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Jukebox NBA 2015-2016: Skiles, Orlando e o Pearl Jam
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Giancarlo Giampietro

orlando-magic-nbaVamos lá: a temporada da NBA já está quase na metade, e o blog passa da malfadada tentativa de fazer uma série de prévias para uma de panorama sobre as 30 franquias da liga, ainda  apelando a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “The Fixer”, por Pearl Jam.

O “fixer” é aquele cara que dá um jeito nas coisas. Não só um quebra-galho, mas alguém que realmente soluciona seus problemas, e de modo profissional, direto e reto. Como na letra: se está muito escuro, ele vai jogar um pouco de luz. Se algo já passou ou está perdido, ele vai brigar para recuperar.  Pensem em Pulp Fiction e Winston Wolf, com Harvey Keitel controlando tudo. Na NBA, Scott Skiles desenvolveu essa reputação em sua carreira como treinador. Aos 51 anos, assumindo seu quarto time diferente, 0 ex-armador parecia ser o cara mais indicado para lidar com uma equipe que não venceu mais do que 25 partidas nas últimas três temporadas e teve aproveitamento de 27,6% nesse ínterim. Ainda mais tendo vínculos históricos com a franquia.

OK, Jacque Vaughn merece um desconto: ele foi contratado quando a franquia havia passado por um processo de implosão, ainda procurando um rumo depois de aturar tanta choradeira (e flatulência…) por parte de Dwight Howard. Não era das tarefas mais fáceis de modo nenhum, ainda mais com o time carente de escolhas altas de Draft para uso imediato.

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Acontece que, com o acúmulo de campanhas fracas, as oportunidades para se garimpar jovens talentos de ponta vieram. Não sabemos ainda o que vai ser de Victor Oladipo, Aaron Gordon e Elfrid Payton, mas o potencial do trio é inegável. Ao mesmo tempo, Nikola Vucevic se firmou como uma grande surpresa no garrafão, enquanto Tobias Harris foi surrupiado de Milwaukee, alguns bons cidadãos foram contratados.

Nos últimos três campeonatos, o Orlando estagnou na hora de atacar, com 98,6, 99,3 e 99,5 pontos a cada 100 posses de bola, o que lhe valeu apenas as 27ª, 29ª e 25ª colocações no ranking de eficiência ofensiva. De nada adiantaram os reforços ou o ganho de experiência dos jogadores já presentes para que o time decolasse. Além disso, não é que do outro lado da quadra as coisas fossem tão diferentes assim. O time teve as sexta e sétima piores defesas da liga com Vaughn e só apresentou um certo grau de evolução na campanha 2013-14, na qual terminou em 18º nesse quesito, para, depois, regredir. Muito pouco, ou quase nada.

A solução, por ora, tem sido separar Payton e Oladipo ao máximo, enquanto nenhum deles se torna uma arma perimetral. Segunda unidade do Orlando cresceu com o deslocamento de Oladipo, que fica muito tempo com a bola em mãos

A solução, por ora, tem sido separar Payton e Oladipo ao máximo, enquanto nenhum deles se torna uma arma perimetral. Segunda unidade do Orlando cresceu com o deslocamento de Oladipo, que fica muito tempo com a bola em mãos

E aí entra em cena o ranzinza Skiles, com suas sobrancelhas (ou o que restam delas) pesadas e uma abordagem detalhista e implacável. Alguém cujas equipes melhoraram consistentemente depois de sua chegada. O Phoenix Suns saltou de 54% de aproveitamento para 64,5% com ele, em 1999-2000. O Chicago Bulls sofreu um pouco em 2003-04, com 28,8%, vindo de 36,6% no ano anterior, mas, em sua segunda campanha, já ganhava mais do que perdia (57,3%). Depois foi a vez do Milwaukee Bucks, que pulou de 41,5% para 56,1%. Em 13 anos, foi para os playoffs seis vezes.

O ganho, em geral, acontece na defesa. Em sete de suas 13 campanhas como treinador, Skiles gerenciou uma retaguarda que se colocou entre as dez mais eficientes da liga. Em seis dessas jornadas, na real, elas estavam entre as quatro mais duras de serem batidas. Sob sua orientação e a nova parceria com Monte Mathis, ex-coordenador defensivo de Rick Carlisle em Dallas, o Orlando ainda não chegou a este patamar, mas já deu um salto dramático, ocupando hoje a 14ª posição, sofrendo 101,5 pontos a cada 100 posses de bola.

Como faz isso? Para Skiles, não tem muito segredo: é preciso trabalhar. Sim, com alguns conceitos básicos para vedar o garrafão. Mas aí não basta um sistema: os jogadores têm de saber aplicá-lo. E, para isso, precisam de fundamentos. Sim, gente, todo jogador ainda tem o que aprender ou, pelo menos, aprimorar. Mesmo os de NBA, especialmente com elencos tão jovens. Você faz de tudo: como contestar um arremesso do lado contrário, como manter a bola em um lado da quadra, comunicação, bloqueio de rebote, como se comportar marcando em cima da bola, ou longe dela. Muitos e muitos exercícios de repetição em cima disso. Um processo enfático. Melhor que ele fale a respeito.

“Você tem de estabelecer sua fundação cedo e repetidas vezes durante os treinos. Tem de tirar toda e qualquer dúvida que os jogadores possam ter, em termos de suas responsabilidades em quadra. Eventualmente, eles tiram conforto disso. Sabem que, com o tempo, não vão precisar ficar pensando sobre o que deve ser feito, sobre quando trocar a marcação etc”, contou Skiles, em sua apresentação. “Quando você elimina essas dúvidas todas, é a hora em que eles sabem suas responsabilidades e começam a fiscalizar as coisas por conta própria. Cada jogador sabe exatamente 1000% o que deve ser feito, a cada dia. Mas isso precisa ser ensinado: o simples posicionamento dos pés, do corpo, das mãos, como para qualquer criança mais jovem. Vamos ser um bom time defensivo, só não sei quando. Mas sei que vamos conseguir isso.”

Skiles e Andrew Bogut montaram uma forte defesa em Milwaukee

Skiles e Andrew Bogut montaram uma forte defesa em Milwaukee

Um bom trabalho de um lado leva quase que invariavelmente a um melhor rendimento do outro. Os grandes treinadores conduzem defesa e ataque juntos. Uma coisa não deve funcionar separada da outra. São simbióticas. Na hora de buscar a cesta, então, o Magic tem agora é o 17º em eficiência. Curiosamente, o time faz os mesmos 101,5 pontos que toma a cada 100 posses de bola. Estão zerados, nesse sentido, e a tendência é de subida para os próximos meses e, principalmente, para 2016-17.

Agora… Tem uma coisa. Qualquer clube que contrate Skiles sabe qual o restante da história, do pacote. Não é alguém que, a despeito dos bons trabalhos, consiga ficar muito tempo em um lugar, até pelo estilo ranheta. Acho que 98,5% das relações humanas se desgastam com o tempo. A diferença é que, com este treinador, esse desgaste acontece em ritmo mais acelerado. Em Phoenix, depois de dois anos como assistente, só ficou uma temporada regular completa como técnico principal, tendo assumido durante um campeonato e sendo demitido no meio do outro. Em Chicago, ficou quatro anos. Em Milwaukee, foram três anos e meio. Em todos os seus empregos anteriores, foi demitido durante a temporada. Se for para fazer um paralelo com o futebol, seria José Mourinho, com a diferença de que o enjoado português tem muito mais sucesso em termos de troféus.

A pedida? Playoffs, quem sabe? Mas não vai ser fácil. Com poucos meses de instruções, Skiles já colocou o Orlando a briga por uma vaga no Leste, mas teve o azar de ver boa parte do pelotão intermediário da conferência despertar e sair da hibernação na mesma hora. Com o atual rendimento de 52,6%, teriam terminado em sétimo na temporada 2013-14 e em sexto em 2014-15. Agora, neste ano, ao meu ver, são quatro vagas a serem disputadas por sete times: Magic, mais Heat, Pistons, Celtics, Knicks, Wizards e Hornets.

(Não vou me estender sobre cada um desses times, pois tudo tem sua hora. Mas imagino que colocar o Miami nesse pelotão possa causar surpresa. Então vamos lá: no papel, é o elenco de mais cancha e mais qualificado, sim. Mas é fato que Wade e Dragic ainda não se entenderam em quadra e que Erik Spoelstra também não tem ajudado muito a vida dos dois. Você também não pode contar tanto assim com 80 jogos de Wade numa temporada. Neste momento, o time também se vê  no meio de uma sequência duríssima de jogos até o All-Star Game, com 14 jogos na estrada e duelos em casa com San Antonio, LA Clippers, Atlanta e Milwaukee. Ao final desta série, vamos ver qual será a campanha. Por fim, a situação contratual de Hassan Whiteside pode virar um problema.)

A gestão: o gerente geral Rob Hennigan parece entregar aquilo que a trilhardária família DeVos esperava: um Sam Presti light, tendo seu contrato renovado e prolongado até 2018 (o que não está tão longe assim, mas, ainda assim, significa algo de valioso depois das campanhas penosas dos últimos anos).

Rob Hennigan, quatro anos mais jovem que Kobe

Rob Hennigan, quatro anos mais jovem que Kobe

Hennigan tem, acreditem, apenas 33 anos de idade, sendo o dirigente mais jovem da liga, e, até o momento, vem fazendo um trabalho competente e paciente na coleta de jovens peças, sem apelar tanto como Sam Hinkie. Se o seu retrospecto no Draft ainda não é nenhum estrondo, também não dá para dizer que seja um fiasco, e isso só poderá ser avaliado de maneira mais razoável daqui a uns dois, três anos. O que dá para perceber é sua perspicácia em pequenas trocas que acabaram se tornando grandes para o time, como quando obteve os jovens e talentosos Harris e Evan Fournier ao despachar futuros agentes livres veteranos como JJ Redick e Arron Afflalo.

É o tipo de negócio que deixou Orlando numa posição interessante: o clube tem uma série de jogadores que podem amadurecer juntos e formar um núcleo fortíssimo, ao passo que também podem ser combinados em um superpacote para buscar uma troca por um All-Star, sem que a terra fique tão arrasada assim em uma transação de quatro-por-um, ou algo do gênero. A folha salarial também está sob controle, com espaço para adição de mais talentos nos próximos mercados de agente livre, ou para absorver eventuais extensões contratuais de Oladipo, Gordon e que tais. É a tal da “flexibilidade”, tão valorizada na condução de uma franquia e não muito simples de ser atingida.

Olho nele: Aaron Gordon. Se nenhuma lesão de última hora atrapalhar as coisas, muito provavelmente o ala estará no torneio de enterradas em Toronto. Aí é a hora em que você, leitor mais chato e consciente, pode dizer: e daí? Desde quando isso vale alguma coisa? No que deu o Harold Miner?! Sim, sim, sim, está certinho: por mais exuberante Gordon seja como atleta, sua impulsão e elasticidade não valem de nada se ele não souber o que fazer com a bola. E, hoje, a quarta escolha do badalado Draft de 2014 ainda não faz muito com ela. É um projeto em desenvolvimento e mais uma prova clara de que a formação de base dos Estados Unidos já têm alguns grandes buracos para serem tapados. Entre fraldinhas e juvenis, alguém que seja tão vigoroso e saltitante se impõe por conta própria. Aconteceu o mesmo quando o americano foi enviado ao Mundial Sub-19 de 2013, devorando a concorrência no garrafão. Entre profissionais, ele manteve a agressividade e produtividade, concluindo 69,2% de suas finalizações nas imediações da cesta.

Mas Gordon tem muita mobilidade para ser limitado a um jogador de uma bola só no ataque (cravadas e cravadas). Aos poucos, com apenas um ano pela Universidade do Arizona e uma campanha de calouro acidentada, novos elementos vão surgir. E aí tem de ser um trabalho de formiguinha, de longo prazo, adicionando um a um. A prioridade no momento é seu chute de três pontos, com os pés plantados, chegando agora a 34,7% de rendimento. Não é o ideal, mas já é um começo. Jogadas a partir do drible vindo do perímetro, arremessos em movimento, criação para os companheiros… Há muito o que ser desenvolvido no ataque. No momento, ele não representa ameaça alguma se não estiver equilibrado na linha perimetral ou atacando o aro. Ainda assim, o ala já merece seus quase 20 minutos por jogo pelo que é capaz de fazer na defesa, com uma presença física e vitalidade incômodas, imponentes e multiuso.

Scott Skiles, Orlando Magic, 1990Um card do passado: Scott Skiles, dãr. essa é das anedotas mais batidas de qualquer transmissão da NBA, mas não tem como deixar passar. Na temporada 1990-91, em seu segundo ano como um dos pioneiros do Orlando Magic, o armador aproveitou que estava enfrentando uma das defesas mais patéticas da história (a do Denver Nuggets no início daquela década) e, no dia 30 de dezembro, ainda inspirado pelo espírito natalino, distribuiu 30 assistências em quadra no antigo . Até hoje é o recorde em uma partida de temporada regular, e duvido que alguém um dia supere essa marca.

O Orlando venceu aquela partida por inacreditáveis 155 a 116, e Skiles esteve envolvido em 60,6% das 61 cestas de quadra que o clube da Flórida anotou, terminando com um double-double (marcou ainda 22 pontos, numa linha estatística para lá de absurda). E não é que ele tivesse Shaquille O’Neal ao seu lado para desviar atenção da defesa e completar pontes – o gigantão só viraria vizinho do Pateta dois anos depois.O ala reserva Jerry Reynolds, que viveu seus únicos anos produtivos na liga como opção de um time de expansão, foi o cestinha, com 27 pontos em 26 minutos. No quinteto titular, ainda estavam os alas Dennis Scott e Nick Anderson, que fariam parte do time memorável de 1993 a 1996, além de Terry Catledge e do pivô Greg Kite, que era um horror.

Um armador de espírito enfezado, astro nos tempos de High School em Indiana e que aprontou das suas na época de universitário, sendo inclusive preso por dirigir embriagado e com posse de *entorpecentes*, Skiles era um armador cerebral no ataque e se tornou, com o passar dos anos, um ótimo arremessador, mas, curiosamente, entregava o ouro como defensor.


Quais perguntas podem separar os clubes da NBA de suas metas? Parte II
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Giancarlo Giampietro

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É regra geral: todo gerente geral de um clube da NBA entra em uma nova temporada cheio de otimismo, com a expectativa de ver os planos das férias colocados em prática, se transformando em vitórias, ginásio cheio, vendas lá no alto e o tapinha nas costas do chefão. Quer dizer: todos, menos Sam Hinkie e o Philadelphia 76ers.

