Vinte Um

Arquivo : Al-Farouq Aminu

Guia olímpico 21: Nigéria, Venezuela e China, azarões
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Giancarlo Giampietro

Pergunta: Vamos agrupar cada equipe olímpica em diferentes escalões, de acordo com seu potencial (na opinião de um só blogueiro enxerido)?

Reposta: Sim, vaaaaamos!

Então aqui estão:

1) EUA
2) Espanha e França
3) Sérvia e Lituânia
4) Argentina, Austrália, Brasil e Croácia
5) Nigéria e Venezuela
6) China

Que fique claro: não é que essas castas sejam imóveis e que haja um abismo de uma para outra – excluindo os Estados Unidos como óbvios indicados ao ouro. Entre os segundo, terceiro e quarto andares, a diferença não é muito grande. São todos candidatos ao pódio. Basta lembrar que a seleção brasileira venceu França e Sérvia pela última Copa do Mundo e também bateu a Espanha em Londres 2012, num jogo muito estranho, mas paciência. E talvez até mesmo a Nigéria possa subir um piso, dependendo de sua lista final.

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Vamos com as seleções que estão faltando no terceiro grupo:

NIGÉRIA

A Nigéria chega forte para complicar o Grupo B

A Nigéria de Will Voigt chega forte para complicar o Grupo B

Armadores: Ben Uzoh, Josh Akognon e Michael Umeh.
Alas: Al-Farouq Aminu, Michael Gbinije, Chameberlain Oguchi e Ebi Ere.
Pivôs: Ike Diogu, Shane Lawal, Andy Ogide, Alade Aminu e Ekene Ibekwe.

Desde que os descendentes americanos de alto nível começaram a defender o país – pelo que me lembro, desde o Mundial de 2006, com Akognon, Ere e Ibekwe  já em quadra –, este elenco é o mais talentoso que a Nigéria conseguiu reunir. A verdade é que o Grupo B, com os atuais campeões africanos, se torna muito desafiador para qualquer de seus participantes. Acreditem: as seis seleções têm reais chances de se classificar. A história seria bem diferente se fosse a China.

A linha de frente nigeriana é demais. Aminu vira praticamente um Andre Iguodala pela seleção.  Diogu, guardadas todas as devidas proporções, é como se fosse um Luis Scola para eles, atacando de todos os cantos da quadra com muita munheca e controlando os rebotes com enormes mãos e envergadura. Lawal se firmou no basquete europeu até chegar a um Barcelona devido a seu vigor físico. Um cavalo. O restante oferece uma combinação de rebotes, capacidade atlética e chute. E pensar que poderiam ser mais fortes, caso Festus Ezeli e Epke Udoh tivessem seguro.

Na perímetro, Uzoh bota velocidade no jogo e pressão na defesa. Akognon é um grande pontuador, chutador, e o mesmo vale para Oguchi. Umeh também é uma ameaça com o chute de fora. Gibinije acaba de sair de Syracuse para o Pistons, e tem versatilidade e muitas ferramentas para costurar tudo.

Esses caras são muito experientes, com currículo vasto no basquete europeu. Aminu e Gbinije, justamente os dois com contrato de NBA, são os únicos nascidos nos anos 90.

Guia olímpico 21
>> A seleção brasileira jogador por jogador e suas questões
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>> França chega forte e lenta, com uma nova referência

VENEZUELA

Em ascensão, Vargas assume a armação venezuelana sem Vásquez

Em ascensão, Vargas assume a armação venezuelana sem Vásquez

Armadores: Gregory Vargas, David Cubillán e Heissler Guillent.
Alas: John Cox, Dwight Lewis, José Vargas e Anthony Pérez.
Pivôs: Gregory Echenique, Néstor Colmenares, Windi Graterol, Miguel Ruiz Miguel Marriaga.

Estamos todos prontos para o show de Néstor “Che” García, não? Entre todos os treinadores de todas as modalidades que os cariocas vão poder ver de perto nas próximas semanas, não é nenhuma ousadia escrever que vai ser praticamente impossível encontrar um ‘professor’ que faça tanto estardalhaço e que jogue tão junto com seus atletas como o argentino que se tornou um ídolo bolivariano nos últimos anos. García desenvolveu com os venezuelanos o tipo de identificação que Ruben Magnano jamais buscou com brasileiros – e não que essa fosse uma exigência do trabalho.

Com o argentino, a seleção vinotinto conseguiu alguns de seus resultados mais expressivos, como o bicampeonato sul-americano em 2014 e 16 e a incrível conquista da Copa América entre esses títulos, em 2015. Já podemos dizer que esta é a equipe mais vitoriosa do país e a mais expressiva desde que Carl Herrera, Gabriel Estaba García, Victor Díaz, Omar Roberts, entre outros, derrotaram a seleção brasileira para decidir a Copa América de 1991 com o Dream Team. Che também vibrou muito com o Guaros de Lara deste ano, com a Liga das Américas, encerrando a hegemonia brasileira na competição de clubes.

A seleção agora tenta levar, hã, esse inesperado período de eldorado para as quadras olímpicas, o que é uma ooooutra história. De todo modo, para uma equipe que derrotou em sequência uma abarrotada equipe do Canadá e a Argentina, no ano passado. Mesmo sem Greivis Vásquez.

Ninguém vai dizer que a Venezuela se torna um time mais forte sem sua principal figura. Vásquez é desses casos de “astro da NBA” que se dá muito bem com os companheiros locais, sem crise de ciúmes ou de histeria. Sua carreira na liga americana já vai para a sétima temporada, com um contrato de US$ 6 milhões pelo Brooklyn Nets. Em decisão em conjunto com o clube (ou não…), ficou decidido que o melhor para ambas as partes era que ele desencanasse do #Rio2016 para se recuperar devidamente de uma cirurgia no pé.

