Vinte Um

Arquivo : Tony Parker

Spurs varre Grizzlies e alcança 5ª final na era Duncan, a primeira com um relevante Splitter
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Giancarlo Giampietro

Timmy!

Tim Duncan está de volta a uma final de NBA depois de seis anos. Já não era hora

Segundo o próprio Tim Duncan, parecia uma eternidade. No caso, desde a última participação do San Antonio Spurs nas finais da NBA. Mas a espera acabou nesta segunda-feira com a quarta vitória em quatro jogos contra o Memphis Grizzlies, e, para o veterano, já não era sem tempo. Afinal, vejam só o absurdo: a última participação do clube texano na disputa direta pelo título havia acontecido em 2007. Não era sem tempo, então, hein, Timmy!?

Desde que o clube selecionou o pivô no Draft de 1997, haviam sido quatro decisões. Agora em 2013, 14 anos depois da primeira, eles agora partem para a quinta, com o jogador e o técnico Gregg Popovich como os únicos presentes em todas edições – enquanto Tony Parker e Manu Ginóbili chegam a este patamar pela quarta vez.

Não tem jeito. A competência acaba sendo premiada.

Entre 2007 e agora, é de se supor que por muitos momentos bateu a tentação de desmontar esse trio de estrelas. Especialmente em 2011, quando a equipe teve a melhor campanha da Conferência Oeste e acabou eliminada pelo mesmo Grizzlies logo na primeira rodada. Isso depois de eliminações para Dallas Mavericks (também na abertura dos mata-matas) e Phoenix Suns (nas semifinais) nos anos anteriores.

Mas Popovich e o gerente geral RC Buford, comandando as operações esportivas na franquia de propriedade de Peter Holt, se mantieram frios e pacientes. Em vez de mexer com seu núcleo central – mesmo enfrentando uma negociação contratual difícil com Tony Parker no meio do processo –, foram fazendo testes e trocas com os jogadores ao redor deles, até encontrar um equilíbrio ideal ao redor deles.

No ano passado, as coisas pareciam novamente bem encaminhadas, até que esbarraram no salto de qualidade de Kevin Durant e Russell Westbrook durante a final do Oeste. Neste ano, não tiveram a chance de uma revanche contra o Oklahoma City Thunder, que foi eliminado pelo Grizzlies na segunda rodada, já sem Wess, lesionado e operado. Pois os valentes de Memphis não foram páreo para a categoria e energia de um revigorado Spurs.

Depois de mudar sua identidade com o passar das temporadas, assimilando muito da filosofia do Phoenix Suns dos “Sete Segundos Ou Menos”, o time de Popovich retomou sua força defensiva, sem perder a destreza ofensiva, e chegou forte aos mata-matas. Forte em muitos sentidos, incluindo a saúde, sem nenhuma grave lesão aparente para seus principais jogadores.

Com o físico em dia, sobraram ao Spurs técnica, experiência, a cabeça e a determinação para despachar o Grizzlies em quatro jogos, com um placar de 93 a 86 no triunfo derradeiro.

Splitter x Z-Bo

Splitter: relevância muito além dos números

Técnica: seu elenco é muito mais volumoso do que o do Grizzlies, que disputava sua primeira final de conferência (experiência). Cabeça: com Tiago Splitter entre os destaques aqui, desestabilizaram as fortalezas Marc Gasol e Zach Randolph, que não conseguiam operar em uma zona de conforto durante toda a série. Determinação: explícita a cada contra-ataque, seja no ataque ou defesa, com os homens de preto – ou cinza – povoando os dois lados da quadra, sempre em maior número do que os adversários, e nas declarações de Tim Duncan e demais veteranos, que não viam a hora de voltar ao grande palco.

Agora eles esperam o desfecho da dura batalha entre Miami Heat e Indiana Pacers no Leste. Para os texanos, o interesse é que eles obviamente estendam o confronto por mais algum tempo. De todo modo, o início das finais da NBA tem data marcada: não antes do dia 6 de junho. Já é um bom período de descanso para os homens de Popovich.

Depois de tanto tempo, da “eternidade” por que teve de passar, porém, difícil vai ser conter a ansiedade de Tim Duncan. Este garotão de 37 anos.

*  *  *

Tony Parker foi absolutamente dominante nesta segunda, com 37 pontos contra o Grizzlies – 29 deles no segundo tempo, com um aproveitamento incrível de 15 arremessos convertidos em 21 tentados. Depois de sofrer uma torção de tornozelo na reta final da temporada regular, o francês se mostra completamente em forma, o que torna o ataque do Spurs algo muito mais poderoso. A forte defesa de Lionel Hollins não soube como lidar com a movimentação incessante do armador. Parker foi um terror tanto a partir do drible como na movimentação fora da bola, se aproveitando dos corta-luzes firmes e diversificados de seus pivôs. Splitter se destacou aqui, dando duas assistências para o companheiro.

*  *  *

A linha final de Tiago Splitter neste quarto jogo: 9 pontos, 2 rebotes, 3 assistências e 4 tocos, em 30 minutos. São números que não contam nem a metade da importância do brasileiro no confronto. Especialmente o par de rebotes. Supostamente, para um pivô, seria uma quantidade ridícula. Mas aí, realmente, é preciso ver o jogo para ver o que aconteceu de fato em quadra. Duelando contra pivôs de forte presença na tábua ofensiva, Zach Randolph em especial, o catarinense por muitas vezes se via obrigado a, prioritariamente, bloquear Z-Bo, buscar o contato e afastar o adversário da zona pintada. Ainda assim, o gordote apanhou quatro rebotes ofensivos. Mas foi um esforço e tanto por parte do pivô, numa atuação inspiradora que foi replicada por seus companheiros. Como Parker, mesmo, disse na entrevista pós-jogo, Splitter, Bonner, Diaw e Duncan devem estar saindo de Memphis com alguns bons hematomas. Tudo por uma boa causa.

No geral, o QI excepcional de Splitter ficou em evidência neste confronto, sendo constantemente elogiado pelos narradores americanos, e com razão. Ele fecha muito bem os espaços na defesa e também sabe como se deslocar do outro lado com a mesma facilidade, se apresentando como uma opção constante para os companheiros próximo da cesta. O melhor: muita gente está acompanhando seu desempenho neste momento. Prestes a se tornar um agente livre, o brasileiro caminha para receber um bom aumento.


Modelo sustentável de contratações é um dos segredos para a longevidade do Spurs
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Giancarlo Giampietro

Gary Neal, ele mesmo

Gary Neal não deixou muita saudade em Barcelona, mas se encaixou no Spurs

Ter um Tim Duncan ajuda. Um treinador com a versatilidade, inteligência e o cartaz de Gregg Popovich também. Quando você combina esses dois fatores, já tem grandes chances de encaminhar uma longa jornada de sucesso como no caso do San Antonio Spurs. Mas isso não serve como a única explicação sobre o quão vitoriosa – e por um período tão duradouro – a franquia texana vem sendo nos últimos 17 anos, desde que o pivô foi selecionado no Draft de 1997.

Um dos segredos para essa prosperidade está no modelo sustentável de contratações orquestrado justamente pelo Coach Pop e seu fiel companheiro RC Buford, gerente geral do Spurs, um clube que nunca ficou fora dos playoffs após a contratação de Duncan e, acreditem, só perdeu duas vezes na primeira rodada dos mata-matas durante essa sequência.

RC Buford, gerente geral

Buford tem sua parte significante no interminável sucesso do Spurs

Não que eles não gastem –  até porque, para manter seu renomado trio, custa dinheiro, por mais bonzinhos e fiéis que sejam. Sua folha de pagamento, porém, é apenas a 12ª maior da liga, tendo valido US$ 69,838 milhões nesta temporada. Foi um pouco menos do que desembolsou o Golden State Warriors, justamente a equipe que tanto lhe deu trabalho nas semifinais do Oeste, com US$ 70,1 milhões. Já uma comparação com a folha do Los Angeles Lakers, a mais custosa deste ano, é de envergonhar a família Buss, que torrou US$ 100,131 milhões numa equipe que foi varrida pelos rivais na primeira rodada dos mata-matas.

