Vinte Um

Arquivo : Kostas Papanikolau

Houston Rockets lidera a vingança dos nerds na NBA
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas da NBA 2014-2015

Os números não explicam tudo, mas fazem sucesso

Os números não explicam tudo, mas fazem sucesso

Já vimos esse enredo de besteirol umas trocentas vezes na Sessão da Tarde: a revanche dos nerds, os nerds contra-atacam, os nerds ficando com a mocinha bonitinha no final. Os nerds merecem, gente. Antes da popularização e da teorização sobre o bullying, era esse tipo de história da ficção que mais valia como uma vitória pessoal da turminha dedicada aos estudos que, supostamente, não teria bom convívio social na infância e adolescência.

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Agora imaginem quando um supernerd surge do nada – ou melhor, do MIT – para brilhar num ambiente antes dominado por figuras atléticas, robustas, exuberantes? No mundo real. Foi o que Daryl Morey, o gerente geral do Rockets, fez em Houston. Bem no meio do Texas. Cheio de  planilhas, fórmulas e equações, abrindo espaço para seus companheiros matemáticos, estatísticos, cientistas da computação e sabe-se-lá-mais-o-quê numa gestão que se tornaria revolucionária.

A onda de estatísticas analíticas se propagou na NBA como epidemia, e Morey foi informalmente reconhecido como o patrono do movimento. Não só por falar abertamente sobre seus planos e ser um dos executivos da liga mais acessíveis nas redes sociais, mas também pela fama de se dar bem na maior parte das negociações em que se envolveu. Nem sempre dá certo, é verdade, como Jermaine Taylor, David Andersen, Gerald Green e Marcus Morris vão confirmar.

Howard largou o Lakers de Kobe pelo Rockets de Harden

Howard largou o Lakers de Kobe pelo Rockets de Harden

Agora, houve trocas em que ele realmente rapelou a concorrência. Teve também sucesso no draft, com muitas escolhas de segunda rodada acertadas (Chase Budinger, Carl Landry, Chandler Parsons). E, depois de anos e anos de manipulação de sua folha salarial e coleta de trunfos, acabou descolando a sorte grande ao convencer OKC a lhe enviar James Harden. No ano seguinte, com um time mais atraente, convenceu Dwight Howard. E lá estava o Rockets com duas superestrelas.

Esse tipo de retrospecto causa inveja da concorrência, sem dúvida. Ainda mais pela carta branca que Morey ganhou do proprietário Les Alexander. Fundamental para promover táticas pouco usuais, arrojadas de negociação. Até que muita gente achou o máximo quando o dirigente se estrepou nestas férias. Ele foi sedento em direção a Chris Bosh, farejando a possibilidade de tirá-lo do Heat, enquanto LeBron James não se decidia. Estava tão certo de que conseguiria mais um astro para seu tripé, que pagou para o Lakers receber o contrato de Jeremy Lin e deixou Parsons na lista de espera, enquanto não fechava o negócio. O coração e, dãr, a grana pesaram, todavia, e o cara ficou em Miami. Para complicar, o Dallas Mavericks arranjou um jeito de entregar uma oferta cheia de malícia para Parsons que tornou impossível sua permanência em Houston. Em sua política all in de negociação, o cartola saiu de mãos abanando. Na verdade, com prejuízo. Agora era o resto da liga que contra-atacava.

Mas não é que ele tenha sabotado o futuro da franquia também. Ao repatriar um Trevor Ariza mais maneirado e consciente, encontrou um meio de cobrir o buraco deixado por Parsons de modo mais barato. O ala campeão pelo Lakers em 2009, aliás, é muito melhor na defesa e vai fazer uma parceria bastante chata com Patrick Beverley. No ataque, num time em que James Harden e Dwight Howard vão reter a bola, pode se encaixar perfeitamente como atirador de três pontos da zona morta, fundamento no qual evoluiu de maneira impressionante. O único cuidado que se precisa ter: o famoso efeito do último ano de contrato. O cara estava jogando demais em Washington, mas prestes a virar agente livre. Morey, aliás, já havia caído nessa em 2009.

