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Leandrinho x Jordan Crawford: as trilhas se divergem
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho x Jordan Crawford: favor não confundir

Leandrinho x Jordan Crawford: favor não confundir

Eles já foram trocados um pelo outro. Estavam na lista de alvos do Miami Heat neste ano. Agora, uma semana depois de Leandrinho ser anunciado como jogador do Golden State Warriors, o ala-armador Jordan Crawford desembarcou na cidade de Urumqi, capital da região de Xinjiang, que empresta seu nome ao Flying Tigers. Um time da rica, mas ainda varzeana (técnica e taticamente falando) liga chinesa.

Se aceitarmos o mapa mundi em sua visão mais popular, com a Europa convenientemente localizada ao centro, os dois cestinhas estariam cada um em uma extremidade. Se for para ficar com o globo giratório, ‘só’ um Oceano Pacífico os separa. E aí estão Leandro e Crawford, bem distantes, depois de suas trajetórias se cruzarem algumas vezes na central de transferências sempre agitada da NBA.

É uma história curiosa, que ajuda a valorizar o que o ligeirinho brasileiro conquistou nos Estados Unidos. Aos 30, o veterano – um notório boa praça, festejado em todos os vestiários por onde passou – ainda tem cotação para se manter na grande liga, ainda que com preço mais barato e peregrinando de clube em clube. De 2011 para cá, já são cinco times. E aqui só cabe uma observação: assim como aconteceu no campeonato passado, Leandro assina um contrato não-garantido com o Warriors, sobre o qual falaremos mais abaixo. O americano, cinco anos mais jovem, mas com uma trajetória um tanto problemática, se vê obrigado partir para a Ásia.

Leandrinho não teve contrato renovado pelo Suns, mas segue na NBA, dando um jeito

Leandrinho não teve contrato renovado pelo Suns, mas segue na NBA, dando um jeito

Os dois jogadores ocupam basicamente o mesmo nicho de mercado: os chamados combo guards, reconhecidos pelo tino para colocar a bola na cesta, embora nem sempre eficientemente, mas que saem do banco para botar fogo no ataque. Obviamente esse é uma definição bem generalizada. Há muito que se distinguir na abordagem de cada um.

O habilidoso americano é muito mais afeito ao drible, sacudindo o marcador, enquanto seu concorrente depende mais de investidas direta, objetivas, dependendo de sua explosão física. A maneira como jogam é diferente, mas o objetivo final acaba coincidindo.

Um ano e meio atrás, por exemplo, eles foram envolvidos no mesmo negócio, mais precisamente no dia 21 de fevereiro de 2013. Justamente quando estava se fixando na segunda unidade do Boston Celtics, esquentando o motor, Leandrinho sofreu uma grave lesão, com ruptura de ligamento no joelho e tudo, que encerrou sua temporada. Danny Ainge ainda acreditava em algum sucesso nos playoffs naquela que acabou sendo a última campanha de Pierce e Garnett pela franquia e acertou uma negociação por Crawford.

O então jovem ala-armador estava desacreditado na capital norte-americana, visto como um dos personagens principais de todo o caos e o consequente fiasco do Wizards. Ainda assim, tinha esse “fogo” de que o Celtics tanto precisava. Alguém que poderia esquentar a mão em um grande jogo. Ainge confiava que a estrutura comandada por Doc Rivers e a fiscalização de seus veteranos o colocariam na linha. No fim, o time perdeu para o New York Knicks, numa despedida decepcionante para aquele grupo.

Ironicamente, vestido de verde e branco, Crawford praticaria seu melhor basquete, mas só na temporada seguinte, sob o comando de Brad Stevens. Jogando como o dono da bola – os astros haviam se mudado para Brooklyn e Rondo ainda estava lesionado. Restava, logo, ao treinador novato apostar no temperamental ex-reserva, que correspondeu. “Eu me senti em casa por um minuto. Foi a primeira vez que fiquei mais tempo em quadra, tendo a chance de enfrentar os altos e baixo e aprender como se ajustar a isso. Sabe, quando você está jogando mal e pode se recuperar. Foi muito positivo”, afirmou.

Crawford: breve passagem pelo Warriors, agora abrindo vaga para Leandrinho. Ciranda-cirandiha

Crawford: breve passagem pelo Warriors, agora abrindo vaga para Leandrinho. Vamos logo cirandar

Em reconstrução, o Celtics repassou Crawford 363 dias depois numa troca tipla que enviou o cestinha para o Warriors, outro clube que buscava reforços para sua segunda unidade, na esperança de reduzir a carga de Curry e Thompson. Seu impacto, contudo, não foi tão grande assim. Com o seu contrato vencido, foi liberado pelo time californiano para negociar com outros times. Seu nome foi especulado por uma série de franquias – entre elas o Miami Heat, ao lado de Leandrinho, que não renovou com o Suns.

O brasileiro, porém, seguiu outra direção e fechou com o Warriors, justamente para assumir, em teoria, o papel do americano na segunda linha, na rotação com Curry, Thompson e Shaun Livingston, cujas características ele pode complementar tão bem. O espichado armador tem boa visão de jogo, é uma ameaça no ataque de costas para a cesta devido a sua estatura, mas não tem chute (algo que seu novo companheiro oferece). Juntos, os dois também dão muita envergadura para a defesa de Steve Kerr, outro fator que pesa a favor de Barbosa, com quem tem bastante familiaridade, já que foi seu dirigente por muito tempo em Phoenix.

