Vinte Um

Arquivo : janeiro 2013

Dois dados para encorajar o Lakers na briga por uma vaga nos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Kobe x Lin

O Lakers de Kobe conseguirá superar o Rockets de Lin?

Em Los Angeles, com relação ao Lakers, a alternância entre céu e inferno pode acontecer com uma frequência alarmante. No momento, com o time vencendo duas partidas consecutivas desde o retorno de Dwight Howard, a tendência é que comece a ser pintado novamente um céu de brigadeiro – mas bem sutil, né, porque a depressão pelo incrivelmente fraco início de temporada foi bem forte.

Então, meu amigo torcedor angelino, levantamos aqui alguns dados que podem ser mais animadores do que o basquete apresentado pelo time de Mike D’Antoni até aqui:

– o Houston Rockets, atual sétimo colocado, não vai nada bem quando se depara com adversários do duríssimo Oeste. A barba de James Harden, até esta quarta-feira, esteve presente em apenas sete vitórias em 22 confrontos, tendo perdido para o Dallas Maverics nesta quarta. Mantendo esse ritmo, dificilmente vão ter um aproveitamento superior a 50% ao final do campeonato (afinal, joga-se mais em sua conferência do que contra os da outra). Sem contr que o Oeste vai ficando ainda mais forte agora que o New Orleans Hornets e o Mavs estão completos, com Eric Gordon e Dirk Nowitzki entrando em forma.

– O Blazers, oitavo colocado, tem saldo de cestas de 2,1 pontos negativos. Historicamente, as equipes que ficam no vermelho não conseguem chegar aos mata-matas. Mas como se explica, então, a atual campanha de 20 triunfos e 18 reveses do grupo liderado por LaMarcus Aldridge? O clube de Portland está muito bem em duelos extremamente equilibrados, decididos por três ou menos pontos (6-2) ou na prorrogação (5-1). Novamente: levantamentos estatísticos indicam que esse tipo de situação tende a se equilibrar e que há um pouco de “sorte” na decisão de partidas assim – na terça-feira passada, aliás, a equipe perdeu a primeira no tempo extra, diante do Denver Nuggets.

Depois de tantas lesões e percalços, a família Buss só espera que os astros se alinhem a seu favor para a segunda metade do campeonato, de olho especialmente nesses dois pontos negativos de ao menos dois concorrentes em melhor situação na tabela – vale acompanhar também o Golden State Warriors, que começou o campeonato defendendo como nunca, mas perdeu rendimento nas últimas semanas.

Agora, de nada vai adiantar que Rockets e Blazers tropecem, se o próprio Lakers não melhorar seu retrospecto contra os times do Oeste, tendo até esta quarta  9 vitórias e 16 derrotas.

Para isso, deve arrumar sua cozinha, com muitas tarefas pela frente, entre as quais se destacam: 1) decidir o que fazer com Pau Gasol quando o astro espanhol se reabilitar da concussão sofrida em quadra; 2) arrumar a defesa, que não pode depender exclusivamente do vigor físico de Howard ou Artest (a atuação de Kobe contra Brandon Jennings e o Bucks foi uma ótima notícia nesse quesito); 3) aproveitar o ala Earl Clark por mais minutos, mesmo com o retorno de Gasol, e ganhar desta forma um reserva que possa ser mais útil que Chris Duhon e Darius Morris.

Antes de chegar ao grupo dos oito primeiros também é necessário ultrapassar Minnesota Timberwolves e/ou Utah Jazz. Sem Kevin Love, o Wolves fica em uma posição muito delicada para tentar voltar aos playoffs pela primeira vez desde a saída de Kevin Garnett, e só mesmo um trabalho inesquecível de Rick Adelman poderia segurá-los no páreo. O Jazz, por outro lado, segue numa tocada bastante consistente – não empolga, mas também não decepciona –, sendo muito forte em casa (12 vitórias nas primeiras 16 partidas). Resta saber se continuarão firmes em março, depois de encerrada a janela de trocas. Al Jefferson e Paul Millsap estão no último ano de contrato e podem ser negociados.

De qualquer forma, ao conferir as próximas rodadas, o fanático pelo Lakers tem mais dois pontos para monitorar além da produção de Pau Gasol: quando o Blazers voltar a uma prorrogação e quando o Rockets tiver um confronto na parte ocidental dos Estados Unidos, vale a secada.


Técnico do Grizzlies faz apelo para clube segurar Rudy Gay e pede calma com estatísticas
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Giancarlo Giampietro

Rudy Gay decola

Nemm todos podem saltar como Rudy Gay, alerta Hollins

O Memphis Grizzlies está entre os melhores times da Conferência Oeste e de toda a liga, mas isso não impede que os rumores de possíveis trocas não rondem a franquia. Para desespero do técnico Lionel Hollins.

Na semana passada, começou uma forte especulação de que o ala Rudy Gay estaria disponível no mercado. Aí vocês sabem o que acontecem, né? Não demorou muito para que uns dez clubes demonstrassem algum tipo de interesse, desenhando então aquele ciclo vicioso: supostas propostas, supostas negações, comentários de jogadores sobre a boataria, um dirigente que fala anonimamente para colocar fogo na brasa, e lá vamos nós.

Hollins só quer que deixem seu time em paz. Pediu publicamente a sua nova diretoria que deixem o Grizzlies jogar até o final do campeonato e que tenham a chance de lutar pelo título com o que têm hoje em mãos – uma base muito sólida e entrosada, com um dos melhores quintetos titulares da liga.

O que pega é o seguinte: a franquia trocou de dono no ano passado e, aos poucos, a nova gestão vai arregaçando as mangas. O ex-agente Jason Levien assumiu o controle das operações de basquete e surpreendeu quando contratou o ex-analista da ESPN e supernerd John Hollinger como seu vice-presidente. Era de se esperar que tanto o gerente geral Chris Wallace como o treinador ficassem em uma situação desconfortável a partir daí.

Lionel Hollins

Não tirem o coach Hollins do sério

Se o time liderado por Levien está realmente empenhado em trocar Gay é uma informação que oficialmente ainda não está confirmada. A motivação por uma eventual troca se justificaria na redução de folha salarial futura – algo que, preparem-se, vai ser um tema recorrente para muitos times nos próximos dois anos, quando as punições para aqueles que extrapolam o teto salariam ficarão bem mais severas. Segundo os jornalistas locais, eles só topariam fazer uma transação caso recebessem jogadores jovens, bons e baratos em troca, com a intenção de manter o time competitivo e, ao mesmo tempo, sanar suas finanças.

