Vinte Um

Arquivo : Heat

Garnett corta relações com Ray Allen, que já vestiu a camisa do Heat
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Kevin Garnett jura que não tem mais o número do celular de Ray Allen. E aí o jornalista de Boston Steve Bulpett faz uma observação esperta: “O número não mudou. Então faça as contas”.

O pivô e líder do Celtics simplesmente cortou relações com o ala, que pulou a cerca para defender o rival Miami Heat. O mesmo time que o havia derrotado numa série dramática pela final da Conferência Leste em maio. Imagino a reação de alguém irado como o KG ao ver esta foto aqui:

Ray Allen e seus novos amiguinhos

Ray Allen e os novos amiguinhos: de certa forma, uma foto constrangedora

“Não estou tentando me comunicar com ele. Estou apenas sendo honesto com todo mundo aqui. Não é que eu deseje a ele algo pior ou nada disso, é só que isso acontece”, afirmou Garnett ao receber a mídia local para a abertura do training campda franquia mais vencedora da história da NBA.

“Escolhi não me comunicar com ele. É uma decisão que tomei pessoalmente. Sou muito próximo de Ray, conheço sua família, mas tomei a decisão de seguir em frente. É isso. Estou agora me concentrando em JT (Jason Terry), Courtney Lee e os novos caras que estão aqui. Não queria vir aqui para responder um monte de perguntas sobre Ray Allen. Obviamente iria responder uma vez e então me concentrar nos caras que estão aqui no ginásio e no que é o presente. É isso”, completou.

Kevin Garnett, orgulho de Boston

Soletrando com Garnett: C-e-l-t-i-c-s

Garnett tem um contrato de mais três anos com o Celtics, que só espera que ele consiga sustentar o nível que apresentou na última temporada, crescendo durante o campeonato a ponto de voltar a ser aquele marcador implacável na zona interior da fortíssima defesa de seu time.

No mundo abarrotado de ególatras da NBA, KG se destaca como uma das personalidades mais fortes. Tira os adversários do sério, mas é adorado por seus companheiros. Rajon Rondo, que não se dá com ninguém, diz que é seu melhor amigo na equipe. Por isso fica a expectativa sobre como o garotão Fabrício Melo vai se relacionar com o cara. Pode ser uma influência extremamente positiva, pelas cobranças e incentivos, mas ao mesmo tempo pode ser destrutivo, como já falou o técnico Doc Rivers. Depende de como rola a química.

Quem estava de olho na negociação do Celtics com o pivô era o ala Paul Pierce, que afirmou que chegou até mesmo a cogitar sua aposentadoria caso Garnett não retornasse. Sobre Ray Allen, Pierce disse apenas, sorrindo, que gostaria que, se fosse para ele sair de Boston, que fosse para o Clippers, clube que, inclusive, ofereceu mais dinheiro ao arremessador e também se candidata ao título este ano.

Mas Allen optou pelo Miami, onde agora está escoltado por LeBron James e Dwyane Wade. Imagine o tanto de chutes livres um dos maiores gatilhos da história vai ter…Por isso ele se diz extremamente confortável com sua nova vizinhança: “Uma vez que você veste o uniforme, nunca vai se olhar e tentar entender que uniforme você tem. Não importa”, afirmou. “É mais o modo como as outras pessoas o veem ou o enxergam. Daqui para a frente, a coisa mais importante para mim é o que faço por esse uniforme, a cidade e os torcedores que represento. Espero ver mais pessoas que gostam do Heat do que as que odeiam o Heat.”

Simples assim.

(Eu, hein.)

*  *  *

Não que Allen não possa jogar onde queira. Mas é realmente muito estranha a foto postada acima, não? LeBron e Wade cresceram odiando a geração do “Big 3” de Boston, cansados de apanhar (em muitos sentidos) deles nos playoffs. Allen também é conhecido por ser um jogador muito, mas muito competitivo – daí as rusgas e faíscas que tinha com Kobe Bryant quando jogava em Seattle, de simplesmente não tolerar que o astro do Lakers o superasse. E agora está ele apoiado no ombro de LeBron, para surfar a última onda de sua carreira.

