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Arquivo : Nemanja Bjelica

Guia olímpico 21: Sérvia e Lituânia, num segundo escalão
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Giancarlo Giampietro

Devido ao adiantado da hora, não dá para escrever tanto sobre cada um dos 12 participantes do torneio masculino do #Rio2016, pelo menos não da forma como foi feito com o Brasil e os Estados Unidos, comentando jogador por jogador, ou mesmo como Argentina, Espanha e França. Por que a atenção maior dada a estes times? Bem, os dois primeiros têm razões óbvias. O trio seguinte eu tento explicar assim: Espanha e França são, devido aos resultados recentes, aqueles mais cotados para subir ao pódio ao lado dos norte-americanos. A Argentina não está nesse patamar, mas tem velhos conhecidos nossos e fez parte da trajetória da seleção brasileira.

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Lituanos levaram a melhor em dramática semifinal no ano passado

Pergunta: Vamos agrupar cada equipe olímpica em diferentes escalões, de acordo com seu potencial (na opinião de um só blogueiro enxerido)?

Reposta: Sim, vaaaaamos!

Então aqui estão:

1) EUA
2) Espanha e França
3) Sérvia e Lituânia
4) Argentina, Austrália, Brasil e Croácia
5) Nigéria e Venezuela
6) China

Que fique claro: não é que essas castas sejam imóveis e que haja um abismo de uma para outra – excluindo os Estados Unidos como óbvios indicados ao ouro. Entre os segundo, terceiro e quarto andares, a diferença não é muito grande. São todos candidatos ao pódio. Basta lembrar que a seleção brasileira venceu França e Sérvia pela última Copa do Mundo e também bateu a Espanha em Londres 2012, num jogo muito estranho, mas paciência. E talvez até mesmo a Nigéria possa subir um piso, dependendo de sua lista final.

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Festa essa ressalva, a ideia agora é publicar um post abordando os times restantes em cada um desses grupos, botando nigerianos, venezuelanos e chineses no mesmo balaio final. Aqui, chegou a vez de sérvios e lituanos:

SÉRVIA

Armadores: Milost Teodosic, Stefan Markovic, Stefan Jovic e Nemanja Nedovic.
Alas: Bogdan Bogdanovic, Nikola Kalinic e Marko Simonovic.
Pivôs: Nikola Jokic, Miroslav Raduljica, Milan Macvan, Vladimir Stimac e Stefan Bircevic.

– O grupo: Entre os elencos mais fortes dos Jogos do Rio, a Sérvia é a que tem menos jogadores de NBA. Apenas um, na verdade: o pivô Nikola Jokic, que, pela maturidade e fundamentos que mostra em quadra, jamais poderíamos supor que tenha apenas 21 anos. Poderiam ser três, com Nemanja Bjelica e Boban Marjanovic. Se tivesse montado esse trio, o técnico Aleksandar Djordjevic teria uma linha de frente assustadora. Mas diferentes motivos os tiraram do evento.

Boban virou um agente livre em julho e estava na categoria dos “restritos”, ainda vinculado de certa forma ao Spurs, que poderia cobrir qualquer oferta. O problema é que isso impediu que o gigantesco e carismático atleta resolvesse rapidamente sua situação. Estava fora de sua alçada. De modo que pediu dispensa, algo que desagradou, e muito, o durão Djordjevic. Passado o pré-olímpico mundial em Belgrado, Boban, já de contrato fechado com o Detroit Pistons, se colocou à disposição da seleção. Foi recusado, mesmo que seja 20 vezes mais jogador que o limitado Vladimir Stimac.

Já a baixa de Bjelica deixou o treinador sérvio bastante chateado e frustrado, e foi por conta da inflamação num nervo do pé direito. A previsão do departamento médico do Minnesota Timberwolves é a de que o ala-pivô só se recuperaria durante as Olimpíadas. Estaria sem ritmo nenhum de jogo. É uma perda enorme para a seleção balcânica, devido a toda a sua versatilidade. Bjelica é dos grandalhões mais flexíveis que você vai encontrar por aí. Na bem-sucedida campanha pela Copa do Mundo, nós o vimos colaborar com rebotes, chute, passe e até mesmo com a articulação da equipe e a partida em transição. Desconfio, inclusive, que, se fosse para escolher, Djordjevic até mesmo o priorizaria a Jokic, por mais que o jovem pivô tenha feito uma excepcional primeira temporada pelo Denver e tenha enorme potencial.

Jokic foi dominante no Pré-Olímpico de Belgrado

Jokic foi dominante no Pré-Olímpico de Belgrado

– Rodagem: é uma seleção bastante jovem, mas que com diversos atletas que estão acostumada a jogar junto há um bom tempo, desde a base; os jogadores também têm muita cancha de Euroliga, habituados a grandes partidas; no Pré-Olímpico em casa, atropelou, ajudada por um sorteio bastante camarada.

– Para acreditar: o conjunto de armadores sérvios é muito forte. Só perde para o espanhol neste torneio, com o genial (e genioso) Milos Teodosic sendo a referência. A presença de Stefan Markovic e Stefan Jovic lhes dão mais liberdade em quadra para olhar para a cesta, enquanto ambos também teriam a incumbência de marcar o jogador de perímetro mais agressivo do outro lado; Jokic é um jovem craque; Bogdan Bogdanovic é uma das estrelas da jovem geração europeia, sem medo nenhum de tentar o arremesso da vitória, evoluindo bastante sob a orientação do mítico Obradovic pelo Fenerbahçe – até recusou o Phoenix Suns neste ano para seguir nessa trilha; Miroslav Raduljica, um verdadeiro bisnagão, não deixará o time seguir tanta falta de Boban, ocupando já muito espaço dentro do garrafão na defesa, enquanto, no ataque, precisa converter seus semiganchos e atacar a tábua.

Questões: na Copa do Mundo, surpreendeu e conquistou a prata (digo “surpreender” pelo fato de ser uma base jovem e de o país ter vindo de resultados muito fracos nas competições). Um ano depois, já como favoritos, quando valia a vaga, sentiram a pressão na semifinal contra a Lituânia. Além disso, não há ninguém no elenco capaz de dar conta nem de 50% das tarefas que cabiam a Bjelica. Milan Macvan herdou sua vaga. Ele é um tremendo reboteiro, mas é pesadão e só acha que pode chutar de longa distância. Se o time estiver desesperado por arremesso de fora, Stefan Bircevic será chamado, a despeito de sua fragilidade física e irregularidade. Dependendo do adversário, contra equipes mais baixas, Nikola Kalinic até pode assumir suas funções.

Guia olímpico 21
>> A seleção brasileira jogador por jogador e suas questões
>> Estados Unidos estão desfalcados. E quem se importa?
>> Espanha ainda depende de Pau Gasol. O que não é ruim
>> Argentina tem novidades, mas ainda crê nos veteranos

LITUÂNIA

Valanciunas, Valanciunas e mais Valanciunas pelos bálticos

Valanciunas, Valanciunas e mais Valanciunas pelos bálticos

Armadores: Mantas Kalnietis, Adas Juskevicius e Renaldas Seibutis.
Alas: Jonas Maciulis, Mindaugas Kuzminskas, Marius Grigonis e Edgaras Ulanovas.
Pivôs: Jonas Valanciunas, Paulius Jankunas, Domantas Sabonis, Robertas Javtokas e Antanas Kavaliauskas.

O grupo: um ano atrás, entre a elite europeia, a Lituânia poderia ser considerada aquela seleção com menos, hã, grife. Só o trator Valanciunas estava na NBA. Boa parte de seu elenco jogava em clubes locais, do país em que o basquete é uma religião. Conseguiram, ainda assim, a prata no EuroBasket e a classificação direta, evitando qualquer possível armadilha nos pré-olímpicos mundiais. Agora, eles chegam com uma trinca de profissionais da liga americana, com Sabonis, draftado por OKC, e Kuzminskas, contratdo pelo Knicks, fazendo companhia ao pivozão. E sabe do que mais? Não muda nada isso. Com ou sem este selo, a Lituânia seria o mesmo time a ser respeitado.

O técnico Jonas Kazlauskas tem um elenco muito limitado atleticamente. Um torneio de enterradas interno seria tão emocionante quanto uma partida de xadrez. Mas sua experiente base sabe muito bem dessas limitações e dá um duro danado em quadra para compensá-las com muita força física, garra, senso de posicionamento e inteligência em geral. Eles vão ralar na defesa e esperar que Valanciunas resolva as coisas no ataque.

Enquanto isso, Kazlauskas vai formando um novo núcleo em torno de Valanciunas, contando com cinco jogadores estreantes em Jogos Olímpicos, adicionando alas voluntariosos como Ulanovas e Grigonis, que não terão prioridade em termos de rotação, mas já vão viver uma grande experiência.

Entre os mais jovens, de todo modo, fica a expectativa para ver como vai se comportar o jovem Saboninhos, que soube aproveitar bem a passagem pelo basquete universitário americano para expandir seu jogo – deixando o Unicaja Málaga, clube de forte base, mas que nem sempre aproveita bem sua revelações. Ele tem tudo para formar uma grande dupla com Valanciunas por anos e anos e já deve ser produtivo no Rio.

– Rodagem: veja abaixo.

– Para acreditar: talvez não haja grupo mais entrosado que o lituano. Kalnietis, Seibutis, Maciulis, Kuzminkas, Jankunas, Valanciunas e Javtokas jogam juntos há muito tempo e estiveram presentes praticamente em todos os torneios deste ciclo olímpico. Isso lhes dá uma vantagem imensa. Se for pensar em consistência, esse é o seu time também: o jogo dos caras não empolga, como nos bons tempos, mas eles não largam o osso. A prata no último EuroBasket foi uma repetição de seu resultado em 2013. Entre um torneio continental e o outro, ficaram em quarto no Mundial. O núcleo central da equipe tem muita experiência. Mais: é difícil demais remover Valanciunas dos arredores do garrafão e da tabela, e, uma vez posicionado ali, o pivô, muito forte e técnico, vai castigar a maioria de seus adversários.

 – Questões: a Lituânia depende demais de Valanciunas. O pivô é referência para tudo. Quando o assunto é Lituânia, parece até heresia perguntar, mas lá vai: eles vão acertar o suficiente nos tiros de três pontos para seu grandalhão ter espaço no garrafão e ativar seus movimentos um tanto mecânicos?

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Jukebox NBA 2015-16: tudo ótimo para o torcedor do Timberwolves
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Giancarlo Giampietro

jukebox-wolves-supergrass

Em frente: a temporada da NBA caminha para o fim, e o blog passa da malfadada tentativa de fazer uma série de prévias para uma de panorama sobre as 30 franquias da liga, ainda  apelando a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Alright”, por Supergrass.

Com o placar apontando vantagem na casa de dois dígitos para o Golden State Warriors, pelo segundo tempo, você então decide que é a hora certa para dormir, dando a fatura como liquidada. Para acordar, abrir o aplicativo da NBA no celular como sua primeira atividade do dia – sim, é uma doença – e arregalar o olho remelento com o placar: o Minnesota Timberwolves venceu pela prorrogação, por 124 a 117. Em Oakland.

O Wolves?!

E por que não?

Coisa de duas semanas atrás, ainda que em casa, essa garotada já havia dado uma canseira nos atuais campeões. Agora, contra o mesmo oponente ainda mais desgastado – física e, principalmente, emocionalmente –, eles concluíram o golpe. Nos últimos 18 minutos da partida, desde o minuto final do terceiro período, eles venceram por 52 a 33, forçando a prorrogação no meio do processo até definir a contagem final. Sobrava energia: durante esse intervalo, foram 10 turnovers forçados e 23 lances livres cobrados, contra apenas dois dos oponentes, derrubando, por uma noite que seja, a tese de favorecimento da arbitragem, caseira ou pró-superestrelas.

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Quando o torcedor do Wolves – sim, eles existem, conheço pelo menos dois deles – vê uma partida dessas, então, só espera que seja o sinal do que vem pela frente. É aí que entra a empolgante “Alright”, do subestimado Supergrass, como trilha: “Nós somos jovens, corremos livres… Nós nos sentimos muito bem, tudo ótimo”. Quando você tem um pivô como Karl-Anthony Towns e um ala como Andrew Wiggins para desenvolver, mais um punhado de atletas interessantes, você vai se sentir que nem os caras do clipe acima. Sorridentes, empolgados, confiantes, desafiadores. É um futuro muito promissor, e não importa que a equipe tenha perdido mais de 50 jogos novamente.

Kartl-Anthony Towns, um ponto alto em grande estreia pela NBA

Kartl-Anthony Towns, um ponto alto em grande estreia pela NBA

Só precisa combinar com o proprietário Glen Taylor: que a franquia, como negócio, fora de quadra, não se torne um obstáculo insuperável. Ora, não custa lembrar que estamos tratando de um clube que completa agora 12 anos de jejum, distante dos playoffs desde 2004. Dos 17 jogadores que defenderam o time naquela temporada, a melhor de sua história, apenas Kevin Garnett está em atividade ainda, enquanto boa parte daquele elenco se aposentou há tempos. Fred Hoiberg e Latrell Sprewell que o digam.

Naquele ano, ainda sob o comando do saudoso Flip Saunders, o Minnesota alcançou a final do Oeste, superando pelo caminho o poderoso Sacramento Kings, até perder para o Lakers de Shaq, Kobe, Malone e Payton. Garnett estava no auge atlético, aos 27 anos, com médias de 24,2 pontos, 13,9 rebotes, 5,0 assistências, 1,5 roubo e 2,2 tocos, em 39,4 minutos. Ele era um animal incontrolável, basicamente.

