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Arquivo : Spurs

Tim Duncan destoa de velhinhos e pode igualar marca histórica de Abdul-Jabbar nas finais
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Giancarlo Giampietro

O eterno Duncan

Duncan eterno: a chance de ser MVP de uma final 14 anos depois

Muitos velhinhos começaram a temporada da NBA beirando ou ultrapassando a casa de 40 anos. Poucos deles chegaram aos playoffs inteiros e com relevância em suas equipes. Enquanto isso, Tim Duncan, de alguma forma, segue arrebentando pelo San Antonio Spurs, desafiando qualquer lógica, ou, pelo menos, o padrão apresentado por seus contemporâneos.

O torcedor do New York Knicks sabe muito bem do que estamos falando, né? Durante o ano, Jason Kidd, Rasheed Wallace, Kurt Thomas e Pablo Prigioni deram sua contribuição para a primeira campanha decente da equipe desde a saída de Jeff Van Gundy no início da década passada. Chegaram os playoffs, e Sheed e Thomas estavam fora de ação, assim como Marcus Camby, que mal foi para quadra no campeonato. Jason Kidd terminou os mata-matas com dez jogos seguidos sem fazer nenhuma cesta, tendo marcado apenas 11 pontos no total em duas séries – não à toa resolveu encerrar sua carreira no fim de semana passado. Prigioni, vai saber, talvez só tenha aguentado o tranco por ter sido guardado por um bom tempo à sombra do recém-aposentado. Melancólico.

Ainda assim, o Knicks passou na primeira rodada pelo Boston Celtics de Paul Pierce e Kevin Garnett, que alternaram bons e maus momentos no confronto, sendo muito mais relevantes que os adversários anciões, mas não tiveram forças para abrir mais uma longa campanha na fase decisiva. Assim como seu arquirrival Los Angeles Lakers, que mal pôde usar um Steve Nash todo arrebentado e teve de assimilar uma varrida pelo Spurs, sendo que Kobe Bryant acompanhava tudo de casa.

Tim Dunk, dãr

Duncan dá suas machadadas ainda

No Miami Heat, Ray Allen, que era aparentemente incansável, viu seu aproveitamento de três pontos despencar desde o confronto com o Chicago Bulls, acertando apenas 30,8% contra o Indiana Pacers, uma heresia considerando seu currículo. Rashard Lewis só sai do banco quando o jogo está decidido. Juwan Howard é mais um assistente técnico do que um pivô da equipe.

Enfim, tudo isso poderia servir como bom argumento para um artigo que discutiria o quanto vale, hoje, investir seriamente nesses quarentões ou quase na NBA superatlética de hoje, com um calendário ainda muito desgastante, não importando muito os voos fretados e mimos oferecidos pelos clubes. São jogadores que te ajudam no começo, mas, se forem muito exigidos durante a campanha, te deixam na mão na hora do vamos ver. Há uma tese a ser defendida aí, não?

Pois é.

Não fosse Duncan e seu San Antonio Spurs.

“Estou muito focado em mais uma oportunidade de conquistar outro campeonato, tentando vencer”, afirma o nativo das Ilhas Virgens. “Não estou preocupado sobre o quão velho eu sou ou qualquer coisa perto disso.”

E por que Duncan deveria estar preocupado com seus 37 anos?

Quando você olha para o pivô em quadra, é claro que tem diferença para aquele que entrou na liga em 1997 já destinado a entrar no Hall da Fama. Embora Duncan nunca tenha sido celebrado como uma aberração física como Kevin Garnett (mais veloz e explosivo), sempre foi um jogador com uma coordenação absurda para alguém de seu tamanho, o que já é uma capacidade atlética em si. Esse controle motor ainda está lá, mas com algumas limitações em seus movimentos. Tudo sai de modo um pouco mais custoso perto da cesta. Na verdade, hoje ele opera muito mais de média distância, na cabeça do garrafão, do que no auge, quando dominava com facilidade os adversários de costas para a cesta, ainda que pudesse atacar frontalmente sem problema algum.

Duncan light

Um Tim Duncan mais light em 2013

Sua vantagem, no entanto, é que seu basquete sempre pendeu mais para seus recursos técnicos e seu domínio tático do jogo. O cara não ganha o apelido de Big Fundamental por qualquer bobagem. Arremessos de média distância buscando o quadradinho em ângulos improváveis. Os ganchos de esquerda e direita, o jogo de pés criativo e eficiente, girando para todos os lados. O tempo perfeito para tocos e rebotes, a capacidade de recolher a bola fora de seu espaço – e sua loooonga envergadura não faz mal nenhum aqui. A capacidade tanto para executar como para receber os passes picados, de costas ou os passes mais simples e ainda mais importantes, devido a suas mãos gigantes e maleáveis. Enfim, o pacote completo, de modo que até poderia parecer injusto.

Mas essas coisas você não conquista apenas por talento natural. Tem de trabalhar bastante para atingir um determinado nível e flertar com ou, no seu caso, atingir a excelência. E Duncan segue dando duro, sem se importar com todas as suas condecorações: melhor jogador universitário em 1997, novato do ano da NBA em 1998, 14 vezes no All-Star Game, MVP das finais da NBA em 1999, 2003 e 2005, MVP da NBA em 2002 e 2003. Tetracampeão. “Ele é o maior ala-pivô de todos os tempos”, diz Chauncey Billups. “Seu retrospecto só mostra como o basquete de verdade prevalece. O basquete de fundamentos, eficiente, cerebral ainda é o jeito certo para se jogar.”

Para se manter relevante, Duncan afirma ter perdido cerca de 12 kg durante as férias, para ganhar agilidade. “Eu meio que mudei minha dieta no verão mais do que tudo. Nos últimos anos, meu jogo caiu um pouco e mudou. Mas eu não estava pronto para permitir isso, para deixar rolar. Pensei que se eu me tornasse mais leve, poderia diminuir a dor no meu corpo e ter uma temporada melhor”, afirmou.

As Torres Gêmeas do Spurs

Torres Gêmeas com Robinson enfim campeão e Duncan MVP lá em 1999

Parece que deu certo. Eleito para o primeiro quinteto da temporada, com um desempenho incrível, o veterano tem agora médias de 17,8 pontos e 9,2 rebotes 2,1 assistências, 1,7 toco. “Ele está jogando de modo incrível. Não sei se muitas pessoas na sua idade já fizeram isso na história da NBA”, disse Tony Parker. É difícil encontrar algo parecido, mesmo. Fazendo uma breve pesquisa, chegamos a um certo Kareem Abdul-Jabbar, que, aos 37, teve médias de 21,9 pontos, 8,1 rebotes, 4 assistências e 1,9 toco. Afe. Mas olha o nível sobre o qual estamos falando, né?

Abdul-Jabbar, aliás, evoca uma façanha que Duncan pode repetir neste ano. Ainda que LeBron esteja do outro lado, que Parker seja hoje a principal arma do Spurs, seu companheiro tem chances de ser o MVP das finais novamente, não? O mítico pivô do Bucks e Lakers conseguiu ser eleito melhor jogador de duas decisões separadas por 14 anos (1971 e 1985). Duncan ganhou esse troféu em 1999. De lá para cá, são precisamente 14 anos de intervalo.

Não que ele se importe com qualquer coisa nessa linha. “Estou muito concentrado em outra oportunidade de conquistar outro campeonato. Já fomos descartados por muitos anos, e hoje parece que não jogamos as finais há uma eternidade”, afirma o jogador.

Na verdade, são apenas seis anos desde que eles disputaram e ganharam o título de 2007, quando seu time superou o Cavs de um jovem LeBron James. De eterno, mesmo, para Duncan, apenas o seu jogo.


Na NBA, sobram as três melhores defesas (e o Miami Heat) na disputa pelo título
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Giancarlo Giampietro

Pesadelo para Melo

Carmelo pode dizer uma coisa ou outra sobre a defesa do Indiana Pacers

“De-fe-sa!”, “de-fe-sa!”

“De-fe-sa!”, “de-fe-sa!”

“De-fe-sa!”, “de-fe-sa!”

Fora o pianinho clássico acompanhando um ataque nos instantes finais, eternizado nos games Lakers vs Celtics, temos entre os clichês do basquete esse grito, que se disseminou por tudo que é lugar em que pingue uma bola de basquete a partir das transmissões globalizadas da NBA. Há mesmo as torcidas que cantam só por cantar mesmo, talvez utopicamente, com a vã esperança de que seu time-peneira vá esboçar alguma reação na hora de proteger a cesta.

Bem, na temporada 2012-2013 da liga norte-americana essa brincadeira deu certo. Entre os quatro times que ainda lutam pelo título, estão as três defesas mais eficientes do campeonato, pela ordem: Indiana Pacers, Memphis Grizzlies e San Antonio Spurs. O quarto? O Miami Heat, claro, nono melhor nesse quesito.