No fim, quem sai ganhando com isso é o público: os pegas entre as duas equipes nem precisavam mais de tanta pimenta assim, né?

*  *  *

Em Miami, o técnico Erik Spoelstra já se disse positivamente impressionado com o que o ala Rashard Lewis vem mostrando nos treinos. Segundo o pupilo de Pat Riley, Lewis mal conseguia agachar nos últimos dois anos para abraçar seus filhos, com o joelho – e sabe-se lá o que mais – estourado. Mas que agora estaria se movimentando com leveza, lembrando o cara que dava um trabalhão peo Orlando Magic, abrindo a quadra para Rashard Lewis.

Tem aquela coisa: os caras não jogam há meses. Então essa é a hora em que todo mundo está saudável. “Nunca me senti assim antes” – o lema dos atletas na apresentação. Aí dá janeiro, fevereiro, e todo mundo aparece quebrado de novo. Pode ser o caso de Lewis, que jogou mancando as últimas duas temporadas.

Agora… Se ele e Allen conseguirem contribuir com, vá lá, 60% de seus talentos, a barra vai ficar muito pesada para a concorrência.


Tabela 2012-2013 da NBA é divulgada: veja 5 reencontros imperdíveis
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Você, assinante do NBA League Pass, caçador de links na rede, madrugador do combo ESPN/Space, prepare-se. Pegue a caneta e a genda ou abra o bloco de notas, mesmo: a temporada 2012-2013 da liga norte-americana está toda definida, com a organização e os meses de antecedência de sempre.

Confira aqui cinco reencontros imperdíveis da campanha:

Nenê, Washington Wizards

Nenê já tem data para vestir este uniforme bacana nas Montanhas Rochosas pela primeira vez

Nenê vai fazer sua primeira partida em Denver como jogador do Washington Wizards no dia 18 de janeiro. Imagino que para ouvir aplausos na cidade de onde vem sua esposa e onde ainda deve ter casa;

Jeremy Lin, agora do Houston Rockets, encara Carmelo Anthony e o Madison Square Garden no dia 17 de dezembro para testar o que ainda restará de Linsanidade em Manhattan;

– Phoenix vai receber um Steve Nash vestido de roxo, mas o do Lakers, numa cena que certamente vai lhes parecer bizarra no dia 3 de janeiro. Feliz ano novo?

Ray Allen se veste de preto ou vermelho em Boston como um atleta do Miami Heat apenas no dia 18 de março: vai ser tratado como um pula-cerca ou ovacionado pelos serviços prestados?

– O ex-aposentado Brandon Roy, agora um Timberwolf, revê os hipongas e ex-companheiros de Portland no dia 23 de novembro. Se os seus joelhos permitirem, claro.

*  *  *

A temporada vai começar no dia 30 de outubro e terminará no dia 17 de abril, restabelecida com 82 partidas para cada franquia. A noite de abertura terá três jogos, com destaque apra o confronto entre Cavaliers e Wizards, em Cleveland.

Hã…

Brincadeira. As principais atrações são: Los Angeles Lakers x Dallas Mavericks, para Dirk morrer de vontade de jogar com Nash novamente, e Miami Heat x Boston Celtics, que dispensa comentários.

*  *  *

Para virar clássico, eles precisam se enfrentar. O primeiro duelo de New York Knicks e Brooklyn Nets está marcado para o dia 1º de novembro, na novíssima arena do Nets, que vai estrear Joe Johnson e Mirza Teletovic. Se o blog fosse muito maldoso, também falaria da estreia de Deron Williams, que não jogou nada desde que saiu de Utah Jazz. Mas xapralá.

*  *  *

A revanche entre Oklahoma City Thunder e Miami Heat é uma das atrações da tradicional rodada natalina da liga.


