Vinte Um

Arquivo : Monta Ellis

Os melhores da (metade) da temporada: Conferência Leste
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Giancarlo Giampietro

Escrever uma artigo sobre prêmios de uma temporada qualquer da NBA pode ser um exercício de futilidade, certo? Por outro lado, dá ao blog, inativo por tanto tempo, a chance de recuperar o tempo perdido e abordar um ou outro protagonista da temporada. Então vamos roubar um pouco e dividir essa avaliação toda em duas listas, para cada conferência. Desta forma, ganhamos espaço para falar mais. E, claro, deixa a vida mais fácil na hora de fazer as escolhas:

Melhor jogador: LeBron James

LeBron não está jogando tudo o que pode. Mas ainda reina no Leste

LeBron não está jogando tudo o que pode. Mas ainda reina no Leste

Os acontecimentos recentes de Cleveland quase sugerem que essa escolha aqui deveria ser invalidada. Mas, em termos de bola, por mais que ele tenha relaxado em diversos jogos, desencanando da defesa, em termos de produtividade, ainda não há ninguém no Leste que possa com o dono do Cavaliers, mesmo que ele não esteja sendo tão efetivo como nos tempos de Miami Heat, claramente o auge de sua carreira. Também não importa ainda que ele tenha amassado o aro em suas tentativas de longa distância em novembro e dezembro – em janeiro, o aproveitamento já subiu para 37,3%, que é o mínimo que ele precisa fazer para pressionar as defesas. Com ele em quadra, o Cavs vence seus adversários por 11,3 pontos a cada 100 posses de bola. Sem ele, a equipe tem saldo negativo de 7,7 pontos. Dá um saldo de 19,0 a seu favor, o que é uma diferença absurda para uma equipe que conta com a folha salarial mais cara, e de longe, da liga.
Outros candidatos? Hã… ninguém. Talvez fosse legal falar aqui sobre Paul Millsap, subestimado a carreira toda até receber uma proposta generosa do Orlando Magic durante as férias e que segue hiperprodutivo, fazendo de tudo um pouco para elevar o Atlanta. Paul George começou a temporada numa arrancada sensacional, mas perdeu rendimento despencar de dezembro para cá, chutando abaixo dos 40% e, hoje, se fosse para votar, ficaria atrás também de Kyle Lowry, para mim.

Melhor técnico: Frank Vogel

Vogel tem Paul George e não muito mais que isso

Vogel tem Paul George e não muito mais que isso

O Leste oferece várias opções. David Blatt vai dirigir a seleção do Leste no All-Star e vem fazendo um bom trabalho, mas com o melhor elenco da conferência, de longe. Acho que chegou a hora de Vogel ser aclamado. Que ele tenha perdido Roy Hibbert e David West e mantido o time entre as defesas mais eficientes da liga, é um feito, e tanto. Estão atrás apenas de San Antonio e  praticamente num empate técnico com o Golden State e Boston em segundo, com a ajuda de Ian Mahinmi e Lavoy Allen, que ainda compõem uma dupla de pivôs contra adversários de garrafão mais pesado, pedindo licença ao conceito de small ball que Larry Bird queria por em prática.

O sistema ofensivo, porém, ainda está, de certo modo, emperrado, sendo o 19º mais eficiente da liga – o que, ainda assim, já é um avanço em relação aos últimos dois campeonatos, em que falhou em ficar até mesmo entre os 20 primeiros. Ajudaria se Monta Ellis pudesse jogar um pouquinho mais. Sua contratação foi um fiasco até o momento. Com médias de 43,1% nos arremessos e 27,1% de três, 2,7 turnovers e apenas 2,5 lances livres por jogo, ele faz sua pior temporada desde o ano de novato. O Pacers precisa de uma evolução nesse sentido para se distanciar da concorrência na briga por uma vaga nos playoffs, com a chance de ter mando de quadra – seu saldo de 3,1 pontos por jogo, o terceiro melhor da conferência, abaixo de Cavs e Raptors, já é promissor.

