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Arquivo : Jimmy Butler

Mercado da Divisão Central: Chicago Bulls é um agito que só
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Giancarlo Giampietro

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A segunda grande bomba do mercado: Wade no Bulls

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

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Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Bem, o que podemos dizer que a NBA definitivamente não é a mesma desde o encerramento da temporada passada. Já está muito looooonge de sua versão 2015-16, a começar pela estarrecedora transferência de Kevin Durant para o Golden State Warriors, algo que já causou e ainda pode causar muito impacto na vida de muita gente da liga.

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de dez dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários.

LeBron ainda não assinou nada, mas ele já disse que não sai de Cleveland, e o discurso tem sido repetido por seu agente quando os outros clubes o procuram, talvez intrigados pela demora no acerto. De resto, temos os seguintes atletas disponíveis por aí: JR Smith (que deve renovar com o Cavs também), Donatas Motiejunas (incógnita, por causa das costas), Terrence Jones (incógnita, por causa da cabeça e do coração), Dion Waiters (boa sorte), Lance Stephenson (idem), Jordan Hill, David Lee… Enfim, deu para sacar. Sullinger é um cara em que talvez valha a aposta, confiando que ele vá se manter em forma. Maurice Harkless, do Portland, é outro. Mas o futuro de nenhuma franquia depende dessas contratações.

Então, vamos lá, em duas partes, começando pelo Leste e pela Divisão Central:

– Chicago Bulls

Rondo vai se comportar em Chicago? É sua quarta cidade em três anos

Rondo vai se comportar em Chicago? É sua quarta cidade em três anos

Quem chegou: Dwyane Wade, Rajon Rondo, Robin Lopez, Jerian Grant, Denzel Valentine.
Quem saiu: Derrick Rose (Knicks), Joakim Noah (Knicks), Pau Gasol (Spurs), Mike Dunleavy Jr. (Cavs), Justin Holiday (Knicks), E’Twaun Moore (Pelicans), Cameron Bairstow (Pistons).
Quem chegou e saiu logo depois: José Calderón (Lakers) e Spencer Dinwiddie.

É… A gente mal se acostumou ainda com a ideia de que Kevin Durant não vai mais jogar ao lado de Russell Westbrook, Pat Riley resolve fazer jogo duro com Dwyane Wade, e o cara se manda para Chicago. A gente poderia dizer que ele jogaria em casa, em sua cidade natal. Mas soa errado usar esse termo, não? Pelo menos depois do tanto de identificação que Wade construiu em Miami. Então essa ideia de casa, agora, fica no mínimo confusa.

Sobre a saída traumática da Flórida e como as coisas chegaram a esse ponto, o assunto precisa de um texto maior. Aqui, vamos nos concentrar sobre o que sua chegada representa para o Bulls. Primeiro de tudo, dá a entender que a franquia jamais imaginava que seria possível fechar com o astro. Sua contratação tem mais a ver com uma vingança de Wade contra Riley do que com um desejo/plano do clube ou mesmo do atleta. Criatividade e flexibilidade são bem-vindas na NBA. O clube, porém, parece estar agindo muito mais de improviso, com remendo. Se a era Derrick Rose-Joakim Noah ficou para trás, o projeto de reformulação também não foi ativado.

E aí sobram questões. A principal delas: se tivesse a mínima suspeita de que seria possível um acordo com um jogador dessa magnitude – mas já bem distante de seu auge –, John Paxson e Gar Forman teriam concordado  em assinar com Rajon Rondo? A segunda: teria feito um esforço maior para renovar com Pau Gasol? Se é para escalar Dwyane Wade no seu quinteto inicial, sua pretensão, em tese, é de competir agora. Para isso, você precisaria de bons arremessadores em quadra. Gasol ajudaria muito no primeiro quesito. Rondo só atrapalha no segundo. Então… Era o caso mesmo de trazer esse futuro membro do Hall da Fama? Sem dúvida ele vai atrair público e mídia. Mas e se for apenas para um circo?

Se Fred Hoiberg idealiza um sistema com a bola girando de um lado para o outro para definições rápidas, com espaçamento, o elenco que a dupla Paxson-Forman vai lhe entregar não poderia ser mais incongruente ao formar um trio com Rondo, Wade e Jimmy Butler. Na temporada passada, com 36,5% de acerto, Rondo teve a melhor pontaria entre os três, o que diz muito. Mas o pior é pensar na movimentação do ataque. Antes de o torcedor mais fanático do Bulls sair disparando por aí as médias de assistências do trio, estamos falando de três caras que retêm demais a bola e tendem a fazer apenas o passe final. Mais uma prova sobre como os números não contam toda a história.
Temos aqui um caso clássico de diretoria que foi atrás de nomes, em vez de peças que se complementem. Se tudo leva a crer que a combinação desses três jogadores em quadra será muito complicada, o que esperar então da química no vestiário? Desde já, logo após o Warriors de Kevin Durant, o Bulls já pode ser considerado o segundo time mais fascinante para se acompanhar na próxima temporada. Os setoristas do Bulls devem se preparar para uma montanha-russa. Nikola Mirotic e Doug McDermott também serão bastante exigidos.
Nesse contexto complicado, mesmo aquilo que já escrevi sobre os jogadores que vieram no pacote por Rose está comprometido. Robin Lopez tem agora a chance de brigar pelo prêmio de melhor reboteiro, porque haja bico. As oportunidades que teve para subir com seu lento, mas eficiente gancho em Nova York também serão reduzidas – por falta de toques na bola e também pelo aperto da quadra. Já a promessa Jerian Grant está relegada ao banco, se tanto.

Comparando com seus quatro concorrentes de divisão, vemos como o Chicago foi provavelmente o que mais agitou nas últimas semanas. Nada menos que nove atletas se mandaram, incluindo um Calderón que nem mesmo posou para foto com a camisa da equipe. Resta saber se dessa hiperatividade toda vai sair o caos ou se, por um milagre, Rondo, Wade e Butler vão encontrar um meio de conviver em paz.

– Cleveland Cavaliers

Diga ao povo de Cleveland que Richard Jefferson fica

Diga ao povo de Cleveland que Richard Jefferson fica

Quem chegou: Mike Dunleavy Jr e Kay Felder (*).
Quem ficou: Richard Jefferson.
Quem saiu: Matthew Dellavedova (Bucks) e Timofey Mozgov (Lakers).

Vamos considerar que logo mais LeBron e JR terão seus contratos renovados. Ponto.

Mozgov foi banido da rotação por Tyronn Lue e não fez falta nenhuma na campanha pelos playoffs, com a rotação interior sendo dominada por LeBron, Love, Thompson e Frye. Para a próxima temporada, o time talvez ainda precisa de um protetor de aro, mas não havia como nem chegar perto da grana que o Lakers deu para o russo. A ver como eles vão lidar com essa lacuna. Não que seja um tópico desesperador para os atuais campeões.

Matthew Dellavedova fará mais falta em longo prazo, devido a sua intensidade defensiva, entrando em quadra pra compensar a passividade frequente de Kyrie Irving – a ver se o título e a sensação de competir com Steph Curry nas finais empurra o talentosíssimo armador a outro patamar em termos de dedicação. Fará falta também do ponto de vista de química no vestiário. Mas é outro que ficou muito valorizado no mercado. O risco aqui é depender de Mo Williams como reserva de Irving. Não que ele ainda não tenha jogo para conduzir uma segunda unidade por 15 minutinhos. O problema é físico (e também defensivo). Aí que precisa ver se o calouro Kay Felder pode entrar nessa disputa.  O baixinho, que, se não me engano, ainda não assinou contrato, vai ser testado na liga de verão de Vegas nos próximos dias. É um prospecto interessante, que tem como comparação mais próxima Isaiah Thomas, do ponto de vista de tamanho e velocidade. Tem menos habilidade com a bola, mas é ainda mais atlético. A conferir.

Em termos de liderança e figura exemplar no dia a dia, ao menos Lue foi agraciado com a mudança de opinião de Richard Jefferson, cuja aposentadoria não durou nem 24 horas. Agora tem uma coisa: por mais que o veterano ala tenha sido um surpreendente trunfo nas finais, não dá para imaginar que ele terá o mesmo impacto em quadra durante um campeonato inteiro aos 36 anos. Uma coisa é se atirar ao chão feito maluco em uma série melhor-de-sete. Outra, por 82 partidas. Nesse sentido, a adição de Dunleavy, num presentão de Chicago – já que não custou nada –, é bastante valiosa. O Cavs ganha mais um jogador maduro e produtivo. O bônus? É um ótimo chutador para deixar a quadra ainda mais espaçada para LeBron operar. O ala, por sinal, era um alvo antigo de LBJ.

O Cavs ainda é disparado o melhor time do Leste. Isso não é problema. A curiosidade fica apenas para ver se vão procurar alguma troca como reação ao acordo firmado entre Durant e o Warriors. Se fosse Kevin Love, ainda não me acostumaria assim com a ideia de que Cleveland virou casa.

– Detroit Pistons

SVG reforça seu banco. Ish Smith é um tampinha isolado em meio a grandões

SVG reforça seu banco. Ish Smith é um tampinha isolado em meio a grandões

Quem chegou: Henry Ellenson, Jon Leuer, Ish Smith, Michael Gbinije, Cameron Bairstow e Boban Marjanovic.
Quem ficou: Andre Drummond.
Quem saiu: Anthony Tolliver (Kings), Jodie Meeks (Magic) e Spencer Dinwiddie (Bulls).

Hã… Legal que tenham cuidado da renovação de Drummond o mais rápido possível. Bacana demais para o time que um talento como Ellenson tenha derrapado até a 18ª posição do Draft. O calouro tem um jogo de frente para a cesta que, se desenvolvido da melhor forma, pode se tornar um complemento perfeito para seu franchise player. Tá. Mas considerando que o clube já tinha Marcus Morris e Tobias Harris como opções de stretch fours, além de um reserva produtivo como Aron Baynes, é muito difícil de entender a contratação de mais três grandalhões para a rotação.

Especialmente no caso de Marjanovic, bota grandalhão e ponto de interrogação nisso. O gigante sérvio era um agente livre restrito e  assinou por US$ 21 milhões e três anos – não havia como o Spurs cobrir essa proposta. Então o que SVG pretende fazer com ele? Será promovido imediatamente ao posto de reserva de Drummond? E Baynes, que mal acabou de terminar seu primeiro ano de contrato? Será trocado? De tantos clubes que poderiam procurá-lo, jamais poderia supor que o Detroit faria a melhor oferta.

Sobre Leuer: não há dúvida de que ele fez um ótimo campeonato pelo Phoenix Suns. Foi dos poucos pontos positivos em uma campanha sofrível do clube do Arizona. Merecia um bom aumento para quem ganhava pouco mais de US$ 1 milhão. Daí a pagar US$ 42 milhões por quatro anos parece um exagero. Meeeeesmo Na Nova Economia da NBA (era melhor adotar uma sigla já para isso). Será que tinha tanta gente apinhada assim para oferecer um contrato destes? Leuer vai ter oportunidade para fazer valer o investimento? Ele arremessa bem de frente para a cesta, pode cortar bem num pick and roll, mas não é exatamente um terror para as defesas, até por não ser um grande passador. Em sua carreira, ele acumulou apenas 171 assistências em 243 partidas. . Jogando ao lado de Drummond, sua movimentação lateral também seria testada contra alas-pivôs mais ágeis. Não parece ser alguém bom o bastante para ser titular numa equipe com pretensões de avançar nos playoffs. Mais de US$ 10 milhões anuais é o novo preço de um reserva?

O que dizer, então, de Bairstow? O australiano, que virá para o #Rio2016, terá dificuldade para ficar no elenco, que veio em troca por Dinwiddie. É um cara que joga duro, inteligente, mas muito limitado do ponto de vista atlético.

Para o banco, Ish Smith parece ótima pedida, acelerando o ataque do Pistons nos momentos de descanso de Reggie Jackson. Dependendo do adversário, os dois também podem jogar juntos, desde que Jackson arremesse com com consistência de longa distância. Aos 24 anos, sendo uma das apostas nigerianas para os Jogos Olímpicos, o versátil Gbinije é um novato bem mais velho que a média e pode eventualmente ganhar espaço no banco.