Consideramos aqui a medição que foi primeiro elaborada por Dean Oliver, que integra o departamento de estatísticas da ESPN americana e já trabalhou na diretoria do Denver Nuggets, e encampada e levemente alterada por John Hollinger, vice-presidente do próprio Grizzlies. As estimativas abordam o número de pontos numa média de 100 posses de bola. Isso por quê?

Gasol & Allen

Marc Gasol e Tony Allen, dois dos melhores defensores da liga em suas posições

Bem, cada clube tem o seu próprio ritmo de jogo. Se uma equipe corre mais com a bola, atacando com menos segundos gastos a cada posse, a tendência é que ela sofra mais pontos, mesmo, não? Isso não quer dizer necessariamente que, na média, sua defesa seja a pior – talvez apenas mais vazada.

(Por outro lado, alguém pode argumentar que, no caso do time que adota um jogo mais metódico, gastando o cronômetro, já esteja se protegendo desde o princípio, controlando a bola ao máximo. Obviamente isso não pode ser descartado, mas sigamos adiante com a defesa-por-posse.)

Na temporada regular, o Pacers de Frank Vogel permitiu apenas 99,8 pontos a cada 100 posses de bola, seguido pelo Memphis Grizzlies (100,3) e pelo San Antonio Spurs (101,6). O Miami Heat terminou com 103,7.

Para se ter uma ideia de quão bom é o índice firmado pela turma de Paul George e Roy Hibbert, a distância entre o Pacers e o Heat (de 3,9 pontos) seria maior que a que existiu entre os atuais campeões de Miami e o Toronto Raptors (3,8), apenas a 22ª defesa da liga.

De acordo com a máxima de que “são as defesas que vencem o título”, poderíamos indicar, então, o Pacers como o favorito?

Bem, nem tanto. Sua proteção de garrafão deixa as coisas bem encaminhadas, mas essa ainda não é a resposta definitiva. Façamos uma pausa, antes de avaliar os quatro finalistas, para perguntar se o mote do parágrafo acima é inteiramente verdadeiro.

*  *  *

Um estudo conduzido pelo analista Neil Pane, uma das almas angelicais por trás do Basketball-Reference, indica que, sim, as melhores retaguardas têm mais condições de ganhar o troféu, comparando historicamente os rendimentos coletivos dos dois lados da quadra.

Segundo suas contas, um time que tenha uma defesa medíocre e um ataque com 10 pontos acima da média da liga, teria 32,3% de chances para conquistar o caneco. Por outro lado, se a sua equipe mantiver um ataque medíocre e tiver uma defesa que sofra 10 pontos abaixo da média, sua probabilidade de título sobe para 80,1% – e mesmo uma equipe que sofra 7 pontos a menos do que a média do campeonato teria um candidatura mais sólida, com 39,1%.

Tiago Splitter x Dwight Howard

Splitter ajudou o Spurs a se tornar uma das melhores defesas da NBA novamente

Agora, para comprovar que seu levantamento não é pouco, Paine fez as mesmas contas excluindo o avassalador Boston Celtics de Bill Russell, que defendia muito e penava para fazer cestas em alguns anos, podendo desequilibrar o balanço do ponto de vista histórico. Fazendo uma pesquisa só a partir da fusão NBA-ABA em 1976, a distância entre ataque e defesa cai consideravelmente, mas ainda pende para a contenção. O melhor ataque tem 43,8%, de chances, enquanto a melhor defesa, 63,9%.

É difícil, porém, atingir a meta de dez pontos acima ou abaixo da média. Quanto menores esses números, menor a distância na chance de título também. Por exemplo: se um time faz 3,0 pontos a mais da média, a expectativa seria de 1,9%; se sofre 3,0 pontos abaixo, o número seria de apenas 2,4%.

“No entanto, a contínua proeminência da defesa, mesmo quando descartamos a dinastia do Celtics da amostra, sugere que as equipes devam priorizar a excelência deste lado da quadra se querem vencer um campeonato”, escreve Paine.

Ponto destacado e anotado. Mas ainda não é tudo.

*  *  *

Phil Jackson, o homem dos 11 anéis de campeão da NBA, nunca se cansa de enfatizar que as coisas estão totalmente interligadas: um bom ataque e uma boa defesa. Quanto menos precipitações (arremessos forçados e turnovers) você tiver tentando a cesta, melhores suas condições de armar sua retaguarda, propiciando menos contra-ataques, voltando com equilíbrio.

E “equilíbrio” seria a palavra-chave, mesmo, tanto do ponto de vista conceitual como estatístico, como escreveu nesta semana o analista Kevin Pelton, da ESPN, outro representante da crescente comunidade nerd do basquete. Reduzindo seu campo de pesquisa de 1980 para cá – o ano em que a linha de três pontos foi pintada nas quadras da NBA e também um marco extremamente relevante nessas contas –, constatou que 14 campeões tinham o melhor saldo de cestas da temporada (mais de 40%), sabendo dosar um bom ataque e uma boa defesa.

“É difícil encontrar exemplos de times com uma fraqueza em cada lado da quadra vencendo um campeonato. Nos últimos 33 anos, apenas dois times venceram o título com uma unidade abaixo da média durante a temporada regular: o Los Angeles Lakers 2000-2001 (fraco na defesa) e o Detroit Pistons 2003-2004 (fraco no ataque)”, escreveu Pelton.

O Lakers de 2001 foi uma anomalia na carreira de Phil Jackson, que envelheceu uns bons anos tentando administrar a conturbada relação entre Kobe Bryant e Shaquille O’Neal. Depois da conquista de seu primeiro título, o time deu aquela relaxada, despencando de melhor defesa na campanha anterior a 21ª, apesar de manter a mesmíssima base, que funcionava direitinho no ataque (segundo melhor índice). Absurdo, né? Acontece que, chegando aos playoffs, decidiram ligar o turbo e venceram 15 de 16 partidas, cedendo apenas um triunfo para o Philadelphia 76ers de Iverson e Larry Brown na primeira partida da decisão. Já o Pistons de 2004 teve Rasheed Wallace, seu melhor atleta, por apenas 22 partidas, depois de ele ser adquirido numa das trocas mais desequilibradas da história durante o campeonato.

O Oklahoma City Thunder teve o melhor saldo de cestas deste campeonato, com +9,2, mas suas aspirações ao título se encerraram com a lesão de Russell Westbrook. O Miami Heat aparece em segundo, com +7,9. O Spurs seria o quarto, com +6,4, enquanto Grizzlies e Pacers seriam sétimo e oitavo, com +4,1 e +4.

LeBron x Rose

A postura defensiva perfeita de LeBron James para segurar até um Derrick Rose

Na campanha dos rapazes de Erik Spoelstra, todavia, é possível encontrar alguma semelhança com aquele Lakers do início da década passada, começando o ano um pouco devagar (mas nem tanto) e esquentando as turbinas na metade do campeonato. No dia 1º de fevereiro, eles perderam a 14ª partida na temporada. Em 17 de abril, fecharam a conta com apenas mais dois reveses, engatando neste período sua incrível sequência de 27 vitórias. Durante esse período, seu lado de cestas foi de +11,9, o que seria a melhor marca da liga de longe, devido a uma melhora significativa na defesa, já entre as cinco mais eficientes neste período. Motivados pela busca do recorde histórico de triunfos consecutivos, viraram outra equipe. A mais equilibrada e com mais chances de título.

Descartando todos os dados enumerados acima, esse favoritismo do Miami não é novidade alguma e talvez pudesse ser explicado de modo mais simples pela soma de “LeBron” + “James”.

Só que, numa liga extremamente competitiva e rica, com recursos sendo empregados dos modos mais diversificados, as coisas dificilmente vão se desenrolar assim, de um modo tão fácil.

Com suas fortíssimas defesas, porém, Pacers e Grizzlies, com DJ Augustin, Sam Young, Ian Mahinmi, Keyon Dooling, Tayshaun Prince entre outras nulidades ofensivas em suas rotações, já derrubaram três dos cinco melhores ataques da liga (Knicks, Clippers e Thunder) e se colocaram na briga, ao menos com uma chance de surpreender.


Lucas Bebê, Raulzinho e Augusto encaram as incertezas do Draft da NBA. Saiba como funciona
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Giancarlo Giampietro

Lucas Bebê, o Nogueira

Nesta terça-feira, enquanto apenas um punhado de clubes ainda tem em mente o título da NBA, 14 estarão de olho em outra decisão: o sorteio da ordem das primeiras posições do Draft, com o Orlando Magic tendo a maior probabilidade para ganhar a primeira escolha, seguido por Charlotte Bobcats, Cleveland Cavaliers, Phoenix Suns e New Orleans Hornets.

