooklyn Nets, do qual Gasol havia ficado fora, sofrendo a lesão no segundo tempo, lembram?  “Ele não terminou o jogo?”, questionou o ala que venera Kobe Bryant e pouco antenado.

Para finalizar, quando questionado sobre o que ele achava deste revigorado Boston Celtics, em franca ascensão desde as perdas de Rajon Rondo e do calouro Jared Sullinger até o fim da temporada, ele também se mostrou surpreso. Mas, calma!, não sobre Rondo. “Quem é Sullinger? Quem é e esse?”, devolveu, todo interessado.

Por isso que não é de se estranhar, então, que ele tenha dito na véspera que considerava Dwight Howard um “soldado” e que não duvidava de sua saúde. Muito provavelmente Ron-Ron não estava ciente da forte pressão que Bryant e Nash estavam fazendo para o pivô retornar ao time. Porque dificilmente o nosso lunático contraria Kobe para qualquer coisa.

Agora, sim. Tá explicado!

(…)

Mas, peralá: tá explicado o que mesmo!?


Conheça os reforços baratos que ainda podem ser úteis na NBA
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Giancarlo Giampietro

Nate Robinson, sim, senhor

Nate Robinson, o melhor jogador da semana no Leste. Acreditem

Quem poderia imaginar que Nate Robinson, fazendo as vezes de Derrick Rose no Chicago Bulls, poderia ser eleito o melhor jogador da semana no Leste em alguma ocasião? Larry Brown e Doc Rivers, que perderam alguns anos de vida ao comandar o dinâmico e tresloucado baixinho, certamente não.

Mas, para o Bulls, ele se provou um reforço perfeito. O time mantém um padrão defensivo absurdo, sufocante, e está bem posicionado na briga pelos playoffs no leste. Mas uma hora é preciso fazer cesta para vencer uma partida, não? E Robinson sabe fazer isso muito bem. Nem sempre ele é o jogador mais consciente e empenhado em quadra, mas seus talentos ofensivos são inegáveis. Ganhando o salário mínimo para sua idade, com o contrato sem garantia alguma, que mal teria, então? Thibodeau liberou a contratação, e foi na mosca.

Na NBA, muitas vezes o mercado funciona como o do futebol brasileiro, com uma oferta muito grande de jogadores. É normal que alguns passem despercebidos e demorem em fazer parte da liga, assim como há inúmeros casos de jogadores já contratados e envolvidos em negociações apenas como contrapeso e que, do nada, se tornam peças fundamentais em seus novos clubes (exemplo: ver Clark, Earl na enciclopédia que vai sendo preparada para dar conta dessa temporada completamente maluca por que passa o Lakers).

Com o dia 21 de fevereiro, a data-limite para a realização de trocas se aproximando, veja alguns jogadores para quem não se dá muita bola, ou que são muito pouco aproveitados hoje em seus atuais clubes, e que poderiam ganhar mais oportunidades ou ajudar outras equipes na briga pelos playoffs:

Sai de baixo que é o Will Bynum

Se não tomarem cuidado com Will Bynum…

– Will Bynum, armador, Detroit Pistons.
Pelo que vem produzindo vindo do banco na Motown, é um alvo de certo modo óbvio, de tão bem que vem jogando, fazendo dupla com o calouro-sensação Andre Drummond. Tem médias de 9,1 pontos e 3,7 assistências na temporada, com 45,6% de acerto, em apenas 18,1 minutos. Nos últimos cinco jogos, mesmo com a chegada de Calderón, seus números são de 13,6 pontos e 5,6 assistências, com pontaria incrível de 53,8%. Esse baixinho que não foi draftado por nenhum time ao sair de Georgia Tech e brilhou pelo Maccabi Tel Aviv na Europa não tem nenhum ano a mais em seu contrato, recebendo US$ 3,25 milhões nesta temporada. Isto é, seria uma opção para reforçar o banco de qualquer candidato ao título sem custar muito e produzindo demais, colocando pressão nas defesas com seu jogo explosivo e atlético.