Prévia olímpica: Coach K leva revolução tática ao basquete. Mais ou menos como o Barcelona no futebol
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

As escalações dos Estados Unidos durante seus amistosos preparatórios têm deixado muita gente de cabelo em pé. Quando o gigante Tyson Chandler sai de quadra, não há nenhum candidato claro para assumir sua posição de “ão” em quadra, a do pivozão, o cincão, o xerifão, seja qual for o aumentativo que o basqueteiro aprecie mais.

Como? Vai jogar sem pivô mesmo!?

Diante de anos e anos com essa formatação tradicional empregada pelas equipes, fica difícil de entender ou aceitar. Mas essa é precisamente a revolução tática o que Mike Krzyzewski, o Coach K, vem instaurando na seleção norte-americana e que agora é levada ao extremo nos Jogos Olímpicos de Londres-2012.

Kobe Bryant, Barcelona

Kobe adora o Barcelona de Messi

Pensando num paralelo talvez bem acessível no país do futebol: o Team USA emula, de certa forma, o que o Barcelona fez nos últimos anos nos gramados sob o comando de Pep Guardiola, ganhando praticamente tudo o que disputou durante três temporadas.

Lionel Messi, na escalação da TV, aparecia como centroavante, mas ele não era exatamente isso. O brasileiro Dani Alves saía de lateral para ponta pela direita, recuando em algumas ocasiões, nos jogos mais fáceis, para zagueiro pela direita rapidamente, tudo no mesmo jogo. E o Iniesta? Meia, meia-atacante, ponta, atacante ou, pasme, volante que avança? Mascherano: reverenciado na Argentina como volante, efetivado no clube catalão como zagueiro.

Não foi assim que eles botaram tudo o que foi retranca na roda? Até esbarrarem num Chelsea ou numa Internazionale aferrolhados aqui e ali, foi, e a crítica aceitou perfeitamente e se apaixonou. Pois bem, agora chegou a vez de encarar essa reeducação no basquete, como o professor Paulo Murilo tenta passar há tempos. Nesta terça, em amistoso em… Barcelona, foi a vez de os espanhóis aprenderem isso: quando jogaram sem um pivô tradicional, os norte-americanos venceram os campeões europeus por 18  pontos na conclusão de suas partidas preparatórias para as Olimpíadas.

A reeducação
Estamos habituados a tratar as posições do basquete num quinteto de 1 (armador) a 5 (pivô), passando didaticamente por 2 (ala-armador, ala arremessador ou escolta), 3 (ala purinho da silva) e 4 (ala-pivô, ala-de-força).

Mas o Coach K explica que em sua seleção as coisas não funcionam assim, não: “O modo como coordenamos nosso ataque não é com 1-2-3-4-5. O ataque que estamos tentando encaixar dá aos jogadores ações em que eles possam improvisar. Ninguém está casado com uma certa posição na quadra. Não seria legal fazer isso com esses caras. O principal para nós será o espaçamento e a versatilidade”.

Tyson Chandler, Team USA

Chandler, cincão solitário dos EUA

Para vocês não acharem que esse é só o blablabla do técnico, rabisco de prancheta, temos aqui dois jogadores corroborando o plano tático. Como o (?) ala Kevin Durant “O Carmelo pode levar a bola e jogar de pivô. LeBron pode jogar de 1 até 5. Eu? Não sei se eu posso jogar de 1, mas consigo ir de 2 a 5”, afirmou o astro do Oklahoma City Thunder.

E que tal um LeBron James? “Não tenho uma posição. Apenas me coloque para jogar. Meu papel é o mesmo que tenho no Miami: fazer o que for necessário para vencer.  Se tivermos de jogar com uma formação salta, que seja. Se no jogo tivemos de jogar com uma formação baixa, então que façamos isso. Jogar de armador. Marcar o armador. Não importa a mentalidade.”

Mão-de-obra
Claro que precisa de fundamento também para colocar em prática, não são todos os atletas capacitados para por em prática esse plano. No fim, não deixa de ser um resquício também da influência do “Dream Team” de 1992 sobre as gerações que o sucederam.