Os confrontos com o Lakers, aliás, deixaram evidentes as diferentes concepções de montagem de um elenco. As estrelas estavam em ambos os lados. Na hora de recorrer ao banco de reservas, contudo, Mike D’Antoni tinha um número bem reduzido de alternativas, ficando com a vida ainda mais complicada com a ocorrência incessante de lesões. Do outro lado, Popovich obviamente tinha Parker, Ginóbili e Duncan em forma, mas suas opções para complemento de rotação eram bem mais animadoras, caso necessárias. Tanto que o clube não teve receio em dispensar um cestinha comprovado como Stephen Jackson a apenas alguns dias dos playoffs, por “motivos-de-Stephen-Jackson”.

E como o Spurs montou seu elenco? Quem são esses jogadores baratos que se enquadram no modelo sustentável de gestão? Como eles buscaram essas peças complementares? Vamos lá:

Cory Joseph: o armador canadense tem apenas 21 anos e ainda está em desenvolvimento – e esse é um dos pontos positivos da equipe, que trabalha muito bem com seus atletas mais jovens. Joga pouco, mas bem, com 11 minutos sólidos por partida nos mata-matas, aproveitando suas chances para pontuar e sem cometer turnovers, para dar um descanso a Parker. Quando ingressou na Universidade do Texas, era badalado vindo do colegial – fazia parte das seleções de base de seu país. Os Longhorns não chegaram a empolgar tanto, com o armador sendo considerado muito cru e nada preparado para jogar na NBA. Mesmo assim, se inscreveu no Draft e foi premiado com a 29ª escolha pelo Spurs. Por causa da escala salarial imposta aos novatos, seu salário custa pouco mais de US$ 1 milhão.

Patty Mills: o terceiro armador na rotação de Popovich é o titular da seleção australiana e, quando Andrew Bogut não se apresenta, se torna o principal jogador de um time que sempre dá trabalho – e é dirigido, vejam só, por um assistente técnico de Popovich, Brett Brown. Então temos esse cenário: um atleta que não saiu muito valorizado da universidade de Saint Mary’s, mas que já tinha prestígio internacional. Mills foi selecionado apenas na posição 55 do Draft de 2009, dois anos antes de Joseph. Durante a temporada do lo(u)caute, assinou com o Melbourne Tigers, em seu país. Depois, foi para a China, para defender o Xinjiang Flying Tigers. Uma vez que não tinha mais contrato com o Blazers, quando a temporada chinesa se encerrou e voltou a ficar disponível para a NBA, assinou com o Spurs. Da espécie de formiguinha atômicas da liga, daquelas que pode botar fogo na quadra com sua habilidade ofensiva, custando também pouco mais de US$ 1 milhão.

Gary Neal: ala-armador que não teve a carreira universitária mais expressiva e começou a preencher seu currículo na Europa, a começar pela Turquia. Em 2008, teve uma passagem bastante discreta pelo Barcelona ao lado de um envelhecido Pepe Sánchez. Foi no Benetton Treviso em que se encontrou, jogando por um dos clubes mais tradicionais do continente. Em 2010, defendeu o Málaga novamente na Espanha. Até que, do nada – do ponto de vista de quem nunca havia ouvido falar do jogador –, fechou um contrato de três anos com o Spurs no dia 22 de julho daquele ano, que se tornou uma tremenda de uma barganha: salário de US$ 854 mil, aproveitamento de 39,8% nos tiros de três pontos e a capacidade de sempre poder oferecer um pouco mais em quadra quando Parker e/ou Ginóbili estão fora. Vira agente livre ao final do campeonato.

Nando De Colo: ala-armador francês de 25 anos, 1,95 m de altura e um talento natural impressionante, de movimentos fluidos, boa visão de jogo e arremesso em evolução. Ganhou quase 13 minutos de média durante o campeonato, mas, com Ginóbili novamente em forma, não sai mais do banco durante os playoffs. De qualquer forma, devido ao que mostrou em seu primeiro ano de liga, o Spurs já sabe que poderá contar com ele no futuro. Draftado na posição 53 em 2009, ficou na Europa por mais três anos, progredindo naturalmente, jogando na Liga ACB, a liga nacional mais difícil da Europa. Salário de US$ 1,4 milhão neste ano e no próximo.

Danny Green, versão Euroliga

Danny Green, em dias eslovenos

Danny Green: ala de 25 anos formado na tradicional Universidade de North Carolina, pela qual foi campeão em 2009 como titular. O único jogador da história dos Tar Heels a somar mais de 1.000 pontos, 500 rebotes, 200 assistências, 100 tocos e 100 roubos de bola. E é isso mesmo: fazia um pouco de tudo pela equipe, mas nada excepcionalmente bem, a ponto de ser questionado: será que poderia se transformar em um jogador de NBA? Os analistas com viés estatístico juravam que sim. Foi selecionado pelo Cleveland Cavaliers de LeBron James em 2009, na 46ª posição – percebam que estamos falando de mais um caso de jogador escolhido na segunda rodada do Draft. Não foi aproveitado pela franquia, porém, sendo dispensado em outubro de 2010. O Spurs o contratou em novembro e o dispensou duas semanas depois. Jogou na D-League até retornar a San Antonio para o final da temporada. Durante o lo(u)caute, assinou com o Union Olimpija, da Eslovênia, clube de Euroliga, e vinha em uma grande campanha até que exerceu uma cláusula de liberação quando a NBA garantiu sua temporada 2011-2012. Assinou por três anos e US$ 12 milhões.

Kawhi Leonard: o ala de apenas 21 anos já era bem cotado quando se candidatou ao Draft de 2011, mas o interessante foi como o Spurs conseguiu selecioná-lo. Leonard passou batido, de alguma forma, por 14 equipes até ser escolhido pelo Indiana Pacers a pedido do clube texano, em troca do armador George Hill, alguém que era natural de Indiana e se encaixava no plano de reconstrução de Larry Bird. Hill foi mais um que o Spurs selecionou em uma posição nada vantajosa (26ª em 2008) e que estava pronto para receber um aumento salarial que não se enquadraria no elenco de Popovich, mesmo sendo um dos favoritos do técnico. Antes de perdê-lo por nada, então, descolaram essa troca mágica. Hoje, Popovich jura de pés juntos que Leonard está destinado a virar um All-Star.

Boris Diaw: figura estabelecida na liga, mas, completamente desmotivado em Charlotte, foi dispensado pelo Bobcats em março de 2012, com problemas de peso (coloquemos assim, de modo educado). Foi recolhido pelo Spurs no ato, para jogar ao lado de seu melhor amigo, Tony Parker, e virar titular num time que esteve muito perto de se garantir na final no ano passado até levar uma virada incrível do Oklahoma City Thunder. Renovou por dois anos e US$ 9,2 milhões. Mais um contrato abaixo do valor de mercado e, melhor, de curta duração.

Splitter, bons tempos

Splitter, MVP na Espanha

Tiago Splitter: o catarinense foi a 28ª escolha do Draft de 2007. Era uma estrela na Europa, o que deixava sua contratação complicada: ganhava bem pelo Baskonia e a escala salarial de novatos da liga não permitiria que os valores fossem equiparados – sem contar a multa rescisória exorbitante. Mas tudo bem: tempo a franquia, sempre brigando nos playoffs, tinha de sobra. Esperaram três anos e conseguiram mais uma barganha, pagando US$ 11 milhões por três anos de vínculo com aquele que era o melhor jogador da liga espanhola. Depois de duas temporadas de pouco tempo de jogo, despontou este ano como titular e peça fundamental para o fortalecimento da defesa do Spurs. Agente livre ao final da temporada, aos 28 anos.

DeJuan Blair: cotado como um talento top 10 no Draft de 2009, teve suas aspirações abaladas pelo exame médico oficial da liga, que constatou problemas estruturais em seu joelho. A ponto de ser escolhido pelo Spurs apenas em 38º. Titular nos dois primeiros anos, perdeu espaço este ano com a ascensão de Splitter. Último ano de contrato, valendo US$ 1 milhão.