Aquela boa sensação durou pouco. Na temporada seguinte, com Sam Cassell abalado por lesões e Sprewell cuspindo fogo por uma renovação contratual, a química do time se desintegrou. Saunders, depois de 10 anos no cargo, foi demitido com uma campanha de 25 vitórias e 26 derrotas. Seu amigo pessoal, o gerente geral Kevin McHale assumiu a barca e até foi bem, com 19 vitórias e 12 derrotas. Não bastou, todavia, e a equipe nem mesmo se classificou para os mata-matas. Acho que Kevin Love já ouviu essa história antes…

Um dos poucos acertos das diversas diretorias empossadas desde então, Love – que veio numa troca por OJ Mayo! – tinha tudo para ser o pilar do clube em uma nova fase. Mas nem mesmo quando dirigido por uma mente brilhante como a de Rick Adelman, com a companhia de Rubio, Kirilenko, Pekovic (ainda em forma) e Martin, conseguiu chegar aos playoffs. Obviamente que esses caras enfrentaram uma Conferência Oeste absurda e consistentemente fortíssima. Mas os seguidos engasgos de sua gestão foram mais determinantes.

Derrick Williams não impressionou muita gente em Minnesota

Derrick Williams não impressionou muita gente em Minnesota

Selecionar Wesley Johnson em quarto no Draft de 2010, com DeMarcus Cousins, Greg Monroe, Paul George e Gordon Hayward disponíveis, foi um erro, e tanto. Mas não tão grotesco assim, quando recuperamos o desempenho do mesmo David Kahn pelo Draft do ano anterior, quando tinha as quinta e sexta escolhas e foi com a dobradinha Rubio e Jonny Flynn, sem que ninguém entendesse. Foi um desastre em diversos níveis: eram dois armadores que não sabiam arremessar e dificilmente poderiam jogar juntos; Flynn, aquele que se apresentaria de imediato, enquanto o prodígio espanhol guiria em Barcelona, não combinava em nada com o sistema de triângulos de Kurt Rambis; mas, pior, se era para planejar uma futura dupla armação, um certo Stephen Curry estava ao seu dispor, além de Jrue Holiday, Ty Lawson, Jeff Teague  eBrandon Jennings. (E, se fosse para pensar em jogador para outras posições, poderia optar ainda por DeMar DeRozan ou Jordan Hill.)

Você acha que Kahn parou por aí? Não, em 2011, já desmoralizado, encarou o Draft como oportunidade de fazer caixa, para poder demitir Rambis e pagar seu último ano de contrato. Depois de selecionar Derrick Williams na segunda posição – mesmo que ele jogasse na mesma posição de Love e Michael Beasley… –, o gerente geral orquestrou uma sequência frenética e inacreditável de trocas envolvendo a 20ª escolha, faturando  a grana que precisava. Nomes como Donatas Motiejunas, Nikola Mirotic, Bojan Bogdanovic e Chandler Parsons aparecem como consequências desses negócios. O repórter Brian Windhorst, do ESPN.com, registrou tudo aqui. Santamãe, é de doer. Para desanuviar o dia, então, lembremos a piada recorrente de Bill Simmons, com o capitão Kirk pirando:

Demorou, mas o festival de trapalhadas custou a David Kahn seu emprego. Seu substituto seria um velho conhecido, Flip Saunders. O ex-treinador agora voltava como presidente do clube, chefiando o departamento de basquete. Nem mesmo seu carisma e currículo foi capaz de convencer Love a abraçar a causa, porém. Chegara a hora, então, de mais um processo de reformulação. Mas o que era para ser deprimente acabou virando esperança, rapidamente. Contando com uma ajudinha de LeBron James (que não quis saber de trabalhar com o garotão Wiggins em Cleveland), muita sorte (primeira posição num Draft com Towns) e um ótimo trabalho mo recrutamento de calouros, Saunders compôs este núcleo empolgante de hoje. Só é lamentável que o câncer não o tenha permitido ver a continuação do projeto. #RIP

Quando um time entra na última semana da temporada com apenas 26 vitórias e a quinta pior campanha no geral, é difícil de classificar isso como um sucesso. Mas, se pudermos ignorar que a equipe tenha a quarta pior defesa e o 14º melhor ataque do campeonato, se abstrairmos os números mais básicos, existem pontos positivos para se comemorar, que servem como base para o otimismo de uma torcida que já sofreu demais desde o ocaso da era Garnett. É só pegar a vitória em Oakland como exemplo, com 35.

A primeira grande notícia foi a estreia de Towns, que fez um campeonato magnífico para alguém de alguém que só vai fazer 21 anos no próximo aniversário da República brasileira. O dominicano (para o mundo Fiba) é um pivô perfeito para o basquete vigente. Na verdade, ele seria perfeito para qualquer época, de tantos recursos que tem. Seus fundamentos, flexibilidade e categoria em geral (a ponto de vencer um concurso de habilidades em Toronto) já o colocam nos grupos mais exclusivos da NBA.

Curry e Rubio até poderiam ter jogado juntos

Curry e Rubio até poderiam ter jogado juntos

Com 49 double-doubles, está empatado em terceiro, no ranking geral, com John Wall. Andre Drummond vem em primeiro, com 65, e Russell Westbrook em segundo, com 52. Aparece logo acima de Boogie Cousins, DeAndre Jordan e Pau Gasol. Ele já é o 15º atleta mais eficiente da liga. O oitavo em média de rebotes. O décimo em tocos. E o 27º entre os cestinhas, dividindo a bola com Wiggins. E pensar que, em abril do ano passado, boa parte dos scouts considerava que Jahlil Okafor estaria mais preparado para causar impacto como novato. Hoje não há sequer uma discussão possível entre um e outro.

Os números gerais de Wiggins, em projeção por minutos, não indicam muita evolução por parte do canadense. Agora, se for para dividir sua temporada mensalmente, os números ficam muito mais interessantes – assim como os dados avançados. Em janeiro, tinha médias de 19,4 pontos, só 3,8 rebotes e 1,6 assistência, com 43,8% de quadra e horripilante 17,1% em 2,2 chutes de três, batendo também 7,0 lances livres em 35,0 minutos. Em março, foram 19,7 pontos, 3,7 rebotes, 2,5 assistências, e com índices muito superiores na finalização: 50% de quadra, 42,9% de três, com 5,7 lances livres por 35,5 minutos. O volume de jogo não cresceu tanto de um mês par ao outro, mas o ganho qualitativo é indiscutível. De todo modo, para constar, em seus últimos cinco jogos, bateu a casa de 30 pontos três vezes, incluindo os 32 que anotou em uma partida memorável contra o Warriors. Ah, e por mais que esteja caminhando para sua terceira temporada como profissional, vale prestar a atenção em sua certidão de nascimento: é apenas oito meses mais velho que Towns. Ainda tem muito o que progredir.

Zach LaVine, também de 1995, 20 anos, foi outro que arrebentou em março: 17,8 pontos, 2,7 assistências, 2,0 turnovers, 49,8% de arremesso, 47,4% de três pontos, em 37,2 minutos. Parece que a comissão técnica, enfim, desistiu abortou o plano de torná-lo um armador, pelo menos por enquanto. Não creio que tenha fundamentos, muito menos cacoete para isso. Lembra muito o caso de um jovem Jamal Crawford, e é nesse tipo de jogador que ele pode se desenvolver, como um pontuador incendiário vindo do banco, ou um chutador perigoso escoltando Towns e Wiggins, mas muito mais atlético, com potencial para se tornar um defensor bem mais eficaz.

Jogo de LaVine pode ter muito mais que enterradas

Jogo de LaVine pode ter muito mais que enterradas

Para deixar o jogo um pouco menos complicado para esses garotos, Ricky Rubio fez sua melhor campanha desde que chegou aos Estados Unidos, mesmo que seu arremesso ainda esteja bem abaixo da média. O chute pode não cair ainda, mas sua visão de quadra excepcional e seu senso de organização de quadra fazem toda a diferença. Observe o espanhol e veja o quanto ele canta as jogadas e o posicionamento para os companheiros. É um verdadeiro assistente e exerce uma influência enorme nesse sentido,  dos dois lados da quadra. O time ataca muito mais quando ele joga e cai na defesa com ele no banco, em suma.

Tem mais: Gorgui Dieng viu Towns dominar a zona pintada (e um pouco mais que isso), perdeu em produtividade, mas segue como um jogador de multifacetado, também de impacto relevante para a equipe.  Shabbazz Muhammad é uma excelente arma para tirar do banco, um cestinha explosivo, que foi muito importante no primeiro ano de Wiggins, aliviando a pressão física sobre Wiggins. Tyus Jones, penando de início com a capacidade explosiva da concorrência, vai se soltando aos poucos e pode agir sem pressa, enquanto Rubio distribui as cartas. Em Nemanja Bjelica vale a aposta. Vai chegar mais um novato de ponta este ano. É uma forte base para ser cultivada.

Em março, apenas com o mentor Kevin Garnett afastado, o time já foi razoavelmente competitivo, vencendo seis, perdendo nove. Desses nove reveses, sete vieram contra adversários posicionados na zona de playoff, enquanto um oitavo aconteceu com cesta de Mirza Teletovic no estouro do cronômetro, pelo Suns.  A tardia promoção de LaVine  contribuiu para isso, ajudando a espaçar um ataque sufocado. Se você tirar Tayshaun Prince da rotação e inserir mais um arremessador (alô, Buddy Hield), as coisas ficam mais interessantes, prontas para mais um passo em sua evolução. Só precisa de calma. a equipe tem hoje 26 vitórias, dez a mais que na temporada passada, mas é muito pouco ainda.

Em uma grande reportagem que esmiúça o trabalho do clube com Andrew Wiggins, Rob Mahoney conta uma anedota que diz muito sobre o estado do Timberwolves hoje. Um diretor estava preparado para levar os atletas para um jantar em Salt Lake City, mas teve de rever seus planos ao descobrir que o restaurante escolhido só permitia a entrada de glutões com mais de 21 anos. Quatro jogadores seriam barrados, então, sendo três deles titulares. Com essa garotada, vai levar um pouco de tempo ainda para eles sonharem em desafiar um rival do porte do Golden State Warriors por mais que uma ou duas noites.

Ainda não são todos os estabelecimentos que podem receber Towns e Wiggins

Ainda não são todos os estabelecimentos que podem receber Towns e Wiggins

A pedida? Ainda maaaaais sorte no Draft. A esta base promissora, Minnesota ainda vai poder adicionar, no mínimo, a oitava escolha do Draft deste ano. Isso, claro, se algo muito improvável acontecer: que três times atrás na tabela saltam à sua frente na loteria. Por outro lado, o clube tem 8,8% de chances de abocanhar a primeira posição. Independentemente do resultado, poderá adicionar mais um jovem talento, ou tentar uma troca por um sólido veterano. Então fica o apelo: por favor, Taylor, não detone isso.

A gestão: aí que mora o perigo. A morte de Flip Saunders não só foi um baque emocional para a franquia como também deixou todo seu departamento de basquete com um status de interino. Do gerente geral Milt Newton ao técnico Sam Mitchell, que foram avaliados pelo proprietário Glen Taylor durante o ano. Há poucos rumores sobre o futuro da dupla, até porque o clima de indefinição vem de cima.

Aos 74 anos, o bilionário Taylor está preparadíssimo para vender o clube e aumentar sua fortuna de US$ 2,3 milhões. Como já registrado na faixa sobre o Grizzlies, um dos acionistas minoritários de Memphis abriu negociações para fazer a compra. O negócio, no momento, está emperrado. O atual mandatário precisa agir, e rapidamente. Junho, com o Draft, e julho, com o mercado de agentes livres, já está chegando.  Se vai manter seu controle, pode decidir sobre Newton e Mitchell. Do contrário, se for para vender, o racional seria deixar que o novo grupo assumisse a bronca.

Tendo assistido Saunders na montagem do atual elenco, é de se imaginar que o atual gerente geral ganhe um voto de confiança, mesmo que não tenha uma extensão contratual de longa validade. No momento, pelo que tiramos da reportagem de Mahoney para a Spors Illustrated, há uma boa estrutura montada para desenvolver o elenco. Todos os jogadores são obrigados a se apresentar para uma sessão de treinos individuais, de fundamentos, de 30 minutos, antes que as movimentações táticas comecem. Os mais jovens ficam muito mais tempo nesse tipo de exercício e chegam a passar aproximadamente seis horas nas instalações do clube.

Mitchell ficará incumbido pelo desenvolvimento de Wiggins?

Mitchell ficará incumbido pelo desenvolvimento de Wiggins?

Seu departamento de preparação física parece bem sofisticado e criativo, preocupado em fazer exercícios específicos para cada atleta, dependendo dos movimentos que eles costumam fazer em quadra – algo que varia claramente de um armador para o pivô. Faz muito mais sentido do que simplesmente montar uma academia e deixá-los por conta, com os pesos e elásticos de sempre.Já a questão sobre Mitchell é mais delicada. No momento, ele não pode ser julgado por resultados, mas, sim, pelo processo que tenha conduzido durante a temporada. O fato é que, a despeito da badalação, não é um trabalho tão simples: nas competições juvenis e mesmo durante seu único ano em Kansas, Wiggins se habituou a se impor física e atleticamente. Num alto nível de jogo, precisa de mais. Mitchell, obviamente, não é o único responsável por esse trabalho, e sua comissão técnica vem fazendo um bom trabalho nessas tarefas individualizadas.