O ala teria mais de US$ 50 milhões para receber nos próximos três anos e sua produção não justificaria esse salário colossal.

Só não digam isso a Hollins. Para ele, a importância de seu jogador vai muito além dos números.

Rudy Gay sempre chamou a atenção da, digamos, comunidade da NBA por seus atributos atléticos. É um ala de 2,05 m de altura, esguio e extremamente ágil, com uma impulsão de deixar muitos concorrentes com inveja. Bem dirigido, orientado, pode fazer desses atributos um pesadelo na defesa. “Não há muitos caras lá fora desse jeito. Ele pode atacar de costas para a cesta, arremessar do perímetro e pode bater de frente. Ele marca o LeBron James, ele marca o Kevin Durant e todos esses caras que são altos, fortes, rápidos e atléticos. Não temos outro jogador em nosso elenco com sua versatilidade. A maioria dos times não tem. Ponto final”, afirma Hollins.

Depois de avaliar o que o ala oferece a sua equipe, o treinador, então, desviou sua artilharia para criticar a fixação por estatísticas que vem tomando conta, no seu entender, da liga. Ele não se coloca exatamente contrário ao uso de dados complexos como suporte ao time, mas acredita que eles não são tão importantes assim para se construir um conjunto vencedor.

“Nós nos apoiamos muito em estatísticas, e acho que isso é uma tendência ruim”, diz. “Os números têm seu lugar. Só não podem ser um fim em si mesmo. Ainda estou tentando descobrir quando o Oakland Athletics venceu um campeonato com toda a análise estatística que eles têm. É preciso de talento.  Não importa o que fulano diga, há jogadores que fazem seu trabalho nos últimos seis minutos e há jogadores que fazem isso no primeiro quarto. Quando estamos falando de grandes arremessos, há apenas alguns caras que vão arriscar, que vão querer arriscar e têm a bravura e a coragem para isso. Porque você enfrenta muitas críticas quando erra o chute. Você tem de ser forte mentalmente e corajoso para arriscar esse chute.”

Opa. Certamente John Hollinger não ficou tão animado dom as declarações do treinador.

Como o dirigente novato reage a isso e o que sua trupe vai fazer com Rudy Gay pode ter um impacto decisivo na briga pelo título, em meio a uma disputa acirradíssima no Oeste.

*  *  *

Nesta temporada, para o deleite de Hollins, o Grizzlies demoliu um resumo estatístico (mas de outra natureza, ok). Foi em um confronto contra o Miami Heat, vitória por 104 a 86, em casa.

Ray Allen x Wayne Ellington

Wayne Ellington teve seus 27 minutos de fama contra o Miami Heat

O Heat havia preparado seu plano de jogo com o que apontava o scout: teoricamente, os rapazes de Memphis não matariam muitas bolas de três pontos, então que se concentrasse a defesa no jogo interior. Resultado? O time da casa encaçapou 14 chutes de fora em 24 tentativas (58,3%). Foi a maior quantia que o time teve em 345 partidas. “Eles são praticamente os últimos em cestas de três pontos ou em tentativas de três”, disse LeBron na ocasião. “Pagamos por isso hoje. Eles arremessaram muito bem.”

O ala Wayne Ellington, em especial, foi a grande surpresa daquela noite, marcando 25 pontos em apenas 27 minutos, matando sete de 11 chutes de fora. Ouch. “Acho que Ellington não vai conseguir mais entrar sem ser notado pela porta de trás”, disse Chris Bosh. “Não sabia que ele poderia chutar desta maneira. Agora sabemos.”

Tem vezes que realmente os números e o scout não vão servir para nada. 🙂

*  *  *

Agora uma estatística curiosa que Hollins certamente não vai se incomodar em ver: o Grizzlies desfruta de um sucesso incomum diante do Miami Heat, tendo batido o time da Flórida em três de quatro confrontos desde que LeBron e Bosh foram contratados em 2010. Taí um rival que os atuais campeões não querem ver nem de longe em uma eventual final.


Depois de ‘férias’, revelação canadense desponta no basquete universitário americano
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Giancarlo Giampietro

Você assistia aos Canadá em ação nas competições Fiba e, ao final da partida, não tinha como não desligar a TV intrigado com Kelly Olynyk. Não só por este nome diferente, mas especialmente pelo tipo de jogador ele poderia ser. Alto, com 2,11m, e bastante ágil e versátil, fez sua estreia na seleção hoje gerenciada por Steve Nash aos 19 anos, direto no Mundial da Turquia-2010, com tempo de quadra consistente, com justiça. Dali realmente poderia sair coisa.

Kelly Olynyk e o potencial

Olynyk, promessa canadense

No ano seguinte, durante a Copa América de Mar del Plata, o ala-pivô começou bem mal o torneio, praticamente esquecido no banco de reservas, até que conseguiu 19 pontos e 12 rebotes num embate (e derrota larga) contra a experiente Argentina. De todo modo, sua produção caiu no geral, mesmo enfrentando concorrência mais fraca. Estava mais pesado, menos enérgico. O que havia acontecido?

Com jovens jogadores, você nunca sabe. Ainda estão aprendendo a lidar com o corpo, em constante mudança. A cabeça, então, nem se fala. Para um adolescente comum, a fase já é braba. Imagine, então, salpicar nesse caldeirão as aflições que o esporte proporciona, da possibilidade de sucesso ou falha numa carreira que pode ser glamourosa e render uma boa grana, mas que também, facilmente, pode ser curta e cheia de frustrações. Uma revelação bem cotada pode desaparecer e um anônimo, pouco badalado, pode explodir de repente.

Uma breve pesquisa na época – segundo semestre de 2011, lembrando, quando o Vinte Um estava nascendo – mostrou que Olynyk estava entrando em parafuso mesmo. Não sabia se continuava jogando na universidade de Gonzaga ou, na verdade, se continuava no basquete mesmo. Chegou a esse ponto.

Gonzaga é uma universidade católica com sede na cidade de Spokane, lá no Noroeste dos Estados Unidos. Sua posição geográfica facilita o recrutamento de muitos talentos canadenses, como o armador Kevin Pangos, que acompanha Olynyk neste ano, e o pivô Robert Sacre, o quebra-galho do Lakers para substituir Howard ou Gasol, no ano passado.

