Vinte Um

Arquivo : Schröder

Na (possível?) despedida de Dirk, o brilho e o choro também de Schröder
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Giancarlo Giampietro

Dirk Nowitzki, Germany, NT, National Team, EuroBasket, Berlin

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Dirk Nowitzki, despedida, Alemanha

São fotos que nem precisam de legenda, né?

Então escute:

Aparentemente, Dirk Nowitzki acredita que nunca mais vai jogar pela Alemanha, tendo se despedido em uma derrota para a Espanha de se castigar os nervos, pela última rodada do surreal Grupo B do EuroBasket. Foi 77 a 76, depois que o armador Dennis Schröder errou um lance livre a poucos segundos do fim, perdendo a chance de forçar o tempo extra.

Com a derrota, o time caiu logo na primeira fase, a despeito de ter feito jogos equilibradíssimos também contra Sérvia (bola de Bjelica no último segundo…) e Itália (prorrogação) e perdido ambos. O torneio só classifica diretamente para as Olimpíadas do Rio 2016 seus dois primeiros colocados, enquanto os times posicionados entre terceiro e sétimo serão endereçados a um Pré-Olímpico mundial.

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Dizemos “aparentemente” porque nem mesmo o craque germânico sabe direito. Com essas coisas, melhor sempre deixar o tempo correr, ainda que esteja claro que não restam muitos anos de quadra para a estrela do Dallas Mavericks. “Eu achava que seria o adeus. Mas agora ouvi que é uma chance para a Alemanha conseguir um convite para sedir o torneio Pré-Olímpico. Então temos de esperar e ver, ou nos reunirmos no ano que vem e conversar a respeito. Mas, para mim, na minha cabeça era o fim. Por isso me emocionei. Estava exausto. Deixei tudo o que tinha em quadra, e não conseguimos passar, o que foi muito decepcionante, afirmou. “Se existir uma pequena chance de jogar no próximo ano, se houver um Pré-Olímpico aqui na Alemanha, então com certeza esta seria minha última vez jogando pela seleção.”

Perceba, especialmente por sua segunda frase, que ele não quer cravar nada e que ela é um tanto confusa. Só esclarecendo um ponto: mesmo que não consigam mais se meter entre os sete primeiros, os alemães ainda poderiam entrar num torneio classificatório para o Rio se conseguirem convencer a Fiba, que não se cansa de extorquir suas confederações, a lhe conceder vender uma vaga de país-sede. Vai custar uma nota.

Está meio que implícito que ele tem o desejo de jogar pelo seu país uma última vez. Mas ninguém sabe se vai acontecer: a federação local não tem o costume de se dobrar diante da Fiba — no ano passado, quando desistiram do leilão por um ingresso da Copa do Mundo, disseram que “o processo não era nada viável” para eles. E outra: após sua 18a. temporada, beirando os 38 anos, Nowitzki vai estar inteiro e apto para se apresentar? Sem ele, valeria o esforço e a gastança?

Fossem os alemães um povo conhecido pela emoção excessiva, teríamos uma resposta positiva. Meio que para dar mais uma chance a uma seleção que lutou de modo valente, mas acabou sucumbindo num grupo muito difícil. Em qualquer outra das três chaves do EuroBasket, eles teriam avançado. Isso é certo. Além do mais, se o próprio Dirk está deixando a porta entreaberta, porque não escancará-la de vez? Mas, bem, entre uma ação sentimentaloide e a mais pragmática e racional, o país de Kant, Marx, Nietzsche, Schopenhauer, Arendt, Adorno e Habermas tende a pender para o outro lado. Né?

Até porque, em termos de emoção, talvez o basqueteiro alemão já tenha esgotado a cota de todo um ciclo olímpico nesta quinta-feira.  Primeiro por causa do choro desconsolado de Schröder, que jogou tanto e perdeu seu único lance livre na hora mais dolorida (mais a respeito, logo mais). E aí teve a reverência a um dos maiores jogadores de todos os tempos. O curioso é que, antes de ficar sozinho no centro do ginásio e ser ovacionado, Dirk primeiro cuidou de abraçar seu jovem armador. Depois, ainda deu uma entrevista para a TV local na lateral da quadra. Afinal, tudo tem seu tempo. “Zeeee germanzzzz”, é o que murmuraria o cigano Brad Bitt em algum trecho de Snatch.

“Só fiquei agradecido pela torcida.  Mas o reconhecimento e respeito que eles mostraram por mim, cantando meu nome… Isso significou muito para mim, e me emocionei. Foi um momento fantástico para minha carreira e vou me lembrar para sempre”, disse o astro. Oras, qualquer outro comportamento diferente por parte dos torcedores teria sido ainda mais absurdo do que o grupo em que a seleção alemã caiu. Antes deste EuroBasket, Nowitzki teve médias de 20,3 potnos e 7,2 rebotes em torneios Fiba. Com ele, o país conseguiu os melhores resultados de sua história: o vice-campeonato europeu há 10 anos, perdendo para um esquadrão grego, e uma mais que honrosa medalha de bronze no Mundial de 2002, ficando atrás apenas de Iugoslávia e da geração dourada da Argentina, pela qual foi derrotado na semifinal tomando uma virada de 27 a 18 no último período.

Foi de arrepiar. Para mim, admito, qualquer ovação faz isso. Talvez até mesmo em um torneio escolar. Mas aquela cena berlinense, com 13.600 torcedores agitando, foi mais tocante pelo que havia acabado de assistir em quadra. Se o seu compadre Steve Nash já se foi, as habilidades de Nowitzki estão perto de.  Sua linha estatística na provável saideira entrega: 10 pontos, 7 rebotes e apenas 3-6 nos arremessos em 29 minutos de ação. O craque foi muito bem marcado por Nikola Mirotic, um ala-pivô que é 13 anos mais jovem e ágil, mas a verdade é que isso jamais seria possível em 2011, quando ele guiou o Mavs rumo a uma conquista tão bonita — e emocionante.

O arremesso ainda precisa ser respeitado, claro

O arremesso ainda precisa ser respeitado, claro

Isso foi a apenas quatro temporadas, quando Dirk já não pegava mais a bola em seu garrafão e cruzava a quadra galopando em quatro ou cinco segundos, como uma força revolucionária, um ala-pivô de 2,13m de altura mais habilidoso, fundamentado e coordenado do que 95% dos atletas 10 ou 15 centímetros mais baixo. Rumo ao título, todavia, ele ainda tinha o arranque para sair da linha de três até o garrafão. A mobilidade para cortar os adversários a partir do chute. O camisa 14 do jogo contra a Espanha estava com os quadris travados. Estático em quadra,e  vêm daí seus cinco turnovers. Ele não conseguia colocar a bola no chão. Virou um chutador, e só. Mesmo seus fadeaways e step-backs estavam saindo com dificuldade imensa. Imagine, então, seu deslocamento defensivo.

Pode ser uma avaliação injusta. Afinal, era só uma partida. E ele, veterano, ainda não está nem mesmo em seu ritmo de pré-temporada. Mas não é que seu EuroBasket tenha sido tão diferente assim. Terminou com 13,8 pontos, 7.8 rebotes, 1,6 assistência e apenas 36,4% nos arremessos (33,3% de longa distância). O que ele ainda conseguiu fazer ao menos foi deslocar lances livres, cobrando 28 em cinco partidas. “Tenho certeza de que não fiz um ótimo torneio como todos esperavam, ou como eu mesmo esperava”, resume. Vou dizer: foi triste e doloroso de ver. Esses caras estão indo todos.