A estrela ajudaria muito na condução do time, mas García ainda conta com três armadores muito talentosos, como Gregory Vargas, que fez ótima campanha pelo Maccabi Haifa na temporada passada e agora se transferiu para o SLUC Nancy, da França. Tanto ele como Cubillán e Guillent podem quebrar a primeira linha defensiva com facilidade e invadir o garrafão. São jogadores muito agressivos que vão gerar boa parte dos pontos da seleção, acompanhados por John Cox, que é famoso por ser o Primo-do-Kobe, mas tem drible e capacidade atlética para ser reconhecido pelos seus próprios feitos em quadra.

García conta com as investidas individuais desses jogadores como opção de desafogo num sistema de jogo bastante controlado. A ênfase do argentino tem sido defesa, defesa e defesa – tal como Magnano fez em seus primeiros anos por aqui. Para tornar essa missão mais fácil, o argentino insiste que seus atletas ataquem em meia quadra, gastando bastante o relógio. É por isso que eles conseguem tomar apenas 80 pontos dos Estados Unidos num amistoso (mesmo que tenham feito apenas 45. Essa abordagem definitivamente não vai mudar agora. A ideia é amarrar o jogo, ir de posse em posse de bola e esperar que a habilidade de seus armadores possa fazer a diferença com placares apertados. Isso pede paciência e muita atenção por parte dos adversários.

CHINA

Zhou Qi, draftado pelo Rockets, é promessa chinesa. Mas para 2020

Zhou Qi, draftado pelo Rockets, é promessa chinesa. Mas para 2020

Armadores: Ailun Guo, Jiwel Zhao e Ran Sui.
Alas: Peng Zhou, Yanyuhang Ding, Li Gen, Zou Yuchen e Zhai Xiaochuan.
Pivôs: Jianlian Yi, Qi Zhou, Zhelin Wang e Muhao Li.

A China sobrou na Copa da Ásia/Campeonato Asiático/Torneio da Ásia/AsiaBasket/seja lá qual for o nome da competição, mas ainda não está pronta para causar impacto nestes Jogos Olímpicos. Se os seus jovens jogadores seguirem progredindo, essa história pode mudar para #Tóquio2020, porém.

O time que ganhou o torneio local tinha média de altura de 2,03m. É difícil encontrar um plantel mais espichado que esses, e, no continente asiático, isso ainda faz mais diferença. Tanta envergadura incomodou demais os oponentes na fase final. Depois de limitar o Irã a apenas 28,6% nos arremessos pela semifinal, seguraram os filipinos em 35,4% e, principalmente, em 25% na linha de três.

O engraçado nesse time chinês é que o papo de “Torres Gêmeas” não cola. Na real, os caras têm todo um verdadeiro condomínio de arranha-céus, escalando rapazes como Qi Zhou, de 20 anos* e 2,17m, Wang Zhelin, 22 anos e 2,14m, Li Muhao, 24 anos e 2,18m, além do nosso velho conhecido Yi Jianlian, de 2,13m, que faz as vezes de veterano aos 28. (*Em tese. Tal como acontece com Thon Maker, do Milwaukee Bucks, há uma grande desconfiança a respeito da idade do magricela, que é o melhor prospecto do time, de qualquer forma.

O problema para as Olimpíadas é que seus adversários terão envergadura e muito mais em seu pacote: experiência, talento e força, contra jogadores cujo intercâmbio se resume aos estrangeiros que frequentam a liga chinesa e estão claramente em fase de desenvolvimento técnico e físico.  ou de outro, são vistos como embaixadores da nação. Os interesses ao redor deles vão muito além do campo esportivo, digamos.

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Todos contra Angola: AfroBasket começa valendo quarta vaga olímpica
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Giancarlo Giampietro

Angola defende o título de 2013. Mais um

Angola defende o título de 2013. Mais um

Na Ásia, ou dá China, ou dá Irã. Na Europa, é aquele salve-se-quem-puder, pega-para-capar de sempre. A Espanha aparece como um favorito constante, mas a competição é brutal, premiando seis países diferentes com o título desde 2000. Nas Américas, até pela folga que os Estados Unidos ganham, as forças também se dividem, a ponto de o México ser o atual campeão. A Oceania, com seu dérbi Austrália x Nova Zelândia, não conta.

Agora, quando o assunto é o AfroBasket, temos Angola como a grande força de todas as competições Fiba. Nossos primos distantes começam nesta quinta-feira a disputa por mais um caneco, num clássico lusófono contra Moçambique, valendo dessa vez não só a hegemonia continental como a vaga olímpica para o Rio de Janeiro 2016. Vaga que eles deixaram escapar em Londres 2012 justamente em seu único deslize neste século: eles venceram sete das últimas oito edições do torneio, caindo apenas na final de 2011 contra a Tunísia.

Levando em consideração seu retrospecto, dá para falar em deslize, mesmo. Voltando ainda mais no tempo, veremos que, das últimas 13 edições, os angolanos triunfaram em 11. Mesmo que não tenham uma produção de talentos em massa, ou que estes não sejam exportados com frequência, como fazem os senegaleses, por exemplo, o fato é que os caras conseguiram montar boas equipes sucessivamente para dominar a competição africana.

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Em termos de desenvolvimento de talentos no continente, aliás, pede-se um aparte: a matéria-prima do continente é inesgotável, mas ainda precariamente burilada. A ponto de um país como a Nigéria sair coletando jogadores descendentes nos Estados Unidos para poder formar uma forte seleção. Esse movimento obviamente alargou gama de convocação de modo considerável. O que não quer dizer que, dentro de suas fronteiras, haja uma usina de atletas de ponta. Não é uma crítica ao que eles vêm fazendo, embora essa iniciativa desperte certa polêmica no continente, ao mesmo tempo que suscitou a concorrência a fazer o mesmo. Pelo que já vimos das últimas competições, dá para dizer que os selecionados adoram a experiência de jogar pelo país, com o entusiasmado Al-Farouq Aminu, um dos quatro atletas com contrato de NBA inscritos no torneio, sendo o maior exemplo disso.  Quando estão organizados, têm obtido relativo sucesso, ainda que não tenham chegado à final do Afrobasket. O terceiro lugar em 2011 foi o máximo que conseguiram até agora.