Para o canadense, há uma infinidade de detalhes que o superatleta precisa captar ainda se pretende, mesmo, se inserir na elite da NBA. Movimentação fora de bola, leitura das diferentes coberturas armadas para se conter alguém tão explosivo e concentração em tarefas defensivas foram alguns dos pontos levantados pela diretoria. Além da motivação.  “Simples assim: seus melhores jogos acontecem contra os melhores jogadores”, diz Newton. “É tudo o que precisamos ver: quando ele junta todas as peças, vai se tornar um desses jogadores top. Mas, nesta liga, os 14º e 15º jogadores podem te humilhar se você não se preparar para enfrentá-los.”

O senso comum dos bastidores da liga hoje é de que o técnico está ultrapassado, despreparado para conduzir jogadores tão talentosos, mas carentes como esses. Sua insistência com Tayshaun Prince, o tempo gasto com LaVine na reserva de Rubio e seus padrões de substituição são altamente questionáveis, assim como sua aversão ao arremesso de três pontos. Por outro lado, o treinador é uma figura popular dentro do vestiário. Mas seu cartaz é ainda maior que isso: o ex-ala é visto praticamente como prata da casa e adorado por Taylor. Como atleta, defendeu o clube por dez temporadas, sendo, inclusive, membro do primeiro elenco em 1989. Vão comprar essa briga?

Olho nele: Nemanja Bjelica

Bjelica tem o pacote técnico ideal para o stretch four que a NBA tanto cobiça

Bjelica tem o pacote técnico ideal para o stretch four que a NBA tanto cobiça

Além de um calouro bem cotado, o Minnesota pode ganhar mais um grande reforço para a próxima temporada: o talentosíssimo ala-pivô sérvio, já mais adaptado à NBA. É aquela história: a transição de craque de Euroliga para operário nos EUA nem sempre é fácil,mesmo aos 27 anos. Basta buscar na memória as dificuldades encontradas por Splitter em San Antonio.

“Ele provavelmente nunca penou tanto assim antes. Provavelmente sempre foi um dos melhores jogadores, ou um dos melhores em suas equipes. Agora ele olha para a quadra, e há muitas noites em que ele perde em força, rapidez e tamanho. Então tem uma curva de aprendizado”, disse o técnico Mitchell. Acho que as pessoas erram quando falam que ele tem 27 anos e veio da Euroliga, e que seria fácil. Não funciona assim.”

Depois de receber bons minutos nas primeiras semanas, Bjelica foi gradativamente sumindo da rotação, seja pela decisão do técnico de por Gorgui Dieng mais ao lado de Towns, pelos seus próprios erros e também por uma lesão no joelho.

Nestes últimos momentos de campeoanto, enfim foi resgatado pelo teimoso Mitchell. Estava na hora de reinseri-lo. O sérvio foi um grande investimento de Saunders. E válido. Bjelica tem a visão de quadra e a habilidade nos arremessos de três para ser uma peça complementar perfeita num time que já concentra muito o ataque em Towns e Wiggins. O palpite é que ele voltará pata seu segundo ano muito mais confortável, pronto para colaborar em uma campanha de retomada.

ndudi-ebi-card-wolvesUm card do passado: Ndudi Ebi. Se você  for conferir com cuidado o elenco da temporada 2003-04, aquele vice-campeão do Oeste, vai notar que apenas um atleta nasceu nos anos 80: o ala Ebi, de 1984, praticamente uma vareta. Assim como Garnett, Ebi entrou na NBA direto do high school.  Ao contrário do craque, deixou a liga apenas dois anos depois, jogando exatamente 19 partidas. Nem 20!

O que aconteceu foi o seguinte: preocupado em formar um time experiente em torno de KG, o clube queria deixar Ebi na D-League. Àquela época, porém, era proibido que jogadores em seu terceiro ano de contrato fossem aproveitados desta maneira. Uma regra bem besta, aliás. Daí que, sem ter a mínima confiança na produção imediata do rapaz, Kevin McHale tomou uma atitude drástica: mandou o jovem nigeriano para a rua. Tudo para poder contratar o inigualável Ronald Dupree. Se não se lembra dele, tudo bem. O máximo que o atlético e aguerrido ala fez em sua carreira foi a média de 6,7 pontos pelo Bulls, em 2004, como novato.

O episódio todo fica ainda mais esdrúxulo quando levamos em conta o contexto da escolha de Ebi. A franquia estava sob pesada punição da NBA, que lhe havia retirado até cinco escolhas de Draft devido a uma negociação ilegal com Joe Smith, em 2000. Antes de se tornar um dos andarilhos da liga com mais milhagem, ainda muito cobiçado, o ala-pivô assinou um contrato bem barato com o Wolves, supostamente animado para fazer dupla com Garnett. A liga fuçou, no entanto, é descobriu um acordo, em off, entre o jogador e o clube, de que, dois anos depois, renovariam por muito mais grana – o tipo de acordo que, diga-se, se repete por aí, mas difícil de ser provado. Revelado o escândalo, veio a dura punição, que depois seria abrandada: em vez de cinco escolhas, o clube perdeu três. Ainda assim, o estrago foi grande, envelhecendo a base, contribuindo muito para a saída de seu grande astro, desanimado, anos depois. Que Ebi tenha sido esse desperdício todo só deixou a situação deprimente demais.

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O Final Four 2015 da Euroliga em números
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Giancarlo Giampietro

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A maior competição de basquete do mundo (Fiba) aguarda um novo campeão. Nesta sexta-feira temos as semis, com o anfitrião Real Madrid, bastante pressionado, enfrentando o estreante Fenerbahçe, do legendário Zeljko Obradovic, enquanto o CSKA Moscou reencontra um pesadelo na forma de Olympiakos, clube pelo qual foi derrotado de maneira inacreditável na decisão de 2012.

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A disputa por medalhas acontece domingo. Antes de falar sobre os jogos em si, seus principais personagens e tal, segue um apanhado estatístico sobre o evento. #F4Glory:

17 – É a soma de títulos entre os quatro candidatos deste ano, com o Real puxando a fila, com oito, seguido por CSKA (seis) e Olympiakos (três). O Fenerbahçe luta pelo caneco pela primeira vez. O detalhe é que o Real não ganha a parada desde 1995, quando era dirigido por Zoc Obradovic, justamente o atual comandante do Fener.

16 – Os jogadores que já tiveram passagem pela NBA e que estão relacionados para os próximos quatro jogos. O clube que tem mais representantes nesse sentido é o CSKA Moscou, com Andrei Kirilenko (ele, mesmo), Nando De Colo (Spurs, Raptors), Demetris Nichols (Cavs, Bulls e Knicks), Sonny Weems (Raptors e Nuggets), e Victor Khryapa (Bulls, Blazers, alguém com quem a liga não teve paciência, infelizmente). Sempre com o asterisco de que nem sempre o selo da liga americana vale para alguma coisa no cenário europeu. Que o diga a dupla do Olympiakos Vassilis Spanoulis e Oliver Lafayette. Enquanto o genial armador grego foi desprezado de modo inacreditável por Jeff Van Gundy durante toda uma temporada em Houston, Lafayette, hoje da seleção croata, fez apenas uma partida em sua vida pelo Boston Celtics. Então o conceito de NBA é relativo: tanto Spanoulis merecia muito mais chances no time de Yao e T-Mac, como Lafayette passou batido por lá e só foi se desenvolver na Europa, mesmo.

AK 47 reencontra o Olympiakos após frustração em 2012

AK 47 reencontra o Olympiakos após frustração em 2012

15 – Levando em conta os atletas utilizados durante a campanha, o elenco dos quatro semifinalistas reúne 15 nacionalidades diferentes. A pátria com mais representantes numa Euroliga? Os Estados Unidos da América, claro, com um contingente de também 15 jogadores: Weems, Nichols, Aaron Jackson, Kyle Hines (CSKA); Andrew Goudelock, Ricky Hickman (Fenerbahçe); KC Rivers, Marcus Slaughter, Jaycee Carroll (Real Madrid); Brent Petway, Othello Hunter, Bryant Dunston, Lafayette e Tremmell Darden (Olympiakos). Os demais: 12 gregos, oito turcos, oito russos, quatro espanhóis, três sérvios, dois argentinos (nossos amigos Nocioni e Campazzo, ambos do Real). O resto aparece com um cada: Croácia, França, Lituânia, México, Bielorrússia, Geórgia, República Tcheca e Tunísia. Com a eliminação do Barça de Huertas, pelas quartas de final, e do Limoges de JP Batista, pela primeira fase), não restou nenhum brasileiro – no evento principal, no caso, pois nas finais do torneio juvenil, o Adidas Next Generation tournament, consta o pirulão Felipe dos Anjos, de 17 anos, pivô de 2,18 m do Real Madrid.

14 – Este é o 14º Final Four da carreira de Obradovic, o técnico do Fenerbahçe, com seis clubes diferentes, sendo o recordista disparado em ambos os quesitos. Em suas 13 tentativas anteriores, ganhou impressionantes oito títulos. Se fosse um clube, estaria empatado com o Real Madrid, o único octocampeão. Foi bem-sucedido com o Partizan Belgrado em 1992, o Joventut Badalona em 1994, o Real Madrid em 1995 e o Panathinaikos em 2000, 2002, 2007, 2009 e 2011. Tá bom? A única equipe que o sérvio falhou em levar ao F4 foi o Benetton Treviso, em 1998. Em termos de equipes, o CSKA Moscou é aquela que mais disputou as semis da Euroliga, chegando perto do título também em 14 ocasiões – no formato moderno, de 1988 para cá, já contando esta edição. Triunfou em 2005, 06 e 08. O Olympiakos tem dez aparições, enquanto o Real Madrid, oito. Entre os atletas, Victor Khryapa, um ícone do clube, chega ao seu décimo.

Zoc de novo, agora pelo Fener

Zoc de novo, agora pelo Fener

10 – Na revanche entre CSKA e Olympiakos, estarão presentes em quadra nove atletas que disputaram a histórica decisão de 2012, decidida com uma bola de Georgios Printezis no estouro do cronômetro. O próprio Printezis segue defendendo o clube grego, ao lado dos compatriotas Spanoulis, Vangelis Mantzaris e Kostas Sloukas. Pelo fronte russo, temos Kirilenko (que saiu e voltou, após passagens por Minnesota e Brooklyn), Khryapa, Teodosic, Sasha Kaun e Andrey Vorontsevich, além do pivô norte-americano Hines, que vive um momento especial, ou estranho, campeão há três anos e que virou a casaca.

7 – A Euroliga já anunciou as seleções da temporada. Dos 10 jogadores apontados, sete vão jogar o Final Four: Milos Teodosic (CKSA), Spanoulis (Olympiakos), Bjelica (Fenerbahçe) e Felipe Reyes (Real Madrid) no primeiro time, enquanto Nando De Colo (CSKA), Andrew Goudelock (Fener) e Rudy Fernández (Real) aparecem na segunda equipe. O gigante sérvio Boban Marjanovic, do Estrela Vermelha, completa o quinteto ideal, enquanto a segunda unidade conta ainda com o ala Devin Smith, do Maccabi Tel Aviv, e com o pivô croata Ante Tomic, do Barcelona.

Spanoulis, Teodosic, Bjelica, Reyes e Marjanovic

Spanoulis, Teodosic, Bjelica, Reyes e Marjanovic

6 – Os clubes da NBA possuem os direitos sobre meia dúzia de atletas dos quatro melhores clubes da temporada europeia. Caras que já foram draftados no passado, mas que ainda não cruzaram o Atlântico. São eles: Sasha Kaun (30 anos, CSKA/56º em 2008, pelo Cavs); Emir Preldzic (27 anos, Fenerbahçe/57º  em 2009, pelo Cavs, mas cujos direitos hoje pertencem ao Mavericks); Nemanja Bjelica (27 anos, Fenerbahçe/35º em 2010, pelo Minnesota Timberwolves); Bogdan Bogdanovic (22 anos, Fenerbahçe/27º pelo Suns, em 2014); Georgios Printezis (30, Olympiakos/ 58º em 2007, pelo Raptors, mas cujos direitos hoje pertencem ao Hawks; Sergio Llull (Real Madrid/34º pelo Rockets, em 2009).

 4 – A superpotência CSKA chega ao seu quarto Final Four consecutivo, tendo terminado em segundo, terceiro e quarto, respectivamente, nas últimas três edições. Após dois vice-campeonatos, o Real joga pela terceira vez seguida, enquanto o Olympiakos retorna após o bi de 2012 e 2013.

PS: O canal Sports+ transmite o Final Four da Euroliga com exclusividade. Estou nessa com a companhia dos chapas Ricardo Bulgarelli, Maurício Bonato e Rafael Spinelli.


Euroligado: Spanoulis e sua fama de matador
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Giancarlo Giampietro

O craque Spanoulis matando jogos

O craque Spanoulis matando jogos

Se você tem um jogo dificílimo na Euroliga, precisando de uma cesta de qualquer jeito, você vai querer a bola nas mãos de quem para buscar a vitória?

Quando questionados pelo site da Euroliga, os gerentes gerais dos times do Top 16 apontaram Vassilis Spanoulis como esse jogador. Ele recebeu 41,6% dos votos, contra 25% de um cara como Juan Carlos Navarro, que mete medo em qualquer defesa. Milos Teodosic ficou em quarto, com apenas 8,3%, o que é surpreendente.