Kelly Olynyk tirou férias

Engravatado Olynyk ficou fora dos jogos, mas não das quadras

A presença do compatriota Sacre e do ala-pivô alemão Elias Harris no elenco dos Bulldogs no elenco 2011-2012 e a insegurança motivaram o ala-pivô a tomar uma decisão drástica e incomum antes da temporada: considerando que não teria muito espaço, ele optou por ser um “red shirt” – o jogador basicamente congela sua temporada de atleta, podendo usar futuramente um ano extra de atividade esportiva pela universidade. Este é um procedimento geralmente adotado por jogadores que tenham sofrido alguma lesão grave. Não foi o caso aqui: o cara ficou treinando com os companheiros, orientado pelos técnicos, mas não participou de uma partida sequer.

Geralmente, para os atletas mais novos, quanto mais jogo melhor. Para Olynyk, a temporada “off” serviu para colocar a casa em ordem. “Acho que qualquer um que não está muito satisfeito começa a pensar nas coisas. Mas eu conversei com os treinadores, e tivemos longas discussões. Fizemos um plano que funcionou no fim. Acho que tomei a decisão certa”, disse.

Voltou com mais vigor físico, a agilidade reabilitad, uma cabeleira hi, e muito mais determinado em fazer suas habilidades predominantes em quadra. Com a graduação de Sacre, havia uma vaga no time titular pronta para ser conquistada. “Não coloquei que queria aproveitar o ano para ganhar peso, estabelecer uma meta. Apenas encarei o ano para ficar mais forte e mais magro, para poder atacar de várias posições de modos diferentes e usar essa essa vantagem. Estava tentando me sintonizar e me tornar mais forte, para não ser empurrado para longe da bola. Definitivamente sinto uma diferença da minha segunda temporada para agora”, afirmou o canadense, agora com 21 anos.

Kelly Olynyk hippie

Kelly Olynyk renovado

Olynyk agarrou a chance e deslanchou, somando nesta temporada 18,1 pontos, 6,7 rebotes em 25,6 minutos por jogo, além de excepcionais 66,2% no aproveitamento dos arremessos e 80,3% nos lances livres. Muitos podem ter ficado surpresos, mas quem acompanhava o atleta de perto sabia de seu potencial. Era só uma questão de encontrar seu lugar, se sentir confortável na equipe e colocar em prática. “Ele não virou um jogador sensacional da noite para o dia só por causa de um ano fora. O talento estava ali. A confiança também existia, vendo por seus jogos com o Canadá. Esses ingredientes combinados com um programa de 12 meses e muita dedicação, com ele se comprometendo a trabalhar mais no garrafão, acabaram transformando-o”, avalia o técnico FranFraschilla, analista da ESPN.

Fraschilla toca num ponto importante. Olynyk tem um bom arremesso de três pontos, é ágil e pode atacar a cesta de frente como um ala. É o tipo de pacote bastante chamativo, mesmo, mas muitos prospectos ficaram pelo caminho na tentativa de colocá-lo à prova em jogos para valer. Digo: é algo muito bonito de se ver em treino ou em lances isolados, mas que nem sempre se valida em campeoantos (Nikoloz Tskitishvili, Martynas Andriuskevicius, Nemanja Alexandrov, Zarko Cabarkapa e muitos outros ficaram pelo caminho…).

O canadense trabalhou bem com a comissão técnica e se conscientizou em primeiro buscar as cestas mais fáceis – ainda mais competindo contra jogadores mais baixos rodada após rodada –, e deixar seus vastos recursos como uma literal reserva técnica, mesmo. Não está proibido de chutar de fora ou atacar os adversários pelo drible. Seria um crime. Mas também não poderia apostar apenas nisso, ainda mais com os pés de dançarino que tem.

O resultado disso tudo, claro, é que Olynyk agora vai subindo consideravemlente nas tabelas pré-Draft. Mantendo o nível até o final da temporada, tem tudo para ser escolhido entre os 30 melhores do recrutamento de novatos da NBA. Mas ele pode deixar isso para mais tarde. Para o ala-pivô, depois de um período de incertezas, o importante é curtir seu potencial agora. Jogando.

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Splitter se entrosa com Duncan, cresce em quadra e vira peça-chave pelo Spurs
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Giancarlo Giampietro

Uma bandeja ao estilo Splitter

Splitter agora divide quadra com Duncan, sem perder sua eficiência

Por Rafel Uehara*

O Vinte Um já cobriu exaustivamente como o San Antonio Spurs continua um concorrente legítimo ao título, mesmo que sem badalação. Tim Duncan permanece um dos jogadores mais impactantes da liga aos 36 anos de idade, Tony Parker lidera um rolo compressor ofensivo com sua capacidade de criar no pick-and-roll, e Greg Popovich controla os minutos de seus veteranos como um mago. Muitos pensam, incluindo este que os escreve, que o time da temporada passada (que em um momento venceu 20 jogos seguidos a caminho das finais da conferencia oeste) deveria ter ganhado o título, não fosse o crescimento do jovem e superatlético Thunder.

O argumento pode ser feito que o time deste ano seja na verdade ainda melhor que o da temporada passada, devido a sua melhor capacidade defensiva. O Spur tem permitido a quarta menor taxa de pontos por 100 posses do adversário. Em 2011-2012, ficaram em 11º nesse departamento. E o brasileiro Tiago Splitter, titular em 17 dos 39 jogos da equipe em 2012-2013, é um dos motivos pra isso. Depois de um primeiro ano em que mal viu a quadra e um segundo ano de avanço, mas ainda sem total confiança de Popovich, Splitter é agora peça-chave em San Antonio.

O desenvolvimento de Splitter para esta temporada era visto como crucial para os Spurs, devido ao panorama da Conferência Oeste. O Thunder de Kevin Durant e Russell Westbrook ainda era previsto como o time a ser batido (mesmo após trocar James Harden), sendo um caso especial, graças ao porte físico de suas estrelas. De resto, todos os demais concorrentes ou semi-concorrentes à vaga nas finais apresentam torres gêmeas no garrafão: o Lakers com Pau Gasol e Dwight Howard, o Grizzlies com Zach Randolph e Marc Gasol e o Clippers com Blake Griffin e DeAndre Jordan. Para ir à guerra contra estes, San Antonio necessitava que o par Duncan-Splitter desenvolvesse melhor sincronia e, para isso, que Splitter fosse mais confiável.

Em maior tempo de quadra na temporada passada, ficou evidente que Splitter tem talento pra jogar na NBA. Seu entrosamento com Manu Ginóbili e Stephen Jackson nos pick-and-rolls o permitiu várias oportunidades para contribuir no ataque. Mas, em vários momentos, Splitter levou Popovich à loucura com erros de atenção na defesa e falta de firmeza ao finalizar contra contato ao redor da cesta. Isso agora é coisa do passado, e Splitter tem sido um dos jogadores mais consistentes, produtivos e efetivos em toda a liga.