Gorgui Dieng volta a jogar por Senegal. Candidato a MVP

Gorgui Dieng volta a jogar por Senegal. Candidato a MVP

Organização, aliás, é o maior inimigo de muitas das seleções do continente. São diversos os relatos, nas competições passadas, de motim de jogadores contra as federações ou um técnico em específico, tal como acontece no mundo do futebol. A troca de treinadores também é uma constante, o que sempre atrapalha e também ajuda a compreender a hegemonia angolana, que usa a continuidade ao seu favor. Para este ano, os veteranos Joaquim Gomes e Olimpio Cipriano, supercampeões, foram excluídos por opção técnica, mas a base vem de longa data, tendo no jovem pivô Yanick Moreira, que se formou nos Estados Unidos sob a batuta de Larry Brown e assinou contrato de training camp com o Los Angeles Clippers, um novo pilar para seu jogo interno. O espigão teve médias de 17,8 pontos e 8,2 rebotes na última Copa do Mundo, ajudado, é verdade, pelos 38 pontos e 15 rebotes que somou contra uma Austrália de corpo mole.

Tunísia e Costa do Marfim são os outros times que apresentaram alguma consistência nos últimos campeonatos, se posicionando, ao lado de nossos patrícios, sempre entre os quatro primeiros de 2009 a 2013. Camarões (2009), Nigéria (2011) e Egito (surpreendente vice-campeão em 2013) foram os intrusos, no caso.

Dessa forma, a Tunísia aparece como a segunda principal favorita ao título e à vaga olímpica. Os africanos setentrionais foram os únicos a desbancar os angolanos neste século, vencendo a competição há quatro anos, em Madagascar. Sim, em Madagascar — muito difícil imaginar melhor sede que essa, hein? Como anfitriões e capitaneados por Salah Mejri, têm grandes chances, desde que não deixem o fator casa jogar contra. Banco do Real Madrid nos últimos dois anos e agora de contrato com o Dallas Mavericks, concorrendo com Samuel Dalembert e JaVale McGee por uma vaga no elenco, o espigão Mejri é uma presença física inigualável no Afrobasket. Tem 2,17m de altura, muita envergadura, corre a quadra feito um ala e salta que é uma beleza.

Aminu, com papel muito mais significativo pela Nigéria

Aminu, com papel muito mais significativo pela Nigéria

Fora isso, no papel, a Nigéria chega fortíssima, com uma linha de frente abarrotada, com versatilidade e capacidade atlética. Al-Farouq Aminu é muito provavelmente o melhor jogador da competição. Suas deficiências no drible não ficam tão expostas como na NBA, o que lhe permite atuar mais como um criador de jogadas, algo que não deve acontecer em Portland. Guardadas as devidas proporções, é como se ele se transformasse num Andre Iguodala a serviço da seleção, causando grande impacto dos dois lados da quadra. Para constar: Iguodala e Emeka Okafor foram os principais alvos dessa expansão nigeriana, mas recusaram o assédio, tendo o ala do Golden State Warriors, inclusive, vencido o Mundial de 2010 e as Olimpíadas de 2012. Os dois deixariam o time praticamente imbatível, creio, mas ainda há talento de sobra aqui. Ike Diogu, se os joelhos deixarem, ataca dentro e fora do garrafão, com uma munheca sensacional. Alade Aminu, irmão de Farouq, protege a cesta e tem bom chute de média distância. Por fim, Shane Lawal pode ser uma das sensações do torneio. O pivô de 28 anos é uma aberração atlética e, depois de fazer uma grande temporada pelo Dinamo Sassari na Itália, fechou um belo contrato com o Barcelona. No perímetro, o armador Ben Uzoh tem explosão e envergadura para atormentar os adversários na defesa, enquanto o ala Chamberlain Oguchi costuma ser a referência do time em jogadas mais apertadas.

Outra equipe que merece atenção e respeito é Senegal. O pivô Gorgui Dieng, em teoria, seria o principal concorrente de Aminu ao prêmio de MVP. Defendendo a equipe nacional, o jogador de 25 anos ganha muito mais protagonismo em comparação ao papel que desempenha pelo Minnesota Timberwolves. Dieng também tem bola para atacar dentro e fora do garrafão, é dominante nos rebotes e excelente na cobertura defensiva, com mobilidade e timing perfeito para os tocos. Na última Copa do Mundo, teve médias de 16,0 pontos , 10,7 rebotes, 1,8 roubo de bola, 1,5 toco e 2,0 assistências. Dominante, isto é, liderando a seleção a surpreendentes vitórias contra Croácia e Porto Rico. Ao seu redor há uma coleção de jogadores longilíneos, com suposto bom entrosamento: oito dos atuais convocados participaram do Mundial. Vão fazer falta o pivô Hamady N’Diaye, xerifão típico, e Maurice Ndour, ala-pivô do tipo strecht four, graduado pela Universidade de Ohio e que fez ótima liga de verão pelo Knicks para ser contratado pelo Dallas Mavericks.