É um primeiro passo para desanuviar algumas das diversas questões que rondam o recrutamento de novatos da liga. A partir do momento em que a sequência das equipes seja definida, as projeções se tornam mais interessantes, considerando as necessidades de cada elenco e os jogadores disponíveis. Mas é pouco: essa é uma novela que só vai durar até o dia 27 de junho, quando David Stern subirá a um palanque no ginásio do Nets para conduzir a cerimônia pela última vez, mas, até chegarmos lá, encara-se muitos rumores, informações plantadas, espionagem, negociações e trocas consumadas – e muitas outras que ficam no quase.

Envolvidos nessa confusão toda estão Raulzinho (ou “Raul Neto” lá fora) e Lucas Bebê (“Lucas Nogueira”), duas de nossas maiores revelações/promessas, além do talentoso, mas enigmático ala Alexandre Paranhos, do Flamengo, que mal pisou em quadra no NBB deste ano e, ainda assim, levantou sua candidatura. Além deles, qualquer jogador nascido em 1991 também pode ser selecionado, sem precisar se declarar para o Draft – caso do pivô Augusto Lima.

O processo todo é muito complexo. Então vamos por partes:

– A inscrição (para jogadores nascidos entre 1992 e 1994, de 19 a 21 anos): é um movimento natural para as carreiras de Bebê e Raulzinho. São dois garotos na mira dos scouts da liga americana há anos, especialmente depois da ótimas apresentações pela Copa América Sub-18 de 2010, na qual o Brasil não derrotou na final os Estados Unidos por pouco, mas por pouco mesmo. Ali eles competiram de igual para igual com Kyrie Irving, Austin Rivers e outros.

Depois de assinados os primeiros contratos na Espanha, é sempre necessário um período de adaptação a uma nova cultura de basquete, em nível mais alto. Lucas, após um ano praticamente perdido, resgatou toda a expectativa em torno de seu desenvolvimento com uma campanha 2012-2013 bastante promissora pelo Estudiantes, enquanto Raul já foi um dos principais atletas do Lagun Aro, o Gipuzkoa de San Sebastián, um clube rebaixado – fato que, no entanto, não diminui o feito do jovem armador.

Raulzinho, filho do Raul

Raulzinho teve papel de protagonista

Projeções, cuidado: os sites especializados na cobertura do Draft elaboram listas que são atualizadas regularmente com base tanto no que eles ouvem de scouts, dirigentes e técnicos da liga, como também em avaliações pessoais. Não são, então, ciência exata. Mas há quem se esforce muito para tentar fazer as previsões mais corretas possíveis. No momento, porém, vamos descartar os palpites precoces – de que time X escolheria o jogador Y –, uma vez que nem mesmo a ordem das equipes está estabelecida, para nos concentrarmos nas chamadas “big boards”, um ranking geral das revelações.

Pensando em longo prazo, em suas características físicas – envergadura, mobilidade e agilidade impressionantes para alguém de sua altura –, o pivô Lucas se aproxima do Draft muito mais bem cotado.  O DraftExpress, do chapa e ultracompetente Jonathan Givony, o lista como o 28º melhor jogador entre os atuais participantes. O NBADraft.net o tem como o 16º em sua lista. No ESPN.com ele seria apenas o 39º, mas apontado pelo especialista da casa, Chad Ford, também como um possível candidato ao primeiro round. Raulzinho tem cotações bem mais modestas: só aparece entre os 100 melhores prospectos para o DraftExpress, como o número 99. Já Augusto está um pouco acima: 75º para o ‘DX’, 54º para o NBADraft.net e 80º para a ESPN americana.

Lucas Bebê

Lucas, bem cotado pelos sites especializados. Mas ainda é muito cedo no processo

Essas são apenas estimativas de gente que cobre o assunto há anos e que podem ser alteradas drasticamente nas próximas semanas. E outra: basta um gerente geral se encantar com algum dos três, que tudo isso pode vai pelo ralo. Outro fator que pode influenciar: por terem carreira na Europa, os clubes não se sentiriam obrigados a levá-los para os Estados Unidos imediatamente. Poderiam deixá-los em seus atuais times por mais algum tempo de desenvolvimento. O Denver Nuggets, por exemplo, tem um plantel abarrotado e a escolha número 27 a seu dispor. Será que eles terão espaço para adicionar um calouro? Eles poderiam, então, trocar sua escolha ou seguir justamente essa rota de despachar um gringo na Europa, esperando aproveitá-lo no futuro – como o Spurs já fez com Manu Ginóbili lá atrás e o Chicago Bulls faz hoje com Nikola Mirotic.

Os treinos privados: com suas campanhas encerradas na Espanha ao final da temporada regular, tanto Lucas como Raul têm condição de viajar para os Estados Unidos para participar de seções individuais ou com alguns poucos atletas nos ginásios das franquias da NBA – Augusto também pode embarcar nessa, já que o Unicaja Málaga acaba de ser eliminado. É uma chance para se fazer testes físicos que avaliem a capacidade atlética, participar de entrevistas e enfrentar alguns concorrentes diretos. Os times tiram daí informações importantes, especialmente as que saem no bate-papo, mas por vezes os dirigentes podem se enamorar com um atleta que salte por cima de cadeiras com a maior facilidade do mundo, mesmo que ele não tenha ideia de como lidar com uma marcação dupla em quadra.

NBA Draft Combine: de 15 a 19 de maio, um grupo de cerca de 60 atletas – eleitos pelos clubes – se reuniu em Chicago para serem examinados, medidos e realizarem alguns exercícios com bola. Lucas e Raul não compareceram, mas devem tomar parte do…

Augusto Lima, em grupo de promessas

Augusto tem a chance de mostrar serviço no Eurocamp depois de jogar pouco pelo Málaga

Adidas Eurocamp: de 8 a 10 de junho, em Treviso, a multinacional promoverá aquela que seria a versão europeia do Draft Combine, voltada para os talentos mais promissores em atividade na Europa e em outras regiões do mundo. Os clubes da NBA se deslocam para a Itália, mas os times do Velho Continente também marcam presen≥ça para avaliar os dezenas de revelações. Augusto já participou deste camp algumas vezes, assim como Bebê, que não foi nada bem em 2011, aliás. A lista de inscritos ainda não está definida, mas é grande a chance de que o trio esteja por lá. Muitos europeus já conseguiram usar este camp para emplacar suas candidaturas ao Draft. O francês Evan Fournier, do Nuggets, foi o caso mais recente.

17 de junho, prazo final: isso, Bebê e Raul têm até essa data para decidirem se vão ficar, ou não, no Draft, podendo retirar seu nome caso não se sintam confortáveis com o que estejam ouvindo. Seus agentes podem reunir informações por cerca de um mês antes de tomarem a decisão. Caso desistam, eles participarão do processo em 2014 como candidatos automáticos, mesma situação por que Augusto passa hoje.

27 de junho, o Draft: no Brooklyn. São 60 escolhas divididas entre as equipes, sendo que algumas possuem mais picks do que outras, dependendo de negociações passadas. Para Augusto, a noite interessa de qualquer jeito, uma vez é o seu último ano como candidato ao recrutamento. Caso ele não seja selecionado, não é o fim do mundo. Pode continuar com sua carreira tranquilamente na Europa e, se quiser, tentar a NBA no futuro como um agente livre (rota seguida por Andrés Nocioni, Walter Herrman, Pablo Prigioni e que Rafael Hettsheimeir teve a chance de tentar no ano passado, por exemplo). Se ouvir seu nome na segunda rodada do Draft, entre os picks 31 e 60, posição na qual os contratos não são garantidos, sua transição para os EUA dependeria de seus interesses e, principalmente, de sua franquia (como no caso de Paulão, cujos direitos pertencem ao Minnesota Timberwolves, clube que não chegou a fazer uma proposta para o pivô, mesmo depois de ele ter sido avaliado de perto na liga de verão de Las Vegas em 2012).


Modelo sustentável de contratações é um dos segredos para a longevidade do Spurs
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Giancarlo Giampietro

Gary Neal, ele mesmo

Gary Neal não deixou muita saudade em Barcelona, mas se encaixou no Spurs

Ter um Tim Duncan ajuda. Um treinador com a versatilidade, inteligência e o cartaz de Gregg Popovich também. Quando você combina esses dois fatores, já tem grandes chances de encaminhar uma longa jornada de sucesso como no caso do San Antonio Spurs. Mas isso não serve como a única explicação sobre o quão vitoriosa – e por um período tão duradouro – a franquia texana vem sendo nos últimos 17 anos, desde que o pivô foi selecionado no Draft de 1997.

Um dos segredos para essa prosperidade está no modelo sustentável de contratações orquestrado justamente pelo Coach Pop e seu fiel companheiro RC Buford, gerente geral do Spurs, um clube que nunca ficou fora dos playoffs após a contratação de Duncan e, acreditem, só perdeu duas vezes na primeira rodada dos mata-matas durante essa sequência.