Acontece que não há trabalhos perfeitos, não existe ciência exata na hora de compor os elencos, de imaginar e sugerir uma tática e executá-la. Há casos de jogadores que não vão se entender como se imaginava. Lesões podem atrapalhar tudo logo no primeiro mês de campanha. Um técnico pode ter perdido o controle do vestiário. A concorrência talvez esteja mais forte. Sorte e azar estão sempre rondando por aí. Os dirigentes sabem disso – até a hora de confrontar os problemas mais graves, porém, não custa sonhar que tudo esteja bem encaminhado.

Entre o sucesso e o fracasso numa temporada, muitas questões precisam ser respondidas, como numa lista de afazeres. Não dá para colocar todas elas aqui, até porque há tópicos que vão aparecer no meio do caminho e que não estavam previstas, interna ou externamente. Com um belo atraso, o blog vai retomar sua série de, hã, ‘prévias’ (na falta de um termo mais atualizado) sobre cada franquia e tentar se aprofundar nessa lista. Para compensar o tempo perdido, porém, seguem as indagações que julgo mais importantes para cada time, ponderando quais suas ambições mais realistas e o que pode separá-los de suas metas.

Coferência Leste, lá vamos nós:

(E clique aqui para ler sobre o Oeste)

CENTRAL

Hoiberg dá liberdade ao Bulls. Como os jogadores vão aproveitá-la?

Hoiberg dá liberdade ao Bulls. Como os jogadores vão aproveitá-la?

– Bulls: vamos descobrir qual o impacto de se proporcionar liberdade, criatividade e poder de decisão para um elenco que venceu muitas partidas (e suou e se arrebentou) sob o pulso firme de Thibs. Essa, para mim, é a questão mais interessante, do ponto de vista de cultura esportiva, de toda a temporada. É uma questão até mesmo humanista. (Sim, gente, é nesse momento que você pode entrar com a referência básica na linha de “o esporte enquanto reflexo/espelho/laboratório da sociedade.)

– Bucks: é o time mais enigmático do Leste, ao meu ver. Essa molecada pode tanto avançar consistentemente rumo ao topo da conferência como pode engasgar com seu ritmo frenético, fazendo uma pausa para uma avaliação mais cuidadosa de quem é quem no elenco para saber exatamente o que eles têm no elenco. É o tipo de questão que qualquer jovem equipe tem de enfrentar depois de um primeiro ano com sucesso acima do esperado.

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– Cavaliers: se o time chegar pelo menos com 80% de sua capacidade técnica aos playoffs, acho que não vai ter desculpa: será o suficiente para brigar de igual para igual com qualquer rival, mesmo aquele que venha do Oeste. E aí vamos saber se o plano mirabolante de LeBron James de assumir o controle de uma franquia ainda como jogador pode vingar. Dependendo dos resultados, pode ser outro marco histórico da indústria esportiva (mais e mais astros exigindo poder pleno no futuro), ou o supercraque terá muito o que explicar sem apontar para uma ou outra falha de técnicos, dirigentes e companheiros que deveriam ter autonomia, mas, hoje, são basicamente seus subordinados

O remodelado Pacers vai pedir mais de Paul George. Mas e o que está ao seu redor?

O remodelado Pacers vai pedir mais de Paul George. Mas e o que está ao seu redor?

Pacers: Larry Bird arrefeceu e decidiu mudar o curso do time em 180º, e Paul George não sabe exatamente como reagir e o que fazer com as novas instruções. Qualquer alteração drástica a esse ponto pede paciência para se avaliar. Em Chicago, Hoiberg ao menos tem as peças para fazer o jogo aberto e bonito. Já Frank Vogel vai ter de se virar com Monta Ellis, Rodney Stuckey e George Hill. Esse trio pode conviver em paz, ainda mais sabendo que a bola vai ficar mais com seu astro? Esses caras vão atacar de modo integrado ou vão adotar o sistema de “uma-vez-de-cada-um”? Com tantos possíveis tijolos forçados atirados rumo ao aro, o duvidoso novo conjunto de pivôs vai estar preparado para apanhar os rebotes? Vogel será deveras exigido.

Pistons: de certa forma, está tudo aqui, finalmente. SVG mexeu, remexeu e conseguiu formar um time com peças bem similares ao que tinha em Orlando. Andre Drummond pode não ser um Dwight Howard defensivamente, mas, no ataque, vai atrair ajuda de marcação sem parar, liberando a quadra para os alas chutadores e para os ataques de Reggie Jackson. Só falta aqui um segundo playmaker como era Turkoglu. Então… será que agora vai!?!? Será que o Pistons voltará a ser um time digno de NBA (o que, no Leste, equivale basicamente a time de playoff)?

NORDESTE

– Celtics: Ainge está tentando, cavucando e, aos poucos, encontrando. Um Jae Crowder aqui, outro Amir Johnson ali, e Brad Stevens vai ganhando peças. Será que eles têm pique e fôlego para desafiar Toronto no topo da divisão?

Greg Monroe não quis saber de Phil Jackson. Entra Robin Lopez

Greg Monroe não quis saber de Phil Jackson. Entra Robin Lopez

– Knicks: muita gente, mas muita gente mesmo simplesmente acredita que Phil Jackson foi um tremendo de um sortudo em sua carreira de técnico por ter em mãos grandes lendas do basquete. O que é ridículo, uma vez que nenhum desses craques havia ganhado um título antes de conhecê-lo. Bem, de qualquer forma, agora como presidente do Knicks, o Mestre Zen ainda não conseguiu uma superestrela para fazer companhia a Carmelo. Então, para que o Knicks volte a ser competitivo, o que vai pesar é sua visão geral e seu olho de scout, confiando que os alvos alternativos que escolheu são os corretos. Vai dar triângulo? Ou melhor, vai dar jogo?

– Nets: sério… qual é a graça aqui? O que tem de divertido nesse time, agora que Brook Lopez nem visita mais a Comic Con!? Além de uma eventual troca pelo cada vez mais lento Joe Johnson, da estabilidade física de seu talentoso pivô e da histeria de Lionel Hollins, não sei bem o que pode gerar interesse em torno da franquia. O que é alarmante, considerando que Billy King vai ceder uma escolha alta de Draft ao Celtics antes de tentar seduzir algum agente livre com os cacos de um projeto estilhaçado.

DeMarre Carroll chega ao Raptors com propósitos claros

DeMarre Carroll chega ao Raptors com propósitos claros

– Raptors: depois da tremenda decepção dos últimos playoffs, Masai Ujiri tinha uma chance de implodir tudo e resgatar a ideia de repaginação do clube, abortada em meio a uma inesperada guinada. Ou, poderia fazer uma análise fria do que faltava ao seu time, acreditando que, com essa base, é possível, sim, chegar ao título do Leste. Ao dar US$ 15 milhões a DeMarre Carroll, fica claro o caminho que preferiu seguir, de modo que não há muitas dúvidas aqui. É preciso saber se, com um novo estafe e reforços de mentalidade cascuda, Dwane Casey vai conseguir montar uma defesa forte e sustentável.

– 76ers: entre os que pregam a frieza de cálculos e experimentos e a necessidade natural de se querer competir. qual o limite? Pelo bem de Brett Brown, qual o limite para se estender esse dilema? Não há a menor possibilidade de prolongar este Processo por mais um ano, certo? CERTO!?

SUDESTE

Não é exatamente para cravar que Splitter foi contratado por Budenholzer

Não é exatamente para cravar que Splitter foi contratado por Budenholzer

– Hawks: se até o Bulls e o Pacers quiseram ficar mais leves e velozes, será que o Hawks já estava light demais? Entra em cena Tiago Splitter, com seu impacto nos pormenores do jogo e da defesa, para fazer uma rotação, em teoria, perfeita com Millsap e Horford. Só é preciso checar se Bazemore, Sefolosha e Holiday conseguem segurar as pontas no perímetro para que o catarinense não seja exigido demais para compactar a defesa.

– Hornets: a lesão de Kidd-Gilchrist dói demais, a concorrência parece mais ajeitada, mas o Leste ainda é o pálido Leste, e algum clube precisa se dar bem por aqui. Caberá a Steve Clifford chegar a um total que valha mais que a soma de suas peças, remediando a defesa e confiando que o sofrível ataque será animado pela chegada de Batum, Lin, Kaminsky e, quiçá, Jeremy Lamb, em sua última chamada.

– Heat: não vejo meio termo aqui: ou esse time vai arrebentar, ou vai se arrebentar. Qual alternativa será a correta, então? a) todos jogam (Wade e Bosh especialmente), Dragic e Wade dialogam, Whiteside é de verdade, e Spoelstra terá condição de preparar um bom menu. Ou… b) com um monte de peças de durabilidade suspeita, as lesões não cessam, o time não consegue ganhar um conjunto, e, em tempos de dificuldade, os egos tomam conta da bola?

O Orlando precisa de Hezonja. Mas, para jogar com Skiles, ele precisa defender

O Orlando precisa de Hezonja. Mas, para jogar com Skiles, ele precisa defender

– Magic: os jovens de cabeça boa agora têm um mentor com histórico positivo nos primeiros anos de trabalho, podendo tirar o máximo de sua ética de trabalho. Ainda assim, sabe do que esse time vai precisar, se quiser entrar na briga pelos playoffs? Justamente de seu jogador com temperamento mais volátil. Sim, Mario Hezonja! O jovem croata será um desafio para Skiles durante a jornada, uma vez que, suponho, Fournier não será o bastante para desafogar o ataque.

– Wizards: tudo parece muito bem encaminhado aqui. Wittman está decidido a aplicar na temporada regular o ritmo acelerado bem-sucedido de algumas semanas de playoffs. Quando o Wizards voltar ao mata-mata, só não terá aquele tal de Paul Pierce para chamar a bronca. E aí será a vez de John Wall e Bradley Beal darem mais um passo, na tentativa de conquistar Kevin Durant.


Draft da NBA: as 30 escolhas da 1ª rodada comentadas
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Giancarlo Giampietro

Os jogadores mais bem cotados reunidos no palco do Barclays Center, em NYC

Os jogadores mais bem cotados reunidos no palco do Barclays Center, em NYC

Galera, um breve comentário sobre cada um dos 30 calouros escolhidos na primeira rodada do #NBADraft. Com a cabeça fritando, deixo para fazer logo, no sábado, um balanço sobre quem saiu ganhando e quem saiu com mais dúvidas. Abaixo de cada seleção, um panorama histórico do que rolou nos últimos 20 anos nesta posição específica:

1 – Minnesota Timberwolves: Karl Towns (pivô, Kentucky, 19 anos)
Andrew Wiggins chegou primeiro. Agora, ele tem um pivô de igual potencial com quem brincar. Será, Minnesota? Será? A última vez que o clube teve um núcleo jovem tão promissor assim foi há 20 anos, com Garnett e Marbury. KG que provavelmente vai estender sua carreira para ajudar no progresso dessa dupla. O Wolves é o primeiro clube na história a unir três escolhas número de Draft seguidas, contando Anthony Bennett. Mas o ala-pivô, segundo os rumores, já estão de saída.

Ponto de vista histórico: Allen Iverson (1996), Tim Duncan (1997), LeBron James (2003), Dwight Howard (2004), Derrick Rose (2008), Blake Griffin (2009), John Wall (2010), Anthony Davis (2012)… Esses são os tipos que você sonha quando tem uma primeira escolha. Mas, cuidado, também pode dar nisto aqui: Michael Olowokandi (1998), Kwame Brown (2001), Greg Oden (2007), Andrea Bargnani (2006), Anthony Bennett (2011).

Towns é o quarto dos últimos oito jogadores número 1 do Draft a jogar por John Calipari na universidade (Derrick Rose, John Wall e Anthony Davis)

Towns é o quarto dos últimos oito jogadores número 1 do Draft a jogar por John Calipari na universidade (Derrick Rose, John Wall e Anthony Davis)

2 – Los Angeles Lakers: D’Angelo Russell (armador, Ohio state, 19 anos)
Mikan. Chamberlain. Jabbar. Shaq. Gasol… E sabe-se lá quem agora para o bola ao alto do time californiano. Mitch Kupchak surpreendeu a maioria dos especialistas ao escolher o armador que foi comparado por muita gente a James Harden em sua primeira e única temporada de universitário. Canhoto de excelente visão de quadra, criatividade no trato de jogadas e excelente arremesso, Russell é o tipo de jogador que a liga pede hoje. Agora é esperar que Kobe seja um bom mentor para o garoto. Com essa, o Lakers quebrou a banca de Sam Hinkie, o gerente geral do Philadelphia 76ers que esperava realmente contar com Russell para pilotar seu time em experimento.

Ponto de vista histórico: considerando que é a segunda posição, afe. Fujam! O torcedor do Lakers espera que Russell lembre muito mais um LaMarcus Aldridge (2006) ou um Kevin Durant (2007). Pelo menos, vai, um Tyson Chandler (2001). Agora, esse posto já rendeu gente como Stromile Swift (2000), Darko Milicic (2002),Michael Beasley (2008), Hasheem Thabeet (2009), Derrick Williams (2011). E ainda outra série de decepções em outra escala como Marvin Williams, Evan Turner e Jay Williams. Toc-toc-toc.

Magic aprovou:

3 – Philadelphia 76ers: Jahlil Okafor (pivô, Duke, 19 anos)
O Lakers simplesmente deu um enquadro em Philly. Sam Hinkie se viu, então, obrigado a pegar um pivô pelo terceiro ano ano seguido. Okafor vai para o mercado? Ou Embiid? O camaronês ainda lida com problemas de saúde, e o badalado calouro ao menos pode servir como uma apólice de seguro. De qualquer forma, é muito difícil de imaginar um ataque fucional com Okafor e Nerlens Noel em quadra. Nenhum deles tem chute de média para longa distância. O cultuado “Processo” fica em uma situação de constrangimento e ainda mais nebuloso.  

Ponto de vista histórico: Chauncey Billups (1997), Baron Davis (1999), Pau Gasol (2001), Carmelo Anthony (2003), Deron Williams (2006), Al Horford (2007), James Harden (2009)… Alguns dos excelentes nomes que saíram com o bronze. A verdade é que temos aqui uma lista bem sólida. Tirando Adam Morrison (2006), não há nenhum fiaaasco daqueles. Darius Milles foi uma tremenda decepção em 2000, com problemas fora de quadra e lesões, mas o fato é que aquela relação inteira daquele ano é horrorosa. OJ Mayo (2008) aparece aqui pelo simples fato de ter sido trocado por Kevin Love (o quinto) na noite do Draft. Memphis deixou passar essa. Ops.  