Nowitzki, Alemanha, Germany, adeus

*    *    *

Outro grandes pecado que se tira do extremamente tenso e emocional jogo contra a Espanha: o fato de que, em sua trajetória alemã, Nowitzki não tenha visto nem mesmo os resquícios de seu auge técnico se encontrado com Schrödinho, cujos melhores anos ainda estão por vir, por outro lado. A NBA e as demais seleções europeias que se preparem para tanto. Nem deve demorar tanto.

Enquanto seus tempos de dominância não chegam, o jovem armador alemão vai ter de conviver por um tempo com o lance livre que desperdiçou contra a Espanha. Chorou pacas em quadra, e não foi por causa de Dirk. Mas essas são as “dores de se crescer”, pegando emprestada uma expressão inglesa tão bacana. Vejam aqui:

O armador do Atlanta Hawks vinha de 26 pontos, 7 assistências e 6 rebotes, aterrorizando armadores do quilate de Sergio Rodríguez e Sergio Llull. Os dois Sergios do Real Madrid e o sagaz Pau Ribas, recém-contratado pelo Barcelona, tentaram, mas não conseguiram brecar o alemãozinho, que é muito explosivo matreiro com a bola, dias antes de completar 22 anos.

Vem daí o fato de, não sei se repararam, a arbitragem dar uma espécie de “lei da vantagem” em sua arrancada rumo aos fatídicos lances livres. Antes de ser empurrado por Ribas no ato do chute, no meio da quadra, ele já havia sofrido uma falta quando cruzava a quadra. Além do fator casa e da própria adrenalina do momento, sabe o que acho que passou pela cabeça dos árbitros? Algo como: “Esse garoto é tão rápido, mas tão rápido que esses barbudos espanhóis só conseguem pará-lo com falta. E, com a vantagem no placar, eles vão fazer falta, mesmo. Acontece que, nesse contexto, essas faltas são intencionais, mas, no nosso manual, ainda se configuram como ‘de jogo’. Então vamos dar uma chance para esse pestinha passar pela primeira falta e ver o que acontece. É injusta essa vida, especialmente a nossa de árbitro”.

Schroedinho rumo à cesta contra a Sérvia

Schroedinho rumo à cesta contra a Sérvia

Qualquer alemão racional que se preze que ler esse parágrafo com a ajuda do Google Translator obviamente não vai entender nada. Afinal, se a regra é clara, por que quebrá-la? Mas não tenha dúvida de que acontece, gente. É o inverso do raciocínio que levou Shaq a protestar tanto em quadra durante seus anos de Laker. Ele era tamanha aberração que os árbitros simplesmente desconsideravam — ou não conseguiam ver, mesmo — o tanto de pancada que ele tomava. Afinal, por maior o número de hematomas que exibisse no vestiário, O’Neal conseguia finalizar e enterrar tudo o que via pela frente. Claro que ele tinha lances livres a favor. Sabemos muito bem disso. Mas a verdade é que ele poderia ter batido ainda muito mais que os 11.252 que somou em sua carreira.

Nesse duelo com a Espanha, as habilidades de Schrödinho o favoreceram. Se não acredita, se acha que foi mera amarelada da arbitragem num momento capital, é porque não viram a posse de bola anterior da Alemanha, na qual aconteceu a mesma coisa, com uma falta de Llull ignorada ainda no campo de ataque. Na ocasião, o armador conseguiu, então, descer a quadra para, então ser parado de vez.

Os espanhóis decidiram apelar depois que, na antepenúltima posse alemã, o prodígio deu uns 79 giros em sequência, a 100 km/h, deixou todo o ginásio tontinho da silva e ainda teve equilíbrio para passar a bola para trás e encontrar o compatriota Maodo Lo, que superou a vertigem para encaçapar uma de três. (Aliás, olho nesse outro jovem armador alemão, que joga pela prestigiada, academicamente falando, Universidade de Columbia. Atrevido com a bola e belo chutador. Já é mais velho que o titular, porém, caminhando para os 23 anos em dezembro.)

100% carisma

100% carisma

A velocidade e a habilidade de Schröder já são conhecidas desde o seu tempo de Braunschweig. Em Atlanta, o que ele vem treinando bastante é no seu arremesso, e os resultado estão aparecendo. Num jogo tão importante como esse, o rapaz chutou com muita confiança e consistência. Colocou um arco bonito na bola. Durante o torneio, o aproveitamento foi de 31,6%, mas nos lances livres ele matou 83,3%, mostrando que tem potencial para o fundamento.

Por falar em confiança, esse é um aspecto que chama muito a atenção. Há vezes em que o armador parece excessivamente colhudo em quadra, para alguém que ainda não ganhou nada na carreira. Mas é o tipo de comportamento que, acredito, vá levá-lo adiante. Há quem veja nos seu gestos traços de arrogância. Ou talvez ele seja apenas um jovem jogador ciente de sua enorme capacidade e de que há poucos defensores que vão conseguir, nos próximos anos, se manter à sua frente. Num momento em que ainda se precipita constantemente com a bola para chutar ou forçar um passe, ele já soma 21,0 pontos e 6,0 assistências (com 4,2 turnovers, claro) um EuroBasket. O seu primeiro torneio com a seleção adulta, registre-se. Imagine quando estiver no terceiro e com a leitura de jogo afiada.

Se a seleção crescer junto — e tudo indica que vá acontecer, com a liga nacional crescendo a passos largos, à medida que jovens coadjuvantes como o polivalente ala Paul Zipser, o ala-pivô Maximilian Kleber e o pivô Maik Zirbes também despontam –, Schrödinho vai ter muitas oportunidades ainda para compensar o lance livre desperdiçado. Pena que Nowitzki não estará por perto. A não ser que, no ano que vem, os dirigentes alemães confederação nacional se deixem contagiar pelo sentimentalismo.


EuroBasket vai começar: sete apostas, a legião da NBA e os desfalques
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Giancarlo Giampietro

A França venceu as últimas duas contra a Espanha. Na Copa, doeu para Gasol

A França venceu as últimas duas contra a Espanha. Na Copa, doeu para Gasol

Existem pré-olímpicos e existe o EuroBasket.

Realizado a cada dois anos, o torneio europeu, para muitos de seus integrantes, vale talvez até mais que um Mundial, por questões de orgulho nacional e rivalidades regionais. É só ver a festa que a França fez na última edição, na Eslovênia, ao enfim derrotar a poderosa Espanha pela semifinal, num jogo daqueles mais dramáticos que se vai encontrar por aí. Para eles, foi a glória maior, ratificada, então, numa decisão bem mais tranquila contra a Lituânia.

Tem de comemorar, mesmo. Pois não é fácil chegar lá. Essa é disparada a competição continental mais dura no circuito Fiba, em que pese as loucuras que temos visto na Copa América. Ainda assim, ao avaliar o que tem acontecido nos últimos anos, é possível detectar algum padrão.

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A Espanha impressiona por sua consistência, graças a uma geração fenomenal liderada por Pau Gasol. Os ibéricos fizeram parte dos últimos quatro pódios. Ficaram entre os três primeiros em cinco de seis torneios desde 2001. Só em 2005 dançaram. Nomes importantes como Jorge Garbajosa, Carlos Jiménez, Raul López e Fran Vázquez já ficaram pelo meio do caminho. Juan Carlos Navarro e José Calderón estão no fim da linha também. Mas segue uma potência a ser temida.