Basicamente, então: Vogel viu muitas trocas no elenco, está mudando o modo como time joga, passando de 19º para o 5º time que mais corre na NBA (!!!) e não perdeu muito em pegada defensiva. Tem um elenco limitado e está tirando muito dele.

Outros candidatos? Stan Van Gundy (repetindo a fórmula de sucesso em Orlando), Dwane Casey (o Raptors deu mais um salto neste ano, mesmo que DeMarre Carroll ainda não tenha contribuído tanto), Scott Skiles (mais aqui) e Steve Clifford (sabotado pela lesão de três titulares).

Melhor defensor: Hassan Whiteside

Assusta

Assusta

Olha… Para quem não estiver tão por dentro assim do que prega a intelligentsia do NBA Twitter, há uma campanha expansiva contra o pivô-surpresa do Miami Heat, alegando basicamente que ele é uma fraude. Campanha que foi reforçada, de maneira nada sutil, pelo ala Evan Fournier, do Orlando Magic. (Segue um resumo: dia desses, Rudy Gobert basicamente manifestou sua frustração sobre a ideia de que os números dizem tudo sobre um jogador de basquete, que não é bem assim e de que há jogadores que caçam estatísticas em quadra. Aí o Nikola Vucevic o interpelou e pediu para que ele citasse nomes, ué. E aí Fournier, amigo de Gobert desde as competições de base e parceiro de Vucevic na Flórida, se intrometeu e achou que estava sendo sutil ao escrever: “Blancoté? Risos”, que, em francês, se tratava de um diretaço em relação ao pivô do Heat. É o tipo de zum-zum-zum que faz da NBA esse universo incrível.)

O principal argumento dessa turma toda é o de que, por mais tocos e rebotes que Whiteside compute, o Miami seria um time pior com ele em quadra. Será? Friamente, existe um número que mostra que o Miami, com ele em quadra, sofre 3,5 pontos a menos por 100 posses de bola quando o pirulão está no banco.  Agora, o que essa conta não indica é que Whiteside está quase sempre em quadra acompanhado por um certo Dwyane Wade (seu companheiro em oito dos dez quintetos que ele já compôs no ano). O astro ainda carrega o piano ofensivamente – mesmo que alienando Goran Dragic no processo –, mas que está hoje entre os marcadores mais ineficazes da liga. Não estou dizendo que Wade afunda o Miami por conta própria. Só não parece justo que tratem Whiteside, líder em tocos na temporada e com uma bagagem de infantilidade, exatamente desta forma.

O índice de “Real Plus-Minus” do ESPN.com,  o coloca como o jogador de número 375, com saldo de -2,05.  O que diabos é o RPM? É uma ferramenta analítica, desenvolvida por Jeremias Engelmann e Steve Ilardi, que faz uma estimativa sobre o impacto de um jogador no desempenho da equipe e é medido em saldo de pontos por 100 posses, levando em conta quem está em quadra tanto ao seu lado como do outro. Não são números exatos, mas servem como um bom indício. Nomes como Tim Duncan, Draymond Green, Andrew Bogut, Kawhi Leonard e Kevin Garnett aparecem entre os dez primeiros colocados nesta temporada, para constar.

Nesta mesma medição, Whiteside está em em 10º, e creio que seus 4,8 tocos por 36 minutos ajudem para tanto – intimidam e o colocam entre os melhores da liga de quase todas as medições de proteção de aro. Em sua conferência, Ian Mahinmi (5º), Andre Drummond (8º) e Pau Gasol (9º) estão acima. Mahinmi é uma grata surpresa pelo Indiana, mas fica ainda menos minutos em quadra (23,8). Em Miami, Whiteside joga por 28,9. O que, para mim, é um mistério. Estaria Spoelstra, com um cochicho de Riley, procurando controlar a produção do pivô que vai virar agente livre? Talvez seja muita conspiração aqui. Talvez ele seja muito indisciplinado, mesmo, e, ao contrário do que acontece com Stan Van Gundy e Drummond em Detroit, Spoelstra acredita ter alternativas para tornar seu time mais produtivo sem um pivô de números . Só é difícil entender, já que Amar’e Stoudemire, Chris Andersen e Udonis Haslem não são mais solução para nada e Josh McRoberts está quebrado. Com Justise Winslow e Gerald Green, as formações de smallball são bem-vindas. Ao redor de um pivô tão atlético, têm potencial para render ainda mais.
Outros candidatos? O próprio Winslow, Nerlens Noel e Bismack Biyombo, que está jogando muito em Toronto.