Quem dá mais? O Pelicans! Com um contrato gigantesco para Davis
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Giancarlo Giampietro

O Monocelha janta com a família, o agente, o GM Dell Demps e seu novo técnico Alvin Gentry. Quem será que pagou a conta? Ala-pivô do Pelicans se torna o jogador mais bem pago da NBA, por enquanto

O Monocelha janta com a família, o agente, o GM Dell Demps e seu novo técnico Alvin Gentry. Quem será que pagou a conta? Ala-pivô do Pelicans se torna o jogador mais bem pago da NBA, por enquanto, com R$ 90 mi por ano a partir de 2016

Quando o escritório da NBA ouviu  à meia-noite em  Nova York (23h em Brasília, 19h em Los Angeles), as companhias aéreas e de telefonia vibraram. Assim como os hotéis e aquelas lojinhas de conveniência e presentes de última hora. Sabe aquelas que vendem bugigangas para quem esqueceu de comprar algo para o aniversariante, e tal? OK, no mundo bilionário da liga, esse ramo de negócios não lucra tanto. De resto, os outros três setores da economia americana curtem e muito o 1º de julho. É que os times estão liberados a abrir negociações (oficiais) com os agentes livres da liga. A primeira madrugada de visitas e teleconferências já foi agitada. Vejamos um resumo comentado do que aconteceu até agora:

– A principal notícia foi a extensão que Anthony Davis ganhou do New Orleans Pelicans. O acerto em si já era esperado. A surpresa ficou para quem ainda não havia se dado ao trabalho de calcular o quanto nosso prezado Monocelha poderia ganhar em seu segundo contrato. Saiu por estimados US$ 145 milhões em cinco anos (a partir de 2016), o que fará do ala-pivô o jogador mais bem pago da liga. Por ora, claro, até que LeBron possa assinar seu primeiro vínculo com o Cavs no novo mercado da NBA, a partir do ano que vem, e que Kevin Durant decida o que fazer da vida também em 2016. No câmbio de hoje, dá algo em torno de R$ 450 milhões (sem deduzir os impostos). Algo como R$ 90 milhões por ano. Toda uma dinastia de Monocelinhas já está com a poupança garantida, e o mundo inteiro sorri que é uma beleza. Como se chega a um valor exorbitante desses? É que o Pelicans *concordou* em pagar o máximo de salário possível para o jogador – o que, de acordo com as regras de hoje, se equivale a 30% do teto salarial de um clube, como seu “jogador designado”. Não importando o valor desse teto. Logo, com as projeções de subida da folha de pagamento para o norte de US$ 100 milhões em 2017, Davis vai poder levar uma bolada, e tanto. Em caso de mais uma eleição para o All-Star Game (o que, sabemos, vai acontecer), você chega ao que se tem de maior projeção em dividendos para um atleta. PS: ao final da quarta temporada da extensão, em 2020, o jovem astro poderá virar agente livre.

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– O segundo maior contrato foi firmado entre San Antonio Spurs e Kawhi Leonard. Nenhuma surpresa também. O valor é de US$ 90 milhões por quatro anos, o que atesta a opinião firme de Gregg Popovich de que o ala é o futuro do clube na era pós-Duncan, mesmo que ele não tenha jogado tão bem a série contra o Clippers. Kawhi ainda está no princípio de seu desenvolvimento como estrela. Acontece. Agora o Spurs espera sua vez para cortejar LaMarcus Aldridge. Para contratar o ala-pivô, porém, RC Buford e o Coach Pop terão de fazer algumas manobras complicadas e dolorosas, incluindo pagar ainda menos para Duncan e Ginóbili, talvez renunciar aos direitos sobre Danny Green e realizar uma troca envolvendo Tiago Splitter, Boris Diaw e/ou Patty Mills, sem receber nenhum salário de volta etc. Por falar em Danny Green, o ala já recebeu várias ligações. A primeira foi do Detroit Pistons. O Knicks também já agendou reunião. O Spurs teme perder o ala.

Sobre LaMarcus Aldridge: os dois primeiros times a se reunirem com ele em Los Angles foram Lakers e Rockets. Não significa que eles tenham a prioridade. O Lakers tem espaço em sua folha salarial e pode assinar um contrato na casa de 25% do teto salarial (o que daria US$ 18,8 milhões no próximo campeonato) com o pivô do Blazers. Na sala com Aldridge, estavam Jeannie e Jim Buss, os donos da franquia, Kobe Bryant, Byron Scott, o gerente geral Mitch Kupchak, o ídolo e comentarista dos jogos do clube James Worthy, além dos espíritos de Wilt Chamberlain e George Mikan e bonecos bubblehead de Shaq, Jerry West e Kareem Abdul-Jabbar. A comitiva do Rockets tinha dirigentes e Kevin McHale e James Harden. Para ter o pivô, o clube também precisaria se desfazer de alguns salários. Mavericks, Suns, Raptors e Knicks ainda vão conversar com ele. O Blazers ainda está no páreo, mas não haverá um encontro formal entre as partes. Convenhamos: um já conhece bem o outro. O pivô é hoje a figura mais cobiçada da liga (e seu pacote técnico justifica tamanho frenesi). É uma situação muito confortável: poderá escolher um time entre opções muito diferentes. Difícil de imaginar, no entanto, que não fique entre Lakers, Spurs e Blazers. A saída de Portland parece cada vez mas provável, de todo modo. E aí ficaria um dérbi bastante contrastante entre o glamour de Los Angeles e o ambiente caseiro de San Antonio. Depende do que o jogador quer.

– Quem está à espera de LaMarcus é Greg Monroe, considerado o plano B para muitos. Ele já bateu um papo com Knicks e Bucks em Washington, vai receber metade da delegação do Lakers hoje e ainda tem Blazers e Celtics na fila. A expectativa geral é a de que ele vá fechar um acordo com o New York. Ficar em Detroit está fora de cogitação. O pivô está disposto a assinar um vínculo mais curto, talvez de apenas dois anos, para manter suas opções em aberto, mesmo correndo riscos de que alguma lesão possa atrapalhar os planos de longo prazo. De qualquer forma, ciente de que o mercado vai bombar a partir de 2016, talvez seja uma decisão esperta. Se escolher direito seu próximo clube, Monroe vai seguir acumulando números bonitos para o currículo, ainda que seu jogo não inclua a defesa, e estará pronto para receber um contrato volumoso para a segunda metade de sua carreira. O sistema de triângulos é uma boa para seus recursos técnicos. Assim como faria bem a Patrick Beverley, um agente livre subestimado ao meu ver. Um dos melhores defensores em sua posição, bom chutador e que, em Nova York, não precisaria ser um armaaaaador – daqueles que retém a bola por muito tempo.

