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A Copa Intercontinental em 4 textos
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Giancarlo Giampietro

Taças e taças

Taças e taças

Amigos, com certo atraso, mas foi: saíram quatro textos no blog de prévia para a Copa Intercontinental que começa a ser disputada nesta sexta-feira, entre Flamengo e Maccabi Tel Aviv. Para os que entram de gaiato no navio, é o torneio que foi resgatado no ano passado, com grande participação da direção do Pinheiros, para colocar frente a frente o campeão da Liga das Américas com o vencedor da Euroliga, campeonato que comentei no ano passado na íntegra, pelo canal Sports +. No ano passado, deu Olympiakos. Abaixo, o material preparado para o evento:

A Copa Intercontinental em 4 textos

Copa Intercontinental e suas incógnitas: chance para o Flamengo
http://vinteum.blogosfera.uol.com.br/?p=6918

Garimpando: conheça o Maccabi Tel Aviv jogador por jogador
http://vinteum.blogosfera.uol.com.br/?p=7030

Maccabi joga sempre pressionado. Ainda mais de técnico novo
http://vinteum.blogosfera.uol.com.br/?p=7039

Flamengo acerta contratação pontual para o torneio. É válido?
http://vinteum.blogosfera.uol.com.br/?p=6976


Garimpando talentos: conheça o Maccabi jogador por jogador
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Giancarlo Giampietro

Maccabi Tel Aviv 2014-2015

Maccabi Tel Aviv 2014-2015, sem o Baby Shaq grego na foto : (

O Maccabi Tel Aviv tem torcida, grana e um ginásio sensacionais. Um nível de estrutura que nenhum clube brasileiro dedicado ao basquete ainda está perto de atingir. É uma verdadeira potência europeia, mas que vem sofrendo um pouco nas últimas temporadas para sustentar seu status para além da tradição. Leia-se: com resultados.

Mas eles não são os atuais campeões, cara pálida?

Sim, só vão jogar a Copa Intercontinental contra o Flamengo por isso, mesmo. Ta-ta-ta-tum-pá! (Virada imaginária de baterista.)

Agora tenha em mente o seguinte: entre 1999 e 2006, eles ganharam a Euroliga três vezes e só ficaram fora do Final Four em 2003 – o ano em que Anderson Varejão foi campeão pelo Barcelona, aliás. Nos sete campeonatos seguintes, o baque: só terminaram entre os quatro melhores apenas duas vezes, passando em branco, até encerrarem o jejum em 2014.

Pargo foi companheiro de Varejão por alguns meses no Cleveland. Em Maccabi, pode voltar a ser rei

Pargo foi companheiro de Varejão por alguns meses no Cleveland. Em Maccabi, pode voltar a ser rei

Por mais que tenham a tradição e uma base fervorosa, é extremamente complicada a concorrência financeira com outros centros, no que se refere a contratações de grandes estrelas. No elenco que veio ao Rio de Janeiro, não há sequer um atleta que tenha disputado a última Copa do Mundo. Em termos de NBA, apenas o armador Jeremy Pargo jogou por lá, comparando com nove e quatro, respectivamente, do Real Madrid.

Russos e turcos tendem a rapelar o mercado, assim como a dupla Real-Barça, ano após ano. Para se manter com chances no mais alto nível do basquete além das fronteiras da liga americana, então, o time faz ótimo trabalho de prospecção com nomes geralmente  alternativos, que tendem a se destacar lá para depois saírem em busca de um cheque mais vantajoso.  Um processo que voltou a acontecer depois do título europeu, um  fator que inflacionou contação de seus atletas.

Lá se foram as duas figuras instrumentais de seu ataque, a dupla de armadores americanos Tyrese Rice (Kimkhi Moscou) e Ricky Hickman (Fenerbahçe). Depois de fazer péssima primeira fase, Rice cresceu durante o campeonato e se tornou o MVP do Final Four da Euroliga, com atuações espetaculares na semi e na final. É um armador baixinho, mas explosivo, que infernizou a vida dos Sergios do Real. Rodríguez e Llull simplesmente não conseguiram lidar com ele. Já Hickman, depois de uma longa jornada, foi a força criativa mais estável do clube durante todo o campeonato, também criando muito a partir do drible.

Outro que saiu foi o pivô Shawn James, que ficou fora praticamente de toda a temporada por conta de uma cirurgia nas costas, mas era o principal defensor da equipe quando em forma – excepcional na cobertura vindo do lado contrário. Ele migrou para o Olimpia Milano. Já o versátil ala australiano Joe Ingles, depois de anos de namoro com a NBA, foi para o altar com o Los Angeles Clippers.

A lista segue. Podem somar também mais duas baixas, digamos, casuais. O veterano ala-pivô David Blu, outro atleta decisivo para o título europeu, tendo anotado 29 pontos nos dois jogos do Final Four, com 53,8% nas bolas de três, se aposentou. Além de gatilho, Blu era um dos líderes da equipe, de tantos troféus que conquistou por lá. Já o pivô Sofoklis Schortsanitis, única referência de garrafão da equipe, está afastado das quadras devido a um glaucoma – um alívio para os flamenguistas, especialmente seus pivôs, que já não precisam estocar analgésicos em casa, mas uma pena para o público em geral, que perde a chance de ver na arena um dos jogadores mais singulares do basquete mundial.

Rice, de bandana, já se foi, assim como Ingles (d). Tyus (e) ficou

Rice, de bandana, já se foi, assim como Ingles (d). Tyus (e) ficou

Então quem sobrou? E quem chegou?

Seguem então alguns breves comentários sobre os atletas do Maccabi:

Jeremy Pargo ocupa a vaga aberta por Rice, jogador com o qual compartilha uma característica: muito explosivo, com corte para os dois lados, difícil de ser contido atacando a cesta. Quando quebra a primeira linha defensiva, tende a criar um salseiro rumo ao garrafão – e o ataque do Maccabi depende muito disso, para que seus arremessadores sejam liberados. Destaque da universidade de Gonzaga, volta ao clube pelo qual viveu sua melhor fase, em 2010-11, ano em que foi vice-campeão da Euroliga. Depois daquela campanha, conseguiu exposição e tentou mais uma vez a NBA. Ganhou um contrato garantido do Memphis Grizzlies, mas foi pouco aproveitado como reserva de Mike Conley. Acabou trocado para o Cleveland, que o dispensou em janeiro de 2013. Passou brevemente pelo Philadelphia 76ers sem ganhar destaque. Sua velocidade e capacidade atlética acabam fazendo a diferença mais na Europa, mesmo. Recebeu, então, uma  oferta de quatro milhões de euros do CSKA. Concorrendo com Milos Teodosic e Aaron Jackson, porém, não teve o sucesso esperado e foi liberado para retornar a Israel na tentativa de reencontrar a satisfação em quadra. Vai ser um páreo bem duro para Laprovíttola e Gegê.

Ohayon, canhoto e maroto

Ohayon, canhoto e maroto

Yogev Ohayon é um dos poucos jogadores israelenses do elenco do Maccabi que efetivamente entra em quadra (sem contar os americanos naturalizados, tá?). E o armador é um personagem muito importante para o time, dando estabilidade, cadência ao time, envolvendo todos no ataque, quando necessário conter um pouco a loucura dos armador americano arrojado da vez.   Só não pensem nele como um jogador molenga. Inteligente e oportunista, quando você menos espera, lá está o armador partindo para a bandeja.

Guy Pnini é o outro israelense que vai jogar de modo regular contra o Flamengo. Pode ser que seja anunciado como ala-pivô, “jogador da posição 4” no jogo desta sexta, mas não tem nada disso (média de 1,6 rebote na carreira de Euroliga, gente). Pnini joga aberto o tempo todo: é excelente arremessador de três pontos, não importando a distância, e precisa ser contestado. É obrigatória a contestação, na verdade, especialmente quando ele está de frente para a tabela.  Dificilmente vai entrar no garrafão se for obrigado a fazer a finta, preferindo um tiro em flutuação. Tem pouca presença física, mas é bastante intenso e um dos líderes do time.

Sylven Landesberg: um ala americano que jogou com Jerome Meyinsse na universidade de Virginia. Bastante atlético, forte, de batida firme para a cesta (mas em linhas retas, sem muita criatividade ou ‘eurostep’). Foi aproveitado apenas de modo pontual por Blatt nas últimas duas temporadas, mas que, nas poucas vezes que recebia uma chance real, mostrava que tinha jogo. A prova disso é que tem produzido bastante nesta pré-temporada, aproveitando a saída de Ingles. Sua mão pegando fogo:

Devin Smith: é um jogador discreto que, ironicamente, fez uma das cestas mais espetaculares da Euroliga passada (veja abaixo). No geral, o valor de Smith está muito mais em sua consistência. Nem sempre quando se fala em “jogador regular”, isso quer dizer que seja fraco. Bom arremessador da zona morta, jogando bastante aberto, sendo mais um chutador espaçando a quadra para Pargo. Do outro lado, também um ótimo reboteiro defensivo – é ele que se aproxima mais dos pivôs, para compensar a fragilidade de Pnini. Parte para sua quinta temporada de Maccabi.