Precisa ver apenas se o paulistano realmente se enquadra nos planos do time a longo prazo. Segundo o jornalista Eric Pinus, do Los Angeles Times e do site Basketball Insider,  apenas US$ 150 mil dos US$ 915 mil de salário de Leandrinho seriam garantidos. A data para que o contrato seja validado em sua totalidade ainda não foi divulgada, mas geralmente não passa de 10 de janeiro. Até esse prazo, o Warriors poderia dispensá-lo, se assim preferir.

Estão no mesmo barco o armador Aaron Craft, um defensor implacável revelado por Ohio State, mas uma negação para arremessar, e os alas Justin Holiday (irmão mais velho do Jrue, do Pelicans) e James Michael McAdoo (calouro de North Carolina, que já foi uma grande promessa, com seleção de base e tudo, mas despencou). Depois de um ano na Hungria, Holiday jogou bem pelo time de verão da franquia, já sob o comando de Kerr. Seria o maior concorrente – mas talvez seja exagero até empregar esse termo.

Na verdade, o Warriors já tem no momento 13 contratos garantidos, o mínimo necessário para carregar numa temporada. Entre esses contratos está o jovem sérvio Nemanja Nedovic, armador que vem falhando em deixar sua marca nos Estados Unidos. Para piorar, ainda sofreu uma lesão durante os treinamentos com sua seleção e foi cortado da Copa do Mundo. Ainda que Nedovic não passe segurança alguma nesse momento, o  gerente geral Bob Myers não precisa efetivar o contrato de nenhum dos atletas do parágrafo acima, diga-se.

Kerr reencontra Leandrinho em Oakland: ótima notícia para o brasileiro

Kerr reencontra Leandrinho em Oakland: ótima notícia para o brasileiro

Mas é extremamente improvável que tenham acertado com um jogador da experiência de Leandrinho apenas para avaliá-lo de perto, e pronto. Presume-se que o aspecto provisório de seu vínculo tem mais a ver com os recentes problemas físicos e lesões do atleta do que por qualquer desconfiança técnica. Durante a Copa, o paulistano comprovou que ainda tem valiosos recursos para oferecer e que está em ótima forma. O ligeirinho se enquadrou no sistema um tanto pétreo desenhado por Magnano e não precisou tentar ser o herói de torneios passados. Num time com Curry e Thompson, certamente não se espera nada nessa linha.

Crawford, por outro lado, é um cara que se sente muito mais confortável para produzir com a bola em mãos. Se a sua criatividade e o seu talento no jogo de um contra um não se discutem, nem sempre se encontra uma boa vaga para acomodá-lo. Não sabemos se ele recebeu alguma oferta concreta na NBA. Aparentemente, o único cheque com um número extenso o bastante para satisfazê-lo veio dos Tigres Voadores de Xinjiang. Fala-se em US$ 2 milhões, mais que o dobro do que vai ganhar o brasileiro. Na China, também vai ter a chance de produzir aquelas estatísticas só vistas em videogame. Obviamente, não seria a primeira escolha dele. Também não dá para dizer se aceitaria um contrato nos moldes do que Leandrinho assinou. Os dois estão realmente em pontos bem diferentes de suas carreiras, e não só geograficamente falando. Que não sejam confundidos, mesmo.


Perguntas para Los Angeles Clippers x Golden State Warriors
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Giancarlo Giampietro

Steph Curry x CP3: dois dos melhores armadores do mundo em uma só série promissora

Steph Curry x CP3: dois dos melhores armadores do mundo em uma só série promissora

– Andrew Bogut volta?
Os deuses basqueteiros têm alguma coisa para resolver com o pivô australiano. Nesta temporada, o cara até que conseguiu segurar as pontas em quadra, passando da marca de 65 partidas, depois de jogar apenas 44 nas duas anteriores. Mas aí chega a reta final do campeonato, e o que acontece? Claro que ele teria de sofrer uma fratura em seu quadril direito. E o Warriors sem seu aussie predileto é outra equipe. Andre Iguodala ajuda, e muito, com sua capacidade atlética e atenção defensiva no perímetro, mas a retaguarda da equipe depende em demasia da proteção de aro e da ocupação de espaços que o pivô oferece. No ataque, seus passes também são um diferencial, é verdade, mas o que preocupa aqui realmente é a consistência defensiva. Jermaine O’Neal curte um mezzo revival, mas definitivamente não tem o mesmo impacto.

– Sem Bogut, quem vai arrumar confusão com o Clippers?
Bogut adora usar seus cotovelos – e o corpanzil em geral – para, digamos, incomodar a concorrência. Blake Griffin era um de seus alvos preferidos, e a tensão entre os dois brutamontes foi primordial para o aquecimento da rivalidade entre esses dois clubes californianos nos últimos anos. Bem, Klay Thompson já se candidatou a assumir a vaga de atleta mais visado/odiado saiu acusando Griffin de ser um fingidor, cheio de cenas, o famoso “flopper”. Em possíveis encrencas em quadra, olho também em Matt Barnes.