Kevin Garnett não cresceu idolatrando Pat Ewing ou David Robinson, mas, sim, aquela turma legendária do perímetro, não importando a sua altura – no folclore norte-americano, inclusive, consta que KG sempre procurou mentir sua altura para que não fosse taxado de pivô. Queria ser chamado de ala, e seria difícil fazer seus técnicos aceitarem isso caso fosse medido como um cara de 2,13m, 2,15m de altura. Não é que não saiba atuar como pivô: o lance é que ele sabe fazer tudo na quadra, mesmo.

Com uma base formada por esses jogadores de talento múltiplo, é para esse rumo que os EUA estão empurrando as coisas. Priorizando velocidade em detrimento de tamanho. “As pessoas dizem que nossa equipe não é alta o suficiente, que não tem uma linha de frente grande, mas a nossa rapidez compensa isso. Se sairmos no contra-ataque, quem vai nos parar?”, questiona Durant. “Vai compensar muito.”

Desta forma, o Coach K também consegue aproveitar melhor seus talentos. Hipoteticamente: se ele tivesse preso a posições, pode ser que um jogador 3 menos qualificado ficasse na seleção no lugar de um jogador 5 muito mais qualificado. Com atletas chamados de “híbridos”, ele prefere usar de uma vez os cinco melhores que tiver em mãos do que priorizar posições. E não faz sentido?

Carmelo, Durant e LeBron: Team USA

Carmelo, Durant e LeBron: três alas? Três pivôs?

Tendência
O (?) ala-pivô Chris Bosh inicialmente estava nos planos para a seleção norte-americana, mas acabou cortado devido a uma lesão no abdome. Dias antes de seu corte e distante do que os companheiros iriam executar nos treinamentos, ele havia detectado esse mesmo padrão de jogo em seu campeão Miami Heat.

“Geralmente, a final da NBA é o protótipo para onde o basquete está indo. O fato é que estamos jogando rapidamente, colocando caras tradicionais na próxima posição disponível. Colocar Shane Battier e LeBron na posição 4, com isso funcionando, acho que você vai poder ver isso se espalhar para outras equipes. Vamos ver como será”, afirmou o jogador, que, no fim, acabou fazendo as vezes de um “cincão” sem exatamente se enquadrar nesse perfil.

“É até legal por que posso dizer que sou o pivô titular dos campeões da NBA. Mas se você olhar para mim não iria acreditar nisso. Os outros caras são bem maiores que eu, mas o jogo está mundo, acho, e está se tornando bem mais rápido. A fórmula parece funcionar.”

Prévias olímpicas no Vinte Um:

Mais tradicional, Espanha espera oferecer grande resistência aos EUA

No torneio masculino, pelo menos nós “voltamos a falar de basquete”

No torneio feminino, as meninas têm a chance de priorizar o time

E mais:

Confira os horários dos jogos do Brasil e o calendário completo da modalidade

O noticiário do basquete olímpico e o histórico de medalhas em página especial

Conheça os 24 atletas olímpicos do basquete brasileiro em Londres-2012


Nova NBA não impede concentração de forças
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Eles brigaram por mais de seis meses. Teve advogado que se passou por racista em discurso inflamado, Dwyane Wade apontando o dedo para David Stern e deixando a sala de reuniões furioso, Michael Jordan eleito vilão pelos jogadores que o veneravam, donos de clube quase se estapeando com objetivos completamente diferentes. Foram perdidos 16 jogos de cada time e umas seis semanas de temporada graças ao lo(u)caute da NBA no ano passado.

Mas sabe o que é o pior?