Matt Bonner: escolhido como o 45º do Draft de 2003 pelo Chicago Bulls, começou jogando na Itália até retornar ao clube e ser trocado para o Toronto Raptors. Progrediu bem no Canadá e virou alvo de Gregg Popovich. Está na liga por uma só razão, e isso não tem a ver com seu cabelo ruivo: tem aproveitamento de 41,7% na carreira em arremessos de longa distância. Habilidade que encaixou com o plano de jogo de Popovich perfeitamente nos últimos anos, espaçando a quadra para seus astros brilharem. Salário de US$ 3,6 milhões, inferior ao que Steve Novak, ex-Spurs, ganha em Nova York.

Aron Baynes: mais um australiano observado em primeira mão por Brett Brown, o gigante de 2,08 m e 118 kg assinou com o Spurs no meio da temporada, depois de arrebentar pelo mesmo Union Olimpija na Euroliga, com médias de 13,8 pontos e 9.8 rebotes (liderava o torneio neste fundamento até seu time ser eliminado). Recebeu apenas US$ 239 mil este ano – pela metade do campeonato – e tem salário de US$ 788 mil para a próxima temporada.

Sobre Tracy McGrady, desnecessário elaborar. Uma contratação pontual para os playoffs, com uma medida de segurança que Popovich espera não ter de usar.

Fazendo um balanço de tudo isso: são seis jogadores de fora dos Estados Unidos (sem contar Parker e Ginóbili) e mais dois americanos que vieram do basquete europeu; apenas um desses operários foi escolhido entre os 20 primeiros do Draft (Leonard); cinco saíram apenas na segunda rodada do recrutamento de calouros, sendo que Baynes e Neal nem selecionados foram; três deles (Mills, Green e Bonner) foram dispensados rapidamente por seus primeiros times. Todos eles estão abaixo ou na conta em relação ao valor de mercado da NBA (considerando idade x produção).

Com um departamento de olheiros atentos, que não tem limites na sua caça a talentos, uma direção que não dá tiro no pé, assinando contratos curtos e de valores palatáveis para uma cidade como San Antonio, uma das menores da liga, a franquia estabeleceu um método de trabalho que virou exemplar para toda a concorrência. Hoje são vários os dirigentes formados dentro do clube texano que gerenciam outras franquias – Sam Presti, do Oklahoma City Thunder, o principal exemplo entre esses.

Moral da história? Não basta ter sorte para vencer – como ganhar a primeira escolha num Draft com Tim Duncan disponível, justamente depois de um ano em que o Spurs, já competitivo no Oeste, sofreu com diversas e diversas baixas, David Robinson entre elas, e ficou fora inesperadamente dos playoffs. Quando isso acontece, faz um brinde, sorriso bem aberto, e segue em frente. E, se puder coletar Tony Parker e Emanuel Ginóbili, respectivamente, nas 28ª e 57ª escolhas do recrutamento de novatos, melhor ainda.


Spurs domina Lakers em San Antonio e deixa disputa no Oeste mais promissora
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Giancarlo Giampietro

O Howard de Lakers contra a prede

São diversas questões para tirar da frente. Mas duas delas são mais importantes para tratar aqui:

1) Gregg Popovich, para variar, blefou o tempo todo?

2) Ou seria o Lakers tão ruim assim?

Porque, horas antes de abrir a série contra os velhos rivais de Los Angeles, o treinador do San Antonio Spurs dizia que estava “preocupado” com sua equipe. “Terminamos a temporada da pior forma que me lembre”, disse. Supostamente, Tony Parker ainda estaria com dificuldade para recuperar sua melhor forma física depois de uma torção de tornozelo em péssima hora. Manu Ginóbili estaria em frangalhos. Sem Boris Diaw, sua rotação de garrafão estaria seriamente comprometida. Segura.

E aí o que acontece nos dois primeiros jogos?

Duas vitórias, sem deixar nenhuma chance para os cacarecos que restam do Lakers, ainda que os placares não sejam os mais chocantes (91 a 79 e 102 a 91). Quando Manu Ginóbili está passando a bola por trás das costas encontrando Tony Parker para uma cesta de três pontos na zona morta, você sabe que as coisas estão indo bem, seguras para esses eternos candidatos ao título.

O único asterisco para se levantar aqui diz a respeito do Lakers, mesmo. Sem Kobe. Sem entrosamento algum. Steve Nash tendo de tomar uma assustadora injeção epidural atrás da outra. Steve Blake acaba de sentir uma fisgada muscular. Ron Artest talvez esteja jogando sem sentir o joelho. “Essa é disparada a pior temporada para lesões de que eu tenha participado”, afirmou Nash. “Pessoalmente e coletivamente.”

Aí que o ataque angelino talvez seja muito fácil de ser parado por uma defesa que se fortaleceu na temporada – daí a pífia média de 85 pontos por partida até o momento.

Pode ser. Por outro lado, mesmo se for esse o caso, os duelos com o Lakers podem servir como um período de intertemporada de luxo em pleno início dos playoffs. Se Parker e Ginóbili estavam realmente avariados, ou apenas jogando na terceira marcha, quatro, ou, vá lá, cinco joguinhos destes talvez sejam o bastante para que eles cheguem 100% para o embate de segunda rodada contra Nuggets ou Warriors.

“Estamos recuperando nosso ritmo”, afirmou Tim Duncan, prestes a completar os 37 anos mais jovem que um basqueteiro pode aparentar. “Agora Tony está entrando em forma, saudável, e vamos ver mais um Tony da velha escola. Tipo o Tony de novembro, dezembro e janeiro”, afirmou Ginóbili sobre seu armador. “Lentamente, mas seguramente”, concordou Parker. “Se eu e Manu conseguirmos ficar saudáveis, confio no nosso time.”

O francês somou 46 pontos e 15 assistências nos confrontos em San Antonio. O argentino tem 15,5 pontos, 5 assiistências, 3,5 rebotes em apenas 19 minutos por jogo, com aproveitamento de 66,6% nos três pontos. “Ambos estão parecendo muito bem”, diz Duncan, feliz da vida.

Claro que, com todo o azar que o Spurs enfrentou nas últimas temporadas, especialmente em relação a Ginóbili, ainda é muito cedo para comemorar. Ainda tem muito playoff pela frente.

Só não deixa de ser intrigante esta retomada dos texanos. Uma semana atrás, a Conferência Oeste parecia toda do Oklahoma City Thunder – e ainda pode ser o caso. Agora começa a reacender alguma fagulha na oposição.

*  *  *

Depois de destroçar a concorrência nos últimos jogos da temporda regular, Pau Gasol ven enfrentando sérias dificuldades contra a defesa do Spurs, e Tiago Splitter tem dado uma forcinha para isso. Embora cause impacto na partida de diversas maneiras (25 rebotes e dez assistências somadas em 78 minutos), o espanhol retorna para Los Angeles com aproveitamento de apenas 40% nos arremessos, sem conseguir se firmar como um ponto seguro na hora de atacar a cesta.

Dwight Howard, por sua vez, vai tendo um desempenho típico, com 36 pontos, 24 rebotes e seis tocos em 75 minutos, com aproveitamento de 62,5% nos arremessos e os mesmos infelizes 50% na linha de lance livre, perigando sempre de cair na lamentável, mas procedente tática de faltas intencionais por parte de Popovich.

Cabe ao técnico Mike D’Antoni pensar em outras formas para fazer Gasol jogar. Com tantos problemas em eu elenco, se o pivô espanhol, enfim saudável e feliz, não funcionar ofensivamente, o Lakers dificilmente escapa de uma varrida, de modo que teriam lutado tanto para  chegar aos playoffs, apenas para cumprir tabela em quatro jogos.


Prévia dos playoffs da Conferência Oeste da NBA: Parte 1
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Giancarlo Giampietro

1-OKLAHOMA CITY THUNDER x 8-HOUSTON ROCKETS

A história: James Harden, James Harden, James Harden. Ah! E tem ele também: o James Harden. Do ponto de vista do torcedor do Oklahoma City Thunder, talvez o mais fanático da liga hoje, não podia haver um adversário mais dolorido. Mal deu tempo de se esquecerem da troca feita em outubro passado, e aqui está o Sr. Barba de volta, para visitar a cidade para os dois primeiros jogos da série. Sério mesmo que não dava para evitar?