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Contra o Fenerbahçe, nesta sexta-feira, o astro grego comprovou a fama. Ele não fez necessariamente A Cesta da Vitória, aquela no estouro do cronômetro, e tal, virando o placar. Mas foi um de seus chutes de três, a 17s8 do fim, que praticamente selou um grande triunfo do Olympiakos no…

Jogo da Rodada: Fenerbahçe 68 x 74 Olympiakos
Spanoulis é o tipo de jogador que não só cresce em momentos decisivos – e, não, com ele, essa definição não configura um clichê –, como também exige que o adversário planeje todo um sistema defensivo para contê-lo. Uma necessidade que aumentou drasticamente depois que ele comandou um bicampeonato europeu em 2012 e 2013.

Não: o Olympiakos não teve ou tem apenas um jogador decente em seu elenco. Mas é inegável que seu ataque depende muito das características de um armador completo e agressivo com ele. O camisa 7 representa um problema nas movimentações do lado contrário a e a partir do drible. Quando está com a bola, vai usar e abusar de corta-luzes para ganhar terreno perigoso e colocar a retaguarda em crise, uma vez que pode matar tanto o chute de três, como se esgueira em meio a grandalhões e finaliza próximo do aro.

Ciente dessas habilidades, a diretoria do clube de Pireus procura cercá-lo de pivôs explosivos, que possam receber passes em velocidade no corte para a cesta, e chutadores no perímetro, para espaçar a quadra. É tudo muito simples, mesmo, mas vá tentar parar isso.  No jogão transmitido pelo Sports+, com Rafael Spinelli e Ricardo Bulgarelli, o Fenerbahçe tentou e teve algum sucesso em Istambul, até que a partida caminhou para os momentos decisivos.

Zeljko Obradovic já dirigiu Spanoulis no Panathinaikos. Sabe muito bem como lidar com o cara. O que ele fez? Quando Spanoulis tinha a bola em mãos, procurou jogar com pivôs mais ágeis e atléticos, que pudessem confrontá-lo depois do corta-luz e se recuperar em tempo de reencontrar o pivô da vez, desfazendo a troca. Ter a flexibilidade de Jan Vesely e Nemanja Bjelica ajuda para isso. Quando o grego procurava se desmarcar sem a bola, a equipe turca também tinha ordem para fazer trocas imediatas, para que ele não ganhasse o mínimo espaço para ser acionado e atacar. Além disso, quando o cara conseguia passar pela primeira linha defensva, o Fener tinha envergadura e atenção para fazer uma boa cobertura e contestá-lo na zona pintada.

Com disse, deu relativamente certo: o armador errou todos os seus arremessos de dois pontos (0-4) e cometeu cinco turnovers – aliás, seu número de desperdícios tem sido elevado durante todo o campeonato, num reflexo de uma condição física que já começa a se deteriorar, encarando uma tendinite séria no joelho, que o abalou na temporada passada. Por outro lado, ainda conseguiu cavar cinco faltas, convertendo 7 de 7 lances livres. É a pressão que exerce mental e taticamente sobre seus adversários.

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Até que, nos últimos dois minutos, Spanoulis desembestou ao converter oito dos nove pontos derradeiros para os visitantes. “Clutch”, é o que dizem, né? O craque terminou com 16 pontos e 6 assistências, matando 3/7 nos arremessos de fora, incluindo a bola decisiva a 17 s do fim, quando o placar estava empatado em 68 a 68. O chute obrigaria o Fener a buscar um ataque rápido para uma bola de dois pontos ou a tentar o empate direto com um chute de longa distância. Bogdan-Bogdan e Zisis, no entanto, se atrapalharam na reposição de bola, resultando num turnover e o fim das esperanças.

Talvez seja por isso que os dirigentes também o tenham selecionado como o principal líder da Euroliga, com 45,83% dos votos (novamente acima de Navarro), e, mais importante, como o jogador que seria a prioridade para contratação, com 33,3%, superando o superpivô Ante Tomic, com 12,5%.

Jan Vesely: impacto positivo para o Fener, atleticamente

Jan Vesely: impacto positivo para o Fener, atleticamente

De volta ao jogão, outra cartada tática importante: o técnico Giannis Sfairopoulos usou uma formação baixa por muitos momentos, com o americano Tremmell Darden – que o Real Madrid inexplicavelmente deixou sair… – marcando Nemanja Bjelica. Sua equipe não só não sentiu o impacto dessa decisão nos rebotes, como conseguiu tirar Bjelica de jogo. O ala-pivô sérvio, como já registrado aqui na semana passada, está jogando demais e é uma peça integral no ataque turco, devido a sua mobilidade, visão de jogo e arremesso incomuns para a posição. Em diversas ocasiões, é Bjelica quem já puxa o contra-ataque do Fener, sem perder tempo em acionar o armador. Esse jogo em transição pouco funcionou contra os gregos.

Nos minutos finais, sem poder contar com o sérvio e também sem poder explorar muito Jan Vesely (devido ao seu péssimo lance livre), o Fener se complicou. Andrew Goudelock (23 pontos em 32 minutos, 5-11 de três pontos) vinha convertendo tudo no ataque em jogadas de isolamento, mas se atrapalhou todo nas últimas posses de bola. De qualquer forma, o clube de Istambul está progredindo sob o comando de Obradovic, enfim. Pode ter duas derrotas em três rodadas pelo Grupo F, mas, ainda que em casa, perdeu para quem tinha de perder – o primeiro revés foi contra o CSKA –, e tem totais condições de dar o troco na volta. Olympiakos e CSKA lideram, invictos no Top 16.

Na trilha de Huertas
O armador brasileiro teve sua menor contagem de pontos (4) desde a 2ª rodada da primeira fase, e o Barcelona acabou perdendo mais uma pelo To p16, a segunda em três jogos, dessa vez para o Maccabi Tel Aviv, em Israel, por 70 a 68. Foi uma boa queda de produção para Huertas, que vinha numa sequência incrível pelo clube espanhol, com média de 21,7 pontos por partida nas últimas quatro jornadas – ele ainda deu sete assistências em 25 minutos, acertando de dois de oito arremessos. Com 20 pontos do fogoso Jeremy Pargo, o Maccabi encerrou uma sequência de oito derrotas nesse tradicional confronto europeu. O atual campeão continental chegou a abrir 11 pontos de folga no terceiro período, mas teve de resistir a uma preocupante reação dos visitantes no quarto final, com ótima participação do jovem ala croata Mario Hezonja.

Em números

Devin Smith, capitão do Maccabi, dá o toco em Maciej Lampe. Bonito na foto

Devin Smith, capitão do Maccabi, dá o toco em Maciej Lampe. Bonito na foto

500 – Contra o Barça, o Maccabi atingiu a marca de 500 vitórias na elite do basquete europeu, justamente em seu jogo de número 800.

69% – O trio de armadores Milos Teodosic, Aaron Jackson e Nando de Colo marcou 54 dos 78 pontos (ou69%) da vitória do CSKA Moscou sobre o Anadolu Efes, em Istambul. De Colo foi eleito o MVP da semana, aliás, com 34 de índice de eficiência, com 22 pontos, 7 rebotes, 2 assistências e 4 roubos de bola em 31 minutos. O CSKA tem 13 vitórias em 13 jogos.

7 – Apenas sete atletas do Panathinaikos pontuaram na vitória tranquila sobre o Zalgiris Kaunas, em Atenas, por 77 a 58. O interessante é que, desses sete, seis terminaram com dígito duplo, entre 10 e 14 pontos. Dimitris Diamantidis terminou com sete pontos em quase 26 minutos, mas deu seis assistências. Com tempo de quadra significativo, o letão Janis Blums e o americano DeMarcus Nelson ficaram sem pontuar.

5 – Cinco dos oito jogos da semana terminaram com triunfo dos visitantes. Quem se aproveitou dessa onda foi o Olimpia Milano, que bateu o Unicaja Málaga por 84 a 77. Em seu reencontro com o Estrela Vermelha depois da melhor partida da primeira fase – que teve desfecho fatídico fora de quadra –, o Galatasaray conseguiu um importantíssimo triunfo em Belgrado: 74 a 65. O Estrela está na lanterna do Grupo E, enquanto o Málaga ocua a última posição do Grupo F, ambos com três derrotas até aqui.

0 – O armador americano Ben Hansbrough acumula 26min55s em três partidas pelo Laboral Kutxa na Euroliga e está zerado em pontuação até o momento, tendo tentado apenas dois arremessos. Além disso, tem o mesmo número de faltas pessoais que o de rebotes e assistências somados (sete). Quer dizer: nem sempre o selo de NBA diz muito sobre um jogador. Sim, estamos falando do irmão mais jovem de Tyler Hansbrough, que jogou junto dele no Indiana Pacers por uma temporada – sendo o terceiro armador da rotação, é verdade. Está cedo ainda, mas, para quem chegou para substituir Sasha Vujacic, é muito pouco. Sua equipe ao menos conseguiu a primeira vitória no Top 16 ao bater o Nizhny Novgorod, da Rússia, por 81 a 74, em casa, jogo que transmiti pelo Sports+. Um dos cestinhas do campeonato, o armador Taylor Rochestie marcou 24 pontos pelo Nizhny, acertando seis em sete chutes de longa distância.

Tuitando


As jogadas da semana!


Euroligado: sobraram 3 vagas e apenas um invicto
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Giancarlo Giampietro

CSKA de Sonny Weems está sobrando por enquanto

CSKA de Sonny Weems está sobrando por enquanto

Foi a nona e penúltima rodada da primeira fase da Euroliga, e está praticamente tudo definido para o Top 16: restam somente três vagas para se definir a elite do continente nesta temporada. O que está no jogo para a 10ª semana da competição? As terceira e quarta posições do Grupo A, disputadas entre Zalgiris Kaunas e os russos do Unics Kazan e do Nizhny Novgorod, e a quarta colocação do Grupo D, que está agora entre o estreante Neptunas Klaipeda e um Galatasaray em desconstrução (mais abaixo).

Dentre as conclusões que se pode tirar após nove partidas, temos a confirmação do CSKA Moscou como a equipe a ser batida. O time do técnico Dimitris Itoudis é o único invicto entre todos os 32 competidores, ainda que sua invencibilidade tenha sido sustentada com muito custo na sexta-feira, numa vitória na prorrogação sobre o Unicaja Málaga, na Espanha, por 76 a 75. A equipe russa forçou o tempo extra com uma grande virada no segundo tempo, fazendo uso de uma defesa opressora. Os visitantes tomaram 43 pontos nos primeiros 20 minutos e, depois do intervalo, levaram só 23, sendo 10 no quarto final, para reverter uma desvantagem de 16 pontos. Impressionante. A despeito de todo o drama na partidaça transmitida pelo Sports+,  com a autoridade de sempre de Rafael Spinelli e Ricardo Bulgarelli, temos outra opção para…

O jogo da rodada: Barcelona 89 x 91 Fenerbahçe
Para quem não se lembra, este choque de potências esportivas europeias já havia sido o grande destaque da oitava semana. Um mês depois, cá estamos novamente, e com um contexto muito interessante: o Fener devolveu na Catalunha a derrota sofrida em Istambul. E pela mesma vantagem de dois pontos, com um placar um pouco mais volumoso que o do jogo de ida (80 a 78). Explica-se: foi necessária uma prorrogação, após um empate por 79 a 79 em 40 minutos. O clube turco chegou a ter uma vantagem de 42 a 35. A maior do Barça foi de cinco pontos: 56 a 51. Equilibrado, ou não? Caiu, dessa forma, outro invicto.

Com um melhor aproveitamento nos lances livres (13-21, 61,9%), o Fenerbahçe talvez pudesse ter evitado tanto sofrimento. Por outro lado, o Barcelona não cuidou bem da bola (19 turnovers), numa atuação atípica de seu perímetro, mas que se explica pelo excesso de desfalques: Juan Carlos Navarro, Brad Oleson e Alejandro Abrines não jogaram.

Até por isso, Marcelinho Huertas foi exigido ao máximo. E o armador correspondeu, fazendo sua melhor partida na temporada. Muitos vão falar do toco que ele sofreu de Jan Vesely no último ataque do tempo regulamentar, mas a verdade é que o brasileiro fez tudo o que pôde para manter sua equipe no jogo. Antes de ser bloqueado por Vesely, ele já havia anotado quatro pontos no mesmo minuto. Na prorrogação, foram  seis pontos, tendo forçado inclusive um empate por 89 a 89 a menos de um minuto do fim.

Do outro lado, o elegante ala-pivô Nemanja Bjelica acabou lhe roubando a cena para ser o grande nome em quadra, mesmo que tenha marcado apenas 13 pontos e cometido 5 desperdícios de posse de bola. Foram do sérvio as duas cestas decisivas do confronto: um tapinha a 14s6 do fim do quarto período e uma bandeja com apenas 2 segundos no cronômetro da prorrogação. Seu compatriota Bogdan Bogdanovic, uma estrela em ascensão na Europa, marcou 23 pontos, matando 50% de seus arremessos em 38 minutos.

Todos amam Nemanja Bjelica, ainda mais depois de um jogo desses

Todos amam Nemanja Bjelica, ainda mais depois de um jogo desses

Os brasileiros
Marcelinho Huertas
marcou 25 pontos em 41 minutos. Além disso, deu cinco assistências e pegou quatro rebotes pelo Barça, convertendo 8 de 17 chutes. Foi agressivo também e cobrou oito lances livres, acertando sete (ambas as maiores marcas do confronto). Obviamente ele trocaria tudo isso por uma vitória.