Falar da perda de Omer Asik nem vale. O pivô turco se sentiu simplesmente miserável durante todo o campeonato passado, descontente demais com o posto de reserva de Howard. Não queria ficar por lá mais. Para liberá-lo para o Pelicans, na mesma negociação que lhe trouxe Ariza, o Rockets conseguiu uma escolha de Draft via New Orleans muito mais promissora que a que vai ter de pagar para o Lakers como depósito por Jeremy Lin.

Harden vai para cima, mesmo, no ataque agressivo do Rockets

Harden vai para cima, mesmo, no ataque agressivo do Rockets

Está certo que o banco de reservas de Kevin McHale não inspira muita confiança, assim como o próprio treinador. Há questões sérias para a defesa e para o caso de um dos astros sentir alguma coisa – no momento, tanto Howard e Harden afirmam e aparentam estar em plena forma física e psicológica. E não é que Morey tenha se contentado. Com ele, o balcão de negócios está sempre aberto, e o clube tem margem de manobra. Nas comédias envolvendo esses nerds, melhor sempre esperar para ver quem ri por último.

O time: a correria vai ser mantida. É como se o Rockets quase não tivesse jogada desenhada. A ordem é apertar o ritmo, buscar as bandejas ou lances livres – ou enterradas, no caso de Howard – e os tiros de três, com 11 dos 15 atletas do elenco liberados para se arriscarem no perímetro. No mundo aritmético de Morey, o gráfico de arremessos da equipe não mostraria incidência alguma de chutes de média distância.  Na temporada, essa regrinha rendeu o quarto ataque mais eficiente, muito perto do topo. Na defesa, com Howard, subiram de 16º para 12º – e, no que depender do pivô, o ritmo pode ser ainda mais forte neste ano, já totalmente reabilitado da cirurgia que fez nas costas. Porém, se é para falar de conta, falemos de conta. De acordo com os índices históricos, precisariam avançar consideravelmente nesse aspecto para se colocar no patamar de sérios candidatos ao título. Viu, Sr. Barba?

Papanikolau, um grego que ainda vai aprontar nesta temporada. Grande reforço

Papanikolau, um grego que ainda vai aprontar nesta temporada. Grande reforço

A pedida: realmente acertar a defesa e tentar ir mais longe nos playoffs.

Olho nele: Kostas Papanikolau. Ex-companheiro de Beverley no Olympiakos, bicampeão da Euroliga, o ala tem um estilo de jogo um tanto diferente daquele quando se pensa em alas europeus. O grego de 24 anos é bastante forte, alto agressivo, que vai se encaixando perfeitamente no banco do time, como substituto de Ariza. Se o chute de três da zona morta não estiver caindo, Papanikolau vai colocar a bola no chão e partir para a cesta. Mas sem essa de vaca louca: tem boa leitura de jogo e predisposição para encontrar um companheiro bem posicionado.  Inicialmente, ele havia sido selecionado pelo New York Knicks. Seus direitos acabaram envolvidos numa troca por Raymond Felton, passando para o Blazers. Seu ‘passe’ foi novamente trocado no ano passado para o Rockets, com Thomas Robinson indo para Portland. Quer dizer: já parece mais uma negociação em que Morey levou a melhor.

Abre o jogo: “Quando eu o vi entrando, não sabia o que dizer. Você não consegue ver esse tipo de coisa na Europa”, Papanikolau, maravilhado com a chegada de Hakeem Olajuwon a um treino do Rockets na pré-temporada. : )