Desempenho os amistosos

Desempenho os amistosos

Ainda assim, a França é a seleção do momento, o time a ser batido, com um elenco vasto, experiente, atlético, e tendo ainda a vantagem de ser a anfitriã dos mata-matas, para o qual deve passar como a primeira colocada do Grupo A. Confira aqui todas as chaves, com uma ressalva: respire fundo antes de espiar o que acontece no Grupo B.

Como disse em texto dedicado à Itália (que mais parece o Brasil), é o anúncio de uma carnificina. Pense em Walking Dead, Jogos Mortais, Game of Thrones, Kill Bill Vol 1. Um sorteio que põe Espanha, Sérvia, Itália, Turquia e Alemanha no mesmo grupo é qualquer coisa de sádico. (Só foi possível graças aos deslizes de italianos, turcos e alemães em tempos recentes – o ranking Fiba não reconhece que a Azzurra tenha hoje Gallinari & Cia, ou que a Alemanha conta com Dirk e Schröder dessa vez). Coitada da valente Islândia, que não tem nada a ver com essa história, enfrentando cinco times que chegam a Berlim com pretensões reais de vaga olímpica. E o que vai sair disso? Bem, um deles já será eliminado de cara. Outro vai passar em quarto e terá de se virar com a França logo de cara. Quem cair nas oitavas também não terá mais como vir ao Rio de Janeiro.

É assim: os dois finalistas asseguram classificação automática, enquanto as equipes que ficarem entre terceiro e sétimo ganham uma segunda chance no Pré-Olímpico mundial. Então você tem de dar um jeito de chegar às quartas, entre os oito primeiros. Mesmo os derrotados nessa fase ainda terão de encarar um torneio de consolação mais valioso que o habitual, tendo inclusive uma “final” pelo sétimo lugar.

Ignorando qualquer noção de prudência, devido ao desequilíbrio entre grupos, segue, então, meus palpites de vagas – tanto as para valer, como as alternativas:

Tony Parker quer o bicampeonato europeu. Tá na cara

Tony Parker quer o bicampeonato europeu. Tá na cara

1 – França
Os atuais campeões, e com um time que chega muito perto de sua força máxima, com o retorno de Tony Parker para fazer um trio estelar com Boris Diaw e Nicolas Batum, os dois que lideraram o time rumo ao Bronze na Copa do Mundo. Se há uma seleção que pode compensar ausências como as de um Joakim Noah e um Alexis Ajinça, é a francesa, contando com o emergente Rudy Gobert para afugentar os atacantes adversários do garrafão. Noah, a essa altura, já não parece uma peça com a qual se possa contar. Ajinça seria um reserva de luxo para Gobert.

É um elenco vasto, de capacidade atlética incrível e muita versatilidade, que pode ser medido por sua nota de corte: dois jogadores da NBA vão assistir de fora (Kevin Seraphin e Ian Mahinmi), assim como jogadores cobiçados no mercado europeu como o ala Edwin Jackson, ex-Barça, hoje no Unicaja, e o ala-pivô Adrien Moerman, do Banvit, e o armador Thomas Heurtel, tirado do Baskonia a peso de ouro pelo Anadolu Efes. Nem mesmo depois de Antoine Diot se lesionar na reta final de preparação, Heurtel conseguiu a vaga. O reserva de Tony Parker será o espichado Leo Westermann, cujos direitos pertencem ao Barcelona, que ainda não o aproveitou. Joga pelo Limoges, em casa.

Selo NBA: Tony Parker, Boris Diaw, Nicolas Batum, Rudy Gobert, Evan Fournier e Joffrey Lauvergne.
Desfalques: Joakim Noah, Alexis Ajinça, Antoine Diot e Fabien Causeur (que teria dificuldade para entrar no grupo final, de qualquer forma). 
Reforço estrangeiro? Para quê!? 

2 – Sérvia
Talento não falta aqui, obviamente. Nunca faltou. Ainda assim, nas últimas cinco edições, o país conseguiu apenas uma medalha: a prata em 2009, levando uma surra da Espanha na final. O problema é a inconstância de seus jogadores, que muitas vezes se permitem levar por intrigas extraquadra e uma ciumeira que só. O vice-campeonato na última Copa do Mundo, porém, sinalizou uma geração mais unida, guiada com firmeza e carisma pelo ex-armador Aleksandar Djordjevic.

Se essa organização for mantida, a aposta é que a combinação da categoria e jogo cerebral de Milos Teodosic, o arrojo de Bogdan-Bogdan e Nikola Kalinic e o pacote completo de Bjelica possa fazer a diferença, ainda mais escoltados por pivôs muito físicos. Não é fácil trombar com Raduljica e Nikola Milutinov, o jovem recém-contratado pelo Olympiakos e draftado pelo Spurs. Não bastassem os pesadões, Djordjevic ainda tem um Zoran Erceg com grande confiança nos disparos de longa distância e Ognjen Kuzmic, ex-Warriors, já mais atlético.

Selo NBA: Nemanja Bjelica (bem-vindo!).
Desfalques: Nenad Krstic e Boban Marjanovic.
Reforço estrangeiro: coff! coff! Foi até engraçado que, antes do Final Four da Euroliga, Milos Teodosic e Bogdan Bogdanovic foram questionados sobre a possibilidade de o país, vice-campeão mundial, naturalizar algum norte-americano para brigar pelo ouro olímpico. Responderam que, se acontecesse, não jogariam mais pela seleção. 

3 – Espanha

A dupla do Bulls - e da Espanha

A dupla do Bulls – e da Espanha

O palpite mais conservador colocaria os espanhóis entre os dois primeiros, fato. Estivesse Marc Gasol no páreo, seria difícil seguir outro rumo. Mas o pivô quis férias, para descansar a cabeça e cuidar tranquilamente da renovação com o Memphis. Desta forma, aumenta a carga sobre Pau Gasol. O já legendário pivô fez grande temporada pelo Chicago Bulls, mas vai correr um risco ao encarar a pressão do EuroBasket sendo tanto a principal referência ofensiva da seleção como sua maior esperança para se ter uma defesa consistente. Faz como? Serge Ibaka faz falta nesse sentido, mas as desavenças do passado afastaram o congolês. Suas habilidades, em tese, seriam mais relevantes que as de Nikola Mirotic nessa equipe em específico.

No papel, ainda estamos falando de um timaço. Os torcedores do Bauru vão ficar ligadaços no núcleo madridista de Sergio Rodríguez, Sergio Llull, Rudy Fernández e Felipe Reyes. Estão entrosados e revigorados pelo título da Euroliga. Mas, mesmo dentro da Espanha, a sensação é de que a transição da geração Gasol para a próxima ainda se pauta pela incerteza, a despeito do retorno de Sergio Scariolo. São muitas peças valiosas, mas que talvez não se encaixem perfeitamente.

Selo NBA: Pau Gasol, Nikola Mirotic. 
Desfalques: Marc Gasol, Juan Carlos Navarro, José Calderón, Ricky Rubio e Alejandro Abrines. 
Reforço estrangeiro? Nikola Mirotic, que assumiu a vaga de Serge Ibaka.

4 – Lituânia
Em termos de continuidade, o trabalho de Jonas Kazlauskas está à frente do que os gregos têm para oferecer, e isso pode fazer a diferença. Caras como Jankunas, Javtokas, Kalnietis, Maciulis e Seibutis estão na estrada há um tempo e sabem o que precisa ser feito. É curioso até: em termos de grife ou badalação, ninguém dá muita bola para eles. Mas estão sempre chegando. Mesmo que não tenham a armação mais segura ou elucidativa.