 

– O progresso de DeAndre Jordan é sustentável?
Com o pulso firme de Chris Paul e a produção estupenda de Blake Griffin, mais um punhado de bons arremessadores ao redor deles, o ex-primo pobre de Los Angeles se tornou o ataque mais eficiente da liga. Sua defesa também melhorou sob a coordenação de Doc Rivers,  mas ainda não num patamar em que possa ser equiparada aos resultados obtidos por Spurs ou Thunder nos últimos dois anos (sempre no top 5). E muito do sucesso que o Clippers possa ter em frear um ataque poderoso como o do Warriors vai passar por DeAndre Jordan. Ele não virou nenhum Bill Russell, por mais que Doc queira dar aquela moral, mas sua evolução durante o campeonato foi impressionante. Aos 25 anos, o gigantão amadureceu e não só elevou drasticamente sua média de rebotes, como progrediu consideravelmente em seus índices defensivos (e ofensivos). Numa série de mata-matas, porém, as eventuais falhas de posicionamento e cobertura podem ser exploradas com mais facilidade. Sem Bogut, o Warriors vai tentar afastar DJ da cesta sempre que puder, com pick and pops com David Lee, O’Neal e Marreese Speights. Nessas situações, a complexidade dos movimentos aumenta, e o pivô tem de dar a resposta, especialmente considerando o que o time tem de recursos no banco de reservas quando o assunto são os grandalhões. Ainda mais se Stephen Curry estiver envolvido como o driblador buscando o corta-luz.

– O mundo poderá sobreviver ao embate entre Jordan e Jamal Crawford?
Sim, chegou o dia em que dois dos figuraças que já foram mais malhadas pelo espírito avoado e/ou fominha na liga duelam nos playoffs. São dois jogadores com crossover mortal, capacidade para frear o drible em qualquer ponto da quadra e subir de modo ameaçador para o chute. De vez em quando podem exagerar um pouquinho. Só um pouquinho… Ok, está certo que Jamal-C, em seus tempos de Clippers, vem recebendo muito mais elogios, com razão. Botou a cabeça no lugar, disse que enfim se entendeu como ser humano – e jogador de basquete. Mas ainda lembramos de seus tempos de Bulls e Knicks, em que era capaz de bater bola por 20 segundos  até arriscar um chute desvairado a 12 metros da cesta. Comportamento semelhante ao de Jordan-C no Washington Wizards, até que o maninho tomou um chá de semancol servido por Brad Stevens em Boston. Um outro tipo de Tea Party.

– Pode Stephen Curry ter relevância também na defesa?
Que o filho mais velho de Dell Curry é um dos melhores arremessadores, se não o melhor desta era dourada, não há dúvida. Né!?!? Pessoalmente, é um dos meus jogadores prediletos, daquele que vale o ingresso por conta própria. Seu chute é tão bom que sua habilidade para servir aos companheiros acaba ficando em segundo plano. Poderíamos falar até o amanhacer sobre seu talento ofensivo, mas, na hora de encarar um elenco do quilate do Clippers, ninguém passa impune do outro lado da quadra. Steph vai ter de aguentar a bronca.  Mark Jackson pode evitar o confronto direto com Chris Paul e colocá-lo para vigiar Redick ou Matt Barnes. Mas cada um desses representa desafios: inteligente demais, Redick busca muito bem os corta-luzes do lado contrário, algo que exige disciplina para se frear, enquanto Barnes pode cortar agressivamente para o garrafão, com ou sem bola, além de ser mais alto e comprido.


Uma troca que pode influenciar a luta por título na NBA
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Giancarlo Giampietro

Jordan Crawford, quem diria, virou reforço importante para o Warriors

Jordan Crawford, quem diria, virou reforço importante para o Warriors

Ao concluir uma troca, todo gerente geral vai se sentar diante dos microfones, um pouco mais alto no palanque, com o banner de sua equipe logo atrás e sorrir e falar sobre como essa negociação vai muito de acordo com o plano  – todos têm planos mirabolantes, ou pelo menos dizem que têm –, e que a negociação os leva diretamente para esta reunião.

No dia, o discurso pode até soar convincente, e as hordas de setoristas vão apoiá-lo, repassando o “peixe vendido” para os leitores. Alguns meses depois, dependendo do contexto, essa mesma negociação pode virar alvo de chacota e até mesmo resultar numa demissão. O olho da rua, a calçada da amargura.

Bem, nesta quarta, dando continuidade a uma temporada que já vai se desenhando agitado nas movimentações de jogadores, Boston Celtics, Golden State Warriors e Miami Heat fecharam uma troca tripla em que, assim de bate-pronto, acredito que influencia positivamente o rumo de ambos os times envolvidos. Nem precisa que Danny Ainge, Pat Riley ou Bob Myers se esforcem tanto para ganharem um joinha.

O negócio, vamos lá: Celtics manda Jordan Crawford e MarShon Brooks para a Califórnia. O Warriors, em contrapartida, se desfaz de Toney Douglas, que embarcano próximo voo para a Flórida. E o Heat repassa Joel Anthony para a Beantown, com mais duas escolhas de Draft (uma de primeira e outra de segunda, mas tem mais um detalhe aqui que vamos abordar um pouco mais abaixo).