Tarik Black e sua montanha de músculos numa contratação surpreendente

Tarik Black e sua montanha de músculos numa contratação surpreendente

Você não perguntou, mas… o novato Tarik Black tem uma dessas histórias que serve para todo jogador sonhar grande. O pivô chegou a se graduar mais cedo pela Universidade de Memphis, mas decidiu estender sua carreira como jogador da NCAA por Kansas, pedindo transferência. Ele perdeu uma temporada, mas foi liberado para jogar pelos Jayhawks em 2013-14, um veterano coadjuvante para os calouros Andrew Wiggins e Joel Embiid. Todo scout que fosse aos seus jogos teria as duas sensações como prioridade de avaliação. Ao mesmo tempo, o Black ao menos estava em um time sendo visto por todos. Ele não foi selecionado no draft, mas foi convidado pelo Rockets para seu time de verão da liga de Orlando. O que ele fez foi o suficiente para lhe render mais um convite, dessa vez para o training camp. Até que os amistosos começaram, e ele estava ganhando minutos regulare. Numa prática que já está virando normal para seus padrões, Morey acabou ficando com um número maior de contratos garantidos no clube do que o permitido para a temporada regular. Era esperado, então, que Black apenas cumprisse tabela por lá e fosse dispensado antes de a temporada começar, ainda que estivesse ganhando minutos regulares nos amistosos. Mas que nada. O supernerd optou por despachar Ish Smith e Jeff Andrien, atletas mais experimentados, jogando fora mais de US$ 2,1 milhões em salários para ficar com o  pivô, que vem sendo o principal reserva de Dwight Howard na temporada.

carl-herrera-rockets-cardUm card do passado: Carl Herrera. Este card, pinçado numa página especial toda dedicada ao venezuelano, ainda é de uma época em que os jogadores estrangeiros eram espécies invasoras, mesmo, na liga. Depois de Rolando, Herrera seria o segundo sul-americano a jogar por lá (embora, na verdade, tenha nascido em Trinidad e Tobago!). Coincidentemente, os dois se graduaram pela Universidade de Houston, embora em gerações diferentes. Se Rolando não teve muita sorte em Portland, o ala-pivô conseguiu fazer carreira em Houston, como reserva no elenco bicampeão capitaneado por Olajuwon em 1994 e 95. Aos 29 anos, trocou de clube, mas seguiu no Texas, defendendo o Spurs. Em 199, sua última temporada de NBA foi abalada pelo primeiro lo(u)caute, passando pelo Vancouver Grizzlies e o Denver Nuggets. Herrera ainda jogaria na Venezuela até 2008, com 42 anos. O Rockets ainda teve mais um jogador do país em sua história: o ala Oscar Torres, em 2002-03.


Final Four da Euroliga: os jogadores vinculados a clubes da NBA
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Giancarlo Giampietro

Ante Tomic faz farra

Ante Tomic crava contra os ex-companheiros de Real Madrid. Deixaram escapar…

Basicamente? A grande maioria dos jogadores que vão estar em quadra neste fim de semana pelo Final Four da Euroliga teria condições de fazer parte da rotação de um time de NBA. Alguns, como titulares. Outros? Completando o banco. Mas é inegável o talento. Vamos  publicar mais um post sobre o assunto, mas falando, claro, mais sobre a liga europeia do que a norte-americana. Aqui, seguem alguns atletas que já foram selecionados no Draft:

Sergio Llull (Real Madrid): o armador espanhol de 25 anos  foi a 34ª escolha do Draft da NBA de 2009, via Denver Nuggets, mas para o Houston Rockets, que desembolsou US$ 2,25 milhões (!!!) só para adquirir seus direitos. Essa é a compra mais cara de um pick na segunda rodada do recrutamento de calouros da liga. Então, sim, dá para dizer que Daryl Morey aguarda ansiosamente o dia em que poderá por as mãos neste explosivo jogador, um atleta de calibre da NBA que vem melhorando a cada temporada. O problema? Existe a possibilidade de que ele demore muito para cruzar o Atlântico, se é que vai fazer um dia. Seu contrato com o Real vai até 2014 e ele já deu a entender que não veria impedimento para estender esse vínculo. Estatísticas.

Nikola Mirotic (Real Madrid): o ala-pivô naturalizado espanhol tem 22 anos apenas, mas já é uma estrela na Europa e estaria pronto para defender o Chicago Bulls (que o selecionou em 2011 com a 23ª escolha) agora mesmo nos playoffs não tivesse um detalhe: o contrato com o Real até 2016. Mas os fãs do Bulls podem ficar tranquilos: a expectativa é que, no meio do caminho, ele negocie uma rescisão para tentar a NBA. Ainda precisa melhorar como um passador, mas sabe colocar a bola na cesta com tiros de média e longa distância e movimentos mais desenvolvidos próximo do garrafão. Sólido reboteiro e presença incômoda na defesa devido a sua envergadura. Estatísticas.