Splitter tem o sétimo maior PER entre alas-pivôs, com 19,87 (na merdição desenvolvida pelo hoje vice-presidente do Memphis Grizzlies e ex-analista da ESPN, John Hollinger, que avalia a produção estatística dos jogadores por minuto). De acordo com o portal mysynergysports.com, Splitter é o segundo maior anotador por posse em pick-and-rolls, marcado em média 1,39 ponto a cada jogada. Também está entre os 25 melhores defensores em post-ups, jogadas em que se recebe a bola de costas para a cesta próximo à linha de fundo, e entre os 40 melhores defendendo o pick-and-roll. E, de acordo com NBA.com/advancedstats/, com Splitter em quadra, o Spurs permite menos pontos que o Grizzlies, segunda melhor rankeada defesa na liga, e marca em média 9,5 a mais que o adversário em comparação a 6,3 com ele de fora. Esses dois números, em especial, são fantásticos.

Tem mais: de acordo com 82games.com, Splitter e Duncan estiveram em quadra 222 minutos juntos até o momento e, nesse tempo, San Antonio marcou um total de 95 pontos a mais que o adversário.

A maior preocupação com relação a formações envolvendo Duncan e Splitter juntos (motivo pela qual Popovich as usou em apenas 48 minutos na temporada regular passada) era o espaçamento do ataque. Matt Bonner e Boris Diaw proporcionam melhor espaçamento devido as suas habilidades de acertar tiros de três pontos com consistência.

Mas, segundo Zach Lowe, do site Grantland, a combinação tem funcionado melhor esse ano devido a maior variação de armações, inteligente visão de quadra e passes de ambos os pivôs, e a crescente química entre eles. Eles constantemente se posicionam em lados opostos de quadra, às vezes armam corta-luzes um para o outro, e a comissão técnica é atenta em sempre orientar um para que faça algo que chame a atenção da defesa quando o outro arma um corta-luz para Parker.

O brasileiro deve ganhar alguma consideração para o prêmio de quem mais evoluiu na temporada, o MIP (“Most Improved Player”), mas será difícil que ele ganhe, considerando que o Spurs está sempre fora do radar e que estrangeiros que não são estrelas já recebem menor atenção pra começo de conversa – aliás, mesmo se o caso não fosse esse, o montenegrino Nikola Pekovic tem tido um maior impacto em Minnesota.

Isso não muda o fato, porém, de que Splitter tem tido em temporada fenomenal e se desenvolveu em parte essencial para as aspirações do time. Agora não só por seu potencial, mas, mais importante, por sua produção.

 *Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Cirurgia praticamente acaba com qualquer chance de troca para Anderson Varejão
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Giancarlo Giampietro

Varejão, tudo pelo rebote

Varejão briga por rebote, não importando como está o joelho

Estava muito estranha mesmo toda aquela demora. Supostamente, Anderson Varejão havia sofrido apenas uma pancada no joelho e não perderia tanto temp para voltar. Mas as rodadas foram passando, e nada. Até que nesta quarta-feira o Cleveland Cavaliers enfima nunciou: o capixaba vai precisar de uma (nova) cirurgia e ficará fora de ação por, no mínimo, um mês e meio. No máximo, dois meses.

A operação, na perna direita em reigão próxima ao joelho, já foi marcada para esta quinta, dia 10. O que quer dizer que o pivô não poderia jogar o All-Star Game em Houston, entre os dias 15 e 17 de fevereiro, mesmo se os técnicos quisessem selecioná-lo. Com tanto tempo afastado, ele dificilmente seria incluído na lista, de todo modo.

Agora… Em Implicações muito mais sérias do que participar, ou não, de uma festa que não já não tem o mesmo glamour de antes, essa lesão praticamente inibe qualquer chance de o atleta ser envolvido em uma transação nesta temporada. O prazo para que os clubes acertem alguma negociação se encerra no dia 21 de fevereiro. Quem vai querer pagar alto por um cara que estará fora de quadra por tanto tempo? Seria uma aposta de muito risco? A não ser que o Cavs decida abaixar sua pedida, algo muito improvável.

Mais cedo, o técnico Byron Scott havia dito que Varejão era “o coração e a alma” de sua equipe e já havia dado a entender que poderia realmente demorar para que pudesse contar com o brasileiro novamente. “Só espero que não estejamos falando de algo que custe a temporada toda. Ainda estou tentando ser otimista, achando que ele vai jogar. Só não sei quando. O que me resta a fazer, porque ele significa muito para a equipe, é seguir em frente e treinar os caras que estão disponíveis. Sinto falta dele todo dia”, afirmou.

Depois dessas palavras, não precisa dizer muito sobre a importância que o capixaba tem em Cleveland e sobre o nível de suas atuações, a despeito do número desagradável de derrotas que o Cavs acumula – as médias de 14,1 pontos, 14,4 rebotes, 3,4 assistências e 1,5 roubo de bola são todas as maiores de sua carreira. Na real, Varejão vinha produzindo a melhor campanha de um brasileiro na história da liga.

Mas, infelizmente, ele não vem conseguindo se mostrar resistente. Nas últimas duas temporadas, perdeu um total de 93 partidas de 148 possíveis (62%, número elevadíssimo), com problemas físicos diversos. O estilo de jogo e a entrega na defesa e pelos rebotes acabam cobrando um preço caro. A palavra-chave que havíamos apontado para Anderson neste ano? Justamente: saúde. Ai.

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Spurs se aproxima de contratar australiano; negociação pode interferir nos planos de Splitter
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Giancarlo Giampietro

Para quem viu esta espécime em ação durante os Jogos Olímpicos, era de se pensar mesmo o que ele estava fazendo fora da NBA. Pois parece que o San Antonio Spurs, claro, está disposto a resolver esse disparate.  Segundo informação de diversos veículos na Europa, o clube texano está bem próximo de anunciar a contratação do pivô Aron Baynes, uma negociação que nos faz ponderar sobre qual seria o futuro de Tiago Splitter por lá.

Mais um produto do formidável Instituto Australiano do Esporte, que forma de tenistas a nadadores, Baynes é o que se chama de “late bloomer”, alguém que despontou no esporte relativamente tarde. Graduado na universidade de Washington State, rodou um bocado na Europa até se destacar no ano passado pelos Aussies nas Olimpíadas e, depois, arrebentar na Euroliga.