É uma toca que, se a princípio, pelos nomes de coadjuvantes envolvidos, não é de assustar tanto, né? Mas ela pode ter, sim,  um impacto imediato na disputa do título deste ano – e dos próximos, diga-se.

Para entender o que cada um está pensando com o negócio:

Boston Celtics: por mais que Brad Stevens se esforce para fazer um bom prato a cada noite, sem ter muitos ingredientes à disposição, Danny Ainge claramente não quer saber de ver seu time competindo por playoff na Conferência Leste. O negócio é o Celtics se fixar entre os piores times da liga – se for entre os três lanterninhas, melhor ainda. Então o que ele fez? Pegou seu melhor jogador na temporada até aqui – Crawford, creiam – e o enviou para bem longe dali. Além disso, Brooks não estava muito satisfeito com a falta de tempo de quadra e com a passagem pela D-League. Um chorão a menos com que se preocupar.

Quem chega é o veterano Anthony. De positivo o que ele pode oferecer? É um jogador bastante inteligente, dedicado, experiente, que serve como mentor para jovens jogadores. Faz tempo que ele não joga, enterrado no vestiário de Erik Spoelstra, mas não podemos nos esquecer que é um bom defensor, atlético, protetor do aro. Algo que Stevens não tem no momento – ou que, pelo menos, ele não julga Vitor Faverani ser. Além disso, ele tira o fardo de Kelly Olynyk de ser o único atleta canadense no elenco esmeraldino. Tem isso. Por outro lado, o pivô tem uma das munhecas mais duras da liga. Ele é praticamente incapaz de converter uma cesta que não seja em enterrada ou na bandeja – e até na bandeja corre o risco de errar (confiram abaixo). Fica a dúvida, então: Stevens precisa de um cara como esses para fortalecer sua defesa. E talvez Ainge esteja salivando para ver Anthony em quadra, apostando que ele, no fim, vai fazer de seu time algo ainda pior. Rajon Rondo retornando bem, ou não.

Agora, o mais importante, mesmo, para o chefão em Boston é a aquisição de duas escolhas de Draft. Trata-se, hoje, da mercadoria mais valiosa no mercado da NBA. Qualquer novato que entre na liga de imediato após o recrutamento, seguindo as regras salariais impostas aos primeiros anos de contrato será um jogador mal pago, comparando com a média (Tiago Splitter e Ricky Rubio, por exemplo, esperaram algum tempo para deixar a Espanha e poder negociar um contrato mais generoso, e Nikola Mirotic segue pela mesma linha). Considerando todas as restrições do novo teto salarial, a importância desse tipo de jogador na composição de um elenco se tornou gigante. É por isso que ele não se incomodou em receber o salário de US$ 3,8 milhões do pivô como contrapartida. Mesmo que a escolha de primeira rodada que ele recebe possa se transformar em duas de segunda rodada. Explicando: é um pick que vem do Philadelhpia 76ers protegido. O Celtics só terá direito a usá-lo na primeira ronda do Draft caso o Sixers faça os playoffs neste ano ou na próxima temporada. Caso não aconteça, se transformará em mais dois do segundo giro. De qualquer forma, estamos falando aqui de commodities,

Ainge pode ou usar as escolhas para a confecção de seu plantel, mesmo, ou pode juntar tudo isso num megapacote futuro em busca de novas estrelas. Basicamente, a mesma estratégia que seguiu anos atrás para atrair Kevin Garnett e Ray Allen para lá. E não duvidem da capacidade de barganha do cara. Lembrem-se que Jordan Crawford foi adquirido no ano passado em troca por um lesionado Leandrinho e Jason Collins. Hoje, ele conseguiu uma compensação muito maior por ele.

Golden State Warriors: Zach Lowe estava perguntando nesta terça-feira a respeito: por que não o Warriors? Por que não incluí-los entre os times com chance de conquistar a NBA nesta temporada? Bem, Bob Myers afirmou ao jornalista do Grantlandi com toda a confiança de uma Golden Bridge que, sim, acredita que seu time é bom o suficiente para competir no duríssimo Oeste e sonhar com o caneco. Nesta quarta, um dia depois da publicação, ele reforçou a pergunta de Lowe. “Sim, por que diabos não o Wariors!?!?”, é como fica agora o título.

Crawford chega para dar um merecido descanso a Stephen Curry e Klay Thompson, dupla que vem acumulando média acima de 37 minutos por jogo nesta temporada. É muita coisa para dois jogadores leves como esses, ainda mais para alguém com tornozelo tão frágil como Curry. E, sem Steph inteirão nos plaoffs, não há chance alguma de o time pensar grande. Com Crawford – e, talvez, Brooks, que também é um belo cestinha nato, mas talvez ainda mais inconsequente nos arremessos que arrisca –, Mark Jackson enfim vai poder dar um respiro para seus jovens astros, sem se preocupar como conseguiria fazer uma cesta usando sua segunda unidade em quadra. Resta saber apenas se Jackson conseguirá administrar sua dupla da mesma forma que Stevens fez em Boston, especialmente JC. Se tiver sucesso, o Warriors ganha mais uma peça para tentar desafiar Spurs e Thunder. Podem ter certeza de que o Coach Pop e Sam Presti anotaram o recado.