Melhor novato: Kristaps Porzingis

Nasce uma estrela

Nasce uma estrela

O letão mais popular em Nova York. O letão mais popular no mundo, na verdade, com todo o respeito a Ernests Gulbis. A quarta camisa mais vendida da NBA. Um rapaz carismático e que não fica só nisso. Proporciona os highlights e também substância ao Knicks, dando um refresco para Carmelo Anthony e oferecendo esperança de verdade a sua torcida. O que mais impressiona no pivô é sua agilidade, coordenação e talento em geral para alguém tão comprido, que contribui dos dois lados da quadra. Por outro lado, é de se admirar a maturidade e graça com as quais vem lidando com tanto burburinho e atenção que vem recebendo. Que história. Qualquer scout que tenha cravado para seu gerente geral que Porzingis seria uma estrela na liga deve estar se sentindo muito bem agora.

O garotinho aqui chorou muito quando ouviu o nome de Porzingis pela primeira vez:

Mas agora esse mesmo pirralho deve saber até este rap de cor:


Outros candidatos? Jahlil Okafor, um jogador de fundamentos ofensivos de fato impressionantes para alguém de sua idade e que, enfim, vem conseguindo evitar as páginas do TMZ, e Winslow, que é a antítese de seu companheiro de Duke: faz muito na defesa, mas ainda tem um longo caminho pela frente para se tornar alguém respeitado no ataque. Não dá tempo de Myles Turner entrar nesse papo.

Jogador que mais evoluiu: esse faz mais sentido esperarmos até o final da temporada, né? Mahinmi (ele de novo!), Kemba Walker, os bockers Derrick Williams e Lance Thomas e Kent Bazemore despontam como candidatos.

Melhor executivo: a mesma coisa. Masai Ujiri, Stan Van Gundy e Phil Jackson poderiam levantar a mão por ora.

All-Star: Kyle Lowry, Jimmy Butler, Paul George, LeBron James e Chris Bosh. Mais… John Wall, Kemba Walker, DeMar DeRozan, Jae Crowder, Carmelo Anthony, Pau Gasol e Andre Drummond.
(Aos fãs de Isaiah Thomas, Brook Lopez, Al Horford, Kevin Love: desculpe)


Dallas Mavericks: de volta para o futuro
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Nem faz tanto tempo assim, né?

Nem faz tanto tempo assim, né?

Valeu a pena ter desmontado um time campeão pelo direito de contratar Monta Ellis e Chandler Parsons? Na frente da câmeras, um bilionário confiante como Mark Cuban, o dono de franquia mais atirado da NBA, militante das redes sociais, pronto sempre para desafiar os jornalistas e os concorrentes, certamente vai dizer que sim. Vai dar de ombros: tipo, vocês não sabem do que estão falando.

Mas pergunte a Shawn Marion, José Juan Barea, DeShawn Stevenson e até mesmo a Tyson Chandler, que está de volta a Dallas, o que eles pensam a respeito. Você pode esperar respostas que variam da ironia ao rancor, de uma gargalhada a lágrimas deprimidas, num reflexo da decisão corajosa – e duvidosa – que Cuban e Donnie Nelson tomaram no verão de 2011, abrindo mão de vários integrantes do único time da franquia que conseguiu o título, depois de centenas de milhões de dólares gastos e diversas tentativas frustradas.  “Nós não demos a nós mesmos a chance de defender o troféu”, lamenta Marion, ainda hoje, em Cleveland.