RC Buford, gerente geral

Buford tem sua parte significante no interminável sucesso do Spurs

Não que eles não gastem –  até porque, para manter seu renomado trio, custa dinheiro, por mais bonzinhos e fiéis que sejam. Sua folha de pagamento, porém, é apenas a 12ª maior da liga, tendo valido US$ 69,838 milhões nesta temporada. Foi um pouco menos do que desembolsou o Golden State Warriors, justamente a equipe que tanto lhe deu trabalho nas semifinais do Oeste, com US$ 70,1 milhões. Já uma comparação com a folha do Los Angeles Lakers, a mais custosa deste ano, é de envergonhar a família Buss, que torrou US$ 100,131 milhões numa equipe que foi varrida pelos rivais na primeira rodada dos mata-matas.

Os confrontos com o Lakers, aliás, deixaram evidentes as diferentes concepções de montagem de um elenco. As estrelas estavam em ambos os lados. Na hora de recorrer ao banco de reservas, contudo, Mike D’Antoni tinha um número bem reduzido de alternativas, ficando com a vida ainda mais complicada com a ocorrência incessante de lesões. Do outro lado, Popovich obviamente tinha Parker, Ginóbili e Duncan em forma, mas suas opções para complemento de rotação eram bem mais animadoras, caso necessárias. Tanto que o clube não teve receio em dispensar um cestinha comprovado como Stephen Jackson a apenas alguns dias dos playoffs, por “motivos-de-Stephen-Jackson”.

E como o Spurs montou seu elenco? Quem são esses jogadores baratos que se enquadram no modelo sustentável de gestão? Como eles buscaram essas peças complementares? Vamos lá:

Cory Joseph: o armador canadense tem apenas 21 anos e ainda está em desenvolvimento – e esse é um dos pontos positivos da equipe, que trabalha muito bem com seus atletas mais jovens. Joga pouco, mas bem, com 11 minutos sólidos por partida nos mata-matas, aproveitando suas chances para pontuar e sem cometer turnovers, para dar um descanso a Parker. Quando ingressou na Universidade do Texas, era badalado vindo do colegial – fazia parte das seleções de base de seu país. Os Longhorns não chegaram a empolgar tanto, com o armador sendo considerado muito cru e nada preparado para jogar na NBA. Mesmo assim, se inscreveu no Draft e foi premiado com a 29ª escolha pelo Spurs. Por causa da escala salarial imposta aos novatos, seu salário custa pouco mais de US$ 1 milhão.

Patty Mills: o terceiro armador na rotação de Popovich é o titular da seleção australiana e, quando Andrew Bogut não se apresenta, se torna o principal jogador de um time que sempre dá trabalho – e é dirigido, vejam só, por um assistente técnico de Popovich, Brett Brown. Então temos esse cenário: um atleta que não saiu muito valorizado da universidade de Saint Mary’s, mas que já tinha prestígio internacional. Mills foi selecionado apenas na posição 55 do Draft de 2009, dois anos antes de Joseph. Durante a temporada do lo(u)caute, assinou com o Melbourne Tigers, em seu país. Depois, foi para a China, para defender o Xinjiang Flying Tigers. Uma vez que não tinha mais contrato com o Blazers, quando a temporada chinesa se encerrou e voltou a ficar disponível para a NBA, assinou com o Spurs. Da espécie de formiguinha atômicas da liga, daquelas que pode botar fogo na quadra com sua habilidade ofensiva, custando também pouco mais de US$ 1 milhão.

Gary Neal: ala-armador que não teve a carreira universitária mais expressiva e começou a preencher seu currículo na Europa, a começar pela Turquia. Em 2008, teve uma passagem bastante discreta pelo Barcelona ao lado de um envelhecido Pepe Sánchez. Foi no Benetton Treviso em que se encontrou, jogando por um dos clubes mais tradicionais do continente. Em 2010, defendeu o Málaga novamente na Espanha. Até que, do nada – do ponto de vista de quem nunca havia ouvido falar do jogador –, fechou um contrato de três anos com o Spurs no dia 22 de julho daquele ano, que se tornou uma tremenda de uma barganha: salário de US$ 854 mil, aproveitamento de 39,8% nos tiros de três pontos e a capacidade de sempre poder oferecer um pouco mais em quadra quando Parker e/ou Ginóbili estão fora. Vira agente livre ao final do campeonato.

Nando De Colo: ala-armador francês de 25 anos, 1,95 m de altura e um talento natural impressionante, de movimentos fluidos, boa visão de jogo e arremesso em evolução. Ganhou quase 13 minutos de média durante o campeonato, mas, com Ginóbili novamente em forma, não sai mais do banco durante os playoffs. De qualquer forma, devido ao que mostrou em seu primeiro ano de liga, o Spurs já sabe que poderá contar com ele no futuro. Draftado na posição 53 em 2009, ficou na Europa por mais três anos, progredindo naturalmente, jogando na Liga ACB, a liga nacional mais difícil da Europa. Salário de US$ 1,4 milhão neste ano e no próximo.

Danny Green, versão Euroliga

Danny Green, em dias eslovenos

Danny Green: ala de 25 anos formado na tradicional Universidade de North Carolina, pela qual foi campeão em 2009 como titular. O único jogador da história dos Tar Heels a somar mais de 1.000 pontos, 500 rebotes, 200 assistências, 100 tocos e 100 roubos de bola. E é isso mesmo: fazia um pouco de tudo pela equipe, mas nada excepcionalmente bem, a ponto de ser questionado: será que poderia se transformar em um jogador de NBA? Os analistas com viés estatístico juravam que sim. Foi selecionado pelo Cleveland Cavaliers de LeBron James em 2009, na 46ª posição – percebam que estamos falando de mais um caso de jogador escolhido na segunda rodada do Draft. Não foi aproveitado pela franquia, porém, sendo dispensado em outubro de 2010. O Spurs o contratou em novembro e o dispensou duas semanas depois. Jogou na D-League até retornar a San Antonio para o final da temporada. Durante o lo(u)caute, assinou com o Union Olimpija, da Eslovênia, clube de Euroliga, e vinha em uma grande campanha até que exerceu uma cláusula de liberação quando a NBA garantiu sua temporada 2011-2012. Assinou por três anos e US$ 12 milhões.

Kawhi Leonard: o ala de apenas 21 anos já era bem cotado quando se candidatou ao Draft de 2011, mas o interessante foi como o Spurs conseguiu selecioná-lo. Leonard passou batido, de alguma forma, por 14 equipes até ser escolhido pelo Indiana Pacers a pedido do clube texano, em troca do armador George Hill, alguém que era natural de Indiana e se encaixava no plano de reconstrução de Larry Bird. Hill foi mais um que o Spurs selecionou em uma posição nada vantajosa (26ª em 2008) e que estava pronto para receber um aumento salarial que não se enquadraria no elenco de Popovich, mesmo sendo um dos favoritos do técnico. Antes de perdê-lo por nada, então, descolaram essa troca mágica. Hoje, Popovich jura de pés juntos que Leonard está destinado a virar um All-Star.

Boris Diaw: figura estabelecida na liga, mas, completamente desmotivado em Charlotte, foi dispensado pelo Bobcats em março de 2012, com problemas de peso (coloquemos assim, de modo educado). Foi recolhido pelo Spurs no ato, para jogar ao lado de seu melhor amigo, Tony Parker, e virar titular num time que esteve muito perto de se garantir na final no ano passado até levar uma virada incrível do Oklahoma City Thunder. Renovou por dois anos e US$ 9,2 milhões. Mais um contrato abaixo do valor de mercado e, melhor, de curta duração.

Splitter, bons tempos

Splitter, MVP na Espanha

Tiago Splitter: o catarinense foi a 28ª escolha do Draft de 2007. Era uma estrela na Europa, o que deixava sua contratação complicada: ganhava bem pelo Baskonia e a escala salarial de novatos da liga não permitiria que os valores fossem equiparados – sem contar a multa rescisória exorbitante. Mas tudo bem: tempo a franquia, sempre brigando nos playoffs, tinha de sobra. Esperaram três anos e conseguiram mais uma barganha, pagando US$ 11 milhões por três anos de vínculo com aquele que era o melhor jogador da liga espanhola. Depois de duas temporadas de pouco tempo de jogo, despontou este ano como titular e peça fundamental para o fortalecimento da defesa do Spurs. Agente livre ao final da temporada, aos 28 anos.

DeJuan Blair: cotado como um talento top 10 no Draft de 2009, teve suas aspirações abaladas pelo exame médico oficial da liga, que constatou problemas estruturais em seu joelho. A ponto de ser escolhido pelo Spurs apenas em 38º. Titular nos dois primeiros anos, perdeu espaço este ano com a ascensão de Splitter. Último ano de contrato, valendo US$ 1 milhão.