Alex Tyus: o que o Big Sofo tem de pesado, Tyus tem de atlético. Um pivô baixo, mas de muita impulsão, que adora completar uma ponte aérea por trás da última linha defensiva. Castiga o aro também em rebotes ofensivos. No ano passado, sua combinação no pick-and-roll com Rice foi mortal. Quando não saía a assistência, ele atacava a tabela em busca de uma eventual rebarba após a conclusão do armador. A defesa flamenguista como um todo vai ter de ficar muito atenta ao bloqueio de rebote em cima do americano formado pela universidade da Flórida. E esse bloqueio precisa acontecer bem antes de sua aproximação da cesta, devido a sua capacidade atlética. Na defesa, Tyus também ajudou muito David Blatt desde o afastamento de Shawn James.

Aleks Maric: nunca foi o pivô de maior mobilidade no mercado – nem mesmo no auge Partizan em 2009-10 –, e sua movimentação ainda mais comprometida na temporada passada pelo Lokomotiv Kuban, devido a uma lesão no joelho. É muito grande, porém, e cria problemas na tábua ofensiva. Já que o Flamengo contratou Derrick Caracter, sua presença será mais necessária quando o australiano estiver em quadra. Do outro lado, deve ser explorado em jogadas de dupla – seria ideal que o Fla forçasse uma troca de defensores, para que Laprovíttola partisse para o ataque contra o grandalhão. É o tipo de jogador que faltava no elenco do Maccabi do ano passado, de maior estatura, mas só foi contratado devido ao glaucoma que tirou Schortsanitis de ação neste início de campanha. O vínculo até dezembro, com possibilidade de renovação.

(Para constar, com o corte do Big Sofo, o Baby Shaq, o flamenguista ficará sem ver um dos jogadores mais singulares do basquete internacional. É como se ele fosse uma versão grega, bem mais baixa, mas mais larga do Sidão, ex-Mogi. Um terror no pick and roll, por razões óbvias, e também nas mais simples jogadas de costas para a cesta. Falta ao pivô condicionamento físico, claro, de modo que ele só pode ser aproveitado em curtos intervalos durante uma partida, nos quais vira referência obrigatória do ataque do time. Bola nele, pancada na sequiencia, perigando carregar os adversários de falta.)

Haynes, agora no Maccabi, não foi muito bem na última Euroliga

Haynes, agora no Maccabi, não foi muito bem na última Euroliga

Sinceramente, dos americanos recém-contratados pelo Maccabi, só vi um deles jogar, e muito pouco: o armador MarQuez Haynes, ex-Olimpia Milano e Montepaschi Siena. Ele cobre a vaga aberta por Hickman, embora tenha o jogo bem mais acelerado e agressivo, mais similar ao que Pargo e Rice fazem. Hickman batia para a cesta muitas vezes também, mas usando mais a malandragem e movimentos de hesitação do que a quinta marcha. Na Euroliga passada, jogou a primeira fase pelo Milano, mas com tempo de quadra muito restrito, atrás dos compatriotas Keith Langord e Curtis Jerrells (caras mais bem valorizados e com maior experiência em alto nível no basquete europeu). Foi dispensado e assinou com o Siena, pelo qual se soltou. Na Lega Basket, anotou mais de 14 pontos por partida. Só me chama a atenção o fraco aproveitamento de três pontos quando jogou pela Euroliga ou pela Eurocup, ficando abaixo dos 30% nos últimos dois anos.

Os outros dois reforços significativos são Brian Randle e Nate Linhart. Randle é um ala-pivô que está em Israel há um bom tempo, desde 2008, e só agora chega ao time de Tel Aviv. Foi eleito em duas ocasiões o melhor defensor da concorrida liga israelense, incluindo a edição passada, pelo Maccabi Haifa. Segundo consta, é um atleta de primeiro nível, mas está se recuperando de uma lesão muscular.

Linhart foi revelado pela universidade de Akron, terra de LeBron, e está na Europa há três anos. Foram dois na Alemanha e o último na Itália, pelo Venezia. De acordo com a descrição do Maccabi, chega ao elenco para fazer um pouco de tudo no perímetro: “Linhart é um ala muito inteligente, que também pode jogar como guard. Ele é um jogador cheio de energia, que pode ler a defesa e criar oportunidades para si e seus companheiros de equipe. Linhart é um verdadeiro jogador de equipe, que ajuda aqueles que melhora aqueles que estão ao seu lado e para quem o sucesso da equipe é a prioridade número um. Um bom e estável arremessador e estável de três, com média de 40% os últimos dois anos”. Agora é ver como ele vai se comportar num time com muito mais cobrança, enfrentando competição bem mais qualificada.


Maccabi joga sempre pressionado. Ainda mais sem Blatt
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Giancarlo Giampietro

Goodes deixa a sombra de Blatt num Maccabi reconfigurado

Goodes deixa a sombra de Blatt num Maccabi reconfigurado

Conforme dito já em toda a Internet, o Maccabi Tetl Aviv que enfrenta o Flamengo no Rio de Janeiro é bem diferente, em termos de nomes, daquele que foi campeão da Euroliga em Milão, em maio. Na troca de temporada, o clube israelense perdeu muitos de seus principais jogadores. Mas a grande mudança, mesmo, diz respeito ao seu comando técnico. Guy Goodes tem a missão ingrata de substituir um David Blatt que foi a grande força por trás de sua histórica e suada conquista e agora vai conversar bastante com LeBron James e Kevin Love em Cleveland.

Podem dizer que técnico não joga, mas Blatt é daqueles que faz a diferença, sim. Extremamente versátil, consegue tirar o máximo do grupo que tem ao seu dispor, adaptando seu jogo ao que seus atletas podem oferecer. “Há duas escolas de pensamento para técnicos, e nenhuma está mais certa que a outra. Há técnicos que têm o seu sistema e vão usá-lo, independentemente da montagem de seu time. E há técnicos que se adaptam, que pegam seu elenco, e jogam de acordo com suas habilidades. Sou mais dessa escola adaptável, com alguns princípios que são consistentes durante a minha carreira”, afirmou a Zach Lowe, do Grantland.

Para quem acopanhou o Maccabi na temporada passada, isso ficou bem claro. Blatt não só aplicava sua tática de acordo com o que tinha em mãos, como também o time era maleável bastante para alterar completamente seu estilo de um jogo para o outro, ou mesmo dentro de um jogo, dependendo do adversário, da fase dos atletas e se Schortsanitis estava em ação.

Baby Shaq grego era a única referência ofensiva, com jogo de costas para a cesta, do elenco do Maccabi 2013-14. Não joga contra o Flamengo

Baby Shaq grego era a única referência ofensiva, com jogo de costas para a cesta, do elenco do Maccabi 2013-14. Não joga contra o Flamengo

No time que derrotou o Real na decisão europeia, dos que foram para quadra, só mesmo o Baby Shaq grego tinha mais de 2,03 m de altura (oficiais 2,06 m, vamos dizer assim), e foi por menos de 10 minutos num jogo de prorrogação. Vimos um Maccabi correndo contra quem podia correr, um time de jogo mais lento quando não conseguia aguentar o pique, protegendo bem sua cesta mesmo sem estatura, alternando defesa pressionada com zonas simples ou mistas para desestabilizar o adversário, mas sempre povoando o garrafão.

De novo: era um time muito interessante, mas limitado, que tinha de se virar como dava – em termos de talento, no papel, seu elenco estava bem abaixo de seus concorrentes do Final Four. Foi um time que perdeu, por exemplo, seis de 14 jogos na fase Top 16, na qual ficou sob séria ameaça de eliminação, até garantir sua vaga nas quartas de final com uma vitória sobre o Bayern de Munique na penúltima rodada. Antes desse triunfo sobre o Bayern, acreditem: o próprio Blatt teve de encarar entrevistas coletivas em que  sua demissão era cogitada. Pasme.

Uma vez classificado para as quartas, porém, o time decolou, vencendo cinco dos próximos seis jogos. O turning point foi uma vitória dramática, na prorrogação, sobre o Olimpia Milano, em Milão, na abertura dos mata-matas. O time virou um jogo impossível, uma reação daquelas digna de Maccabi Tel Aviv, que o presidente Shimon Mizrahi, uma figuraça, vai contar para os bisnetos.

Em termos de talento, seu elenco estava bem abaixo se comparado com o da maioria das equipes classificadas para as quartas de final do torneio europeu. No Final Four, então, era claramente um azarão. Ainda assim, os caras derrotaram o CSKA Moscou num jogo parelho pela semifinal e, depois, derrubaram a máquina de se jogar basquete do Real Madrid na decisão. Mas é isso, né? O tipo de coisa que pode acontecer em jogos decisivos, ainda mais se em confrontos solitários. Um time competitivo engrenar, começar a acreditar e, pumba, realizar sua missão-na-terra. São justos, legítimos campeões, mas o próprio Blatt foi o primeiro a dizer que, num sistema de playoff, dificilmente ele e seus rapazes teriam chegado lá. Talvez estivesse subestimando suas próprias habilidades como estrategista e líder.

David Blatt saiu nos braços do povo

David Blatt saiu nos braços do povo

Blatt construiu um currículo e uma reputação que o empurravam para outra direção. Enfim, as portas da NBA foram abertas para ele, recebendo uma proposta generosa do gerente geral do Cleveland Cavaliers, David Griffin, que teve o apoio inesperado do intempestivo proprietário Dan Gilbert, que preferia um John Calipari. Poucos em Israel puderam acreditar. Não que ele não merecesse. É que não estavam preparados para que ele ‘já’ saísse após seu tão sonhado primeiro título de Euroliga. Havia apenas especulações de propostas para assistente, algo que não necessariamente seria atraente para alguém com seu status, e aí chegou o Cavs, pré-Retorno de LeBron, interessado. Pronto.