– Indiana Pacers

Teague vai acelerar o Indiana. (Mas Nate McMillan é o técnico indicado?)

Teague vai acelerar o Indiana. (Mas Nate McMillan é o técnico indicado?)

Quem chegou: Jeff Teague, Thaddeus Young, Al Jefferson, Jeremy Evans e Georges Niang (*).
Quem saiu: George Hill (Jazz), Ian Mahinmi (Wizards) e Solomon Hill (Pelicans).

Já escrevi sobre as adições de Teague e Young. Larry Bird enfim deve ver o Indiana correndo mais, com jogadores bastante velozes e criativos para suas posições ao redor de Paul George. Teague deve tornar a vida do astro bem mais fácil no ataque, botando pressão nas defesas. Young deixa a linha de frente flexível. Foram excelentes contratações – ainda que considere o encaixe com Monta Ellis um tanto suspeito: o ideal seria encontrar um novo destino para esse pouco eficiente cestinha.

Se o intuito era acelerar geral, a contratação de Al Jefferson já parece deslocada, mesmo que ele vá receber menos que Leuer pelos próximos três anos (US$ 30 milhões). Pensando melhor, porém, o Big Al oferece ao técnico Nate McMillan uma segunda via ofensiva, para jogos mais truncados. Se as costas e os joelhos permitirem, o pivô ainda pode ser uma referência esporádica de costas para a cesta, com sua munheca invejável e um repertório ainda considerável de movimentos.

Ainda assim, é curioso que o clube tenha deixado Mahinmi sair, depois do tanto que o francês evoluiu nos últimos dois anos, segurando as pontas na defesa, sem que a saída de Roy Hibbert surtisse efeito nenhum. Pedir proteção de aro e cobertura para Jefferson seria uma piada cruel. O que dá para imaginar então? Que o jovem Myles Turner vai ser bastante exigido como patrulheiro no garrafão. Não está claro que apenas um ano de experiência tenha sido o suficiente para ele, em termos de bagagem tática para arcar com uma responsabilidade dessa. Lembrando que a equipe já vai perder a contenção de George Hill na primeira linha de marcação.

Niang é um caso semelhante ao de Gbinije: calouro, mas bastante rodado. Terá basicamente um ano, com contrato garantido, para provar que é jogador de NBA. Para isso, vai ter de brigar por espaço com Glenn Robinson III (que vem evoluindo gradativamente, vale ficar de olho) e o veterano Jeremy Evans, que também não se achou em Dallas.

Antes de tudo, fica a dúvida também para saber se McMillan é o treinador indicado para conduzir essa mudança de estilo. Em Seattle e Portland, seus times estavam entre os mais lentos e controlados da liga.

– Milwaukee Bucks

Entra Delly, sai Bayless na rotação de Kidd

Entra Delly, sai Bayless na rotação de Kidd

Quem chegou: Matthew Dellavedova, Mirza Teletovic, Thon Maker e Malcom Brogdon.
Quem saiu: Jerryd Bayless (Sixers), Greivis Vasquez (Nets), OJ Mayo, Damian Inglis, Johnny O’Bryant.

Discretamente, o Bucks se reforçou muito bem. Enquanto a NBA inteira se concentra em fazer piadas sobre a idade do calouro Thon Maker, o gerente geral John Hammond (*) deu uma boa força a Jason Kidd ao adicionar dois atletas experientes e excelentes nos arremessos de longa distância como Teletovic e Delly, suprindo a maior carência do elenco, enquanto Giannis Antetokounmpo e Jabari Parker ainda encontram dificuldades no assunto. Como se não bastasse, a dupla também contribui com experiência.

(*O asterisco aqui é para dizer que não dá para saber se o gerente geral nominal ainda está dando as cartas, ou se Jason Kidd é quem tem a decisão final, mesmo. Emulando o que o Golden State Warriors fez com Bob Myers, a franquia já contratou o ex-agente Justin Zanik, que estava em Utah, para ser o seu substituto em 2018, quando Hammond será deslocado para uma posição de consultor.)

Se Giannis vai realmente começar o campeonato como o armador do time, faz todo o sentido ter o australiano ao seu lado, para ajudar na condução e também para marcar o baixinho do outro lado, tal como ele fazia ao lado de LeBron James. Foi uma grande sacada, mesmo que o preço seja salgado (US$ 38 milhões por quatro anos). Teletovic já trabalhou com Kidd em Brooklyn e vai ter a vantagem de jogar ao lado de alas bastante atléticos e polivalentes, que lhe podem dar cobertura na defesa. Custou bem menos que Leuer ao Pistons, o que não dá para entender (US$ 30 milhões por três anos).

Enquanto os jogos de verdade não começam, a liga toda se diverte com Maker, que é praticamente um apátrida (sua família emigrou do Sudão quando ele era criança, indo para a Austrália – que é o país que ele pretende representar internacionalmente. De lá, já como prospecto, ele se mudou para o Canadá e, depois, para os Estados Unidos). Milwaukee causou espanto ao usar a décima escolha do Draft no pivô, que tem 2,16m, é mais uma aberração atlética, mas sem experiência nenhuma em competições minimamente organizadas, vindo direto das prep schools americanas. Em suas primeiras partidas, mostrou como está cru, mas também apanhou dezenas de rebotes e deu alguns tocos impressionantes. Se fosse apenas isso, tudo bem. Três anos atrás, Hammond apostou em um talento cru como Antetokounmpo, que estava na Segundona da Grécia, e deu no que deu. O que pega é que, em vez de 19 anos, o pivô poderia ter até mesmo 23 anos, segundo especulações que vêm de Perth, na Austrália. Daí o bafafá.

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Duas lesões põem duas apostas certas de playoff a perigo pela NBA
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Giancarlo Giampietro

Chicago e Memphis sofrem duro baque com lesões

Chicago e Memphis sofrem duro baque com lesões

Os playoffs da NBA em 2016 podem ficar sem Chicago Bulls, de um lado, e Memphis Grizzlies, do outro.

Se fosse para escrever esta frase em outubro do ano passado, poderiam acusar o autor do blog de maluco depravado. Depois do infeliz anúncio das lesões de Jimmy Butler e Marc Gasol, porém, esse virou um cenário possível, para derrubar duas apostas antes certeiras. Os dois clubes estão verdadeiramente a perigo.

Butler deve ficar fora de ação de três a quatro semanas, com uma distensão no joelho esquerdo. Sobre Marc Gasol, o que se sabe apenas é que ele sofreu uma fratura no pé direito. O clube ainda não definiu um prazo, mas é algo muito grave para qualquer jogador de basquete, mas principalmente alguém de seu tamanho – e peso – e pode afastá-lo do restante da temporada. Até Sergio Scariolo, técnico da seleção espanhola, já está preocupado.

Qual pode ser o impacto desses desfalques para cada time?

Butler & Bulls

Agora Chicago sofre com o joelho de Butler

Agora Chicago sofre com o joelho de Butler

Se as estimativas médicas mais otimistas se ralizarem, Butler deve retornar ao time no início de março. Vamos supor que seja no dia 5 desse mês, contra o Houston Rockets, em casa. Até lá, serão nove partidas, com cinco em casa e quatro fora. Nesta sequência, eles vão ter algumas pedreiras: dois jogos contra Atlanta e duelos com Cleveland, Toronto e Miami, mais Washington, Portland e Orlando. A única baba seria o Lakers.

Seria. Pois, sem Butler e Joakim Noah, com Nikola Mirotic ainda sem data para retornar depois de uma cirurgia mais complicada do que se esperava para resolver uma apendicite, Chicago se vê com uma rotação enxuta e poder de fogo reduzido.

Pois Buttler é o cestinha do time, com 22,0 pontos, e  lidera o time em minutos (37,9!) e roubos de bola. É o segundo em assistências e o quinto reboteiro. Com o ala jogando o melhor basquete de sua carreira, Chicago já estava capengando e caindo pela tabela, perdendo sete dos últimos dez jogos. No geral, em 51 partidas, sua defesa sofreu mais pontos do que o ataque converteu, gerando um saldo de -0,3 na temporada. Agora como fica?

Pau Gasol é um porto seguro no ataque – supõe-se que qualquer possibilidade de troca envolvendo o craque espanhol esteja enterrada. Mas Mike Dunleavy Jr. já terá entrado em forma? Derrick Rose vai suportar uma carga maior? E como E’Twaun Moore, Doug McDermott e Bobby Portis vão se sair diante de maior atenção das defesas? Pior: como vai ficar a defesa, que ainda é o ponto mais forte do time? Fred Hoiberg vai encarar realmente muitas questões. Cada jogo será um desafio, e a única nota de consolo aqui fica por conta do intervalo em torno do All-Star, que impede um estrago maior.

Dupla que faz falta em diversos sentidos

Dupla que faz falta em diversos sentidos

A situação de Noah e Mirotic também limita a diretoria em tentativas de trocas. Se estiverem desesperados por reforços, a dupla John Paxson e Gar Forman tem um trunfo valiosíssimo em mãos: uma escolha de Draft devida pelo Sacramento Kings, que será entregue a Chicago se o clube californiano não estiver entre os dez piores nas próximas duas temporadas. É o tipo de escolha que pode render um jogador relevante, para uma franquia que esteja interessada em se desfazer de algumas peças.

Em anos passados, talvez todas essas incertezas não importassem tanto. Mas, na campanha 2015-16, o pelotão intermediário da Conferência Leste apresenta maior competitividade, e não é que o Bulls tenha muita margem de manobra. Com três vitórias a mais do que derrotas, a equipe vê o Charlotte Hornets, de 50%, bem próximo, disposto a voltar aos playoffs. Um Hornets muito bem dirigido por Steve Clifford e que já, ao que parece, enfrentou o pior em termos de lesões. No perímetro, Michael Kidd-Gilchrist voltou para reforçar a defesa e Nicolas Batum está recuperando o ritmo, se o dedão assim permitir. Já Al Jefferson está pronto para jogar depois do All-Star.  A cavalaria chegou.

Em termos de tabela até o final da temporada, há um fator que joga a favor do Hornets: a equipe tem três jogos a menos que o Bulls contra times de aproveitamento superior a 50% (17 a 14). Por outro lado, o time hexacampeão da NBA joga duas vezes a menos como visitante (17 a 15), e, longe de seus domínios, as abelinhas têm ido muito mal, com 17 reveses em 24 partidas.

Entre Charlotte e Chicago está posicionado o Detroit Pistons, que tem Brandon Jennings e alguns veteranos como moedas de troca para os próximos dias para consolidar sua rotação. A gestão de Stan Van Gundy já mostrou que não tem problemas em fechar os negócios, e há uma pressão para se matar a saudade dos mata-matas. Difícil imaginar uma queda de produção aqui. Pelo contrário.

Um pouco mais abaixo, Washington (46%) e Orlando (45,1%) ainda não jogaram a toalha, mas precisam primeiro curar sua inconsistência para, depois, esperar por uma derrocada dos concorrentes.

Gasol y los Osos Pardos

Marc Gasol saindo de quadra: não é tão normal assim

Marc Gasol saindo de quadra: não é tão normal assim

Nas cinco temporadas anteriores, o Grizzlies jogou sem Big Marc por apenas 27 jogos, sendo que 23 destes aconteceram em uma só temporada, 2013-14. Isto é: fica difícil de deduzir qual o impacto de um período extenso de tabela sem o pivô espanhol, que liderava a NBA em minutos entre jogadores de sua posição, com 34,4 por rodada. Nestas mesmas cinco temporadas, ele foi o grandalhão com o maior número de minutos também, com quase 500 a mais do que a aberração DeAndre Jordan, para termos uma ideia, segundo levantamento do colunista Chris Herrington, do Memphis Commercial Appeal. Isso sem contar as campanhas nos playoffs.

Quanto tempo vai levar para Gasol sair da enfermaria? Vale a pena apressar o pivô e correr riscos? Aliás, o departamento médico do clube e seus diretores agora estão sob pressão, uma vez que o gigantão acusava dores no pé e, ainda assim, foi escalado contra Portland na segunda-feira e suportou apenas 11 minutos. O pé já estava fraturado? Ou a fratura aconteceu em quadra? Era uma questão de tempo? Acho que o diagnóstico independe. Foi irresponsabilidade usá-lo nessas condições.  Nessa discussão, não dá para ignorar também a personalidade de Gasol, que é daqueles que não permite que qualquer contusão o tire de quadra – e que, segundo diversos relatos internos, se apresentou fora de forma para este campeonato. Por mais valente e teimoso que seja o  jogador, os interesses do time a longo prazo devem prevalecer. Que ele volte só quando estiver 100%.