A julgar pelas negociações do mercado deste ano, de pouco adiantou tanta brigaiada, choradeira e revisão minuciosa no acordo trabalhista da liga, pelo menos que se refere e a um dos motivos da confusão toda: a composição dos “supertimes” – esse, o termo usado pelos proprietários de oposição ao sistema em voga. Das principais contratações realizadas até agora, grande parte delas envolve os famigerados e temíveis grandes mercados, clubes como a dupla de Nova York e os mais odiados de todos: Los Angeles Lakers e Miami Heat (embora Miami seja mais atraente pelo clima, vida noturna e pelos baixos impostos do que por ser uma metrópole do tamanho das demais).

Steve Nash, do Lakers

O novo camisa 10 do Lakers

Vamos lá:

– O Heat vai adicionar mais dois veteranos experimentados a sua dupla de estrelas e Chris Bosh – 😉 : Ray Allen e Rashard Lewis, que, seguindo os passos de Shane Battier, decidiram receber menos do que poderiam obter no mercado pelo privilégio de lutar (que luta, hein?) pelo anel de campeão. No caso de Allen, é ainda mais inexplicável, considerando que ele já ganhou o dele e tinha o dobro na mesa para ficar em Boston.

– Já o Lakers adiciona Steve Nash a seu ataque, para tentar facilitar a vida de Bryant e servir melhor seus grandalhões. De nada adiantou para o Raptors fazer uma proposta superior em até US$ 9 milhões. O armador alegou que, na Califórnia, estaria mais próximo das filhas em Phoenix, mas isso não quer dizer que teria assinado com Warriors ou Kings, né?

– Kidd saiu do Mavs para ganhar menos pelo Knicks também, e Camby também havia limitado suas opções apenas a os times nova-iorquinos e o Miami Heat – para ser justo, sua prioridade era ficar em Houston, sua casa, mas os texanos não tinham mais interesse em seus serviços.

– Deron Williams só aceitou ouvir propostas cdo Nets ou do Dallas, já que fez sua carreira colegial no Texas.

Aí, ok, você pode interpelar e dizer que: “Poxa, mas vão reclamar dessa cambada de velhinhos? Larga mão”.

Tem isso, sim. Ninguém sabe até quando vai durar a saúde desses reforços, todos já bem desgastados por longas carreiras. Só tenham em mente que, nesses supertimes, a carga deles diminui bastante, tanto em minutos como em responsabilidade.

Mas não são apenas os veteranos que mexem com a balança de competitividade. A saga de terror protagonizada por Dwight Howard em Orlando tem o maior cartaz nessa discussão. O pivô sorridente e imaturo do Orlando Magic esperneia e exige que seja trocado para o Nets. Simples assim. Ele quer, e pronto: não falem em outro nome além de Brooklyn, onde se juntaria a Deron Williams, Joe Johnson e Gerald Wallace para formar um novo esquadrão. A diferença é que, dessa vez, o David Stern não poderia vetar.

A demora nas negociações, porém, levou o Nets a seguir, temporariamente, outra direção e optar por continuar com Brook Lopez e tentar renovar também com Kris Humprhies. Por conta de implicâncias do telto salarial, a ida de Howard para o ponto mais hipster do mundo ficou dificultada. Mas a insistência em querer um só time em eventual troca deixou muita gente irritada e frustrada na liga. Até mesmo alguns jogadores, como o ala Jared Dudley, questionaram publicamente o comportamento do superpivô.

*  *  *

Ray Allen, do Miami Heat

Ray Allen assina por menos com o Heat

Não há como comparar a formação do elenco do Miami Heat de hoje com a do Boston Celtics de quatro anos atrás ou as franquias históricas dos anos 80. Naquela era de ouro, Magic Johnson, Kareem Abdul-Jabbar e James Worthy não tramaram para se unir no Lakers, assim como Bird, McHale e Parish no Celtics. Diversas trocas no decorrer dos anos deram a essas duas franquias a possibilidade de construir tais elencos. Ninguém decidiu por conta que seria assim. Bem diferente da costura entre Wade, LeBron e Bosh, que praticamente acertaram que jogariam juntos de tal modo que Pat Riley não titubeou em limpar toda a sua folha salarial ao extremo numa grande engenharia, para fazer a festa em 2010.