Cabe a Guy Goodes, então, assumir essa bronca. Pelo menos o treinador de 43 anos sabe muito bem da responsabilidade. São 15 anos de clube. Já integrou a comissão técnica do Maccabi por seis temporadas – entre 2006 e 2008 e também as última quatro como braço direito de Blatt. Não obstante, também jogou pelo time de 1990 a 1998. Agora assume o cargo principal, sem muita experiência, porém, nessa função. Entre uma passagem e outra como assistente, dirigiu o Hapoel Jerusalem, e só.

Como faz, então, agora que está no comando? “No papel há muitas diferenças entre os dois treinadores, mas também há várias semelhanças. Goodes aplicou no time muito da filosofia de Blatt como também a sua. Ainda assim, Blatt é conhecido por ser um treinador de espírito defensivo que se empenha em limitar os oponentes a 70 pontos por jogo. Goodes é o oposto. Ele ama o basquete veloz, com passes rápidos. Durante a pré-temporada, o Maccabi por duas vezes anotou 106 pontos e 109 em outra”, afirmou o jornalista israelense David Pick, um carrapato do Maccabi, ao Mondo Basquete.

Goodes estuda o Flamengo no tempo que dá. Crédito: David Pick

Goodes estuda o Flamengo no tempo que dá. Crédito: David Pick

É importante dizer que, mesmo que o elenco israelense tenha sido sacudido, o perfil dos atletas foi mantido. Vale destacar o retorno de Jeremy Pargo para a vaga de Rice e a aposta em MarQuez Haynes para o lugar de Hickman. Curioso como o clube realmente foi atrás de jogadores de características muito semelhantes, mesmo. Com os dois em quadra, já se pode esperar muita velocidade. Em situações de meia quadra, preparem-se para o uso e abuso do jogo de pick-and-rolls e pick-and-pops e até mesmo muitas jogadas no mano a mano, explorando a habilidade dos recém-contratados e a presença de muitos arremessadores ao redor deles, com o pivô Alex Tyus representando uma das poucas ameaças no corte para a cesta, fora da bola (fora, isto é, das mãos dos armadores americanos). Brian Randle, bastante atlético, mas voltando de uma lesão muscular, também precisa ser vigiado nessas – se for para o jogo, mesmo.

O time segue muito baixo, com apenas três jogadores acima de 2,05 m – quando, na real, era para ser apenas um. Explico: Alex Maric, de 2,11 m e muita presença física no garrafão, só foi contratado para quebrar o galho enquanto Sofoklis Schortsanitis se recupera de sua operação devido a um glaucoma. O terceiro é o pivô americano Jake Cohen, de 2,08m, que foi contratado no ano passado ao sair da universidade de Davidson. Ainda é um projeto, tendo sido emprestado para o Maccabi Rishon Lezion. Nesta temporada, deve ficar no clube principal, com o qual tem contrato por mais três temporadas, mas sem muito tempo de jogo.

Maric é um sujeito alto, forte, mas que já viveu dias melhores: único poste a desafiar o Fla nesta final

Maric é um sujeito alto, forte, mas que já viveu dias melhores: único poste a desafiar o Fla nesta final

É de se imaginar confrontos de ritmo acelerado em que um atleta lento como o australiano Maric não deve ter espaço – a não ser que o Flamengo não consiga defendê-lo. Como destacou David Pick, o Maccabi tem corrido bastante em seus jogos de pré-temporada, com média incomum de 93,5 pontos em seis partidas disputas na pré-temporada até aqui. Se essa proposta for mantida, for dominante, é algo que favorece o Flamengo, que também gosta de sair em transição, com atletas como Marquinhos, Benite, Laprovíttola, Meyinsse, Gegê, Felício etc. Estão preparados para isso.

Agora, é preciso ver se o novo treinador é um cara de uma cartada só ou se aprendeu com Blatt a se moldar também de acordo com o que jogo oferece, com as facilidades sugeridas e dificuldades impostas pelo adversário. Na pré-temporada, vem com cinco vitórias e apenas uma derrota justamente pela final da Copa da liga israelense, já valendo como partida oficial. Perderam para o Hapoel Jersualem, por 81 a 78.

Sofrer mais um revés em uma decisão seria péssimo para Goodes em seu início de trabalho numa instituição em que a pressão por resultados é gigantesca e pode afetar até uma lenda viva como Blatt. O ex-assistente e o clube ainda não estão preparados para mais mudanças em sua estrutura. Mas o Flamengo não está aí para dar uma forcinha.


Copa Intercontinental e suas incógnitas: chance para o Flamengo
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Giancarlo Giampietro

Copa Intercontinental 2014, Fiba, Flamengo, Maccabi

É difícil dizer qual é o Maccabi Tel Aviv que enfrenta o Flamengo neste final de semana pela Copa Intercontinental, no Rio de Janeiro. Porque já era muito complicado definir qual era a equipe que havia conquistado a Euroliga da temporada passada, com sua formação camaleônica, irregular, que acabou surpreendendo ao ser campeão continental. Você soma aí o fato de que eles trocaram de técnico, perdendo o genial David Blatt, e mudaram mais da metade de seu elenco, e os jogos desta sexta-feira e domingo ganham um aura de incógnita.

É um clima bem diferente da decisão do torneio de 2013, no qual o Olympiakos aparecia como amplo favorito. Isso tinha muito a ver com a consistência do clube grego, que havia conquistado dois títulos europeus seguidos e também contava com Vassilis Spanoulis, um cara que obviamente estava um degrau acima dos demais atletas em quadra.

Em termos de acúmulo de resultados positivos, dessa vez é o Flamengo que chega embalado, vindo de dois NBBs e sua primeira Liga das Américas – me desculpem, mas não dá para incluir aqui os recordes recentes do estadual, a despeito da tradição do torneio. O difícil é traduzir o jogo de cá com o de lá: o quanto um Fla dominante no Brasil e, por um ano, nas Américas é poderoso para enfrentar um campeão europeu meio acidentado. Um campeão justo, é verdade, porque levou a melhor em quadra – mas que definitivamente não foi o melhor time europeu de 2013-2014

Você jamais pode subestimá-lo – e certamente o Flamengo não vai correr esse risco. Eles têm camisa, história, com seis títulos continentais, uma base de torcedores das mais entusiasmadas do mundo todo. Então é claro que o time de José Neto vai respeitar seu adversário, e bastante. Só, acredito, não precisa se colocar em situação de inferioridade. Estivessem o Real Madrid ou o Barcelona do outro lado, aí a coisa mudaria de figura – estes, sim, os times com melhor campanha na Euroliga, até o Final Four.

Para comparar, durante a temporada regular (primeira fase e Top 16 somadas aqui), a agremiação israelense teve 16 vitórias e 8 derrotas, contra 21 e 3 do Real e 19 e 5 do Barça – sendo que o time de Huertas bateu de frente com Fenerbahçe e  CSKA pela etapa inicial e, depois, ainda precisou lidar com Fener, Olympiakos, Panathinaikos, Olimpia Milano por um grupo duríssimo. Além do mais, o próprio Blatt admitiu que, num confronto de playoff, sua equipe dificilmente teria derrubado o Real, ou até mesmo o CSKA. Em um jogos únicos, porém, foi uma tarefa plausível, graças em muito ao seu domínio do tabuleiro.

Para considerar também: os dois adversários chegam ao confronto em fase inicial de preparação. É apenas a pré-temporada. Os rubro-negros, nesse sentido, levam a vantagem de terem uma base muito mais bem entrosada. Um craque como Walter Herrmann, já mais velho, mas ainda de uma categoria acima da média, foi adicionado, e deve ser peça fundamental da equipe. Derrick Caracter é outra história, aqui discutida. De resto, a rotação está intacta. Já o seu adversário realmente passou por uma reformulação drástica em seu plantel, algo que sempre pode acontecer, mas não estava nos planos.

O Maccabi é bem mais vulnerável do que o título de campeão europeu pode sugerir. Não quer dizer que seja fraco, ok? Longe disso. Mas a expectativa é de um confronto muito interessante, desde que os flamenguistas estejam fazendo a lição de casa direitinho.


Flamengo acerta contratação pontual. Vale a pena?
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Giancarlo Giampietro

Caracter chegou nesta quarta. Fla espera que com bagagem de soluções

Caracter chegou nesta quarta. Fla espera que com bagagem de soluções

Em 1997, o Cruzeiro se preparava para um dos maiores desafios de sua história: jogar a Copa Intercontinental/Mundial de clubes contra o Borussia Dortmund, depois de fazer bela campanha na Copa Libertadores. O time tinha uma forte base, que não era necessariamente brilhante, mas possuía figuras talentosas como o meia Palhinha, o centroavante Marcelo Ramos e o goleiro Dida.

Antes de mais nada, peço um pouco de paciência, antes do ataque: “Até aqui você vai ficar falando de futebol?! Santa monocultura!”

É que a gente pode ligar esse jogo de 17 anos atrás com outra Copa Intercontinental, a de basquete, que será disputada entre Flamengo e Maccabi Tel Aviv a partir desta sexta-feira, com o primeiro jogo no Rio. A segunda e decisiva partida será no domingo, na capital fluminense. E qual seria o link entre coisas tão absurdamente distintas?