Há três anos, Mike Conley, Tony Allen, Courtney Lee e Zach Randolph estavam no núcleo central da rotação, mas o restante mudou muito, com a saída de Kosta Koufos, Ed Davis, Quincy Pondexter, Mike Miller, James Johnson e Nick Calathes. Koufos, aliás, é o grande diferencial aqui, como um pivô mais do que competente para suprir a a ausência do craque do time por algumas semanas. Para não falar da capacidade atlética de Davis.

Wright jogou apenas sete partidas na temporada. Perfil bem diferente em relação a Gasol, também

Wright jogou apenas sete partidas na temporada. Perfil bem diferente em relação a Gasol, também

Hoje, Dave Joerger olha para o banco e vê… Ryan Hollins. Ai. Brandan Wright está se ajeitando para voltar, mas é um pivô de características muito diferentes (é só colocar um pivô do lado do outro para fazer o jogo dos sete erros). Em tese, se nenhuma troca acontecer para o técnico pode rever seu plano de jogo e confiar numa formação mais baixa, dando mais minutos a Jeff Green, Matt Barnes, Vince Carter e, quiçá, JaMychal Green. Hoje, o Grizzlies tem o quarto ritmo mais lento da liga, trotando mais que Utah, Miami e Cleveland.

Nesta temporada, o quinteto que mais minutos recebeu sem Gasol teve Mario Chalmers, Carter, Barnes, Jeff Green e Hollins, com apenas 31min57s (apenas o 13º no geral). Essa formação teve saldo negativo de -11,6 pontos por 100 posses de bola. Em geral, sem Gasol, o Memphis tende a apanhar. A única formação que se deu bem desfalcada do pivô foi a de Chalmers, Lee, Barnes, Green e Randolph, com +35,4 em 31min18s. Mas estamos falando de pouquíssimos minutos aqui.

O perfil de Wright, como vimos em Dallas, favorece um jogo mais aberto, usando a ameaça que seus mergulhos no garrafão representam. Mas aí precisa ter tiro de três pontos ao seu redor. E tem artilharia para isso? Lee converte 37,5% de suas tentativas. Conley, 35% e Barnes, 34,1%, acima da média do time. O restante? Chalmers vai de 33,6%, Jeff Green, 30,2% e Carter, 26%. Não anima tanto, né? Não por nada, o time é o quarto que menos usa os tiros de longa distância, com 21,6% de todos seus arremessos, e o  o terceiro que menos pontua com esses disparos, com 18,3% do total. Sem o hi-lo de Gasol e Randolph, isso deve mudar.

E a defesa? Aí, rapaz, é o maior enigma. A queda de rendimento do Grizzlies nesta temporada passa justamente pelo modo como o time despencou em sua eficiência defensiva, apenas a 15ª no geral. Em percentual de rebotes coletados, o time caiu 12º para 23º. Isso com o Big Marc escalado. Vai ficar como agora? A verdade é que, nesta campanha especificamente, o espanhol não exerceu a influência costumeira, despencando no ranking de Real Plus-Minus, por exemplo, até por não ter chegado tão preparado como em 2014, quando teve seu melhor ano na liga. Mas seria uma surpresa que as coisas melhorassem daqui para a frente.

Fato é que o Memphis não tem muitos incentivos para entregar os pontos, uma vez que sua escolha de Draft seria transferida para Denver no caso de o time ficar fora dos playoffs (e não der a sorte de saltar para o grupo dos três primeiros do recrutamento). Nos últimos anos, a diretoria se mexeu prontamente para compensar lesões, como no caso de Shane Battier e Marreese Speights. Agora, contudo, há poucas alternativas para negociar. As escolhas de Draft estão comprometidas e os jovens Jordan Adams e Jarrell Martin mostraram muito pouco.

Lillard foi ignorado mais uma vez e está fulo da vida

Lillard foi ignorado mais uma vez e está fulo da vida

Em termos de classificação, qual a maior ameaça? O sobreviente “grit and grind” de Memphis tem hoje quatro vitórias a mais e cinco derrotas a menos do que o renovado Portland, o nono. Com um trabalho magnífico de Terry Stotts e Damian Lillard ainda mais enfezado, o Blazers venceu oito de seus últimos dez jogos. No geral, a garotada já apresenta um saldo de pontos superior ao de Grizzlies, Mavericks e Rockets. Ou seja: o panorama atual aponta um time em ascensão e outro que sofreu um duro golpe. Nessa disputa, os dois maiores trunfos de Memphis são a vantagem atual na tabela e o fato de o Blazers encarar 19 oponentes de aproveitamento igual ou superior a 50% até o final da temporada, contra 15 do Grizzlies.

Dallas, Utah e Houston estão no meio do caminho. Desse trio, tudo indica que o Utah possa alcançar a quinta colocação. Se o time soma 26 triunfos e 25 reveses, vem de sete vitórias consecutivas, enfim reunindo Derrick Favors e Rudy Gobert no garrafão, com Rodney Hood crescendo semanalmente para ajudar Gordon Hayward na criação. Desde a virada do ano, o jovem time de Quin Snyder já tem a quinta defesa mais eficiente, reencontrando a receita que deu tanto certo na reta final da temporada passada. Mais: desde que Favors retornou ao time em 25 de janeiro, é a terceira melhor defesa neste período.

Quanto aos texanos Mavericks e Rockets, é difícil fazer qualquer previsão. São dois times que sobrevivem por seus ataques poderosos, mas com problemas defensivos gravíssimos, independentemente da química, no caso: o vestiário de Dallas é dos mais tranquilos da liga, enquanto em Houston o caldeirão borbulha – é a equipe mais frustrante da liga, e de longe. Não seria de se espantar que o Grizzlies ainda os supere na tabela, mesmo sem Gasol. Mas será uma disputa bem interessante. E, imprevisível.


Jukebox NBA 2015-16: “Kiss from a Rose” só poderia ser do Bulls
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Giancarlo Giampietro

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Vamos lá: a temporada da NBA já está em curso, e o blog inicia sua série de prévias que já não são exatamente prévias sobre o que esperar das 30 franquias da liga. O pacote invadiu o calendário oficial de jogos, mas paciência, né? Afinal, já aconteceu no ano passado. Para este campeonato, me esbaldo com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Kiss from a Rose”, por Seal

Por quê? Acho que aqui temos o título de música mais óbvio. O beijo de uma rosa. Ops, quer dizer: o beijo de Derrick Rose. De despedida para Tom Thibodeau, de recepção para Fred Hoiberg e um salve geral para Jimmy Butler e a torcida do Bulls.

A relação do clube e seus fãs com o armador uma relação que já beirou a deificação quando o garoto humilde da cidade venceu na vida e foi eleito o MVP da liga. Acontece que uma sucessão de lesões (algo que ele não pode controlar) seguidas por uma fase de declarações um tanto deslocadas e absurdas (algo que vem totalmente de sua iniciativa) acabaram arranhando sua imagem, especialmente quando os resultados em quadra são bem limitados.

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A última delas aconteceu na apresentação do novo elenco, quando ele basicamente disse que, chocado com os altos valores pagos a atletas que julga inferiores, não via a hora de se tornar um agente livre novamente em 2017 para faturar o seu. Isso vindo de um cara que, nas últimas quatro temporadas, por azar, disputou apenas 100 partidas de 328 possíveis e ganhou aproximadamente US$ 60 milhões para tanto, tendo ainda mais US$ 41 milhões para receber neste ano e no próximo. Aí pegou mal. Hoje, então, a relação da cidade com o astro já segue o padrão atual obrigatório de qualquer discussão online – de amor ou ódio.

Essa história ficou ainda mais apimentada quando Jimmy Butler retornou das férias dizendo que era hora de assumir a liderança do time, que era uma lacuna que precisava ser preenchida e que, inclusive, ele poderia até mesmo jogar como armador, e tal. O ataque de Fred Hoiberg tem espaço para dois, três armadores. Butler expandiu seu jogo a cada ano, com uma dedicação impressionante. Ainda assim, não há como ouvir essas declarações e não pensar que elas digam algo sobre Rose. Ao Chicago Sun-Times, um ex-integrante do Bulls (algum técnico? um jogador?), afirmou que o ala não respeita “profissionalmente” o armador e que questiona seu empenho no dia a dia. “Nós todos sabíamos que ia acontecer”, disse a fonte anônima. Publicamente, ambas as partes agora negam qualquer tensão, mas o fato é que, por alguns meses, os jogadores deram entrevistas ambíguas a respeito, fazendo muita fumaça.

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Rose e Butler, mais uma novela da NBA

De modo que o clipe dessa música, lançada em 1994 e reaproveitada no ano seguinte pela trilha do primeiro Batman de Joel Schumacher (com a então presença mais que gratificante de Nicole Kidman), tem um valor simbólico maior, já que está retratando um super-herói. É como o torcedor do Bulls enxergava seu armador e que, intimamente, ainda espera ver nesta temporada. Ou que essa figura já tenha sido assumida por Butler. Mas é preciso ter um herói?

E aí temos um jogo deste de quinta-feira contra o Oklahoma City Thunder, no qual Rose anotou dez pontos nos últimos 3min30s para frear a reação de um rival poderoso, candidato ao título, garantindo a vitória. É o tipo de fato que Chicago inteira quer ver associado ao jogador. Mas que não pode ser avaliado de maneira simplista – nem tão para cima, nem tão para baixo.

Excelente que Rose tenha produzido no crunch time, mas lembremos que estava basicamente atacando um cone em Enes Kanter, um dos piores defensores da NBA, com o qual ficou isolado em quadra por diversas posses de bola, forçando a troca de marcação no jogo de dupla com Gasol. E, ainda assim, a maioria dos pontos veio em chutes de média distância, sem os ataques frenéticos rumo ao aro que construíram sua reputação. Em linhas gerais, já que uma partida de basquete tem 48 minutos, e, não, apenas os três minutos finais, também não dá para relevar que ele precisou de 25 arremessos para chegar aos 29 pontos. No primeiro tempo, Butler marcou 20 pontos.

Hoiberg, o anti-Thibs em diversas maneiras, encara a pressão

Hoiberg, o anti-Thibs em diversas maneiras, encara a pressão

De qualquer forma, por outro lado, é preciso dizer que Rose perdeu boa parte da pré-temporada devido a uma fratura no rosto, que pediu uma cirurgia da qual ele ainda não se recuperou plenamente. Seu olho esquerdo ainda está com a visão embaralhada. Ao contrário da postura que adotou em anos anteriores, de se recusar a ir para a quadra mesmo depois do sinal verde do departamento médico, enquanto não se sentisse confiante o bastante em seu joelho, agora joga em situação longe do ideal. Sem contar o fato de que todo o time ainda está assimilando um novo sistema. Que deveria ser a principal história aqui, ao meu ver.

A pedida? No mínimo, campeão do Leste. No mínimo. Por mais louvável que tenha sido o trabalho de Thibodeau, forjando uma defesa que virou padrão na NBA, desenvolvendo seus jogadores, avançando aos playoffs como cabeça-de-chave todos os anos, a frieza dos resultados diz o seguinte: o Phoenix Suns de Steve Nash e Mike D’Antoni, aquele que não defendia nada, chegou mais perto do título do que o seu Chicago Bulls, alcançando duas finais de conferência. Os dois times tinham grandes talentos na armação, um bom elenco de apoio, foram atrapalhados por lesões na pior hora e esbarraram em grandes oponentes – Tim Duncan de um lado, LeBron James do outro.

A menção a D’Antoni é uma provocação, claro, mas não gratuita, já que o ataque imaginado por Fred Hoiberg lembra muito o do contestado Sr. Pringles. Se as manchetes em torno de Chicago vão se concentrar na verdadeira ou suposta crise entre Rose e Butler, ou mesmo no rendimento individual do armador, o tópico que me parece verdadeiramente fascinante é a transição tática que a equipe vai fazer.