*  *   *

De algo seviu a reformulação do pacto trabalhista da NBA: como muitos agentes temiam, boa parte da classe média e da baixa dos jogadores vem sentindo os efeitos das novas restrições orçamentárias. Os Derons e Kobes ainda vão ser bem pagos, mas a vida dos Nick Youngs e Shannon Browns vai ficar mais difícil: ou eles se viram com contratos razoáveis de apenas um ano, ou se contentam com um valor (bem) mais baixo do que imaginavam, mas com maior segurança em termos de tempo.


Não tem crise, mas Durant não aguenta mais ver LeBron
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Kevin Durant x LeBron James

Durant: sai pra lá, LeBron

Pensa assim: você mal acabou de sofrer maior frustração de sua jovem carreira profissional e, na semana seguinte, já tem de lidar com aquele cara que te fez passar o maior carão?

Acontece dia-a-dia em cada escritório por aí na sua cidade e está ocorrendo agora, em quadra, neste momento, com o trio Kevin Durant, Russell Westbrook e James Harden, todos do Oklahoma City Thunder, todos obrigados a conviver diariamente com LeBron, aquele que os estraçalhou durante as finais da NBA, nos treinos da seleção norte-americana para Londres-2012.

No mínimo, estranho, né?

“Mas o que posso fazer?”, questiona Durant. “Ele é meu companheiro agora. Sou um jogador de equipe. Não posso isso deixar afetar nosso jogo. Isso é algo maior. É difícil perder nas finais e já jogar ao lado do cara que você enfrentou por cinco jogos e o cara que te bateu. Para mim, apenas tenho de passar por cima disso, ser um ótimo parceiro ainda e jogar duro.”

LeBron aquiesce: “Aposto que os incomoda. Eles provavelmente nem querem ouvir nada sobre isso. É algo que me incomodaria também. Perder numa final, quando estão todos competindo no mais alto nível e você querendo vencer para, depois, pouco depois ter de jogar junto incomodaria qualquer um”.

Bom dizer que LeBron e Durant têm uma certa amizade. No ano passado, para afogar as mágoas por suas derrotas diante de Dirk Nowitzki, os dois se juntaram em um ginásio de Ohio para treinarem juntos, um batendo o outro para ver se passava. Foi a chamada “semana infernal”.

Bem, se serve para alguma coisa, ao menos Durant, Westbrook e Harden não precisam jogar agora também com Dwyane Wade e Chris Bosh, cortados.

PS: veja o que o blogueiro já publicou sobre Kevin Durant em sua encarnação passsada.


Mercado da NBA: panorama da Divisão Sudeste
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

O post já vai ficar imenso, então vamos direto ao assunto. A partir desta quarta-feira, os clubes da NBA começaram a oficializar os acordos que trataram nos últimos dias, em período agitado no mercado de agentes livres. Nesta quarta, resumimos o Leste. Confira o rolo em que cada franquia da Divisão Sudeste se meteu, ou não, abaixo:

Joe Johnson, Atlanta Hawks

Adeus, Joe Johnson. UFa

Atlanta Hawks: o gerente geral Danny Ferry mal chegou ao clube e já se tornou o novo patrono dos limpadores de contratos absurdos do teto salarial. Em menos de duas semanas no trabalho, conseguiu se livrar do salário sufocante de Joe Johnson, em troca com o Brooklyn Nets, recebendo um punhado de jogadores medíocres – Jordan Farmar, Anthony Morrow (a melhor peça aqui), Johan Petro e DeShawn Stevenson – que pouco importam no negócio. O intuito era realmente cortar laços com sua estrela, que ainda é um talento respeitável, mas que não valia o que recebia. Sem perder tempo, Ferry também mandou o ala Marvin Williams para Utah em troca do armador Devin Harris. Os cinco que chegam estão no último ano de seus vínculos. Para o próximo mercado – ou agora mesmo –, o Hawks terá muita influência. Os novatos do time são o chutador John Jenkins e o ala-pivô Mike Scott, que se juntam ao escolta Louis Williams, cestinha ex-Philadelphia.