Bebeto foi um dos que chegaram ao Cruzeiro de última hora em 1997. Um causo alarmante

Bebeto foi um dos que chegaram ao Cruzeiro de última hora em 1997. Um causo alarmante

Antes de encarar o Dortmund, o clube mineiro fez quatro contratações exclusivamente para aquela decisão, algo que aprendemos a chamar de contratações “pontuais”: o lateral Alberto, o zagueiro Gonçalves e os atacantes Bebeto e Donizete Pantera. O Fla apelou nesta semana ao mesmo expediente: acertou com o pivô Derrick Caracter para reforçar seu garrafão para desafiar o Maccabi – e também para os amistosos nos Estados Unidos contra a galera da NBA.

Antes de falar de Caracter e do Fla, é preciso lembrar o que se passou com a Raposa depois de sua cartada, com o perdão do amigo cruzeirense, que não precisava de revisitar essa história num momento em que seu time está voando no Brasileirão. Naquela ocasião, o tiro saiu pela culatra, numa derrota por 2 a 0 em que os alemães foram bem superiores. Diante daquela situação inusitada, sobrou, claro, para os caras que chegaram de última hora.

“A culpa não era deles. Se você é chamado para o Mundial, não vai? É claro que vai. Mas a vaidade no futebol é muito grande. Os jogadores vinham falar comigo, chateados. Tive que conversar muito. Não vou dizer nomes, mas começamos a discutir premiação para o título, algo que sempre é feito antes da partida, e um dos contratados falou que deveríamos deixar para depois. O cara pegou o dinheiro (da contratação) na mão e não queria discutir premiação? Era um dinheiro importante para caramba para as famílias. Mais tarde, depois daquela final, conversei com o presidente, com quem fiz amizade, e ele disse que voltaria atrás se pudesse”, afirmou o meio-campista Cleisson ao GloboEsporte.com.

“Não participar do Mundial foi a maior tristeza que eu tive na minha carreira. Foi uma decisão que achei injusta. Na época, fui conversar com o presidente Zezé Perrella a respeito dessa situação, não só comigo, mas também com outros jogadores. O Zezé (Perrella) apenas disse que a decisão era do treinador e não poderia fazer nada”, relembra Gottardo, ao SuperEsportes.com.br, acrescentando que inclusive pediu ao presidente para ser negociado.

“Era uma situação complicada, sabíamos da qualidade deles. Havia uma cobrança dos jogadores que ficaram fora e da imprensa em cima do presidente, mas isso faz parte”, completa o lateral Vitor, ao FoxSports.com.br.

Deu para entender, né? Com a turbulência que as mudanças geraram – o capitão da Libertadores, Wilson Gottardo, por exemplo, foi cortado da delegação que viajou ao Japão –, o Cruzeiro já meio que havia perdido a final antes mesmo de disputá-la.

Então tá: ponto.

O flamenguista mais doente já pode estar salivando, achando que o blog está jogando praga para cima do elenco rubro-negro. Não é bem assim. Só foi o primeiro caso que bateu na telha ao lembrar de contratações pontuais como a de Caracter. Se alguém tiver algo mais emblemático e positivo que esse, favor compartilhar. Além do mais, podemos alegar que uma coisa é contratar quatro jogadores num pacote e outra, trazer um só atleta para reforçar uma posição considerada carente. Mas não há como fugir desse questionamento.

Caracater, cestinha talentoso, com algumas questões comportamentais no meio do caminho. Jogou 41 partidas, com média de 5 minutos

Caracater, cestinha talentoso, com algumas questões comportamentais no meio do caminho. Jogou 41 partidas, com média de 5 minutos

Não dá para saber como o elenco de José Neto vai reagir a uma situação dessas – e nem como o pivô vai se comportar. Ênfase em “comportar”, porque cabe outra ressalva: uma boa alma vai dizer que você não deve julgar ninguém pelos erros do passado, que se deve dar uma segunda chance, mas há uma razão triste para explicar como alguém que já foi considerado um dos maiores talentos de sua geração nos Estados Unidos estava disponível no mercado, para um acerto pouco usual destes. Como os americanos gostam de dizer, o jogador tem “bagagem”.

Na universidade, deu um trabalhão danado para os técnicos de Louisville, sendo obrigado a pedir transferência para Texas El-Paso. Ainda assim, foi selecionado pelo Lakers na segunda rodada do Draft de 2010, na 58ª/antepenúltima posição. Já como profissional, foi preso por ter agredido uma garçonete – um raro caso de problema com a polícia, diga-se; antes, sua ficha de advertências estavam limitadas a problemas de notas e de disciplina “esportiva”. Desde então, foi dispensado pelo time californiano, perambulou por aí, entre Europa e D-League, tendo jogado a última temporada pelo Idaho Stampede (veja suas estatísticas).

Três anos depois de sua prisão em Nova Orleans, Caracter desembarcou no Rio apenas nesta quarta-feira, praticamente junto dos caras do Maccabi, mal tendo tempo de treinar com seus novos companheiros.  Caracter supostamente chega para deixar o Flamengo mais competitivo. Está dentro das regras, sim, mas o quão válido, legítimo é o processo? Qual caminho você prefere: jogar todas as cartas possíveis e tentar de tudo numa grande vitrine dessas, jogando por um título que seria mais que formidável para o clube e o basquete brasileiro, ou ir para a quadra com o que você tem (de verdade), que, aliás, já é um grande time de basquete?

A segunda alternativa, parece, seria a ideal. Mas dá para entender também quem abrace sem pestanejar – pensando de modo pragmático e na importância que têm a Copa Intercontinental e os jogos nos Estados Unidos. Agora só resta saber o quanto Caracter pode contribuir de fato para uma equipe que mal conhece. Aliás, não está nem muito claro o quanto o técnico José Neto e os demais atletas sabem sobre o pivô também. Justamente quando o entrosamento seria um dos grandes trunfos para os rubro-negros em relação ao seu concorrente.

O UOL Esporte acabou de publicar um texto que nos conta os bastidores da contratação. O Flamengo sondou mais de dez nomes no mercado internacional, numa procura meio desesperada até, com dificuldade para fechar: os atletas consultados queriam contrato por uma temporada, obviamente. No fim, o agente Marcelo Maffia, que trabalha com Tiago Splitter, Rafael Hettsheimeir, Rafael Luz, entre outros muitos talentos brasileiros, ajudou a intermediar o negócio.

“Foi uma correria louca para viabilizar a vinda dele. Faz 24 anos que trabalho com basquete e nunca vivi uma situação destas. As conversas começaram no meio da semana passada. Aí tivemos de arrumar o visto rapidamente, o que conseguimos no consulado lá em Miami, tanto que ele chegou apenas na quarta-feira. Ele praticamente não treinará com a equipe. É um grande incógnita o que ele poderá fazer”, afirmou o empresário. “Só o conheço pelas estatísticas e por vídeos. Não sei se é a melhor ou pior opção para o Flamengo. Era a que tinha no momento. Claro que é um grande risco, mas talvez possa fazer o que se espere dele.”

E o que o técnico Neto espera do americano? “Trouxemos para ter uma opção a mais no nosso jogo interior. Ele chega para somar e trazer muita força ao nosso garrafão. O time do Maccabi é forte, usa bem os pivôs e precisamos conter isso. Precisávamos de mais força na marcação e no rebote. A ideia é que ele cumpra bem esse papel. Além disso, contamos com ele para pontuar no ataque também”, afirmou.

(Só uma observação, de quem acompanhou a temporada da Euroliga inteira no ano passado: o time israelense tem jogo interior, sim, mas ele decorre muito mais das infiltrações de seus armadores do que em bolinhas pingadas no garrafão. Ainda mais com Sofoklis Schortsanitis fora de combate, devido a um glaucoma. Vários destaques da campanha europeia saíram, eles trocaram de técnico, mas, a julgar pelo perfil de seus substitutos, essa proposta não se alterou tanto assim. Mais sobre isso nesta sexta-feira…)

(A segunda observação: Caracter sempre foi conhecido como um pivô muito forte e habilidoso, mas especialmente para questões ofensivas, com jogo de pés criativo, que funciona de costas para a cesta. É pesado, mas surpreendentemente ágil. Ambas as munhecas são bastante eficazes para a conclusão próxima ao aro. Sua capacidade como defensor, porém, não era das mais elogiadas. Pode ter melhorado com o passar dos anos, a conferir. É, de toda maneira, alguém muito vigoroso, mesmo, que vai ocupar espaço e trombar.)

Caracter, então, precisa dar uma força para Jerome Meyinsse, Olivinha e Walter Herrmann no combate com os pivôs do Maccabi.

Mas e o Felício?

Aparentemente, se Caracter corresponder às expectativas, o garotão vai dançar nessa.

Felício, 22 anos, promissor e quinto homem na rotação flamenguista em grandes jogos?

Felício, 22 anos, promissor e quinto homem na rotação flamenguista em grandes jogos?

Felício ainda é jovem, tem muito o que aprimorar em termos de técnica, mas fisicamente você não vai achar tantos jogadores mais imponentes. Além do mais, é jovem, mas já não é mais um adolescente – chega uma hora em que vai ter de produzir e competir com os marmanjos, o tempo começa a correr. Com a saída de um veterano como Shilton, figura importantíssima na conquista do último NBB, esperava-se mais Cristiano em ação, depois de o pivô ter jogado apenas 13 minutos em média na temporada passada. Nos playoffs, quando a coisa aperta, o tempo de quadra ainda foi reduzido para 8 minutos por partida. Na Liga das Américas, 99 minutos em oito partidas. Aparentemente, ainda não será desta vez.