– Ronnie Brewer, ala, New York Knicks.
Já em sua quarta equipe na liga, Brewer começou o campeonato como titular em uma campanha surpreendente do New York Knicks, mas perdeu espaço na metade da temporada, antes mesmo do retorno de Iman Shumpert, tendo jogado mais de dez minutos apenas em uma partida das últimas 11 – uma vitória contra o Hornets no dia 13 de janeiro. Estranho: embora estivesse visivelmente fora de forma (se comparado ao físico que mostrou em Utah e Chicago) depois de passar por uma cirurgia, ainda oferece a qualquer time vencedor uma importante presença física e atlética, dedicada ao serviço sujo. Esteticamente, seu arremesso é uma das coisas mais feias em toda a NBA, mas ele compensa isso com ataques ferozes por rebotes ofensivos, uma defesa capaz de incomodar gente como Dywane Wade. Recebe o salário mínimo no ano: US$ 1 milhão.

A prancheta de Luke Walton

QI: durante o lo(u)caute da NBA, Walton foi assistente técnico na Universidade de Memphis

– Luke Walton, ala, Cleveland Cavaliers.
Calma, calma, calma. O torcedor do Lakers pode ter vontade de rolar no chão, com uma síndrome do pânico às avessas. Já faz tempo que ele supostamente não servia para nada no banco de Phil Jackson. O que ele poderia fazer hoje que ajudaria uma equipe de ponta? Bem, nunca é demais ter um passador inteligente em seu elenco, e isso o veterano faz como poucos, deixando seu genial pai orgulhoso. Em sua carreira, tem média de 4,7 assistências numa projeção de 36 minutos por jogo. Tem armador que se contentaria com algo assim. De todo modo, é uma habilidade para ser empregada homeopaticamente: o Walton filho também tem o corpo quebradiço, é extremamente vulnerável na defesa e lento. Mas pode ajudar a dar fluidez pontualmente a uma equipe que dependa demais de investidas individuais. Salário um pouco alto (5,6$ milhões), mas no último ano de vínculo e já com boa parte dele paga pelo próprio Cavs.

– Chris Singleton e Dahntay Jones, alas, Washington Wizards e Dallas Mavericks.
Tal como Brewer, são defensores implacáveis, fortes e atléticos, e pouco usados por seus atuais treinadores. Não porque não consigam mais perseguir os principais jogadores da outra equipe, mas essencialmente por estarem elencos em que suas habilidades são sobressalentes. Acabaram vítimas das circunstâncias. Singleton é praticamente um joão-ninguém na NBA, mas tem lampejos pelo Wizards que mostram o quão relevante pode ser em quadra – com 2,03 m de altura, ótima envergadura, está equipado para jogar nesta nova liga que testemunhamos, que não se importa muito com posições. Seria um ala ou um ala-de-força? Não importa: fato é que, na defesa,  conseguiria ao menos fazer sombra a caras como LeBron James e Kevin Durant. Acreditem. Já Jones é um pouco mais baixo, reduzindo sua cobertura a jogadores com porte semelhante ao de Wade.

Deem uma chance a Ayón

Ayón pode fzer muito mais do que simplesmente posar para uma foto vestido de Orlando Magic

Gustavo Ayón, ala-pivô, Orlando Magic.
Na encarnação passada do Vinte Um, já revelamos que o mexicano é o orgulho de Zapotán, com direito a música em sua homenagem e tudo (veja abaixo). Já não é pouco. Mas saibam também que, em seus tempos de liga espanhola, Ayón sucedeu caras como Scola, Splitter e Marc Gasol como seu jogador mais eficiente, posicionado entre os destaques de diversas categorias no principal campeonato nacional da Europa. Na NBA, teve um começo discreto, mas muito interessante pelo Hornets na temporada passada, mas vem sendo pouco aproveitado na Flórida, atrás do emergente Nicola Vucevic, do calouro Andrew Nicholson (aposta da franquia) e do veterano Big Baby na rotação de garrafão. Superatlético, inteligente, bom arremessador de média distância, faz de tudo um pouco em quadra e seria uma ótima opção num time bem estruturado, em que cada jogador tenha suas missões bem definidas em quadra.

Timofey Mozgov, pivô, Denver Nuggets.
Na verdade, praticamente o elenco inteiro do Nuggets poderia se enquadrar nessa brincadeira. Entre eles e o Clippers, estamos falando certamente dos times com mais opções em toda a liga. Mas destacamos o gigantão russo, que já foi alvo de muita chacota em Nova York e agora não consegue sair do banco de George Karl. E o que tem de tão especial, então? Bem, qualquer um que viu a seleção russa jogando nas Olimpíadas vai sair responder. Ele dominou Splitter e Varejão em confronto direto, por exemplo. Mas não foi só isso: de um trabalhão para qualquer oponente na campanha rumo ao bronze, com movimentos sofisticados para quem supostamente seria apenas mais um lenhador russo. Também está no último ano de contrato e, de todos os listados aqui, é o mais provável para mudar de clube – até Karl já falou abertamente a respeito, de que ele merecia mais tempo de quadra, mas que, com Koufos jogando bem e McGee aprontando das suas, não há muito o que fazer no momento.