Matt Bonner: escolhido como o 45º do Draft de 2003 pelo Chicago Bulls, começou jogando na Itália até retornar ao clube e ser trocado para o Toronto Raptors. Progrediu bem no Canadá e virou alvo de Gregg Popovich. Está na liga por uma só razão, e isso não tem a ver com seu cabelo ruivo: tem aproveitamento de 41,7% na carreira em arremessos de longa distância. Habilidade que encaixou com o plano de jogo de Popovich perfeitamente nos últimos anos, espaçando a quadra para seus astros brilharem. Salário de US$ 3,6 milhões, inferior ao que Steve Novak, ex-Spurs, ganha em Nova York.

Aron Baynes: mais um australiano observado em primeira mão por Brett Brown, o gigante de 2,08 m e 118 kg assinou com o Spurs no meio da temporada, depois de arrebentar pelo mesmo Union Olimpija na Euroliga, com médias de 13,8 pontos e 9.8 rebotes (liderava o torneio neste fundamento até seu time ser eliminado). Recebeu apenas US$ 239 mil este ano – pela metade do campeonato – e tem salário de US$ 788 mil para a próxima temporada.

Sobre Tracy McGrady, desnecessário elaborar. Uma contratação pontual para os playoffs, com uma medida de segurança que Popovich espera não ter de usar.

Fazendo um balanço de tudo isso: são seis jogadores de fora dos Estados Unidos (sem contar Parker e Ginóbili) e mais dois americanos que vieram do basquete europeu; apenas um desses operários foi escolhido entre os 20 primeiros do Draft (Leonard); cinco saíram apenas na segunda rodada do recrutamento de calouros, sendo que Baynes e Neal nem selecionados foram; três deles (Mills, Green e Bonner) foram dispensados rapidamente por seus primeiros times. Todos eles estão abaixo ou na conta em relação ao valor de mercado da NBA (considerando idade x produção).

Com um departamento de olheiros atentos, que não tem limites na sua caça a talentos, uma direção que não dá tiro no pé, assinando contratos curtos e de valores palatáveis para uma cidade como San Antonio, uma das menores da liga, a franquia estabeleceu um método de trabalho que virou exemplar para toda a concorrência. Hoje são vários os dirigentes formados dentro do clube texano que gerenciam outras franquias – Sam Presti, do Oklahoma City Thunder, o principal exemplo entre esses.

Moral da história? Não basta ter sorte para vencer – como ganhar a primeira escolha num Draft com Tim Duncan disponível, justamente depois de um ano em que o Spurs, já competitivo no Oeste, sofreu com diversas e diversas baixas, David Robinson entre elas, e ficou fora inesperadamente dos playoffs. Quando isso acontece, faz um brinde, sorriso bem aberto, e segue em frente. E, se puder coletar Tony Parker e Emanuel Ginóbili, respectivamente, nas 28ª e 57ª escolhas do recrutamento de novatos, melhor ainda.


Splitter faz seu melhor jogo nos playoffs e caminha para batalhas contra Gasol e Randolph
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Giancarlo Giampietro

Tony Parker, Kawhi Leonard e Manu Ginóbili foram os autores das jogadas decisivas para o San Antonio Spurs, enfim, eliminar o jovem e petulante Golden State Warriors na semifinal da Conferência Oeste, nesta quinta-feira. Mas uma das melhores notícias para Gregg Popovich foi a apresentação de Tiago Splitter nesta partida. A equipe texana venceu fora de casa por 94 a 82, num jogo que foi muito mais equilibrado do que o placar sugere, fechando a série em 4-2.

Tiago Splitter está de volta

Splitter desenferrujou contra o Warriors

Figura importante no esquema defensivo do Coach Pop, preenchendo espaços no garrafão, facilitando as rotações com seu posicionamento sólido, o catarinense dessa vez foi fundamental no ataque. Jogou por 31 minutos e terminou com 14 pontos, com seis cestas de quadra em oito arremessos, mostrando novamente toda a sua inteligência nos deslocamentos de pick-and-roll, se apresentando sempre como uma opção viável e de fácil encontro nos arredores do garrafão.

Mais importante, aliás, foi poder observar o pivô brasileiro se movimentando muito bem lateral e verticalmente, sem aparentar sentir nenhuma dor no seu tornozelo, depois da torção no tornozelo esquerdo durante o confronto com o Los Angeles Lakers pela primeira fase dos mata-matas. Bastante ativo, somou ainda 4 rebotes, 2 roubos de bola e 1 bloqueio, batalhando contra um limitado Andrew Bogut e o cavalar Festus Ezeli.

Splitter correu tão à vontade que, no primeiro tempo, chegou a matar uma bola em flutuação, feito Tony Parker, o que chamou a atenção de Jeff Van Gundy, comentarista da ESPN que não parece disposto a largar o cargo para voltar à liga como técnico. Van Gundy brincou que o pivô talvez seja o jogador mais alto na história da NBA a converter esse tipo de arremesso, daqueles que o jogador parte frontalmente rumo à cesta e chuta, digamos, à meia altura, ficando no meio do caminho entre um jump shot tradicional e a bandeja. Realmente. É um recurso raro para um homem de sua estatura (2,11 m), mas que consta de seu repertório há anos – e que, salvo engano, nem Dirk Nowtizki tem o hábito de fazer.

Depois de perder a primeira partida em San Antonio, o brasileiro teve atuações um tanto limitadas nos últimos quatro confrontos com o Warriors, mas com uma elevação constante de tempo de jogo – ele mal teve tempo de treinar no retorno de sua contusão. Ficou em quadra por 10, 19, 19 e 25 minutos, respectivamente, e, no geral, havia somado 18 pontos (4,5 em média). Era muito pouco, como provou nesta quinta.

Não tinha melhor hora para ganhar confiança. Pois a vida não será fácil nas próximas semanas…

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A melhor dupla de pivôs da liga

Marc Gasol e seu novo irmão, Z-Bo

Vem chumbo grosso pela frente. O Spurs reencontra o Grizzlies pela primeira vez nos playoffs desde a dolorida eliminação na primeira rodada de 2011, uma derrota que chegou a por em dúvida a continuidade da base Popovich-Duncan-Parker-Ginóbili. Na ocasião, os texanos eram os primeiros cabeças-de-chave e caíram por 4-2, tendo perdido o craque argentino cedinho no embate.

Splitter estava em sua temporada de novato e recebeu pouquíssimo tempo de quadra. Nos mata-matas, porém, com dificuldade para brecar Zach Randolph, Pop acionou o brasileiro, que até correspondeu numa fogueira dessas. Agora o contexto é bem diferente. O brasileiro ganhou o posto de titular na primeira metade do campeonato e seguiu em frente. E o Spurs precisa, e muito, de sua energia e talento para tentar anular, ao menos, atrapalhar a conexão cada vez mais azeitada entre o Z-Bo e Marc Gasol, hoje o detentor do título de melhor Gasol da liga.

Os dois combinam muito bem, podendo alternar a posição no high-low em sucessivos ataques. E não importa quem está no topo ou embaixo no garrafão. O pau come do mesmo jeito. É provável que o catarinense tenha a incumbência de lidar com Randolph no início do confronto, deixando o Big Marc para Duncan. De todo modo, qualquer um dos dois seria um páreo duríssimo. Com Gasol, Splitter está mais habituado, devido ao passado de ambos na liga espanhola. Contra Randolph, ele não terá descanso em nenhuma posse de bola, como pode atestar Serge Ibaka, que cansou de apanhar  e, invariavelmente, saiu perdendo na disputa por posição nas imediações da cesta. Vejam isto aqui:

Não subestimem de modo algum o quão difícil é segurar o Z-Bo no jogo de corpo e o quanto essas trombadas minam/desgastam/torturam a longo prazo.


Após Curry, Thompson aparece para atormentar Spurs, e Warriors apronta de novo
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Giancarlo Giampietro

Klay Thompson aterroriza San Antonio

É isso aí, o Klay Thompson também pode pelo Golden State!

 

“Viu só? Eu também consigo fazer ISSO. Nhém!”, é o que parece que o Klay Thompson resolveu dizer para toda a NBA, nesta quarta-feira, para desespero de Gregg Popovich em San Antonio.

Depois do espancamento promovido pelo Miami Heat para cima do Chicago Bulls, invertendo o conceito de quem desceria a marreta nesta série, o Golden State Warriors resolveu aprontar de novo contra o San Antonio Spurs. Mas dessa vez quem comandou a traquinagem foi este ala esguio e igualmente perigoso nos tiros de três pontos.

Relegado ao papel de coadjuvante durante a arrancada rumo ao estrelato de Stephen Curry nos playoffs, Thompson deu provas de seu seriíssimo potencial no Texas para deixar a experiente turma de Tim Duncan desconcertada. Em dois jogos, temos um confronto empatado, com o mando de quadra roubado por parte do Warriors. E não só isso: o que assusta é que a equipe dirigida pelo surpreendente Mark Jackson poderia estar facilmente com uma vantagem de 2 a 0, não fosse a patinada feia que deram na primeira partida, perdendo uma liderança de duplo dígito no quarto final, caindo na segunda prorrogação.