– Procurando um homem de garrafão desesperadamente, o Lakers também agendou para esta semana uma reunião com Kevin Love. Nos bastidores, a previsão é de que ele fique em Cleveland, e isso teria sido informado ao time californiano. Mas há quem ainda acredite que o ala-pivô possa deixar o clube. Creio que seja difícil. Pelo menos não para este ano. Em relação ao Cleveland, tudo quieto. Quer dizer, mais ou menos, já que LeBron James, em tese, é agente livre. Foi mais um movimento planejado para estrangular a diretoria do clube, no caso, para se renovar com Tristan Thompson sem sustos e seguir as diretrizes de mercado que o jogador quiser. Entre elas, Tayshaun Prince?! Estava pronto para detonar mais um dos pitacos do GM LeBron, até que… o Spurs apareceu entre os interessados no veterano. (Risos). (E aí não dá para entender mais nada, mesmo.) Enquanto isso, JR Smith se sente desprestigiado pelo Cavs. Alô, JR, terra chamando!

– Outro alvo do Lakers, sabemos, é DeAndre Jordan. Byron Scott e Mitch Kupchak cruzaram o país na madrugada para falar com Greg Monroe na capital americana e voltariam ainda nesta quarta para LA para se reunir com o pivô. Alguém falou em jet lag? Quem primeiro abriu tratativas com Jordan, no entanto, foi o Dallas Mavericks. O ala Chandler Parsons, segundo consta, não desgrudou do grandalhão por nenhum momento nos últimos dias e está tentando todas as artimanhas para que o jogador retorne ao Texas (é natural de Houston, porém). O Knicks também pretende negociar com o gigantesco Jordan, mas Mavs e Clippers são vistos como os favoritos.

– O Dallas também foi atrás do ala Wes Matthews, e as negociações avançaram. Aqui, sim, temos uma surpresa. O Mavs parece operar com a certeza de que o queridinho de Portland vai se recuperar 100% de uma lesão grave como a ruptura do tendão de Aquiles. Não é algo tão simples assim, gente. O clube teria oferecido US$ 12 milhões anuais. Ele quer US$ 15 mi. Não sei bem se é um bom negócio. Com Dirk idoso e as dúvidas sobre a resistência física de Parsons, o time precisava de alguém mais criativo no ataque? Ou estão confiando no trio Felton-Harris-e-eventualmente-Barea ainda?

– Quem se mandou do clube foi o ala Al-Farouq Aminu, que fechou um contrato de US$ 30 milhões por quatro anos com o Blazers. Essa foi um tanto bizarra, a despeito do ganho de investimento que os clubes terão a partir do ano que vem. O jogador que defende a Nigéria no mundo Fiba é um cara de muita vitalidade, versátil, que causa impacto nos rebotes e fez ótima série contra o Rockets.ue Mas q não acerta nem 30% dos arremessos de três em sua carreira e ainda não teve um rendimento consistente para justificar essa grana. Em Portland, vai reencontrar o gerente geral que o Draftou pelo Clippers, Neil Olshey, de todo modo. O lance é que esse valor obrigatoriamente inflaciona o preço de diversos atletas semelhantes, como DeMarre Carroll, Jae Crowder e afins. Imagino que Danny Ainge, que tanto quer Crowder, tenha gelado ao saber da notícia. Carroll, por sua vez, pode muito bem pedir o dobro agora (US$ 15 milhões por ano) ao Hawks. Mesmo Danny Green vai querer uma fortuna depois dessa.

– Mais dois caras ex-Mavs e que estão em negociações curiosas? Rajon Rondo e Monta Ellis. O Sacramento Kings foi para cima de Rondo, liderado pelo recrutamento de Rudy Gay, um dos raros casos de atleta que se dá bem (e muito bem) com o armador. São muito próximos, assim como Josh Smith. Que galera, hein? Rondo estaria disposto a assinar um contrato curto com o Kings na tentativa de regenerar sua reputação na liga depois do papelão que fez em Dallas – e, tão ou mais importante, o baixo nível de produção em quadra. Agora… Ter Rondo, Boogie, Karl e Ranadive sob o mesmo teto? Vira um hospício. Bem distante da Califórnia, o Indiana Pacers vai receber Monta Ellis, outra figura problemática, nesta quarta. Especula-se que vão oferecer um contrato de US$ 32 milhões por três anos. Larry Bird já lidou com Lance Stephenson por alguns anos, então talvez não se preocupe em domar o ego de Ellis, um cestinha obviamente talentoso, mas que marca pouco e acredita ser melhor que Stephen Curry. Ao menos, na retaguarda, Paul George e George Hill poderiam compensar suas deficiências.

– Outros negócios quase certos: o ala Khris Middleton tem um contrato de US$ 70 milhões e cinco anos encaminhado com o Milwaukee Bucks. Pode parecer muito para um jogador pouco badalado. Mas Middleton contribui dos dois lados da quadra, é jovem e se encaixa bem no esquema de Jason Kidd, ao lado de Giannis, Jabari & Cia. Envergadura. O Brooklyn Nets também vai renovar com Brook Lopez (US$ 60 milhões/3 anos) e Thaddeus Young (US$ 50 milhões/4 anos). Valores OK para um clube que está de mãos atadas enquanto não se livrar de Joe Johnson e Deron Williams.


Dallas Mavericks: de volta para o futuro
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Nem faz tanto tempo assim, né?

Nem faz tanto tempo assim, né?

Valeu a pena ter desmontado um time campeão pelo direito de contratar Monta Ellis e Chandler Parsons? Na frente da câmeras, um bilionário confiante como Mark Cuban, o dono de franquia mais atirado da NBA, militante das redes sociais, pronto sempre para desafiar os jornalistas e os concorrentes, certamente vai dizer que sim. Vai dar de ombros: tipo, vocês não sabem do que estão falando.