Doc Rivers: “Leandrinho me assusta e assusta o técnico adversário ao mesmo tempo”
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho ataca os campeões

Ao ataque: a bandeja clássica em velocidade de Leandrinho

Já vimos este filme várias vezes em jogos da seleção brasileira. Leandrinho pega a bola em uma das alas, geralmente pela direita, abaixa a cabeça e vai para cima da defesa. Não importando se há dois ou até mesmo três jogadores concentrados naquele setor, justamente para evitar sua investida. As chances de sair uma falta de ataque ou um passe equivocado nas mãos do adversário são grandes. Mas tem hora que, vrrruuuum o bicho é tão rápido que, quando todos piscaram o olho, ele já estava completando sua clássica bandeja no alto da tabela. Com ele, nunca se sabe.

Pois bem, são apenas quatro jogos, mas ultimamente Leandrinho está aproveitando suas chances em Boston, mais acertando nessas investidas do que fazendo bobagem. Não sem um susto ou outro, para todos os envolvidos, como admite o próprio técnico Doc Rivers. “Ele simplesmente está jogando muito bem. Ele pode se descontrolar às vezes. Acho que ele me assusta e assusta o técnico adversário ao mesmo tempo. Mas isso, na verdade, não é algo ruim de se ter”, disse o treinador em um raro dia de calmaria nos vestiários do Celtics.

Sem Rajon Rondo, afastado por conta de uma cirurgia no joelho, a chance iria vir naturalmente, e o ligeirinho está agarrando. Melhor: ao mesmo tempo, sua equipe vai vencendo.

Desde que o genial e genioso armador caiu, o time ainda não perdeu. Foram quatro triunfos, batendo Miami Heat e Los Angeles Clippers (sem Chris Paul e Blake Griffin, ok) no meio do caminho. O “Vulto Brasileiro” – com a boa fase, voltou a ser chamado desta maneira pela mídia americana – ganhou 93 minutos de quadra nesta sequência, bom para uma média de 23,2 minutos por partida, praticamente o dobro do que tem em toda a temporada.

O mais interessante no momento vivido por Leandrinho é que ele vem conseguindo ser agressivo e eficiente ao mesmo tempo, uma balança que nem sempre funcionou bem em sua carreira, especialmente desde que se desligou de Steve Nash e Mike D’Antoni. Nos últimos quatro jogos, ele tentou 35 arremessos de quadra, e converteu 18 deles, mais que a metade. Ao mesmo tempo, somou 11 assistências e causou apenas cinco desperdícios de posse de bola, sendo que três foram num só compromisso, contra o saco de pancadas conhecido como Sacramento Kings.

Esse último número é a chave: se o atleta não cria tantas oportunidades assim para seus companheiros, ao menos tem evitado cair em armadilhas, sem entregar o ouro para o bandido, tendo cometido apenas um turnover contra Clippers e Heat e nenhum contra o Orlando Magic. De modo que já consegue botar uma dose de remorso no café da amanhã de Rivers. “Durante toda a temporada ele está numa situação desta: ‘Será que você o coloca, ou será que não?’ E obviamente  nós deveríamos tê-lo usado”, diz o técnico.

É isso: se conseguir se manter consistentemente nesse patamar, o brasileiro vai cada vez mais assustar apenas um técnico em quadra, o do outro lado.


Pau Gasol vai ao ataque e ameaça pedir troca se Mike D’Antoni continuar no Lakers
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Giancarlo Giampietro

Senta, que já vem história

Pau Gasol simplesmente não quer mais ficar sentado ao lado de Mike D’Antoni

Com Dwight Howard afastado por lesão, Pau Gasol retomou seu posto de pivô titular no Los Angeles Lakers e arrebentou. Somou 45 pontos, 22 rebotes e, opa!, 33 arremessos de quadra nas vitórias sobre o Minnesota Timberwolves e o Detroit Pistons. Foi sua melhor sequência na temporada, ajudando o time a encurtar, nem que seja um tico, a distância para Houston Rockets e Portland Trail Blazers na disputa por uma suada vaga nos playoffs da Conferência Oeste.