Em termos de filosofia de jogo e condução de grupo, os técnicos não poderiam ser mais diferentes. O controlava o time com pulso firme, cantando jogadas em meia quadra, cuidando dos mínimos detalhes em quadra, dando treinos exaustivos. Seu sucessor dá autonomia aos atletas na tomada de decisão no ataque, incentiva sua criatividade e é conhecido como um profissional que conquista pelo diálogo, pelo trato pouco impositivo.

Vamos descobrir, então, qual o impacto de se proporcionar liberdade para um elenco que venceu muitas partidas, mas não chegou ao título e se arrebentou durante o regime mais rígido da liga nos últimos cinco anos.

Gasol chegou, e o Bulls perdeu novamente para LeBron

Gasol chegou, e o Bulls perdeu novamente para LeBron

Nesse período, Thibs venceu 64,7% de suas partidas, que vale como a 14ª melhor marca da história – ou a 12ª, se descontarmos os registros de Steve Kerr e Davis Blatt, que só trabalharam em uma temporada. Passou a ser reconhecido, justamente, como um dos grandes técnicos da liga. Nos playoffs, porém, o rendimento foi de 45,1%, apenas a marca de número 66, um pouco acima dos 44,1% de Mike D’Antoni.

Ainda está muito cedo para avaliar o trabalho do novo técnico (e essa vai ser uma frase obrigatória nos próximos textos desta série). Os jogadores estão assimilando os novos conceitos de espaçamento e ritmo ofensivo, enquanto a defesa  tem sentido bastante. Só lembremos que, na temporada passada, a retaguarda do Bulls já ficou fora do grupo das dez mais eficientes da liga, pela primeira vez na década.

A gestão: claro que não foi apenas pelo produto apresentado em quadra que Thibodeau foi demitido. O relacionamento pouco amistoso com o vice-presidente John Paxson e o gerente geral Gar Forman foi ainda mais relevante. Ironicamente, o desfecho foi o mesmo dos tempos de Jerry Krause e Phil Jackson nos anos 90, com a diferença de que aquela parceria resultou em seis títulos. A causa é a mesma e básica: disputa por poder e reconhecimento.

Para a formação de uma equipe, quem é mais importante? O homem que junta as peças, ou aquele que as coordena e desenvolve em quadra? Na verdade, essa pergunta nem precisa ser respondida: o certo, claro, é que um não vive sem ou outro e que ambos deveriam trabalhar em harmonia. A diretoria do Bulls, nos últimos dois anos basicamente, não fez questão nenhuma de esconder sua insatisfação com o modus operandi de Thibodeau, um cara centralizador, que, segundo consta, ignorava ou até mesmo repudiava sugestões, recomendações ou qualquer estudo ou ferramenta que para pudesse ajudá-lo na condução do time. O ponto de discórdia que se tornou mais proeminente diz respeito ao condicionamento dos jogadores, levando em conta o desgaste físico alarmante de gente como Luol Deng e Joakim Noah.

Deng evoluiu e passou por maus bocados fisicamente com Thibodeau

Deng evoluiu e passou por maus bocados fisicamente com Thibodeau

Agora, é muito fácil culpar um personagem até folclórico como Thibs por desmoronamento e esquecer que Paxson, responsável pela visão mais ampla do clube, não é dos dirigentes mais centrados e calmos que você vai ver por aí. Estamos falando do mesmo sujeito que chegou a esganar Vinny Del Negro, o técnico antecessor, e que, ao admitir o incidente e pedir desculpas, não se mostrou tãaaaaao arrependido assim. “Não deveria ter acontecido, eu jamais deveria ter feito isso. Foi uma coisa do calor do momento, e estava muito frustrado com o modo como estávamos jogando. O que me decepcionou também que é ele nunca assumia um erro. Isso diz mais sobre ele do que sobre mim”, afirmou ao Sun-Times. (O episódio também foi originado por sobreuso de um atleta, Noah, que estava retornando de lesão e tinha um limite de minutos para jogar.)

Gar Forman está abaixo de Paxson na hierarquia e cuida das operações diárias, da negociação com atletas e concorrentes. É amigo íntimo de Hoiberg, com uma relação de longa data, e foi fundamental na mudança, trazendo o ex-jogador de volta ao clube. Espera-se uma relação muito mais harmoniosa agora.

Nikola Mirotic, ícone da NBA hipster

Nikola Mirotic, ícone da NBA hipster

Olho nele: Nikola Mirotic. No plano tático de Hoiberg, o montenegrino-espanhol é um jogador fundamental, devido a sua versatilidade e a ameaça que pode representar como um ala-pivô flexível, habilidoso, que pode atacar de diversos pontos da quadra, como fez em março da temporada passada, com médias de 20,8 pontos e 7,6 rebotes em 30,8 minutos.  A questão é que, mesmo neste mês de alta produtividade, Mirotic acertou apenas 26,3% de seus tiros de longa distância. No total, matou apenas 31,6%. Se o seu aproveitamento flutuar em torno disso, vai chegar uma hora em que as defesas adversárias simplesmente vão prestar atenção nos números em detrimento da reputação, e a ideia é que ele abra a quadra para as infiltrações de Rose, Butler e Brooks. Seria sua tarefa primária em quadra, ainda que pensar no barbudo apenas como um chutador seria besteira. Ele pode colocar a bola no chão, consegue atacar a cesta e não faz tão feio assim na defesa. Só desconfio que a dupla com Gasol não seja a melhor combinação para a linha de frente de Chicago. Não seria melhor algo como Mirotic-Noah e Gibson-Gasol? Intercambiar as atuais duplas mais usadas? É algo que Hoiberg vai testar e ponderar com o tempo.

fred-hoiberg-bulls-playerUm card do passado: Fred Hoiberg. Essa era fácil também, ainda que, como jogador, Hoiberg não traga de modo algum boas lembranças ao torcedor do Chicago. Nada contra suas (poucas) qualidades. Mas é que o período que ele jogou pelo Bulls, dos 27 as 30, entre 1999 e 2003, coincide perfeitamente com os anos de trevas pós-Jordan, fazendo companhia a Toni Kukoc, Randy Brown, Corey Benjamin, Dalibor Bagaric, Dragan Tarlac, Marcus Fizer, Khalid El-Amin, Elton Brand, Ron Artest e, depois, os Baby Bulls que hoje são veteranos. A fase em que Krause deve ter contratado uns 97 jogadores.

Entre tantas mudanças, Hoiberg era uma figura estabilizadora, ao menos. Daqueles jogadores que todo técnico adora e que é fácil de se encaixar devido a sua habilidade no chute de longa distância (39,6% na carreira), sua inteligência tática e o empenho para defender, mesmo que fisicamente não fosse capaz de perseguir alas mais altos ou armadores mais velozes.

A verdade é que ele teria sido uma peça complementar perfeita para os triângulos de Phil Jackson, tal como Steve Kerr, com quem duelou com o qual chegou a duelar nos playoffs de 1998 por 17 minutos, vestindo a camisa do Indiana Pacers numa emocionante final da Conferência Leste. Estava em seu terceiro ano na liga e entrava na rotação depois de Reggie Miller, Chris Mullin e Jalen Rose.

 

 

 


Os playoffs começaram! Panorama da Conferência Leste
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Giancarlo Giampietro

Por algumas semanas ou meses, a Conferência Leste prometia mais. Toronto e Washington estavam lá em cima na classificação geral, enquanto o Cleveland enfrentava dificuldades. A ideia era a de que o Cavs se recuperaria, o que eventualmente aconteceu. Mas os dois clubes que despontavam caíram: desde o All-Star Game, estão com aproveitamento abaixo de 50%, inferior ao do Boston Celtics e a do Brooklyn Nets. Seus técnicos procuraram mexer nas rotações, sem conseguir arrumar a casa. Curiosamente, se enfrentam agora para ver quem tem a fase menos pior. E aí que ficamos com os LeBrons em franca ascensão, preparados para derrubar o Atlanta Hawks, soberano no topo da conferência desde janeiro. O Chicago Bulls, irregular, sem conseguir desenvolver a melhor química devido a lesões, corre por fora.

Não deixa de ser irônico que LeBron volte aos playoffs pelo Cleveland justamente contra o Boston Celtics, o time que os eliminou em 2010: um revés de impacto, que levou o astro a repensar os rumos da carreira, "levando seus talentos para South Beach". Agora volta mais maduro e consagrado. Mas a pressão na cidade é a mesma

Não deixa de ser irônico que LeBron volte aos playoffs pelo Cleveland justamente contra o Boston Celtics, o time que os eliminou em 2010: um revés de impacto, que levou o astro a repensar os rumos da carreira, “levando seus talentos para South Beach”. Agora volta mais maduro e consagrado. Mas a pressão na cidade é a mesma

Palpites, que é o que vocês mais gostam
Atlanta em 4 – especialmente se Jarret Jack estiver jogando mais que Deron Williams. Jeff Teague e Dennis Schröder podem dar volta nos veteranos.
Cleveland em 5 – Stevens promete dar trabalho a Blatt num playoff, mas o desnível de talento é muito acentuado.
Chicago em 6 – Milwaukee defende bem e vai tentar cortar a linha de passe para Gasol. Mirotic pode ser importante aqui para espaçar a quadra.
Washington em 7 (juro, antes do 1º jogo) – Pierce jura estar em ótima forma, e John Wall precisa de sua ajuda. Toronto precisa de Lowry a 80%, no mínimo.

Números
77, 3% –
O aproveitamento do Cleveland Cavaliers desde o dia 13 de janeiro, quando LeBron James retornou de suas duas semanas de férias. Foram 34 vitórias e 10 derrotas, a melhor campanha do Leste, com saldo de pontos de 8,5 – também o melhor da conferência. O rendimento de três pontos também foi elevado, o melhor, com 38,2%. Nesse mesmo período, tiveram o ataque mais eficiente e a décima melhor defesa. Sim, você pode dividir a temporada do Cavs em antes e depois das férias (e das trocas também, claro, realizadas nesta mesma época).

Horford foi para o All-Star com mais três companheiros. Quando voltaram, o time não funcionou da mesma forma

Horford foi para o All-Star com mais três companheiros. Quando voltaram, o time não funcionou da mesma forma

60,7% – O aproveitamento do Atlanta Hawks depois do All-Star, abaixo até do Boston Celtics (64,5%). Na temporada, o rendimento foi de 73,2%, o segundo melhor no geral. Mero relaxamento, ou produção de fato mais baixa?

46 – Juntos, Bruno Caboclo e Lucas Bebê somaram apenas 46 minutos em sua primeira campanha de NBA. Foram 23 minutos para cada.

22 – O total de jogadores escalados por Brad Stevens durante a temporada do Boston Celtics. Dá mais de quatro times completos. Fruto das constantes negociações do irrequieto Danny Ainge. De outubro a fevereiro, o dirigente fechou oito trocas diferentes. Houve gente que chegou no meio do campeonato e já foi repassada, como Brandan Wright, Austin Rivers e Jameer Nelson.

12 – Jason Kidd quebrou os padrões de rotação da NBA. Oito, nove homens recebendo tempo de quadra regular? Nada: em Milwaukee,  12 jogadores ativos no elenco do Bucks chegaram ao fim da temporada com mais de 10 minutos em média. Se formos arredondar, pode aumentar esse número para 13, já que Miles Plumlee teve 9,9 minutos desde que foi trocado pelo Phoenix Suns. Giannis Antetokounmpo é quem mais joga, com 31,4, seguido por Michael Carter-Williams (30,3) e Khris Middleton (30,1).

1,6 – É o saldo de Derrick Rose se  pegarmos o número de arremessos de três pontos que ele tentou em média na temporada (5,3) e subtrairmos os lances livres (3,7). Pela primeira vez em sua carreira, o armador do Bulls tentou mais chutes de longa distância do que na linha – excluindo, claro, as dez partidas que disputou na campanha 2013-14. Um claro sinal de como seu jogo se alterou devido ao excesso de cirurgias. O problema é que seu aproveitamento nesses arremessos vem sendo apenas de 28%. O armador obviamente pode ajudar Chicago em seu retorno aos playoffs pela primeira vez em três anos, mas Thibs obviamente enfrenta um dilema aqui: até que ponto precisa envolver o astro no ataque, sem atrapalhar o que Pau Gasol e Jimmy Butler vêm fazendo?

