Com Leandrinho, Celtics é o 1º clube a ter dois brasileiros no elenco. Mas faz sentido?
Giancarlo Giampietro
Com a contratação de Leandrinho pelo Boston Celtics, além de ser o mais vitorioso da história, o clube passa a ser também o primeiro a contar com dois brasileiros em seu elenco, com o ligeirinho se juntando ao novato Fabrício Melo.
Chega uma hora em que você apenas quer jogar. Ir para a quadra e ponto.
Só assim para explicar o acerto do ala-armador com a franquia, noticiado pelo Yahoo Sports nesta quarta-feira. Segundo o super-repórter Adrian Wojnarowski, que dá nove em cada dez furos da NBA, o brasileiro entrou em acordo para assinar um contrato de uma temporada.
De onde Doc Rivers vai tirar minutos para escalar Leandrinho é um mistério, e, por isso, de primeira assim, fica difícil de entender a motivação de ambas as partes para fechar o negócio.
O Celtics acabou de assinar com Jason Terry e Courtney Lee, dois caras que chegam com a missão de ajudar Rajon Rondo na condução do time, em cuidar da bola e abrir mais uma opção de contra-ataque para correr com o armador.
Terry, em especial, costuma desempenhar o mesmo papel que o brasileiro cumpriu em toda a sua carreira na liga norte-americana: sair do banco para turbinar o ataque, sem a responsabilidade de marcar os melhores da equipe adversária. Os dois já foram eleitos os melhores sextos homens justamente por esta função. Se Leandrinho era o “Vulto Brasileiro”, Terry é o “Jet”. É de se esperar, aqui de longe, um, digamos, conflito de interesses entre os dois.
Sem contar o emergente Avery Bradley, mais um atleta que segue o protótipo de: não tão alto para ser um ala, nem tão habilidoso para ser um armador. Seria mais um “combo guard”, um “guard” que estará disponível para Rivers a partir de janeiro, enquanto se recupera de uma lesão no ombro. Quando retornar, é de se esperar que também ganhe seus minutos, pois é uma aposta de Danny Ainge, é jovem e um marcador implacável, cuaja presença no quinteto titular na temporada passada aumentou, e muito, a eficiência defensiva da equipe.
No fim, os minutos que estão sobrando na rotação são os de reserva de Rondo, e a gente sabe bem como Leandrinho se sai nesta. Nas últimas campanhas, sua vocação para assistências só caiu, enquanto sua predisposição aos desperdícios de posse de bola não foi reduzida. Ele caminhou cada vez mais para ser um finalizador do que um preparador de jogadas para os companheiros. Os estatísticos e olheiros de Boston devem ter tomado nota a respeito.
Outra questão em torno do brasileiro diz respeito a sua defesa. Com explosão física e envergadura acima do comum, ele tem o potencial para ser um marcador de primeira. Mas, mesmo no Phoenix Suns de D’Antoni, não necessariamente o time mais preocupado com a defesa, ele era questionado neste departamento. Em Boston, ou ele defende de maneira disciplinada, respeitando e executando o sistema, ou fica no banco.
Da parte do jogador, é compreensível o interesse em jogar por uma franquia com a história do Celtics. Além do mais, é uma equipe com chance de título para já, algo que ele afirmou que seria importante em sua decisão. De modo que, nos minutos que lhe forem reservados, é bom que produza bem, eficientemente, para que se mantenha na rotação de Rivers até o fim e possa tentar elevar seu status entre os demais diririgentes. Para tanto, já sai em desvantagem por ter perdido todo o training camp e boa parte da pré-temporad para assimilar uma nova carga tática.
Talvez Leandrinho não aguentasse mais esperar, mesmo. Depende muito de que tipo de oferta, sondagem ele andou recebendo por aí. O fato é que o ala-armador topou Boston. Uma aposta intrigante. Diante de uma torcida fanática, de uma mídia bastante combativa, o brasileiro será exigido ao máximo, e seu futuro na liga está na linha.
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Em 2005 (2005!!!), Leandrinho chegou a dividir o vestiário do Phoenix Suns com o pivô Lucas Tischer, hoje do Brasília. Mas o grandalhão nunca chegou a entrar em quadra em partidas oficiais do clube do Arizona, pela temporada regular, tendo sido dispensado após três jogos de pré-temporada, com média de 1,3 ponto.
Com ótima impulsão vertical e extremamente forte, Lucas chegou a fazer barulho no Draft daquele ano, mas não foi selecionado. Ainda assim, ganhou sua chance para mostrar serviço em treinos e amistosos, mas acabou dispensado para que o Suns contratasse o ala-pivô Sharrord Ford, outro que não vingou na NBA.