Aron Baynes imenso

Aron Baynes: físico imponente e basquete mais refinado

Contra o Brasil, na primeira rodada, deu um trabalhão danado. Lembram? Foram 10 pontos e cinco rebotes em apenas 15 minutos de jogo. Foram só 15 devido ao excesso de faltas. Ufa. Terminou o torneio com 7,5 pontos e 3,3 rebotes, numa rotação de pivôs fortíssima. Na seleção australiana, aliás, Baynes trabalhou com o técnico Brett Brown, que calha de ser um dos assistentes de Popovich em San Antonio.

Até jogar em Londres 2012, o gigante australiano (na verdade, ele nasceu na Nova Zelândia, mas tudo bem) vinha jogando em clubes modestos da Europa, como o grego Ikaros Kallitheas e o alemão Oldenburg. Mas o potencial demonstrado em julho e agosto lhe valeu uma transferência para o Union Olimpija. O time esloveno é um regular saco de pancadas na Euroliga, mas tem tradição no desenvolvimento de seus atletas.

Acabou que Baynes fez um grande torneio, embora sua equipe tenha conseguido apenas três vitórias em dez rodadas: foram 13,8 pontos e 9,8 rebotes de média em apenas 26 minutos por jogo, além de um aproveitamento de 58,7% nos arremessos de quadra. Ele foi o jogador que mais fez cestas de dois pontos na primeira fase, o maior reboteiro, o maior reboteiro ofensivo, o jogador mais eficiente e o décimo cestinha. Dominante, ou seja.

O Spurs acompanhou de perto, fazendo uso mais uma vez de seu vivíssimo departamento de scouts na Europa. É uma atrás da outra para a turma gerenciada por RC Buford. Segundo o site Sportando, a multa rescisória do pivô é de US$ 400 mil, quantia risível para um clube da NBA. O pivô deve fechar um contrato multianual, e o Union Olimpija já até estaria no mercado procurando um substituto.

Baynes oferece a Popovich um corpanzil que assusta, com muita força debaixo da tabela e ótima referência ofensiva. Embora seus movimentos sejam um tanto robóticos, pouco criativos, sua coordenação e pontaria cresceram evoluíram consideravelmente desde que iniciou sua carreira no basquete universitário americano. Aos 26 anos, volta aos Estados Unidos no auge.

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E como fica Tiago Splitter nessa?

Bem, se Popovich mantiver coerência com o que fez nas últimas temporadas, Baynes não deve ser muito aproveitado logo de cara. Ainda mais chegando no meio do campeonato. Só vai para quadra se o técnico e a diretoria realmente entenderem que é alguém para fazer diferença, assim como aconteceu com o veterano Boris Diaw no ano passado.

E não custa lembrar: o Spurs assediou para valer o esloveno Erazem Lorbek, do Barcelona, durante as férias, com a esperança de convencer o astro europeu a tentar a sorte na NBA, enfim, sete anos após ter sido selecionado pelo Indiana Pacers. A grana e o glamour do Barcelona fizeram a diferença.

A longo prazo, porém, é de se pensar o que isso representa para o catarinense. Tim Duncan envelhece, mas segue ainda bastante produtivo. Diaw tem mais dois anos de contrato. Sobra quanto de tempo de jogo se o australiano cair nas graças da comissão técnica?

Por outro lado, a contratação de Baynes pode também apenas indicar um temor do Spurs em perder Splitter no mercado de agentes livres deste ano. Teriam encontrado, desta forma, um substituto barato, algo importante para um time sediado em um mercado pequeno e que já paga uma boa grana para o trio Duncan-Parker-Ginóbili.

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Splitter ao menos hoje é titular do Spurs. E o que dizer de seu amigo DeJuan Blair, com quem brigou por espaço no time nos últimos dois anos? Taí um nome que pode ser envolvido a qualquer momento em uma troca.

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Substituto de Scott Machado estava cansado de se destacar na Rússia
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Giancarlo Giampietro

Patrick Beverley desbancou Scott Machado

Patrick Beverley, MVP na Europa, 15º jogador do Rockets

Na Rússia, Patrick Beverley era praticamente um czar em quadra. Mas ele já estava bem cansado dessa vida. Por isso, o interesse do Houston Rockets não poderia ter surgido em melhor hora – ou pior, do ponto de vista de Scott Machado.

“Não fazia uma refeição com comida americana há cerca de seis meses. E é diferente olhar para a TV e ver todo mundo falando inglês. Agora entendo o que as pessoas tão falando quando vou para a rua também”, disse o jogador, que é difícil de se enquadrar em uma posição. Escolha algo entre armador, ala-armador ou escolta: vai depender da combinação de jogadores que o treinador usar em quadra.

O que sabemos sobre o jogador é que ele é um atleta de primeiro escalão. Mesmo medindo 1,85 m e jogando basicamente no perímetro, Beverley tem o costume de liderar, pasme, suas equipes em rebotes. Ele fez isso jogando pela universidade de Arkansas – onde ficou por dois anos – e também sustentava essa façanha neste começo de temporada europeia pelo Spartak St. Petersburg na Rússia, depois de ter sido o MVP da última Eurocup (torneio de clubes um nível abaixo da Euroliga, mas forte de seu jeito).

Seus atributos físicos sempre chamaram a atenção dos olheiros da liga norte-americana. Foi draftado pelo Lakers em 2009, mas nunca chegou a constar nos planos de Phil Jackson, sendo repassado para o Miami Heat rapidamente. Jogou na segunda divisão da Grécia naquela temporada, fez alguns amistosos de pré-temporada pelo clube da Flórida no ano seguinte e, de novo, foi dispensado.

O problema era entender em que posição ou como ele poderia ser aproveitado. Como um protótipo de armador, era um jogador interessante, com potencial para ser um enérgico jogador, especialmente em aspecto defensivos. Uma discussão que, na NBA de hoje, vai perdendo o sentido. Ainda mais quando vemos em Houston, mesmo, um Toney Douglas, alguém formado nos mesmos moldes, seguindo firme como o armador reserva do time. Na verdade, jogando ao lado de James Harden, ele apenas marca o armador, enquanto a organização da equipe fique por conta do barbudo.

Essa capacidade atlética permite que Beverley jogue com eficiência no garrafão, atacando o aro, uma característica que é muito importante para a direção e comissão técnica do Rockets – como havíamos destacado aqui. A equipe valoriza muito os jogadores capazes de bater para a cesta, cavando lances livres ou abrindo espaço para os tiros de três da quina, de maior aproveitamento. São pontos em que Scott ainda estava longe de dominar.