Douglas é um defensor melhor que os dois que chegam, mas vinha todo estrumbicado na temporada com lesões, sem contribuir com quase nada para a ótima campanha da equipe.

Miami Heat: Pat Riley, meus amigos e minhas amigas, não brinca em serviço. Fica o aviso: se vocês não têm muita simpatia por tudo o que representa o Miami Heat, se torcem contra os caras, é melhor parar por aqui. Pulem para a próxima, abandonem o navio. Pois, numa negociação supostamente despretensiosa dessas, o Riles deu um jeito de deixar seu clube em situação ainda mais favorável para se bancar como uma dinastia.

E, não, não é pela chegada de Douglas. O ala-armador pode ser uma terceira opção na formação da backcourt com Dwyane Wade e Ray Allen, dependendo da saúde de Mario Chalmers e Norris Cole. Quando em forma, é um jogador atlético, espevitado, que pode se encaixar no sistema de pressão total do Heat. Se tiver matando as bolas de longa distância – um quesito no qual oscila bastante –, melhor ainda. Mas não estranhe nem um pouco se ele já for dispensado de imediato.

Por que? Bem, porque o principal objetivo de Riley era ganhar a tão alardeada “flexibilidade financeira” para sua gestão. Leia-se: dar um respiro para os cofres do proprietário Micky Arison,  que é daqueles que aparece na lista da Forbes, mas certamente aceita um desconto sempre que possível. Ao se livrar do salário Anthony deste ano e, especialmente, do ano que vem, o time vai poupar mais de US$ 10 milhões em pagamentos e multas. De modo que, neste ano ou no próximo, podem investir parte dessa grana em uma nova contratação de respeito – como as de Battier, Allen, Mike Miller etc. –, sem enforcar o contador. Além disso, caso decidam nem inscrever Douglas, uma vaga no elenco desta temporada será aberta. De modo que poderiam contratar Andrew Bynum ou qualquer outro veterano (que venha a ficar disponível) disponível  sem precisar abortar o projeto Greg Oden. Larry Bird não gostou.


Vida nova: 5 jogadores que tentam salvar a carreira na NBA
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Giancarlo Giampietro

Xavier Henry, decolando pelo Lakers

Xavier Henry, decolando pelo Lakers

O esporte, assim como a vida, está rodeado de surpresas agradáveis, sim. Mas, ao mesmo tempo, decepção é o que não falta.

(Chorei.)

No jogo jogado, são diversos os atletas em quem se pode apostar uma fortuna, fazer planos grandiosos  e ver toda essa grana ir ralo abaixo. Por vezes, é questão de azar: uma lesão grave e precoce, por exemplo. Más influências externas também podem atrapalhar muito. A falta de personalidade para fazer valer o talento. Um técnico cabeça-dura e rancoroso. A simples avaliação errada de um departamento de scouts. E mais e mais fatores podem determinar uma aposta furada.

Mas qual é o momento exato para definir que uma determinada história deu errada? Até quando os dirigentes, treinadores, torcedores e analistas devem esperar para dar uma carreira como “acabada”? No Brasil, somos especialmente bons nisso. A facilidade que temos para julgar alguém como “lixo” é incrível. Muitas vezes sem saber nem quatro linhas sobre a vida ou o contexto em torno de um atleta qualquer.

Agora brecamos o negativismo por aqui, sem se apegar tanto a amarguras da vida, tá? Afinal, é final de ano, hora de erguer a cabeça, estufar o peito. Simbora.

Então, assim bruscamente, vamos virar o disco. Quer dizer, vamos identificar algumas das boas e surpreendentes histórias do início de temporada da NBA. Uma turma que vai usando os primeiros meses do campeonato para tentar prolongar suas carreiras:

Xavier Henry, ala do Lakers
O pai de Xavier jogava na Bégica. A mãe integrou a equipe feminina da universidade de Kansas. Seu irmão mais velho foi escolhido na primeira rodada do Draft de 2005 – na MLB. Quer dizer: o DNA estava ali, pronto para ser explorado. E não teve jeito: o garoto seguiu a trilha de esportista, com destaque desde cedo. Foi um dos destaques de sua geração no colegial, sendo eleito para jogar o McDonald’s All American, o Nike Hoops Summit (do qual foi o cestinha americano) e o Jordan Brand Classic. Badaladíssimo.

Xavier, astro colegial

Xavier, astro colegial

Depois de se inscrever na Universidade de Memphis, voltou atrás e seguiu a trilha da mãe e passou seu primeiro e único ano de NCAA jogando pelos Jayhawks. Na estreia, anotou 27 pontos e estabeleceu um recorde pela tradicional universidade. Tudo seguia de acordo com o plano, até ser selecionado pelo Memphis Grizzlies em 12º no Draft de 2010. Em suas primeiras semanas com Lionel Hollins, agradou o bastante para ser promovido a titular por 11 partidas. Aos poucos, porém, começou a sentir dores crônicas no joelho e, de janeiro em diante, foi escalado em apenas 10 jogos. Na segunda temporada, foi a vez de ele sofrer uma torção e ruptura de tendão no tornozelo.