Huertas, solto como nos tempos de Bilbao, fazendo o que sabe

Huertas, solto como nos tempos de Bilbao, fazendo o que sabe

JP Batista começou jogando o duelo do Limoges com o ALBA Berlin, mas foi limitado a 14 minutos. Nesse tempo, marcou oito pontos, com 4/8 nos arremessos. Os campeões franceses acabaram perdendo em casa por 71 a 65 e foram eliminados da competição, endereçados agora para a Eurocup. O time alemão garantiu a classificação, como quarto colocado do Grupo B (atrás de CSKA, Maccabi e Unicaja), acabando também com as pretensões do Cedevita Zagreb.

Jan Vesely, bem longe de Washington

Jan Vesely, bem longe de Washington

Lembra dele? Jan Vesely (Fenerbahçe)
Já falamos aqui do toco do ala-pivô tcheco para cima de Huertas, assegurando a prorrogação em Barcelona. Só foi mais um indício da recuperação de confiança de um talentoso jogador que simplesmente não se encontrou na NBA, pelos mais diversos motivos (entre os quais pesou demais a bagunça que era o Washington Wizards). Com mais tempo de quadra em seu retorno ao basquete europeu, mesmo num clube cheio de opções para Zeljko Obradovic usar, Vesely vem relembrando os olheiros por que já foi uma sexta escolha de Draft nos Estados Unidos. Ainda estamos falando de um jogador de 24 anos e capacidade atlética e envergadura acima da média para o Velho Continente, que causa muito impacto na defesa – foram três bloqueios, dois roubos de bola e dez rebotes (quatro ofensivos) contra o Barça. Marcou também 16 pontos e alcançou seu maior índice de eficiência até aqui (28), tendo Ante Tomic e Tibor Pleiss do outro lado.

Um causo: os calotes do Galatasaray
O técnico Ergin Ataman vive uma temporada para se esquecer. Já teve uma toalha atirada em sua direção pelo armador Nolan Smith, ex-Blazers. Em Istambul, numa coletiva, acusou os torcedores do Estrela Vermelha de terroristas, baderneiros, sem saber que, fora do ginásio, um sérvio seria esfaqueado por um turco. Além disso, a cada entrevista coletiva ele precisa enfrentar as incessantes perguntas sobre o atraso de salários para os atletas. O ala-pivô Furkan Aldemir, por exemplo, já rescindiu seu contrato e deve fechar com o Philadelphia 76ers, clube que tem seus direitos na NBA. Com a equipe em vias de ser eliminada na primeira fase, mais três atletas já parecem de saída também: o ala italiano Pietro Aradori, o pivô grego Ian Vougioukas e o pivô australiano Nathan Jawai. Obviamente é uma situação que tem impacto direto no que acontece em quadra. Nesta rodada, o Gala perdeu para o Neptunas Klaipeda, fora, por 82 a 72, se complicando. Para se manter vivo no campeonato, o time de Ataman precisa vencer o líder Olympiakos na última rodada, em casa, e que o Neptunas perca para o já eliminado Valencia, fora.

Galatasaray de Arroyo e Ataman se complica; Neptunas de Deividas Gailius tem grande chance

Galatasaray de Arroyo e Ataman se complica; Neptunas de Deividas Gailius tem grande chance

Em números
53% –
Um dos grandes personagens da oitava semana, Daniel Hackett prolongou sua boa fase em vitória do Olimpia Milano sobre o Panathinaikos, em casa, por 66 a 64. O mais interessante foi que o armador ítalo-americano tentou 53% dos arremessos de quadra de sua equipe: uma concentração muito incomum para o basquete europeu (17 de 32). Hackett somou 21 pontos, 4 assistências e 4 rebotes. O segundo maior pontuador do time foi o fogoso Alessandro Gentile, com 9 pontos.

James White, o helicóptero humano, na vitória do Unics sobre o Zalgiris

James White, o helicóptero humano, na vitória do Unics sobre o Zalgiris

50% – Duas das quatro vagas do Grupo A ainda estão abertas, na chave mais equilibrada da primeira fase. Com apenas uma vitória em nove rodadas, o Dínamo Sassari não foi páreo para ninguém. De resto, a batalha segue em aberto. Hoje, Unics, com cinco vitórias e quatro derrotas, e Zalgiris, com quatro e cinco, estariam garantidos. Acontece que o Nizhny tem a mesma campanha do quarto colocado, cheio de moral depois de ter batido o Anadolu Efes em Istambul, por 65 a 61. O Unics venceu o confronto direto com o Zalgiris por 73 a 60 e, na última rodada, vai visitar o Nizhny (quem vencer, avança), enquanto o clube lituano recebe o lanterinha Sassari, em situação favorável (pode se classificar mesmo se perder, desde que o Unics vença).

37 – Já despachado, o Bayern de Munique venceu o Turow Zgorzelec por 95 a 89, em casa, com 37 pontos de eficiência do veterano ala-pivô sérvio Dusko Savanovic, o MVP da jornada. Savanovic anotou 31 pontos e pegou 6 rebotes, convertendo 11 de 16 arremessos  (4-6 de três pontos), em apenas 25 minutos.

Tuitando

Em entrevista, Spanoulis diz que já ficou perto de assinar com o Barcelona. Imagine ele ao lado de Navarro? Afe. Para completar, disse que jamais defenderia o Real Madrid. Galáctico não é com ele. 

Com tantos desfalques no Barcelona, o croata Mario Hezonja…

Spike Lee foi a Milão e não perdeu a chance de ver um jogo da Euroliga de perto: Olimpia Milano x Panathinaikos. Na fase que vive o Knicks, não demora para o cineasta virar a casaca. Brincando, ele disse que a partida foi disparada a melhor que ele viu na temporada.


Em movimento intrigante, Brasília contrata ala ex-NBA
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Giancarlo Giampietro

Hobson, em rara aparição pelo Milwaukee Bucks. Agora no cerrado

Hobson, em rara aparição pelo Milwaukee Bucks. Agora no cerrado

É difícil redigir manchetes, sabia? Ou títulos. Elas são a mesma coisa, basicamente, mas “manchete” carrega muito mais peso do que “título”, como o pai dos burros – o  atencioso pai de todos nós– conta. “Manchete é o título principal numa edição de jornal” e pode vir “em caracteres grandes, como título de uma notícia sensacional”, na descrição do Michaelis.

Esse aqui de cima vale como título, no qual para muita gente deve se destacar o “ex-NBA”. Que é um tanto sacana, admito, uma vez que o ala americano Darington Hobson, contratado no final de semana pelo Brasília, disputou apenas cinco jogos pela grande liga. Cinco jogos? Ex-NBA? Sensacionalismo na certa. Pois é. Mas convido o amigo e corajoso leitor a embarcar comigo se concentrar mais na primeira parte da frase, no tal do “movimento integrante”. Mais genérico, mas que nos ajuda a contar melhor essa história.

São dois pontos a nos intrigar, na verdade.

Primeiro que Hobson é um jogador muito talentoso, que vai completar 27 anos daqui a uma semana, e que tem tudo para causar um grande impacto em quadras brasileiras por um time de ponta;

Herrmann, uma contratação excepcional para o mercado brasileiro

Herrmann, uma contratação excepcional para o mercado brasileiro

Segundo que, mesmo que tenha ficado muito tempo em quadra  pela NBA, isso ninguém vai lhe tirar de seu currículo, e ainda é muito difícil encontrar alguém com essa grife jogando por essas bandas. De qualquer forma, não é necessariamente o carimbo que importa mais nessa transação. O que pesa mais é o simples fato de os clubes do mercado brasileiro parecerem um pouco mais antenados do que o habitual. Em vez de ficar apenas com a rebarba da rebarba, temos visto algumas contratações um pouco mais relevantes em cenário internacional, que exigiram a atenção de veículos especializados lá fora.

A repatriação de Rafael Hettsheimeir pelo Bauru pode não ser a melhor notícia para os fãs do pivô brasileiro, que talvez esperassem um pouco mais dele, mas é excelente para Bauru e a liga nacional. Mais relevante ainda é a chegada de um craque como Walter Herrmann ao Flamengo – outro ex-NBA, mas que definitivamente tem muito mais em seu histórico profissional a apresentar do que a passagem de três anos pelos Estados Unidos. Campeão olímpico, MVP na Espanha, um baita jogador, ainda que em fase final de carreira. O mesmo Fla que parece ter acertado também no fim de semana a contratação de Derrick Caracter, pivô ex-Lakers (sobre a qual falaremos mais nesta semana, esperando a oficialização, já com a ressalva de que Caracter só disputaria a Copa Intercontinental contra o Maccabi e os amistosos nos Estados Unidos).

Enfim, são quatro contratações que têm muito mais representatividade no mercado da bola (ao cesto). Entre elas, falemos agora um pouco mais sobre a de Hobson, que chega para reforçar consideravelmente a rotação perimetral do Brasília. É preciso ver com qual mentalidade o americano chega ao cerrado. Se chega com perspectiva de dominar (esfomear, leia-se), se está animado, ou o quê. Nunca se sabe. Se for o mesmo Darington de sempre, deve contribuir com algumas características muito interessantes.

Vindo do modesto nível do Junior Colleges, Hobson entrou no radar da NBA durante sua temporada de junior, pela Universidade de New Mexico, em 2009-10. Os Lobos, como são conhecidos, se tornaram O Time da conferência Mountain West nos últimos anos, deixando San Diego State (de Kawhi Leonard) e BYU (Jimmer, Baby, Luiz Lemes e Tavernari) para trás. Têm presença constante nos mata-matas da NCAA, mas com pouco sucesso nacional.

Hobson enterra: não sei bem o quanto de "show" o americano pode entregar no NBB, mas é de se esperar um talento acima da média para o Brasília

Hobson enterra: não sei bem o quanto de “show” o americano pode entregar no NBB, mas é de se esperar um talento acima da média para o Brasília, para tornar a equipe mais coesa

Em sua campanha com a equipe, o ala se tornou o primeiro jogador da história a liderá-la em pontos (15,9), rebotes (9,3) e assistências (4,6). O que já nos conta muito sobre a versatilidade deste atleta canhoto de 2,01 m de altura e corpo lânguido. Ganhou o prêmio de destaque da MWC, um estrondo, ainda mais se considerarmos que foi sua primeira temporada em um campeonato decente, por um time de ponta.

Hobson pode pontuar de diversas maneiras – chute de fora, partindo para a cesta, ainda que de forma errática. Mas, creio, seu diferencial esteja realmente em sua visão de quadra e em seu potencial como “homem de ligação” num quinteto, fazendo de tudo um pouco para tornar um time uma unidade mais coesa. Mantendo esse perfil, é alguém que poderá assessorar, e muito, o armador Fúlvio na organização ofensiva – os chutadores Arthur e Giovannoni devem gostar. Segue aqui, em inglês, um scout de seus tempos de universitário, cortesia do DraftExpress.

Em 2010, Hobson foi escolhido na posição 37 do Draft, pelo Milwaukee Bucks, aos 22. Sua cotação chegou a ser mais alta, mas uma insistente lesão na virilha o atrapalhou bastante no processo de recrutamento. as mesmas dores que o impediram de disputar a liga de verão de Las Vegas pelo clube. Depois de fazer um exame detalhado, os médicos do Bucks descobriram que o jogador, na real, tinha um desalinhamento nos quadris. Acabou passando por duas cirurgias e ficou fora de toda a temporada, tendo seu contrato rescindido. Esse é um fator decisivo para entendermos sua condição de “ex-NBA”.

A franquia do Winsconsin ainda foi leal ao jovem em que apostou. Uma vez recuperado das operações, preparou em 2011 um novo contrato, de dois anos, por US$ 1,4 milhões, mas parcialmente garantido. O ala, porém, só ficou no time até fevereiro de 2012, sem conseguir mostrar muito – foi nesse período que aconteceram suas cinco partidas pela liga, com resultados pouco satisfatórios em uma situação obviamente pouco favorável. Para constar, seus concorrentes por tempo de quadra eram Stephen Jackson, Carlos Delfino, Shaun Livingston e Tobias Harris.

Dispensado, foi batalhar na D-League. Naquela temporada, jogou pelo Fort Wayne Mad Ants – sério concorrente do Rio Grande Valley Vipers como nome mais absurdo de franquia norte-americana. Depois, em 2012-2013, foi companheiro de Scott Machado no Santa Cruz Warriors, pelo qual teve médias de 9,2 pontos, 5,7 rebotes e 4,3 assistências – de novo a versatilidade dando as caras. No ano passado, em busca de melhor pagamento, o americano topou jogar fora do país pela primeira vez, defendendo o Hapoel Migdal Haemek, da segunda divisão israelense, com médias de 15,4 pontos, 10,5 rebotes e 3,3 assistências em 12 jogos. Antes de mais nada, não riam: “segunda divisão israelense” não parece tão ruim quanto parece. Estamos falando de um país pequeno, mas de forte estrutura e competitividade interna bas-que-te-bo-lís-ti-ca.