Agora em Houston, o rapaz além de se ver envolto pela cultura de seu país, sem estranhezas, ele também se reencontra com a sua mãe, vejam só. Sua família é de Chicago, mas a Sra. Beverley havia se cansado de lá e decidiu se mudar para o Texas há três anos. Mal sabiam os dois… “Tive a sorte de poder abrir para ela um salão de manicure, e ela está trabalhando aqui desde então”, diz Patrick, que a princípio vai jogar pelo Rio Grande Valley Vipers na D-League. “Estou mais do que feliz e eu vou definitivamente aproveitar esta oportunidade.”

No esporte, a alegria de um quase sempre está ligada a uma frustração do outro.


Trajetória de pivô emergente do Rockets serve de exemplo para Scott Machado
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Giancarlo Giampietro

Greg Smith quem?

Matt Smith? Pat Smith? Jack Smith?

Não, nada disso. É Greg Smith.  E você conhece o Greg Smith?

É o pivô do Houston Rockets, jogando sua segunda temporada na NBA. Reserva do Omer Asik, o turco que você realmente deveria ter destacado em seu caderninho de anotações. (Se não fez, corra para vê-lo em ação. Um baita jogador).

Mas o Smith? Com esse nome tão comum nos EUA que poderia lhe valer a condição de anônimo, jogando 15 minutos em média por um time que não é exatamente a sensação do momento, é bem capaz que ele tenha passado batido mesmo na hora de se vasculhar a liga norte-americana em busca de informação.

De todo modo, para o aficionado brasileiro, a trajetória do grandalhão ajuda a dar um pouco de precioso contexto em torno de Scott Machado, o armador que vive uma situação difícil, já que o gerente geral Daryl Morey acabou de dispensá-lo.

Assim como Machado, Smith não jogou em uma universidade norte-americana de ponta – ele cursou em Fresno State. Assim como Machado, não foi dfraftado –se inscreveu no recrutamento de calouros em 2011, um ano antes do nova-iorquino filho de gaúchos e não teve seu nome chamado. Assim como Machado, foi acolhido prontamente pelo Rockets como um projeto de longo prazo.

Greg Smith x Manu Ginóbili

Mais eficiente que Manu Ginóbili?

Participou do training camp pelo clube texano em 2011, mas foi cortado do elenco principal após ter disputado apenas dois amistosos na pré-temporada – de novo: tudo muito familiar com a trajetória do armador. O jogador teve, então, de se contentar em jogar na D-League, a liga de apoio da NBA na qual o “D” vale por desenvolvimento. E ele realmente se desenvolveu.

Enfrentando veteranos rodados e alguns atletas inexperientes, Smith desfrutou de uma campanha de sucesso pelo Rio Grande Valley Vipers, a filial do Rockets, com 16,6 pontos, 7,8 rebotes e aproveitamento de 66,8% nos arremessos em pouco mais de 28,2 minutos. Foi tão bem que mereceu uma recompensa: um contrato ao final da temporada com o próprio clube de Houston, que, desta forma, conseguiria mantê-lo sob sua alçada. (Funciona assim: o clube oferece um contrato de dois anos para o atleta, no qual geralmente o segundo não tem nada de dinheiro garantido; ainda assim, esse time ao menos garante os direitos sobre o jogador, podendo dispensá-lo a qualquer hora.)

O pivô iniciou o atual campeonato no mesmo  barco de Scott Machado: não tinha um vínculo assegurado, tendo de convencer o técnico Kevin McHale e a direção de que valeria a pena investir mais em seus talentos. Os dois passaram juntos por um momento dramático no final de outubro, quando o Rockets tinha 20 atletas sob contrato e precisaria dispensar cinco deles antes que a competição iniciasse.

No fim, Morey continuou com seus movimentos ousados, manteve a dupla inexperiente e torrou cerca de US$ 6 milhões de salário ao mandar embora alguns veteranos estabilizados na liga. Na semana passada, quando chegou o ala James Anderson, foi a vez de Daequan Cook ser chutado e de mais US$ 3 milhões serem triturados. Agora, para abrir espaço para Patrick Beverley (escrevo mais sobre ele em breve), chegou enfim a vez de Scott. Greg Smith ficou.

Greg Smith, o Mãozão

Greg Smith e o maior par de mãos já medido nos testes físicos pré-Draft da NBA

Com o maior par de mãos já medidos na preparação para o Draft –, ótima envergadura e a cabeça amadurecida após tantos testes o pivô tem seu lugar fixo na rotação de McHale, e o que se escuta vindo de Houston é que o técnico já estuda um meio de abrir mais espaço para o cara em sua escalação, estudando colocá-lo ao lado de Asik.

Pudera: segundo as estatísticas mais avançadas, Smith seria hoje o 27º jogador mais eficiente de toda a NBA. Manu Ginóbili, Serge Ibaka e Paul Pierce são, respectivamente, os 28º, 29º e 30º da lista. (O que não quer dizer que sejam inferiores, claro. Mas é uma avaliação que mostra o potencial do jogador e que tem, em seu topo, pela ordem, as seguintes figuras: LeBron James, Kevin Durant, Chris Paul e Carmelo Anthony. Justa?)

Enfim. Parece até uma fábula. Mas que deveria ser estudada com atenção por Scott Machado. Ser dispensado pelo Rockets definitivamente não é o fim da linha, como você pode ver neste link aqui do DraftExpress.

Nessa entrevista, o antes desconhecido e dispensado Greg Smith diz o seguinte, com muita confiança: “Consigo me enxergar como um ala-pivô ou pivô titular em qualquer equipe da liga, de preferência no Rockets. Seria um bom jogador com o qual você pode contar e que ajudaria um time a vencer. E, daqui a cinco anos, acredito que poderia ser um All-Star”.

*  *  *

 No ano passado, durante o lo(u)caute da NBA, Smith jogou no México, para fazer um troco. Perto de Fresno, na fronteira com os EUA, mas, ainda assim, o México, que não é lá o principal pólo que você vai pensar quando o assunto é basquete. “No primeiro momento eu não queria jogar lá. Havia algo de errado, mas então decidi que iria, sim, e que seria por uns cinco ou seis meses. Quando cheguei, foi difícil, mas eu aprendi muito sobre mim mesmo, crescendo e amadurecendo. Joguei por três ou quatro meses, e aprendi muito enfrentando caras experientes que não se importam com quem você seja, com seu nome ou com qualquer outra coisa. Eles jogavam duro”, diz o pivô.