Se a troca de guarda ainda está demorando para acontecer, a boa notícia para esse país devoto ao basquete é que seu principal jogador hoje é justamente um dos mais jovens: Jonas Valanciunas. Pela seleção, o companheiro de Caboclo e Bebê é uma figura muito mais influente e difícil de ser barrada. Em termos de sangue novo, também vale ficar de olho em Domantas Sabonis, que tem sangue real, vem numa curva de desenvolvimento acelerada desde que se inscreveu na universidade de Gonzaga e foi o último a se estranhar com Matthew Dellavedova:

Selo NBA: Jonas Valanciunas.
Desfalques: Donas Motiejunas. (Se alguém estiver se perguntando sobre Linas Kleiza, é que o veterano foi muito mal na última temporada pelo Olimpia Milano e, depois de inúmeras lesões no joelho, não é sombra daquele jogador que já aterrorizou o mundo Fiba).
Reforço estrangeiro? Ainda não cometeram esse sacrilégio — embora as primeiras seleções lituanas da história fossem compostas quase na íntegra por norte-americanos descendentes. 

5 – Grécia
Assim como Parker retorna à França, a seleção helênica acolhe calorosamente Vassilis Spanoulis entre os 12 do EuroBasket. Em torno do craque grego também geram as mesmas questões, no entanto: qual a sua forma física? Ele terá estabilidade e pique para poder ficar em quadra nos momentos decisivos (que não o amedrontam de modo algum)? Se a resposta for positiva, a Grécia ganha um trunfo enorme para tentar retornar ao pódio pela primeira vez desde 2009.

O conjunto de Calathes, Zisis, Sloukas e Mantzaris ao menos está lá para preservar o camisa 7. Em termos de quantidade, ninguém tem uma relação de armadores que se equipare a essa, aliás. O desafio do técnico Fotis Katsikaris, que vai dirigir Augusto e Benite no Murcia, será distribuir minutos entre tantos atletas de ponta. Ou afagar aquele que eventualmente fique fora da rotação. Embora o garotão Giannis Antetokounmpo seja um Vine ambulante, este não é o time mais atlético. A expectativa aqui é de que os fundamentos, a experiência e o espírito vencedor de muitos de seus jogadores compensem isso. Para chegar à disputa por medalhas, porém, terão de derrubar muito provavelmente ou a Espanha ou a Sérvia nas quartas. Ai.

Selo NBA: Giannis Antetokounmpo, Kosta Koufos, Kostas Papanikolau (por ora).
Desfalques: Dimitris Diamantidis (ele já se aposentou da seleção, mas está em forma, caminhando para a última temporada como profissional). Sofoklis Schortsanitis não foi convocado e, creio, não deve mais jogar pela equipe. 
Reforço estrangeiro? Bem… Nick Calathes e Kosta Koufus nasceram, respectivamente, na Flórida e em Ohio. Os sobrenomes entregam a ascendência, de todo modo. 

6 – Croácia
Sim, sim… Talvez eles estejam numa posição muito baixa. Podem muito bem ser os campeões. Mas a mera possibilidade de pensar essa fornada croata como a sexta força continental só mostra o quão difícil pode ser um EuroBasket. O que sabemos é que os caras chegam muito otimistas à competição, por conta de dois fatores mais relevantes que o fato de terem vencido todos os seus amistosos preparatórios.

Saric e Hezonja, só o começo

Saric e Hezonja, só o começo

O primeiro é o progresso dos garotos, rodeados por jogadores muito rodados. Dario Saric e Mario Hezonja têm mais três ciclos olímpicos pela frente e já estão prontos para render em alto nível, sem precisar assumir obrigatoriamente o protagonismo. A prioridade em quadra ainda merece ficar com dois veteranos que estão no auge e encantam pela perfeição de seus movimentos, sem distinção entre eles: o gigante Ante Tomic, que não deve jogar na NBA, mesmo, e o classudo Bojan Bogdanovic, que se soltou um pouco ao final de sua primeira temporada pelo Brooklyn Nets e que, no mundo Fiba, é um cestinha letal. O segundo fator que os empolga é a presença de Velimir Perasovic no banco. O croata de 50 anos vem de grandes campanhas pelo Valencia e chega à seleção com estofo e moral para comandar um elenco ardiloso.

Selo NBA: Bojan Bogdanovic, Mario Hezonja e Damjan Rudez. 
Desfalque: Oliver Lafayette.
Reforço estrangeiro? Na falta de um armador norte-americano, apela-se a outro: Dontaye Draper. A Croácia cometeu a heresia que a Sérvia até o momento evita.

7 – Itália
Simone Pianigiani tem ao seu dispor a seleção que talvez tenha o maior poderio ofensivo, ao menos em termos de arremesso. Gallinari, Bargnani, Gentile, Datome, Belinelli… É artilharia pesada, que pode torturar qualquer defesa. Ainda assim, isso não é garantia de nada. Até porque são belos atacantes, mas que, do outro lado da quadra, não inspiram tanta confiança assim. Além do mais, já estamos cansados de ver seleções com muitos nomes naufragarem devido à tormenta de egos. Vamos ver se eles terão coesão e consciência para encarar um grande desafio, precisando render em alto nível logo de cara, nesse grupo dificílimo.

Selo NBA: Danilo Gallinari, Andrea Bargnani, Marco Belinelli. 
Desfalques: Luca Vitali. 
Reforço estrangeiro? Daniel Hackett nasceu na Itália, filho de ex-jogador norte-americano, e se formou como jogador na Califórnia. Mas é italiano e joga por clubes do país desde 2009. Não conta. 

Batendo à porta
Pode parecer um tremendo desrespeito a Dirk Nowitzki… Mas, aos 37 anos, o legendário cestinha precisaria fazer um de seus melhores torneios para levar a Alemanha adiante, mesmo estando acompanhado pelo sensacional Dennis Schröder e por mais uma opção ofensiva de elevada qualidade como Tibor Pleiss. Acontece que o excelente treinador Chris Flemming, americano que fez carreira no basquete alemão e agora será assistente no Denver, perdeu muitos jogadores em seu elenco de apoio, especialmente na linha de frente. Entre Maik Zirbes, Maximilian Kleber, Elias Harris e Tim Ohlbrecht, teria opções de sobra (e muito vigor físico) para dosar os minutos de Dirk.

A saideira de Nowitzki?

A saideira de Nowitzki?

É ainda mais difícil deixar a Turquia fora do grupo acima. Mas algum país terá de ser a vítima no Grupo B. É a minha escolha. Na Copa do Mundo, a seleção chegou às quartas de final. Jogando em Berlim, ao menos vai ter a vantagem de praticamente jogar em casa. É certo que o ginásio vai bombar devida à imensa colônia que está na capital alemã. Ainda assim, Omer Asik faz muita falta na proteção defensiva, com todo o respeito a Semih Erden e Oguz Savas. Olho, de todo modo, nos jovens Cedi Osman e Furkan Korkmaz. Para Tóquio 2020, devem ser dois atletas temidos em cenário internacional.

Sem chances?
A Eslovênia está sem Goran Dragic, o que equivale a 80% de sua força criativa. O país parece encarar o torneio como a chance de dar bagagem à garotada, listando  cinco atletas nascidos na década de 90. Zoran Dragic terá a oportunidade de tirar a ferrugem, de tanta piscina e praia que tenha pegado em Phoenix e Miami. Jaka Blazic, do Estrela Vermelha, é um atleta que sempre dá gosto de ver. Canhoto agressivo, inventivo rumo à cesta que me passa a impressão de ainda ter potencial ainda a ser explorado.