O jogo: o Rockets é a equipe mais jovem dos playoffs na média de idade e pode se dar por satisfeito só por ter chegado aqui? Pode ser, mas… Não vai deixar de se lamentar a perda do sétimo lugar na úuuuultima rodada da temporada regular. Porque sobrou agora um time que, com Durant, Westbrook, Ibaka, Reggie Jackson, Kevin Martin, não vai se importar em nada de correr com os novos amiguinhos de Harden. O Rockets acelera mesmo e busca geralmente dois tipos de investida: a bandeja, enterrada direto ao aro e os tiros de três pontos gerados a partir de infiltrações. Não espere tiros de média distância. Na temporada regular, essa proposta rendeu uma vitória em três duelos. O problema? As duas derrotas foram por 22 e 30 pontos de diferença, dois massacres. Espere pontuações altas.

De dar nos nervos: Serge Ibaka. Como se fosse um jogador de vôlei deslocado, sai dando cortada para tudo que é lado e gosta de berrar no ouvido dos adversários. Muito ágil e atlético para o seu tamanho, está sempre se metendo onde não é chamado. 😉

Olho nele: para o Houston ter alguma chance, vão precisar encontrar algum meio de, pelo menos, incomodar Kevin Durant. Entra em cena Chandler Parsons, jogando leve, alto e atlético, que pode perseguir o cestinha. Na temporada regular, ele marcou 63 pontos nos primeiros dois jogos e apenas 16 no terceiro. Ainda que tenha somado também 12 rebotes e 11 assistências – um absurdo –, foi limitado a 4/13 nos arremessos e cometeu cinco turnovers. Quer dizer: dá para atrapalhar. Do outro lado, Parsons evoluiu bastante desde que saiu da universidade e, como Jeff Van Gundy citou na quarta passada, lembra um pouco Hedo Turkoglu. E, acreditem, a referência é um elogio, pensando na primeira metade da carreira do turco.

Palpite: Thunder em cinco (4-1).

2-SAN ANTONIO SPURS x 7-LOS ANGELES LAKERS

A história: desde que Tim Duncan foi selecionado pelo Spurs em 1998, os times se enfrentaram seis vezes nos mata-matas, com quatro vitórias para o Lakers. Estamos falando, então, de um clássico do Oeste, ao qual, supostamente o Spurs chega como grande favorito, com uma campanha muito superior na temporada regular. Acontece que, em abril, com Ginóbili afastado por lesão e Tony Parker com o tornozelo arrebentado, a coisa desandou um pouco, com seis derrotas nos últimos nove jogos. Não ficou muito claro se era apenas o que dava para se fazer, considerando os problemas físicos, ou se Gregg Popovich permitiu que seu time relaxasse um pouco, mesmo, abrindo mão da disputa por mando de quadra nas etapas decisivas. Do lado do Lakers, certeza que Mike D’Antoni não vai se sensibilizar com os eventuais dilemas de Pop, uma vez que ele não contará com Kobe Bryant e deve ter um Steve Nash jogando no sacrifício.

O jogo: com seu time ideal, o Spurs foi ainda melhor este ano do que na temporad apassada, tornando sua defesa a terceira melhor da liga, combinada com o sétimo melhor ataque, num resultado formidável. Eles vão retomar esse padrão? Se conseguirem se aproximar desse padrão, o Lakers não deve ter muita chance, mesmo que funcione a nova abordagem ofensiva do time, minando os adversários com  Pau Gasol e Dwight Howard no garrafão. Agora, se Parker não estiver bem e não conseguir colocar pressão para cima da retaguarda angelina, as coisas podem mudar um bocado. Tim Duncan se veria obrigado a jogar no mano a mano contra Howard. Danny Green, Gary Neal, Kawhi Leonard e McGrady não teriam tantos arremessos livres, e a dinâmica da partida pode ser outra. Quanto mais lento e físico o jogo, melhor para o Lakers.

De dar nos nervos: estamos diante aqui de um monte de escoteiros e Ron Artest. O #mettaworldpeace jura que não se mete mais em confusão, e faz bastante tempo que a polícia não toca seu interfone ou que os juízes apitem com medo em sua direção. Por outro lado, difícil esquecer que o sujeito é o responsável por isso…

E isso…

 Olho nele: Tiago Splitter vai ter de se virar para fazer uma boa defesa em um redivivo Pau Gasol. Sem Kobe, a bola passa pelas mãos do espanho praticamente em todo ataque do Lakers, e caberá ao catarinense sua cobertura, muitas vezes bastante afastado da cesta, na cabeça do garrafão, ainda mais agora que Boris Diaw está fora de ação. É um baita desafio para Splitter, a não ser que Popovich queira se aventurar com Matt Bonner em seu lugar.

Palpite: Qualquer um em sete jogos ou surra do Spurs em quaro (4-0).


Lakers avança aos playoffs em sétimo; veja como ficaram todos os confrontos
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Giancarlo Giampietro

Foi um jogo em clima de playoffs. E, suando como o Los Angeles Lakers teve de suar nas últimas partidas, semanas, não havia nada de estranho nisso. É como se eles ja estivessem jogando numa condição de mata-mata há tempos. Nesta temporada inclassificável, eles conseguiram superar uma série de lesões e intrigas desnecessárias para, na última rodada, enfim, assegurar que seguiriam adiante na Conferência Oeste da NBA

Gasol, em grande fase novamente, aleluia

Gasol, mais um jogo brilhante de um astro que D’Antoni destratou no início da temporada

Com direito a prorrogação, depois de um chute de três pontos de Chandler Parsons, uma das revelações do campeonato, no último segundo, a equipe de Mike D’Antoni bateu o Houston Rockets por 99 a 95 em mais um jogo dramático – porque, francamente, esta campanha não poderia terminar de outra maneira.

O time californiano foi para quadra já classificado, devido ao revés do Utah Jazz contra o Memphis Grizzlies, mas ninguém entre os tropeiros de Lakers e Rockets queria aliviar em nada. Tudo pela sétima colocação nos playoffs e o sonho de eliminar o San Antonio Spurs.

E não é que é possível?

Resumidamente: o Spurs hoje parece vulnerável. Manu Ginóbili concluiu a temporada afastado das quadras, Tony Parker estava em frangalhos, e eles ainda perderam Boris Diaw e Stephen Jackson, dois veteranos talentosos, para deixar o banco de reservas ainda mais fraco. Ou Tracy McGrady ainda pode produzir algo em uma quadra de NBA?

Sério? O T-Mac?

Stephen Jackson deve estar se matando de rir, ou chorando de raiva a essa altura. Talvez em Porto Rico, vai saber.

Por outro lado, claaaaaaro que ninguém vai duvidar da capacidade de Gregg Popovich e claaaaro que só dá para se impressionar com o ano que Tim Duncan teve.

Mas…

Se Parker não estiver inteiro para acelerar um pouco o jogo e atacar de modo agressivo e efetivo no pick-and-roll, na meia-quadra, de uma hora para a outra, você tem um time texano mais vulnerável diante de Lakers que realmente poderia pensar em alguma coisa nesta série,  um clássico da liga, mesmo sem Kobe.

Ainda mais com a grande fase de um ressurrecto Pau Gasol – foram 17 pontos, 20 rebotes e 11 assistências contra o Rockets! Aleulua, D’Antoni, aleluia! – e a possibilidade de Steve Nash retornar nos playoffs. Ainda que Steve Blake, vivendos seus melhores dias como um Laker, possa dizer uma coisa ou outra a respeito sobre o desfalque de seu xará.

*  *  *

Por que o Spurs é melhor para o Lakers, fora as lesões de Parker e Ginóbili?