Se tomarmos como parâmetro o que Curry vinha produzindo até aqui, o Spurs até que conseguiu atrapalhar sua vida no segundo jogo, limitando-o a apenas sete conversões em 20 arremessos no total e a quatro assistências para dois turnovers. Ainda assim, ele marcou 20 pontos, mas tudo bem.

Klay Thompson x Kawhi Leonard

Leonard tenta o toco, mas a alta elevação no chute de Thompson não permite

E aí que me entra em cena o Thompson aproveitando os espaços oferecidos pela marcação mais concentrada em Curry e arrebenta com o Spurs, sem dó nem piedade: 34 pontos, com 13 em 26 chutes de quadra e impossíveis oito bolas de três certeiras em nove tentadas – ao mesmo tempo em que Curry, para se ter uma ideia, chutou 6/9 na linha de lances livres. Segura!!!

O curioso é que, no quarto final, o ala ficou zerado. Problema resolvido para as próximas partidas, então, por parte de Pop?

Nada: porque Curry e Jarret Jack assumiram a bronca e marcaram os últimos nove pontos do Warriors para proteger mais uma grande vantagem no placar que estava indo para o buraco – o primeiro tempo terminou com 19 pontos para a fedelhada; a 4min22s do fim da partida, o Spurs estava a apenas seis pontos de um empate.

Só que o raio não caiu de novo no mesmo lugar. Vejam essa declaração de Manu Ginóbili: “O que aconteceu no jogo 1 não é sobre inexperiência. É apenas um desses jogos que acontece muito raramente, algo como uma vez em mil. Não era para termos vencido aquele jogo. E eles vieram ainda mais famintos, mais determinados. E claro que eles são mais jovens e mais atléticos que nós. Mas eles também foram mais físicos. Apenas fizeram um trabalho muito melhor que o nosso. Eles mostraram que queriam mais. Eles provavelmente pensaram que mereciam a vitória no jogo 1 e queriam mais uma oportunidade para vencer”.

É preciso respeitar o astro argentino pela sinceridade, franqueza de seu comentário. Um raciocínio que entrega como está o espírito do Spurs no momento: de não saber o que fazer, de ser pego de surpresa por um time que supostamente não só não deveria estar competindo com seus veteranos, como parecia inimaginável que pudessem ser simplesmente omelhor time na série.

Em Oakland, os ávidos torcedores do Warriors já devem estar fazendo o gargarejo para preparar a garganta. Vai explodir aquele ginásio, e o jovem Warriors está em uma posição para satisfazê-los.

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Thompson, um exímio arremessador de três, havia matado apenas 34,3% na série contra o Denver Nuggets e havia errado seus últimos dez chutes de longa distância, incluindo os quatro que tentou na primeira partida contra o Spurs.

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Esta é daquelas notícias que nenhuma das partes vai confirmar oficialmente, mas já virou senso comum nos bastidores da liga; quando o Thunder decidiu no ano passado que não poderiam renovar com James Harden, o primeiro clube a receber uma ligação de Sam Presti foi o Golden State Warriors. A franquia de Oklahoma City queria saber se dava para fazer algum negócio por… Thompson, de 23 anos. Foram recusados de cara.

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O pai de Klay Thompson, Mychal, foi o número um do Draft da NBA em 1978, pelo Portland Trail Blazers. Ele teve uma carreira produtiva em seus primeiros anos sob o comando do legendário Jack Ramsay em Portland, mas não chegou a ser dominante em um time que demorou a se recuperar da perda de Bill Walton. Foi, no entanto, uma peça fundamental para o Lakers no final dos anos 80, reforçando o banco da equipe que ganhou o bicampeonato em 1987-88. Showtime!

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Na última vez que o Warriors havia triunfado em San Antonio – em 14 de fevereiro de 1997 –, Stephen Curry tinha apenas oito anos e Tim Duncan estava na faculdade.


Quebradiço, Andrew Bogut é jogador-chave no Warriors por trás do show de Curry
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Giancarlo Giampietro

Andrew Bogut, surpresa contra o Nuggets

Andrew Bogut, tentando jogar

Em um final de temporada com tantas lesões, nas suas anotações você começa a se preocupar não só com a técnica dos jogadores da partida a ser estudada, mas também com a saúde deles, usando de zêlo e humanismo. E, em termos de bem-estar, confesso que havia no QG 21 um grande temor pelo quebradiço Andrew Bogut.

Meu Deus, será que ele aguentaria o corre-corre que prometia a série entre seu Golden State Warriors e o Denver Nuggets? Será que ele teria ao menos a compahia de Dick Bavetta para caminhar tranquilamente ao seu lado durante algum jogo da série?

Bogut não deu a mínima para a piada, claro.

Mesmo manquitolando, ainda sentindo um tornozelo que aparentemente nunca mais estará 2100%, deu um jeito de causar o impacto que o Warriors aguardava ansiosamente desde que fechou uma controversa troca no início de 2012. Enquanto isso, Monta Ellis já está de férias, podendo ou andar de mobilete em algum rincão do Mississipi, ou matutando com seus agentes qual decisão tomar a respeito da próxima temporada.

Na hora de pensar no Warriors, é difícil ir além de Stephen Curry e o bombardeio que ele promoveu para cima dos indefesos jogadores do  Nuggets. Com média de 24,3 pontos, 9,3 assistências, 2,2 roubos de bola, 43,4% nos três pontos e 100% nos lances livres, o show foi todo dele. Mas, para que o armador extremamente talentoso possa seguir brilhando nos playoffs da NBA, carregando sua equipe no ataque, é imperativo que o time californiano tenha o pivô australiano minimamente em forma, para balancear as coisas do outro lado da quadra.

Jogando no sacrifício, sim, sem poder saber ao certo o que terá para entregar noite sim, noite não, Bogut teve um desempenho mais do que satisfatório considerando o basquete anêmico que ofereceu durante as 32 partidas (contadinhas) que teve no campeonato 2012-2013. Suas médias foram de 8,2 pontos, 10,3 rebotes e 2,3 tocos em controlados 27,7 minutos. Não é muito – ainda restaram 20 minutos para o emergente Mark Jackson preencher em sua rotação, seja com Carl Landry, com o gigantão Festus Ezeli ou com o calouro-veterano Draymond Greene. São três atletas interessantes, que apresentam habilidades diferentes para o pastor Jackson, mas o melhor, mesmo, é ter Bogut em quadra, né?

“Para ser justo, ele não é 100 por cento agora”, disse o técnico. “Quando ele está com o corpo vivo, ativo, se sentindo bem, nós ficamos confortáveis com o que ele faz em quadra. Algumas noites, ou alguns dias, porém, obviamente, são obviamente um desafio para ele.”

Por mais que a defesa do Warriors tenha melhorado sensivelmente nesta temporada, sendo a 13ª mais eficiente da liga – o que provavelmente não acontece desde os tempos em que Nate Thurmond trombava com Jabbar nos anos 70 –, nos mata-matas o australiano pode dar ao time uma presença muito mais sólida em sua retaguarda. Ainda que esteja com a mobilidade comprometida, o Aussie tem envergadura, tempo de bola, leitura de jogo e é um excelente e inteligente comunicador, podendo orientar alguns de seus companheiros mais inexperientes e cobrir por eles quando necessário.

Além disso, numa comparação com o massa-bruta Ezeli, Bogut também merece muito mais respeito no ataque, ainda que George Karl tenha decidido pagar para ver em muitos momentos, num erro de cálculo. Tá certo que o veterano não fez nada pelo Warriors em míseros 32 jogos, flertando com atuações dignas de Andris Biedrins. Mas não custava ter enfrentado o cara nos primeiros jogos para sentir quem estava do outro lado. Quando foi se mexer o técnico do Nuggets, promovendo JaVale McGee para o quinteto inicial, talvez fosse muito tarde. O adversário teve média de 63,2% nos arremessos, um salto qualitativo considerável, se aproveitando das brechas propiciadas pela atenção desprendida a Curry, Jack e Thompson no perímetro.

Jackson e o Warriors só podem esperar agora que este Bogut esteja em ação nesta segunda rodada. Porque a batalha no garrafão vai ficar significativamente mais complicada, com o tal de Tim Duncan pela frente.