A Bósnia-Herzegovina poderia apresentar uma linha de frente para lá de enjoada, caso contasse com Mirza Teletovic, e Jusuf Nurkic. Teletovic costuma ser uma figura constante em torneios europeus, mas pediu folga, para cuidar de sua preparação para a NBA, entrando num ano importante pelo Phoenix Suns em busca de um contrato longo e polpudo na próxima temporada. Para o promissor pivô do Nuggets, o motivo é a recuperação de lesão e cirurgia no joelho. O tresloucado Dusko Ivanovic, todavia, vai fazer com que o time se mate em quadra a cada rodada.

A Geórgia tem um elenco interessante: Zaza Pachulia, um bom reserva para ele em Giorgi Shermadini e dois matadores de bola em Jacob Pullen e Manuchar Markoishvili, além do energético Tornike Shengelia, orientados por Igor Kokoskov. É um time com bom potencial ofensivo e que, jogando num grupo mais fraco, deve ir aos mata-matas. Mas dificilmente passarão das oitavas.

Potencial de zebra
A Finlândia não deve ser a Finlândia da vez, se é que vocês me entendem. Entre os scouts europeus, a Bélgica é apontada como uma seleção que pode surpreender, com três jogadores de ponta no continente (o armador Sam van Rossom, o ala Matt Lojeski e o ala-pivô Alex Hervelle) e um grupo que dosa juventude e experiência ao redor deles.

Velhos conhecidos da NBA
Só para constar, vai: a Polônia terá Marcin Gortat, Israel vai de Omri Casspi e Gal Mekel, a República Tcheca aposta muito em Jan Vesely (Vine sempre atentos também, por favor!).

Mais caras que fazem falta
Alexey Shved, Timofey Mozgov e Sasha Kaun (Rússia), Eugene Jeter, Serhiy Gladyr, Alex Len e Sviatoslav Mykhailiuk (Ucrânia), Maciej Lampe (Polônia), Pero Antic (Macedônia), Kristaps Porzingis e Davis Bertans (Letônia).


Nos playoffs, não são apenas os superastros que brilham
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Giancarlo Giampietro

Matthew Dellavedova, aprovado por LeBron

Matthew Dellavedova, aprovado por LeBron

LeBron James, Derrick Rose, Stephen Curry, Blake Griffin, Chris Paul, Anthony Davis, Paul Pierce… É natural que, chegando os playoffs, o noticiário se concentre mais e mais nas grandes figuras da liga, aqueles que tendem a resolver a parada por suas equipes, naqueles momentos mais complicados. Os caras dos números arrebatadores, das bolas no estouro do cronômetro.

Na vitória do Cleveland Cavaliers sobre o Chicago Bulls nesta terça, para o Cavs abrir 3 a 2 na série, um lance que chamou muito a atenção foi este belíssimo toco de LeBron para cima de Rose, quando o armador tentava empatar o placar e completar uma reação assustadora dos visitantes no quarto período. Não só é um lance bastante plástico, como envolve duas estrelas:

Nesses lances de transição defensiva que tanto adora, LBJ foi lá no alto e deu a raquetada. Em slow, fica ainda mais bacana. Com a arrancada do armador e voo do bloqueador, é muito fácil ignorar o trabalho sutil de Matthew Dellavedova na jogada. O australiano, duro na queda, não se intimidou em ver o camisa 1 partindo em sua direção, a 100 por hora. Pelo contrário. Guardou posição e, no último momento, ainda se deslocou milimetricamente para a direita para forçar um ângulo  mais complicado no arremesso.  Desta forma, também retardou o movimento de Rose, permitindo a chegada de seu companheiro para a cobertura. Pimba.

São os pequenos detalhes igualmente relevantes num confronto tão equilibrado como esse, que tem toda a cara de sete jogos – isso, claro, desde que, em meio a tantas lesões, os dois times consigam listar o mínimo de jogadores exigido pela liga. Dellavedova, aliás, fez uma bela partida, que faz justiça ao papel que desempenhou durante o campeonato. Ele não vai produzir estatísticas, fazer cestas mirabolantes, mas o torcedor do Cavs e, principalmente, David Blatt sabe que pode contar com o australiano para o que der e vier.

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Não, não dá para esperar que ele vá fazer tuuuudo. Aquele tiro de três de LeBron, espremido na zona morta, com o Jimmy Butler vindo em sua direção? Melhor esquecer. Dificilmente o “Delly” refugaria na situação. Mas uma coisa é ter força de vontade, outra é a capacidade atlética e técnica para executar a jogada. Por outro  lado, se precisar que ele marque, ou torre a paciência de alguém, vai estar lá. A briga por um rebote ofensivo aparentemente perdido? Conte com essa também, mesmo que ele mal alcance no aro e que não seja nem o sétimo atleta mais veloz em quadra. Simplesmente encara. Alguém disposto a movimentar a bola ou para ficar de canto, sem reclamar se está tendo oportunidades que seu agente esperava? Mas, claro!

Durante a primeira metade caótica que foi a temporada do Cavs, Dellavedova foi importante justamente por isso, por sua entrega constante, ainda que seu rendimento estatístico em geral tenha sido inferior ao de sua campanha de novato. Foi alguém em quem tanto o contestado Blatt como o arredio LeBron poderiam confiar. Mesmo nesses mata-matas, em que seu aproveitamento de três pontos caiu de 40,7% para 36,5%, você vai ver em diversas ocasiões o Rei de Akron acionar o australiano em transição para um disparo de fora.

Contra o Bulls, obviamente não foi sua semi-interceptação de Rose que ganhou atenção.

Mas, sim, esse enrola-enrola com Taj Gibson, que resultou na exclusão do ala-pivô. Não dá para elogiar sua atuação nesse lance específico: um jogador de basquete presumidamente não precisa dar uma chave de perna no adversário. Ainda mais quando a bola já caiu na cesta. Por outro lado, rapaziada, são os mata-matas, né? Ou melhor: os playoffs. Os caras já se enfrentaram cinco vezes em menos de duas semanas. Essas coisas vão acontecer cedo ou tarde. Falou ao trio de arbitragem a perspicácia para também dar uma técnica no armador reserva do Cavs, ao passo que, se num primeiro momento a reação de Gibson parece indicar a exclusão como a melhor decisão, podendo rever o lance em quadra poderiam muito bem ter levado em consideração o fator “reação”. Enfim. Em sua estreia na fase decisiva, Dellavedova foi mais malandro que um veterano. “Delly é provavelmente o cara mais durão de nosso time”, comentou LeBron.