Nunca é demais, todavia, postar esta foto aqui, das mãos do “Big Jah”:  

Jahlil Okafor, hands, mãos, Duke

De novo: não é uma bola mirim

 

4 – New York Knicks: Kristaps Porzingis (ala-pivô, Letônia, 19 anos)
O jogador letão é um supertalento, já com duas temporadas de experiência como profissional na Liga ACB, a segunda maior liga nacional do mundo, o que rende maturidade. Mas vai encarar uma pressão enorme no Garden, e a primeira prova foram as pesadas vaias da torcida do Knicks presente no Barclays Center. Porzingis precisa ser visto como um projeto de médio prazo, especialmente do ponto de vista físico, num clube em que a expectativa é de reviravolta imediata. Como Carmelo Anthony vai reagir? E James Dolan? Ao menos o garoto encarou o chiado do público com muita personalidade de cara, dizendo ser um sonho jogar pela franquia, que entende a razão pelo descontentamento e que vai conquistá-los em quadra. Palavra de ordem: paciência.  

Ponto de vista histórico:  as coisas já ficam mais irregulares neste posto, mas ainda temos bons frutos. Chris Bosh (2003), Chris Paul (2005) e Russell Westbrook (2009) foram grandes achados. Lamar Odom (1999) abandonou o Clippers, mas seria uma peça importantíssima em títulos para o, hã, outro Los Angeles no futuro. Stephon Marbury (1996) e Antawn Jamison (1999) viraram All-Stars.

Porzingis, na fogueira. Phil Jackson vai ajudá-lo?

Porzingis, na fogueira. Phil Jackson vai ajudá-lo?

  5 – Orlando Magic: Mario Hezonja (ala, Croácia, 20 anos)
Dois europeus em sequência no Draft, e o encaixe de Hezonja com o clube da Flórida é praticamente perfeito. Aaron Gordon, Elfrid Payton e Victor Oladipo estão cheios de energia e pegada defensiva. O croata, de personalidade. O ala chega para oferecer chute de longa distância, arrojo e explosão no ataque. O vexame, aqui, fica por conta do Barcelona, que agendou um treino para a manhã desta quinta-feira, mesmo depois de a temporada ter se encerrado na quarta, sofrendo uma varrida do Real Madrid, e impediu que o garoto viajasse para Nova York. Adam Silver não teve quem cumprimentar.  

Ponto de vista histórico: mais ou menos o mesmo padrão, com Ray Allen (1996), Vince Carter (1999), Dwyane Wade (2003) e Kevin Love (2008) elevando o padrão, mas muito mais por conta de terem sido selecionados em anos de excelente safra. Nikoloz Tskitshvili (2002) e Shelden Williams (2005) foram grandes bombas.  

Alguns highlights da estadia de Hezonja em Barcelona:

6 – Sacramento Kings: Willie Cauley-Stein (pivô, Kentucky, 21 anos)
A segunda surpresa da noite. Cauley-Stein aparecia como um possível alvo do clube californiano, mas dois jogadores mais jovens e de maior potencial estavam disponíveis (Justise Winslow e Emmanuel Mudiay). Stein é visto pelos scouts como o melhor defensor deste Draft e vai dar cobertura a DeMarcus Cousins no setor. Isso, claro, se Boogie permanecer na capital californiana, numa franquia em desarranjo estarrecedor.  Caso Vlade Divac consiga contornar a crise entre o pivô e George Karl, ainda restará uma dúvida também em torno da parceria dos dois gigantes. O espaço para ação no ataque tende a ficar muito apertado. Por mais que Boogie tenha bom chute de média distância, é perto da cesta que vai fazer mais estragos e desestabilizar uma defesa. Outro ponto para acompanhar: Cauley-Stein, segundo consta, pensa (bem) fora da casinha e fala o que quer. Um jogador muito inteligente, de personalidade marcante. A ver se consegue se aproximar do igualmente veterano revelado por Kentucky.

Ponto de vista histórico: rapaz, que dureza. Wally Szczerbiak (1999), de alguma forma, foi eleito para o All-Star de 2002. Antoine Walker (1996) jogou em três. O brilho de Brandon Roy (2006) durou por quatro temporadas, até que seus joelhos disseram chega. Damian Lillard (2012) ao menos apareceu para o resgate seis anos depois. De resto, boas peças de apoio (Shane Battier, Danilo Gallinari, Chris Kaman) ou diversas bombas (Jonny Flynn, Epke Udoh, Robert Traylor, DeMarr Johnson…).

Está aqui o maluco beleza:  

7 – Denver Nuggets: Emmanuel Mudiay (armador, Guandong/China, 19 anos)
Imagine os pulos de alegria na base do Nuggets. O time deve encarar como uma dádiva essa escolha. Mudiay, há um ano, era cotado como o principal concorrente de Okafor a número um do Draft. Um armador alto, explosivo e agressivo, muito mais maduro do que a idade sugere –  maturidade turbinada pela experiência incomum que ganhou em um ano de profissional na China. Em vez de jogar por Larry Brown na NCAA, o garoto escolheu a rota chinesa para ajudar sua família financeiramente. Há uma forte especulação de que Ty Lawson esteja com os dias contados nas Montanhas Rochosas. Poderiam jogar juntos, mas a presença de Mudiay deixa o tampinha ainda mais disponível no mercado – algo que ele próprio reconheceu, se oferecendo imediatamente para Sacramento, aonde poderia reencontrar George Karl.

Mudiay, refugiado congolês que já jogou na China. Agora, em Denver

Mudiay, refugiado congolês que já jogou na China. Agora, em Denver

Ponto de vista histórico: vamos avançando, e, naturalmente, a quantidade de estrelas, diminuindo. Stephen Curry é a exceção em 2009, graças a David Kahn, que escolheu dois armadores antes dele. Rip Hamilton (1999) também foi longe. Assim como Luol Deng e Nenê, se formos compará-los com Chris Mihm, Charlie Villanueva, Randy Foye, Tim Thomas e, infelizmente, o falecido Eddie Griffin.

8 – Detroit Pistons: Stanley Johnson (ala, Arizona, 19 anos)
Mais uma surpresa. Com Justise Winslow disponível, o Pistons vai de Stanley Johnson. É preciso dizer que, durante boa parte do processo de avaliação para o Draft, havia dúvida para os scouts sobre quem seria o ala mais promissor desta fornada. Winslow conseguiu se distanciar de seus pares com um desfecho sensacional de temporada por Duke, enquanto Johnson teve problemas um tanto alarmantes no ataque para alguém já de corpanzil formado jogando contra amadores Há, de todo modo, uma vaga clara no perímetro do Pistons para ser preenchida. Agora o novato vai trabalhar com um excelente treinador como Stan Van Gundy para tentar preenchê-la.

Ponto de vista histórico: hã… Nenhum jogador deste grupo chegou a um All-Star. Nem mesmo Andre Miller, provavelmente o armador mais esnobado de sua geração. Rudy Gay (2006) e Larry Hughes (1998) foram outros que talvez tenham sonhado um dia. O mesmo não se pode dizer do brasileiro Rafael “Baby” Araújo, que foi colocado numa fria pelo Toronto Raptors em 2004.

9 – Charlotte Hornets: Frank Kaminsky (ala-pivô, Winsconsin, 22 anos)
A escolha pessoal de Michael Jordan. O que, historicamente, em termos de Draft, não quer dizer boa coisa. Kaminsky, por outros motivos, deve ser o calouro observado com maior curiosidade nesta temporada, pelo fato de ser um senior, um formando, algo que equivale a um idoso nos tempos de hoje. O grandalhão se desenvolveu ano após ano no Winsconsin até se tornar o principal jogador da NCAA nesta temporada. Pacote completo no ataque: chute, visão de quadra, mobilidade (para alguém de 2,13m…) e passe. Suas habilidades vão se traduzir para um cenário muito mais competitivo e atlético?

Ponto de vista histórico: se os gerentes gerais não conseguiram encontrar ouro no oitavo lugar, quem escolheu na posição seguinte se esbaldou. Olha que maravilha: Tracy McGrady (1997), Dirk Nowitzki (1998), Shawn Marion (1999), Amar’e Stoudemire (2002) e Andre Iguodala (2003). Isso para não falar de Andre Drummond em 2012 e Gordon Hayward em 2012. O nono lugar do Draft é mágico! Então a gente nem se importa com Ed O’Bannon (1997), Rodney White (2001), Mike Sweetney (2002), Ike Diogu (2005), Patrick O’Bryant (2006).

Frank, the Thank. Ele, mesmo

Frank, the Thank. Ele, mesmo

10 – Miami Heat: Justise Winslow (ala, Duke, 19 anos)
Pat Riley é um vencedor e, também, um cara de sorte. Muuuuita sorte. Um talento como Winslow caiu de modo totalmente inesperado em seu colo. O ala foi o motor por trás da conquista de Duke no Torneio Nacional da NCAA neste ano, jogando com atenção aos pequenos detalhes de um jogo, energia desmedida e um espírito contagiante. Excelente marcador, ainda um projeto em desenvolvimento no ataque, mas com um perfil que, sem dúvida, combina com a cultura interna da franquia da Flórida.

Ponto de vista histórico: Paul Pierce (1999), vocês sabem, vai para o Hall da Fama. Joe Johnson (2001) tinha tudo para seguir os seus passos, ganhou um caminhão de dinheiro, mas duvido que tenha virado pôster preferido de alguém. Aos 17 anos, Andrew Bynum foi uma aposta de risco do Lakers em 2005, de quem o clube tirou tudo o que podia e se livrou na hora certa. Brook Lopez (2008) e Paul George (2010) ainda têm história para escrever.

11 – Indiana Pacers: Myles Turner (pivô, Texas, 19 anos)
Larry Bird vem falando publicamente nas últimas semanas que chegou a hora de reformular o seu time. Dá todos os indícios de que deve abrir mão de Roy Hibbert. Nesta quarta, viu notícias locais dando conta de que David West vai exercer uma cláusula contratual para se tornar agente livre – nada oficial, por ora. Entra em cena Turner, um dos jogadores mais prestigiados de sua geração desde os tempos de colegial? O pivô tem tamanho, agilidade e tino para proteger o aro. No ataque, potencial para o chute de média e longa distância. Mas ainda é cru e precisa de tempo para segurar a bronca na liga.

Principais achados (relativo ao posto): Klay Thompson (2011), e só.

12 – Utah Jazz: Trey Lyles (ala-pivô, Kentucky, 19 anos)
A invasão canadense continua, ainda que Lyles tenha crescido em Indiana. Jogou o último ano inteiro fora de posição por Kentucky, devido ao excesso de pivôs qualificados dos Wildcats. Não é dos atletas mais impressionantes, mas tem muito fundamento, lembrando caras como Juwan Howard e Carlos Boozer. Vai compor uma rotação interessante de pivôs com Gobert e Favors e deixa o núcleo jovem do Utah ainda mais forte. É um jogador que já esteve em ação no Brasil, mais especificamente em São Sebastião do Paraíso, pela Copa América Sub-18 de 2012, ao lado de Andrew Wiggins.

Principais achados: ––

13 – Phoenix Suns: Devin Booker (ala, Kentucky, 18 anos)
O jogador mais jovem do Draft e considerado pelos olheiros como o arremessador de longa distância mais perigoso. Fundamento que é uma carência óbvia no elenco de Jeff Hornacek, especialmente para um ataque que tem o chute de três pontos como ingrediente fundamental. Booker é o quarto atleta de Kentucky selecionado entre os 13 primeiros, deixando a influência de John Calipari no basquete americano ainda mais abrangente. Curiosamente, o plantel do Suns deve contar com outros três atletas que passaram pelas mãos do Coach Cal. Eric Bledsoe, Brandon Kight (agente livre restrito) e Archie Goodwin jogaram lá no ano passado. Na segunda rodada, em 44º, o clube ainda optou por Andrew Harrison, um armador marrento de 1,95 m que não progrediu tanto assim pelos Wildcats, depois de muita badalação nos tempos de colegial. Parecia piada, mas, na verdade, a escolha foi feita a mando do Memphis Grizzlies, em troca do pivô Jon Leuer, que não tem contrato garantido.

Vejam a cara de garoto de Booker:

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Principais achados: Kobe Bryant (1996) (risos), Richard Jefferson (2001).

14 – Oklahoma City Thunder: Cameron Payne (armador, Murray State, 20 anos)
A cada processo de Draft surgem boatos sobre supostas promessas dos clubes a determinado jogador. O clube conta, informalmente, ao atleta que deles não vai passar. Aconteceu este ano com OKC e Payne, e aqui está o acordo confirmado. O jogador foi quem mais elevou sua cotação durante a temporada, mesmo atuando por uma universidade pequena, de pouca exposição. Considerado um armador completo, ainda que inexperiente, que deve brigar por espaço imediatamente com DJ Augustin na rotação de Billy Donovan.

Principais achados: Peja Stojakovic (1996).

15 – Washington Wizards: Kelly Oubre (ala, Kansas, 19 anos)
A primeira troca da noite, envolvendo escolhas do Draft! O Atlanta Hawks estava posicionado aqui, mas recebeu do Wizards o pick 19 e mais dois futuros de segunda rodada. De certa forma, uma escolha surpreendente para o Wizards, que já tem Otto Porter Jr. em seu plantel. Oubre é mais um jogador encarado como projeto de médio prazo (pacote atlético perfeito, o técnico nem tanto), depois de ter decepcionado em sua campanha por Kansas. Durante o período de testes privados pelos clubes, foi a grande estrela das entrevistas. Basicamente disse que faria pagar caro todos os que o criticaram e o ignoraram no Draft. O detalhe é que Oubre parece ser um dos queridinhos de Kevin Durant, aquele com quem o Wizards sonha contar em 2016. Espertinhos. Na cerimônia, de todo modo, o jovem ala calçou isto aqui:

Sem palavras?

Sem palavras?

Principais achados: Steve Nash (1996) (coff! coff!), Al Jefferson (2004), Kawhi Leonard (2011).