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Mobilidade comprometida, e tal, e de repente baixa o santo no gigante australiano, que aprontou isso aqui jogo 4 contra o Nuggets:

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Bogut, por algum motivo, escapa com frequência da lista das primeiras escolhas infelizes que tivemos na década passada. Vindo da universidade de Utah, sensação nos Mundiais de base em sua categoria, ele convenceu o senador Herb Kohl, dono do Bucks, de que era o cara certo para o pick 1 de 2005 por suas habilidades, digamos, políticas – se apresentou de terno para a entrevista com o milionário e usou sua retórica de modo confiante, passando a imagem de um franchise player. Durante os anos, contudo, o excesso de lesões o privou de qualquer chance de justificar seu status. Ele saiu dois postos na frente de Deron Williams e a três de Chris Paul. Além dos dois geniais armadores, Andrew Bynum (10), Danny Granger (17) e David Lee (30!) já foram selecionados para um All-Star Game nesta classe.


Blake Griffin é a última adição a uma vasta lista de enfermos nos playoffs da NBA
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Giancarlo Giampietro

Marc Gasol x Blake Griffin, Memphis Grizzlies x Los Angeles Clippers

Blake Griffin é a última adição a uma tortuosa lista de enfermos da NBA

Blake Griffin entrou em quadra um pouco mais tarde que os companheiros de Clippers, sem nenhuma explicação. Bateu bola normalmente, procurou agrediu também como o de costume no primeiro quarto, mas ele simplesmente não conseguiu ser o mesmo durante a quinta partida da série contra o Memphis Grizzlies, que conseguiu a virada, fazendo 3 a 2 com uma grande vitória em Los Angeles.

Acontece que o (outro) clube de Los Angeles havia conseguido um milagre até esta terça-feira: na era de fontes anônimas amplificadas por Twitter e comunicação instantânea,  esconderam por mais de 24 horas o fato de que o ala-pivô era dúvida para a partida e que, se fosse para jogar, seria no sacrifício, devido a uma grave torção de tornozelo que sofrera na véspera. O jogador pisou no pé de Lamar Odom durante um exercício de garrafão e teve de se submeter a tratamento até minutos antes do confronto. Daí o atraso. Pois esse milagre, o da recuperação em tempo recorde, o clube não pôde fazer.

Uniformizado, mas nada pronto, foi limitado a apenas 20 minutos no total, seis no segundo tempo, e ainda encontrou um jeito de contribuir pelo menos com quatro pontos, cinco rebotes e cinco assistências, mostrando que sua mínima presença já atraía a defesa do Grizzlies, podendo, então, servir aos seus companheiros com sua habilidade mais subestimada: a visão de jogo/passe. Mas simplesmente não era o mesmo Blake Griffin: ele não bateu um lance livre enquanto esteve em quadra e penava com o jogo físico de Zach Randolph.

O astro do Clippers é apenas o caso mais recente – porque, pelo jeito, não dá pra falar em “último caso” – de lesões que vão interferindo de maneira direta e assustadora nos playoffs da NBA.

Se formos vasculhar o elenco dos 16 times que chegaram ao mata-mata, difícil encontrar alguém que esteja realmente 100%.

Vamos lá:

OESTE

– O Oklahoma City Thunder perdeu Russell Westbrook possivelmente para o resto dos playoffs devido a uma ruptura de menisco, tendo passado por uma cirurgia no sábado. Detalhe: a aberração atlética do Thunder nunca havia perdido um jogo sequer em toda a sua carreira, incluindo colegial e universidade, devido a qualquer tipo de problema físico.

Spliter is down

Splitter: tornozelo e desfalque

– O San Antonio Spurs precisou juntar os cacos ao final da temporada, com Tony Parker e Manu Ginóbili baleados. Eles parecem bem agora, mas o clube texano tem sorte de ter varrido o Lakers rapidamente para poder ficar um tempo a mais descansando e reabilitando Tiago Splitter, que sofreu uma torção de tornozelo esquerdo e perdeu o fim da primeira série. O clube espera que ele possa voltar para a segunda rodada.

– O Denver Nuggets já não conta mais com os serviços de Danilo Gallinari, cuja campanha foi encerrada ainda na temporada regular também por conta de danos em seu menisco. Além disso Kenneth Faried sofreu a sua própria torção de tornozelo, perdeu o primeiro jogo contra o Warriors e só foi lembrar nesta terça-feira o maníaco que é, subindo para cravadas e rebotes de tirar o fôlego.

– No Memphis Grizzlies, Marc Gasol tem de medir esforços para não agravar um estiramento muscular no abdome.

– O Golden State Warriors perdeu o ala-pivô David Lee por todo resto de campanha, devido a uma lesão muscular no quadril. Além disso, não pôde escalar o ala Brandon Rush durante todo o campeonato por conta de um joelho arrebentado.

– Se você for falar de lesões com Mike D’Antoni, o técnico do Los Angeles Lakers, é melhor tirar o lenço do bolso e se preparar para um dilúvio. Kobe Bryant estava fora de ação por conta de uma ruptura no tendão de Aquiles. Steve Nash precisou tomar injeções peridurais para enfrentar o Spurs, com lesões musculares e dores nas costas. Seu substituto, Steve Blake, também ficou no banco por conta de uma lesão na coxa. Pau Gasol teve de se virar com uma fascite plantar e tendinite nos joelhos. Ron Artest voltou para quadra sem nenhuma força na perna devido a uma cirurgia de reparo no menisco.

– Jeremy Lin desfalcou o Houston Rockets no último duelo com o Thunder e é dúvida para o quinto jogo por conta de um músculo do peito.

Acha que é pouco? Vamos, então, ao…

LESTE

Dwyane Wade está com problemas no joelho, e o Miami Heat ao menos teve o luxo de poupá-lo do quarto confronto com o fraquíssimo Milwaukee Bucks, conseguindo assim a quarta vitória e a varrida.

– O New York Knicks enfrenta o Boston Celtics sem poder contar com Amar’e Stoudemire – embora ainda haja a esperança de que ele volte para uma eventual e bem provável semifinal de conferência. Pablo Prigiini perdeu um jogo da série com o tornozelo torcido. Tyson Chandler está com dores no pescoço e nas costas, com sua mobilidade claramente avariada.

Rose, de terno o ano todo

O mistério de Derrick Rose: irmão mais velho diz que armador está a “90%”

– O Indiana Pacers precisou apagar de seus planos qualquer contribuição que esperava de Danny Granger neste ano. Com tendinite no joelho, ficou em tratamento por mais de quatro meses, tentou voltar a jogar em cinco partidas em fevereiro, mas não tinha jeito mesmo. Mais um que foi para a faca. George Hill tem de maneirar em seus movimentos por conta de uma contusão no quadril que causa dores na virilha.

– O Chicago Bulls é como se fosse o Lakers desta conferência. Minha nossa. Derrick Rose ainda não passou um minutinho em quadra em uma longa, longa, loooooonga recuperação de uma cirurgia no joelho (ligamento cruzado). Joakim Noah vai mancando com sua fascite plantar. Kirk Hinrich estourou a panturrilha. Taj Gibson voltou contra o Brooklyn Nets de uma torção no joelho, mas sem danos mais sérios.

– No Atlanta Hawks, Josh Smith tem problemas no joelho e no tornozelo, Al Horford, na coxa, Devin Harris, no pé, e Zaza Pachulia fora do campeonato depois de passar por uma cirurgia no tendão de Aquiles.

– Por fim, o Boston Celtics não conta com Rajon Rondo (ligamento cruzado do joelho) e Jared Sullinger (cirurgia nas costas). Entre as diversas contusões de Kevin Garnett, a última a incomodar está no quadril.

Chega de tortura?

Tenho quase toda a certeza do mundo de que deixei escapar alguma lesão ou contusão neste balanço. E outra: essas são as questões físicas declaradas pelos times e jogadores. Vai saber o que cada um está escondendo no momento.

É realmente necessária uma reflexão por parte da liga a respeito. Sua temporada de 82 jogos chega a ser desumana, considerando o nível de esforço físico exigido no esporte hoje em dia.

Como seriam os playoffs da NBA se todos os times estivessem 100%? O Miami Heat provavelmente ainda seria o grande favorito ao título, tá certo. Mas a gente nunca vai poder realmente saber.

 


O Fantástico Mundo de Ron Artest: Vida de Comentarista
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Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

*  *  *

Chuckster x Metta World Peace

Primeiro foi Kobe a tirar onda. Agora o Ron Artest segue seu exemplo, virando comentarista de basquete no Twitter.

Aliás, duas coisas antes: 1) só Kobe para domar Artest, mesmo, tudo o que ele fala vira lei para o parceiro; 2) quando se aventurou como analista, o superastro de Los Angeles falou de tática, com um post atrás do outro durante a primeira das quatro derrotas do Lakers para o Spurs, enquanto Ron-Ron já preferiu se ater logo aos palpites sobre como será o desfecho dos playoffs. Quem é que dá duro nessa joça!?

Mas, bem, tem isso, então: os comentários do #mettaworldpeace para os mata-matas 2013 da NBA. E, se você esperava uma linha de raciocínio desbocada, intempestiva, se enganou. E muito, viu?