*  *  *

“É complicado para os jogadores jovens, porque eles estão vindo da universidade ou da Europa, onde estão acostumados a jogar mais de 30 minutos. Vir para cá, em Houston, com tempo limitado de quadra é difícil. Esse é o desafio para eles ao entrar na NBA, procurando se estabelecer. Achamos que a D-League dá a eles uma grande vantagem para continuar jogando e, ao mesmo tempo, trabalhar em suas fraquezas.”

Esse já não é mais o Greg Smith falando, mas, sim, de Gersson Rosas, o vice-presidente de basquete do Rockets, e gerente geral do Rio Grande Valley Vipers.

PS: encontre o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.


Rockets dispensa Scott Machado e dá sequência a mudanças no elenco
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado, armador do Rockets

Scott Machado conseguiu realizar seu sonho. Vestiu a caisa de um time da NBA, foi para quadra e teve seus minutinhos de satisfação. Agora o armador vai ter de brigar por tudo isso de novo. Pois, sa acirradíssima liga norte-americana representa um sonho, por outro lado ela também pode ser bem cruel de vez em quando.

Nesta segunda-feira, o Houston Rockets optou pela dispensa do brasileiro nova-iorquino, abrindo espaço em seu elenco para a contratação do armador (ou escolta, ou ala-armador) Patrick Beverley, que estava jogando na Rússia. Depois de absorver mais de US$ 8 milhões em salários de jogadores cortados e segurar Scott em seu plantel, o gerente geral Daryl Morey enfim decidiu pela rescisão contratual com o filho de pais gaúchos.

Quem acompanhou sua movimentação durante o último período de férias da NBA sabe que Morey é um dos cartolas mais inquietos, agitados do mercado. Tentou obter Dwight Howard de todas as formas, mesmo ouvindo por parte dos emisários do astro que ele não tinha o menor interesse em jogar em Houston – para isso, se desfez de um armador excelente como Kyle Lowry e de um certo Luis Scola. Depois que Howard assinou com o Lakers, o supernerd voltou sua atenção para outros alvos e fechou rapidamente uma surpreendente troca pelo talentoso barbudo James Harden. Hoje, mesmo com sua equipe bem posicionada na briga pelos playoffs (com 20 vitórias e 14 derrotas), ele ainda não para, dando sequência a uma contínua reformulação.

Terceira opção em sua posição, atrás de Jeremy Lin e Toney Douglas, Scott acabou jogando apenas seis partidas pelo Rockets, com médias de 3,5 minutos, 1,3 ponto e 1 assistência. Ao todo, fez apenas seis arremessos de quadra neste tempo limitado, convertendo três deles. No dia 29 de dezembro, teve sua maior oportunidade, atuando por sete minutos em derrota de lavada para o Oklahoma City Thunder. No fim, passou mais tempo na D-League, jogando pela filial do Rockets, o Rio Grande Valley Vipers. Mas não conseguiu impressionar o clube texano de modo suficiente.

Beverley foi selecionado na segunda rodada do Draft de 2009 pelo Los Angeles Lakers, mas nunca foi aproveitado pelos californianos. Depois, tentou a sorte pelo Miami Heat, pelo qual chegou a disputar uma liga de verão em 2010 e cumprir otraining camp do mesmo ano. Foi cortado antes da formação do elenco oficial. Desde então, o jogador de 24 anos, extremamente atlético (forte, veloz, de muita impulsão) tocou sua carreira na Europa, tendo destaque na Rússia, com títulos importantes como o da Eurocup. Aos 24 anos, é apenas duas temporadas mais velho que Scott, mas muito mais experiente.

E o que esperar agora do armador brasileiro?

A não ser que alguma franquia já o recolha agora no período de waiver, que dura dois dias úteis, é muito provável que ele tenha as portas abertas para assinar com outro clube da D-League. Isso se não fechar com o próprio Vipers, cuja administração do departamento de basquete é controlada pelo Rockets – afinal, os caras já investiram uma boa grana nele para desistirem assim de uma hora para outra.

Depois de passar em branco na noite do Draft, Scott Machado agora tem mais uma frustração para superar.


Há muito basquete além da NBA: a Euroliga começa a pegar fogo
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Giancarlo Giampietro

Sonny Weems, da NBA para o CSKA

O superatlético Sonny Weems substitui Andrei Kirilenko em Moscou

Por Rafael Uehara*

(Nota/Ótima notícia no Vinte Um: convidado do blog durante o mês de dezembro, o Rafael veio para ficar. Semanalmente, ele vai publicar um artigo por aqui. Aproveitem!)

O mundo não acabou, mas 2012 sim, e, com a virada do calendário, as principais ligas do mundo começam a pegar fogo nessa arrancada em direção ao fim da temporada. No caso da Euroliga, principal competição de clubes do continente Europeu, isso é sinalizado pelo TOP 16, que teve sua segunda rodada disputada na semana passada. Com a mudança de formato a partir dessa temporada, a segunda fase da Euroliga terá 14 rodadas para definição dos oito classificados para as quartas de final, ao invés de apenas seis em anos anteriores. Há ainda muito chão pela frente, mas já é possível se ter uma ideia de quais times são concorrentes legítimos ao título e quais precisam de mudanças drásticas para voltar à briga.

O Barcelona de Marcelinho Huertas foi à Rússia na semana que passou e perdeu apenas pela segunda vez na competição, 65-78 para o BC Khimki, mas não há dúvida de que a máquina catalã é a força mais respeitável do basquete europeu no momento. Mesmo com um elenco composto de menos jogadores de pedigree defensivo como no ano passado, liderado pelo técnico Xavi Pascual, o Barcelona está a caminho de igualar marcas históricas registradas em 2011-2012. De acordo com o site gigabasket.org, o Barcelona tem permitido apenas 88,8 pontos a cada 100 posses do adversário, marca muito similar ao 87,3 da temporada passada, o que é fantástico especialmente considerando que o time substituiu Boniface N’Dong, Fran Vázquez e Kosta Perovic por Ante Tomic e Nathan Jawai no pivô.

Juan Carlos Navarro, La Bomba

Um Barça menos dependente de Navarro no ataque para tentar o título

Tomic e Jawai foram incorporados ao time em uma tentativa de adicionar maior criatividade ao ataque, que sofreu demais contra o Olympiacos no Final Four do ano passado. Pascual fez as mudanças necessárias, incluindo maior envolvimento de Huertas, e o resultado tem sido um time muito menos dependente de Juan Carlos Navarro e Erazem Lorbek e que tem marcado em média três pontos por cada 100 posses a mais do que na temporada anterior. Graças à boa química entre Huertas, Jawai e Tomic no pick-and-roll, o Barcelona lidera a Euroliga em pontos no garrafão. Com esse ataque renovado e uma defesa histórica, o time catalão é, em minha opinião, o principal favorito ao titulo.