Pensando nesse, veja bem, valentão operário valente, que tal fugirmos um pouco da regra e listarmos, então, outros personagens periféricos das semifinais de conferência? Um exercício que o leitor corajoso de longa data do blog sabe ser recorrente por aqui. Não dá para escapar dele:

Mike Dunleavy Jr., Chicago Bulls: sim, pois o Jimmy Butler não conta. O ala já virou uma estrela e vai ser muito bem pago ao final do campeonato. Minha única preocupação com esse faz-tudo é a sua saúde. Ver Noah e Gibson se arrastando contra o Cavs traz ecos de Luol Deng para a quadra, e resta saber apenas como Butler estará daqui a quatro anos, mesmo que Thibs seja dispensado. Talvez boa parte do estrago já esteja feito. De todo modo, voltemos a Dunleavy, o ala que entrou na liga em 2002, também conhecido como o Draft de Yao, Amar’e e Nenê. Foi a terceira escolha, vindo de Duke já como campeão universitário e muita expectativa. Foi mais uma ser comparado a Larry Bird – hoje isso não está tão em moda, mas há 10, 15 anos qualquer ala branco minimamente talentoso que despontava nos Estados Unidos ouvia essa comparação. Obviamente o cara não chegou nem perto disso. Muitos questionam uma suposta falta de ambição e esperavam mais, se não, hã, top 10 da história, mas pelo menos algo mais consistente com os números que teve por Indiana em 2007-08 (19,1 pontos, 5,2 rebotes e 3,5 assistências, 42,4% de três pontos).

Dunleavy, discreto, eficiente e importante

Dunleavy, discreto, eficiente e importante

Pode ter frustrado alguns, mas é inegável que tenha talento: basta desviar os olhos de Rose e das caretas de Noah por alguns instantes e observá-lo em ação, mesmo aos 34 anos. No ataque, ele chuta que é uma beleza, se movimenta de modo muito inteligente pela quadra, é um excelente passador. Falta o arranque para a cesta, coisa que nunca fez parte de seu repertório, nem mesmo no auge. Ele não vai ser um cara para carregar um ataque, mas seu pacote de habilidades ofensivas é extremamente importante, para espaçar a quadra para as infiltrações de Rose e Butler, ainda mais quando a dupla de pivôs é Noah e Gibson, sem chute nenhum. “É uma das razões para eu ter vindo para cá: apenas fazer parte de um grupo que vença muitos jogos. Não ligo para o resto. Gosto de me apresentar, fazer meu trabalho e ir para a casa”, afirma o ala. Thibs adora: “Ele é o profissional exemplar. Joga para o time. É simplesmente um jogador de basquete. Tem horas que você apenas precisa mexer a bola de um lado para o outro. Ele vai lá e faz. Não se reflete em assistências, mas ele te dá movimento.”

Otto Porter Jr., Washington Wizards. Nenê é um candidato eterno nessa categoria, enquanto sua carreira durar. Mas vamos virar o disco aqui, pegando alguém que ainda pode ser considerado um lançamento no mercado. Porter teve apenas 319 minutos de jogo em sua primeira temporada, o que não dá nem 7 jogos inteiros. Nos playoffs, então, foram apenas seis minutinhos. Espirrava em quadra e saía. Um ano depois, porém, as coisas estão mudando: em oito jogos pela fase decisiva, ele já recebeu 263 minutos de jogo (43 vezes mais). Não se trata de caridade do técnico Randy Wittman.  Ainda que possa dar aquela viajada em quadra, o ala aos poucos se integrou ao time, dando enfim provas do basquete que fez dele também uma terceira escolha de Draft (num recrutamento bem fraco, é verdade).  Quando o selecionou, o gerente geral Ernie Grunfeld não tinha em mente um futuro craque, mas um complemento para seus jovens destaques. Como se fosse um Tayshaun Prince para Chauncey Billups e Rip Hamilton. Demorou um pouco, mas está acontecendo.

“Sua presença no rebote, seu arremesso… Isso é o seu crescimento. Sabíamos do que ele era capaz quando o selecionamos. Ele cresce a cada vez que vai para a quadra agora”, afirma Beal. Num elenco abarrotado de veteranos, Porter oferece a mais companhia na hora de acelerar, abrindo para o tiro de três pontos, ou cortando com sua passada larga rumo ao aro. Perto da tabela sua influência cresce, devido aos braços compridos e sua energia. Características agora bem empregadas do outro lado da quadra, algo com que DeMar DeRozan certamente não contava. Além disso, seu crescimento permite que Paul Pierce jogue mais minutos como  um ala-pivô aberto e também poupa o veterano de correr atrás alas mais rápidos pelo perímetro.

Dennis Schröder, Atlanta Hawks. DeMarre Carroll ainda é bizarramente o cestinha da equipe nos playoffs. Então acaba tendo sua candidatura impugnada dessa vez, e também já passamos por sua trajetória singular aqui. Legal, pois aí sobra espaço para falar sobre um reserva que vai subindo com determinação a escadaria dos queridinhos do blog. Pode chamá-lo até de Schrödinho, que tudo bem. O armador foi vital em diversas vitórias do Hawks na temporada regular, e ainda assim tem gente que pode achar que é uma “surpresa” o que ele fez nos últimos dois jogos em Washington. É que os rapazes de Mike Budenholzer venceram tantas partidas, mesmo, no campeonato, que se corre o risco, sim, de que uma ou outra contribuição fique para trás. O sucesso fica diluído.

Sem John Wall, o Wizards perdeu não só o seu principal organizador como também uma presença física imponente na marcação. Ao lado de Jeff Teague, o alemão vai se esbaldando. Ramon Sessions e Will Bynum não conseguem acompanhá-lo. Seu perfil é diferente dos demais listados. Estamos falando de um cestinha agressivo. Quando consegue forçar a troca após o corta-luz, fica mais fácil ainda, dando voltas em torno de Marcin Gortat, Paul Pierce e mesmo de um pivô ágil como Nenê. “Fico dizendo para o Jeff: ‘Continue atacando’. E ele me diz a mesma coisa. Era uma motivação para nós. Vamos para a cesta, que eles não conseguem nos parar”, diz o armador que, vejam só, numa projeção por 36 minutos, aparece como o principal pontuador do time, com 20,1 por jogo, além das 7,8 assistências. Teague precisou esperar um tempinho até assumir o posto de titular em Atlanta. Para mim, é questão de tempo para Schrödinho ganhar o mesmo status. Mesmo que em outro clube.

Tony Allen, Memphis Grizzlies. Hã… Quer dizer… Periférico?! Por dois jogos esse sujeito tirou os Splash Brothers da linha, desarmando o ala do Golden State Warriors. Estrelou vines e clipes do YouTube sem parar ao invadir uma roda de dança das criancinhas em Oakland, desarmar Klay Thompson na maior, dizer que Curry é bonitinho, e tal, mas que não é nada que não tenha visto antes e lançado sua campanha fervorosa para o “Primeiro Time de Defesa” do Conselho de Segurança e…  Precisa de mais?

Já foi, Klay

Já foi, Klay #1stTeamAllDefense

Mas, sim, periférico. Nas vitórias do Grizzlies, Mike Conley foi o protagonista, e pudera. O sujeito mal abre o olho esquerdo direito. Acabou de passar por uma cirurgia facial, por conta de múltiplas fraturas, e ainda está disposto a encarar um Andrew Bogut e um Draymond Green lá embaixo. Eu, hein? No ataque, Gasol e Z-Bo também carregam a pecha de dupla que joga na contramão da liga, lá embaixo, com se fossem os anos 80, 90. O armador e os homens de garrafão, além do mais, jogam dos dois lados da quadra. Allen causa um impacto enorme na defesa – e sua ausência no Jogo 4, com surra do Warriors, evidenciou isso –, mas suas deficiências ofensivas foram novamente expostas por Steve Kerr no Jogo 4 contra o Warriors. Seguindo tática empregada por Gregg Popovich no ataque, o técnico ordenou que seus atletas não se incomodassem que o ala ficasse livre no perímetro. Livre, mesmo, para arremessar enquanto bem entendesse. Se consultarmos o aproveitamento de arremessos em sua carreira, faz sentido. Nos playoffs, tem acertado apenas 33,3% dos arremessos de média distância e 10% de fora.