Para começo de conversa, Artest se concentrou nos palpites. Sem muita ousadia, “acredita que o Heat vai repetir”. Maaaas… “o Knicks (da minha casa New York City) vai empurrá-los para um jogo 7”.

E aí ele, num passe de mágica, encontra a conexão entre uma vitória num eventual sétimo jogo contra o Knicks para o Miami com… Shane Battier! Seria o homem a justificar sua aposta no time da Flórida. “Acredito que Shane é o decisivo na decisão (tradução mais que livre para “Clutch in the clutch”). Ele é o Sr. Decisão (“Mr. Clutch”), e, enquanto o Bron Bron cortar para a cesta e chamar atenção, Shane vai se beneficiar e produzir”, explicou.

Tem lógica, sim. Battier já matou partidas dessa maneira. Deixe estar.

Aí que, no Oeste, sim, Artest arriscou um palpite que foge um pouco do padrão. Foi de Clippers para cima deles! “Mas vai ser difícil. Creio que eles podem dar um jeito”, disse.

E, já que temos um novo comentarista no pedaço, Charles Barkley que se cuide, hein? Ouvindo a transmissão da TNT de noite, Ron-Ron ficou invocado com uma crítica do integrante do Dream Team sobre como o Lakers é hoje um time velho e que por isso não teria mais chance alguma de competir por títulos do modo como está construído.

Para expressar sua frustração, o ala, então, elaborou diversos posts sobre o assunto. Vamos colocar tudo junto aqui: “Esse comentário de Charles Barkley é falso, sobre jogadores velhos não conseguirem dar conta do recado. Se você olhar para Iman Shumpert e Derrick Rose, eles são jovens e talentosos jogadores que já se lesionaram. O San Antonio Spurs é mais velho e ainda dá conta. Tudo tem a ver com a química do time. Michael Jordan tinha 36 na última campanha de título deles”, discorreu.

Olha, difícil discordar do Ron-Ron aqui, gente. Com a maior imparcialidade do mundo. 🙂

(Lembrem-se, por exemplo, do Mavs campeão em 2011: Kidd, Dirk, Marion, Terry, Cardinal, Stevenson, Chandler, Barea… Um time de veteranos que se conectou durante o campeonato e partiu para uma inesperada conquista.)

Então, vejam, estava tudo indo muito bem, com argumentação séria, e tal. Até que ele perdeu a elegância e deu uma bofetada gratuita no Chuckster: “Charles Barkley nunca venceu então é duro  para entender o que é preciso para vencer”.

Viiiiiixeee. Um cruzado de direita no baço do basqueteiro que sonha ser pugilista em uma futura carreira.

Depois do ataque, Artest se retirou, se privou dos comentários por cerca de 20 a 25 minutos. Talvez para saborear sua dose de ácido lançada? Ou para sentir qual seria a reação de seus seguidores? Ou por que tinha cookies no fogão a ponto de ficarem prontos?

A gente nunca vai saber.

Mas, depois, desse silêncio profundo, ele retornou de modo triunfante, surpreendendo a todos com sua perspicácia. “Na verdade, eu gosto de Charles Barkley”, disse. “Mas eu tinha de responder sua declaração porque ele chamou minha equipe de velhacos ou algo assim. Meio engraçado.”

Sacaram o que estava por trás do ataque, então? Ele usou de uma polêmica envolvendo Barkley só para chamar a atenção para a defesa de seus companheiros de Lakers. Em pouco tempo de casa, o cara aprendeu a artimanha que fez a carreira de dezenas de comentaristas de TV – com a diferença de que, por aqui, hoje em dia, a polêmica pela polêmica já valeria.

Agora, como o assunto é Artest, as coisas não poderiam terminar sem algum pingo de estranheza, gerando mais um mistério. O que seria “meio engraçado” em seu post? O ataque/provocação dele? Alguma expressão de Barkley para zoar os velhinhos de LA? Ou de repente era algum episódio de “Family Guy” que estava passando em sua casa e não havia mais espaço para ele explicar?

De novo: a gente nunca vai saber – o que se passa na cabeça do anti-herói da NBA.


Spurs domina Lakers em San Antonio e deixa disputa no Oeste mais promissora
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Giancarlo Giampietro

O Howard de Lakers contra a prede

São diversas questões para tirar da frente. Mas duas delas são mais importantes para tratar aqui:

1) Gregg Popovich, para variar, blefou o tempo todo?

2) Ou seria o Lakers tão ruim assim?

Porque, horas antes de abrir a série contra os velhos rivais de Los Angeles, o treinador do San Antonio Spurs dizia que estava “preocupado” com sua equipe. “Terminamos a temporada da pior forma que me lembre”, disse. Supostamente, Tony Parker ainda estaria com dificuldade para recuperar sua melhor forma física depois de uma torção de tornozelo em péssima hora. Manu Ginóbili estaria em frangalhos. Sem Boris Diaw, sua rotação de garrafão estaria seriamente comprometida. Segura.

E aí o que acontece nos dois primeiros jogos?

Duas vitórias, sem deixar nenhuma chance para os cacarecos que restam do Lakers, ainda que os placares não sejam os mais chocantes (91 a 79 e 102 a 91). Quando Manu Ginóbili está passando a bola por trás das costas encontrando Tony Parker para uma cesta de três pontos na zona morta, você sabe que as coisas estão indo bem, seguras para esses eternos candidatos ao título.

O único asterisco para se levantar aqui diz a respeito do Lakers, mesmo. Sem Kobe. Sem entrosamento algum. Steve Nash tendo de tomar uma assustadora injeção epidural atrás da outra. Steve Blake acaba de sentir uma fisgada muscular. Ron Artest talvez esteja jogando sem sentir o joelho. “Essa é disparada a pior temporada para lesões de que eu tenha participado”, afirmou Nash. “Pessoalmente e coletivamente.”

Aí que o ataque angelino talvez seja muito fácil de ser parado por uma defesa que se fortaleceu na temporada – daí a pífia média de 85 pontos por partida até o momento.

Pode ser. Por outro lado, mesmo se for esse o caso, os duelos com o Lakers podem servir como um período de intertemporada de luxo em pleno início dos playoffs. Se Parker e Ginóbili estavam realmente avariados, ou apenas jogando na terceira marcha, quatro, ou, vá lá, cinco joguinhos destes talvez sejam o bastante para que eles cheguem 100% para o embate de segunda rodada contra Nuggets ou Warriors.

“Estamos recuperando nosso ritmo”, afirmou Tim Duncan, prestes a completar os 37 anos mais jovem que um basqueteiro pode aparentar. “Agora Tony está entrando em forma, saudável, e vamos ver mais um Tony da velha escola. Tipo o Tony de novembro, dezembro e janeiro”, afirmou Ginóbili sobre seu armador. “Lentamente, mas seguramente”, concordou Parker. “Se eu e Manu conseguirmos ficar saudáveis, confio no nosso time.”

O francês somou 46 pontos e 15 assistências nos confrontos em San Antonio. O argentino tem 15,5 pontos, 5 assiistências, 3,5 rebotes em apenas 19 minutos por jogo, com aproveitamento de 66,6% nos três pontos. “Ambos estão parecendo muito bem”, diz Duncan, feliz da vida.

Claro que, com todo o azar que o Spurs enfrentou nas últimas temporadas, especialmente em relação a Ginóbili, ainda é muito cedo para comemorar. Ainda tem muito playoff pela frente.

Só não deixa de ser intrigante esta retomada dos texanos. Uma semana atrás, a Conferência Oeste parecia toda do Oklahoma City Thunder – e ainda pode ser o caso. Agora começa a reacender alguma fagulha na oposição.

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Depois de destroçar a concorrência nos últimos jogos da temporda regular, Pau Gasol ven enfrentando sérias dificuldades contra a defesa do Spurs, e Tiago Splitter tem dado uma forcinha para isso. Embora cause impacto na partida de diversas maneiras (25 rebotes e dez assistências somadas em 78 minutos), o espanhol retorna para Los Angeles com aproveitamento de apenas 40% nos arremessos, sem conseguir se firmar como um ponto seguro na hora de atacar a cesta.

Dwight Howard, por sua vez, vai tendo um desempenho típico, com 36 pontos, 24 rebotes e seis tocos em 75 minutos, com aproveitamento de 62,5% nos arremessos e os mesmos infelizes 50% na linha de lance livre, perigando sempre de cair na lamentável, mas procedente tática de faltas intencionais por parte de Popovich.

Cabe ao técnico Mike D’Antoni pensar em outras formas para fazer Gasol jogar. Com tantos problemas em eu elenco, se o pivô espanhol, enfim saudável e feliz, não funcionar ofensivamente, o Lakers dificilmente escapa de uma varrida, de modo que teriam lutado tanto para  chegar aos playoffs, apenas para cumprir tabela em quatro jogos.