A lesão contra Philly em 2012, que suscitou uma série de cirurgias para Rose; armador volta aos mata-matas, ainda como a grande esperança da torcida de Chicago. Mas o time tem talento o suficiente para não depender exclusivamente de atuações milagrosas do seu xodó

A lesão contra Philly em 2012, que suscitou uma série de cirurgias para Rose; armador volta aos mata-matas, ainda como a grande esperança da torcida de Chicago. Mas o time tem talento o suficiente para não depender exclusivamente de atuações milagrosas do seu xodó

Panorama brasileiro
Nenê é fundamental no plano de jogo do Washingon, especialmente por sua capacidade para marcar. A questão é saber como ele estará fisicamente, depois de ter perdido cinco dos últimos sete jogos do Wizards pela temporada regular, sendo os dois últimos por uma contusão no tornozelo. (PS: a julgar pelo primeiro jogo está muito bem, obrigado). Para os talentosos garotos de Toronto, a expectativa é que ver de perto a atmosfera de um jogo de playoff os motive a treinar duro, duro e duuuuro nas férias para entrar na rotação na próxima temporada. Por ora, o mata-mata serve apenas para tirar os ternos estilosos do armário. Em Cleveland, Anderson Varejão pode quebrar um galho como assistente. Em Murcia, na Espanha, Faverani vai tocando sua reabilitação após uma cirurgia no joelho. Um retorno ao Celtics ainda é possível, em julho.

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Alguns duelos promissores
Kyrie Irving x Isaiah Thomas: Thomas é, de certa forma, uma versão em miniatura de Irving, sendo muito veloz, sempre um perigo com a bola, ainda que um tanto fominha. Mesmo que Kyrie tenha se mostrado mais atento durante essa campanha, por vezes sendo realmente agressivo na pressão, ainda não pode ser considerado um defensor capaz. Vai ter de se esforçar muito para frear o rival. Então é de se imaginar um tiroteio aqui, já que, do outro lado, não há como o tampinha contestar o belíssimo chute da jovem estrela.

O Cleveland tem de tirar o baixinho Thomas do garrafão

O Cleveland tem de tirar o baixinho Thomas do garrafão

John Wall x Kyle Lowry: Wall é pura velocidade, um dos integrantes da impressionante geração de armadores superatléticos a conquistar a liga. Com o tempo, aprendeu a usar suas habilidades fenomenais do modo correto, sendo dominante em transição, mas sabendo ditar o ritmo de jogo e explodir na hora certa em situações de meia quadra. Enxerga seus companheiros como poucos. Já Lowry é um tratorzinho com a bola, usando sua força e uma ou outra artimanha com a bola para ganhar espaço, olhando mais para a cesta. O problema é que ele sofreu bastante nas últimas semanas com dores fortes nas costas. Estilos bem diferentes.

Al Horford x Brook Lopez: por falar em contrastes… Horford é dos pivôs mais ágeis e versáteis que se tem por aí, pontuando com eficiência por todo o perímetro interno, desde a faixa de média distância ao semicírculo. Excelente passador e driblador também, ágil, faz um pouco de tudo em quadra, dando ao Hawks flexibilidade tanto na defesa como no ataque. Um cara especial e subestimado demais. Do outro lado, Lopez recuperou sua boa forma na reta final da temporada. Também estamos falando um cara que pode flutuar por todo o ataque, ainda que seja bem mais eficiente próximo ao garrafão. A diferença: é lento toda a vida e pouco passa a bola, mesmo que não se complique diante de marcação dupla. Na defesa, é muito vulnerável quando  deslocado para longe da zona pintada.

Jimmy Butler x Khris Middleton: Jimmy Butler deu um salto impressionante nessa temporada. Poucos imaginavam que ele poderia funcionar como arma primária no ataque, e em vários jogos do Bulls isso aconteceu, com sucesso. O maior volume de jogo no ataque resultou em queda na defesa – algo que o adversário do Bucks já faz muito bem. Ambos têm uma trajetória parecida como profissionais. Eram destaques universitários que entraram na liga com projeções modestas, mas, quietinhos, foram construindo uma reputação sólida. Mais jovem, Middleton pode usar uma boa atuação nos playoffs para inflar ainda mais sua cotação, sendo já considerado uma opção interessante no mercado de agentes livres que se aproxima.

Ranking de torcidas
1 – Toronto. A torcida mais radical da NBA, que perturba cada jornalista que coloque um mero senão na hora de falar sobre o clube. Lotam a praça Maple Leaf, do lado de fora do ginásio, com hordas e hordas de “nortistas” para assistirem ao jogo num telão. Não existia isso no mundo da liga americana. Os caras já estavam exaltados, e aí veio o gerente geral Masai Ujiri novamente com um clamor incendiário. Um ano depois de mandar Brooklyn se f*#@, subiu ao tablado neste sábado para dizer que não dá a mínima para Paul Pierce, de uma forma menos amorosa, claro. (Mais abaixo.)

2 A – Chicago. Na semana passada, gravamos eu e o chapa Marcelo do Ó, no Sports+, uma série de transmissões com jogos clássicos da liga. E como fazia barulho a galera dessa metrópole blue collar. Há que se entender uma coisa: por maior que seja a cidade, sempre se colocaram numa situação de inferioridade em relação a Nova York, por exemplo. O clima do povo de lá, em geral, ainda é de cidade pequena, tentando mostrar seu valor. Nesse contexto, adotam as franquias locais de um modo especial. Se Rose aprontar, o ginásio explode. Afinal, é o garoto da casa. Teve a maior média de público na temporada.

#OsLoucosDoNorte

#OsLoucosDoNorte

2 B – Boston. Se é para falar em tradição… Bem, esses caras aqui já comemoraram 17 vezes. Imagino a festa que farão neste retorno aos mata-matas após um ano sabático. Só ficam um degrau abaixo, ou meio degrau abaixo pelo  fato de que a equipe não ter lá muita chance. O estilo de jogo é divertido, há jovens valores para se adotar, mas ainda estamos muito distantes dos tempos de Pierce, Garnett e Rondo, caras venerados.

4 – Cleveland. Um público agraciado pelo retorno de LeBron, ainda vivendo uma segunda lua de mel, com a segunda maior média do campeonato. Fora dos playoffs desde 2010, vão muito provavelmente botar para quebrar. Só não vão ter as trombadas de Anderson Varejão para aplaudir. Outros pontos a favor: a belíssima apresentação de seus atletas com projeção 3D na quadra e um DJ dos mais antenados.

5 – Washington. Um grupo um tanto traumatizado por seguidos fracassos na construção de times promissores que acabam não chegando a lugar algum. Agora, têm um legítimo jovem astro por quem torcer, John Wall, e outra aposta em Bradley Beal, além de uma série de veteranos.

6 – Milwaukee. É a segunda pior média do campeonato, mesmo com um time jovem, cheio de potencial, e já fazendo boa campanha. Mas há um fator importante para se ponderar aqui: a ameaça de que a equipe deixe a cidade, devido ao lenga-lenga na aprovação/construção de uma nova arena. Os proprietários pressionam, divulgando na semana passada como seria o projeto. Só não há muito entusiasmo na população local para o investimento de dinheiro público na empreitada. Tendo isso em vista, talvez queiram ao menos conferir os garotos nos playoffs, com a sensação de que “foi bom enquanto durou”. De qualquer forma, a Squad 6 sozinha para superar as duas abaixo.

A possível nova arena de Milwaukee ficaria assim

A possível nova arena de Milwaukee ficaria assim

7 – Atlanta. A despeito da temporada maravilhosa que a equipe fez, sua torcida foi apenas a 17ª torcida no ranking de público.  O tipo de ginásio que precisa da intervenção do DJ para emular o barulho de torcida, na hora de se pedir coisa básica: como “defesa”. Por essas e outras, também a despeito da tradição da franquia, se fosse para escolher arbitrariamente um time para ser realocado para Seattle, apontaria na direção do Hawks. A pasmaceira já vem de longa data.

(…)

15 – Brooklyn. Mas não tem público mais desanimado e desconectado que esse. O que é um contrasenso, se a gente for pensar da relevância do bairro nova-iorquino para a história do jogo. A marca ainda não colou por lá, e esse tipo de coisa demora, mesmo. Não havia Jay-Z que pudesse acelerar o processo.

Meu malvado favorito: Paul Pierce. O ala do Wizards não está mais nem aí. A cada entrevista, solta um comentário cada vez mais raro de se escutar num mundo excessivamente controlado pelas relações públicas. Em bate-papo recente e imperdível com a veterana repórter Jackie MacMullan, falou algumas verdades sobre Deron Williams e Joe Johnson, questionou a paparicação em torno das jovens estrelas da liga. Também disse que não botava fé no Raptors, seu adversário. Depois, disse que não era bem assim. Como se realmente se importasse com a repercussão – deve estar se divertindo com o papel de antagonista a seita #WeTheNorth. Amir Johnson mordeu a isca e retrucou: “É um cara velho, sabe? Ele precisa de algo para se motivar, e acho que é para isso que esses comentários servem. É como quando você usa viagra, para dar uma animada”. A torcida também prestou suas homenagens.

Para não deixar passar batido
Gerente geral do Nets, Billy King vai ter de se concentrar muito no que se passa em quadra agora. Se for pensar no futuro, vai doer a cabeça. Afinal, ao mesmo tempo em que seu time deve se esforçar para não tomar quatro surras do Hawks, sabe que a escolha de Draft deste ano vai ser endereçada ao adversário, mesmo que o time de Mike Budenholzer tenha sido o melhor da conferência. Ainda é um reflexo da famigerada troca por Joe Johnson, na qual o mais correto fosse que Atlanta pagasse a Brooklyn algumas considerações de Draft, já que o time nova-iorquino estaria fazendo um favor ao assimilar o salário mastodôntico do ala, que ainda mata uma ou outra bola decisiva, mas está longe de justificar o salário de mais de US$ 20 milhões. Ao menos, com a classificação aos playoffs, o Nets evitou a cessão de uma escolha de loteria. Imagine o Hawks saltando para as três primeiras posições nesse cenário? Desastre.


Prêmios! Prêmios! Os melhores do Leste antes do All-Star
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Giancarlo Giampietro

Estamos na fase de premiação, né? Logo mais o Boyhood deve, precisa, merece ganhar os prêmios mais importantes na cerimônia do Oscar. Bem longe do glamour de Hollywood, aqui na base do conglomerado 21, sediado na Vila Bugrão paulistana, é hora de olhar para o que aconteceu em mais de metade da temporada da NBA e distribuir elogios. Claro que elogios totalmente irrelevantes para os astros da NBA, mas tudo bem.

De primeira, saímos com a Conferência Leste, que é uma tristeza que só, com exceção desta galera aqui:

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

MVP: O quinteto do Atlanta Hawks. Se a NBA pode escolher, oficialmente, os cinco para “Jogador do Mês de Janeiro”, por que um blog raé do Brasil não poderia? Al Horford, com suas múltiplas habilidades, é o principal jogado do líder da conferência, mas não dá para pinçar um, e só, no jogo bonito de Atlanta. A influência de Korver é muito difícil de ser medida em estatísticas, mas obviamente que as defesas entram em pânico diante da possibilidade de ele ficar livre por dois centímetros na linha de três pontos. Paul Millsap, com seu arsenal ofensivo impressionante, dá a Mike Budenholzer muita flexibilidade. Jeff Teague vai resolver as coisas na hora do aperto, entrando no garrafão com facilidade. DeMarre Carroll faz o serviço sujo e ainda desenvolveu seu tiro exterior. Esse time é uma verdadeira máquina.

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Lowry mereceria o prêmio em novembro, dezembro talvez, mas deu uma esfriada. John Wall já o superaria, para mim, devido a sua consistência e imposição física em quadra. Pelo andar da carruagem, porém, um certo Rei de Cleveland deve aparecer aqui ao final da temporada, como o MVP do Leste – mas que dificilmente vai recuperar o terreno perdido, nas minhas contas, para Monocelha, Curry e Harden no geral. LeBron vem jogando muito desde que retornou de sua licença premiada, mas isso significa que, por ora, são apenas algumas semanas de alto nível (para os seus padrões). Antes de sua parada, para botar o corpo e a cuca em dia, o astro reclamou demais e deu contribuição significativa para os tropeços do Cavs. Ah, e Pau Gasol, rejuvenescido longe da sombra de Mike D’Antoni, lidera a liga em double-doubles, com 33 até esta segunda-feira.