Então tá tudo bem com o espanhol, né?

Pfff… Nada disso.

Em entrevista de impacto ao LA Times nesta terça-feira, o barbudo colocou ainda mais lenha na fogueira que é a temporada do Lakers. Como se precisasse. Aliás, fogueira que nada. Já chegou ao ponto de queimada geral.

Na entrevista ao principal jornal da cidade, de relevância nacional, Gasol simplesmente decidiu dizer que pode pedir uma troca para a diretoria,caso Dwight Howard e Mike D’Antoni permaneçam, juntos, no clube, na próxima temporada.

Acontece direto, sabemos: o jogador está frustrado num clube, cansado de perder ou cansado da cidade – dizem que evitam Portland, por exemplo, porque lá chove muito. Agora… Essa última do astro espanhol foi novidade e extremamente bizarro. Ele inovou: se entendi bem, trata-se de um “suposto futuro pedido de troca que, quem sabe, poderá vir a acontecer de acordo com uma eventual condição”.

É a cara de Gasol.

Sensível, magoado com o modo como é tratado no Lakers, injustiçado, sem ganhar o devido respeito pelo bicampeonato que deu ao time (ao lado de Kobe Bryant, Phil Jackson, Lamar Odom, Andrew Bynum e Derek Fisher, claro).

De certo modo, dá para entender. Gasol realmente já foi esculhambado por muita gente dentro da franquia, desde os tabefes que levou de Phil Jackson em quadra, na humilhante derrota para o Dallas Mavericks em 2011, aos constantes ataques venenosos da Mamba Negra. Por fim, foi despachado em transação que levaria Chris Paul para uma outra Los Angeles, até que David Stern resolveu por fim ao negócio.

Machuca.

(Mas não é o fim do mundo, né? Ainda mais quando seu salário beira os US$ 20 milhões anuais e quando não se pode perder de vista que estamos falando de uma liga na qual Wilt Chamberlain, Shaquille O’Neal, Patrick Ewing, Hakeem Olajuwon, Scottie Pippen, Charles Barkley, Gary Payton e tantos outras estrelas completamente vinculadas a uma franquia já foram trocadas.)

Magoado, de qualquer forma, Gasol partiu para o (contra-)ataque. Quando o time mais precisa de seus serviços, enquanto Howard mal consegue erguer o ombro direito sem dores, ele decidiu abrir o bico para valer, em direção a D’Antoni, treinador que não consegue encaixar os dois pivôs em seu plano de jogo e desrespeitou, sim, o espanhol quando o enterrou no banco de reservas em sua estreia, insinuando que o sujeito estava atrapalhando em quadra.

Quer dizer, Gasol primeiro afirma que a culpa não é do treinador. Que ele teria seu sistema, com um grandalhão cercado por quatro jogadores abertos, e que quem o contratou sabia disso. Mas não passa de uma observação meramente cínica. Afinal, na entrevista a TJ Simmers, ele passa o carro por cima.

Segura:

– “Tenho a sorte de fazer o que faço para viver e ganhando muitíssimo bem para isso. Mas o que dói é que essa oportunidade única que temos com jogadores tão bons não está sendo aproveitada ao máximo.”

– “Eles tentam decidir como posso ser produtivo nesta mistura, enquanto sei que não estarei em uma posição para fazer o que faço e nos ajudar a vencer mais jogos. É frustrante, mas não vai me impedir de jogar duro em qualquer função.”

– “Não vou me deixar afetar. Ele (D’Antoni) está bagunçando com minha temporada, mas não minha carreira. Sei o que já conquistei, e ainda acho que sou um dos melhores jogadores do mundo.”

– “Num mundo perfeito, gostaria de ver nós dois (ele e Howard) dominando como um par no garrafão e facilitando as coisas para nossos companheiros.”

– “Nada vai mudar, mas não tenho dúvida de que poderíamos coexistir e dominar um jogo atrás do outro. Acredito 100% que, se estivesse começando as partidas ao lado de Dwight, chegaríamos aos playoffs. Apenas não sei se sair do banco torna o time melhor e com chance de vencer mais jogos.”

Chega?

Tudo isso foi com o gravador ligado. Imagine em off.