As regras trabalhistas e o modelo de negócios da liga americana estava passando por uma drástica fórmula de reformulação, e a diretoria do Mavericks optou por não estender o contrato de diversas figuras importantes da campanha vitoriosa, de imediato, para preservar a tão propalada “flexibilidade” em suas operações. A ideia era não assinar contratos de longo prazo, em busca de teto salarial para conseguir mais uma superestrela para jogar ao lado de Dirk Nowitzki.

Parsons, pressão de US$ 45 milhões

Parsons, pressão de US$ 45 milhões

Na época, Cuban se gabava de enxergar o futuro da liga dois passos à frente dos concorrentes – e que prorrogar o vínculo de seus campeões seria oneroso a médio e longo prazo. Ok, tirando David Kahn, ninguém quer pagar US$ 4,5 milhões em média para Barea, a despeito dos estragos que ele fez contra o Miami Heat na final. Mas e quanto a Tyson Chandler? O Mavs abriu mão de um excelente defensor em seu auge. Com um adendo: um excelente defensor de 2,13 m de altura, inteligência, força física e liderança. Numa confissão de arrependimento, se viram obrigados a resgatá-lo três anos depois. Três anos mais velho, no caso.

Com o espaço na folha salarial, os caras bem que tentaram. Queriam Deron Williams – e deram sorte de não consegui-lo. Dwight Howard nem aceitou a piscadela direito. Chris Paul não foi para o mercado. Carmelo, LeBron… Sonhar não custava nada. No fim, os novos companheiros de impacto para o craque alemão se tornaram Ellis e Parsons, mesmo. Ellis fez seu melhor campeonato sob a orientação do crânio Rick Carlisle, desafogou a vida de Nowitzki e, ganhando US$ 8,6 milhões este ano, tem um salário que parece barganha – seu ex-companheiro de Milwaukee, Brandon Jennins ganha apenas US$ 600 mil menos, e ele só se equivaleria a Monta em seus delírios egocêntricos. O que economizaram nesse negócio, contudo, tiveram de despejar na conta bancária de Parsons. Para tirar o ala de Houston, só mesmo pagando US$ 45 milhões por três anos, num contrato cheio de artimanhas para evitar que o Rockets cobrisse a oferta. Como se precisasse.

Com Nowitzki ainda desafiando a lógica, esses dois reforços, a volta de Chandler, um elenco de apoio experiente e competente e um treinador ainda subestimado, o Mavs está fortíssimo. Só não dá para dizer que esteja mais perto do título do que três anos atrás…

Dirk, novo arremesso, ainda mais difícil de se parar? Apelão

Dirk, novo arremesso, ainda mais difícil de se parar? Apelão

O time: o ataque do Dallas vai seguir de elite, não há dúvida. Na temporada passada, foi o segundo mais eficiente da liga, empatado com o do Miami. Nowitzki ainda é a figura central aqui, com sua incrível capacidade de conversão nos arremessos, que contraria sua mobilidade cada vez mais reduzida. Nesse ponto, mais uma vez se faz necessário o elogio a sua dedicação nos treinamentos. Com o alemão representando ainda uma séria ameaça para qualquer defesa, por sua capacidade de matar de qualquer canto da quadra.

A presença de Ellis, um criador de primeira, ajuda a aliviar a pressão em cima do líder e também gera chutes mais fáceis. Parsons também oferece arremesso de longa distância e versatilidade, se movimentando muito bem sem a bola. Devin Harris chegou ao ponto de sua carreira em que virou subestimado. Jameer Nelson vai conduzir as coisas com segurança e também ameaça no perímetro. A defesa, porém, foi outra história: o Mavs se posicionou entre os dez piores para proteger sua cesta (8º pior, para ser mais exato), e a esperança é que a presença de Chandler, muito mais atento, alto e competitivo que Samuel Dalembert, ajude o time a subir uns dez degraus nessa lista, pelo menos. Se acontecer um milagre desses, a equipe sobe junto na duríssima conferência.