 16 – Boston Celtics: Terry Rozier (armador, Louisville, 21 anos)
A seleção que deixou todo mundo confuso tinha de pertencer a Danny Ainge, claro. Brad Stevens já conta com Isaiah Thomas, Marcus Smart e Avery Bradley. Todos baixinhos que não necessariamente armadores puros e gostam de advogar em causa própria no ataque. Dos três, apenas Thomas tem bom chute. Rozier vai para Boston com os mesmos moldesa, sendo um baixinho agressivo com a bola e também agindo feito pitbull na defesa, veloz em transição e duro na queda. Redundante, no final?

Principais achados: Ron Artest (1999), Hedo Turkoglu (2000), Nikola Vucevic (2011).

 17 – Milwaukee Bucks: Rashad Vaughn (ala-armador, UNLV, 18 anos)
Vaughn foi um jogador que fez sucesso durante o circuito de workouts para catapultar sua cotação para a metade da primeira rodada. Talentoso, teve alguns problemas no joelho e também com o restante da equipe em Vegas, acusado de fominha. Seu jogo se assemelha ao de OJ Mayo, como um ala-armador de bom arremesso, que pode criar individualmente. Mais uma promessa de um clube especulada pela mídia americana. O destaque da noite do Bucks, porém, foi a aquisição do venezuelano Greivis Vasquez em troca com o Toronto Raptors, cedendo uma escolha para o Draft de 2017 (com proteção para a loteria), além da 46ª neste recrutamento. Pagaram caro para ter um armador reserva.

Principais achados: Principais achados: Jermaine O’Neal (1996) (mais um!), Danny Granger (2005), Roy Hibbert (2008).

Vasquez vai jogar pelo seu quinto time diferente na NBA

Vasquez vai jogar pelo seu quinto time diferente na NBA

18 – Houston Rockets: Sam Dekker (ala, Winsconsin, 21 anos)
Um dos calouros mais experimentados do Draft, seguindo uma tradição nas seleções do Rockets. Dekker é um ala que chega para compor o banco de reservas, já pronto para entrar na rotação substituindo Ariza e, eventualmente, fazer o papel de ala-pivô aberto ao lado de Dwight Howard e Clint Capela. Muito inteligente no deslocamento fora da bola, forte fisicamente e com arremesso questionável. Se progredir como Chandler Parsons entre os profissionais, o Rockets ganha uma peça bem valiosa.

Principais achados: David West (2003), Ty Lawson (2009), Eric Bledsoe (2010).

19 – New York Knicks: Jerian Grant (armador, Notre Dame, 22 anos)
Então: lembra que o Atlanta Hawks havia descido para esta posição em negociação com o Wizards? Pois bem. O time resolveu sair de vez da primeira rodada ao repassar o pick ao New York Knicks, de Phil Jackson, que, depois do projeto Porzingis, anuncia um calouro mais preparado para entrar em quadra. Grant fez um grande campeonato por Notre Dame e quase ajudou o time a derrubar a poderosa Kentucky nos mata-matas. Filho do ex-jogador Harvey Grant. Para tê-lo, o Mestre Zen cedeu Tim Hardaway Jr. O ala vai disputar posição com Kent Bazemore (e, talvez, Thabo Sefolosha, dependendo da rapidez de sua recuperação) no banco de Mike Budenholzer.

Principais achados: Zach Randolph (2001), Jeff Teague (2009).

Delon Wright vai armar o Raptors de verão para Bruno Caboclo e Lucas Bebê

Delon Wright vai armar o Raptors de verão para Bruno Caboclo e Lucas Bebê

20 – Toronto Raptors: Delon Wright (armador, Utah, 23 anos)
O jogador mais velho selecionado até o momento. Para se ter uma ideia, Wright (irmão de Dorell, ala do Blazers) tem quatro anos a mais que Bruno Caboclo. Armador alto, especialista em combinações de pick-and-roll que vem para ser reserva de Lowry, ainda mais depois da troca de Vasquez para Milwaukee. Mais uma tacada esperta de Masai Ujiri, que enxugou sua folha salarial e conseguiu uma escolha extra de primeira rodada nessa, se municiando para um verão que promete ser movimentado para a franquia canadense.

Principais achados: Zydrunas Ilgauskas (1996) (abarrotado!), Jameer Nelson (2004).

21 – Dallas Mavericks: Justin Anderson (ala, Virginia, 21 anos)
A expectativa era a de que o clube texano escolhesse um armador para o lugar de Rajon Rondo – também levando em conta a iminência da saída de Monta Ellis. Tyus Jones, campeão por Duke, estava disponível, mas passou batido em detrimento de Anderson, um ala que supostamente apresenta um dos perfis mais visados da liga, o do “3 & D” – bom chute de três, pela zona morta, e capacidade para defender. Tipo o que Richard Jefferson tenta fazer hoje. Alternativa para Chandler Parsons no banco.

Principais achados: Boris Diaw (2003), Rajon Rondo (2006), Ryan Anderson (2008).

22 – Chicago Bulls: Bobby Portis (ala-pivô, Arkansas, 20 anos)
Um jogador que esperava ser escolhido pelo menos cinco posições antes e que, agora, deve ter ainda mais motivação para mostrar serviço em Chicago. Como se precisasse: não é dos pirulões que mais salta ou mais velozes, mas joga duro e deixa tudo o que tem em quadra. Tende a virar um dos preferidos da torcida do Bulls, que gosta desse estilo. A questão é: com Gasol, Noah, Gibson e Mirotic, vai jogar como? A não ser que venha troca pela frente.

Principais achados: –

23 – Broolyn: Rondae Hollis-Jefferson (ala, Arizona, 20 anos)
Alerta: troca! Alerta: troca! Hollis-Jefferson fazia todo o sentido para o Portland, que havia perdido Nicolas Batum na véspera e precisava de um ala defensivo para ajudar Lillard e McCollum. Mas o Brooklyn Nets simplesmente estava babando pelo jogador, considerado um dos melhores marcadores do Draft, e particularmente um dos meus prediletos deste recrutamento. Para ter o jogador de Arizona, a equipe nova-iorquina assimilou o contrato de Steve Blake e enviou ao Oregon um pivô do porte de Mason Plumlee, além do ala Pat Connaughton (escolha 41, via Notre Dame). Quer dizer: custou caro. Beeeem caro. Com Plumlee, o Blazers provavelmente não deve renovar com Robin Lopez. O quanto isso pode influenciar no destino do futuro de LaMarcus é difícil de dizer.

Principais achados: Tayshaun Prince (2002).

Mason Plumlee, campeão mundial, vai para Portland

Mason Plumlee, campeão mundial, vai para Portland

24 – Minnesota Timberwolves: Tyus Jones (armador, Duke, 19 anos)
Mais uma troca:  a escolha pertencia ao Cleveland Cavaliers, que vai receber as 31ª (Cedi Osman, ala-armador turco de 20 anos que tem mais dois anos de contrato com o Anadolu Efes) e 36ª (Rakeem Christmas, pivô formado em Syracuse, patrulheiro de garrafão), já pela segunda rodada . Jones impressionou a todos no torneio da NCAA por sua maturidade, coragem e controle de jogo, mas seu perfil (nada!) atlético parece ter desencorajado os dirigentes. Vai ser um ótimo reserva para Ricky Rubio – e um plano B interessante, no caso de o espanhol sofrer mais alguma lesão. Com tanto potencial físico em seu elenco, Flip Saunders poderia “arriscar” nessa.

Principais achados: Andrei Kirilenko (1999), Kyle Lowry (2006), Serge Ibaka (2008).

25 – Memphis Grizzlies: Jarell Martin (ala-pivô, LSU, 21 anos)
Um terceiro caso de promessa que já havia vazado. Um jogador muito atlético, de características diferentes às dos demais pivôs do elenco, com impulsão, velocidade, bom controle de bola para correr em transição, mas que não tem tanta habilidade assim para finalizar. Há quem especule que possa ser deslocado para o perímetro,  mas essa não seria uma mudança tão simples

Principais achados: Tony Allen (2004) (?)

26 – San Antonio Spurs: Nikola Milutinov (pivô, Sérvia, 20 anos)
O batalhão de revelações internacionais do Spurs não tem fim. Milutinov é um espigão de 2,13 m de altura e já de boa rodagem pelo time principal do Partizan Belgrado, com ótima mobilidade e impulsão. O ponto-chave  para o clube texano, contudo, é a possibilidade de deixá-lo em desenvolvimento na Sérvia, preservando desta forma um precioso espaço na folha de pagamento. Cada dólar pode fazer a diferença nos planos de atacar alguns dos principais agentes livres do mercado.

Principais achados: Kevin Martin (2004), George Hill (2008), Taj Gibson (2009) (?).

27 – Los Angeles Lakers: Larry Nance Jr (ala-pivô, Wyoming, 22 anos)
Uma escolha surpreendente do clube angelino. Nance estava cotado para a segunda rodada, mas impressionou os olheiros em sua preparação final para o Draft – o que é meio inusitado, considerando que eles já haviam tido a oportunidade de acompanhar o jogador por quatro anos na NCAA. Ah, sim, seu nome entrega uma obviedade: filho do ala-pivô que fez bela carreira por Phoenix Suns e Cleveland Cavaliers entre os anos 80 e 90, de quem herdou a capacidade atlética, estrelando muitas jogadas de efeito em sua carreira, concluídas com cravadas. A explosão seguiu inabalada mesmo depois de uma cirurgia no joelho sofrida em fevereiro de 2014. Outro problema de saúde: Nance precisa conviver com a chamada Doença de Crohn, que pode resultar, entre tantos efeitos colaterais, a perda de peso, fadiga, ou mesmo artrite. Bom arremessador de média distância com os pés plantados, deve compor a rotação de Byron Scott.

Principais achados:  Kendrick Perkins (2003) (?), Arron Afflalo (2007) (?), Rudy Gobert (2013) (ao que tudo indica).

28 – Boston Celtics: RJ Hunter (ala, Georgia State, 21 anos)
Tido depois de Devin Booker como o segundo melhor chutador do Draft. Curiosamente, a maior parte dos especialistas esperavam que ele saísse entre os 20 principais prospectos, enquanto Rozier supostamente estaria endereçado para esta faixa. Danny Ainge inverteu as coisas, mas consegue um jogador fogoso para seu grupo de perímetro. De qualquer forma, a backcourt de Brad Stevens fica bastante congestionada. Uma dupla estranha para o Celtics.

Principais achados: Leandrinho (2003), Tiago Splitter (2007).

29 – Brooklyn Nets: Chris McCullough (ala-pivô, Syracuse, 20 anos)
A temporada de McCullough por Syracuse prometia bastante até que ser encerrada por conta de uma lesão no ligamento cruzado anterior em janeiro. Antes, no colegial, vagou de um lugar para o outro, frustrando técnicos e olheiros pela falta de consistência em quadra. Ainda assim, seu potencial, com bom chute de média distância, instintos defensivos e muita impulsão, faz o Brooklyn Nets, desesperado por jovens talentos, apostar em sua seleção.

Principais achados: Josh Howard (2003).

Looney: sozinho na green room. Mas salvo pelo Warriors no final

Looney: sozinho na green room. Mas salvo pelo Warriors no final

30 – Golden State Warrors: Kevon Looney (ala, UCLA, 19 anos)
Não por coincidência, mais um prospecto que teve sua cotação prejudicada por questões físicas. Looney pode ter de passar por uma cirurgia nas costas no futuro e também tem problemas no quadril. O mais cruel, neste caso, é que o jovem versátil ala foi convidado para a liga para tomar parte da famosa “sala verde”, a região mais próxima ao palco, que reúne os calouros com maior probabilidade de sair entre os primeiros colocados. Dentre os relacionados este ano, o garoto foi o último, tendo ouvido seu nome quando já estava deixando a área. O consolo foi ser resgatado pelo atual campeão. Looney também se enquadra na categoria de projeto a longo prazo (seu melhor fundamento hoje é o rebote, mas também tem lampejos como condutor de bola e arremessador) e terá liberdade para se desenvolver sem cobrança alguma.

Principais achados: Gilbert Arenas (2001), Anderson Varejão (2004), David Lee (2005), Jimmy Butler (2011).


Prepare-se para o Draft da NBA. A loucura continua
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Giancarlo Giampietro

O Draft está marcado para as 20h (horário de Brasília, com transmissão gratuita via League Pass), mas, para quem está chegando só agora, a balada já começou faz tempo, gente. É como se fosse uma rave da NBA, com mais de 24 horas de negociações, rumores, blefes, contra-espionagem e tudo o mais. Nesta quarta-feira, três trocas foram fechadas – ou quase. Admito que me precipitei em escrever sobre Jeremy Lamb ao lado de Kemba Walker em Charlotte, pois restavam detalhes para que a transação fosse concluída, o que não aconteceu. O Memphis entrou na jogada e acabou interceptando Matt Barnes, que agora vai fazer uma dupla assustadora com Tony Allen. Quer dizer: a terceira troca aconteceu, mas foi fechada nesta quinta, com outras peças, o que não é o fim do mundo. Pois a liga toda está na pista, com  Danny Ainge, Sam Hinkie e Daryl Morey numa vibe que só. Imaginem os caras soltando aquele “U-RUUU” característico. Mas de terno e gravata.

A especulação mais instigante do momento envolve Sacramento Kings, Los Angeles Lakers e DeMarcus Cousins. Chegamos àquele ponto bastante instrutivo, aliás, para os torcedores em geral: o de que a palavra oficial de seus dirigentes não vale tanto assim. Vlade Divac e qualquer fonte ligada à diretoria asseguram que não têm a menor intenção de despachar o pivô. Essa é uma meia-verdade. Os caras prefeririam segurar o jovem campeão mundial. O que não os impede de já estarem em conversações adiantadas com o Lakers, discutindo nomes, e tudo o mais, além de manterem contato com qualquer outro clube interessado.

Acompanhe a cobertura do 21 para o NBA Draft:
>> 4 brasileiros retiram candidatura. O que houve?
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>> Promessa argentina pode repetir Caboclo neste ano
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Segundo o superfurão Adrian Wojnarowski, o Kings pede a escolha número dois do recrutamento desta quinta, Julius Randle e Jordan Clarkson, solicitando que o rival californiano ainda pegue o contrato de Carl Landry. O Lakers, segundo o mesmo artigo, não está interessado em envolver Randle neste negócio. O que é curioso, considerando que o ala-pivô número 7 do Draft passado fraturou a perna logo na primeira partida da temporada. O rapaz estaria rendendo muito nos treinos em El Segundo. Mas, se Sacramento estiver realmente disposto a aceitar um pacote desses, não há motivo para não entregá-lo. Cousins tem seus problemas de temperamento, mas jogou uma barbaridade nos últimos dois campeonatos e tem apenas 24 anos. É um cara em torno do qual você pode construir uma grande equipe. Mesmo no Oeste.