Kostas Papanikolau (Olympiakos): inicialmente draftado pelo New York Knicks no ano passado em 48º, teve seus direitos adquiridos pelo Portland Trail Blazers na negociação que mandou Raymond Felton e Marcus Camby de volta a Manhattan. Tem contrato até 2014 com o clube ateniense e estaria na mira do Barcelona. Eleito “a estrela ascendente” da temporada, aos 22 anos, é um ala muito forte e atlético que refinou seu arremesso a tal ponto que chega ao Final Four com aproveitamento de absurdos 52,7% na linha de três pontos. Bom reboteiro e defensor na posição. Estatísticas.

Ante Tomic (Barcelona): croata de 26 anos e 2,17 m de altura, escolhido pelo Utah Jazz na 44ª posição do Draft de 2008. Eleito o melhor pivô da temporada, com justiça. Vestindo a camisa do Barça, em muitos momentos relembra Pau Gasol em seus movimentos no garrafão. Tem um jogo de pés bastante criativo, girando para os dois lados, em direção ou no sentido contrário da cesta, podendo compensar algum desequilíbrio com munheca certeira (aproveitamento de 66,7%, terceiro melhor do ano). Tem contrato até 2015. Não está claro se tem interesse em jogar na NBA, mas seria um desperdício o Utah não tentar. Estatísticas.

Sasha Kaun (CSKA Moscou): existem lenhadores canadenses e existem lenhadores russos também, claro. Formado na universidade de Kansas, pela qual foi campeão ao lado de Mario Chalmers e Darrell Arthur em 2008, Kaun regressou para Moscou para construir uma firme carreira como uma força defensiva. Agora, se apresenta também como um jogador que precisa ser marcado perto do aro, tendo convertido 72,8% nos arremessos de dois pontos, algo elevadíssimo. Só uma coisa: na hora em que ele for cobrar lances livres, melhor fechar os olhos (51,6% e 49 air-balls segundo estatísticas extraoficiais). Kaun poderia dar uma força para Anderson Varejão em Cleveland, mas renovou seu contrato por três anos com o CSKA. Estatísticas.

Há também o caso de Erazem Lorbek, que hoje tem seu “passe” vinculado ao San Antonio Spurs, que está numa outra lista de jogadores que a NBA não conseguiu aproveitar:

* O Canal Sports+, da Sky, transmite nesta sexta-feira e no domingo todos os quatro jogos do Final Four da Euroliga. Transmissões na sexta e sábado a partir de 12h45 (horário de Brasília). Divido os comentários com Ricardo Bulgarelli. A naração fica por conta dos companheiros Maurício Bonato, Ricardo Bulgarelli e Marcelo do Ó, como foi durante toda a temporada.


Em desfecho eletrizante, Euroliga define seus confrontos de quartas de final
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Giancarlo Giampietro

Olympiakos, de Papanikolau?

Foi suado, mas os campeões do Olympiakos seguem na briga para defender o título

Tá acabando, gente. Ou quase.

Nesta quinta-feira a Euroliga meio que concluiu sua segunda fase, o Top 16, de maneira eletrizante.

Por que “meio”?

Porque nesta sexta-feira os pangarés da Turquia, Fenerbahçe e Besiktas, ainda se enfrentam em um clássico de Istambul. Mas, como eles só apanharam durante toda essa etapa, o desfecho deste jogo não serve para nada, não exerce nenhuma influência sobre a continuação do campeonato.

Então, ok, dá para dizer que o Top 16 está encerrado, sim, e que foi uma última rodada de tirar o fôlego, e que agora temos de nos preparar para a fase de mata-matas, que tem tudo para pegar emprestada a imprevisibilidade dos Grupos E e F e apresentar confrontos para mexer com algumas das bases de torcedores mais apaixonadas da Europa.

Vamos, então, tentar contar em partes o que aconteceu no segundo maior torneio de basquete do mundo entre clubes.

A começar da notícia, em si: os duelos das quartas de final. Que são…

Barcelona x Panathinaikos
Real Madrid x Maccabi Tel Aviv
CSKA Moscou x Caja Laboral
Olympiakos x Anadolu Efes

Barça, Real, CSKA e Olympiakos têm mando de quadra num formato melhor-de-cinco (2-2-1), e a disputa começa já na próxima semana, com embates de terça a sexta-feira. Segura!