A pedida: para o Mavs seria muito importante o mando de quadra já na primeira rodada. Isso, claro, se eles chegarem aos playoffs. No Oeste, nunca se sabe…

Olho nele: Al-Farouq Aminu. O ala de 24 anos também foi contratado nas férias, mas sem a mesma badalação de Parsons. Porque, claro, é um jogador bastante inferior ao ex-garoto-propaganda do Rockets. Existem algumas coisas que Aminu sabe fazer muito bem, porém. É um excelente reboteiro para alguém de sua estatura, nem sempre jogando perto da cesta, com média de 8,5 na carreira, em projeção de 36 minutos. Oitava escolha do Draft de 2010, o jogador não tem lá uma posição definida, o que dificultou um pouco seu aproveitamento nas casas anteriores (Clippers e Pelicans). Mas é um atleta de primeiro nível, que pode ser muito bem aproveitado por uma cabeça aberta como a de Carlisle, que sabe tirar o máximo de seus comandados. Seu estilo, aliás, se encaixa com o de Dirk, atacando a tábua ofensiva com voracidade, enquanto o alemão tem liberdade para chutar de média para longa distância. Aminu, que defende a Nigéria em competições Fiba, pode ajudar no balanceamento de quadra, assim como ocorreu com Shawn Marion no passado.

Abre o jogo: “Ele me pareceu cansado hoje, e seu arremesso estava saindo curto. Ele está trabalhando para perder um pouco de peso. Ele está um pouco mais pesado. Isso é um trabalho em progresso, e hoje foi uma das noites que esse peso extra o atrapalhou”, disse o técnico Rick Carlisle, sobre Parsons, após uma derrota para o Oklahoma City Thunder em amistoso de pré-temporada. Para o treinador, o ala precisaria perder no mínimo 2,3 kg (cinco libras). A declaração sobre o homem de US$ 15 milhões anuais, claro, não pegou bem.

Abre o jogo 2: Parsons disse que daria conta disso. Depois, o treinador se viu obrigado a divulgar um comunicado pedindo desculpas ao jogador e todo seu elenco. “Foi injusto e inapropriado destacar Parsons. Foi um erro de julgamento”, afirmou. Aí o reforço disse que tudo bem: “Ele veio falar de homem para homem, e temos um ótimo relacionamento. Já ficou no passado, agora vamos seguir em frente. Isso apenas mostra que tipo de cara ele é. Estamos nessa juntos”, disse. Carlisle, então, brincou: “Caso fechado. Já recebi minha punição. Minha esposa e minha filha agora são seguidoras oficiais de Chandler Parsos no Twitter e no Instagram”.

Você não perguntou, mas… saiba que, nas férias, aos 36 anos, com aproveitamento excepcional e mais de US$ 200 milhões ganhos durante toda a carreira, Dirk achou que era prudente desenvolver uma nova mecânica de arremesso, de modo que se tornasse mais rápido em sua elevação, uma vez que a agilidade nas pernas já está bastante reduzida. Trabalhou, para isso, com seu bom e velho amigo/mentor Holger Geschwindner.

Detlet Schrempf, NBA, Alemanha, rookie, card, MavsUm card do passado: Detlef Schrempf. Muito antes de Nowitzki, o Dallas Mavericks teve seu primeiro ala vindo da Alemanha, com mais de 2,05 m e exímio arremessador. Quer dizer: Schrempf era alemão, mas não havia chegado diretamente de seu país, mas, sim, da Universidade de Washington, pela qual se formou. Aos 23 anos, ele estreou em Dallas na temporada 1985-86. Era reserva de uma grande equipe de meados dos anos 80, com Rolando Blackman, Mark Aguire, Derek Harper, Sam Perkins, entre outros. Num tremendo erro de cálculo, acabou trocado em fevereiro de 1989 para Indiana Pacers em negociação pelo pivô Herb Williams (cara que, depois, viraria patrimônio vivo do New York Knicks). Em Indiana, pela primeira vez, depois em Seattle, ele seria eleito para três All-Star Games, numa bela carreira. Schrempf era bastante sólido e versátil, fazendo de tudo um pouco, e bem. Ele se aposentou em 2001, aos 38 anos. A essa altura, seu compatriota já havia concluído sua terceira temporada na liga e era uma estrela em ascensão.