A dificuldade em geral da defesa angelina em parar Harden, Parsons, Beverley (aquele que roubou a vaga de Scott Machado) e qualquer Rocket que pudesse criar a partir do drible só serve para sublinhar todo o empenho do time em tentar subir para o sétimo lugar do Oeste nesta quarta. Contra Durant e Westbrook? Não teriam a menor chance.

*  *  *

Confira todos os playoffs da NBA 2012-2013 (voltaremos a eles até sábado):

OESTE

– 1-Oklahoma City Thunder x 8-Houston Rockets
Quis o destino que James Harden realmente tivesse de enfrentar os ex-companheiros

– 4-Los Angeles Clippers x 5-Memphis Grizzlies
Blake Griffin e Zach Randolph se odeiam; na verdade, praticamente tudo se odeia aqui

– 3-Denver Nuggets x 6-Golden State Warriors
Os times vão correr tanto que Bogut pode  ter um piripaque em quadra; Ty x Steph?? Uau.

– 2-San Antonio Spurs x 7-Los Angeles Lakers
Ok, Pop, taí o que você queria. Era o que você queria mesmo, né!?

LESTE

– 1-Miami Heat x 8-Milwaukee Bucks
Porque, com Jennings e Ellis no ataque e Sanders na cobertura, o Bucks pode com todo mundo. Claro.

– 4-Brooklyn Nets x 5-Chicago Bulls
Serve para algo o mando de quadra do Nets? Noah vai jogar? E rose? Vamos de Deron x Thibs no fim?

– 3-Indiana Pacers x 6-Atlanta Hawks
Para fugir do Heat, o Hawks fez de tudo. Não sei se, fisicamente, vão ficar tão satisfeitos. Podem vencer, mas com hematomas.

– 2-New York Knicks x 7-Boston Celtics
Clássico é clássico, e vice-versa, já ensinou Jardel. Mas o Knicks é o favorito, a não ser que os médicos tenham alguma surpresa.


Lesões voltam a assombrar o Spurs com os playoffs se aproximando
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Giancarlo Giampietro

 

Tony Parker, ai

Tony Parker vai ficar sentado por mais tempo? Pop está preocupadíssimo

Esse filme está virando uma constante na vida de Gregg Popovich. Que tortura!

O técnico encontra e treina operários no mundo todo. Num dos menores mercados da NBA, consegue manter um time extremamente competitivo em quadra desde 1999. Ou melhor: “extremamente competitivo” tem a ver mais com equipes menores lutadoras, valentes, né? O que o Spurs virou nas mãos do Coach Pop foi um rolo compressor, sempre lutando pelo título.

Mesmo nesta temporada, ou na passada, com o relógio avançando rapidamente para Duncan e Ginóbili, o time texano sustentou por um bom tempo a melhor campanha da liga, sendo ultrapassado no mês passado pelo impossível Miami Heat. Agora, com a derrota de ontem para o Thunder, corre o risco também de perder a liderança do Oeste – e, numa eventual revanche contra Durant e Westbrook e os ensandecidos torcedores de Oklahoma City, perder o mando de quadra pode ser fatal.

Agora, mais preocupante que se manter na ponta da tabela, é a repetição dos problemas físicos para seus principais jogadores justamente quando eles se aproximam dos playoffs, por mais que seu treinador controle drasticamente o tempo de quadra deles durante a campanha.

Primeiro foi Manu Ginóbili, que sofreu uma distensão muscular e deve ficar afastado por até quatro semanas, o que o tiraria da primeira rodada dos mata-matas. Agora é Tony Parker quem corre risco. Ele saiu mancando de quadra na derrota para o Thunder, e o Spurs ainda não tem ideia do que está acontecendo.

“Eu o vi voltando para a quadra mancando uma vez, e foi aí que o tirei de quadra. Disse que ele precisava parar, para entendermos o que é. Ele não podia continuar mais”, disse Popovich, que já se assumiu “muito preocupado”. “Acho que é tendinite, alguma coisa em sua canela, ou sei lá onde, pelo que vi no jogo. Pensamos que ele estava meio que se recuperando da torção em seu tornozelo, então esse é um novo problema  em sua perna.”

Aiaiai. Se Popovich estiver certo em seu palpite sobre um eventual problema na canela, o repórter Chris Broussard, da ESPN, traz uma informação que realmente é para deixar qualquer um tenso. Ele consultou um preparador físico que afirmou que é praticamente impossível de se ter tendinite na canela. E, se for lá mesmo, seria bem mais provável uma fratura por estresse.

Sem Ginóbili, com tempo de quadra e influência cada vez mais reduzidos, o Spurs ainda se vira hoje, e muito bem. Neste ano, por exemplo, venceram 71,4% das partidas em que o craque estava afastado, melhorando a marca de 68,8% da temporada anterior, números bem superiores aos 64,2% no geral, desde que o argentino entrou para seu elenco.

Tim Duncan descobriu a fonte da juventude este ano, vem sendo um paredão na defesa, mas as chances do Spurs hoje se baseiam em Parker, que faz o time andar, colocando pressão na defesa sem parar, com um arremesso já confiável, além de ser um contra-ataque de uma pessoa só. Sem ele, por melhores que sejam os jovens Nando de Colo, Patty Mills e Cory Joseph, o Spurs cai de patamar e teria de se virar para passar por Nuggets, Clippers ou Grizzlies.


Resumão da intertemporada da NBA: Conferência Oeste
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Giancarlo Giampietro

Com a temporada 2012-2013 da NBA fazendo sua pausa tradicional para o fim de semana das estrelas em Houston, é hora de fazer um resumão do que rolou até aqui, começando pela Conferência Oeste. Amanhã publicamos a do Leste:

Durant decola

Durant, atacando o aro, em constante evolução

Melhor jogador: Kevin Durant.
Dá sempre para melhorar, gente. Até mesmo um Kevin Durant. E por que não faria, ué? Ele tem apenas 24 anos – embora saibamos que há incontáveis casos de atletas que se acomodam rapidamente, rapidinho mesmo. Bem, o quanto melhorou o ala do Oklahoma City Thunder? Ele está chutando acima de 50% (51,9%!!!) pela primeira vez na carreira, em seu sexto ano, tem a melhor marca no tiro de três pontos (43,2%, e tenham em mente de que a maioria dos arremessos é contestada). Na verdade, ele está chutando melhor de todos os pontos da quadra – seja de fora, de média distância, pela direita ou esquerda, em bandejas e infiltrações. Em todos os lugares, desde que estreou na liga em 2007.  Vejam o estudo de Kirk Goldsberry para o Grantland. Mas não é só isso: Durant também tem a melhor marca em assistências, roubos de bola e tocos. Melhor que números, é ver também a evolução de seu jogo como um todo, com maior dedicação e destreza na defesa e o amadurecimento como um líder, tendo de conviver sadiamente com a bomba-relógio que é Russell Westbrook.
Não fosse a aberração chamada Durant, quem mais poderia entrar aqui? Tim Duncan e Tony Parker, Spurs; Kobe Bryant, Lakers; James Harden, Rockets; Chris Paul, Clippers.

Melhor técnico: Gregg Popovich.
O primeiro time a alcançar a marca de 40 vitórias na liga, de novo. A melhor campanha em um Oeste ainda brutal, sem nenhum grande reforço. A máquina de Pop está totalmente azeitada, não importando o que se pense ou não dele por causa de Tiago Splitter. A ponto de ele vencer o Chicago Bulls sem ter Duncan, Parker ou Ginóbili em sua escalação. Afinal, respeitando seus papéis, Kawhi Leonard, Danny Green, Nando de Colo, Gary Neal e o pivô catarinense estão produzindo como gente grande, ganhando confiança aos poucos sob a orientação do treinador. Mas o mais importante dado para ser considerado nesta campanha dos texanos é o seguinte: hoje eles têm a terceira defesa mais eficiente do campeonato, superando até mesmo os maníacos de Thibodeau. Isso era algo recorrente entre 2004 e 2007, mas não vinha acontecendo nos últimos anos. Sem perder o ritmo no ataque, com a quarta melhor ofensiva. O Spurs é o único time no top 5 dos dois lados.
Quem mais poderia estar no páreo? Mark Jackson, Warriors; talvez, mas talvez George Karl, Nuggets.