Difícil escolher um confronto mais equilibrado entre os quatro. Vamos analisá-los no decorrer dos próximos dias, a começar pelo supostamente favorito Barcelona (melhor campanha disparada da fase regular, mas com alguns desfalques importantes) contra o Panathinaikos neste sábado.

*  *  *

Esquadrão Barça

Barça, a melhor campanha da fase regular: 22 vitórias e só 2 derrotas

Como chegamos até aqui?

O Grupo E classificou , pela ordem, CSKA, Real, Anadolu e Panathinaikos – pelo caminho ficou o Unicaja Málaga, de Augusto Lima, que teve alguns bons momentos, mas, em geral, foi pouco utilizado em sua temporada pré-Draft da NBA.

Na última rodada, os quatro já estavam classificados, mas o drama era a luta pela segunda posição, valiosíssima, pela vantagem de definir em casa.O Real liderou a chave por diversas rodadas, mas acabou cedendo a ponta com uma derrocada no final, sendo derrotado nas 21ª, 22ª e 23ª jornadas, se recuperando apenas na última jornada, batendo o Anadolu por 20 pontos em Madri. O time terminou com 10 vitórias e 4 derrotas, contra 9 e 5 dos gregos e turcos. Os moscovitas tiveram 11 e 3, respectivamente.

Pelo Grupo F, teve muito mais drama.O Barça, absoluto, já estava classificado, e como líder. De resto, eram cinco times batalhando por três vagas. Maccabi e Olympiakos estavam empatados com 8 vitórias e 5 derrotas. Abaixo vinham Kimkhi Moscou, Caja Laboral e Montepaschi Siena com 7 triunfos e 6 reveses. E que saber do que mais? Havia dois confrontos diretos marcados para esta semana: Caja x Siena e Kimkhi x Olympikaos. Haaaaaja coração, amigo.

Acabou que o Caja, ex-time de Tiago Splitter e Marcelinho Huertas, bateu o Siena em casa por 76 a 64 em Vitória. O polonês Maciej Lampe barbarizou, com 27 pontos e 9 rebotes, acertando 12 de seus 19 arremessos. Vale mencionar também os 13 pontos e 13 rebotes (!) de Andrés Nocioni, sempre um leão. É aquilo: se você vai para a guerra – ou um jogo decisivo, digamos, de vida ou morte –, quem não vai querer um Nocioni ao seu lado? O clube basco, cujo nome original seria Baskonia, liderou de ponta a ponta, apesar dos esforços do armador/escolta americano Bobby Brown, um dos destaques individuais da Euroliga. Seria muito surpreendente se Brown não aparecer no elenco de algum clube da NBA no ano que vem, ou até mesmo neste ano.

O outro duelo imperdível aconteceu entre Olympiakos, atual campeão, e o Kimkhi, em Atenas, com vitória dos vermelhos por 79 a 70, um jogo mais duro, com os atletas do time russo tentando uma recuperação no segundo tempo, em vão. E, não, não foi Vassilis Spanoulis a carregar o time grego desta vez. Mas, sim, o ala Kostas Papanikolau, com 21 pontos e 12 rebotes e seis disparos certeiros em seis tentativas de longa distância. Afe. Para os torcedores do Blazers, olho nele: seus direitos na NBA pertencem ao clube de Portland. Uma derrota poderia ter eliminado o Olympiakos. Com a vitória, conseguiram o segundo lugar, ultrapassando o Maccabi.


Há muito basquete além da NBA: a Euroliga começa a pegar fogo
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Giancarlo Giampietro

Sonny Weems, da NBA para o CSKA

O superatlético Sonny Weems substitui Andrei Kirilenko em Moscou

Por Rafael Uehara*

(Nota/Ótima notícia no Vinte Um: convidado do blog durante o mês de dezembro, o Rafael veio para ficar. Semanalmente, ele vai publicar um artigo por aqui. Aproveitem!)