Mas pergunte a Shawn Marion, José Juan Barea, DeShawn Stevenson e até mesmo a Tyson Chandler, que está de volta a Dallas, o que eles pensam a respeito. Você pode esperar respostas que variam da ironia ao rancor, de uma gargalhada a lágrimas deprimidas, num reflexo da decisão corajosa – e duvidosa – que Cuban e Donnie Nelson tomaram no verão de 2011, abrindo mão de vários integrantes do único time da franquia que conseguiu o título, depois de centenas de milhões de dólares gastos e diversas tentativas frustradas.  “Nós não demos a nós mesmos a chance de defender o troféu”, lamenta Marion, ainda hoje, em Cleveland.

As regras trabalhistas e o modelo de negócios da liga americana estava passando por uma drástica fórmula de reformulação, e a diretoria do Mavericks optou por não estender o contrato de diversas figuras importantes da campanha vitoriosa, de imediato, para preservar a tão propalada “flexibilidade” em suas operações. A ideia era não assinar contratos de longo prazo, em busca de teto salarial para conseguir mais uma superestrela para jogar ao lado de Dirk Nowitzki.

Parsons, pressão de US$ 45 milhões

Parsons, pressão de US$ 45 milhões

Na época, Cuban se gabava de enxergar o futuro da liga dois passos à frente dos concorrentes – e que prorrogar o vínculo de seus campeões seria oneroso a médio e longo prazo. Ok, tirando David Kahn, ninguém quer pagar US$ 4,5 milhões em média para Barea, a despeito dos estragos que ele fez contra o Miami Heat na final. Mas e quanto a Tyson Chandler? O Mavs abriu mão de um excelente defensor em seu auge. Com um adendo: um excelente defensor de 2,13 m de altura, inteligência, força física e liderança. Numa confissão de arrependimento, se viram obrigados a resgatá-lo três anos depois. Três anos mais velho, no caso.

Com o espaço na folha salarial, os caras bem que tentaram. Queriam Deron Williams – e deram sorte de não consegui-lo. Dwight Howard nem aceitou a piscadela direito. Chris Paul não foi para o mercado. Carmelo, LeBron… Sonhar não custava nada. No fim, os novos companheiros de impacto para o craque alemão se tornaram Ellis e Parsons, mesmo. Ellis fez seu melhor campeonato sob a orientação do crânio Rick Carlisle, desafogou a vida de Nowitzki e, ganhando US$ 8,6 milhões este ano, tem um salário que parece barganha – seu ex-companheiro de Milwaukee, Brandon Jennins ganha apenas US$ 600 mil menos, e ele só se equivaleria a Monta em seus delírios egocêntricos. O que economizaram nesse negócio, contudo, tiveram de despejar na conta bancária de Parsons. Para tirar o ala de Houston, só mesmo pagando US$ 45 milhões por três anos, num contrato cheio de artimanhas para evitar que o Rockets cobrisse a oferta. Como se precisasse.

Com Nowitzki ainda desafiando a lógica, esses dois reforços, a volta de Chandler, um elenco de apoio experiente e competente e um treinador ainda subestimado, o Mavs está fortíssimo. Só não dá para dizer que esteja mais perto do título do que três anos atrás…

Dirk, novo arremesso, ainda mais difícil de se parar? Apelão

Dirk, novo arremesso, ainda mais difícil de se parar? Apelão

O time: o ataque do Dallas vai seguir de elite, não há dúvida. Na temporada passada, foi o segundo mais eficiente da liga, empatado com o do Miami. Nowitzki ainda é a figura central aqui, com sua incrível capacidade de conversão nos arremessos, que contraria sua mobilidade cada vez mais reduzida. Nesse ponto, mais uma vez se faz necessário o elogio a sua dedicação nos treinamentos. Com o alemão representando ainda uma séria ameaça para qualquer defesa, por sua capacidade de matar de qualquer canto da quadra.

A presença de Ellis, um criador de primeira, ajuda a aliviar a pressão em cima do líder e também gera chutes mais fáceis. Parsons também oferece arremesso de longa distância e versatilidade, se movimentando muito bem sem a bola. Devin Harris chegou ao ponto de sua carreira em que virou subestimado. Jameer Nelson vai conduzir as coisas com segurança e também ameaça no perímetro. A defesa, porém, foi outra história: o Mavs se posicionou entre os dez piores para proteger sua cesta (8º pior, para ser mais exato), e a esperança é que a presença de Chandler, muito mais atento, alto e competitivo que Samuel Dalembert, ajude o time a subir uns dez degraus nessa lista, pelo menos. Se acontecer um milagre desses, a equipe sobe junto na duríssima conferência.

A pedida: para o Mavs seria muito importante o mando de quadra já na primeira rodada. Isso, claro, se eles chegarem aos playoffs. No Oeste, nunca se sabe…

Olho nele: Al-Farouq Aminu. O ala de 24 anos também foi contratado nas férias, mas sem a mesma badalação de Parsons. Porque, claro, é um jogador bastante inferior ao ex-garoto-propaganda do Rockets. Existem algumas coisas que Aminu sabe fazer muito bem, porém. É um excelente reboteiro para alguém de sua estatura, nem sempre jogando perto da cesta, com média de 8,5 na carreira, em projeção de 36 minutos. Oitava escolha do Draft de 2010, o jogador não tem lá uma posição definida, o que dificultou um pouco seu aproveitamento nas casas anteriores (Clippers e Pelicans). Mas é um atleta de primeiro nível, que pode ser muito bem aproveitado por uma cabeça aberta como a de Carlisle, que sabe tirar o máximo de seus comandados. Seu estilo, aliás, se encaixa com o de Dirk, atacando a tábua ofensiva com voracidade, enquanto o alemão tem liberdade para chutar de média para longa distância. Aminu, que defende a Nigéria em competições Fiba, pode ajudar no balanceamento de quadra, assim como ocorreu com Shawn Marion no passado.