– Melhor reserva:  Jarrett Jack.
O armador sai do banco para dar mais consistência ao time, podendo render o genial Stephen Curry ou atuar ao lado do rapaz, devido a sua força física e capacidade defensiva. Ale ajuda na organização do time, mas também pode definir por conta própria, com um dos melhores chutes de média distância da NBA.
Quem mais? Jamal Crawford, Eric Bledsoe e Matt Barnes, Clippers (e um mata o outro); Andre Miller, Nuggets; Derrick Favors, Jazz.

Tony Parker e seu chute em flutuação

Tony Parker, cada vez melhor

– Dois quintetos:
1) Chris Paul, James Harden, Durant, Duncan, Marc Gasol.
Ficou clara a influência que CP3 tem dentro do Clippers quando ele teve de descansar nas últimas duas semanas. Harden supera Kobe estatisticamente e em resultados (mais, adiante). Marc Gasol é a âncora da segunda melhor defesa e o pivô mais inteligente da liga hoje.

2) Tony Parker, Russell Westbrook, Kobe Bryant, Blake Griffin, Al Jefferson.
Aos 30 anos, o armador francês joga sua melhor temporada, acreditem. Incrível. Já Westbrook acaba muitas vezes punido por aquilo que não é: um armador. Ele pode ter essa função determinada na hora de se anunciar a escalação, mas jamais deveria ser encarado como alguém que compete com Steve Nash ou John Stockton. Bota pressão na quadra toda, nem sempre toma as melhores decisões, mas é uma força aterrorizante. Kobe começou o ano muito bem, mas já erdeu rendimento e também perde pontos por se apresentar como um capitão muito temperamental, que não ajuda em nada seu time a se estabilizar em meio ao caos. Griffin é outro que, aos poucos, vai trabalhando seu jogo em diversos aspectos, tendo agora um chute de média distância respeitável. Para Al Jefferson ninguém dá muita bola, mas ele segue o pivô ofensivo consistente de sempre, liderando o Utah Jazz rumo aos playoffs novamente.
Quem mais poderia ganhar um convite para o baile? Stephen Curry e David Lee, Warriors; Damian Lillard e LaMarcus Aldridge, Blazers.

– Três surpresas agradáveis:

James Harden, surpresa pelo Rockets

Harden, agora barba de elite

1) James Harden, o craque: não havia dúvida alguma de que estávamos diante de um jogador talentoso, em seus tempos de assessor de Durant e Westbrook. Mas aqui no QG 21 a expectativa não era a de que ele poderia tomar a liga de assalto desta maneira. Em seu quarto ano na NBA, o barbudo se transformou num cestinha implacável, numa das maiores dores-de-cabeça para qualquer defensor de perímetro, com seu estilo muito vistoso e agressivo. O maior volume de jogo custou a Harden a eficiência nos tiros de quadra em geral e nas bolas de três pontos (agora ele não tem a duplinha do Thunder para aliviar a pressão, claro), mas, ao mesmo tempo, o ala tem se colocado ainda mais na linha de lances livres, cobrando quase 10 por partida. Ele também não deixou de olhar para os companheiros: 25% de suas posses de bola terminam em assistência. Depois de tanto tentar a contratação de Dwight Howard nas férias, o Rockets enfim conseguiu sua superestrela em Harden.

2) Golden State Warriors defendendo: a equipe das vizinhanças de San Francisco conseguiu limitar seus adversários a uma pontaria de apenas 44% na temporada, o suficiente para ter a sexta melhor marca de toda a liga. Empatados, pasme, com o Boston Celtics. O Warrios é o time que também permite o sétimo pior aproveitamento de três pontos aos oponentes (34,2%). Tudo isso com o novato e ainda cru Festuz Ezeli de titular por um bom tempo e Andrew Bogut trajando seus elegantes no banco de reservas.

3) Damian Lillard, mais um armador de elite: a moral do novo queridinho de Portland é tamanha que ele foi o primeiro jogador escolhido no falso “Draft” entre Charles Barkley e Shaquille O’Neal para o jogo festivo da molecada no fim de semana do All-Star. Sim, ele saiu antes mesmo de Kyrie Irving (o que mostra, aliás, que o Chuckster talvez não desse um bom gerente geral, mas tudo bem). Quando deixou a modestíssima universidade de Weber State, nenhum especialista ou gerente geral estava apostando em uma coisa dessas. Lillard enfrentava basicamente o segundo escalão da NCAA. Hoje, bate de frente, em igualdade, com os melhores do mundo, que têm dificuldade para conter seu jogo bastante burilado. Ele não é o mais rápido, o mais explosivo, o de maior impulsão, ou melhor chute e visão de jogo. Mas combina um pouco de tudo na média ou acima da média nesses quesitos para se tornar o grande favorito a novato do ano.

– Três surpresas desagradáveis:
1) Los Angeles Lakers: Sério?! Não acredito!

2) As lesões em Minnesota: Ricky Rubio começou a temporada de muletas. Kevin Love depois fratura a mão. JJ Barea sofre com concussão e um tornozelo esquerdo. Os problemas crônicos no joelho de Brandon Roy, adivinhem, seguem crônicos. Chase Budinger rompe o menisco do joelho esquerdo. Nikola Pekovic torce o tornozelo esquerdo. O promissor ala-armador Malcom Lee, ótimo defensor, lesiona o joelho. Andrei Kirilenko começa a lidar com espasmos musculares nas costas. Kevin Love volta a fraturar a mão direita. Alexey Shved torce o joelho esquerdo. Andrei Lirilenko enfrenta problemas musculares no quadríceps. Ah, e Dante Cunningham ficou doente. E lá se foi o sonho de playoffs para o Wolves.

3) Phoenix Suns, o lanterna: Goran Dragic não chega a ser Steve Nash, está bem longe disso, mas se mostrou um armador competente, de acordo com o que o clube pagou. O resto? Um elenco extremamente lento numa liga que valoriza mais e mais a velocidade. Um elenco também desequilibrado, com muitos jogadores duplicados, o que não ajuda na hora de tentar diversificar o plano de jogo. A aposta em Michael Beasley se mostra um fracasso. O resultado é um time habituado a competir nos playoffs amargando a lanterna da conferência.

– O que resta para os brasileiros:
Bem, com a dispensa de Scott Machado pelo Rockets, sobrou apenas Tiago Splitter para contar história. O catarinense se tornou titular de Popovich, enfim, mas isso não quer dizer que fique tanto tempo em quadra assim. Num elenco vasto, lhe cabem por enquanto 23,8 minutos por jogo – e o tempo subiu, aliás, também pela lesão recente de Duncan. O interessante é que, estatisticamente, seus números são inferiores aos da campanha passada e, ainda assim, ainda lhe posicionam entre os jogadores mais eficientes da NBA. E o mais importante é que, com ele em quadra, o Spurs como um todo rende bem mais, como o chapa Rafael Uehara já nos alertou.

PS: encontre o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.


Série constante de graves lesões ameaça ‘Eldorado’ de armadores na NBA
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Giancarlo Giampietro

Derrick Rose abatido

Como Rose vai retornar depois da ruptura do CLA? Torcida do Bulls apreensiva

Se o cara é um armador sensacional, um craque de bola ganhando milhões na NBA, alguma coisa pode estar errada ou algo de errado está prestes a acontecer?

Eu, hein?!

Que toda a galera bata na mesa da escrivaninha agora ou, se estiver com o computador no colo, que se corra até a madeira mais próxima: toc, toc, toc.

(Vocês vão me desculpar o começo de texto absurdo, mas é que, quando se dá conta de um apanhado como este que vem por aqui, é de se ficar meio atônito, mesmo, escrevendo qualquer coisa. Explicando…)

Porque Rajon Rondo é a vítima mais recente de uma profissão mágica, fundamental para deixar nosso passatempo predileto mais divertido: a de bom armador. Uma profissão que, por exemplo, vai deixando cada vez mais conhecida a a famigerada sigla LCA. Significado: ligamento cruzado anterior e sua ruptura. A mesma lesão que tirou Ricky Rubio e Derrick Rose de quadra ao final da temporada passada, sendo que o astro do Bulls ainda nem voltou a jogar e Rubio ainda tem dificuldades para recuperar o basquete que encantou a NBA em sua primeira campanha.