Prévia dos playoffs da Conferência Leste da NBA: Parte 1
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Giancarlo Giampietro

 1-MIAMI HEAT x 8-MILWAUKEE BUCKS

A história: os caras de Miami venceram 37 de suas últimas 39 partidas. Seus adversários? Venceram 38 em todo o campeonato. Precisa dizer mais?

O jogo: o Bucks… Bem, o Bucks tem dois armadores extremamente fominhas em Brandon Jennings e Monta Ellis, que podem ganhar um jogo por conta, mas perder muitos também da mesma maneira – com chutes descabidos restando 15 segundos de posse de bola, em flutuação, na cabeça do garrafão. Enquanto isso, Mike Dunleavy Jr. e JJ Redick, extremamente eficientes, correm o risco de ficarem apenas como espetacores. O duro é que, contra uma defesa tão ágil e atlética como a do Heat, talvez não haja escapatória além das investidas de seus dois pequenos. O que mais? Seu elenco é composto por 340 pivôs interessantes, mas que roubam uns dos outros o tempo de quadra, impedindo qualquer consistência. Um dos melhores defensores do campeonato, Larry Sanders vai ter de se virar no perímetro contra Chris Bosh. Luc Richard Mbah a Moute, caso estivesse bem fisicamente, poderia se meter no caminho de LeBron algumas vezes. Ersan Ilyasova se recuperou de um início de campanha calamitoso para justificar a bolada que recebeu na hora de renovar seu contratos, embora não cause tanto impacto assim no destino da equipe. Enfim, estamos procurando aqui mais e mais motivos que pudessem animar os anti-Heat, mas está complicado. Ao menos, Ellis e Jennings estrelaram o comercial mais legal da NBA em muito tempo, embora seja bizarro falar de união justamente sobre esses dois fominhas:

De dar nos nervos: Shane Battier é tão ingeligente, mas tão inteligente numa quadra de basquete, que pode dar raiva, sim. Estamos falando de um verdadeiro cdf. O ala conhecido como Sr. Presidente na China – isso vem dos tempos em que era companheiro de Yao no Rockets – ganhou ainda mais notoriedade no vestiário do Heat com seus discursos pré-jogo durante a sequência de vitórias histórica da equipe. Mas seus serviços mais importantes acontecem em quadra, cumprindo um posicionamento defensivo impecável, que compensa seu jogo, digamos, terreno. Battier é daqueles que sempre dá o passo à frente, para fora da área restrita ao redor da cesta. Daqueles que quase nunca salta diante da primeira tentativa de finta de seu adversário, mantendo os pés plantados, o braço erguido, forçando o oponente a tomar outra decisão. Forte, com estatura mediana, casou muito bem com LeBron na defesa, numa combinação vital para o aprofundamento do “basquete sem posição” planejado por Spoelstra. Não é à toa que, no ano em que se tornou agente livre, foi recrutado de imediato por LeBron e Dwyane Wade para juntar forças no Miami. Os astros sabiam o que era jogar contra ele.