Por que Divac e seus comparsas aceitariam algo nessa linha? É que a classe deste ano vem sendo bastante elogiada pelos scouts em geral, com ótimas opções para as primeiras seis, sete escolha. Com o segundo pick do Lakers, porém, a esmagadora opinião é a de que você pode contratar um futuro All-Star. De resto, os scouts apostam em um bom volume de jogadores até a faixa de 20 a 25 do Draft. A partir daí, o consenso é de que a qualidade despenca sensivelmente, num nível muito inferior ao de anos anteriores. Então há muitos clubes que pretendem subir na lista, enquanto outros times topam até mesmo abrir mão de suas escolhas, de olho em veteranos ou em ativos para o futuro.

Quais são as possibilidades? Vamos apresentá-los aqui brevemente, oferecendo links mais detalhados (em inglês). Também vale desde já discutir qual o impacto que a geração pode ter como um todo e, depois, apresentar os pontos básicos para se entender como funciona o Draft – percebo que este processo ainda não está muito claro para muita gente. Claro que o leitor  viciado no noticiário do Draft provavelmente já até decorou tudo isso. Mas, simbora.

– Os espigões

Karl Towns pode se juntar a Duncan, LeBron, Monocelha e Olowakandi e Kwame como escolha número um de Draft

Karl Towns pode se juntar a Duncan, LeBron, Monocelha e Olowakandi e Kwame como escolha número um de Draft

A fornada deste ano está cheia de grandalhões promissores. O mais bem cotado é o dominicano Karl Towns, que já enfrentou a seleção brasileira enquanto adolescente. O jogador ficou um ano em Kentucky e progrediu bastante sob a orientação de John Calipari. Quando o vi pela primeira vez em amistosos e competições da Fiba, se mostrava mais como um ala-pivô flutuante, atuando longe da cesta, confiante em seu arremesso de média distância. O porte físico era um fator para isso. Em Lexington, no entanto, foi empurrado para o garrafão e teve seu jogo perimetral praticamente ignorado. Não que não pudesse produzir deste jeito. O objetivo era a expansão de seu arsenal – veja um vídeo de um de seus treinamentos regulares. Deu certo. Hoje não tem problema em encarar o contato perto da cesta e desenvolveu um bom gancho e jogo de pés. É bastante ágil para alguém de seu tamanho e protege o aro com destreza. Faz um pouco de tudo e, por isso, tem um potencial enorme e não deve passar do Minnesota Timberwolves, o primeiro. Leia o scout completo do dominicano feito por Rafael Uehara, que já colaborou aqui para enriquecer o blog.

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Por dividir espaço com uma série de prospectos muito prestigiados, Towns elevou aos poucos sua cotação entre os scouts. Durante boa parte da temporada, o pivô Jahlil Okafor, campeão universitário por Duke, foi considerado como o candidato número um. É um garoto com jogo de velha escola, extremamente talentoso de costas para a cesta, com um conjunto de movimentos talvez precocemente mais criativo que o de Al Jefferson, por exemplo, e mãos gi-gan-tes-cas. Quanto mais o observaram, porém, mais os olheiros se preocupam com sua mobilidade reduzida e o quanto isso pode lhe deixar exposto na defesa, especialmente numa NBA cada vez mais veloz. Também, por isso, questionam o quão motivado o jogador estaria para trabalhar e se tornar uma superestrela. O DraftExpress aborda essas questões. Seu perfil tem toda a identificação com a história do Lakers, clube habituado a jogar com pivôs dominantes. O Knicks, com o sistema de triângulos, também seria uma excelente pedida. Não deve passar daí.

Jahlil Okafor e uma bola que não é mirim

Jahlil Okafor e uma bola que não é mirim

Outros espigões bem cotados: Frank Kaminsky, já com 22 anos (dois anos mais jovem que Boogie Cousins, por exemplo), eleito o melhor jogador da NCAA por Winconsin, de 2,13 m de altura, mas com fundamentos de ala no ataque e um arremesso infalível, despertando interesse do Knicks, do Hornets, do Heat e do Pacers; Trey Lyles, companheiro de Towns e Kentucky, mas que jogou deslocado no perímetro o ano todo, também muito bem fundamentado, com um jogo comparado ao de Juwan Howard e Carlos Boozer,; Myles Turner, da Universidade do Texas, que une chute de longe e habilidade de tocos, uma combinação bastante cobiçada na liga de hoje; e Willie Cauley-Stein, mais um de Kentucky, um pivô de 21 anos e considerado o melhor defensor do Draft, capaz até de brecar armadores no perímetro. Esses atletas não devem sair entre os 4º e 17º lugares.

Se boa parte desses garotos realizarem seu potencial, a tese de que a NBA é hoje uma liga de armadores pode ser revisada.

– Os europeus
Apenas dois jogadores do Velho Continente estão projetados para as dez primeiras escolhas. Um deles também engrossa a categoria acima: o letão Kristaps Porzingis, que, de certa forma, tem a candidatura mais complexa, controversa deste Draft. Muito por se chamar Kristaps Porzingis, claro. Mesmo que tenha jogado duas temproas completas pelo Sevilla na Liga ACB, a liga nacional mais forte do mundo Fiba, e que haja dezenas de vídeos do ala-pivô disponíveis basicamente em qualquer lugar na rede, muitos nos Estados Unidos insistiram em chamá-lo de “homem misterioso”. Suas características de chutador nato, homem ágil e magro também ajudam e não ajudam. Muitos salivam ao assisti-lo, exagerando como sempre ao falar de Dirk Nowitzki e Andrei Kirilenko, enquanto outros fazem questão de lembrar de Andrea Bargnani, Nikoloz Tskitishvili e diversos jovens europeus que fracassaram na liga. Com quase 3.000 palavras, Rafael Uehara nos conta que o melhor, mesmo, é sempre o meio termo.

Porzingis fez um treino individual em Las Vegas, no dia 12, assistido por Phil Jakcson e muitos outros dirigentes. Teve um rendimento espetacular, inflando sua cotação. Mas qualquer dirigente mais dedicado já poderia ter assistido ao letão em diversas partidas em Sevilha

Porzingis fez um treino individual em Las Vegas, no dia 12, assistido por Phil Jakcson e muitos outros dirigentes. Teve um rendimento espetacular, inflando sua cotação. Mas qualquer dirigente mais dedicado já poderia ter assistido ao letão em diversas partidas em Sevilha

O outro? Mario Hezonja, o croata companheiro de Marcelinho Huertas no Barcelona, um gatilho excepcional, atlético, cheio de confiança, mas que não conseguiu mostrar tudo o que podia nos últimos anos, devido a uma concorrência muito forte no elenco do clube catalão – e também por certa implicância do técnico Xavier Pascual e dos dirigentes locais, que esperavam aproveitá-lo no futuro e deram um jeito de boicotar sua candidatura. Uma anedota bastante desagradável neste sentido? Hezonja tinha voo marcado de Barcelona para Nova York na noite de quarta-feira, caso seu time fosse varrido pelo Real Madrid nas finais da ACB. Aconteceu. E o que a diretoria fez? Marcou um treino para esta quinta, mesmo que a temporada tenha acabado. Totalmente bizarro, como se fossem um grupo de juvenis que precisassem de uma lição. Seria melhor ter praticado melhor antes de apanhar do Real, não? Claro que não era esse o caso. O objetivo implícito aqui era impedir que o croata comparecesse à cerimônia. O fato de ele não estar no Brooklyn não altera nada o seu status, diga-se. O garoto só foi privado do prazer de subir ao palco, tirar uma foto com Adam Silver e sorrir como jogador de NBA nesta quinta. Infantilidade é pouco.

Hezonja teve lampejos pelo Barcelona, mas não foi aproveitado da melhor forma

Hezonja teve lampejos pelo Barcelona, mas não foi aproveitado da melhor forma

Se os jogadores estrangeiros foram uma coqueluche no início da década passada, com o sucesso de Dirk, Gasol, Parker, Ginóbili, no momento enfrentam uma dura resistência, até pela falta de resultados. Desde o Draft de Yao Ming em 2002, nenhum atleta de fora dos Estados Unidos escolhido entre os dez primeiros se tornou um All-Star. Desta forma, o preconceito voltou e reforçado. Porzingis e Hezonja têm talento para enfrentar essa questão.

Outros talentos internacionais já estabelecidos em alto nível na Europa e que devem ser selecionados, provavelmente na segunda rodada: Willy Hernangómez, pivô do Sevilla de 21 anos, de jogo forte e maduro no garrafão, superprodutivo, mas com capacidade atlética limitada, Cedi Osman, fogoso ala-armador tratado como príncipe na Turquia, Arturas Gudaitis, trombador do Zalgiris Kaunas, Mouhammadou Jaiteh, mais um paredão francês, e Nikola Milutinov, mais um pivô grande e habilidoso da Sérvia.

De um modo geral, a safra de gringos é considerada bem fraca este ano. O que nos leva a crer que Georginho, caso tivesse mantido seu nome na lista, seria selecionado. Os agentes do armador do Pinheiros, porém, não se contentavam com isso. Queriam o comprometimento de um clube com o jovem brasileiro, com um plano detalhado para seu desenvolvimento. Por isso, optaram por sua retirada, ao lado de Danilo Fuzaro, Humberto Gomes e Lucas Dias.

– No perímetro
Entre os armadores, as opções são bem escassas.

A canhota de D'Angelo tem muitos fãs

A canhota de D’Angelo tem muitos fãs

Toda comparação é natural e inevitável para os scouts. É a forma mais fácil de eles se localizarem. Nesse processo, porém, os paralelos podem soar forçados também. Para D’Angelo Russell, já deu para se acostumar a ler os nomes de gente como James Harden e Stephen Curry. Só. O caso do armador de Ohio State é curioso, pelo fato de ele ter surpreendido os olheiros em sua temporada. O jogador recebia elogios ao entrar no basquete universitário, mas não me recordo de ser cotado como um talento de ponta. Isso mudou rapidamente, quando puderam ver que sua combinação de arremesso, visão de quadra, inteligência e maturidade já o destacavam em meio a uma concorrência muito mais forte do que a dos tempos de universitário. Há quem questione sua defesa e a falta de explosão em seu jogo. Não é o suficiente para lhe tirar do grupo dos quatro primeiros.

Seu principal concorrente é o explosivo Emmanuel Mudiay, que optou por ignorar a NCAA e jogar na China, na última temporada. Os clubes obviamente enviaram olheiros para lá, para avaliá-lo, mas o distanciamento resultou em menor exposição para o jogador que, um ano atrás, era considerado a grande ameaça a Okafor pelo topo do Draft. O potencial atlético é o mesmo de antes, todavia.

Cameron Payne, de Weber State, Tyus Jones, eleito o destaque do torneio nacional da NCAA por Duke, Jerian Grant, de Notre Dame, Delon Wright, de Utah, com perfis e idades diferentes, têm seus admiradores, mas não são vistos como jogadores que cheguem para serem titulares. Payne é o mais bem cotado, chamando atenção de Pacers, Suns e Thunder. Os outros quatro devem sair na segunda metade da primeira rodada.

Winslow, espírito e jogo vencedor

Winslow, espírito e jogo vencedor

A safra de alas é liderada por Justise Winslow, o motor por trás da conquista de Duke. Winslow tem um espírito que contagia e não deve passar do Detroit Pistons, em oitavo. Ele concorre diretamente com Hezonja. Num degrau abaixo estão Sam Dekker, vice-campeão por Winsconsin, Stanley Johnson e Rondae Hollis-Jefferson, de Arizona, e Kelly Oubre Jr., de Kansas. Deste grupo, Hollis-Jefferson é o meu preferido. Um trator aos moldes de Michael Kidd-Gilchrist.

O Utah Jazz recebeu 101 atletas (!!!) para atletas em seus testes pré-Draft. Georginho e Lucas Dias entre eles

O Utah Jazz recebeu 101 atletas (!!!) para atletas em seus testes pré-Draft. Georginho e Lucas Dias entre eles

– Mais links
O básico Mock Draft do DraftExpress, que tem o maior índice de acerto no recrutamento de calouros. Chad Ford, do ESPN.com, oferece outra perspectiva.

O guia do Bball Breakdown é um absurdo, com uma planilha em didática para especificar as qualidades de cada prospecto e as carências de cada clube.

Para perfis detalhados dos jogadores estrangeiros, recomendo, além do DX, o Eurohopes, cuja equipe já revelou até mesmo três scouts para a NBA.

Kevin Pelton, analista do ESPN.com com enfoque estatístico, produziu material bem interessante nas últimas semanas: as projeções numéricas dos candidatosuma defesa a Kristaps Porzingis e a produção positiva do talento internacional (ainda que sem produzir muitas estrelas).

– O Draft
É o recrutamento oficial de calouros da NBA. Hoje, são duas rodadas de seleção, com 60 escolhas no geral. Supostamente, cada clube deveria ter duas cada – mas eles podem envolvê-las em negociações, gerando um desequilíbrio ano após ano. O Philadelphia 76ers, por exemplo, tem seis picks nesta quinta-feira, sendo cinco na segunda rodada. Dificilmente vai aproveitar todas, então podem esperar que Sam Hinkie bagunce tudo mais tarde. Para variar.

Quais jogadores podem ser escolhidos? Apenas atletas de fora dos Estados Unidos que completem de 19 a 22 anos na temporada do Draft. Para aqueles que tenham estudado nos Estados Unidos, as regras mudam. Eles precisam ter pelo menos um ano de rodagem depois do high school, seja na NCAA ou no basquete profissional – em ligas estrangeiras, como Emmanuel Mudiay na China, ou na própria D-League da NBA, como aconteceu com PJ Hairston, Glen Rice Jr. e Latavious Williams no passado. Para os universitários, não há limite de idade. O pivô Bernard James, de Florida State, foi escolhido pelo Dallas Mavericks em 2012 aos 27, depois de ter servido ao Exército americano.