Isso também nos leva a alguns pontos preocupantes. Estamos falando  de uma das maiores promessas brasileiras, um pivô de enorme potencial, reconhecido por Rubén Magnano, pelos olheiros da NBA (ainda que não tenha sido escolhido no último Draft, causou ótima impressão durante o Eurocamp de Treviso) e tudo o mais.  Nas palavras de Neto, o americano chega para contribuir especialmente com rebote e defesa. O pivô brasileiro ainda não estaria preparado para isso? Não seria saudável dar um voto de confiança? Qualquer minuto disputado contra o Maccabi e a turma da NBA seria muito mais importante para o desenvolvimento do atleta do que usá-lo, a essa altura da carreira, na LDB para ele somar 22 pontos e 20 rebotes numa partida.

Por outro lado, entra na mesma questão: o Flamengo não vai disputar um troféu qualquer. O time quer ser campeão mundial, então talvez não seja o momento de falar em lapidação de um atleta.  Como time de ponta nacional, ainda se reestruturando como clube, o Fla hoje difere muito de um Pinheiros, por exemplo: suas metas estão basicamente voltadas para o adulto. Ainda não há um fluxo de continuidade em seu departamento de basquete. Sem ironias: talvez não faça muito sentido, mesmo, pensar no aprimoramento de um talento como o de Felício. Eles jogam para agora, e não custa lembrar: o pivô não é nem mesmo uma cria da base rubro-negra, não foi alguém trabalhado por anos e anos na Gávea. Saiu do Minas para os Estados Unidos e voltou contratado.

Da mesma forma que o clube acertou com Caracter agora.

Que fique claro: essa é uma crítica pontual a uma contratação pontual, que se explica, mas, ao meu ver, é exagerada. Sobre o time rubro-negro em si, não há muito o que contestar depois de entupir sua sala de troféus  nos últimos anos. A essa altura, todavia, pode ser que 85% dos basqueteiros flamenguistas que tenham aberto acidentalmente esse artigo já tenham parado na metade, talvez pês da vida. Eles querem mais é que o Caracter e o Flamengo contrariem tudo isso e façam valer a aposta.

E que, de repente, a gente fique apenas falando de futebol, mesmo.


Copa Intercontinental: qual deveria ser o legado após título do Olympiacos?
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Giancarlo Giampietro

Spanoulis = craque

Com tanto evento chegando por aí, o termo “legado” entrou firme na pauta de qualquer jornal brasileiro nos últimos anos. Ao final da Copa Intercontinental de basquete em Barueri, o vocábulo também pode ser abraçado pelo basquete de cá, em pelo menos duas cruciais acepções para o desenvolvimento da modalidade.

Em termos de estrutura, o empenho e o lado visionário da diretoria do Pinheiros, sonhando alto, foi vital para que este torneio, que não era disputado há 26 anos, voltasse ao calendário da Fiba, por uma temporada que seja. Uma edição em 2014 não está garantida, embora dirigentes americanos e da Euroliga tenham ficado bastante satisfeitos com a organização e falem em até mesmo incluir campeões de outros continentes no páreo. Vai saber – seria, fato, uma semente plantada em solo fértil brasileiro, com a contribuição da trupe da LNB.

Tirando uma única pane em um dos placares neste domingo – reparada num instante –, tudo funcionou nos trinques no Ginásio José Corrêa. Acesso fácil via Castelo Branco ou de trem. Área ampla para estacionamento (e de graça, sem nem mesmo a famigerada classe dos flanelinhas dar as caras para atrapalhar). Quadra de alto nível, ginásio meio cheio (literalmente), público diversificado (sem ser exclusivamente basqueteiro). Paulo Bassul correndo de um lado para o outro. Um timaço de primeiríssimo nível em visita especial. Dá para fazer, até mesmo sem ajudinha nenhuma de qualquer grande conglomerado de comunicações nacional ou internacional. Basta abordar qualquer meta passo a passo, de modo profissional, sério. Alô, CBB.

(Por falar neles, Carlos Nunes compareceu nas duas partidas, nos brindando com uma anedota: 1) sentou-se lado a lado de Gerasime Bozikis, com quem disputou a última eleição da entidade. Ou foi muito sangue frio, ou temos hoje o caso de um ex-aliado-ex-rival-atual-coleguinha-de-pipoca para o presidente Carlinhos. Hortência também estava lá, bastante aplaudida na sexta. Guilherme Giovannoni fez a viagem de Brasília para o Sudeste também, no único atleta em atividade anunciado pelo sistema de som do ginásio. O diretor de seleções Vanderlei deu as caras, mas Rubén Magnano, não.)

Ginásio José Corrêa, que não é o Correão

Um lado totalmente cheio, o outro vazio. Mas um evento agradável em Barueri

Do ponto de vista técnico, os pinheirenses certamente vão se apresentar para treinar na segunda ou terça-feira com o peito estufado, com o discurso de que enfrentaram o Olympiacos de igual para igual – e, do ponto de vista psicológico, vale tudo. Uma meia verdade. Neste domingo, até equilibraram o primeiro tempo novamente. Chegaram a empatar em 30 a 30. No terceiro período, porém, os gregos, com sua consistência, concentração, experiência, bagagem tática e talento, fraturam a confiançados brasileiros, abrindo caminho para um triunfo por 86 a 69. Um placar que exprime um pouco melhor a distância entre os dois times. Contudo, ainda não conta a história toda (veja mais números abaixo).

Os gregos obviamente eram os favoritos, por diversos motivos. Deu a lógica – e nessa lógica está incluído, sim, o maior poderio econômico dos visitantes, da mesma forma que o padrão de jogo tresloucado do time de Claudio Mortari.

A abordagem em quadra é muitas vezes alarmante, especialmente se comparada com o que os adversários faziam do outro lado. Gente que cozinha a partida metodicamente, passando, passando, passando, de um lado para o outro, em busca de um chute livre, saudável; só investiam as jogadas individuais quando vislumbravam um mismatch óbvio, com Spanoulis e Printezis geralmente incumbidos de tocar essa adiante. Enquanto os anfitriões se contentam e se perdem em atacar na base do bumba-meu-boi, com muito um-contra-um e arremessos absurdos no grau de dificuldade (que Shamell os converta aqui e ali, é para mostrar todo o seu potencial, que, quando canalizado, pode fazer estragos). É cultural.

Defendendo com competência (dobrando no garrafão e longe da cesta), selecionando melhor suas tentativas de cesta (com dribles e passes para fora seguidos), conseguiram a igualdade no segundo período. De repente, com duas bolas forçadas de Shamell e Joe Smith, em sequência, e o placar já estava em 36 a 30 para os visitantes. Dali para a frente a diferença aumentaria e fugiria do controle. Falta consistência, e creio que isso se explica mais pela exaustão mental, devido a uma falta de hábito, do que pela física.

Vale, muito, o estudo dos DVDs…

Mineiro, barrado no baile

Mineiro saltou, correu, batalhou e teve contato com uma outra realidade

Pegue-se, por exemplo, o caso de Jonathan Tavernari. Não assistia ao filho da treinadora Telma desde suas últimas partidas pela Seleção, na era Moncho. Conissão feita. Daí que as atuações deste final de semana deixam uma imagem muito preocupante. De jogador de liga nos dias de BYU, pau-pra-toda-obra, vemos hoje um ala muito limitado, viciado em arremessos de longa distância – sem a menor eficiência. Em 61 minutos em Barueri, o jogador cometeu 5/18 no perímetro (27,7%). Ele tentou apenas três bolas de dois pontos no total, todas elas neste domingo, sem acertar nenhuma. O que deu no rapaz? É como se ele tivesse uma secreta meta a ser batida na temporada.

Tavernari não foi o único dos brasileiros a ter dificuldades extremas para competir com adversários deste nível. O espevitado Paulinho até conseguiu uma ou outra bandeja, quando tinha o mínimo de espaço para avançar em linha reta. No geral, porém, o “armador”mal conseguiu jogar. Em 55 minutos, somou 19 pontos (8/18), uma assistência e quatro desperdícios de posse de bola. Já Rafael Mineiro procurou lutar, não abaixou a cabeça, sua capacidade atlética ficou evidente, mas o pivô estava visivelmente fora de sua zona de conforto, sofrendo com os trancos contra oponentes bem mais físicos, terminando com 10 pontos, 13 rebotes, 7 desperdícios e apenas 3/13 de quadra.

Com um elenco reduzido, se comparado com o da potência europeia, o Pinheiros se viu, então, numa enrascada ainda maior – apenas Shamell e Smith produziram num grau de normalidade (criando jogadas normalmente). O que não quer dizer que o time paulista perdeu apenas por defasagem financeira, embora o técnico Georgios Bartzokas tenha destacado o cansaço de seus adversários, que usaram basicamente sete atletas durante todo o confronto, enquanto ele se sentia tranquilo em escalar seus 12 relacionados.