O Lakers enfrenta o Brooklyn Nets nesta quarta-feira. Imaginem como serão amistosas as interações entre os dois (Gasol, aliás, diz que mal fala com o treinador, a despeito de terem marcado um jantar para tentar resolver as diferenças, um encontro que o espanhol acha que até piorou  as coisas). Imagine também a zona mista depois da partida diante da mídia nova-iorquina, que sabe uma coisa ou outra sobre espalhar um incêndio.

Dependendo da repercussão, o possível-suposto-eventual pedido de troca pode ser antecipado pela diretoria do Lakers, liderada por um Jim Buss que não gosta de levar desaforo para casa. Foi sua a decisão pela contratação de D’Antoni.

E, não precisa nem reler as declarações destacadas acima, para entender que Gasol deu seu recado: é ele ou eu.


Venezuelano Greivis Vasquez vira solução para armação em Nova Orleans
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Giancarlo Giampietro

Greivis Vasquez ao ataque

Só Rajon Rondo e Chris Paul deram mais assistências que Vasquez nesta temporada

Por Rafael Uehara*

Greivis Vasquez tem tido um ótimo rendimento com armador do New Orleans Hornets, futuro Pelicans, o ano inteiro, mas, como seu time ganhou apenas 31% de seus jogos até o momento, muito disso tem passado despercebido. A não ser na Venezuela, imagino.

Começou quando ele foi trocado por Memphis em um negócio um tanto quanto surpreendente em 2011, pois Vasquez tinha ido bem pelo Grizzlies nos playoffs do ano anterior, quando a franquia venceu a primeira série em toda sua história e forçou o Thunder até o sétimo jogo do segundo round. A partir daí, puro anonimato. O técnico Monty Williams fez um excelente trabalho tirando o melhor possível de sua equipe, mas, com a saída de Chris Paul, faz sentido que muitos não tenham prestado atenção no Hornets campeonato passado, sem notar o desenvolvimento de Vasquez em um armador puro.

Então, quando o time escolheu Austin Rivers com a décima escolha no draft e depois trocou Jarrett Jack para os Warriors, muitos presumiram Nova Orleans planejava em desenvolver Rivers como uma emulação de Russell Westbrook em Oklahoma City, usando Eric Gordon no papel de James Harden como um controlador de posse mais disciplinado. Onde Vasquez se encaixaria nesse cenário seria como um terceiro ala-amador vindo do banco, capaz de ser opção de tiro quando em quadra com Rivers ou Gordon ou armando uma formação composta de reservas; papel que muitos analistas pensavam ser a melhor função para o venezuelano quando ele saiu da Universidade de Maryland.

Poucos perceberam que o Hornets estava na verdade planejando contar com Vasquez como primeira opção de armação do time, satisfeitos com o que tinham visto na temporada anterior, e que o jogador responderia a esse voto de confiança do modo que vem fazendo na atual campanha. Ele  evoluiu para se tornar armador muito produtivo e consistente, provando-se merecedor de ser considerado parte do núcleo ao qual a franquia pretende construir, junto com Eric Gordon, Ryan Anderson e Anthony Davis.

Vasquez foi titular em todos os 48 jogos da equipe até o momento e o caso pode ser feito de que ele tenha sido o jogador mais produtivo do time, à frente até da grande aquisição da janela de verão, Anderson. É o segundo maior anotador do time devido à boa pontaria em tiros de três pontos e terceiro em toda a liga em assistência, postando em média 9,3 por jogo. E seu impacto é evidente. De acordo com NBA.com/advancedstats/, com Vasquez em quadra, os Hornets marcam em média 105 pontos a cada 100 posses, similar ao ataque do Houston Rockets, que é 8º nesse departamento. Porém, quando ele vai ao banco, a produção cai para 93,9 a cada 100, pior que o ataque do Washington Wizards, o ataque mais anêmico da NBA. A diferença em aproveitamento tiros de quadra é de 6%.

Não pode ser ignorado, de qualquer forma, que Vasquez tem sido parte do problema na defesa. O Hornets tem permitido 107 pontos a cada 100 posses do adversário com Vasquez em quadra, mas também não se pode ser esquecido que Davis (o jogador que faz a maior diferença para o time em prevenção) tem lidado com várias lesões e perdeu 13 jogos nessa temporada e que outros como Rivers, Anderson, Xavier Henry e Al Farouq Aminu também têm performances bem abaixo da média naquele lado da quadra, explicando um time que já soreu 33 derrotas.