Melhor treinador: Mike Budenholzer. Por causa disto tudo aqui. É muito difícil instaurar o tipo de química que vemos em quadra em Atlanta, gente, e o Coach Bud aprendeu direitinho depois de anos e anos como assistente de Gregg Popovich. Jason Kidd, guiando um elenco jovem, valente e extremamente versátil em Milwaukee, seria minha segunda opção. Acho que muitos subestimaram a qualidade do plantel do Bucks. Mas não esperava que fosse encontrá-los com aproveitamento superior a 50% no início de fevereiro. Kidd começou muito mal como chefe do Brooklyn Nets na temporada passada, mas se ajustou no decorrer da campanha e se revela um treinador do tipo que adoro: aquele que sabe aproveitar o que tem em mãos, em vez de forçar os jogadores a se entregarem completamente ao ‘seu’ sistema. Dwane Casey também precisa ser mencionado, pelo excelente trabalho que faz em Toronto há um tempinho já. Outro elenco que rende muito mais por conta de química do que pelo talento individual de suas peças.

Sobra até Derrick Favors para Middleton na defesa

Sobra até Derrick Favors para Middleton na defesa

Melhor defensor: Khris Middleton. Quem? James Khristian Middleton, nascido em Charleston, no dia 12 de agosto de 1991. Ele, mesmo, o ala titular do Milwaukee Bucks que está envolvido diretamente no esquema agressivo orquestrado por Jason Kidd. O técnico quer ver seus atletas trocando a marcação constantemente. Isso requer muita atenção aos detalhes e, ao mesmo tempo, perna firme e resistente. Middleton, aos 2,01 m, é forte e ágil para dar conta de marcar um ala-armador ou um ala-pivô (isso, claro, se não for um brutamontes como David West ou um gigante que nem Pau Gasol… Vai depender de quem estar do outro lado). Na melhor defesa da conferência, ele causa o maior impacto: o Bucks toma 8,9 pontos a mais, a cada 100 posses de bola, quando ele está descansando no banco.

DeMarre Carroll e Al Horford oferecem a mesma versatilidade ao Hawks. John Wall pressiona demais o drible do adversário com agilidade e tamanho, e ainda protege o aro em transição e vindo do lado contrário e comanda a forte defesa do Wizards, com uma boa ajuda de Nenê na cobertura. Quando Michael Kidd-Gilchrist está em forma, o Charlotte Hornets se posiciona entre as dez melhores retaguardas.  É muito estranho escrever este parágrafo sem mencionar Joakim Noah e Taj Gibson, mas, ao que parece, os anos de trabalho puxado com Thibs cobram, invariavelmente, um preço. Os dois não têm conseguido repetir as performances sensacionais do campeonato passado, e acredito que isso tem muito mais a ver com um desgaste físico e mental do que a chegada de Pau Gasol, que lhes rouba minutos e toques.

Melhor sexto homem: Lou Williams. Um Jamal Crawford mais baixinho, mas muuuuito mais eficiente, . A missão de Lou é criar arremessos por conta própria.  Rasual Butler – virge! – já resolveu uma porção de jogos para o Wizards saindo do banco 98,5% das vezes com a mão já pegando fogo. Aaron Brooks se encaixou perfeitamente no módulo de “Armador Tampinha Reserva do Chicago Bulls”, mas ninguém mais parece notar sua existência. Dennis Schröder causa o mesmo impacto pelo Hawks. Em Milwaukee, são diversos reservas qualificados, mas nenhum que desponte.

Em Toronto, é "Loooooooouuuu" sempre que ele pega na bola

Em Toronto, é “Loooooooouuuu” sempre que ele pega na bola

Jogador que mais evoluiu: Hassan Whiteside. Ele jogou o ano passado no Líbano. Hoje, representa uma dor-de-cabeça para 29 equipes que não lhe ofereceram nem mesmo um contrato não-garantido antes de a bola subir. Mais detalhes aqui. O engraçado é que Jimmy Butler, até outro dia desses, parecia a maior barbada de toda a liga nessa categoria, independentemente da conferência. O que o ala do Bulls ralou para elevar seu jogo ao patamar de All-Star vale como exemplo para qualquer jogador subestimado na liga. Talvez seja precipitado indicar Whiteside, pelo fato de ele ter jogado pouco até agora. Vamos ver se dura até o final da temporada. Jeff Teague também deu um belo salto, passando de jogador “ok, muito bom” para “putz grila, excelente”, algo nem sempre fácil de se fazer.

Melhor novato: Nikola Mirotic. O que é uma injustiça, né? De calouro, o montenegrino naturalizado espanhol não tem nada. Muito menos a barba. De qualquer forma, poder qualificar Mirotic “tecnicamente” como novato nos livra a cara aqui, pois seria difícil seguir em outra rota. As lesões não deixaram Jabari Parker, Marcus Smart e Aaron Gordon competir adequadamente aqui. Elfrid Payton é o estreante que joga mais pressionado, com máxima responsabilidade devido a sua posição, e faz um trabalho competente em diversas esferas menos aquela que pede cestas – o mesmo problema para Nerlens Noel.

Primeiro time
Jowh Wall
Kyle Lowry
Jimmy Butler
LeBron James
Al Horford

Segundo time
Jeff Teague
Dwyane Wade
Kyle Korver
Paul Millsap
Pau Gasol

Terceiro time
Kyrie Irving
Brandon Knight
Khris Middleton
Chris Bosh
Greg Monroe

Observações: fiquei entre Kemba Walker e Brandon Knight na terceira formação, e aí preferi decidir pela melhor campanha do Bucks, ainda que Walker tenha levado o Hornets nas costas enquanto Al Jefferson estava lesionado e Lance Stephenson curtia sua piração, até ser afastado por causa de uma cirurgia no joelho. Middleton ganha a vaga que seria de Carmelo Anthony, mas não dá para botar um time com aproveitamento abaixo de 20%. Por números, pode parecer um crime excluir Nikola Vucevic. Se for assim, desde que Josh Smith foi mandado para um breve exílio, Monroe vem abafando – inclusive seu companheiro Andre Drummond. Wade jogou pouco, mas o suficiente para entrar aqui – sem ele, o Miami Heat estaria completamente atolado.

Nesta quarta, sai a lista do Oeste.


Derrick Rose, o heroísmo e as boas e más notícias de Chicago
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Giancarlo Giampietro

Derrick Rose: não estava fácil. Assim como o jogo todo

Derrick Rose: não estava fácil. Assim como o jogo todo

Se tem um velho recurso narrativo, usado pelo vovô, pela vovó, pelo padre e até pelo delegado, um recurso de que não abro mão, que, creio, jamais vai perder a graça, é a quela história da boa e da má notícia. Qual você quer primeiro?

Depois do jogaço transmitido pelo Sports+ na madrugada desta quarta-feira, com a edificante vitória do Bulls sobre o Golden State Warriors por 113 a 111, na prorrogação, essa pergunta funciona perfeitamente para os torcedores do Chicago – e, por isso, admiradores irredutíveis de Derrick Rose. O armador teve uma das atuações mais estranhas, malucas e polarizadoras da temporada.

Primeiro vamos com a boa? Tá, tudo bem: Rose marcou 30 pontos e marcou a cesta decisiva no tempo extra. A má: ele precisou de 33 arremessos para chegar a essa contagem, acertando apenas 13 desses chutes. Também cometeu 11 turnovers e deu apenas uma assistência. É ou não é uma linha estatística bizarra – e imaginem se fosse Russell Westbrook a praticá-la?

Essa combinação suscitou um debate inflamado durante a madrugada, o que me admira muito.  Acho incrível que, a essa altura do campeonato, em 2015, o hero ball ainda seja considerado tão importante assim, a ponto de uma cesta ser considerada brilhante o bastante para ofuscar 20 tentativas de cesta em vão e 11 desperdícios de posse de bola. Da minha parte, acho que a melhor notícia, na real, foi o simples fato de o atleta estar em quadra, passando da marca de 43 minutos numa partida pela primeira vez em quase três anos, considerando tudo que ele já enfrentou. Ou que, juntos, os pivôs titulares somaram 36 pontos, 31 rebotes e 14 assistências, mataram 14-24 nos arremessos e terminaram o jogo 100% nos lances livres, dominando o garrafão do Warriors sem Andrew Bogut.

Tom Thibodeau obviamente se colocou entre os defensores do heroísmo – afinal, foi seu jogador e esperança de superestrela a protagonizar a discussão toda. O técnico usou aquele argumento de sempre: “Ele não permitiu que os arremessos perdidos… o afastassem da confiança de que ainda poderia tentar e acertar um chute decisivo”.

Mesmo que o chute não caia, Derrick Rose segue arremessando. A torcida do Bulls na expectativa

Mesmo que o chute não caia, Derrick Rose segue arremessando. A torcida do Bulls na expectativa

Olha, se fosse para ler a frase sem nenhum contexto, não há como contestá-la. A força mental para não se abalar pelos erros e tentar a vitória é uma grande virtude. Agora, depois de o cara desperdiçar 31 posses de bola (entre bicos e tropeços), certeza de que um arremesso como o que ele tentou era a melhor decisão?

A jogada de Rose no último ataque do Bulls, diante dos braços compridos e da boa marcação de Klay Thompson não é nada fácil de se fazer, especialmente quando você dá o passo para trás e tem um defensor equilibrado na sua cola. Requer habilidade atlética. Mas não vá me dizer que, além da confiança, também não tem sorte envolvida nesse tipo de jogada, especialmente quando estamos falando de um armador jamais elogiado pelo poder do arremesso de média para longa distância, e que não alterou tanto assim o seu desempenho na atual temporada. Thibs – sobre quem os rumores andam bem intensos, mesmo – não se importa: “Isso é um sinal de sua grandeza e de que ele está trabalhando para voltar a ser o jogador que todos sabemos que pode ser”, afirmou.

Dá para dizer que, além do técnico, 99,5% das pessoas envolvidas com o Bulls estavam aguardando com ansiedade um lance como esse por parte do armador, algo que justificasse toda a expectativa pelo retorno. Digo: um lance que comprovasse seu retorno. Até mesmo os repórteres dedicados a cobertura do clube não viam a hora de escrever a respeito. Nick Friedell, setorista do ESPN.com, listou todas as falhas de Rose no embate com o Warriors, mas diz que a cesta final supera tudo isso, mesmo que os 11 turnovers tenham sido um recorde pessoal.

“Esta terça-feira ofereceu mais um aviso de que o Bulls só vai chegar aonde Rose e seus joelhos reconstruídos possam levá-los”, cravou o jornalista. “Joakim Noah, Pau Gasol e Butler são importantes, mas Rose ainda é o cara que pode fazer mais diferença devido a sua habilidade de dominar os jogos no final e responder nas situações de maior pressão. Ele tem o tipo de habilidade de uma superestrela da qual seus companheiros podem se alimentar a cada noite. Quando o jogo está na mesa, eles tentam encontrar o antigo MVP em quadra, não importando o quão pobre tenha sido seu jogo até então.”

Certamente Friedell não foi o único que saiu com essa linha de argumentação. Suas frases saem diretamente da teoria de que só os times com craques transcendentais podem lutar por títulos na NBA. A mesma teoria que impede muita gente de aceitar o Atlanta Hawks como favorito. Concordar ou discordar dela é uma coisa. Outra, bem diferente, é incluir Rose nesse grupo só por causa de um arremesso certeiro, não?  Nada contra o armador ou o repórteres, mas, se já esperamos todos por um longo tempo, mais de dois anos, que custa dar mais algumas semanas de jogo para ver se a estrela está realmente na trilha para reassumir a velha forma?