Os problemas físicos de uma talentosa fornada de armadores não param por aí, porém. John Wall perdeu quase meia temporada por conta de uma lesão por estresse na rótula – aliás, não me perguntem nada além disso, por favor, porque taí algo bem estranho de se escrever. Stephen Curry já tem o tornozelo direito castigado por tantas torções. Kyrie Irving, o prodígio do Cavs, mal conseguiu jogar por Duke na NCAA, devido a uma lesão no pé, fazendo apenas 11 partidas. Em seu ano de novato, sofreu com concussões e uma lesão no ombro. Mais velho que essa turma toda, Chris Paul também já teve de lidar com a ruptura de um menisco no joelho em 2010.

Nessa lista estão sete dos talvez dez mais da posição. Vamos evitar a brincadeira de elencar um top 10, mas dá para fazer de outro modo. Veja abaixo.

*  *  *

Russell Westbrook, aquele dínamo do Oklahoma City Thunder, nunca perdeu um jogo em sua carreira devido a contusão ou lesão.

*  *  *

Rubio, CP3, Irving

Três armadores brilhantes em diferentes níveis

Em termos de armador (sem pensar exclusivamente em jogadores puramente passadores como Andre Miller), a NBA vive hoje uma espécie de eldorado.

Checando o titular da posição em cada equipe, e a grande maioria vai apresentar um jogador de destaque. Nem todos são incontestáveis, mas tem muita gente no auge e outros de muito potencial, além de Steve Nash e Jason Kidd, no ocaso de suas carreiras históricas. Alguns podem ser considerados apenas regulares, mas é difícil de encontrar alguém que ruim de chorar.

Vamos lá.

Na Divisão do Pacífico, temos Stephen Curry, Steve Nash, Chris Paul (para não falar de Eric Bledsoe), Isiah Thomas e Goran Dragic.

Na região do Noroeste: Russell Westbrook, Damian Lillard, Ricky Rubio, Ty Lawson e Mo Williams.

No Sudoeste: Tony Parker, Mike Conley Jr., Darren Collison, Jeremy Lin e Greivis Vasquez.

Na Divisão Central: Derrick Rose, George Hill, Brandon Jennings, Brandon Knight e Kyrie Irving.

No Sudeste: Mario Chalmers, Jameer Nelson, Jeff Teague, Kemba Walker e John Wall.

Por fim, nos lados do Atlântico: Raymond Felton/Jason Kidd, Deron Williams, Jrue Holiday, Rajon Rondo e José Calderón.

Levando a brincadeira adiante, talvez dê para dividi-los assim:

A elite: Paul, Westbrook, Parker, Rose, Deron Williams, Rondo.
Wess pode não ter o maior fã-clube lá fora, mas é uma força da natureza como Rose, que atacam de uma outra forma na posição, mas com sucesso inegável. Williams ainda se segura por aqui pelo conjunto da obra, mas ainda tem muito o que jogar pelo Nets para justificar seu salário. Os demais? Nem precisa discutir, né?

Chegando lá: Irving, Curry, Holiday, Wall, Lawson.
Irving só não está um degrau acima ainda pela brevidade de sua carreira e por sua defesa pífia. Curry é o melhor arremessador da turma, herdeiro de Nash nesse sentido, Holiday combina bem doses de Wess/Rose com ótima defesa, Lawson perdeu rendimento nesta temporada, mas, quando está em plena forma, com confiança, ninguém segura. Wall: quando os chutes de média distância, ao menos, vão começar a cair?

No meio do caminho: Felton, Conley Jr, Calderón, Hill.
Com Felton, o Knicks é uma coisa. Sem ele, outra. O que não quer dizer também que ele esteja entre os melhores de sua posição: isso apenas reflete o modo como o elenco do Knicks foi construído, e a dupla armação em sintonia com Kidd se tornou vital. Conley começou o ano barbarizando, mas deu uma boa desacelerada depois. Ótimo defensor, veloz, mas ainda longe de ser decisivo. Calderón é um dos poucos puros passadores nesse amontoado todo, um ótimo organizador, mas que sofre muito na hora de parar os adversários. George Hill é o contrário: marcador implacável, bom finalizador próximo da cesta, mas que não está na mesma categoria de Rose e Westbrook e não faz o jogo ficar mais fácil para seus companheiros.

Em franca evolução: Lillard, Walker, Dragic, Teague, Jennings, Bledsoe.
Grupo de potencial, mas que ainda não sabemos exatamente onde vão parar. Ninguém poderia imaginar o impacto que Lillard vem causando em Portland. Mais um ano desse jeito e já vai para o andar superior. Walker enfim parece aquele terror da NCAA. Dragic é vítima das circunstâncias em Phoenix. Teague e Jennings ainda alternam bastante, mas contribuem de modo mais positivo com suas equipes no momento do que complicam seus treinadores. Bledsoe jajá vai ganhar uma bolada de alguém.

Enigmas: Rubio, Lin, Knight, Vasquez.
Ainda está cedo para avaliar o físico do espanhol depois da lesão – a defesa e o arranque para a cesta especialmente –, mas seu arremesso está ainda pior. Lin: ainda não acho que dê para dizer que a Linsanidade foi uma mentira, vide suas principais atuações neste campeonato quando Harden está de molho. Knight é dos mais jovens da lista, com apenas 20 anos, mas, comparando, está beeeeem abaixo de Irving em termos de produção estatística e personalidade em quadra, sendo que o rapaz do Cavs é de sua mesma geração. Mas todos em Detroit dizem que é um cara sério, que trabalha duro e que tem muito a crescer. A ver. Já os números do venezuelano são ótimos neste ano, mas fica a dúvida ainda se ele consegue manter esse rendimento com consistência e se consegue fazer valer seu tamanho na defesa, se tornando mais combativo.

Já deu o que tinha de dar: Nelson, Mo Williams, Darren Collison.
Nelson é o líder emocional do Orlando Magic, corajoso, habilidoso mas… seu tamanho hoje impede que ele compita de um modo justo contra aberrações atléticas que vêm dominando a posição. Williams sempre foi mais moldado como um ótimo sexto homem do que como alguém que vá fazer a diferença para um bom time de titular. Collison ainda é bastante jovem, mas rende mais quando é a estrela da companhia – vide seu ano surpreendente como substituto de Paul no Hornets. E quem vai querer dar a Collison um time para liderar, levando em conta o nível dos outros jogadores aqui listados?

Sobram Mario Chalmers e Isiah Thomas, dois casos bem particulares. Jogando ao lado de Wade e LeBron, Chalmers tem um papel bem reduzido em Miami: abrir a quadra com chutes de três pontos e colocar muita pressão na linha de passe do oponente, duas coisas que faz muito bem. É um jogador que se encaixa perfeitamente num esquema e ainda não foi testado para valer de outra forma. Isaiah Thomas, com 1,75 m, é o jogador mais baixo desta página, enfrentando todas as dúvidas de sempre. Pelo Kings, se mostra um jogador, de qualquer forma, bastante útil, com números sólidos, boa velocidade, mas não chega a ter a eficiência de um Lawson que o torne irresistível no ataque para compensar sua fragilidade na retaguarda.

*  *  *

'Rio já não ouve mais tantos gritos assim de Wade ou LeBron

É justo comparar Mario Chalmers com os demais armadores quando sua função é tão diferente?

Como o Knicks vem mostrando com Felton e Kidd, finalizadores e facilitadores, o Heat com a obrigação de condução do time dissipada entre seus principais nomes, a ascensão de cestinhas impossíveis como Irving, Rose e Westbrook, é cada vez mais raro pensar no armador da NBA como um Bob Cousy ou John Stockton, e isso não quer dizer que estejamos diante do fim do mundo. O jogo vai mudando, seguindo diversos caminhos, e os técnicos e jogadores mais antenados vão se adaptando junto.