Aliás, incluam aqui o ala-pivô Dimitrios Agravanis, de 18 anos, e seu xará Katsivelis, armador de 22 anos. Os dois puderam até mesmo iniciar o duelo deste domingo como titulares e, juntos, tiveram 25 minutos. Mortari, do outro lado, bem que poderia ter colocado deus garotos muito mais cedo no quarto período. Não só seria um movimento de prudência da sua parte, preservando as principais peças de sua rotação minguada, como daria uma chance raríssima para que os promissores Luas Dias, Bruno Caboclo e Humberto pudessem enfrentar os campeões europeus. Para se ter uma ideia, o mesmo Bartzokas fez questão de menci0nar em sua entrevista coletiva o quão impressionado ficou apenas com o que viu no aquecimento (!) da molecada. Eles estavam enfileirados para o exercício de bandejas/arremessos de frente para o banco ateniense. No caso do ala-armador Humberto, pode esquecer essa coisa de bandeja: o jogador de 18 anos salta muito e castigava o pobre aro quando chegava a sua vez de finalizar. Impulsão, leveza e elasticidade de encantar, mesmo.

Lucas entrou nos três minutos finais, enquanto Caboclo ficou apenas um minutinho em quadra – uma pena, principalmente pelo fato de que o MVP do último camp “Basquete sem Fronteiras”, da NBA, estava jogando em casa. Quando levantou-se do banco para ir para a quadra, um por um grupo de amigos vibrou na arquibancada. Os gregos já venciam por mais de 15 pontos (e 25 no geral…). Não custava nada, mesmo. Poderia ter sido mais um legado.

*  *  *

Vamos brincar de somar os números das duas partidas? Já que estávamos diante de uma estranha decisão de 80 minutos, valendo o salto de cestas, valendo como um grande jogo em dobro?

Arremessos: Olympiacos 60/101 (59,4%) – Pinheiros 49/132 (37,1%)
Dois pontos: Olympiacos 46/67 (68,6%) – Pinheiros 34/78 (43,5%)
Três pontos: Olympiacos 14/34 (41,1%) – Pinheiros 15/54 (27,7%)
Lances livres: Olympiacos 33/42 (78,5%) –Pinheiros 26/32 (81,2%)
Turnovers: Olympiacos 36 – Pinheiros 27
Assistências: Olympiacos 41 – Pinheiros 19
Rebotes: Olympiacos 77 – Pinheiros 49

Se foi de parcial em parcial que o time grego foi aumentando sua vantagem na sexta-feira e no domingo, a comparação estatística acima ajuda a contextualizar sua dominância no geral. Sobre os percentuais de arremesso, não precisa dizer muita coisa.

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Spanoulis, merecidamente, é o primeiro jogador lembrado em dez de cada dez textos sobre o time grego. Mas Georgios Printezis também merece suas linhas. Um guerreiro. Joga com muita intensidade e não para de atacar, incomodar. Neste segundo jogo, carregou a equipe em diversas ocasiões e tirou os adversários do sério com o monte de faltas cavadas ao partir para a cesta. Na Europa, claro, não é todo dia em que ele será usado desta maneira, enfrentado defesas muito mais compactas. Contra o Pinheiros, porém, exibiu sua versatilidade, podendo funcionário tanto como arma primária ocasional, como aproveitando as assistências de Spanoulis com seu deslocamento fora da bola.

Printezis infernizou

Printezis, atacando, atacando, atacando e atacando, sem parar

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O serviço de olheiros do Olympiacos está de parabéns também. Seu orçamento é de superpotência comparado com o que temos aqui no NBB, mas, na Europa, ainda não consegue fazer frente a um Barcelona ou CSKA Moscou, dois que lhe roubaram jogadores importantíssimos de seu título europeu. Tudo bem? Parece: os americanos Bryant Dunston e Brenton Petway vão dar muito trabalho para a concorrência na Euroliga que se inicia no dia 16 de outubro (com transmissão do canal Sports+, 28 e 128 da Sky).  Dois jogadores muito atléticos, ativos, ágeis e prestativos.


Notas sobre a 1ª final da Copa Intercontinental e duas abordagens de jogo
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Giancarlo Giampietro

Spanoulis, procurando alternativas

Visão fechada? Spanoulis e o Olympiacos buscam alternativas, mesmo assim

O atraso sobre a atualização do primeiro jogo da Copa Intercontinental de clubes, com vitória do Olympiacos por 81 a 70 sobre o Pinheiros, tem uma justificativa capital: aniversário da matriarca 21. Prioridades são prioridades, né?

Então, como está bem tarde e neste domingo de manhã lá vem mais jogo, não há motivo para se estender muito num texto encadeado, que já nasce perecível e nem poderia ser definitivo, uma vez que uma segunda partida entre os campeões continentais vem pela frente neste domingo. Então vamos acessar o que aconteceu nesta partida por meio das salvadoras notas. Vamos a Barueri novamente para conferir de perto.

Para constar, uma derrota por até 10 pontos ainda faria dos gregos os campeões mundiais no domingo em Barueri. É um regulamento um tanto esdrúxulo para uma competição de basquete, mas, depois de um intervalo de mais de duas décadas para testemunharmos esse tipo de disputa, acaba valendo tudo.

Algumas anotações sobre o que vi na sexta-feira:

– A escancarada diferença entre os estilos de ataque. Não é que o Olympiacos possa ser caracterizado como “socialista” e o Pinheiros, o grande vilão “capitalista”. Mas que o time europeu tem uma vocação para o passe muito mais natural, paciente, instintiva, é inegável. Dá para citar aqui o número de assistências de um (23) contra o do outro (12), mas nem isso faria justiça ao que se viu em quadra. Agora, se formos colocar em perspectiva, notamos que foram 23 assistências dos visitantes para um total de 34 cestas de quadra. Isto é, 67,6% de seus arremessos foram resultados de jogadas trabalhadas por um companheiro. No Pinheiros, o número ficou em 48%. É uma bela diferença.

Além disso, contamos somente cinco jogadores do time paulistano pontuando. No adversário, foram nove contribuindo no placar final, com quatro também em duplos dígitos. Tem muito a ver com orçamento, mas não se limita a isso.

– Aqui é o ponto certo para falarmos sobre a má e velha questão dos arremessos de três pontos. De novo: a questão não muitas vezes não tem a ver sobre o quanto se arrisca de fora, mas a forma como se faz. E o Pinheiros forçou MUITOS chutes de longa distância. Ciente da relevância do tema, deveria ter feito um scout pessoal de tentativas forçadas de longa distância. Repito: seria estritamente pessoal, numa visão que obviamente seria questionada sobre a comissão técnica brasileira. Mas alguns dos chutes foram absurdos, bem atrás até mesmo da linha da NBA (Jonathan Tavernari parece estar se “especializando” neles, aliás – todos os seus disparos foram de fora, todos, sim: 4/13 para ele). Na sexta, o campeão americano matou 29% no perímetro externo, enquanto os europeus acertaram 39%. De novo uma grande vantagem a favor dos helênicos.

E aqui você precisa ver o jogo para entender a origem desse tipo de estatística. Foram diversas as oportunidades em que, no ataque do Olympiacos, uma infiltração (via drible ou passe) resultava em um passe para a zona morta e, dali, a bola ainda seria movida mais uma vez para um chutador completamente livre na quina da linha exterior. Caixa. Mais uma assistência e três pontos para os visitantes. Esse tipo de movimento aconteceu sem parar, mes-mo.

(Não quer dizer que eles também não façam loucuras: Spanoulis também tem seus momentos de estrela em que breca de longe e chuta sem pestanejar, mesmo com as pernas pesadas, pesadas – várias de suas primeiras bolas deram bico.)

Do outro lado, Shamell, Tavernari, Paulinho e Joe Smith se aventuraram individualmente sem parar. A bola cai? A torcia vibra (Ponto! Cesta! É gol!). A bola bate no aro? (Uuuh! Aaah! Que pena! Na trave!). Por mais que um ou outro tenha recursos para o drible e jogadas individuais (e não mais que isso, diga-se) e até o jogo de pés e munheca (fundamentos, ufa) para criar e matar, forçar arremessos assim é desafiar qualquer probabilidade de sucesso. Até Claudio Mortari por vezes se manifestava ao lado da quadra, com as mãos espalmadas para baixo e os braços se flexionando, pedindo: “Calma, pessoal, calma”… Mas como alterar, de um jogo para o outro, os modos, os gestos praticados no decorrer de uma ou mais temporadas?

O Pinheiros não correu (para se aproveitar das pernas pesadas dos adversários), mas se precipitou em vários ataques. Foi muito de “eu-pego-e-chuto-daqui-sim-senhor” que incomoda demais.

– Compare os percentuais de dois pontos também: o Olympiakos matou 73% de saus bolas de dois pontos. Contra pífios 39% do Pinheiros. Isso é algogritante. Foram diversas as ocasiões em que Shamell (que fez uma bela partida, diga-se) partiu para a cesta e atirou pedradas em direção ao aro. É como se ele não estivesse mais habituado a converter jogadas simples, de tanto que fica distante do garrafão. E o americano tem a força física e drible para jogar lá dentro.

Aqui também cabe um adendo defendendo o jogador: o americano ficou em quadra por 37 minutos. Descansou um pouquinho aqui e outro pouquinho no quarto período, quando Mortari viu que ele já não tinha mais pernas pra nada. Uma das pedradas aconteceu momentos antes de sua substituição a 2min18s do fim (?). Do outro lado, Bartzokas tirou Vassilis Spanoulis a 8min12s do quarto período, para depois recolocá-lo em quadra com 2min54s restando no cronômetro.

– E como o Pinheiros se manteve perto no placar final, então, caçamba? No início do terceiro período, os gregos venciam por apenas 56 a 51.