Charlotte Bobcats: ao ver seu clube terminar com a pior campanha da história da liga em termos de aproveitamento, Michael Jordan recomendou/pediu aos seus (300 ou 400?) torcedores que tivessem aquilo que lhe faltou em diversas ocasiões: paciência. Ainda assim, ele precisava de alguma coisa, qualquer coisa que servisse para animá-los para a próxima jornada. Por enquanto, isso significa se contentar com a chegada de Ben Gordon em troca por Corey Maggette. O ala Michael Kidd-Gilchrist vem via Draft. Além de já apresentar aquele nome que entra no páreo para  ser o mais cool da liga, ele tem a reputação de ser um jogador muito dedicado e de espírito contagiante, um líder aos 18 anos, mas que ainda precisa evoluir muito no ataque.

Ray Allen e Rashard Lewis

Allen e Lewis podem se reunir em Miami

Miami Heat: o título mal foi comemorado, e Pat Riley quer mais. Como se não já não contasse com um poder de fogo suficiente, o clube conseguiu paparicar e aliciar o veterano Ray Alen, que andava magoado em Boston. E não para por aí: Rashard Lewis e outros veteranos hoje subvalorizados estão na mira.

Orlando Magic: caos. É o que tem pela frente o gerente geral Rob Henningan, de 30 anos, o mais jovem de toda a liga. Mas ele não pode dizer que não sabia o problemão que estava assumindo no mês passado ao migrar de Oklahoma para a Disneylandia. Howard não quer ficar, está se recuperando de cirurgia nas costas e se recusa a assinar com algum time que não se chame Brooklyn Nets, colocando Henningan nas cordas, com pouca mobilidade para buscar um negócio. Acontece que agora o Nets não tem mais espaço em seu teto salarial para recolher alguns contratos indesejados que o Magic quer despejar. A novela se arrasta e ninguém em Orlando aguenta mais. Nem o Ryan Anderson aguentava, e lá vai o ala-pivô para o Hornets, em troca pelo nosso mexicano predileto: Gustavo Ayón.

Washington Wizards: de alguma forma, Ernie Grunfeld conseguiu se manter no poder, mesmo após consecutivas temporadas risíveis (dentro e fora de quadra) do time. Dando continuidade ao processo de reformulação que iniciou já durante a temporada passada, com aquisição de Nenê, o cartola mais uma vez apostou na contratação de veteranos na esperança de já montar um elenco competitivo no próximo campeonato com a chegada de Trevor Ariza e Emeka Okafor. Via draft, chega o promissor Brad Beal, considerado um Ray Allen em potencia. A ver.

Veja o que aconteceu até agora nas Divisões do Atlântico e Central.

Na quinta, passamos a limpo aqui a Conferência Oeste.


Rumo ao Knicks, Kidd e Camby são mais 2 vovôs a cacifar na NBA
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Aos 39 anos, um dia depois do acerto de Steve Nash com o Los Angeles Lakers, Jason Kidd foi mais um veterano a surpreender no mercado da NBA e mudar de clube. Na semana passada, ele chegou a um acordo verbal com o New York Knicks, se desligando do Dallas Mavericks pela segunda vez na carreira.

Os termos do contrato de Kidd ainda não foram divulgados, mas as informações preliminares indicam que seria algo em torno de US$ 9 milhões por três temporadas. Fazendo as contas, ele jogaria até os 42. Camby iria até os 41, já que seu contrato também é de três anos, sendo o terceiro apenas parcialmente garantido.

Jason Kidd

Jason Kidd diz adeus a Dallas

Rapidamente: Kidd vem de sua temporada mais fraca na liga, com as menores médias de minutos, pontos, rebotes e assistências em seu jogo não mais tão dinâmico. Ainda assim, para o Knicks, é uma contratação perspicaz: o armador é extremamente respeitado pela nova geração e leva para a Big Apple uma influência apaziguadora, tentando fazer a ponte entre Amar’e e Carmelo – distância que em alguns momentos do campeonato passado parecia mais larga que o próprio Rio Hudson.