Abre o jogo: “Ele me pareceu cansado hoje, e seu arremesso estava saindo curto. Ele está trabalhando para perder um pouco de peso. Ele está um pouco mais pesado. Isso é um trabalho em progresso, e hoje foi uma das noites que esse peso extra o atrapalhou”, disse o técnico Rick Carlisle, sobre Parsons, após uma derrota para o Oklahoma City Thunder em amistoso de pré-temporada. Para o treinador, o ala precisaria perder no mínimo 2,3 kg (cinco libras). A declaração sobre o homem de US$ 15 milhões anuais, claro, não pegou bem.

Abre o jogo 2: Parsons disse que daria conta disso. Depois, o treinador se viu obrigado a divulgar um comunicado pedindo desculpas ao jogador e todo seu elenco. “Foi injusto e inapropriado destacar Parsons. Foi um erro de julgamento”, afirmou. Aí o reforço disse que tudo bem: “Ele veio falar de homem para homem, e temos um ótimo relacionamento. Já ficou no passado, agora vamos seguir em frente. Isso apenas mostra que tipo de cara ele é. Estamos nessa juntos”, disse. Carlisle, então, brincou: “Caso fechado. Já recebi minha punição. Minha esposa e minha filha agora são seguidoras oficiais de Chandler Parsos no Twitter e no Instagram”.

Você não perguntou, mas… saiba que, nas férias, aos 36 anos, com aproveitamento excepcional e mais de US$ 200 milhões ganhos durante toda a carreira, Dirk achou que era prudente desenvolver uma nova mecânica de arremesso, de modo que se tornasse mais rápido em sua elevação, uma vez que a agilidade nas pernas já está bastante reduzida. Trabalhou, para isso, com seu bom e velho amigo/mentor Holger Geschwindner.

Detlet Schrempf, NBA, Alemanha, rookie, card, MavsUm card do passado: Detlef Schrempf. Muito antes de Nowitzki, o Dallas Mavericks teve seu primeiro ala vindo da Alemanha, com mais de 2,05 m e exímio arremessador. Quer dizer: Schrempf era alemão, mas não havia chegado diretamente de seu país, mas, sim, da Universidade de Washington, pela qual se formou. Aos 23 anos, ele estreou em Dallas na temporada 1985-86. Era reserva de uma grande equipe de meados dos anos 80, com Rolando Blackman, Mark Aguire, Derek Harper, Sam Perkins, entre outros. Num tremendo erro de cálculo, acabou trocado em fevereiro de 1989 para Indiana Pacers em negociação pelo pivô Herb Williams (cara que, depois, viraria patrimônio vivo do New York Knicks). Em Indiana, pela primeira vez, depois em Seattle, ele seria eleito para três All-Star Games, numa bela carreira. Schrempf era bastante sólido e versátil, fazendo de tudo um pouco, e bem. Ele se aposentou em 2001, aos 38 anos. A essa altura, seu compatriota já havia concluído sua terceira temporada na liga e era uma estrela em ascensão.


Nigéria fecha semana histórica com a vaga olímpica
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Giancarlo Giampietro

Nigéria se classifica para as Olimpíadas de Londres-2012

É uma baita surpresa, mas não tratem como aberração a classificação da Nigéria para as Olimpíadas de Londres-2012, fechando os 12 times do torneio ao conquistar a vaga derradeira com uma vitória sobre a República Dominicana, neste domingo, em Caracas.

Foi um confronto extremamente físico, voltado para o garrafão, com atletas fora de série de ambos os lados. Não faltaram lapsos mentais também, mas em geral foi uma batalha agradável de se assistir – nada como ver de fora uma situação dramática dessas com duas equipes que se dedicaram bastante pela classificação.

Contra os nigerianos, os dominicanos encontraram um time que tinha uma resposta atlética com a qual não estão habituados. Al Horford e Jack Martínez não puderam simplesmente dominar as tábuas e a zona pintada. Porque Alade e Al-Farouq Aminu, Ike Diogu e o veterano Olumide Oyedeji, um dos líderes do grupo, não iam deixar. E falta ao time caribenho alguém para facilitar a vida de seus armadores vindo de fora – seus armadores Coronado e Fortuna (que nome para dupla sertaneja, hein?) foram muito destrambelhados durante todo o torneio e Francisco Garcia dificilmente passa a bola.

Do outro lado, os nigerianos apostam muito em investidas oficiais, mas seus ataques são centrados no garrafão e, lá dentro, eles são solidários. Brigam feito loucos pelo rebote ofensivo, fazem sólidos corta-luzes não hesitam em fazer o último passe no caso de um defensor estiver bem posicionado.

Tecnicamente, a Nigéria reuniu um elenco muito talentoso.

Ike Diogu pareceu um anônimo durante as transmissões da semana, mas se trata de um jogador que já ganhou mais de US$ 10 milhões em salários em sua carreira na NBA, pela qual foi ignorado na última campanha, de modo surpreendente. Fez apenas dois jogos pelo San Antonio Spurs, e só. Mas ele foi draftado na nona colocação em 2005 pelo Warriors, lidou com alguns problemas físicos no início, mas sempre foi um atleta eficiente nos minutos que recebeu, virando um dos queridinhos dos estatísticos. Não é uma estrela, mas é um pivô extremamente competente ofensivamente e cuja combinação de habilidades se traduz muito bem para o mundo Fiba (vide os dois arremessos de três pontos que converteu no quarto período neste domingo, ajudando seu time a se desvencilhar de uma reação dominicana). Ainda mais com o corpo fino do jeito que está.

Oyedeji foi draftado em 2000 pelo finado Seattle Superonics, no posto 42, e ficou por três temporadas na liga, sendo que já atuava em clubes de primeira divisão na Europa. Ele não balançou o coração de ninguém nos Estados Unidos, mas cumpriu uma carreira de nômade por todo o globo depois, adquirindo muita bagagem. Na hora do vamos ver, no quarto período, com Alade Aminu excluído por faltas, foi chamado para defender Martínez e deu conta do recado.