É só conferir o número de turnovers. O Olympiacos cometeu 22 deles, o dobro do Pinheiros. Isso resultou em muitas, mas muitas posses de bola a mais para os brasileiros. Recapitulando o número de arremessos de quadra: foram 55 para os de Atenas, contra 72 para os de São Paulo. O time de Mortari teve 17 chutes a mais. Tivesse uma seleção mais consistente no ataque, realmente poderiam ter ganhado a partida.

Méritos para a defesa que forçou tantos desarmes? Sim, que pelo menos batalhou para recuperar a bola. Rafael Mineiro, nesse quesito, merece uma salva. O ala-pivô se atirou ao chão sem parar atrás de “divididas”, se sacrificando pela equipe, ainda que não estivesse na melhor noite ofensiva (e nem fosse muito alimentado).

Agora, não se pode esquecer também que os gregos contaram praticamente com cinco estreantes em sua rotação, quatro dos quais atuaram por mais de 13 minutos (e três acima de 18). Em várias ocasiões, um pivô hesitante procurou o outro dentro do garrafão num “deixa que eu deixo” que resultou em recuperações por parte dos brasileiros. Perspicácia dos defensores, atentos, mas que também se aproveitaram da falta de entrosamento de quem atacava, de gente que ainda está em pré-temporada.

– Não foi uma surra, sob nenhuma ótica. Mas o Olympiacos venceu três dos quatro períodos, perdendo apenas o segundo por 19 a 17. O Pinheiros só liderou o placar com cerca de cinco a quatro minutos no relógio desta segunda parcial. Num ataque com 4min40s, Joe Smith, matou um contra-ataque no mano-a-mano, e fez 26 a 22 para o time paulistano. O primeiro tempo, de todo modo, encerrou-se com um 32 a 30 a favor dos helênicos.

– Spanoulis foi sacado com 5min28s no segundo quarto, com duas faltas. Estava marcando Shamell, num claro despreparo de Bartzokas. É de se esperar que, nesta segunda partida, o astro grego seja preservado, sem ter de perseguir o cestinha americano.

– A maior média de pontos da carreira de Stratos Perperoglou na Euroliga: 7,1 por partida em 2010-2011. Na sexta, ele curtiu sua noite de cestinha, com 15 pontos, atacando a cesta em infiltrações impensáveis (algo que escrevi aqui ser uma raridade), como se fosse um Spanoulis. Terminou com 6/6 nos dois pontos, 100%. Para os que o marcaram, é de se pensar.

– O ginásio José Correa, no centro de Barueri: bastante agradável (ainda que, no meio da galera, possa ficar um tico abafado mesmo numa noite fria). Uma bela iluminação no exterior, chamando a atenção para quem chegava de trem (Oi! Nós existimos!). Dentro, ótima visão de jogo. Para os organizadores, o único senão foi a espremida saída para o público, no final. De resto, com telões bonitões, bela quadra, Jay-Jay, e tudo, uma noite agradável, bastante positiva para o basquete brasileiro em termos operaconais. Vale destacar também o bom número de vagas ao redor do ginásio. Bem fácil o acesso. Próximo da rodovia para quem foi guiando (ok, vamos pensar hipoeticamente num mundo sem trânsito) e bem perto também da estação Barueri.

– Pode o Pinheiros adotar uma seleção melhor de arremessos? Como jogar para vencer por 12 pontos? Vão correr mais, mas sem perder a cabeça? Daqui a pouco, as respostas…


Liderado por Spanoulis, mas renovado, Olympiacos desafia Pinheiros
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Giancarlo Giampietro

Pinheiros x Olympiakos

Depois de 26 anos, o basquete volta a ter sua Copa Intercontinental de clubes nesta sexta-feira, em Barueri. O bicampeão europeu Olympiacos já veio curtir uma garoa e céu nublado em terras paulistas, num clima que, nem de longe, idealizavam encontrar no Brasil, claro. Mas não que tenham vindo a passeio.

Os gregos não sabem exatamente ainda o que terão pela frente, mas um time dessa tradição só pode entrar em quadra para vencer. É o que espera sua torcida fanática – aproximadamente 150 deles vêm para o jogo, e o desafio dos brasileiros é cantar mais alto que eles… Mesmo.

“Não sei o que esperar no Brasil”, afirmou o técnico Georgios Bartzokas antes do embarque. “Sei que cada jogo é como uma religião e também uma festa para os brasileiros. Sabemos que ambos os jogos devem ser em casa cheia. Os brasileiros têm uma grande tradição em todos os esportes coletivos, e isso inclui o basquete. Eles estão atualmente no meio de sua liga doméstica, e o Pinheiros tem uma campanha de 10-8. Foi difícil encontrar informações sobre os nossos adversários, mas vamos ter uma imagem clara após o primeiro jogo.”

Difícil fazer uma abordagem mais generalizado que isso. Mas, ao menos, Bartzokas foi sincero. Não saiu com frases como “vamos enfrentar um time de qua-li-da-de”, “obviamente eles são muito perigosos e vão jogar em casa” e afins. Ele pode estar correto, ou não, em suas observações sobre o público brasileiro, mas disse o que pensa, o que imagina sobre nossos torcedores, e está bom.

O fato de o técnico dos campeões da Euroliga conhecer pouco sobre o atual time número um da América só mostra o quanto a Fiba de cá e, principalmente, os clubes precisam trabalhar para criar algo que chegue perto do que as instituições europeias da modalidade têm hoje: um produto sólido, que consegue se vender bem, a despeito dos índices econômicos preocupantes de grande parte do continente.

Shamell who?

Shamell, um nome já fixado no mercado americano, mas que só foi apresentado a Spanoulis em coletiva nesta quinta-feira. Nesse jogo do desconhecido, quem vai levar a melhor? O ala, surpreendendo? Ou os defensores gregos e um jogo com o qual o ala não está habituado?

Por mais que os serviços de scout hoje estejam bastante desenvolvidos, ainda é muito difícil para os europeus acompanharem o que se passa nas ligas inferiores deste lado do Atlântico. Quem acaba fazendo a ponte entre os dois mundos são os escritórios de agentes, mas só para vender este ou aquele jogador, ou para importar treinadores de lá, de preferência espanhóis, que estão espalhados da Patagônia a Tijuana.

Já o técnico Claudio Mortari – ou qualquer outro basqueteiro brasileiro interessado – teve, no mínimo, acesso a dezenas de jogos do Olympiacos na TV durante as últimas temporadas, a última delas transmitida pelo Sports+, pelo qual terei novamente o prazer de fazer parte das transmissões para o campeonato 2013-2014.

De qualquer forma, os times vão se conhecer, de verdade, em quadra, a partir das 20h desta sexta. E o choque de culturas não poderia ser mais intrigante neste sentido. Ainda que o Olympiacos tenha sido a equipe com o quinto ataque mais veloz de seu torneio continental, a diferença de seu ritmo para o dos concorrentes não é tão grande assim. De modo que está acostumado a embates mais lentos e físicos, sem se distinguir na abordagem do jogo.

Aqui por estas bandas sabemos muito bem a velocidade com que o Pinheiros costuma jogar algumas vezes beira o imponderável. A ideia aqui era levantar uma série de números sobre a participação do time no Campeonato Paulista, mas o site da federação está absolutamente intratável desde quinta-feira, com uma lentidão que faria a seleção ucraniana parecer o Miami Heat. Consegui computar estatísticas das últimas duas partidas do clube, com vitórias sobre Bauru, com virada no quarto período, mas um excelente resultado no contexto do campeonato, e Rio Claro.

Contra um dos líderes da competição, a equipe de Mortari somou 15/32 de três pontos (47%), 16/30 de dois (53%) e ainda bateu 20 lances livres, convertendo 18 deles (90%). Além disso, cometeram apenas noveturnovers.Foi um estouro. Apesar deste excelente rendimento ofensivo, os pinheirenses tiveram dificuldade para vencer por terem sido espancados na disputa por rebotes. Os visitantes apanharam 16 a mais no jogo – foram 17 só na tabela ofensiva, sendo cinco deles de Larry Taylor (!?).

Diante de Rio Claro, foi uma sacolada, com 24 pontos de diferença. Os números ofensivos: 12/31 de três (39%), 18/31 de dois (58%), 18/29 nos lances livres (62%) e 12 desperdícios de posse de bola. Não tem muito como usar como parâmetro, dada a a disparidade entre os elencos, mas ao menos se repete o alto volume nos chutes de fora e de lances livres cobrados. Analistas das métricas avançadas da NBA e o gerente geral Daryl Morey, do Houston Rockets, chorariam de alegria vendo esse tipo de rendimento. Resta saber apenas se a defesa do Olympiacos vai permitir.

Mas quer saber do que mais? Contra os gregos, a correria talvez seja realmente um trunfo a ser explorado, desde que com o mínimo de organização. Os caras estão enferrujados ainda, em pré-temporada, enquanto a equipe brasileira já fez 18 partidas pelo Paulista (ainda que nas primeiras seus principais jogadores tenham sido poupados).

Em termos de entrosamento, a vantagem, na teoria, também fica por conta dos anfitriões. O Olympiacos não só acabou de se reunir, como está numa fase de integração de diversas peças novas. Do grupo campeão em maio, saíram quatro jogadores muito importantes da rotação: o ala Kostas Papanikolau (que foi receber uma bolada no Barcelona, ótimo arremessador de fora e muito forte no rebote), o ala-pivô Kyle Hines (reforço do CSKA Moscou de Messina; leia aqui mais sobre seu impacto pelo time) e os pivôs Pero Antic (macedônio que fechou com o Atlanta Hawks) e Josh Powell (aquele ex-Lakers, mesmo, que hoje tenta uma vaga no New York Knicks). Isso sem falar do pirulão geórgio Giorgi Shermadini, que jogou apenas seis minutos na final contra o Real Madrid, mas ganhou minutos consideráveis durante a competição.