O mundo não acabou, mas 2012 sim, e, com a virada do calendário, as principais ligas do mundo começam a pegar fogo nessa arrancada em direção ao fim da temporada. No caso da Euroliga, principal competição de clubes do continente Europeu, isso é sinalizado pelo TOP 16, que teve sua segunda rodada disputada na semana passada. Com a mudança de formato a partir dessa temporada, a segunda fase da Euroliga terá 14 rodadas para definição dos oito classificados para as quartas de final, ao invés de apenas seis em anos anteriores. Há ainda muito chão pela frente, mas já é possível se ter uma ideia de quais times são concorrentes legítimos ao título e quais precisam de mudanças drásticas para voltar à briga.

O Barcelona de Marcelinho Huertas foi à Rússia na semana que passou e perdeu apenas pela segunda vez na competição, 65-78 para o BC Khimki, mas não há dúvida de que a máquina catalã é a força mais respeitável do basquete europeu no momento. Mesmo com um elenco composto de menos jogadores de pedigree defensivo como no ano passado, liderado pelo técnico Xavi Pascual, o Barcelona está a caminho de igualar marcas históricas registradas em 2011-2012. De acordo com o site gigabasket.org, o Barcelona tem permitido apenas 88,8 pontos a cada 100 posses do adversário, marca muito similar ao 87,3 da temporada passada, o que é fantástico especialmente considerando que o time substituiu Boniface N’Dong, Fran Vázquez e Kosta Perovic por Ante Tomic e Nathan Jawai no pivô.

Juan Carlos Navarro, La Bomba

Um Barça menos dependente de Navarro no ataque para tentar o título

Tomic e Jawai foram incorporados ao time em uma tentativa de adicionar maior criatividade ao ataque, que sofreu demais contra o Olympiacos no Final Four do ano passado. Pascual fez as mudanças necessárias, incluindo maior envolvimento de Huertas, e o resultado tem sido um time muito menos dependente de Juan Carlos Navarro e Erazem Lorbek e que tem marcado em média três pontos por cada 100 posses a mais do que na temporada anterior. Graças à boa química entre Huertas, Jawai e Tomic no pick-and-roll, o Barcelona lidera a Euroliga em pontos no garrafão. Com esse ataque renovado e uma defesa histórica, o time catalão é, em minha opinião, o principal favorito ao titulo.

Talvez os rivais de Madri estejam no mesmo nível. O Real Madrid de Pablo Laso também está tendo um ano fantástico. Entre supercopa da Espanha, campeonato espanhol e Euroliga, os merengues perderam apenas quatro jogos até o momento, sendo um deles para o Barcelona semana passada. Com uma filosofia oposta aos inimigos catalães, o Real tem se estabelecido como o ataque mais feroz do continente. No momento, é apenas o terceiro classificado em pontos por posse (marcando em média 109,7 a cada 100), mas isso é porque o Montepaschi Siena e o Zalgiris Kaunas estão fazendo campanhas históricas em termos de eficiência. Com a adição de Rudy Fernandez (um talento fora de série no continente) e o desenvolvimento de Nikola Mirotic (a caminho de se tornar o melhor ala-pivô na Europa), o Real não tem como ser parado, apenas contido. Mas esse já era mais ou menos o caso na temporada passada. O que faz do time merengue um concorrente legítimo ao titulo este ano é a melhoria em prevenção, setor no qual o time subiu de 13º para terceiro em pontos permitidos por posse.

É o que diferencia o Real Madrid do Montepaschi Siena, por exemplo. O Siena tem o melhor ataque do continente, marcando em média 115 pontos a cada 100 posses de bola. Bobby Brown tem sido fantástico e lidera a competição com 252 pontos em 12 jogos após uma exibição magnífica de 41 pontos em apenas 18 tiros de quadra contra o Fenerbahçe, em Istambul semana passada. O Siena tem superado as expectativas pra esse ano. Devido a problemas financeiros do patrocinador, Banco di Monte Paschi, o time teve que se despedir de medalhões como Simone Pianigiani, Bo McCallebb, Rimantas Kaukenas, David Andersen, Nikos Zisis e Ksystof Lavrinovic e remontar um elenco com soluções mais baratas do que a torcida estava acostumada. O Siena começou o TOP 16 com duas vitórias, sobre Maccabi e Fenerbahçe, mas ainda é difícil vê-lo como concorrente ao título. Com a terceira pior defesa da competição, e a expectativa é que em algum momento sua falha retaguarda pesará.