Agora, aparece Brasília na vida do americano, que, em seu contrato, tem cláusulas que o liberariam para a NBA ou para a Europa, caso apareça alguma proposta que considere mais valiosa. Se no início de carreira como profissional, seus problemas físicos foram sérios o suficiente para abalar suas pretensões, no NBB, agora em forma, Hobson tem o necessário para se destacar, com um estilo que está longe de ser explosivo, mas bastante fluído. É daqueles jogadores que faz o basquete parecer fácil – como no caso de Marquinhos, por exemplo. Alguém que pode ajudar o Brasília a lutar novamente pelo títulos. Títulos que, aí, sim, renderiam manchetes.

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Curiosidade sobre o Draft de 2010 da NBA, que só reforça o quão brutal é a concorrência para ter essa sigla em seu currículo. Dos 30 atletas selecionados na segunda rodada daquele ano, apenas dois estão na liga no momento com contratos garantidos. Dois! Os felizardos são o inigualável Lance Stephenson, agora do Charlotte Hornets, e o já moribundo Landry Fields, que cumpre seu último ano de vínculo com o Toronto Raptors, quase fora do baralho, mas um cara decente, que pode dar uma força a Bruno Caboclo nos treinos.De resto, temos o pivô Jarvis Varnado no Philadelphia 76ers, sempre  à mercê dos planos mirabolantes do gerente geral Sam Hinkie.

Outros dois jogadores estariam nos Estados Unidos se quisessem e seus clubes europeus permitissem: o pivô alemão Tibor Pleiss, hoje do Barcelona, cujos direitos pertencem ao Oklahoma City Thunder, e o ala-pivô sérvio Nemanja Bjelica, do Fenerbahçe, destaque pela Copa do Mundo, vinculado ao Minnesota Timberwolves. São dois caras bem pagos na Europa, mas que logo, logo devem cruzar o Atlântico. Da mesma safra de estrangeiros selecionados? Paulão Prestes, também pelo Wolves.

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Se não estou deixando passar alguém, o NBB 7 vai começar no dia 31 de outubro com quatro jogadores que com experiência na NBA, em partidas oficiais. Alex, Marquinhos e Herrmann fazem companhia a Hobson. Fica pendente uma quinta vaga para Rafael “Baby” Araújo, caso feche mais um contrato.

Outros atletas que já passaram por lá e cá, com uma bela ajuda da turma no Twitter: Leandrinho, o armador Jamison Brewer, ex-Pinheiros e Pacers, o pirado Rashad McCants, aposta ex-Timberwolves totalmente furada do Uberlândia, o ala-armador Jeff Trepagnier, ex-Liga Sorocabana e Nuggets, e os alas Eddie Basden, que até que se deu bem em Franca, Bernard Robinson, ex-Minas e Basquete Cearense, e Chris Jefferies, ex-Raptors e Minas.

Destes, McCants era o mais talentoso e gabaritado, sem dúvida, mas a dor-de-cabeça que ele causa fora e dentro de quadra o tornam proibitivo. Comparando com seus antecessores, Hobson seria, então, o mais promissor dos americanos importados.

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De jogadores draftados, mas que não chegaram a disputar partidas oficiais pela NBA, que tenham dado as caras por aqui, temos Paulão e o pivô DeVon Hardin, ex-Basquete Cearense.

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O caminho inverso, saindo do NBB para a NBA, apenas dois fizeram: Leandrinho, saindo do Flamengo e do Pinheiros, em curtos pit-stops, e Caboclo, esse, sim, a grande história.


EUA x Sérvia: 10 fatores para ficar de olho na final
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Giancarlo Giampietro

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Os Estados Unidos lutam pelo bicampeonato mundial e pelo quarto ouro seguido nos torneios internacionais da Fiba. A Sérvia quer seu primeiro grande título como um país balcânico solitário – sem ser Iugoslávia ou Sérvia & Montenegro, nem nada disso. Seguem dez perguntas que servem como um guiazinho para a decisão da Copa do Mundo de basquete. Foi bom enquanto durou:

Os Estados Unidos são os favoritos?
São, sim. Depois de arrasar Grécia e Brasil e de passar pela França, a Sérvia tem chance, mas os americanos precisam ser considerados muito favoritos. Em seus oito jogos pelo Mundial, o time venceu com média de 32,5 pontos por partida. Mesmo que sua tabela tenha sido bem mais fácil que a dos sérvios, esse saldo de cestas é de um time que vem trucidando a oposição. É algo que impressiona ainda mais considerando todos os desfalques na lista de Mike Krzyzewski. (Para quem não sabe ou já perdeu a conta: LeBron, Carmelo, Durant, Westbrook, Paul, Love, Griffin, Aldridge e George.)

O que a Sérvia precisa fazer para tentar equilibrar as ações?
Primeiro de tudo, dominar os rebotes defensivos. Anthony Davis e Kenneth Faried atacam a tábua com muita voracidade e elasticidade. São 14,9 rebotes ofensivos em média para o Team USA durante o torneio – a terceira melhor marca, atrás apenas de Angola e Nova Zelândia –, mantendo a bola viva em quadra e criando segundas chances para seus companheiros. Quer dizer: se é que eles já não vão cravá-la direto na cesta, ou ajeitá-la com um tapinha. Do seu lado, os sérvios não lutam muito pelas rebarbas. Contra, os Estados Unidos, ainda mais em arremessos longos, é recomendável que realmente abram mão desse tipo de bola e voltem o quanto antes para a defesa, como medida preventiva, uma vez que o contra-ataque é a melhor arma de seu adversário.

Se for marcar por zona, não pode descuidar do Klay "Splash Brother" Thompson

Se for marcar por zona, não pode descuidar do Klay “Splash Brother” Thompson

Espere também muitas “faltas táticas” por parte dos europeus, um dispositivo que eles usaram sem o menor pudor contra o Brasil, nas quartas de final. São as faltas em que os atletas evidentemente usam para brecar os rivais, parando o lance. O risco é pendurar seus titulares: os Estados Unidos correm muito mais que os brasileiros, em dois sentidos: são mais explosivos e também buscam mais o jogo em transição. Uma vez estabelecida a defesa, é de esperar marcação por zona ou pelo menos uma zona mista, que não pode dar liberdade para Curry e Thompson. Aqui está a dureza: Harden e Irving também incomodam no perímetro. São muitos chutadores para o time americano.

Os sérvios também devem a segurar bastante a bola no ataque, procurarem arremessos nos dez segundos finais. Milos Tedosic vai chamar o jogo de pick-and-roll sem parar e criar e finalizar a partir daí. Ajuda o fato de ter ao seu lado diversos bons arremessadores, com exceção do outro armador do time, Stefan Markovic, que tem um dos chutes mais feios que você vai ver. Markovic, porém, é muito estável com a bola. Alto, forte e habilidoso, comete poucos erros. Quando ele está driblando, Teodosic e Bogdan Bogdanovic vão se mexer bastante no perímetro para tentar receber o passe em condições de finalização. A ideia geral do time será de abrir espaços na defesa americana, tentando confundi-los, e deixar a partida lenta-quase-parando. A Turquia conseguiu complicar a vida dos Estados Unidos por três períodos fazendo esse tipo de jogo enroscado. Depois, foi atropelada no quarto final. Os turcos têm um garrafão mais físico e atlético que o da Sérvia – Asik tem uma presença marcante nos rebotes e na proteção de cesta –, mas no geral o talento dos sérvios é muito superior.

O que os EUA farão para controlar Milos Teodosic?
No segundo tempo da semifinal, Nicolas Batum mostrou para o Coach K como (tentar) marcar o armador sérvio. Pressionando  muito o drible do sérvio com sua envergadura e agilidade, combatendo os bloqueios, sem deixar que ele escapasse também nas ações fora da bola. O sérvio marcou apenas seis pontos na volta do intervalo, depois de 18 na primeira etapa.  Para os americanos, porém, faz falta um Andre Iguodala, de perfil atlético bem semelhante ao do ala francês, para repetir um abafa desses, né? Klay Thompson é o marcador que vem sendo destacado pelo treinador nesse tipo de missão, de pressionar o atacante.

Deixar Stephen Curry e Kyrie Irving com ele seria bastante perigoso. O armador sérvio sabe usar muito bem os formidáveis e brutais corta-luzes de Raduljica e Krstic para se desmarcar. A partir daí, é mortal: arremessa com tranquilidade em movimento, até mesmo da linha de três pontos. Também tem visão de jogo muito acima da média, podendo abastecer o grandalhão da vez no corte para a cesta. Tudo devagar, sem explosão física alguma, controlando a bola com muita cabeça. Brasileiros e gregos concordam, tristemente.

E o Teodosic conseguiria jogar na NBA?
Este embate também serve para matar um pouco da vontade de ver o genial sérvio na liga norte-americana. Provavelmente nunca vai acontecer: na Europa, ele é tratado como um reizinho, tendo defendido Olympiakos e CSKA Moscou nas últimas temporadas. Ganha muito bem e pode dar aquele migué na defesa, com a certeza de que, no ataque, seus rompantes decisivos lhe garantem com a torcida – e dirigentes e técnicos, embora estes últimos possam sofrer bastante com sua combatividade zero. Seu contrato é de US$ 7 milhões por três anos – 7 milhões limpos de impostos, tenha em mente. Mais carro, apartamento e todo mimo que a diretoria do CSKA julgar necessário na capital russa.

Qual americano talvez assuma a torcida pela Sérvia?
Ryan McDonough, gerente geral do Phoenix Suns, desde que o garoto Bogdan-Bogdan seja O Cara da partida. O cartola selecionou o prodígio no Draft passado da NBA, em 27º. Uma exibição primorosa do ala-armador não só deixaria McDonough com ainda mais moral no Arizona, como elevaria, e muito, a cotação do jogador. Obviamente o plano é aproveitá-lo, assim que Bogdanovic, a jovem estrela sérvia, decida a hora de deixar o Fenerbahçe. Se for necessário, contudo, os direitos sobre o jogador virariam um ótimo trunfo na manga do dirigente, para uma eventual megatroca na liga americana.

Bogdan-Bogdan manda algum francês ficar em silêncio. Trunfo do Suns

Bogdan-Bogdan manda algum francês ficar em silêncio. Trunfo do Suns

Será que ainda dá tempo de Miroslav Raduljica assinar com a NBA novamente?
Acho difícil. Para os que não sabem: o pivô não tem mais contrato com nenhum clube da liga americana, embora insistam em dizer o contrário durante todo o Mundial. Do Bucks, ele foi repassado para o Clippers, que o dispensou prontamente. Aparentemente, o sérvio tem algumas ofertas da liga americana, mas nada muito interessante: provavelmente aqueles contratos sem garantia para a temporada. É mais provável que algum clube europeu decida lhe propor mais dinheiro e uma situação mais promissora em termos de tempo de jogo. Nos Estados Unidos, o jogo mecânico e lento de Raduljica não se encaixa muito bem. Sem contar o fato de que não conseguiria parar nenhum armador da liga quando envolvido em jogadas de pick-and-roll. No mundo Fiba, ele pode recuar na defesa e se comportar como se estivesse numa defesa por zona o tempo inteiro.

Por falar em Raduljica, ele não vai machucar o Anthony Davis, né?
O gerente geral do New Orleans Pelicans, Dell Demps, do seu lado, certamente vai assistir ao jogo decisivo com muito mais apreensão. Ver seu jovem craque, a base esportiva e comercial do clube encarar o brutamontes ex-Milwaukee Bucks, em um jogo valendo tudo ou prata, não deve ser nada agradável. Quando ele descansa, ainda vem o Nenad Krstic, que tem o físico de um irmão Klitschko mais descuidado, mas com 2,10 m de altura. Na NBA, Davis e Raduljica já se encontraram assim:

Qual duelo chama mais a atenção?
Tirando Curry x Teodosic nos primeiros minutos de jogo? Bjelica x Faried!!! São dois jogadores que não poderiam ser mais diferentes. O sérvio é todo elegante com a bola. Alto, de passadas largas, muito habilidoso, é daqueles pivôs que pega o rebote em sua tabela e pode sair com a bola em pestanejar. Joga bastante afastado da cesta em geral no ataque, com bom arremesso de longa distância. Por isso, faz também um bom uso da finta, iludindo seus defensores mais precipitados, cortando para a cesta com eficácia. Foi algo que fez bastante contra o Brasil. Do outro lado, agora vai enfrentar alguém que realmente responde pelo apelido de “Manimal”. Faried passa eletricidade para todo o ginásio. Ainda que tenha refinado bastante seu jogo na última temporada, ele se impõe mesmo com sua capacidade atlética absurda e uma força de vontade difícil de se igualar. Para cosntar: Bjelica já foi selecionado no Draft da NBA pelo Minnesota Timberwolves, mas tem um contrato bastante lucrativo com o Fenerbahçe, com mais três anos de duração. As multas rescisórias não foram divulgadas.

Harden em foco: o maior peladeiro do mundo?

Harden em foco: o maior peladeiro do mundo?

E quem tem o arremesso mais bonito em quadra?
Olha, o esquerdista do basquete vai dizer que os grandes arremessadores estão na Europa e bla-bla-bla – acredite, ainda hoje há quem acredite que a NBA é só um produto de marketing, uma liga de “peladas” que conquistou o mundo graças ao capital diabólico norte-americano. Teodosic e Bogdan-Bogdan chutam que é uma beleza, mas em termos de forma e mecânica, não vai ter quem supere os “Splash Brothers” do Golden State, Curry e Thompson.