Na verdade, Vasquez tem parte maior nas 15 vitórias do Hornets pra começo de conversa, levando em consideração que Gordon e Davis perderam bastante tempo com problemas físicos, enquanto Rivers vem cumprindo uma primeira temporada como profissional muito decepcionante. Vejam: 11 das 15 vitórias do time vieram em jogos nos quais Vasquez esteve em quadra em torno de 35 minutos ou mais. Havia muito frisson ao redor de Davis, Anderson tem se provado um investimento excelente, mas, no fim, é o venezuelano quem tem sido o melhor do time neste ano e estender seu contrato ao fim da temporada deve ser prioridade para o Hornets nesse processo de reconstrução. Mesmo que ninguém mais vá falar a respeito.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Agora vai? Faverani se coloca à disposição de Magnano para defender a seleção
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Giancarlo Giampietro

Faverani agora está na luta

A cada convocação da seleção brasileira nos últimos anos a pauta ficava quase sempre voltada para a turma da NBA. Será que vão se apresentar? Os times liberam? Como estão fisicamente? E os contratos? Blablabla.

Mas há outro mistério que perdura e desafia as diversas listas que já foram anunciadas por Magnano, Moncho e a turma anterior. E o Vitor Faverani? O que acontece?

Sempre visto como um jogador de muito potencial, seu nome entrou para o rol de selecionáveis a partir do momento em que fez a transição da base para o profissional no Unicaja Málaga. Mas nunca deu as caras por aqui. Equipe de base, equipe de Sul-Americano, equipe principal, nada. A ponto de, no fim, ser esquecido, ou algo perto disso.

Na tentativa de reunir os melhores nomes possíveis, o empossado Rubén Magnano viajou por aí até chegar à Espanha para bater um papo com os jovens brasileiros espalhados por lá. Ao que parece, a conversa não foi muito boa, tendo deixado o argentino irado com seu comportamento. Se há algo que realmente vai tirar nosso treinador do sério, é isso. O pivô conseguiu.

Bem, o site da CBB agora resolveu fazer as pazes. Em mais que bem-vinda entrevista à equipe de comunicação da entidade, Faverani afirmou que, “se for interessante para a comissão técnica do Brasil me chamar, vou aceitar porque estou pronto para defender o Brasil”. Depois ele tenta afagar o argentino: “Tenho uma enorme admiração pelo técnico Rubén Magnano e com certeza ele virá à Espanha para conversar com os jogadores que pretende convocar”.

Pois é. Magnano já foi para a Espanha, Vitor bem sabe.

O pivô estava defendendo o Murcia na época. Embora não tenha sido convocado para o grupo pré-olímpico, o rapaz tenta explicar porque se manteve à distância ao menos na última temporada. “No ano passado eu tinha que fazer um tratamento muito delicado para curar um problema no calcanhar do pé direito. Conversei com o pessoal do Valencia, e ficou decidido que tinha que fazer o tratamento nas férias porque a lesão já estava sobrecarregando o joelho. Fiz uma opção de fazer o tratamento nas férias e hoje estou totalmente curado”, disse.

E, sim, esse é um problema recorrente. Não são apenas os clbues da NBA que vão colocar seus interesses acima de qualquer outro na hora de cuidar do desenvolvimento ou de simplesmente preservar, mesmo, seus jogadores. As confederações que se virem politicamente para dobrá-los – e, claro, a vontade do atleta também pode influenciar qualquer decisão.

De todo modo, está feita a ponte. Na hora de definir seus pivôs, cabe a Magnano definir se Faverani é um nome interessante, ou não, para a seleção.

*  *  *

Até porque, hoje, a seleção brasileira também não fica necessariamente refém do pivô. Num cenário hipotético – e, provavelmente, utópico –, se Magnano tivesse todos os pivôs à disposição para fazer uma convocação, muita gente boa teria de ser cortada. Veja a lista: Varejão, Splitter, Nenê, Augusto, Faverani, Hettsheimeir, Murilo, Giovannoni, Paulão… Além dos projetos Lucas Mariano, David, Lucas Bebê e Fabrício Melo…

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Ao falar sobre NBA, Faverani não se mostra o mais entusiasmado, não.  “Sonho não é. Tenho três anos de contrato com o Valencia, onde estou muito bem. Quero fazer o melhor aqui, ajudar a equipe a ganhar títulos, com grandes campanhas. Depois disso, se aparecer a NBA, não custa conversar, mas tem que ser naturalmente, sem forçar nada. Estou num dos grandes clubes do basquete da Europa. E é aqui que quero ficar.”