Olho nele: depois do título, muitos davam a carreira de Mike Miller por encerrada. O ala mal conseguia celebrar direito na saída de quadra, totalmente travado nas costas. Os jogadores do Heat, mesmo, brincavam que ele estava precisando de uma cadeira de rodas ou, no mínimo, um andador para as férias. Aí que Pat Riley encontoru um meio de roubar Ray Allen de Boston, e o papel do ala parecida cada vez mais secundário. Em fevereiro, ele disputou apenas um jogo. Em março, só foi ganhar tempo de quadra significativo a partir do dia 24. Em abril, porém, quando Spo começou a descansar seus titulares, especialmente Wade e LeBron, Miller se apresentou surpreendentemente como um jogador que ainda pode ser relevante para o time: arremessando mais de seis bolas de três pontos em média durante nove partids, ele matou 51,8% delas. Suas médias foram de 12,1 pontos, 5,1 rebotes e, melhor, 3,7 assistências em apenas 27,2 minutos. Nos playoffs, com a tendência de jogos mais amarrados, apertados, ter um atirador de longa distância – e ótimo passador – disponível nunca é demais.

Palpite: Bucks 4-2.

(Brincadeira, é que por um minuto o Brandon Jennings hackeou minha máquina).

Miami 4-0, fora o baile.

 2-NEW YORK KNICKS x 7-BOSTON CELTICS

A história: Spike Lee espera muito mesmo por uma grande campanha dos Bockers nos playoffs. Mas muito mesmo. Dá para imaginar as capas dos tabloides nova-iorquinos todas pintadas de azul e laranja, e o Garden bombando. A expectativa é tanta que qualquer coisa abaixo de uma final de conferência seria considerada um fracasso. Agora, vá você tentar convencer os orgulhosos Paul Pierce, Kevin Garnett e Doc Rivers disso. Eu? Tou fora.

O jogo: resta saber apenas se KG terá condições de batalhar em quadra. O mesmo vale para Tyson Chandler do outro lado. Sem os pivôs, essa pode ser a primeira série na história pós-George Mikan a ter um jogador de 2,06 m de altura – Jeff Green, no caso, em registros oficiais… Vai saber se chega a isso – como o mais alto em quadra. O plano tático de Mike Woodson de small-ball ficou ainda mais aprofundado depois dos problemas físicos de Tyson Chandler (um baque) e Rasheed Wallace, Marcus Camby e Kurt Thomas (nenhuma novidade aqui). E toca tiro de três pontos: seu time foi o que mais arremessou de longa distância na temporada (2371, dois a mais que o Rockets, e 981 a mais que o Celtics!!!). A ideia é espaçar ao máximo a quadra para deixar Carmelo operar, o que quer dizer que Jeff Green terá um trabalhão danado. O ala enfim justificou a panca de superestrela, num grande campeonato. Por mais que Paul Pierce tenha os nova-iorquinos como suas vítimas preferidas, fica difícil de imaginar que ele possa, a essa altura, se equiparar ao potente cestinha do Knicks. Se JR Smith mantiver o ritmo das últimas semanas, o tempo fecha de vez.

De dar nos nervos: Raymond Felton, Pablo Prigioni, Jason Kidd… Respirem fundo, amigos, porque o Avery Bradley é uma peste que só na pressão quadra inteira, 3/4 ou meia quadra. Não importa onde e como o armador adversário drible a bola: contra Bradley, está correndo risco de ser desarmado. Sua movimentação lateral – ou “jogo de cintura” – é inigualável. Veja este clipe aqui:

Ou, se quiser, este:

 Como se diz mesmo? “Monstro”?

Olho nele: era para ser Leandrinho, mas a lesão no joelho tirou o brasileiro da temporada. Então vai de Jordan Crawford, glup. O ala ex-Wizards foi contratado de última hora para assumir as atribuições antes designadas ao brasileiro: carregar a bola vindo do banco e pontuar. Agora, nem sempre é bonito. Ou melhor, raramente é bonito de se ver. Porque Crawford realmente pode conduzir a bola, mas quem disse que ele é obrigado a passá-la? Um jogador muito talentoso, mas extremamente individualista. Observem e esqueçam, depois, por favor.

Palpite: Knicks em seis (4-2).

*PREVIA DO OESTE: Thunder x Rockets e Spurs x Lakers.
* PREVIA DO OESTE:
Nuggets x Warriors e Clippers x Grizzlies.


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