James Harden vai marcar quem?
A plateia da Fiba já assimilou  algo que é mania na NBA: aloprar a defesa do Mr. Barba. Até o mítico Wlamir Marques entrou na onda. No ar na ESPN, disse o seguinte sobre o astro do Rockets, com ternura: “Acho que hoje é o maior peladeiro do basquete internacional”. Nesse sentido, ele e Teodosic vão se amar. Talvez o ala-armador americano leve a preguiça do ídolo sérvio a outro patamar. Há momentos do jogo que ele realmente desencana de tentar marcar alguém. É batido no primeiro drible e já vira de costas para a cesta, como quem não quer nada. Contra a Sérvia, provavelmente ele comece o jogo como par de Nikola Kalinic, um ala atlético e bem mais alto que não chega a ter prioridade no ataque sérvio. Ele vive das sobras e de cortes por trás da defesa. Se o técnico Sasha Djordjevic estudar bem os americanos como fez contra gregos e brasileiros, acho que não vai ter problema em pedir mais jogadas que envolvam Kalinic. O duro é que, quando enxerga a Luz, Harden se comporta como um defensor decente até. Caso os sérvios encontrem um meio de equilibrar o jogo até o fim, será curioso monitorar como ele vai se comportar.


Bogdanovic: como construir uma jovem estrela sérvia
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Giancarlo Giampietro

Bogdan-Bogdan, 22 anos, chamando o jogo contra o Brasil

Bogdan-Bogdan, 22 anos, chamando o jogo contra o Brasil

Este espaço vem batendo na tecla nos últimos dias contrapondo o impacto que a produção das categorias de base de Brasil e Sérvia tem na formação de suas respectivas seleções. O paralelo poderia ser feito com qualquer outro dos países que disputam as semifinais da Copa do Mundo, mas calhou de serem os balcânicos a surgirem no meio do caminho de um time nacional que realmente tinha esperança de brigar por medalha.

Dentre os muitos talentos sérvios lançados ano após ano, num ritmo muito mais acelerado que o Brasileiro, embora tenham população 20 vezes menor, o caso de Bogdan Bogdanovic me parece o mais interessante para ser investigado, envolvendo diversas facetas do basquete de lá que talvez ajudem alguma alma iluminada com poder de decisão no basquete brasileiro.

Com 22 anos, o ala-armador, uma das revelações a serem vigiadas no Mundial, aparece como o terceiro cestinha sérvio no torneio, atrás apenas de Miroslav Raduljica, um pivô que também nos conta uma lição, e Milos Teodosic, que andava deveras comportado até arrebentar com a defesa brasileira nesta quarta-feira. Em termos de eficiência, ele aparece em quarto na lista, superado também por Nemanja Bjelica. Todos eles mais velhos, diga-se. Agora, se formos ver o saldo de cestas de seu time nos minutos em que esteve em quadra, ele tem a melhor marca, com +7,9, batendo Teodosic, por exemplo, por 2,3 pontos. Número por número, acho que dá para eleger o rapaz já como um dos protagonistas da equipe.

Bogdan-Bogdan tem 22 anos. Está entre os protagonistas sérvios

Bogdan-Bogdan aqui errou a bandeja, acuado pela cobertura de Nenê: mas o garoto foi bem no geral, com 12 pontos, sendo assistido pelo gerente geral do Phoenix Suns na plateia

Algo que um ou dois anos antes não estava nada previsto. Bogdan-Bogdan é o protagonista de uma das ascensões mais significativas do basquete europeu em tempos recentes. Nesta escalada, boa parte do roteiro era planejada. Mas também não dá para negar que a interferência de umas pitadinhas de sorte.

Em maio de 2010, ele mostrou as caras para um bom contingente de olheiros nternacionais no tradicional Nike International Junior Tournament, em Paris. O sérvio foi inscrito como atleta do FMP, clube que revelou dos anos 90 para cá gente como Teodosic, Zoran Erceg, entre outros, mas, pelo que consta, estava apenas emprestado. A ideia era usar o torneio juvenil como vitrine para seus habilidades, neste tipo de combinação que agentes e equipes de menor orçamento podem realizar. Deu certo.

Segue um relato do DraftExpress, serviço de scouting dos mais prestigiados que você vai encontrar: “Bogdanovic tem um jogo bastante versátil ofensivamente. Ele pode criar seu próprio arremesso, cortando pela direita ou pela esquerda e também faz seus arremessos do perímetro, mesmo que seu lançamento precise ficar mais rápido e consistente. Ele também pode pontuar de costas para a cesta e dá sinais de que um jogo de meia distância está surgindo, especialmente com a cesta da vitória que fez contra o Málaga, garantindo uma vaga nas finais. Ele não estava completamente integrado ao time e, em algumas ocasiões, ele levou essa coisa de vitrine bem literalmente. Estava um pouco faminto cuidando de seu próprio arremesso, forçando algumas bolas bem ruins e arriscando infiltrações difíceis”.

Antes ser alistado pelo FMP, o garoto jogou pelo Zvezdara e pelo Žitko Basket. Ao final de sua participação naquela competição juvenil, conseguiu o que queria: um contrato profissional, e com o Partizan Belgrado, aos 18 anos. Em duas temporadas, foi aproveitado em apenas 23 jogos da liga local. Em 2012-13, porém, já estava mais preparado para entrar de vez na rotação dessa potência sérvia. Estreou na Euroliga e na Liga Adriática, com médias de 5 pontos no torneio continental, mas sentindo o peso da concorrência elevada (acertou, por exemplo, apenas 10 de 33 arremessos que tentou em seis jogos). No campeonato nacional, os números subiram para 9,8 pontos e aproveitamento superior a 42% nos chutes, com 39% de três. Alguns degraus foram escalados, mas ninguém imaginava o que viria a seguir.

Bogdan-Bogdan, líder da horda

Bogdan-Bogdan, líder da horda

Aqui é importante explicar qual a realidade do Partizan hoje. Na Sérvia, os caras ganharam simplesmente os últimos 13 títulos. Sim, 13. No âmbito regional, ainda conquistaram seis das últimas oito Ligas Adriáticas, campeonato que reúne agremiações da antiga Iugoslávia. Nos Bálcãs, eles encaram concorrência chata – só foram campeões nacionais neste ano, por exemplo –, mas está claro que hoje são eles quem mandam por lá. Se for para olhar para o resto do continente, porém, a relativização deixa o clube pequeno. Seu orçamento é bem reduzido comparando com espanhóis, gregos e, especialmente, russos e turcos. Então o que eles fazem? Trabalham basicamente com atletas jovens, um ou outro americano disponível no mercado e veteranos sérvios, mas não os de elite: tanto que, na atual seleção nacional, não estão representados por nenhum atleta.

Para terem sucesso, dependem que esses garotos sejam realmente promissores e precocemente produtivos. O interessante é que, devido ao espaço e a visibilidade que acaba proporcionando, o time tem recebido também jogadores de outros países – na última Euroliga, contaram com três revelações francesas: o pivô Joffrey Lauvergne, outro semifinalista do Mundial e que já foi embora para a Rússia, e os armadores Leo Westermann e Boris Dallo. Todos saem ganhando: o Partizan ganha personagens talentosos para explorar, e os jovens recebem tempo de quadra para se desenvolverem e ganharem exposição.

Nesse contexto, Bogdanovic, em seu quarto ano de casa, foi alçado ao patamar de jogador-chave, sob a orientação do técnico Dusko Vujosevic. Esperavam dele uma produção consistente para conseguir, quiçá, uma campanha respeitável na Euroliga e manter a hegemonia balcânica. O ala-armador, do ponto de vista individual, superou todas as expectativas. Um fator que contribuiu para isso: uma grave lesão de joelho sofrida por Leo Westermann, que aumentou sensivelmente as responsabilidades de seu companheiro. Ele teve de ficar com a bola muito mais tempo em mãos – muito mais do que estava acostumado – e viu seu progresso ser bastante acelerado. Cometeu um caminhão de turnovers (3,4 por jogo), é verdade, mas teve liberdade para errar até se tornar também uma atacante mais confiante e com mais recursos ao final da jornada.

Ao analisá-lo quatro verões depois daquele torneio juvenil em Paris, Jonathan Givony viu um jogador formado. “O Bogdanovic se aproveitou da lesão para assumir  um papel muito mais proeminente no ataque como um condutor de bola primário e também como facilitador. Sua versatilidade é impressionante, liderando a equipe em pontos, assistências, tocos e taxa de uso, enquanto vai acertando 40% da linha de três”, afirma. “Não há dúvida de que, nesse meio tempo, ele emergiu como o prospecto mais intrigante da geração nascida em 1992 na Europa.”

Bogdanovic teve médias na Euroliga de 14,8 pontos, 3,7 assistências e 3,7 rebotes, além de 1,6 roubo de bola, em 31 minutos. Carregava uma carga pesada e conseguiu triplicar seus números em um ano, ajudando o Partizan a se classificar para a segunda fase do campeonato, o Top 16. Em sua melhor atuação, marcou 27 pontos em casa contra o CSKA, liderando uma rara vitória sobre um dos favoritos ao título, matando 10 de 16 arremessos. Fez também 24 pontos e 5 assistências contra o Bayern de Munique e o Zalgiris Kaunas e 25 pontos e 5 rebotes contra o Barcelona. No final, foi eleito a “estrela ascendente” do campeonato, entrando numa lista em que constam Ricky Rubio, Nikola Mirotic, Erazem Lorbek, Andrea Bargnani, Danilo Gallinari e Rudy Fernández.

Seu basquete, então, em uma temporada saiu de coadjuvante para algo muito acima do que o clube de Belgrado poderia pagar. Antes de ser selecionado pelo Phoenix Suns no Draft da NBA em 27º, foi transferido para o Fenerbahçe, no qual vai substituir seu xará Bojan Bogdanovic e será treinado pelo legendário Zeljko Obradovic (só precisa ver se Obrado estará com saco para aguentar mais um ano num elenco cheio de estrelas, mas que fracassou de modo retumbante no ano passado, causando ataques histéricos no técnico). Antes de sair do Partizan, deixou sua marca nas finais do campeonato sérvio: com 30,8 pontos, 4,8 rebotes e 4,2 assistências, liderou mais uma vitória contra o arquirrival Estrela Vermelha para conquistar seu quarto título nacional, também o 12º seguido do clube. Passou a ser idolatrado pelos torcedores, a ponto de sua conta no Twitter ser: Líder da Horda. Então tá, né?

Pela seleção foi convocado pela primeira vez já para o EuroBasket do ano passado, com 21 anos. Teve médias de 9,4 pontos e 4,3 rebotes em 26 minutos, com 43,4% nos arremessos. Foi elogiado por Sasha Djordjevic, como uma das maiores promessas do basquete europeu. Na Copa do Mundo, depois de tudo, joga por 27,3 minutos, abaixo apenas de Bjelica, e soma 11,4 pontos, 2,7 rebotes e 2,6 assistências, com 49,2%, mantendo média próxima a 40% nos tiros de três em ambas as campanhas. Contra o Brasil, foram 12 pontos, 6 rebotes, 2 assistências, 2 tocos e 5/9 nos arremessos, em 26 minutos.

O gerente geral do Suns, Ryan McDonough, estava no ginásio em Madri e adorou o que viu. “Ele foi muito eficiente e conseguiu os arremessos que gosta de fazer, nos seus lugares preferidos. As cestas vieram com os pés plantados, a partir do drible e em infiltrações. Estou impressionado com sua capacidade para criar jogadas. Ele pode fazer um monte de jogadas que a maioria não consegue”, analisou em entrevista ao jornal AZ Central. “E o Bogdan tem essa atitude, e digo isso para o bem. Ele é competitivo, muito valente, confiante. Não vai recuar diante de ninguém.”

Importante dizer que, se no Partizan era o dono da bola, pela Sérvia ele só vai recuar em relação aos seus companheiros mais tarimbados. Na equipe semifinalista, a prioridade ainda fica para Teodosic e o jogo interno com Raduljica e Nenad Krstic. Aos 22 anos, há tempo pra tudo. Bogdanovic tem a idade de revelações brasileiras como Raulzinho, Lucas Bebê e Cristiano Felício. Porém, sem discutir a questão de quem seria mais talentoso que o outro, é fácil constatar que está num estágio de desenvolvimento muito mais avançado, já voando alto na carreira. É preciso apenas entender em que condições ele cresceu, qual foi o cenário para que ele pudesse chegar lá antes da maioria.


Escalação da Sérvia tem enigma para o Brasil responder
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Giancarlo Giampietro

Kalinic, nenhum minutinho de quadra na 1ª fase contra o Brasil

Kalinic, nenhum minutinho de quadra na 1ª fase contra o Brasil

Pode a mudança de um só jogador numa escalação mudar drasticamente o jeito de uma equipe jogar?

Ô, se pode.

Ainda mais quando você está trocando um pivô de 2,10 m e seguramente mais de 115 kgs por um ala de 2,03 m de altura e capacidade atlética acima do comum.

Pois, então: a Sérvia vai de Vladimir Stimac ou Nikola Kalinic em sua rotação contra o Brasil, em confronto pelas quartas de final da Copa do Mundo de basquete, nesta quarta? Pois é essa a dúvida que a comissão técnica brasileira deve estar ruminando em sua preparação para o embate que significa disputar uma medalha, ou não, nesta competição.

No duelo da primeira fase, vencido pelo Brasil por oito pontos, o técnico Sasha Djordjevic escalou um quinteto inicial gigantesco para bater de frente com os pivôs brasileiros de NBA. Os titulares regulares – Miroslav Raduljica e Nemanja Bjelica – estavam acompanhados por Stimac.