Mais uma na conta de Pierce. Na vitória do Wizards, essa e outras verdades
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Giancarlo Giampietro

Começaram os playoffs, né?

Desde aquele jogo histórico há uma semana, um clássico instantâneo de Chris Paul, as coisas começaram a pegar fogo. Depois da cesta milagrosa de Derrick Rose em Chicago, para deixar os sonhos do torcedor do Bulls mais intensos, foi a vez de Paul Pierce aprontar mais uma neste sábado, para dar a vitória ao Washington Wizards contra o Atlanta Hawks. A equipe da capital venceu por 103 a 101 e reassume a liderança da série, por 2 a 1. Mais um final emocionante.

O que aprendemos com esse jogo?

Bem, primeiro que é muito difícil você contrariar A Verdade. Paul Pierce, no caso.

Paul Pierce: uma verdade difícil de se contrariar na hora da decisão

The Truth: difícil de se contrariar na hora da decisão

Não importa se tem John Wall, se tem Bradley Beal, se tem Marcin Gortat. Na caminhada firme do Wizards nestes playoffs, o técnico Randy Wittman já sacou que, para definir um jogo na última bola, não há caminho melhor que colocar a bola no veterano astro, que ainda está em forma e nunca permitiu que sua confiança caísse para o nível dos meros mortais.

Tudo bem: essa mensagem já é meio batida, mas Pierce fez questão de reforçá-la para evitar uma derrota catastrófica no quintal de Obama.

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Fora isso, no entanto, há uma outra mensagem que o jogo passou, uma que deveria ter impacto maior para qualquer um envolvido com (ou apaixonado por) um jogo de basquete: a história da liga americana diz que são os supercraques que resolvem a parada em quadra, mas isso não quer dizer que você não consiga sobreviver sem eles.

Já havia acontecido com o Los Angeles Clippers vencendo o Houston Rockets sem Chris Paul – mas aí estaríamos falando de uma meia verdade, uma vez que Blake Griffin está jogando como um autêntico MVP durante toda essa fase decisiva. Neste sábado, porém, o repeteco se mostrou valioso: sem John Wall, afastado por tempo indeterminado, enquanto o inchaço em sua mão esquerda não diminui, o Wizards fez uma grande partida com base no coletivo e construiu larga vantagem. No quarto período, a vantagem de até 20 pontos se evaporou, claro. Mas aí que as coisas ficam mais legais: pois foi a segunda unidade de Mike Budenholzer que tirou toda essa diferença.

John Wall foi forçado a atuar como torcedor e assistente neste sábado

John Wall foi forçado a atuar como torcedor e assistente neste sábado

Ok, vamos evitar ser simplistas: obviamente que  ajuda ter um Derrick Rose, mesmo que a 80% de sua capacidade. Ele pode fazer a diferença aqui e ali, mas LeBron, um Wade ou Bosh no time. Os três juntos, então? Afe: isso pode resultar em até quatro finais consecutivas. Mas o Miami só conseguiu seu título quando os três foram fundidos num só time. Um time de verdade. Sem o devido contexto, conjunto, todos eles ficam pelo caminho.

E foi com uma abordagem exemplar que o Washington conseguiu vencer três quartos por 85 a 66, com pontuação distribuída por diversos atletas, boas trocas de passe, num bom e velho jogo solidário. Agora essa é a parte em que você pode falar: ué, mas não é que o John Wall arremesse 30 bolas por jogo feito Westbrook ou Kobe. Sim, não, mesmo. Mas Wall dominava o jogo para o Wizards de outra forma, com sua habilidade para quebrar a primeira linha defensiva, ganhar terreno e criar para os companheiros. Nas cinco partidas que realizou, o armador gerou 30,8 pontos em assistências – 11 a mais que James Harden, o segundo da lista. Some aí os 17,4 pontos que lee fazia por conta, e temos um número absurdo para quantificar sua influência no time.

Nenê: 17 pontos, 7 rebotes, 4 assistências, 7-9 nos arremessos, em 30 minutos

Nenê: 17 pontos, 7 rebotes, 4 assistências, 7-9 nos arremessos, em 30 minutos

Seria facilmente compreensível se o time perdesse controle. Mas, não. Sentado no banco, a jovem estrela ficou toda orgulhosa ao ver seus companheiros distribuírem 27 assistências para 37 cestas de quadra. Ramon Sessions, titular provisório, deu seis assistências, duas a menos que Bradley Beal. Nenê e Otto Porter Jr. contribuíram com quatro cada. Marcin Gortat, com três. Cada um assumindo um quinhão de responsabilidade. Sete jogadores terminaram com pontuação entre 8 e 17, com Beal e Nenê sendo os cestinhas.

O brasileiro, aliás, fez o que podemos considerar sua estreia no confronto. Depois de passar batido nas primeiras duas partidas, sem nenhuma cesta de quadra, o pivô converteu sete de nove arremessos. Emblemático que, num esforço coletivo, ele tenha brilhado: vários de seus técnicos já pediram para que grandalhão fosse um pouco, pelo menos um pouco mais egoísta e usasse sua habilidade com a bola para chamar mais jogadas.

O que aconteceu no quarto período? Simples complacência por parte do time da casa, um clima de “já ganhou”, ainda mais quando Budenholzer sacou todos seus titulares e limpou o banco de reservas, pondo em quadra até mesmo Shelvin Mack, ex-Washington. É um momento sempre perigoso, não só pelo risco de se menosprezar o adversário do outro lado, mas principalmente por tirar sua própria equipe do trilho.

A bola parou de rodar da forma apropriada. Vimos Will Bynum queimar um ou outro chute de média distância sem passe, por exemplo. Duas ou três posses de trapalhada, e a vantagem já estava em dez pontos, restando cinco minutos. Aí a pressão aumenta, e, quando o time vai ver, já não consegue retomar o ritmo de dez minutos atrás. Enquanto o oponente está sedento, acreditando numa virada salvadora. Foi quase, porém. Os reservas do Hawks podem ter saído decepcionados, mas não deveriam ficar cabisbaixos de modo algum.

Dennis Schröder deu mais indícios de que logo mais vai poder ter o seu próprio time para conduzir. Uma das melhores defesas da liga simplesmente não conseguia conter o alemão, que anotou 16 de seus 18 pontos no quarto final. Aceleração máxima rumo ao aro, bandejas, assistências e faltas recebidas. Ao redor dele, durante quase toda a parcial, estavam Mike Scott, Kent Bazemore, Mack e Mike Muscala. Sim, Muscala, o pivô draftado pela franquia em 2013 na segunda rodada, 28 posições atrás de Lucas Bebê e que jogou na temporada passada ao lado de Rafael Luz na Espanha. O mesmo que converteu uma bola de três a 14 segundos do fim, para empatar o placar.

Budenholzer até utilizou Jeff Teague nos primeiros cinco minutos do quarto, colocou Korver na vaga de Bazemore a 3min42s do fim e chamou DeMarre Carroll para uma defesa a 23 segundos. No geral, porém, abraçou os suplentes da mesma forma que seu mentor, Gregg Popovich, fez em diversas ocasiões pelo Spurs. Mesmo com o jogo parelho no final, deixou a cavalaria fora, premiando o esforço dos coadjuvantes, ao mesmo tempo que dava um recado aos principais atletas, que fizeram um jogo apático demais. A segunda unidade que se comportou como um time verdadeiramente empenhado em lidar com os problemas apresentados em quadra sem esperar pela aparição de alguma figura messiânica.