Vamos descontar a temporada 2013-2014 aqui, já que ela rendeu apenas 10 partidas para ele, totalmente fora de ritmo. Então, se formos comparar a atual campanha do armador com o restante de sua carreira, nota-se que ele jamais cometeu tantos turnovers por jogo (seja na média por minutos ou por posse de bola). Seu aproveitamento nos arremessos, de 41,6%, também é a pior marca. Isso poderia se explicar pelo fato de ele nunca ter chutado tantas bolas de longa distância assim. Mas mesmo as medições que englobam tanto o rendimento nos tiros de fora e até dão mais valor para eles comprovam a dificuldade que vem tendo para pontuar. Em termos de eficiência, apenas seu ano de novato fica para trás. Que tal um pouco de calma?

A temporada de Rose em arremessos

A temporada de Rose em arremessos

Muita coisa já passou e ainda passa pela cabeça de Rose, claro. A cesta da vitória contra o Warriors pode ser um passo importante para a recuperação de seu jogo – uma vez que confiança nunca foi um problema para o atleta, que, por exemplo, se recusava a recrutar agentes livres no mercado. “Como jogador, eu quero esse tipo de momento”, disse Rose, sobre a chance de matar uma partida. “Quero este arremesso. Meus companheiros me deram a bola para assumir a responsabilidade, e não vou fugir disso, não vou abrir mão disso. Se meus companheiros vão me dar a bola para isso, é algo que me faz sentir muito bem.”

De novo: é bacana ele enfrentar esse tipo de situação e sair bem com ela. Cabe uma pergunta, porém: o Bulls realmente depende de um Rose a 90, 100% para sonhar alto na Conferência Leste? Dizer que Rose é o único talento que realmente faça a diferença neste elenco não é menosprezar o quanto Noah batalhou enquanto o camisa 1 estava fora? O que dizer de Pau Gasol, um dos maiores pivôs de sua geração? E a ascensão fantástica de Jimmy Butler?

Bem, o torcedor mais atento vai poder apresentar alguns contrapontos para cada uma dessas alternativas: há jogos em que Noah está se arrastando pela quadra; Gasol tem números fantásticos, mas, aos 34 anos, é perigoso depender dele, mesmo que tenha números que se equivalem aos de cinco anos atrás; Butler caiu muito de rendimento neste mês. Check, check, check. De qualquer forma, qual a diferença entre apostar neles e esperar que Rose volte de forma messiânica? O que parece mais implausível hoje? E mais: o clube precisa, mesmo, desse salvador?

A contratação de Gasol e de Nikola Mirotic já tornava, em teoria, este elenco do Bulls como o mais talentoso da era Thibodeau. Ninguém jamais poderia prever tamanha evolução de Butler, o que supera qualquer decepção gerada pelas lesões e péssimas partidas do badalado calouro Doug McDermott. Essa guinada em recursos técnicos se traduziu num ataque bem mais respeitável: o nono mais eficiente da NBA, acima de Spurs, Blazers e Rockets, por exemplo. Na temporada passada, você precisava usar bastante o scroll para encontrá-los nessa relação (antepenúltimo lugar). Em 2013, terminaram em 24º.

Mesmo que não tenha muitos arremessadores, Thibs consegue desenhar jogadas criativas que espalha bem os jogadores pela quadra e abre boas oportunidades para os pivôs trabalharem em dupla e para que Butler (e Rose) descolem bons ângulos para atacar o aro. Neste mês, mesmo sem os 41,7% de Mike Dunleavy Jr nos arremessos., o Bulls ainda aparece com o décimo ataque mais eficiente.

O problema é que os ganhos no ataque coincidem com perdas do outro lado da quadra. Se a temporada terminasse hoje, a equipe teria apenas a 12ª melhor defesa e terminaria fora do top 10 pela primeira vez desde… 2009! Ano em que tinham John Salmons, Ben Gordon, Tyrus Thomas, Brad Miller e Tim Thomas. Faz tempo, mesmo.

Aaron Brooks, arma nem tão secreta assim

Aaron Brooks, arma nem tão secreta assim

O Bulls precisa, quem diria, melhorar na hora de proteger sua cesta. Para entender isso, o desgaste de alguns atletas tanto do ponto de vista psicológico como físico não deve ser relevado – as rotações pesadas de Thibs geram calafrios em Chicago. Resgatar a intensidade, tapar os buracos não seja tão simples assim. Gasol não era uma figura comprometedora em Los Angeles só pelo fato de que estava pê da vida com os Mikes. Butler ataca mais hoje, então vai sentir um pouco as pernas na hora de tentar parar LeBron ou seja lá qual cestinha. Noah é fundamental no sistema e não é nem sombra do jogador da temporada passada. Gibson ficou um tempo fora. Mirotic está se adaptando. Kirk Hinrich ainda luta ferozmente na marcação fora da bola, mas está um ano mais velho. Etc. Etc. Etc. Há vários pontos individuais que possam explicar isso. Mas é só

Thibodeau ainda tem tempo para fazer alguns ajustes na rotação. Seu quinteto mais utilizado até o momento (Rose-Butler-Dunleavy-Gasol-Noah) tem saldo de 5,6 pontos em média por 100 posses de bola, em 271 minutos. O segundo, porém, trocando Rose por Hinrich, despenca para -7,0, em 118 minutos. O terceiro, com Hinrich no lugar de Dunleavy e Gibson na vaga de Noah, sobe para 3,7, em 116 minutos.  Uma curiosidade é que, das seis melhores combinações, cinco têm o baixinho Aaron Brooks em quadra, perdendo apenas para um quinteto com Rose-Hinrich-Butler-Mirotic-Gasol. Todas essas formações, no entanto, ganharam muito pouco tempo de quadra e apresentam um saldo de cestas irreal. Outro padrão detectado: Hinrich teria de jogar ao lado de Mirotic e/ou Brooks, para compensar no ataque.

Vale a pena prestar a atenção em Brooks, de todo modo. É engraçado isso, mas ele está repetindo, mesmo, aquilo que aconteceu com DJ Augustin e Nate Robinson, fazendo a melhor temporada da sua vida como reserva do Bulls, seja em eficiência como em produção por minuto. Com o ligeirinho em quadra, o Bulls vence seus adversários por +6,2 pontos/100, quase o dobro de sua média na temporada. Apenas três dos dez quintetos em que ele aparece dão saldo negativo. Por outro lado, ele só ficou ao lado de Rose por 35 minutos. Tiveram tremendo sucesso juntos. Talvez pelo fato de Brooks aliviar a pressão em Rose como força criadora. Outro que merece mais minutos: Mirotic.

São diversas as opções de troca para o técnico fazer o time decolar, enquanto Rose vai se redescobrindo em quadra. Para o armador se consagrar, é preciso primeiro que o time esteja pronto, posicionado para realizar grandes façanhas, como aconteceu contra Golden State – e que ele renda muito mais do que fez na metade inicial do campeonato, claro. Num cenário ideal, com muito território para ocupar e um grande potencial a ser explorado, o Bulls não precisaria de atos salvadores do astro: venceria os jogos antes disso. Agora, se for preciso e ele entregar, seria, sem dúvida, a notícia mais empolgante para a torcida Chicago.


Thibodeau leva o Bulls ao limite em campanha memorável. Mas a que custo?
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Giancarlo Giampietro

JoJo quase que não aguenta

Há situações em que os fins justificam os meios, sim. Mas e se não tiver fim?

Deixando a filosofia de mercearia de lado, pensando em um caso mais específico de basquete, o Chicago Bulls 2012-2013 de Tom Thibodeau, vale ponderar. Sem o nível de exigência aque o treinador submete seus jogadores, talvez eles nunca tivessem chegado perto de incomodar o Miami Heat numa semifinal de conferência sem poder contar com Derrick Rose. Agora… será que com esse mesmo nível de exigência o time conseguirá chegar ao menos uma vez inteiro aos mata-matas?

Talvez Gregg Popovich não acredite em nada disso. Um dos treinadores mais zelosos com a administração de minutos de seus principais jogadores, ele viu nos últimos anos uma torção de tornozelo, um estiramento ou uma pancada qualquer sabotar todo seu planejamento. Talvez seja realmente uma questão de sorte. Ou talvez os problemas de Pop tenham só a ver com uma questão específica sobre a fragilidade física de Manu Ginóbili. E que o resto esteja tudo certo na preparação do técnico do Spurs, no sentido de preservar seus jogadores.

Kirk Hinrich está fora

Hinrich foi mais uma baixa do Bulls na temporada, com lesão na panturrilha

É no que acredita o comentarista Henry Abbott, que assina o blog TrueHoop, da ESPN, que vai direto ao ponto em um post bastante trabalhoso: “Minutos demais atrapalham a chance de título“. Um de seus achados foi que as equipes que possuem os líderes na tabela de minutos por jogo nas temporadas não vêm tendo sucesso recente algum nos playoffs. Outra: muitas vezes o atleta que tem a melhor média não é necessariamente aquele que jogou mais minutos no total por uma equipe. E um terceiro ponto que vale ainda mais destaque: e quem disse que ter um jogador por 40 minutos em quadra significa que você realmente está contando com o cara por 40 minutos? No sentido de que esse atleta pode ter seu rendimento comprometido com tanto tempo de quadra. Mais vale contar com, digamos, 30 minutos com esforço pleno ou com 25 ótimos minutos e 12 ou 15 masomeno?

Para Thibs, pode ser que essas perguntas sejam pura asneira. É o que se imagina quando vemos seu Bulls em quadra. Um time que, na falta de melhor termo, se mata na defesa, mesmo, que, supostamente, não tem limite. Nas palavras de Chris Bosh, eles são como zumbis amedontradores. “Você dá vida a um time desses, e qualquer coisa pode acontecer. É como se estivesse vendo um fillme de terror, algo assim, e tudo acontece em slow-motion. Você vai para Chicago (para o jogo 6), e a torcida deles está se levantando novamente, estão animados novamente, e aí você se vê numa briga de cachorro. Eles voltam para casa, vencem oo jogo, e aí qualquer coisa pode acontecer num jogo 7”, elaborou o pivô do Heat, que despachou seus rivais por 4-1, depois de terem perdido a primeira partida em casa.

É um discurso de quem realmente respeita os sujeitos de Chicago. Não é para menos. Eles deram um jeito de perturbar os atuais campeões mesmo sem Kirk Hinrich e Luol Deng, sem contar Rose.”É uma pena. Acho que todo mundo gostaria de ter visto ambos os times inteiros”, afirmou Erik Spoelstra, com muita classe, mas provavelmente bastante aliviado de ter enfim deixado a tropa de Thibs para trás. Veja o que eles fazem:

Deng, aliás, foi o líder em minutos por partida desta temporada, com 38,7: uma loucura, sem se esquecer que ele disputou as Olimpíadas de Londres como a grande referência de sua seleção. Joakim Noah, com todos os seus problemas físicos dos últimos anos, foi o 16º, com 36,8. Os dois chegaram estourados aos mata-matas. Doente, Deng perdeu toda a série contra o Miami, sendo hospitalizado – o esforço foi tanto que  estava proibido de fazer qualquer atividade física. Noah foi para quadra no sacrifício, lidando com a praga chamada fascite plantar. O desafio com o pivô, agora, é tratar seu pé sem que ele precise de uma cirurgia. Se não há provas materiais que liguem um ponto ao outro – de que minutos demais significam desgaste físico –, o que é certo que um pouco mais de descanso não faria mal nenhum ao par, faria?

Fica esse dilema, então, para um dos melhores táticos da liga, em sua ingrata missão de tentar desbancar o poderoso Miami Heat no Leste. Como cobrar seus atletas, deixá-los totalmente preparados, perto do máximo, mas sem passar desse limite. Uma equação de solução dfiícil para um devotos mais hardcore do basquete.

*  *  *

Toda a expectativa de Chicago agora se volta para um retorno saudável de Derrick Rose no próximo campeonato, com um grupo que ainda evoluiu este ano, apesar de tantas perdas de atletas importantes. “Ele faria toda a diferença”, disse Carlos Boozer. Até que chegue a pré-temporada, com o clube, inclusive, visitando o Brasil para enfrentar o Washington Wizards, de Nenê, seu departamento de basquete e relações públicas terá de se desdobrar para fazer os reparos necessários depois da interminável e atrapalhada novela em torno de sua recuperação.