Esses são apenas dois exemplos, e nem precisamos nos estender muito sobre Al-Farouq Aminu, que ainda tem status de promessa na NBA e provou durante o torneio que os scouts estão certos – executou uma imitação perfeita de Kirilenko na disputa pela vaga, com 14 pontos e cinco tocos. Mas há muito mais histórias para serem contadas pelo restante do elenco.

São raros os momentos em que o blogueiro acerta alguma coisa, então lembramos aqui uma nota produzida, ainda na encarnação passada, para chamar a atenção sobre o grupo que a equipe africana estava reunindo, ainda que dois atletas de rebarba da NBA esperados não tenham jogado (seja por problemas na apresentação ou, a julgar pelo que vimos nas últimas duas semanas, talvez não tenham passado pelo corte final, oras).

Esta é a segunda vez que a Nigéria disputará as Olimpíadas, tendo terminado com a 11ª colocação em Atenas-2004 entre as mulheres. Valeu a bela festa que seus jogadores fizeram, comemorando com seus compatriotas em plena Caracas nas arquibancadas, para depois dançarem em quadra e se abraçarem feito garotos do basquete universitários – afinal, essa foi uma experiência marcante na formação de boa parte desse grupo também, de sua cultura basquetebolística. Antes da comemoração, a cena emblemática para isso aconteceu quando seus sete reservas se enganchavam pelos braços, sentados no banco, esperando o estouro do cronômetro, assim como haviam feito na grande vitória sobre a Grécia nas quartas de final.

Não que se agrupem em um timaço. Basta apenas não menosprezá-los.


A vitória memorável da Nigéria sobre a Grécia
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Giancarlo Giampietro

Al-Farouq Aminu

Al-Farouq Aminu decola para um belo toco contra a Grécia em São Carlos. Crédito: Inovafoto

Quando vimos na semana passada o amistoso entre Nigéria e Grécia, em São Carlos, ficou uma ótima impressão sobre a equipe africana, uma grata surpresa. Com jogadores extremamente atléticos, dedicados e unidos, embora ainda não compusessem e componham o melhor coletivo, poderiam ter uma chance. Com a grande vitória sobre os mesmos gregos nesta sexta-feira em Caracas, pelo Pré-Olímpico mundial, eles agora, na verdade, têm duas chances para conquistar uma inesperada vaga em Londres-2012.

Isso porque os nigerianos, com uma vitória dramática por 80 a 79, despacharam a tradicionalíssima seleção helênica nas quartas de final do torneio qualificatório, tendo agora a primeira oportunidade de garantir o passaporte na semifinal contra a Grécia ou, em caso de revés, na disputa pelo bronze.

Por pouco mais de 30 minutos, o que se viu na capital venezuelana foi o embate de dois times completamente opostos. A Grécia movendo bem a bola de um lado para o outro da quadra, explorando seu melhor entrosamento, técnica e experiência, abrindo 13 pontos de vantagem. Do outro, um vigoroso adversário que sobrevivia com base em jogadas individuais de seus atletas (foram apenas seis assistências em 40 minutos) e da coleta de uma infinidade de rebotes ofensivos (16 de seus 36).

No quarto período, contudo, os nigerianos passaram a anular a Grécia na defesa física, mas mais paciente, sem cometer tantas faltas. Do outro lado, no mesmo ritmo, encontraram corredores e melhores oportunidades para pontuar. Isto é, atacando o garrafão mais com esperteza do que por mero impulso. De pouco em pouco, tiraram a diferença.

Por ironia, no fim, a Grécia dependia basicamente das investidas de Vassillis Spanoulis, que terminou com 25 pontos, 7 rebotes e 5 assistências e parecia absolutamente o único disposto a bater para a cesta nos cinco (!!!) minutos finais – ele fazia de suas mágicas com a bola, aproveitando espaços dos corta-luzes imensos de Ioannis Bourousis. Para ser justos, o jovem ala Kostas Papanikolau (uma excepcional escolha do Knicks na segunda rodada do Draft) chegou a matar uma bola de três pontos a 13 segundos do fim, colocando sua equipe um ponto na frente: 79 a 78.

Spanoulis defende

Imaginava Spanoulis em São Carlos o revés contra a Nigéria?

Aí entrou em cena o ala-armador Ade Dagunduro. Com toda a personalidade do mundo, ele controlou o tempo, partiu para o garrafão, girou em cima de Zisis e sofreu a falta na tentativa da bandeja. Após um pedido de tempo, não se abalou e converteu seus dois lances livres, em arremessos de tirar o fôlego, com um arco muito alto. Parecia que a bola não cairia nunca. Mas foi de chuá. Os nigerianos ainda impediram uma saída de bola e, no estouro do cronômetro, conseguiram um toco em cima do próprio Spanoulis.

Dagunduro, maior cara-de-pau, já havia convertido um chute de três antes de Papanikolau – cinco de seus 14 pontos, então, vieram no máximo do crunch time. O descendente de nigerianos, de 26 anos e nascido em Los Angeles, defende o Leuven Bears, da Bélgica. Sua média foi de 8,7 pontos no torneio. Não podia ter brilhado em melhor hora.

Mas não dá para eleger um só herói. Ike Diogu, inexplicavelmente desprezado pela NBA, Alade Aminu, muito ativo na defesa, o tinhoso armador Anthony Skinn, que já viveu uma grande campanha rumo ao Final Four da NCAA pela modestíssima universidade de George Mason, e o promissor Al-Farouq Aminu, do Hornets, também deram suas contribuições significativas nesta vitória memorável para o basquete africano.

Foi mais um grande exemplo que, com um mínimo de organização, as equipes do (verdadeiro) velho continente podem fazer um estrago danado em cenário mundial. Mais cedo, Angola caiu perante a Rússia, mas os lusófonos mesmo já haviam bagunçado um pouco a casa ao derrotar a Macedônia na fase de grupos. Mas há ali um potencial absurdo a ser explorado.


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