Até que…

Sim, um personagem com essa aura brilhou no último ataque. Pierce já não é mais o cara do Boston Celtics, obviamente. Não aguenta carregar um time durante toda a temporada. Se o que temos é a oportunidade de matar uma partida com a última bola, no entanto, aí muda a história. Aí é como se ele fosse aquele supercraque. Pronto para finalizar o serviço preparado por todo um time.


Atlanta Hawks: comentário racista deixa time indefinido
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Se for para comparar o que ele estava fazendo em Atlanta com a operação que conduziu em Cleveland, Danny Ferry era um homem completamente diferente. O gerente geral do Hawks se livrou do supercontrato de Joe Johnson e ainda recebeu escolhas de Draft nessa – quando o inverso parecia necessário –, limpando sua folha salarial. Deixou Josh Smith ir embora, com todo o seu talento, mas toda a dor-de-cabeça que causa também. Contratou Paul Millsap por uma pechincha, conseguiu tirar Mike Budenholzer da sombra de Gregg Popovich. Tudo parecia muito promissor, um processo arrumadinho, à espera de mais uma grande contratação, ou de mais alguns bons negócios que pudessem levar a franquia para o topo no Leste.

Até que… Bomba.

Ferry e o Hawks: agora no limbo

Ferry e o Hawks: agora no limbo

O cartola usou a maldita frase: “Luol Deng tem um quê de África nele” (numa tradução livre, insinuando que havia algo de mentiroso por trás da boa imagem do ala) em conversa com os proprietários do clube, em teleconferência antes de abrir negociações com agentes livres, e a gravação vazou. Depois do escândalo envolvendo Donald Sterling, era tudo o que a NBA menos queria, de que menos precisava. O comentário lamentável forçou seu afastamento por tempo indeterminado – embora, pasme, não tenha causado sua demissão. E o Hawks, um dos times com maior dificuldade para encher seu ginásio e consolidar sua marca, despencou nos rankings de afabilidade da liga. Se é que isso era possível, e por mais que muitas fontes tenham saído em defesa de Ferry, dizendo que ele nunca foi conhecido como alguém de ideias ou comportamento racista. Até mesmo Deng. Mas não tinha jeito, o estrago estava feito.

“Quando fui trocado para o Hawks, não queria vir para cá porque, por tudo o que sabia e ouvia, falava sobre o ambiente ruim, sem torcedores, sem empolgação nenhuma na cidade. Fiquei muito chateado ao sair de Chicago. Mas depois aceitei renovar meu contrato. Depois de ver o que o Danny estava falando, as pessoas que ele estava trazendo”, disse Kyle Korver. “Estava ficando mais atraente, e eu realmente acreditava no projeto, com um potencial enorme na cidade. E aí acontece isso. Espero que, quando a poeira abaixar, que esse projeto continue. Qualquer um que conheça o jogo e tenha visto nossa transformação vai concordar. Mas é triste que isso tenha acontecido. Isso me deixa bem chateado.”

O time: em quadra, o Hawks vai tentar se livrar dessa frustração com um conjunto bem entrosado e, esperam, que possa desenvolver as ideias de Budenholzer, na segunda temporada sob sua orientação, com muita movimentação de bola e pick and rolls. Podem esperar ainda mais arremessos de três pontos, depois da segunda colocação no campeonato passado nesse fundamento. Que o diga Paul Millsap, por exemplo. O ala-pivô saiu de 39 chutes de fora em 2013 para 212 em 2014 (mais de 5 vezes mais) Com Pero Antic em quadra, o técnico pode escalar até cinco chutadores abertos, sem pestanejar. Para a defesa, Thabo Sefolosha e Kent Bazemore chegam para ajudar DeMarre Carroll, deixando a rotação mais vasta e forte. Fica a dúvida, porém, sobre a forma física de Al Horford. O pivô dominicano já sofreu bizarramente duas rupturas musculares no peito, tendo disputado apenas 11 jogos em 2011-12 e 29 na campanha passada. Com Horford, o Hawks teve 16 V e 13 D (55,1%). Sem ele,  22 V e 31 D (41,5%).

A pedida: essa é difícil de responder, não só devido ao afastamento de Ferry, mas porque o clube está à venda. O ex-jogador e comentarista Chris Webber já se candidatou a comprá-lo, apoiado por investidores. Supostamente, a atual configuração do Hawks vai jogar para entrar nos playoffs e tentar fazer um estrago. Se o vestiário estiver tumultuado, se Horford não se recuperar bem, porém, as coisas ficam bem mais complicadas numa conferência que ficou mais forte.

Al Horford, e sua lesão complicada no peito

Al Horford, e sua lesão complicada no peito

Olho nele: Dennis Schröder. O alemão abre sua segunda temporada, disputando os minutos de reserva de Jeff Teague com Shelvin Mack. Seu progresso é importante por diversos fatores. Não só porque Ferry (se ele ainda apitar alguma coisa, claro) não é dos maiores fãs do armador titular, mas porque o Hawks bem que poderia usar um atleta promissor como peça valiosa em uma eventual troca. Durante a pré-temporada, Schröder teve algumas boas exibições. Ainda precisa melhorar consideravelmente seu arremesso e ter um pouco mais de calma com a bola. Mas, aos 21 anos, segue um prospecto intrigante, com muita velocidade, envergadura e visão de jogo.

Você não perguntou, mas… O ala Mike Scott tem “muito mais de 20 tatuagens em seu corpo” (já não conta mais…), das quais ele estima que “80% ou 85% sejam emojis” – os emoticons que usamos no dia a dia de teclar. “É que uso muito os emojis quando estou trocando mensagens. Isso sou eu. É original”, disse ao Mashable. As pessoas agora estão usando, mas ninguém fazia dessas antes de eu entrar nessa”, afirmou o reserva, que, vez ou outra, causa um estrago no ataque.

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Abre o jogo: “Fica sempre na sua cabeça, mas, no final do dia, você tem de ir para a quadra e jogar basquete, independentemente de sua situação. Tenho de me concentrar neste ano, em um jogo de cada vez, sem olhar muito adiante. É ficar no presente” – Paul Millsap. O ala-pivô vai cumprir seu último ano de um curto contrato com o Hawks. Se Ferry, por um lado, acertou com o veterano por um preço muito abaixo do mercado, por outro assinou um vínculo curto.

Sergey Bazarevich, Hawks, rookie, EuroUm card do passado: hoje o Atlanta Hawks é uma das franquias de mente mais aberta para a contratação de estrangeiros. Para o lugar do assistente Quin Snyder – uma baixa bastante importante, diga-se –, por exemplo, foi contratado o croata Neven Spahija. Há 20 anos, porém, o armador Sergei Bazarevich era um peixe fora d’água ao chegar a Atlanta. O russo havia acabado de ganhar a medalha de prata no Mundial do Canadá, perdendo para a prespeira segunda versão do Dream Team, aos 29 anos. Então poderia ser um rookie de NBA, mas já era uma figura experimentada em basquete de alto nível. Sua passagem, porém, não foi das mais memoráveis: durou apenas 10 partidas, com 30 pontos e 14 assistências acumulados. Hoje, Bazarevich dirige o Lokomotiv Kuban, um dos times emergentes do basquete russo, que conta com o indomável Anthony Randolph em seu elenco.


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