Clinicamente reabilitado, o armador não se sentiu confortável para jogar nesta temporada, lidando com problemas musculares e nas costas, efeitos óbvios de uma cirurgia que o tirou de ação por muito tempo. O problema é que nem o jogador, nem os diretores, nem o técnico falaram pública e claramente sobre o que estava acontecendo. “Nunca diga nunca”, “Vamos ver como será próxima semana” etc. etc. etc. O suspense se alongou por muito tempo e de modo desnecessário. Se Rose estava clinicamente recuperado, é uma coisa. Se não estava bem fisicamente? Outra, bem diferente.

O que se sabe é que os jogadores do Bulls se mantiveram ao lado do armador. O que já é um grande passo para sua reintegração – aliás, sua presença no banco de reservas durante viagens das quais ele nem era obrigado participar já difere bastante da postura de Russell Westbrook, em Oklahoma City, durante o embate com o Memphis Grizzlies.

“Ele nunca atingiu o nível de conforto de que ele precisava jogar. Então ele tomou a decisão certa”, disse Thibs, em sua entrevista de fechamento de campanha. Mas por que isso não foi dito antes, diacho?

*  *  *

O retorno de Derrick Rose terá impacto direto em um dos personagens mais surpreendentes da temporada: Little Nate Robinson, que não deve continuar em Chicago. Um dos heróis da equipe nos playoffs, o baixinho certamente espera ganhar mais do que o salário mínimo que recebeu nesta temporada. “Eu adoraria voltar. Honestamente, realmente gostaria. Mas, sabendo dos caras que temos aqui, provavelmente o espaço que sobra para mim é limitado. Mas vamos ver o que acontece.”


Prévia dos playoffs da Conferência Leste da NBA: Parte 2
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Giancarlo Giampietro

3-INDIANA PACERS x 6-ATLANTA HAWKS

A história: o Atlanta Hawks aliviou descaradamente em seus últimos jogos da temporada para fugir das quarta e quinta colocações – para supostamente, desta forma, evitar o lado da chave do Miami Heat. Hein?! O técnico Larry Drew se sente tão confortável assim em relação ao seu time para armar uma coisa dessas? E qual o prazer de se enfrentar uma defesa tão física e bem armada como a do Indiana Pacers? Não que a equipe de Frank Vogel tenha feito também a melhor campanha em abril, vencendo apenas um de seus últimos seis compromissos, depois de ter triunfado em 11 de 16 partidas em março. Há quem jure também que eles tiraram o pé, preservando saúde e energia para os playoffs – daí o fato de terem levado  90 pontos ou mais em cada uma de suas partidas no mês final da temporada regular, acima de sua média.

O jogo: com jogadores de muita envergadura e força física, Vogel consegue vedar seu garrafão e forçar os tiros longe da cesta. Mas nem tão longe: o Pacers é a equipe que melhor contestam os disparos de longa distância – e podem ter certeza de que Kyle Korver vai jogar com um alvo nas costas. Quer dizer, sobram propositalmente, então, os disparos de média distância, os de menor eficiência na liga. Josh Smith que vai gostar! O Atlanta Hawks vai precisar correr com a bola sempre que puder, explorando a velocidade de Jeff Teague, Devin Harris, Smith e Al Horford – que, em meia-quadra, é a melhor opção da equipe. Um jogador especial, multitalentoso, ele só não deu, porém, o salto esperado para esta temporada, para ser uma figura dominante na liga.

De dar nos nervos: barbada! O apelido do cara não é Psycho-T por bobeira. Tyler Hansbrough, amigos, passou de queridinho da América no basquete universitário ao branquelo mais odiado da NBA. Vai gostar de uma trombada assim o sujeito, e Vogel adora.” A beleza está nos olhos de quem vê”, diz o técnico. “Eu amo vê-lo esmagar as pessoas. Eu amo fisicalidade ofensiva”, vai adiante. O técnico é um sádico. Então, taí: em vez de se irritarem com Hansbrough, direcionem todo o rancor para o cara que está agitado ao lado da quadra. Ah, e não mexam com o Ben, o irmão do cara:

Olho nele: Kyle Korver, que é daquela turma que faz muito com pouco, tendo uma só grande habilidade para perseverar na liga. Mas que habilidade também, né? Ele acerta 41,9% na carreira na linha de três pontos. Em 2009-2010, ele liderou a temporada com 53,6% de aproveitamento. Neste ano, terminou com 45,7%. Sua mecânica de arremesso é perfeita, sempre com o corpo retinho, e o braço bastante elevado. Mas o mais legal é ver o modo como o ala do Hawks se desloca pela quadra em busca de brechas na defesa para receber o passe e engatilhar. Usando um corta-luz atrás do outro, serpenteando pela defesa, forçando um jogo de gato-e-rato.

Palpite: Indiana Pacers em cinco (4-1).

4-BROOKLYN NETS x 5-CHICAGO BULLS

A história: nos últimos anos o Bulls se firmou como um dos times muito, mas muito combativo sob o comando de Tom Thibodeau. Agora, sem Derrick Rose, com Joakim Noah e Taj Gibson no sacrifício, Luol Deng arrastado por mais de 38 minutos em média em todo o campeonato, vindo de uma dura participação nas Olimpíadas, sobra o que para batalhar? Só não esperem que eles se apeguem a qualquer desculpa. O que seus atletas tiverem eles vão deixar em quadra. E o Brooklyn Nets, com um proprietário que sonha com o título, a presidência da Rússia e o mundo todo, para falar a verdade,  vai ter de usar o talento de Deron Williams, Joe Johnson e Brook Lopez para tentar derrubar essa gente, que veste uma camisa bem mais pesada.

O jogo: meio chocante constatar isso – até melhor você tomar uma água com açúcar antes e depois ficar sentadinho na cadeira, nada de ler isso no celular fazendo esteira! –, mas… A defesa do Bulls hoje é ‘apenas’ a quinta melhor da NBA. Como o Thibs consegue conviver com algo assim?! Existem quatro times na sua frente nesse quesito (Pacers, Grizzlies, Spurs e Thunder). Ok, essa deve ser uma brincadeira que PJ Carlesimo e seu Nets não devem gostar muito, não. Kirk Hinrich, Luol Deng e Jimmy Butler vão testar para valer a boa fase de Deron – que resgatou do nada o seu jogo depois do All-Star Game e é o melhor jogador da série, uma vez que Rose não deve retornar mesmo. Para o Bulls ter alguma chance, porém, Noah e Gibson precisam estar inteiros. Do contrário, ter de anular Deron e Lopez de uma vez fica muito difícil.

De dar nos nervos: há diversos candidatos no elenco do Bulls, mas já falamos bastante deles durante a temporada. Vamos gastar algumas linhas, então, para destacar Reggie Evans, o reboteiro insano do Nets. Se Korver sobreviveu como o arremessador de elite, Evans só se tornou um milionário por sua capacidade de coletar as sobras próximas ao aro tanto no ataque como na defesa. Numa projeção de 36 minutos para sua carreira, Evans tem média de 13,3 rebotes contra apenas 9,0 pontos, roubos de bola, tocos e assistências somados! E, bem, além de rebotes, o pivô já ficou famoso por causa disso aqui. Sem palavras:

Olho nele: Jimmy Butler, o novo orgulho da torcida do Bulls. Inicialmente, quando foi selecionado no Draft de 2011 na 30ª escolha, o ala era mais admirado por sua trajetória comovente – seu pai morreu quando ainda era uma criança, sua mãe o expulsou de casa aos 13 anos porque não gostava de olhar para ele, mudando de uma casa para a outra até encontrar um lar definitivo com um amigo do colegial. Neste ano, porém, em sua segunda temporada, Butler mostra que é muito mais do que uma bela história ou mascote, caminhando para ser um dos melhores defensores de perímetro da liga sob a orientação de Thibodeau e, ao mesmo tempo, melhorando consideravelmente no ataque – versátil, atlético e enérgico, ele tem média de pouco mais de 15 pontos por jogo quando é titular.

Palpite: Nets em sete (4-3).

*PREVIA DO OESTE: Thunder x Rockets e Spurs x Lakers.
*PREVIA DO OESTE:
Nuggets x Warriors e Clippers x Grizzlies.
*PREVIA DO LESTE: Heat x Bucks e Knicks x Celtics


Chicago Bulls segue em frente mesmo sem Derrick Rose
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Giancarlo Giampietro

Noah e Hinrich combinam em ótima defesa

Deeeefense: marcação e profissionalismo ainda mantêm o Bulls lá em cima

Por Rafael Uehara*

Quando o Chicago Bulls decidiu reter apenas Taj Gibson e disse adeus aos demais membros do seu banco de reservas, um dos pontos mais fortes do time, substituindo-os com renegados ganhando o salário mínimo e explorou a fundo um possível negócio que mandaria Luol Deng para o Golden State Warriors em troca pela sétima escolha no último draft, o senso comum era que a diretoria estava totalmente OK se o time desse uma diminuída no ritmo nesta temporada em que Derrick Rose continua a se recuperar de lesão séria no joelho. Poucos acreditavam que o Bulls estava em condição de continuar a batalhar por um degrau no topo da conferência sem Rose por uma grande parte do ano.

Só esqueceram de avisar Tom Thibodeau.

Na parada para o jogo das estrelas, o Chicago tem um recorde de 30-22 e é o quinto no Leste, mas apenas duas vitórias atrás do segundo colocado Knicks. Através de grande defesa e um tremendo esforço de cada jogador que pisa em quadra, o Bulls se mantem um time a ser levado a sério e potencialmente concorrente legítimo ao título caso Rose retorne, embora ele diga repetidamente que só o fará quando estiver 100%.

Desde que Thibodeau desembarcou em Illinois, o Bulls tem tido uma das melhores defesas a liga já viu. Joakim Noah pode não ser Kevin Garnett, mas sua mobilidade extraordinária para sua altura e QI estão bem próximos, dois fatores essenciais para a marcação do time em pick-and-rolls, contra a qual oponentes tem tido aproveitamento de tiro de apenas 40%, de acordo com o portal mysynergysports.com. Conforme o melhor jornalista cobrindo basquete na atualidade Zach Lowe descreve nesta coluna, Thibodeau posiciona Chicago para defender o pick-and-roll de uma maneira que sempre tentar forçar apenas os dois jogadores diretamente envolvidos na jogada a arremessar, tornando as demais opções inúteis.

Isto requer sincronia. Kirk Hinrich deve resistir ao corta-luz, para que Noah não tenha que se estender tanto no perímetro –  o defensor do lado oposto deve estar ciente de sua responsabilidade de cobrir o garrafão caso Noah esteja muito exposto e, ao mesmo tempo, marcar o seu ala individualmente. Como o pequeno Nate Robinson tem jogado muitos minutos e o veterano Hinrich não tem mais a capacidade defensiva de antigamente, armadores velozes têm desafiado a marcação fora de série do Bulls. Mas Chicago compensa controlando os rebotes e com rotações precisas. Além do mais, Deng e o promissor Jimmy Butler são grandes marcadores individuais. O resultado: o time é o segundo na liga em pontos permitidos por posse, atrás apenas do Indiana Pacers, que está fazendo uma campanha quase histórica em prevenção.

O ataque não tem sido de impressionar, mas um tanto quanto saudável, levando em conta a ausência de Rose. Sem o principal o foco de referência, ficou tudo um pouco mais democrático; um pouco de Hinrich e Robinson usando corta-luzes, Noah espaçando a quadra com sua capacidade de passe, Carlos Boozer tendo um excelente ano em tiros de meia distância, Deng e Richard Hamilton correndo pela linha de fundo e uma quantidade desconfortável de Marco Bellineli criando através do pick-and-roll. Mais uma vez, a produção não tem sido de impressionar – o time é o 20° em pontos por posse – mas tem sido o suficiente.

Obviamente, a chave para que o Bulls faça qualquer coisa de significância nesta temporada ainda depende do possível retorno de Rose, e, nesse caso, em que condições ele estaria retornando. Isto posto, o trabalho magnífico que Thibodeau e seus jogadores fazem não tem como ser elogiado o suficiente, especialmente levando em conta que Hinrich, Deng, Boozer e Noah também perderam tempo com lesões em algum ponto. Mesmo assim, o Bulls simplesmente aparece para trabalhar diariamente, joga o máximo que pode e em 57% das vezes leva a vitória pra casa. Um exemplo de profissionalismo.

 *Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


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