Como vocês podem reparar, o gigante europeu trocou seu garrafão inteiro. Só sobrou o versátil Georgios Printezis para contar história. O técnico Bartzokas obviamente vai ter trabalho para rearranjar a química do time, especialmente a defesa interior, que perdeu jogadores que se entendiam muito bem.

Spanoulis em Barueri, é isso aí

Spanoulis vai estar acompanhado de novos parceiros nesta Copa Intercontinental

Para a Copa, o armador Acie Law, ex-Hawks e Warriors, lesionado, é outra baixa. Quer dizer, menos um da equipe que venceu o Real Madrid na final. Dos jogadores que se apresentarão em Barueri, algumas informações, comentários:

Vassilis Spanoulis: o jogador mais gabaritado do evento, um dos melhores da Europa, como o título de atual MVP da Euroliga comprova – está numa lista em que Andrei Kirilenko, Juan Carlos Navarro e Dimitris Diamantidis o acompanham. Dizer que “tudo” no ataque da equipe grega se passa em torno de suas diversas habilidades pode soar como exagero, mas, acreditem, até vale como força de expressão. Um armador com drible sem muita frescura, mas que pode ser mortal, ainda mais usando corta-luzes sem parar (não por acaso, esteve entre os líderes em faltas recebidas e lances livres cobrados durante todo o campeonato continental). Arremesso de longa distância precisa ser respeitado. Também sabe matar em flutuação. E aí que fica difícil de equacionar: se você apertar muito, provavelmente vai tomar o corte. Se folgar, ele vai mandar bala, sem hesitar.

Na Euroliga, as defesas que tiveram mais sucesso contra o astro conseguiram incomodá-lo com um garrafão congestionado. Sim, esse tipo de jogador você não vai parar no um-contra-um. Tem de pensar no coletivo. A ideia seria cercá-lo com até dois homens na sobra, quando estiver rondando o garrafão, de modo a desencorajar suas infiltrações e, ao mesmo tempo, tentando limitar suas linhas de passe (seu jogo de “kick-out” também é perigoso). “Anular” Spanoulis raramente ocorre. O jeito é atrapalhá-lo.

Georgios Printezis: um jogador experimentado, com muitos movimentos atípicos. Não seria recomendável ensinar suas mecânicas em nenhuma escolinha. Mas não se deixem enganar por isso: de um jeito ou do outro, o ala-pivô da seleção grega consegue fazer o serviço – nas quartas de final contra o Anadolu Efes, por exemplo, foi fundamental para fechar um duríssimo confronto em 3-2, quando Spanoulis estava com a mão fria. Movimenta-se bastante de um lado para o outro no ataque, esperando alguma brecha para atacar, dando trabalho fora da bola. Não é dos reboteiros mais ferozes. Embora tente bastante, não chega a ser uma ameaça no chute de longa distância. Autor da cesta do título de 2012, com um sangue gélido que só. Veja de diversos ângulos:

Evangelos (ou Vangelis) Mantzaris: tem apenas 23 anos, mas se comporta em quadra como um trintão, de tantas medalhas que já ganhou nas seleções gregas de base. Não é dos mais agressivos no ataque – pouco faz em termos de infiltração, mas tem aproveitamento de 40,7% de fora na carreira na Euroliga. Acaba guardando toda a sua pegada para a defesa, mesmo, em que usa seu 1,96 m de altura e envergadura incomuns para a posição para colocar pressão nos adversários. Teve sua campanha 2012-2013 interrompida por uma grave lesão no joelho, então sua forma física é questionável. Se estiver inteiro, será no mínimo curioso seu duelo com Paulinho.

Kostas Sloukas: mais um da seleção nacional e outro que, com 23 anos, se comporta como um veterano andarilho. Companheiro de Mantizaris na base. Um grande arremessador que não pode ficar livre na linha de três de modo algum (média de 45,7% na Euroliga) – é um dos principais alvos das assistências de Spanoulis. Lento, porém, não representa muita ameaça com suas infiltrações e também pode ser bem explorado do outro lado da quadra, na defesa.

Stratos Perperoglou: determinado, centrado e forte, é um belo marcador na ala, ainda que esteja perdendo velocidade e muitos já o vejam como alguém mais propenso a lidar com alas-pivôs do que alas que joguem mais afastados do garrafão. É possível que vá cobrir Shamell por algum tempo. Sabe de suas limitações e não vai além delas. Não espere aventuras individuais do ala de 29 anos rumo à cesta. O tipo de operário que se dedica aos pequenos detalhes, não vai ganhar nenhum troféu individual, mas que ajuda qualquer time.

Mirza Begic: um gigante de 2,16 m de altura, o pivô esloveno é um dos reforços da equipe, depois de passar três anos com o Real Madrid. Honra sua estatura como um bom defensor próximo do aro, tanto na cobertura como, principalmente, no mano-a-mano. Mas é bastante vulnerável em combinações de pick-and-roll, devido a sua mobilidade de tartaruga – algo que deve ser explorado ao máximo por pivôs leves como Mineiro e Morro. No ataque, seria prudente tentar marcá-lo pela frente quando próximo do garrafão e não se descuidar do bloqueio na hora do rebote, se levarmos em conta que nunca em sua carreira na Euroliga, desde 2007, ele chutou abaixo de 52,5% na zona de dois pontos.

Cedric Simmons: um dos quatro norte-americanos contratados para esta temporada, o pivô já foi companheiro de Marquinhos no New Orleans Hornets, vejam só. Jogaram juntos na temporada em que a franquia também carregou o nome de Oklahoma City. Escolhido em 15º num Draft desastroso do clube que havia apanhado Hilton Armstrong na 12ª posição. Dois grandalhões, nenhum acerto. Mas, bem, voltando ao ponto: Simmons teve uma grave lesão na perna que contribuiu para sua breve trajetória na NBA e lhe roubou um pouco de sua formidável capacidade atlética, de impulsão e velocidade. Mas deu um jeito de estender sua carreira na Europa, fechando com o Olympiacos, aos 27 anos, após defender o Enel Brindisi, da Itália. Ah, nesse meio tempo, descolou um passaporte búlgaro, jogando pela seleção do país. Claro.

Quanto a seus compatriotas – nascidos nos Estados Unidos, especificando –, nunca os vi em ação, para ser sincero. Vamos pelos números, então. Matthew Lojeski é um ala-armador que se formou na universidade do Havaí e, desde 2008 até este ano, esteve em ação na Bélgica. Foi bicampeão nacional pelo Oostende e, no ano passado, teve média de 16 pontos por partida na Euroliga, com aproveitamento impressionante nos arremessos – 51,2% de dois pontos, 57,1% de três (!!!) e 96,6% nos lances livres. Bryant Dunston seria um candidato a substituir Kyle Hines, pois, com 2,03 m de altura, sempre teve média de pelo menos um toco por jogo (ou bem mais que isso) por onde passou.

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Perperoglou pode ser dos mais discretos em quadra, mas tem um blog no site da Euroliga. Em seu último post, já em” Sao Paolo”, o ala se arriscou um pouco mais que Bartzokas, e… Bem, vamos  lá: “Não posso dizer que sei muito sobre os nossos adversários, mas estou confiante de que eles vão ser uma equipe forte. Posso dizer isso com base no fato de que o Brasil foi um dos finalistas da mais recente Copa América neste verão e porque sempre fiquei impressionado com os jogadores brasileiros que passaram pela Euroliga. Talvez o próximo Marcelinho Huertas ou Tiago Splitter estejam nos esperando nesta equipe do Pinheiros. E, além disso, se foram os melhores da América do Sul na última temporada, devem ser muito bons”.

Por “finalista da Copa América”, imagino que ele esteja se referindo aos países que se classificaram para o torneio, num paralelo com o que acontece na Europa, em que algumas seleções ficam fora e são relegadas ao segundo escalão. Mas que bom, né? Ao menos o Brasil conseguiu ficar acima de Chile, Colômbia, Equador e Bolívia. Por “melhores da América do Sul”, não foi o caso: times do México e Porto Rico também foram derrotados.

A ideia aqui não é zombar da simpatia do ala. Mas só constatar que seus comentários só reforçam o quão desconhecidos seus oponentes são para eles. De modo que esta primeira partida se torna mais importante para o time brasileiro.

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O Pinheiros tentou, mas não conseguiu fechar a contratação de um reforço de aluguel direcionado especificamente para a Copa Intercontinental. Leandrinho ajudaria tanto assim? Talvez. Mas não sei se é justo/ético/necessário esse tipo de operação. No futebol, por exemplo, o Cruzeiro executou algo nessa linha em 1997 para encarar o Borussia Dortmund, e seu esforço foi em vão.  Que o Pinheiros enfrente o Olympiacos com as armas tradicionais que tem, com as quais foi campeão de um torneio que poucos brasileiros venceram.

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Por que jogar em Barueri? Sem datas no Ibirapuera. Como a Copa Intercontinental surgiu? O Daniel Neves, da casa maior, o UOL Esporte, já havia contado tudo aqui depois de um papo com João Fernando Rossi, o dirigente que transformou o Pinheiros numa potência nacional também no basquete.