Só esperamos que as lesões gravem não acabem com essa evolução natural da modalidade. Não quer dizer que os astros estejam ou tendam a ficar baleados. Muitas vezes uma cirurgia pode acontecer apenas em decorrência de um lance de azar. Que essas ocorrências fiquem mais raras. Um armador com velocidade e mobilidade avariadas se complica em uma liga que valoriza cada vez mais o jogo atlético espalhado por toda a quadra.

E outra: enfermaria não tem graça nenhuma.


‘Família Popovich’ mantém caminho consistente de vitórias em San Antonio
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Giancarlo Giampietro

Família Popovich

Parker e Duncan já não aguentam mais Gregg Popovich

Todos os clichês, mandamentos, regrinhas recomendáveis sobre “continuidade” na gestão esportiva são confirmados pelo San Antonio Spurs na NBA. Com eles, não há como negar que não funcione.

O sucesso é tão duradouro que por vezes podemos perder a referência do nível de excelência que eles atingiram nas última década, e algo que dura até hoje. Desde o momento em que reuniu o armador Tony Parker, o ala Manu Ginóbili, o pivô Tim Duncan e o técnico Gregg Popovich no mesmo ginásio, em 2002-2003, o clube não teve uma campanha sequer em que não tenha vencido no mínimo 50 partidas – ou 61% de seus jogos. Isso valeu até mesmo para o último campeonato. Aquele, oras, encurtado pelo lo(u)caute e que teve apenas 66 rodadas no total.

Por curiosidade: o melhor ano aconteceu em 2005-2006, com 63 vitórias e rendimento de 76,8%, mas não valeu um título: a equipe perdeu o clássico texano contra o Dallas Mavericks, que acabaria derrotado pelo Miami Heat e a arbitragem da NBA nas finais. Os anéis de campeão neste período acabaram sendo conquistados em 2003 (primeira temporada de Ginóbili), 2005 e 2007.

O elenco, naturalmente, passou por pequenas reformulações durante esta jornada, mas o núcleo duro está lá para dar consistência, para estabelecer uma rotina que poderia entendiar meio mundo, mas que empurra seus componentes na formação de um timaço.  “É incrível”, afirma Parker. “Pois, muitas vezes, quando se fica por cinco ou dez anos, as pessoas tendem a ficar irritadas ou se cansam de ouvir por tanto tempo. É algo especial o que acontece aqui com o Spurs. Você pode pegar qualquer esporte, e não acho que vá ver uma situação dessas em que os mesmos três jogadores e o mesmo técnico tenham passado tantos anos juntos. É uma relação realmente muito especial a que eu, Manu e Timmy temos com Pop.”

 Envolvido em rumores de trocas nos últimos anos, Parker admite, contudo, que há, sim, os momentos em que se tem vontade de atirar tudo para o alto, especialmente quando as críticas de Popovich nos treinos são mais pesadas. “Todo mundo tem um ego, então machuca algumas vezes, mas você precisa lembrar, então, que ele faz isso para o bem do time”, conta o francês.

O técnico, por sua vez, afirma que não é nem mais ouvido por suas estrelas. Especialmente Duncan, com quem trabalha desde… 1997! “Ele nem conversa muito mais comigo. Estamos casados há tempo tempo que nós…”, disse Pop, parando a frase por conta própria para não se comprometer, né? Questões íntimas ficam entre quatro paredes, por favor.

“Metade das coisas que eu falo ele não ouve. A outra metade ele bloqueia se for para ouvir… Porque ele acha que é bobagem. Manu está chegando a esse estágio, Tony também está perto disso… É hora de ir embora!”, completou o comandante, sorrindo.

Depois de obter a melhor campanha da temporada passada, o Spurs segue nadando de braçada em meio ao pelotão de frente neste início de campanha. Nesse ritmo, a família Popovich, na verdade, não vai para lugar algum.


Imortais e sem badalação, Spurs ainda estão na briga pelo título da NBA
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Giancarlo Giampietro

Tony Parker e os velhinhos vibram

Por Rafael Uehara*

Dos gigantes do Oeste, talvez apenas o Memphis Grizzlies tenha recebido menos atenção que o San Antonio Spurs no começo da temporada. Os Lakers fizeram as duas maiores aquisições da janela de verão em Steve Nash e Dwight Howard, o Thunder, além de retornar de uma aparição nas Finais, trocou James Harden a três dias do início da campanha, os Clippers fortificaram a parte de baixo do elenco e muita gente confiava nos Nuggets e nos Timberwolves para fazerem barulho.

Enquanto isso, San Antonio reteve todo o time que dominou a liga na temporada passada, vencendo 20 de suas últimas 24 partidas, o único problema sendo que as quatro derrotas vieram em seguida nas mãos do muito mais jovem e superatlético Oklahoma City nas finais da conferência.  Mas, badalados ou não, os imortais Spurs continuam na briga pelo título visto que o time que ganhou 60 de seus 80 jogos em 2011-2012 atualmente lidera a liga em vitórias, com 18 em 22 jogos, postando o segundo melhor saldo de pontos (indicativo de dominância), tendo jogado contra a quinta tabela mais difícil até o momento, de acordo com Jeff Sagarin do jornal americano USA Today.

Através de seu calibrado ataque, focado na habilidade de criação de Tony Parker no pick-and-roll depois de anos e anos centralizado no fundamentalismo de Tim Duncan no garrafão e na magia de Manu Ginóbili no perímetro, San Antonio tem se tornado um rolo compressor. Muitos poucos têm um Thabo Sefalosha para atormentar Parker. E, quando o francês tem liberdade para atuar,  os Spurs permanecem uma força a ser reconhecida. O time é o quarto classificado em pontos por posse, de acordo com o site MySynergySports.com.

Além da criatividade de Parker, a eficiência desse ataque se dá a constante procura pelo melhor chute através de intensa movimentação de bola – San Antonio lidera a liga em assistências (postando 25,5 em média), e pontaria certaria dos arremessos no perímetro – os Spurs têm acertado o quinto maior número de arremessos de três pontos, em grande maioria graças aos 40,2% de aproveitamento que Danny Green tem em arremessos de fora do arco.

Ah, e Duncan ainda tem papel importantíssimo no desempenho da equipe. Para os que se preparavam para uma possível aposentadoria do astro nas férias, os Spurs tiveram uma agradável surpresa ao ver o futuro membro do Hall da Fama rejuvenescido. De fato, o jornalista Eric Koreen, que cobre o Toronto Raptors para o jornal canadense National Post, constatou que os números padronizados de Duncan este ano são iguais, mas iguais mesmo àqueles que ele postou em sua campanha como MVP 11 anos atrás.

Talvez mais surpreendente seja o impacto que Duncan tem tido na defesa do time. Geralmente quanto mais velho o jogador vai ficando, mais porte físico perde e menos consegue contribuir na defesa. Mas Duncan, em seus 36 pontos de idade, faz o time tomar cerca de seis pontos por 100 posses a menos na defesa quando em quadra, de acordo com NBA.com/advancedstats. De acordo com o portal MySynergySports.com, Duncan tem permitido a oitava menor quantia de pontos marcando o pick-and-roll. E, liderados por Duncan, San Antonio recuperou o pedigree defensivo pelo qual o time de Gregg Popovich ficou conhecido ao ganhar seus quatro títulos, mas que havia perdido na temporada passada. Os Spurs têm atualmente a quinta melhor defesa em pontos por posse.

Desde o começo da temporada passada, San Antonio venceu 78 de seus últimos 102 jogos. Este elenco está em uma sequencia fantástica e que deveria ser mais celebrada. Enquanto o foco continua nos problemas que os Lakers encontram ou no começo de temporada surpreendente dos Knicks, os Spurs continuam fazendo o que fazem de melhor; ganhar. E continuam vivíssimos na briga pelo título.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um para este mês. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.

PS: Durante dezembro, por motivos de ordem profissional (embora a gente goste mesmo é de férias, o Vinte Um vai ser atualizado num ritmo um pouco mais devagar. Voltamos no final do mês com tudo.