Já Camby se apresenta como um ótimo defensor na reserva de Tyson Chandler, fortalecendo a rotação de garrafão do Knicks com Amar’e Stoudemire. Ele retorna ao clube pelo qual viveu grandes dias na temporada 1999, alcançando a final para surpresa geral, no lugar de Patrick Ewing.

Agora, em termos de um grande cenário, é curioso ver como os vovôs estão lucrando nestas férias. Nash, 38, vai assinar por algo em torno de US$ 27 milhões por três anos. Mesma duração do novo contrato que será firmado entre o Boston Celtics e Kevin Garnett, 36, em vínculo de cerca de US$ 34 milhões. Teve também a ‘traição’ (nas palavras de Jarret Jack, veja bem) de Ray Allen, que trocou o Boston Celtics pelo Miami Heat.

Bela “aposentadoria” para a turma, não? Falta apenas Tim Duncan decidir se segue ou não jogando. Pelo Spurs, óbvio.

Não chega a surpreender. A preparação física, os cuidados alimentares, tratamentos médicos, todo esse conjunto em torno do desenvolvimento atlético dos jogadores só evoluiu nos últimos anos. Quem quiser vai se cuidar. É recomendável que não sejam exigidos por mais de 40 minutos de jogo? Claro. Pode ser que eles quebrem a qualquer jogo? Pode.  Mas, por enquanto, se não há sinal claro que indique isso, os cheques vão sendo cruzados sem controle.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Jason Kidd em sua encarnacão passada.


Ray Allen manda um até breve para Rondo e Boston. Traição?
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Ray Allen, agora do Miami

Houve um dia em que Rajon Rondo e Ray Allen eram inseparáveis. Mentor e pupilo. O veterano teria posto o armador debaixo da asa e contribuído para o desenvolvimento de sua carreira. Desde uma tentativa heróica em melhorar o arremesso do rapaz, até alguns macetes pequenos sobre o jogo e a vida na NBA. Rondo não era necessariamente o mais querido do vestiário de cascudos.

Bem, esse dia não podia estar mais distante agora, ainda mais depois de noticiado o acerto verbal entre Allen e os arquirrivais do Miami Heat.Múltiplas reportagens dão conta de que o relacionamento dos dois companheiros de “backcourt” estava irremediável. O que aconteceu entre eles ainda não é muito claro. Sabe-se que o armador é famigerado como uma figura temperamental, enquanto Allen é conhecido como um sujeito bem sério e durão.

Bajudado por Pat Riley, Alonzo Mourning, LeBron James e Dwyane Wade, ainda ressentido com as negociações em que Danny Ainge tentou envolvê-lo, o ala optou por essa mudança drástica, qualificada como “traição” pelo desbocado Jarret Jack no Twitter. Quem achar que a NBA é só negócio, que o mercado é assim, mesmo, mas vou apelar ao purista que existe dentro de mim e lamentar a decisão do jogador. Só muito rancor, mesmo, contra Rondo ou Ainge para justificar esse tapa na cara, sem pelica, de Paul Pierce, Kevin Garnett e Doc Rivers e ainda aceitar por metade do preço (US$ 9 milhões em três temporadas).

“Estou muito decepcionado. Ele deveria ter ficado. Nós o recrutamos seriamente. Conversamos e foi uma boa conversa”, disse Rivers, que perde seu principal chutador e agora trabalha com Jason Terry e Avery Bradley para a posição.

A contratação leva a crer que Spoelstra e Riley esperam aproveitar LeBron cada vez mais como um ala-pivô. Só assim para sobrar um tempo de quadra aceitável para seu novo reforço. O time da Flórida ainda vai atrás de um pivôzão, ficando extremamente forte. Ai.