Kaukenas fazendo das suas

Kaukenas encontra espaço para a bandeja pelo ataque sensacional do Zalgiris

Já o Zalgiris Kaunas de Joan Plaza não pode ser visto da mesma forma. Havia muitas dúvidas com relação à idade avançada do elenco e como esse time defenderia, mas o atual campeão lituano é o sexto colocado em pontos permitidos por posse, mesmo que apenas Tremmell Darden e Ibby Jabber sejam atletas de porte físico invejável. Essa aplicação no setor defensivo, mesmo que não seja de elite, tem sido o suficiente para dar suporte ao segundo melhor ataque do continente. É uma dinâmica curiosa e fenomenal: o Zalgiris marca a segunda maior taxa de pontos por posse e, ao mesmo tempo, tem a menor taxa de posses por jogo. Isto é, faz o máximo com menos. Plaza formatou uma maneira de jogar que minimiza os fatores idade e a falta de porte físico do time. Será interessante ver se o clube lituano conseguirá impor seu ritmo de jogo contra Real Madrid e CSKA Moscow, dois dos times mais atléticos do continente e dos poucos com atletas ao nível de NBA. Mas o que eles já têm feito até agora é suficiente para se estabelecer como força a ser respeitada.

Falando em CSKA Moscou, o time de Ettore Messina (que voltou pra casa após três anos divididos entre o Real Madrid e o Los Angeles Lakers) vem, quietinho em seu canto, fazendo a melhor campanha da liga até o momento. O CSKA tem sido muito menos dominante do que aquele time liderado pelo fantástico Andrei Kirilenko ano passado, mas venceu 11 de seus 12 jogos até o momento e é o quinto colocado em ataque e segundo em defesa. Talvez sejamos nós que tenhamos prestado menos atenção. Sonny Weems também é talento de NBA, mas empolga menos do que o sempre enérgico e impactante Kirilenko. A combinação de Weems e Dionte Christmas nas alas é o que diferencia o CSKA dos demais times do continente. Poucos têm a capacidade atlética da dupla. O sistema ofensivo ao redor de Nenad Krstic mudou, mas o pivô sérvio tem mantido sua excelência. Tem saído do banco apenas porque seu companheiro de posição Sasha Kaun está totalmente recuperado de uma lesão séria no joelho sofrida 18 meses atrás e Messina agora apresenta uma sutil uma queda por atletas de primeiro nível, depois de sua experiência nos Estados Unidos.

Em Israel, o Maccabi Tel Aviv de David Blatt começou o TOP 16 com duas derrotas para o Siena e o Caja Laboral, a última por um ponto em casa na semana passada. Vindo pra temporada, a dúvida era como esse time iria marcar pontos após as saídas de Keith Langford e Richard Hendrix. Mas, com um ataque certeiro em tiros de meia distancia e uma defesa que tem permitido o menor número de pontos no garrafão, a potência israelense está a caminho de fazer o papel que fez ano passado; timinho difícil de bater nas quartas de final. Mais que isso será uma surpresa considerando as limitações do elenco, mesmo que se há alguém capaz de tirar um final four desse time, esse alguém é David Blatt.

E por último, mas não menos importante, o atual campeão Olympiacos. A temporada começou meio estranha para os vermelhos de Piraeus, com duas derrotas nos primeiros três jogos e a saída do pivô Joey Dorsey do time após desavenças com o novo técnico Georgios Bartzokas, que substitui o legendário Dusan Ivkovic, aposentado. Mas as coisas se acertaram a partir dali. O Olympiacos ganhou sete jogos seguidos na Euroliga para terminar a primeira fase com vitórias em 10 jogos. Além disso, bateu o rival Panathinaikos no campeonato grego. A defesa se endireitou e o importantíssimo Kostas Papanikolaou se apresentou melhor depois de um primeiro mês muito tímido. O TOP 16 começou com derrota em Vitória para o Caja Laboral, rejuvenescido depois da demissão Dusko Ivanovic, mas os vermelhos se recuperaram com vitória sobre o Besiktas em casa. É difícil saber, porém, o quanto Dorsey fará falta nas fases finais. Ele foi peça fundamental na corrida ao título ano passado e seu substituto Josh Powell é um jogador de características totalmente diferente.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


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