O fato de o jogador ser draftado não é garantia de que vá para a NBA. Os brasileiros Paulão Prestes e Raulzinho, por exemplo, já foram escolhidos por Minnesota Timberwolves e Utah Jazz, respectivamente, em 2010 e 2013, mas só foram aproveitados até agora em jogos de liga de verão, que não são oficiais. Cada caso é um caso. Paulão dificilmente vai jogar pelo Wolves, enquanto Raul ainda toca sua carreira na Europa em um ambiente mais propício ao seu desenvolvimento, seguido de perto pelos cartolas de Salt Lake City. Houve casos de atletas, porém, que simplesmente se recusaram a jogar nos Estados Unidos. Lá atrás, nos anos 80, foram vários, com Oscar Schmidt entre eles. Dejan Bodiroga é outro craque célebre que nunca teve interesse. Mais recentemente, tivemos o espanhol Fran Vázquez, selecionado pelo Orlando Magic na 11ª posição em 2005. Fechou a porta na cara do ex-gerente geral Otis Smith.


Escondido dos scouts, Hezonja vira trunfo do Barça em vitória sobre o Real
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Giancarlo Giampietro

Hezonja, a surpresa do clássico. A NBA viu?

Hezonja, a surpresa do clássico. A NBA viu?

No sábado passado, o Barcelona recebeu no Palau Blaugrana o Sevilla, em jogo pelo returno da Liga ACB. Na plateia, foram avistados ao menos os seguintes times da NBA: Grizzlies, Hawks, Kings, Knicks, Lakers, Nets, Pacers, Pelicans, Rockets e Spurs. Todos com representantes para assistir ao três prospectos bem cotados para o próximo Draf: o letão Kristaps Porzingis e o espanhol Wily Hernangómez, pelos visitantes, e o anfitrião Mario Hezonja.

Acontece que, num triunfo por 99 a 83, o técnico Xavier Pascual mal tirou o talentoso croata do banco de reservas. O garoto jogou por apenas 6 minutos e tentou apenas um arremesso e deu uma assistência. Você pode imaginar a frustração dos gringos, né? Ainda mais que o ala tem média de 25 minutos durante a temporada e que o ala espanhol Alejandro Abrines não estava necessariamente pegando fogo em quadra, com 3 pontos em 14 minutos, enquanto Brad Oleson tinha 7 pontos. Ao menos a viagem não foi totalmente em vão, uma vez que Porzingis terminou com 18 pontos e 5 rebotes em 22 minutos, enquanto Hernangómez teve 20 minutos de ação. Paciência.

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Adiantamos a fita, então, para esta quinta. Se algum observador da liga norte-americana decidiu esticar sua estadia na belíssima cidade catalã, se deu bem. Num confronto de muito maior ressonância – justamente o Superclássico espanhol contra o Real Madrid, transmitido no Brasil com exclusividade pelos chapas Rafael Spinelli e Ricardo Bulgarelli, do Sports+ –, Hezonja foi bem aproveitado. E correspondeu para arrebentar com a defesa merengue, anotando 15 pontos em 17 minutos, com direito a cinco arremessos de três pontos.

Isto é: de repente todo mundo entendeu errado. Talvez Pascual não estivesse escondendo o croata dos olhares de John Hollinger, o vice-presidente do Grizzlies que estava na arena, ou de outro dirigente e scout. Talvez a intenção fosse desviar a atenção de Pablo Laso e toda a comissão técnica do Real. ; )

As habilidades de Hezonja não são um segredo na Espanha, claro, muito menos na Europa, aonde é badalado desde os 15, 16 anos como um dos maiores prospectos do continente. No ataque, ele tem basicamente o pacote completo: habilidoso com a bola, bastante atlético e um excelente arremessador. Quando entra em ritmo, melhor sair da frente. Quer dizer: melhor ficar na sua frente e contestá-lo sempre que puder. Os atletas do Manresa podem atestar isso, depois de terem visto o rapaz converter todas as suas oito tentativas de três pontos em confronto pela 19ª rodada da liga espanhola, um recorde.

A defesa do Real, no entanto, não estava preparada para a participação do croata nesta quinta, pela penúltima rodada do Top 16 da Euroliga. Hezonja acertou seus dois primeiros tiros de longa distância nos minutos finais do primeiro tempo, ajudando a virar o marcador a favor da equipe da casa, se tornando seu cestinha com pouco mais de quatro minutos de jogo. Na volta do intervalo, Pascual não seria louco de segurá-lo no banco. Deu mais 12 minutos para o atleta e seu aproveitamento seguiu elevadíssimo, com mais três cestas em quatro bolas (aproveitamento de 83%). Laso obviamente não estava contando com isso – e, numa partida tão equilibrada, decidida apenas nos dois minutos finais com triunfo por 85 a 80, acabou fazendo a diferença.

Hezonja entrou com vontade e respondeu no clássico

Hezonja entrou com vontade e respondeu no clássico

Outra contribuição inesperada? A de Maciej Lampe. Se fosse para os merengues temerem algum de seus ex-jogadores agora barcelonista, 97% falariam, com toda a razão, de Ante Tomic, o habilidoso gigante que, segundo tudo indica, deve dar as caras no Utah Jazz na próxima temporada. Afinal, o grandalhão talvez seja o mais perigoso no jogo interno europeu há um bom tempo, eleito para a seleção da Euroliga nas últimas duas temporadas. Mas, não. O polonês roubou a cena, anotando 12 pontos e 6 rebotes em em 15 minutos bastante agitados, se aproveitando de toda a atenção voltada para Tomic, claro. O croata deu quatro assistências. Para constar, Huertas foi bastante discreto, zerado em 12 minutos.

Na hora de decidir, porém, Lampe ficou no banco. Os técnicos partiram para um duelo de formações bastante baixas, o que ajudou o Barça a acomodar Juan Carlos Navarro e Hezonja no perímetro, deslocando o norte-americano DeShaun Thomas (cujos direitos na NBA pertencem ao Spurs) para o garrafão ao lado de Tibor Pleiss (outro vinculado ao Utah Jazz, coincidentemente, repassado por OKC na troca por Enes Kanter).

A ironia: no fim, o fato de Pascual ter limitado os minutos de Hezonja contra o Sevilla teria apenas aguçado ainda mais o interesse dos scouts. Mas é claro que eles preferiam ver o jogador em quadra, produzindo para eles verem de perto, como aconteceu para frustração do Real.

*   *   *

O placar de Real x Barça nesta temporada? Temos 3 a 2 para o time da capital, por enquanto. A diferença é que, entre essas três vitórias, duas valeram título – Supercopa e Copa do Rei.  Será que vão se enfrentar novamente no Final Four da Euroliga, em Madri? Se acontecer isso e caso repitam a decisão nacional, podemos ter 11 confrontos.

*   *   *

Na era de Xavier Pascual e Pablo Laso, o merengue leva a melhor por 18 a 15. O triunfo desta quinta foi o primeiro de Pascual em um jogo de Euroliga, após três derrotas. De qualquer forma, na tabela do Grupo E, o Real ainda aparece na liderança, devido ao maior saldo de pontos que fez em sua última vitória, pelo primeiro turno (97 a 73).


Euroligado: oscilações acontecem, mas CSKA é uma constante
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Giancarlo Giampietro

Andrey Vorontsevich fecha a porta na cara de Tarence Kinsey

Andrey Vorontsevich fecha a porta na cara de Tarence Kinsey

O Top 16 da Euroliga vai se apresentando de maneira bem traiçoeira, com altos e baixos para todos os envolvidos. Menos para o CSKA Moscou, quer dizer. O clube russo se mantém como uma constante em vitórias e invencibilidade, mesmo quando oscila um pouco: na quinta semana da segunda fase, alcançou sua 15ª consecutiva ao derrotar o conterrâneo Nizhny Novgorod por 103 a 95, na prorrogação.

A cinco minutos do fim, parecia que estava tudo tranquilo para o gigante moscovita no confronto, vencendo por 11 pontos. Permitiu, contudo, uma recuperação para o emergente clube russo, precisando jogar um tempo extra para triunfar e ser o , com Milos Teodosic (25 pontos) cumprindo novamente com seu papel de finalizador em momentos de pressão. O CSKA agora é o único invicto nesta segunda etapa da competição continental.

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Isso porque o Olympiakos foi oprimido pelo Anadolu Efes de seu ex-mentor, Dusan Ivkovic, que deu uma aula de defesa, ao passo que o Real Madrid reencontrou o Maccabi Tel Aviv pela primeira vez desde a histórica final da temporada passada e saiu mais uma vez derrotado naquele que foi o…

O jogo da rodada: Maccabi Tel Aviv 90 x 86 Real Madrid
Boa parte das bases finalistas em 2014 estão mantidas, mas não dá para dizer que elas sejam as mesmas equipes. Ambas caíram,  principalmente o Real Madrid, que foi o melhor time europeu no último campeonato – isto é, até a decisão. Os espanhóis perderam muito em velocidade e capacidade atlética com a saída de Nikola Mirotic e Tremmell Darden. Ficaram mais vulneráveis na defesa e menos explosivos no ataque.

Mais toco: agora de Brian Randle contra Sérgio Rodríguez

Mais toco: agora de Brian Randle contra Sérgio Rodríguez

Ainda assim, têm um forte conjunto, com chances de ser campeão e capaz de abrir uma vantagem de nove pontos em Tel Aviv no primeiro tempo: 54 a 46. Na segunda etapa, porém, tomaram a virada, sendo derrotados por 12 pontos. O sistema defensivo do Real não conseguiu conter nem as infiltrações de Jeremy Pargo e MarQuez Haynes (tal como haviam sofrido com Tyrece Rice e Ricky Hickman no clássico anterior, perdendo o título), nem o jogo interior do peso-pesado Sofoklis Schortsanitis. Pargo deu nove assistências e só descansou 1min40s. O Baby Shaq grego também jogou mais que o normal: 28 minutos, o dobro de sua média na temproada, e somou 17 pontos e 8 rebotes.

No ataque, o trio Llull-Rodríguez-Fernández combinou para apenas 20 pontos e 8/24 nos arremessos, prevalecendo aqui a retaguarda do Maccabi, orientada por Guy Goodes a fazer a troca a cada corta-luz. O time israelense podia intensificar essas mudanças de marcação especialmente nos minutos em que Schortsanitis estava no banco, apostando na agilidade do restante de seus pivôs (Alex Tyus, Brian Randle e Joe Alexander, reforço para o Top 16 que não desperta boas lembranças no torcedor do Milwaukee Bucks). Felipe Reyes foi o único merengue a brilhar em Tel Aviv, com 20 pontos, 11 rebotes e 3 assistências, atingindo índice de eficiência de 35, que lhe valeria o prêmio de MVP da jornada, não tivesse sua equipe perdido.

Llull ao menos converteu uma cesta de três a menos de 20 segundos do fim para deixar o Real a dois pontos do Maccabi. De imediato, os visitantes fizeram falta em Alexander, parando o cronômetro e botando o americano em uma situação supostamente desconfortável no lance livre. Um dos fiascos do Draft de 2008, recuperado de diversas cirurgias vindo da D-League da NBA, o americano não se abalou com a pressão e matou seus dois chutes para selar a vitória.

Na trilha de Huertas
O brasileiro não precisou fazer muito em vitória de recuperação para o Barcelona sobre o Zalgiris Kaunas, por 89 a 72, em casa. Foram dois pontos, seis assistências e cinco rebotes para o armador, que errou todos os seus seis arremessos de quadra, em 21 minutos. Num jogo tranquilo, Xavier Pascual nem deu bola, podendo preservar seus principais atletas. No finalzinho, o técnico ainda tirou do banco o ala Emir Sulejmanovic, de 19 anos, de quem se espera muito na base do gigante catalão. Pascual, todavia, podia ter dado mais que 10 segundos para esse jogador que defendeu as seleções menores da Finlândia, mas vai jogar pela Bósnia-Herzegovina daqui para a frente. Uma das assistências de Huertas, de qualquer forma, poderia ter valido por, no mínimo, duas:

Veja a classificação geral do Top 16
Confira os resultados e estatísticas

Olho nele: Davis Bertans (Laboral Kutxa)
Alô, #SpursBrasil. Draftado por RC Buford em 2011, na 42ª posição, o ala está devidamente recuperado de uma cirurgia no joelho e vem recebendo extenso tempo de quadra nesta Euroliga, como titular do clube basco aos 22 anos. Com 2,08 m e um excelente arremesso, Bertans faz os olheiros profissionais salivarem há um tempão. Na vitória por 102 a 83 sobre o decepcionante Olimpia Milano, a revelação letã marcou 19 pontos em 16 minutos, castigando a defesa italiana com seu chute de fora (4-5 nos disparos para três pontos e 6-7 no geral). O problema é que o jovem jogador tende a estacionar no perímetro e forçar muito a barra nas bolas de longa distância, quando está claro que tem fluidez para fazer mais que isso. Pode ser muito mais que um clone magro de Matt Bonner.

Em números
7.000 – Dimitris Diamantidis ultrapassou a casa de 7 mil minutos de tempo de quadra na Euroliga, aproveitando-se das lesões recentes de Juan Carlos Navarro para assumir mais um recorde em sua carreira no basquete continental – ele já é o líder no ranking de assistências e roubos de bola. Ao todo, o legendário armador do Panathinaikos disputou 239 partidas do campeonato, empatando com seu ex-companheiro de clube e seleção Kostas Tsartsaris. Navarro jogou 266 vezes e segue em atividade, enquanto mais uma lenda grega, Theo Papaloukas, aposentado, tem 252. Para Diamantidis, o principal foi comemorar com mais uma vitória, e fácil, sobre o Galatasaray por 86 a 77, em casa. Ele fez uma de suas melhores partidas da temporada, com 14 pontos, 6 assistências e 5 rebotes, em 27 minutos.

1.288 – Na derrota para o Maccabi, Felipe Reyes, ícone do Real, se tornou o maior reboteiro da história da Euroliga, ultrapassando o talentoso e polêmico turco Mirsad Turkcan, primeiro de seu país a jogar pela NBA (em tímida passagem por New York Knicks e Milwaukee Bucks de 1999 a 2000, é verdade) e figura que liderou a competição nesse fundamento em três temporadas.

34 – Foi o índice de eficiência de Ante Tomic no triunfo do Barça, valendo mais um prêmio de MVP. O pivô croata somou 16 pontos, 9 rebotes, 5 assistências e 2 tocos, em 24 minutos de perfeição ofensiva (6-7 nos arremessos, 6-6 nos lances livres, nenhum turnover).