Talvez os rivais de Madri estejam no mesmo nível. O Real Madrid de Pablo Laso também está tendo um ano fantástico. Entre supercopa da Espanha, campeonato espanhol e Euroliga, os merengues perderam apenas quatro jogos até o momento, sendo um deles para o Barcelona semana passada. Com uma filosofia oposta aos inimigos catalães, o Real tem se estabelecido como o ataque mais feroz do continente. No momento, é apenas o terceiro classificado em pontos por posse (marcando em média 109,7 a cada 100), mas isso é porque o Montepaschi Siena e o Zalgiris Kaunas estão fazendo campanhas históricas em termos de eficiência. Com a adição de Rudy Fernandez (um talento fora de série no continente) e o desenvolvimento de Nikola Mirotic (a caminho de se tornar o melhor ala-pivô na Europa), o Real não tem como ser parado, apenas contido. Mas esse já era mais ou menos o caso na temporada passada. O que faz do time merengue um concorrente legítimo ao titulo este ano é a melhoria em prevenção, setor no qual o time subiu de 13º para terceiro em pontos permitidos por posse.

É o que diferencia o Real Madrid do Montepaschi Siena, por exemplo. O Siena tem o melhor ataque do continente, marcando em média 115 pontos a cada 100 posses de bola. Bobby Brown tem sido fantástico e lidera a competição com 252 pontos em 12 jogos após uma exibição magnífica de 41 pontos em apenas 18 tiros de quadra contra o Fenerbahçe, em Istambul semana passada. O Siena tem superado as expectativas pra esse ano. Devido a problemas financeiros do patrocinador, Banco di Monte Paschi, o time teve que se despedir de medalhões como Simone Pianigiani, Bo McCallebb, Rimantas Kaukenas, David Andersen, Nikos Zisis e Ksystof Lavrinovic e remontar um elenco com soluções mais baratas do que a torcida estava acostumada. O Siena começou o TOP 16 com duas vitórias, sobre Maccabi e Fenerbahçe, mas ainda é difícil vê-lo como concorrente ao título. Com a terceira pior defesa da competição, e a expectativa é que em algum momento sua falha retaguarda pesará.

Kaukenas fazendo das suas

Kaukenas encontra espaço para a bandeja pelo ataque sensacional do Zalgiris

Já o Zalgiris Kaunas de Joan Plaza não pode ser visto da mesma forma. Havia muitas dúvidas com relação à idade avançada do elenco e como esse time defenderia, mas o atual campeão lituano é o sexto colocado em pontos permitidos por posse, mesmo que apenas Tremmell Darden e Ibby Jabber sejam atletas de porte físico invejável. Essa aplicação no setor defensivo, mesmo que não seja de elite, tem sido o suficiente para dar suporte ao segundo melhor ataque do continente. É uma dinâmica curiosa e fenomenal: o Zalgiris marca a segunda maior taxa de pontos por posse e, ao mesmo tempo, tem a menor taxa de posses por jogo. Isto é, faz o máximo com menos. Plaza formatou uma maneira de jogar que minimiza os fatores idade e a falta de porte físico do time. Será interessante ver se o clube lituano conseguirá impor seu ritmo de jogo contra Real Madrid e CSKA Moscow, dois dos times mais atléticos do continente e dos poucos com atletas ao nível de NBA. Mas o que eles já têm feito até agora é suficiente para se estabelecer como força a ser respeitada.

Falando em CSKA Moscou, o time de Ettore Messina (que voltou pra casa após três anos divididos entre o Real Madrid e o Los Angeles Lakers) vem, quietinho em seu canto, fazendo a melhor campanha da liga até o momento. O CSKA tem sido muito menos dominante do que aquele time liderado pelo fantástico Andrei Kirilenko ano passado, mas venceu 11 de seus 12 jogos até o momento e é o quinto colocado em ataque e segundo em defesa. Talvez sejamos nós que tenhamos prestado menos atenção. Sonny Weems também é talento de NBA, mas empolga menos do que o sempre enérgico e impactante Kirilenko. A combinação de Weems e Dionte Christmas nas alas é o que diferencia o CSKA dos demais times do continente. Poucos têm a capacidade atlética da dupla. O sistema ofensivo ao redor de Nenad Krstic mudou, mas o pivô sérvio tem mantido sua excelência. Tem saído do banco apenas porque seu companheiro de posição Sasha Kaun está totalmente recuperado de uma lesão séria no joelho sofrida 18 meses atrás e Messina agora apresenta uma sutil uma queda por atletas de primeiro nível, depois de sua experiência nos Estados Unidos.

Em Israel, o Maccabi Tel Aviv de David Blatt começou o TOP 16 com duas derrotas para o Siena e o Caja Laboral, a última por um ponto em casa na semana passada. Vindo pra temporada, a dúvida era como esse time iria marcar pontos após as saídas de Keith Langford e Richard Hendrix. Mas, com um ataque certeiro em tiros de meia distancia e uma defesa que tem permitido o menor número de pontos no garrafão, a potência israelense está a caminho de fazer o papel que fez ano passado; timinho difícil de bater nas quartas de final. Mais que isso será uma surpresa considerando as limitações do elenco, mesmo que se há alguém capaz de tirar um final four desse time, esse alguém é David Blatt.

E por último, mas não menos importante, o atual campeão Olympiacos. A temporada começou meio estranha para os vermelhos de Piraeus, com duas derrotas nos primeiros três jogos e a saída do pivô Joey Dorsey do time após desavenças com o novo técnico Georgios Bartzokas, que substitui o legendário Dusan Ivkovic, aposentado. Mas as coisas se acertaram a partir dali. O Olympiacos ganhou sete jogos seguidos na Euroliga para terminar a primeira fase com vitórias em 10 jogos. Além disso, bateu o rival Panathinaikos no campeonato grego. A defesa se endireitou e o importantíssimo Kostas Papanikolaou se apresentou melhor depois de um primeiro mês muito tímido. O TOP 16 começou com derrota em Vitória para o Caja Laboral, rejuvenescido depois da demissão Dusko Ivanovic, mas os vermelhos se recuperaram com vitória sobre o Besiktas em casa. É difícil saber, porém, o quanto Dorsey fará falta nas fases finais. Ele foi peça fundamental na corrida ao título ano passado e seu substituto Josh Powell é um jogador de características totalmente diferente.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.