Jogado de canto num time com aspiração de ir longe nos playoffs,  foi envolvido em uma troca tripla no dia 4 de janeiro por Marreese Speights (que seria um taa-buraco devido a lesões de Zach Randolph e Darrell Arthur), indo parar no New Orleans Hornets. Em sua nova equipe, nunca chegou a empolgar. Não passou dos 17 minutos por jogo em duas campanhas – teve médias no geral de 14,6 minutos e meros 4,3 pontos, acertando apenas 40,1% dos arremessos. Foi dispensado.

Talvez seja justo afirmar que, quando assinou um contrato  sem garantias com o Lakers para a atual temporada, ninguém deu bola. Até que, na pré-temporada, começou a fazer barulho e conseguiu passar pelos cortes para compor o elenco de um time que precisava de ajuda desesperadamente no perímetro, enquanto Kobe não voltava.

Ok, o ala vem com uma produção inconsistente, não é que esteja incendiando a cidade, mas ao menos seus espasmos indicam que talvez seja muito cedo ainda para que seja descartado. Só tem 22 anos.

(PS: Jonathan Abrams contou tudo com mais detalhe no Grantland esta semana).

Jordan Crawford, ala-armador do Boston Celtics
Crawford não era tão cobiçado assim quando adolescente e, para piorar, ainda perdeu todo o seu último ano de colegial devido a uma lesão de tornozelo. Ainda assim, fez o suficiente em Detroit para atrair algumas universidades, optando por se inscrever na tradicional equipe de Indiana, pela jogou por um ano (2007-2008).

Jordan Crawford, o armador

Jordan Crawford, o armador

Depois que o técnico Kelvin Sampson foi afastado, no entanto, transferiu-se para Xavier e teve de ficar uma temporada de molho por violar alguns dos mais diversos códigos que a NCAA impõe. Ainda assim, o cestinha conseguiu aquele que talvez seja o mais comentado lance de sua carreira, em 2009, quando enterrou na cara de LeBron James durante um coletivo em um camp organizado pelo próprio atleta (ou pela Nike em seu nome, digamos).

Quando voltou para as quadras para valer, arrebentou pelos Musketeers, com média de 20,5 pontos por jogo e 39,1% nos três pontos. Bastou para lhe garantir a 27ª colocação no Draft de 2010, o mesmo de Henry, para o Atlanta Hawks. Lá, ele arrumou uma confusão danada para os mais desatentos que fossem conferir as tabelas de estatísticas do time, uma vez que suas credenciais se misturavam com as de Jamal Crawford. Waka-waka-waka.

Mas esse foi basicamente o único destaque de sua passagem por Atlanta, mesmo, uma vez que foi repassado para o Washington Wizards ainda como um novato. Na capital americana, não demorou para deixar seu talento evidente (um pontuador criativo a partir do drible), ao mesmo tempo em que foi devidamente posicionado na turma dos cabeças-de-vento JaVale McGee e Andray Blatche como uma figura que não ajudava em nada na química no vestiário.

Em dois anos e meio pelo Wizards, por vezes substituindo John Wall na armação, ele conseguiu dois triple-doubles e algumas noites incríveis de cestinha, com quando 39 pontos contra o Miami Heat. Mas nunca chegou nem a 42% no aproveitamento de quadra e tirou muitos companheiros (e técnicos e torcedores) do sério com seu “apetite” pela bola. Em fevereiro deste ano, foi chutado fora da cidade e acolhido pelo Boston Celtics, em troca de um lesionado Leandrinho. Para ver a moral que tinha.

Num time em derrocada física, não ajudou muito nos playoffs. Mas eis que, nesta campanha, em meio a um time de renegados ou desprestigiados, Crawford encontrou a Luz. Ou Brad Stevens, no caso, que o transformou num armador competente, enquanto não termina a reabilitação de Rajon Rondo. O técnico novato guia o a talentoso jogador em sua temporada mais eficiente na liga, e de longe, na qual, não por acaso, é a que está mais passando a bola.

Ao Zach Lowe, do Grantland, Stevens jura que não teve uma conversa do tipo “venha-conhecer-jesus” – e foi esta a pergunta de jornalista, de me matar de rir.

“A única coisa que eu queria ter certeza era de que ele sabia do meu ponto de vista: que era um novo começo e que acreditamos nele”, afirmou. “Eu já tinha visto ele ser quase impossível de se parar na faculdade, em um jogo que eu treinei contra ele. Eu sabia que ele era um cestinha implacável. A outra coisa que eu sabia era que ele não está com medo em momento algum. Mesmo no Torneio da NCAA, numa atmosfera tensa daquelas, e isso pede muito colhão.”

E o que saiu daí? Simplesmente que o Miami Heat está interessado em seus serviços.

DeMarre Carroll, ala-pivô do Atlanta Hawks
“Junkyard Dog”.

Algo como “Cachorro de Ferro-Velho”. Bravo, salivando para dar umas boas dentadas em quem ousar escalar e saltar a grade. Se cuida aí, mermão!

(Associo sempre esse tipo de cão ao doberman, que anda sumido de nosso ecossistema. Sem preconceito, ok.)

Bem, era esse o apelido de Carroll em seus tempos de universitário, especialmente quando ele jogava sob a orientação de seu tio, Mike Anderson, em Missouri – depois de duas temporadas por Vanderbilt.