Já sabemos no que deu essa história: ainda que os sérvios tenham coletado muitos rebotes ofensivos e carregado a linha de frente brasileira de faltas, eles acabaram comendo poeira em quadra. A seleção brasileira conseguiu se virar muito bem defensivamente e acelerou horrores sua transição e venceu o primeiro tempo por 16 pontos – a vantagem chegou a ser de até 18.

Na volta do intervalo, Djordjevic, um cerebral armador nos tempos de jogador, voltou com uma formação muito mais leve para quadra. O pesadão Raduljica estava acompanhado de quatro atletas bastante leves. Seu companheiro de garrafão era o magricela Stefan Bircevic – e muito talentoso ofensivamente, com chute de três e facilidade surpreendente para o drible aos 2,10 m de altura –, enquanto dois armadores e um ala completavam a rotação: Stefan Markovic, Milos Teodosic e Bogdan Bogdanovic.

Sasha Djordjevic vai de Stimac novamente no 1º quarto?

Sasha Djordjevic vai de Stimac novamente no 1º quarto?

Também sabemos o desenrolar dessa história: os sérvios enfiaram 32 pontos na conta dos brasileiros– a maior quantia que a seleção levou em um quarto em seus primeiros seis jogos. Nem a Espanha, que marcou 30 pontos no primeiro quarto naquela surra que deram, conseguiu tanto.

A movimentação da equipe balcânica melhorou muito com os dois armadores e Bogdanovic em quadra. Os brasileiros tiveram problemas para perseguir os adversários fora da bola, permitindo muitas quebras de rotação e cestas fáceis para os oponentes. Dos 32 pontos, 12 foram marcados em cestas de três pontos – algo parecido com o que vimos no primeiro quarto argentino (cinco bolas de longa distância dez minutos).

Há seis dias já, a seleção tomou aquela virada, chegou a ficar atrás no placar por até sete pontos no início do quarto final, mas conseguiu reagir graças a uma defesa mais atenta no exterior e a uma participação decisiva de Tiago Splitter, com pontuação no garrafão e distribuição de jogo, e Marquinhos, recebendo os passes do pivô catarinense e matando seus tiros de fora. Detalhe: a virada da virada brasileira aconteceu ainda com a formação mais baixa da Sérvia em quadra. Para os cinco minutos finais, Stimac retornou, sem conseguir influenciar no andamento da partida – pelo contrário, a vantagem que era de três pontos, subiu para os oito finais.

É de se perguntar se Stimac vai deixar saudade no Unicaja Málaga

É de se perguntar se Stimac vai deixar saudade no Unicaja Málaga

Obviamente os técnicos de ambos os lados vão se debruçar sobre esse jogo, estudando o que deu certo e o que precisa ser corrigido. Virão os ajustes – e os ajustes extra, com cada um pensando qual poderia ser o movimento do outro. Uma das partes mais legais do basquete e que só os privilegiados que estão analisando a fita do jogo e fazendo anotações vão saber contar com precisão, até que a bola suba na quarta-feira.

A Sérvia usou Stimac por apenas oito minutos naquela partida, mas foram oito minutos em que o Brasil venceu por dez pontos. A escolha por esse pivô, que foi companheiro de Rafael Hettsheimeir no Unicaja Málaga e agora vai jogar no Bayern de Munique, só se justifica por um temor pelo jogo físico do adversário. Pois Stimac, do que vi durante a temporada, rende muito mais quando sai do banco, para dar suas trombadas ocasionais, atacar a tabela ofensiva e descansar rapidamente. Vez ou outra, o chute de média distância cai, mas ele não me parece uma arma que cause receio.

Além disso, a presença de Stimac ao lado de dois grandalhões acabou empurrando Nemanja Bjelica mais para o perímetro, com o ala-pivô marcando e atacando Marquinhos, de modo que algumas de suas habilidades foram anuladas. Tal como Bircevic – e com mais talento –, o jogador draftado pelo Minnesota Timberwolves é outro espigão que joga com uma naturalidade de armador com a bola. Ataca a cesta quase sempre frontalmente, apostando no seu chute de três pontos e seu corte de passadas largas. Também é um belo passador. É um cara que acompanhei bastante durante os últimos dois anos de Euroliga e que, pelo Baskonia ou Fenerbahçe. e quase nunca é escalado como um “3”, do jeito que pensou Djordjevic.

Na fase de grupos, Stimac participou de todas as cinco partidas, 48 minutos no total (9 em média). Contra a Grécia, porém, praticamente sumiu da rotação: jogou um só minutinho. Em uma curva contrária esteve o ala Nikola Kalinic. De apenas 22 anos, a revelação do Estrela Vermelha teve seu maior tempo de quadra no torneio justamente nas oitavas de final, com 21 minutos. Se você for conferir suas estatísticas gerais, poderá falar a respeito dos 26 minutos que teve contra os egípcios. Mas essa não conta, tá? Fiquemos combinados. E a curiosidade que constatamos fica justamente pelo fato de ele não ter participado só de um confronto. Justamente com o Brasil.

Sinceramente, tentei verificar se foi alguma virose, gripe ou ataque de rinite, mas não consegui descobrir. Ainda que as chances de um Brasil x Sérvia nas quartas de final fossem altas, não dá para imaginar que Djordjevic tenha escondido o jogo na ocasião. Caso seu lateral não tenha enfrentado nenhum problema médico, talvez o técnico simplesmente considerasse que não teria papel para ele naquela partida? Vai saber. Não imagino, francamente, que ele vá repetir essa estratégia, depois do que o rapaz fez na grande vitória sobre os helênicos.

Kalinic anotou 12 pontos em 21 e ainda somou quatro rebotes e duas assistências. Mais do que os números, conta a velocidade e o arrojo que ele entregou para sua equipe, brindando o público em Madri com as seguintes jogadas:

Gostaram?

Não é todo dia que um atleta vai colocar Ioannis Bourousis ou um Kostas Papanikolau num pôster. E aí o Kalinic me faz isso de uma vez! No mesmo jogo, no mesmo tempo, com fal-e-cesta. Lances impressionantes que podem ser comemorados, mesmo, e que, segundo Bogdan Bogdanovic, encheu o time de confiança no intervalo. Mas não só isso: são duas jogadas que mostram o potencial do ala. Ele deu mais agressividade, mobilidade e opção de contra-ataque para seu time para ajudar a derrubar uma das melhores campanhas do torneio até então.

Só precisa ver se todo dia é dia. Tirando os 11 pontos que fez contra o Egito, o ala havia somado apenas 11 contra Espanha, França e Irã, mas tentando também apenas quatro cestas , acertando três delas. Quer dizer: as chances que teve, aproveitou, mas  a) parece não haver muito espaço para ele no time; b) talvez ele seja mais tímido, disputando apenas seu segundo torneio adulto com a seleção, vindo de 2,8 pontos por média no Eurobasket; c) ou que ele esteja sujeito realmente aos preceitos táticos de Djordjevic.

Se Kalinic estiver antenado, envolvido com o time, tem o tipo de capacidade atlética que vai requerer algum cuidado da defesa brasileira vai ter de lidar caso o sujeito seja, mesmo,e escalado. Fica o mistério, agora com menos de 24 horas de estudos dos técnicos, e a Sérvia precisando escolher qual cartada vai dar.


Equipe sensação da Euroliga encara seu maior desafio: a luta contra a falência
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Giancarlo Giampietro

Paul Davis enterra

Paul Davis, MVP da quarta semana do Top 16, mas sem salários

Um dos melhores times da Euroliga corre o risco de se declarar falido, ou algo perto disso, nos próximos dias ou semanas. Uma pena, pois estamos falando justamente da maior surpresa do torneio até aqui, o Khimki Moscou.

Quer dizer, vamos relativizar essa história de surpresa. Talvez seja melhor trocar por sensação. Porque uma equipe que pode escalar Zoran Planinic, Vitaly Fridzon, Sergei Monya, Matt Nielsen, Paul Davis, James Augustine, Kresimir Loncar e, ufa!, Petteri Koponen tem de ser cotada para brigar de igual para igual com qualquer um.

De todo modo, em termos de nome e porte, de fato não há como colocar “Khimki” na mesma sentença de Barcelona, Olympiakos, Maccabi ou Montepaschi. E, ao tomarmos nota do que se passa com o clube nesta temporada, realmente não tem como comparar o clube com essas instituições, mesmo: o time moscovita está devendo salários aos seus jogadores há três meses.

Calma, que dá para piorar. Segundo informações passadas de dentro do vestiário para diversos veículos russos há casos de jogadores que não recebem, tipo, desde outubro. O que equivale a “desde-o-início-do-campeonato”.

Literalmente uma dureza.

Durante a semana, cansados de promessas não cumpridas pelo presidente Andrey Nechaev, os atletas anunciaram uma greve. Para o bem do torneio e até para evitar um vexame do basquete russo, decidiram ir para quadra na sexta para receber – e aniquilar – o Maccabi. Mas se recusaram a treinar nas dependências do clube e prometeram que não jogam neste fim de semana pelo campeonato russo. O que aconteceu é que a diretoria montou um elenco bem caro, mas sem ter os patrocínios e recursos necessários para bancá-lo. Uma situação bizarra para um clube que esteja disputando a Euroliga.

No confronto com o Maccabi, houve uma tensão no ar. Os jogadores demoraram para ir para a quadra, atrasando o início da partida em mais de dez minutos. Foi um recado claro para o clube e, neste caso, também para a direção da liga, de que as coisas não estão bem por lá. Que providências serão tomadas não está claro ainda.

KC Rivers sobe para a bandeja

KC Rivers, cestinha que sai do banco para o Khimki

Em jogo, naturalmente o Khimki começou mais devagar, um tanto desligado, permitindo muitos contra-ataques para a equipe israelense (destaque para o ala Lior Eliyahu, cujos direitos na NBA pertencem ao Minnesota Timberwolves). Do segundo quarto em diante, porém, tomado pela adrenalina da partida, o time da casa foi avassalador 69 pontos contra apenas 42 do oponente, vencendo de lavada: 88 a 67.

Paul Davis, veterano americano com bastante experiência no basquete espanhol e que já foi uma aposta do Clippers, teve uma atuação completamente dominante no segundo tempo, terminando com 16 pontos, 9 rebotes e 5 tocos, anulando o talentoso compatriota Shawn James, do Maccabi. De tão bem que jogou o jovem finlandês Koponen (direitos na NBA pertencem ao Mavs), Planinic, que é o craque do time e vive uma fase excpecional, nem precisou ficar em quadra por tanto tempo, limitado a 25 minutos.

“Falando francamente, não esperava que conseguiríamos jogar juntos de um modo tão perfeito como esse. Estou muito feliz pelo trabalho que fizemos em quadra hoje”, afirmou o técnico Rimas Kurtinaits, legendária figura do basquete lituano e ex-soviético e um dos integrantes das poderosas e históricas seleções da URSS formadas nos anos 80. Arremessava tão bem, aliás, que em 1989 foi convidado para participar do torneio de três pontos do All-Star Weekend da NBA em 1989.

O lituano realmente tem do que se orgulhar. Essa foi a 18ª vitória seguida do Khimki jogando em Moscou, contando partidas do torneio continental, da liga russa e da Liga VTB, que reúne equipes do Leste europeu e da Escandinávia (nota: é muito legal escrever e ler Escandinávia, não?). No Top 16 da Euroliga, estão em terceiro no Grupo F, com três vitórias em quatro rodadas, atrás dos invictos Caja Laboral e Montepaschi Siena, mas acima de Barça, Olympiakos e do próprio Maccabi.

Nada mal, e jogar isso fora seria realmente um baita desperdício.

*  *  *

Algumas notas sobre a Euroliga:

– Com sete vitórias seguidas, o Caja Laboral (ou Baskonia) é o time do momento. Com um jogo muito solidário e um elenco recheado de jovens peças emergentes na Europa, o time joga muito mais solto  desde a saída do cerebral, mas quase tirano Dusko Ivanovic, que foi substituído pelo croata Zan Tabak, ex-pivô que já foi um sparring de Hakeem Olajuwon no Houston Rockets campeão da NBA nos anos 90. A linha de frente formada por nosso amigão Andrés Nocioni, Nemanja Bjelica e Maciej Lampe, com o suporte de Tibor Pleiss (alemão draftado pelo Thunder) e Milko Bjelica é muito forte e versátil.

– No Grupo E, os lanternas são dois clubes alemãos: Alba Berlin, cujo plantel está num patamar abaixo, e Bamberg, excessivamente dependente do talentosíssimo cestinha Bostjan Nachbar. Ambos perderam seus quatro jogos no Top 16. Na chave F, são dois trucos na lanterna, também com quatro reveses: Besiktas e Fenerbahçe.

– A campanha do Fener é a maior decepção desta fase, aliás. Eles pensavam em título. Agora já correm sério risco de nem conseguir a classificação para as quartas de final. Com um elenco estelar, mas sem liga alguma, a pressão é enorme para cima do técnico Simone Pianigiani – mentor de campanhas arrebatadoras do Siena nos últimos anos. Bo McCalebb não lembra em nada o jogador das últimas temporadas, David Andersen já não consegue apanhar mais nenhum rebote, e os promissores Bojan Bodanovic (croata) e Emir Preldzic (turco) ainda não têm cancha suficiente para liderar a equipe. O técnico italiano precisa encontrar alguma forma de fazer esse time jogar.

PS: encontre o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.


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