2 – O Anadolu Efes conseguiu algo impensável: limitar Vassilis Spanoulis a míseros dois pontos na vitória sobre o Olympiakos por 84 a 70. É até difícil de qualificar este feito. O armador jogou por 27 minutos e simplesmente não encontrou o rumo da cesta, errando todos os seis arremessos que tentou e terminando com três turnovers e apenas uma assistência. Tudo isso resultou num calamitoso índice de -5 na eficiência. Sua menor pontuação na temporada havia sido 9, contra o Laboral Kutxa e o Olimpia Milano. Mérito em quadra para os americanos Matt Janning e Dontaye Draper, que dividiram a responsabilidade de perseguir o astro e fizeram um trabalho excepcional de carrapato. Os grandalhões Stephane Lasme, Nenad Krstic e Dario Saric também ajudaram nessa, compondo sempre um paredão duplo para cima de Spanoulis, quando este chamava o corta-luz, ficando invariavelmente encurralado. Do ponto de vista de posicionamento tático e dedicação em quadra, foi uma aula de defesa do Anadolu no segundo tempo, com a orientação do professor Ivkovic, que foi, também, duas vezes campeão pelo clube grego (1997 e 2012). No ataque, apenas um anfitrião não pontuou: o caçula Furkan Korkmaz, ala-armador de apenas 17 anos.

As 10 jogadas da semana


Barça desfalcado dá autonomia para Huertas atacar
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Giancarlo Giampietro

Huertas, solto como nos tempos de Bilbao, fazendo o que sabe

Huertas, solto como nos tempos de Bilbao, fazendo o que sabe

“Ninguém torce para que um companheiro de equipe vire desfalque, se lesione.”

Quantas vezes já não ouvimos uma declaração nessa linha vindo de esportistas? E nem poderia ser diferente. Qualquer atleta que tenha o mínimo de sangue verdadeiramente competitivo sabe que a pior coisa é ficar fora de ação, no estaleiro.

Mas as lesões acontecem e abrem oportunidades. É o que vem acontecendo no timaço do Barcelona, que perdeu de uma vez só três dos seus principais atletas na rotação de perímetro: Juan Carlos Navarro, Brad Oleson e Alejandro Abrines. Para delírio dos scouts, isso representa mais tempo de quadra para a promessa croata Mario Hezonja. Do ponto de vista brasileiro, o mais interessante é o efeito que esse plantão médico teve para Marcelinho Huertas, claro.

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>> 30 times, 30 fichas sobre a NBA 2014-2015

O armador é daqueles que dificilmente foge do politicamente correto em suas declarações, preocupado sempre em não pisar em calos e não assumir tanto assim os holofotes. Simplesmente não é o estilo dele. Mas deve estar se divertindo um pouco mais em quadra este momento, arrisco dizer.

Sem Navarro e Oleson, dois dos principais finalizadores da equipe, dois ala-armadores fogosos, perigosos nos disparos de média e longa distância, cabe ao brasileiro uma carga ofensiva bem maior ao brasileiro. Que vai muito bem, obrigado, nessa. Apesar de a amostra de jogos ser pequena – foram três partidas apenas, uma pela Euroliga e duas  pela Liga ACB –, essa seqüência  já mostra um armador muito mais solto em quadra, com autonomia para criar, produzir, arriscar.

A grande atuação de Huertas contra o Fenerbahçe

A grande atuação de Huertas contra o Fenerbahçe

Pelo campeonato continental, Huertas tentou 16 arremessos em 41 minutos contra o Fenerbahçe, convertendo 8 deles, além de mais sete lances livres, para somar 25 pontos. Ele ainda distribuiu cinco assistências e cometeu quatro turnovers, é verdade.

São números elevados já quando isolados, mas, no contexto da competição, ficam ainda mais relevantes. Nas oito primeiras partidas, o brasileiro havia tentado apenas 53 chutes em 190 minutos (média de 0,27, abaixo dos 0,39 do último compromisso). Seus 25 pontos marcaram sua maior contagem na temporada, e de longe, superando os 15 que havia anotado contra o Bayern na sexta rodada. Sua média era de 7,25 e subiu direto para 9,19. O padrão de alta se manteve para assistências e desperdícios de posse de bola.

Na liga espanhola, nas nove primeiras jornadas, ele havia somado 39 arremessos (média de 4,3), 7 lances livres (0,7), 62 pontos (6,8), 44 assistências (4,8) e 24 turnovers (2,6), em 214 minutos (23,7). Nas 10ª e 11ª rodadas, o crescimento foi impressionante: 18 arremessos (média de 9), 5 lances livres (2,5), 31 pontos (15,5), 16 assistências (8) e 4 turnovers (2), em 58 minutos (29).

Nem mesmo o acréscimo nos minutos vai nivelar o salto de sua produção. Em termos de arremessos por minuto, por exemplo, entre as jornadas 1 e 9, ele arriscava 0,18. Nas jornadas 10 e 11, 0,31 – uma alta de 58%. Nos lances livres, foi de 37,5%.  Além dos números, o mais interessante foi ver o armador jogando. É um armador antes e outro depois. Dois estilos, duas abordagens de jogo completamente diferentes.

Huertas lembrou muito mais seus tempos de Bilbao, quando era o dono do time, com mais liberdade para atacar. Obviamente que ele ainda vai trabalhar para seus companheiros, já que está em sua natureza. A diferença é que ganhou autorização do controlador para também olhar mais para a cesta, usando e abusando de seu excelente chute em flutuação, por vezes com apenas um pé no chão, sua marca registrada.

Num Barcelona poderosíssimo, cheio de opções tanto para o jogo interior como exterior, ele vinha cumprindo nas últimas temporadas um papel muito mais semelhante ao de Pablo Prigioni ou Pepe Sánchez nos bons dias da seleção argentina. Aquela armação econômica, mas necessária para envolver os companheiros estelares.

Por isso o lembrete de sempre: não dá para avaliar um jogador exclusivamente pelos números (especialmente quando checamos apenas a tabela de estatísticas e não a fita da partida). Acumular, ou não estatísticas, não significa “jogar bem” ou “jogar mal”. Tudo depende de como o objeto de estudo se encaixa em sua equipe. O Barça, diga-se, sofreu duas derrotas nesses últimos três jogos.

Primeiro, perdeu fora de casa para o Sevilla por 85 a 74 – numa partida excepcional do jovem pivô Willy Hernangómez, que acumulou 29 pontos e 13 rebotes. O ginásio estava abarrotado de olheiros, que teriam a chance de ver, de uma só vez, Hezonja (6 pontos em 26 minutos) e o ala-pivô Kristaps Porzingis, sensação da Letônia, tido hoje como um dos cinco melhores prospectos do próximo Draft da NBA. Brad  Oleson se lesionou neste jogo, depois de oito minutos em quadra.

No segundo compromisso, acabaram caindo em casa diante do Fenerbahçe, num jogo duríssimo, emocionante pela Euroliga, definido apenas na prorrogação. Não custa lembrar que o Fener tem em seu elenco seis atletas que já foram draftados pela liga americana. São todos caras de seleção nacional.

No último fim de semana, se recuperaram, ao vencer por 90 a 67 o Zaragoza, um adversário que está na oitava colocação, na zona de classificação para os playoffs, com uma campanha bem melhor que a do Sevilla, o 16º.

Claro que acaba sendo mais divertido para o brasileiro ver um Huertas com sinal verde para atacar. Mas não quer dizer que a outra versão, a mais comedida, esteja errada. O simples fato de ele poder executar os dois papéis com propriedade já diz muito sobre seu talento e sua evolução na posição.


Euroligado: Barça de Huertas atropela, Limoges de JP batalha
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Giancarlo Giampietro

Bongou-Colo (d): pura energia para o Limoges de JP

Bongou-Colo (d): pura energia para o Limoges de JP

Enquanto o Barcelona de Marcelinho Huertas segue invicto e arrasador, o Limoges de JP Batista faz de tudo para ainda se manter no páreo. Na oitava semana da Euroliga, os dois representantes brasileiros saíram de quadra satisfeitos com os resultados de suas equipes. Mesmo que eles tenham sido bastante diferentes. Acompanhem.

O jogo da rodada: Limoges 67 x 64 Unicaja Málaga
Não foi o duelo mais bonito, como o placar baixo não deixa mentir. Mas a maneira como chegamos a esse resultado foi para fazer levantar da cadeira até mesmo o torcedor francês mais contido. O Málaga chegou a abrir 20 pontos de vantagem ainda no primeiro tempo, fora de casa, e levou a virada.

Para ser mais preciso: o placar apontava 32 a 12 a favor do time espanhol com 16 minutos de jogo, depois de uma bandeja do ala Will Thomas. Mas os atuais campeões franceses batalharam pelo placar e conseguiram uma grande vitória que os mantém com chances de classificação para o Top 16, mesmo que numa situação ainda desfavorável.

João Paulo Batista já estava em quadra quando os espanhóis tinham essa larga diferença. O pivô, todavia, foi importantíssimo na reação dos donos da casa. Com quatro pontos e uma assistência, ajudou os donos da casa a reduzir a desvantagem para 13 pontos antes do intervalo.

No terceiro período, então, ele brilhou. O pernambucano foi mantido no quinteto inicial e marcou dez pontos na parcial, sendo sua quinta cesta de quadra justamente aquela que valeu pelo 41 a 41, o primeiro empate desde que os espanhóis abriram larga vantagem, com 28 minutos rodados no cronômetro.

A despeito da pressão, o Unicaja de Joan Plaza não ruiu. Controlou os nervos e fez um jogo parelho no quarto final, defendendo bem, ainda que seu ataque funcionasse aos tropeços. Aí foi a vez de o ala-armador Jamar Smith despontar. O americano, que chegou a assinar contrato com o Boston Celtics nos tempos de Fabrício Melo, converteu três bolas de longa distância e, junto com as cravadas de um sempre agressivo Nobel Boungou-Colo, foi instrumental na vitória.

Smith somou 18 pontos, cinco assistências e quatro rebotes. Bongou-Colo também contribuiu de modo versátil, com 12 pontos, sete rebotes e quatro assistências. O arremessador Ryan Toolson, sobrinho de Danny Ainge, anotou 15 pontos em 29 minutos pelos espanhóis.

O Málaga pode ter perdido, mas assegurou sua vaga na segunda fase, ao lado de CSKA Moscou e Maccabi Tel Aviv. Resta, então, só o quarto lugar em jogo, e o Limoges ainda sonha. Os franceses estão na lanterna do grupo, com dois triunfos e seis reveses, mesma campanha do Cedevita Zagreb. A equipe croata, por ora, leva a melhor tanto no saldo de pontos (-41 a -66) como no confronto direto (por ter vencido o segundo duelo por mais pontos). O ALBA Berlin é quem está mais bem posicionado, com três vitórias e cinco derrotas. Um detalhe, no entanto: o clube alemão encara o Limoges na próxima rodada e o Cedevita na última. A disputa promete.

Os brasileiros
Bem, já falamos do papel decisivo de JP Batista na virada. Então aqui ficam os números finais dele na partida: 14 pontos em 23 minutos, com uma jornada perfeita nos arremessos (6/6 nos chutes de quadra e 2/2 nos lances livres). Ele ainda pegou dois rebotes ofensivos, deu uma assistência e conseguiu uma roubada de bola.

Huertas contra Tony Taylor, jovem armador americano do Turow

Huertas contra Tony Taylor, jovem armador americano do Turow

Marcelinho Huertas pouco jogou na vitória do Barcelona sobre o Turow Zgorzelec, na Polônia. Isso tem pouco a ver com o basquete do armador, que somou cinco pontos e três assistências em apenas 15 minutos. É que essa foi a partida mais fácil do Barça na competição, mesmo, com placar de 104 a 65, dando a chance para o técnico Xavi Pascual preservar seus principais atletas. Até mesmo o adolescente Ludde Hakanson, sueco de apenas 17 anos, foi para quadra, jogando os últimos 8 minutos, com três pontos e duas assistências. O jovem croata Mario Hezonja marcou 15 pontos em 17 minutos.

Somente o CSKA Moscou se equipara ao clube catalão em termos de sequência de vitórias no campeonato. São os únicos invictos. O time moscovita, no entanto, tem melhor saldo de pontos: 129 a 112, depois de ter batido o Cedevita Zagreb em casa, por 97 a 79.

Um causo
O armador Daniel Hackett se meteu em uma enrascada durante a temporada de seleções deste ano. Insatisfeito com seu papel na Squadra Azzurra do basquete, o ítalo-americano simplesmente abandonou a concentração da equipe, sem avisar ou pedir permissão para ninguém. A atitude, claro, não pegou nada bem. A ponto de a confederação italiana suspender o atleta por seis meses de qualquer atividade basqueteira no país. Arrivederci!

Daniel Hackett, numa das atuações mais impressionantes da temporada. Perdoado

Daniel Hackett, numa das atuações mais impressionantes da temporada. Perdoado

O Olimpia Milano, seu clube, estudou rescindir seu contrato, sem pagamento. Afinal, com um gancho desses, ele perderia 26 jogos da liga local. O jogador, porém, pediu desculpas aos diretores e encontrou um meio termo: seu salário para a atual temporada foi reduzido, enquanto o contrato de 2015-2016 segue validado, integralmente. Mas por que bancar um cara que nem vai jogar?

O que pega é que, em jogos da Euroliga, em outra esfera, Hackett está liberado para atuar. Além disso, o Olimpia sabe que estava lidando com um atleta que pode fazer a diferença. Com 1,99 m, é alto e bastante ágil em sua posição para os padrões do Velho Continente. Pressiona os adversários demais em cima do drible e, no ataque, tem facilidade para concluir suas jogadas, embora seu arremesso ainda seja suspeito, especialmente quando em movimento.

Contra o Bayern de Munique, na quarta-feira, porém, caiu praticamente tudo, e na principal hora. O esquentadinho jogador anotou 19 de seus 25 pontos no quarto período e liderou o clube italiano a uma vitória no sufoco sobre o Bayern de Munique, em casa, por 83 a 81. Foi dele a cesta decisiva a 1s5 do fim. E agora? Estão todos satisfeitos com o acordo? O Olimpia Milano ficou muito perto da classificação no Grupo da Morte.

Em números
2.535
– Vassilis Spanoulis chegou a essa quantia de pontos para superar Jaka Lakovic e se tornar o terceiro maior cestinha da história da Euroliga, atrás apenas de Juan Carlos Navarro, o líder disparado, e de Marcus Brown, ala americano que defendeu sete clubes diferentes na Europa, com destaque para CSKA e Maccabi. Navarro tem 3.496 e ainda está em atividade. É praticamente impossível que qualquer atleta o supere. Já Brown tem 2.739 pontos, algo mais plausível para o craque grego. Spanoulis, por outro lado, já tem um recorde memorável a seu favor: é o único a integrar tanto o top 5 de pontos como de assistências da competição. Ele já deu 710 passes para cesta. Acima dele aparecem Sarunas Jasikevicius (4º), Pablo Prigioni (3º), Theo Papaloukas (2º) e Dimitris Diamantidis (1º). Só. Ah, e o Olympiakos, líder do Grupo D, bateu o Neptunas Klaipeda, da Lituânia, por 89 a 79 em casa.