Criado no Alabama, o ala-pivô não despertava tanta atenção assim dos olheiros, mas conseguiu bolsa-atleta  um universidades grandes – embora não necessariamente de ponta, esportivamente falando. Pelos Tigers, teve seu grande momento ao liderar uma campanha rumo às quartas de final do Torneio da NCAA.

Foi quase uma dádiva para um garoto que havia recebido uma notícia para lá de preocupante um ano antes. Incomodado com uma persistente coceira nas pernas, Carroll procurou dermatologistas para saber se tinha alguma espécie de alergia. Depois de muita investigação, acabou constatado algo bem mais grave: uma doença no fígado. Pior: uma doença no fígado que muito provavelmente exigiria um transplante no futuro.

DeMarre ignora doença e arrepia na NBA. Sobra até para Splitter

DeMarre ignora doença e arrepia na NBA. Sobra até para Splitter

A doença foi mantida sob sigilo por um bom tempo – segundo os médicos, era algo que não afetaria sua carreira. Ele poderia jogar o quanto quisesse e cuidar do órgão depois. Acontece que, após sua grande campanha nos mata-matas universitários, durante os treinos privados pré-Draft, o segredo acabou revelado. Por mais que tentasse amenizar a notícia, viu sua cotação cair. Não era o fim do mundo, contudo. Acabou escolhido pelo Memphis Grizzlies em 27º.

Aos 23 anos – mais velho que o calouro regular destes tempos –, estaria pronto para ajudar na rotação de Lionel Hollins, antes da chegada de Xavier Henry. Ou não. Mesmo num elenco jovem, em formação, na lista dos minutos distribuídos pelo técnico, foi apenas o nono mais utilizado.

Na temporada seguinte, foi trocado para o Houston Rockets, que devolveu Shane Battier ao time do Tennessee. Menos de um mês depois, em abril, foi dispensado. Só voltou no campeonato seguinte, defendendo o Denver Nuggets. Ficou no clube de dezembro a fevereiro, quando foi novamente mandado para o olho da rua, tendo participado de apenas quatro partidas.

De qualquer forma, a recuperação estava por vir. Foi contratado prontamente pelo Utah Jazz, encontrando espaço no banco de reservas do time, fazendo aquilo que mais sabe: correr pela quadra toda, enchouriçar a vida de quem estiver driblando nas redondezas, lutar por rebotes. O serviço sujo. Mesmo sem Deron Williams, o time deu um jeito de se intrometer entre os oito classificados aos playoffs do Oeste.

Depois de mais um ano de contrato pelo Utah Jazz, foi recompensado nesta temporada com uma proposta de certa forma surpreendente – mais de US$ 7 milhões por três anos. E, sim, para quem interessar possa, um valente como Carroll já garantiu US$ 12 milhões na carreira, no mínimo.

“Eu sou o junkyard dog e você realmente não pode tirar isso de mim”, orgulha-se.

James Anderson, ex-Popovich

James Anderson, ex-Popovich

James Anderson, ala do Philadelphia 76ers
Quase todo o elenco do Sixers podia estar listado aqui, na verdade. É o time com mais refugos desde a montagem do Charlotte Bobcats em seu draft de expansão. Mas vamos com este, ao menos por enquanto.

(Além do mais, com um nome tão comum como esses, é um caso perfeito para esta lista, não? Numa liga dominada por LeBrons, Kobes, Dwyanes e Carmelos, fica difícil prosperar como “James Anderson”. Para piorar, ele não consegue ser nem mesmo o “J.A.” mais bem ranqueado na pesquisa do Google, perdendo para um jogador de críquete qualquer homônimo.

Mas, então, sobre o ala Anderson: aqui estamos falando de mais um “McDonald’s All-American”, vindo do Arkansas. Em seu primeiro jogo de NCAA, por Oklahoma State, marcou logo 29 pontos. No segundo ano pela equipe, teve média de 18,3 pontos e foi chamado para a Universíade. Ao final da terceira temporada, com 22,3 pontos, foi eleito o jogador do ano da conferência Big 12.

Estava pronto, então, para entrar na NBA, sendo selecionado pelo San Antonio Spurs em 20­º. E aí que ele se tornou um raro caso de jovem jogador que não evoluiu sob a tutela de Gregg Popovich no Texas. Se, por um lado, teve um pouco de azar com lesões na temporada de novato, por outro ousou reclamar do técnico por não receber os minutos que achava justo ter nos campeonatos seguintes. Aiaiai. Vagou pelo Austin Toros, a filial de desenvolvimento do clube, sem causar sensação alguma e simplesmente não teve seu contrato estendido. O Coach Pop simplesmente desistiu do atleta em dois anos. A partir daí, passaria um bom tempo na estrada viajando de um lugar para outro.

Anderson tentou, então, um emprego com Danny Ferry no Atlanta Hawks, mas não foi aprovado. Foi inscrito na D-League novamente, pelo Rio Grande Valley Vipers, a filial do Houston Rockets. Foi chamado novamente pelo Spurs para cobrir um período de lesão de Stephen Jackson. Voltou para o Vipers, mas foi promovido de imediato para o Rockets, pelo qual disputou apenas dez partidas.

Na hora de escolher os chutadores que rodeariam James Harden e Dwight Howard em quadra, porém, Daryl Morey preferiu outras opções e foi mais um a dispensar Anderson. E aí Sam Hinkie, ex-braço direito de Morey, o recolheu de imediato na lista de waiver.  Em Philadelphia ele também reencontraria o técnico Brett Brown, ex-assistente do Spurs. Ufa.

“Esta é definitivamente uma grande oportunidade para mim. Sinto que esta é o melhor chance que tive até agora. Definitivamente quero aproveitá-la”, afirma Anderson, que começou a temporada como titular nas alas. Ok, agora está saindo do banco, mas jogando mais de 20 minutos por partida, com média de 10,9 pontos e aproveitamento de 47,7% nos arremessos neste mês. Aos 24 anos, ele enfim conseguiu um pouco de estabilidade.

“Ele se encaixa com nosso estilo com suas habilidades para correr na quadra”, disse Brown. “Ele tem um temperamento calmo. Sabe, talvez ele apenas esteja em uma fase de sua carreira em que vai aproveitar e seguir adiante. Talvez eu e nosso clube estejamos pegando James Anderson no momento certo de sua carreira.”

Josh McRoberts, ala-pivô do Charlotte Bobcats
Era 2005, numa época em que a NBA ainda permitia que os colegiais entrassem direto na liga, sem precisar passar pela hipocrisia do mundo da NCAA. De sua geração, Monta Ellis, Lou Williams, Martell Webster, Gerald Green, CJ Miles, Amir Johnson e Andrew Bynum, todos McDonald’s All-Americans, aproveitaram a brecha e se declararam para o Draft. McBob, considerado o ala-pivô mais promissor do país na categoria, optou por jogar em Duke antes de ganhar seus milhões.

Daí que… Podemos dizer que ele foi uma das maiores frustrações no reinado do Coach K. O potencial atlético do jogador sempre foi evidente, assim como sua versatilidade, preenchendo a tabela de estatísticas. Mas ainda havia muito o que trabalhar em seu jogo, como o físico, a consistência e fundamentos (rebote nunca foi o seu forte, por exemplo, a despeito de sua altura, impulsão e agilidade).

Os scouts começaram a se cansar do cara, a garotada em Duke também, e McBob resolveu sair ao final da segunda temporada. No fim, não fez uma coisa (entrar cedo, após o colegial, com base na aposta em seu talento natural), nem outra (ir para a faculdade para desenvolver seu jogo e se candidatar como um prospecto refinado). Resultado: despencou até a 37ª posição do Draft de 2007, via Portland Trail Blazers.

Na Rip City, o ala-pivô foi o jogador que menos minutos recebeu de Nate McMillan: apenas 28. No ano todo!  Bem, em 2008 acabou trocado para o Indiana Pacers, voltando para sua cidade natal com a benção de Larry Bird. Demorou dois anos, mas na temporada 2010-11, enfim, ele virou um jogador de NBA de verdade, com 22,2 minutos por partida, dividindo posição com Tyler Hansbrough, enquanto David West não chegava.

Como agente livre em 2011, assinou com o Los Angeles Lakers – a ideia dos Busses era combiná-lo com Troy Murphy para tentar suprir a ausência de Lamar Odom. Não deu tão certo assim, e na temporada seguinte ele acabou envolvido na supertroca que levou um suposto superpivô que marcaria história no time. “Isso não me incomoda. Não é que eles me trocaram por uma máquina qualquer ou algo assim. Eles me trocaram por um dos melhores jogadores da liga”, afirmou.

McBob, com visual e tudo para agradar Michael Jordan

McBob, com visual e tudo para agradar Michael Jordan

Em Orlando, McBob nem bem arrumou as malas  e já teve de se mudar para Charlotte, aos 25 anos.  “Estava em uma situação horrível em Orlando, onde eles só queriam me ver fora dali. Eles queriam jogadores jovens e contratos expirando. Em Los Angeles, também não estava muito bem, mas isso não é culpa de ninguém. Foi apenas o jeito como as coisas evoluíram para os agentes livres depois do locaute”, disse.

E foi pelo Bobcats que se encontrou.  Embora continue mal nos rebotes, vem com o melhor índice defensivo de sua carreira. Mas o que chama mais a atenção, mesmo, é sua média de 4,3 assistências por jogo, tecnicamente empatado com o armador Kemba Walker no fundamento. Além disso, ele é o segundo que mais cestas de três fez na temporada, atrás também de Walker.

“Tem sido ótimo para mim até aqui, em termos de ganhar uma oportunidade de jogar na minha posição. Você não quer nunca se acostumar em quicar de um lado para o outro. Este é meu sexto ano e já vi tanta coisa. Agora só quero ficar em um lugar em que eu tenha a oportunidade de ajudar e, tomara, vencer algumas partidas”, disse o ala-pivô.

No que depender Michael Jordan, de Charlotte ele não sai: “Espero que ele não exerça sua cláusula contratual. Temos de fazer de tudo para manté-lo”, disse o proprietário da franquia.

Menções honrosas: Gerald Green em Phoenix, Michael Beasley em Miami, Andray Blatche no Brooklyn, Wesley Johnson em Los Angeles e Lance Stephenson em Indiana. Quem mais?


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