98 – O Real Madrid se recuperou da derrota sofrida para o UNICS Kazan na semana passada. Ou quase isso. Contra outro rival russo, o Nizhny Novgorod, o time blanco venceu e marcou 101 pontos. Perfeito, certo? Não fossem os 98 pontos que sua defesa sofreu contra um time que não havia feito mais que 89 pontos até aqui – e contra o lanterninha Dínamo Sassari. O Real lidera o Grupo A, com seis vitórias e duas derrotas, mas seu desempenho jogo a jogo certamente já inspira preocupação para a torcida merengue. Nos últimos quatro confrontos, foram dois reveses e dois triunfos que combinaram para um saldo de apenas cinco pontos.

43 – Foi o índice de eficiência obtido pelo pivô D’Or Fischer, do UNICS, na vitória sobre o Sassari, com 23 pontos, 15 rebotes e 3 assistências, tendo errado apenas um arremesso em 11 tentativas. O americano de 33 anos vive fase excepcional. Contra o Real, sua linha estatística já havia sido de 25 pontos, 8 rebotes e 11-17 nos arremessos. Até aqui, o pivô errou apenas 11 de 55 chutes em oito partidas, para um aproveitamento absurdo de 80% de quadra. É o mesmo que ele mata nos lances livres.

2 – O Zalgiris Kaunas foi limitado a apenas dois pontos no primeiro quarto de uma derrota por 66 a 57 para o Anadolu Efes, um recorde negativo do torneio, que o próprio clube lituano compartilhava com outros três times. Na reta final do terceiro quarto, o Zalgiris, jogando em casa, havia convertido apenas sete cestas de quadra, uma dureza, com a defesa da equipe de Dusan Ivkovic sufocando. No final, os anfitriões terminaram com 15/53 nos chutes.

1 – Depois de quatro tentativas, Laboral Kutxa conseguiu a primeira vitória fora de casa, derrotando justamente um adversário que estava invicto como mandante: o Galatasaray, em Istambul, por 89 a 82. O veterano ala Fernando San Emeterio conseguiu sua maior contagem individual pelo torneio, com 25 pontos, mas foi o armador americano Doron Perkins quem decidiu o jogo no fim, com inesperados 9 pontos nos últimos minutos (mais do que ele havia feito nos últimos seis… jogos!). O clube basco, que já demitiu o técnico Marco Crespi durante a campanha, chega agora a dois triunfos seguidos e se posiciona bem na briga por vaga, assumindo a terceira posição do Grupo D, com 4-4. O Galatasaray está em quarto, com 3-5, superando o Neptunas nos critérios de desempate.

Tuitando

A mídia turca e a galera na Espanha estão dando como certa a transferência de Thomas Heurtel para o Anadolu Efes antes do Top 16 da Euroliga. O armador francês vai se tornar agente livre ao final da temporada, com a cotação em alta. É mais um jogador de que o clube basco vai ter de se desfazer para faturar uma graninha, depois de ajudar a desenvolvê-lo.

É, ao que parece o Olimpia Milano já concedeu perdão a Daniel Hackett.


As 10 melhores jogadas da rodada!


Euroligado: após jogaço, estupidez e morte
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Giancarlo Giampietro

Torcida do Galatasaray apoia muito seu clube, mas também aponta para os rivais

Torcida do Galatasaray apoia muito seu clube, mas também aponta para os rivais

O fenômeno da estupidez tem alcance global.

Depois de uma partida histórica em Istambul contra o Galatasaray, um torcedor do Estrela Vermelha acabou morto por uma facada em confronto dos torcedores/paramilitares de sempre nos arredores do ginásio Abdi Ipekçi. Marko Ivkovic tinha 25 anos e foi apunhalado no coração. Ele acompanhava um contingente de centenas de hooligans do clube sérvio – estima-se que 400 viajaram até a Turquia. Trata-se, sabidamente, de um time encrenqueiro, com muitas histórias sangrentas para contar. Foram recebidos dentro da arena por cartazes de mal gosto, bandeiras da Armênia e gritos de “Kosovo” por parte dos anfitriões. Obviamente que nada de positivo poderia sair de uma situação dessas.

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Se o episódio já não cumprisse com toda a cota de tragédia e demência que uma semana esportiva pode pedir, o técnico Ergin Ataman, da seleção nacional turca e do tradicional clube, foi no mínimo imprudente ao declarar em entrevista ainda no ginásio que os seguidores adversários eram todos verdadeiros terroristas – sem, no entanto, dirigir nenhuma palavra contra a torcida de seu próprio clube. Ele soltou a frase antes de tomar nota a respeito da morte do turista e se viu obrigado a pedir desculpas públicas horas depois, sem se livrar de um incidente diplomático. As desculpas que não foram aceitas pelo primeiro ministro sérvio Aleksandar Vucic, que declarou que Ataman não seria mais uma figura bem-vinda nas fronteiras de seu país.

Algumas imagens da confusão:

Foi uma grande rodada da Euroliga, que acaba perdendo em repercussão para esse tipo de incidente que teima em acontecer. Barcelona, CSKA Moscou e Olympiakos seguem invictos e já estão garantidos na fase de Top 16. Restam três vagas, então.

O jogo da rodada: Galatasaray 110 x 103 Estrela Vermelha
Pode corrigir aí: foi o jogo da temporada até o momento. E, a partir daqui, vale o esforço para nos concentrar apenas no que aconteceu em quadra, em partida que tive a sorte de transmitir pelo Sports+, ao lado do Marcelo do Ó. Dupla prorrogação, uma cesta de três pontos quase do meio do quadra para forçar o primeiro tempo extra, um time de veteranos pressionados de um lado, uma das equipes mais jovens da competição do outro, disposta a aprontar.

O contexto do time turco era preocupante. Perderam para o Fenerbahçe no clássico pela liga nacional e, durante a semana, ainda tiveram de lidar com uma briga em treinamento envolvendo Carlos Arroyo e o gigantesco Nathan Jawai. Já o Estrela vinha de sua primeira vitória fora de casa, sobre o Laboral Kutxa, e em grande estilo. Na Liga Adriática, o clube, que tem no americano Marcus Williams, de 29 anos, seu atleta mais velho, estava invicto, fazendo grande campanha, com oito vitórias.

Num terceiro período avassalador, com Williams bastante inspirado na condução da equipe, o Estrela Vermelha venceu por 23 a 9 e chegou a abrir uma liderança de 11 pontos. Os donos da casa, porém, tiveram sangue frio para reagir. Foi um desfecho emocionante, no qual o ala-pivô Zoran Erceg, grande nome da partida, acertou a seguinte bola para empatar a partida contra seus compatriotas:

O Estrela Vermelha não se desesperou, manteve a compostura e contou com boas jogadas do ala Nikola Kalinic e lances livres do gigante Boban Marjanovic para se manter com chances. Os visitantes venciam por 96 a 94 com Marjanovic na linha. Arroyo igualou o marcador, na mesma moeda. Williams buscou uma infiltração no último ataque, mas não conseguiu cavar uma falta e nem completar a bandeja, fazendo um turnover.  Na segunda prorrogação, os veteranos do Galatasaray mostraram que ainda têm muita perna para render. O pivô Keren Gonlum, que completa 37 anos neste sábado, foi um guerreiro nos rebotes. Mas quem cresceu foi Arroyo, que adora esse tipo de confusão, como bem sabemos. Ele converteu três bolas de longa distância para levar sua torcida ao delírio e afastar de vez a garotada sérvia da vitória.

Alguns números desse jogo épico: Erceg terminou com 32 pontos em 41 minutos, sete rebotes, duas assistências, dois roubos de bola e 100% nos lances livres com 14 batidos, para alcançar um índice de eficiência de 41, levando o prêmio de MVP da jornada; aos 35 anos, Arroyo jogou todos os 50 minutos da partida, anotando 26 pontos, 18 deles em chutes de fora (mas com um detalhe: ele arriscou nada menos que 17 tiros de três); Williams estabeleceu um recorde de 17 assistências na competição; Marjanovic foi mais uma vez uma força irresistível no garrafão, com 23 pontos e 17 rebotes (oito ofensivos) e índice de eficiência de 39; o talentoso Kalinic marcou 21 pontos  em 25 minutos e surpreendeu com 3/5 nos arremessos de fora; Luka Mitrovic, de apenas 21 anos, alcançou um recorde pessoal: 30 pontos, em 33 minutos, lidando com problemas de faltas durante todo o segundo tempo.

Carlos Arroyo, quem dirai, viron um Ironman aos 35 anos

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Os brasileiros
Marcelinho Huertas fez sua melhor partida na competição até aqui, dando o tom na tranquilíssima vitória do Barcelona sobre o Bayern de Munique na quinta-feira, na Baviera. O clube alemão jogou com uma intensidade deprimente, sem reação, vendo o time catalão abrir larga vantagem já no segundo período e caminhar para um triunfo por 99 a 77. O armador somou 15 pontos, deu 6 assistências, pegou 4 rebotes e matou 6 de seus 7 arremessos, com ótimo aproveitamento dentro do perímetro (5/6 – para alguém que havia acertado apenas 5/25 no primeiro turno). Huertas esteve agressivo desde o princípio, batendo com facilidade os defensores adversários, abrindo uma porteira para a boiada. O Barça acertou 55,3% de dois pontos, 46,2% de dois e bateu 24 lances livres. Um passeio do líder.

JP Batista foi fundamental numa reação do Limoges contra o Maccabi Tel Aviv, mas, no finalzinho, Jeremy Pargo resolveu jogar para dar aos atuais campeões o triunfo fora de casa: 79 a 73. Com o pernambucano em quadra, o time francês tirou no quarto período uma vantagem de até 11 pontos dos israelenses, chegando a assumir a liderança a quatro minutos do fim. João Paulo não pontuou muito nesse quarto, mas teve papel tático relevante com sua presença física no garrafão, atraindo os defensores e limpando quadra para rebotes, chutes e infiltrações de seus companheiros. O pivô marcou 9 pontos, cinco deles em lances livres, e apanhou três rebotes em 19 minutos. Para diminuir seu impacto, o técnico Guy Goodes se viu obrigado a sacar o ágil Alex Tyus para por em quadra o massa bruta Sofo Schortsanitis. Um movimento irônico, já que, em geral, é o pivô grego que força o ajuste por parte dos oponentes.

De Colo, recomeçando na Rússia

De Colo, recomeçando na Rússia

Lembra dele? Nando De Colo (CSKA Moscou)
O ala-armador francês, ex-Spurs e Raptors, mostrou que está recuperado de uma fratura na mão que o tirou de ação da última Copa do Mundo ao liderar o sexto triunfo seguido para o clube russo, agora arrasando o Alba Berlin em casa, por 95 a 68. De Colo teve mais oportunidades com a bola devido ao desfalque de última hora de Milos Teodosic e aproveitou ao máximo, com 22 pontos em 25 minutos, acertando todos os seus 4 chutes de três pontos e 8/12 no geral.

Em números
88 – O saldo de pontos do CSKA Moscou em seis partidas, com média de 14,6 por confronto. Sob comando de Dimtris Itoudis, o clube russo está voando nessa Euroliga, sem sentir a menor carência de Ettore Messina. Esse é o maior saldo da competição até o momento, acima dos 69 do Barcelona e dos 60 do Real Madrid. Lembrando: em chaves diferentes, eles não tiveram a mesma tabela.

31 – Reconhecido no mercado europeu como um armador que mais serve aos outros do que define as coisas por conta própria, Thomas Heurtel liderou o ataque do Laboral Kutxa com 31 pontos, mas sua equipe perdeu para o Neptunas Klaipeda, fora de casa, por apertadíssimo 80 a 79, ficando numa situação difícil pelo Grupo D. Essa foi a terceira vitória do estreante lituano em seu ginásio, o que, por ora, vai lhe garantindo um lugar no Top 16. Heurtel acertou 80% de seus arremessos, e com um número bastante elevado: impressionantes 8/10. Simas Galdikas fez a cesta da vitória a 13 segundos do fim, depois de seu time ter perdido uma vantagem de até 18 pontos no terceiro quarto.

24,17 – É o índice de eficiência de Marjanovic nesta temporada, sendo disparado o jogador com a produção mais qualificada até aqui. Seu concorrente mais próximo é o armador Taylor Rochestie, do Nizhny Novgorod, que foi o cestinha da vitória do time russo, outro estreante, sobre o Dínamo Sassari por 89 a 82, com 29 pontos. De 29 anos, Rochestie é desses americanos que jogam na Europa já há um bom tempo. Formado em Washington State, disputa sua terceira Euroliga, pelo terceiro clube diferente.

13 – O garoto croata Mario Hezonja recebeu tempo de quadra inesperado na partida contra o Bayern: 13 minutos, escalado até mesmo como titular. O ala de 19 anos só havia jogado 18 minutos em toda a temporada, com duas participações no primeiro turno. Coincidência ou não, o movimento do técnico Xavier Pascual aconteceu depois de o superagente Arn Tellem, um dos representantes de Hezonja, ter feito uma visitinha a Barcelona durante a semana. O croata somou 3 pontos, 3 assistências, 3 rebotes, 1 toco, 1 roubada de bola e 1 turnover.

3 – O Grupo D, no momento, é o mais equilibrado. Se o Olympiakos já está classificado para o Top 16, as outras três vagas estão em aberto. No momento, são três clubes empatados com… 3 vitórias e 3 derrotas: Estrela Veremelha, em segundo com o melhor saldo – e de longe –, Galatasaray, em terceiro, e Neptunas, em quarto. O Laboral aparece em quinto, ainda sonhando, com 2 vitórias e 4 derrotas.

Tuitando

Ataman tentando se justificar

É mais provável que os clubes terminem com as segunda e terceira posições do grupo, mas vai que…

Sinan Guler, um dos ídolos do basquete turco e um verdadeiro guerreiro. Mas só na acepção esportiva do termo.

 Problema generalizado, nas palavras de um site atualizado por gregos.

Para melhorar um pouco o astral, as 10 jogadas da semana.


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