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Arquivo : Carter-Williams

12 trocas de última hora: quem saiu ganhando na NBA?
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Giancarlo Giampietro

Jovem Enes Kanter chega a OKC para reforçar o banco e oferecer pontos no garrafão

Jovem Enes Kanter chega a OKC para reforçar o banco e oferecer pontos no garrafão

“Meu Deus”.

Depois de 11 12 trocas fechadas, com 36 39 jogadores envolvidos (mais de dois elencos completos, ou três de elencos mínimos de 13!) numa única quinta-feira, essa foi a simples e exausta reação do jornalista Adrian Wojanarowski, do Yahoo! Sports, talvez com a orelha quente e os dedos da mão calejado de tanto que usou o telefone.

Wojnarowksi, vocês sabem, é o jornalista mais quente quando chega a hora de anunciar negociações por toda a NBA. Mas hoje o trabalho foi tanto que nem ele aguentou. As coisas foram muito além do imaginado. Foi uma loucura.

(Atualização nesta sexta de manhã: para vermos o quanto a jornada foi maluca, mesmo: houve ainda uma 12ª troca entre Oklahoma City Thunder e New Orleans Pelicans, com o envio do armador ligeirinho Ish Smith para N’awlins, apenas para abrir espaço no elenco para o que segue abaixo. como disse o jornalista Marc Stein, do ESPN.com, mais uma fera nesse tipo de ocasião: “Talvez tenham sido 12 trocas.Perdi minha habilidade de fazer matemática em algum lugar durante esta tarde”.)

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Em termos de nomes, o destaque fica por conta do retorno de Kevin Garnett a Minnesota, 20 anos depois de ter sido draftado pela franquia. Uma história muito legal, mas cujas repercussões para a liga são reduzidas, é verdade. Thaddeus Young foi para Brooklyn, ocupar sua vaga no quinteto titular do Nets.

Quando KG foi draftado pelo Wolves, Wiggins tinha 4 meses de idade

Quando KG foi draftado pelo Wolves, Wiggins tinha 4 meses de idade

Pensando nos times de playoff… Ou melhor: pensando nos times que tentam chegar aos playoffs, Oklahoma City Thunder e Miami Heat foram os times que saíram triunfantes dessa jornada de extrema tensão – três trocas foram fechadas literalmente na última hora permitida.

Foi numa dessas negociações que OKC adquiriu o pivô Enes Kanter e o ala Steve Novak, do Utah Jazz, e o armador DJ Augustin e o ala Kyle Singer, do Detroit Pistons. De uma só vez, o gerente geral Sam Presti reformulou todo o seu banco de reservas e deixou seu time muito mais forte para as batalhas que se aproximam. Kanter oferece o tipo de jogo interior que a equipe jamais teve durante essa gestão, enquanto Augustin e Singler são belos arremessadores e jogadores competitivos que devem se encaixar perfeitamente na cultura, na química do time. Não obstante, Durant e Wess ainda viram o Phoenix Suns (meio que) se despedaçar, dando a entender que não se mete mais na briga pelo oitavo lugar do Oeste. Resta a Anthony Davis e os Monocelhas o papel de oposição ao Thunder.

Para reforçar sua segunda unidade, Presti precisou se desfazer apenas de Reggie Jackson (um enorme talento, mas já sem paciência alguma com o clube, prestes a entrar no mercado de agentes livres), que foi para Detroit para tentar salvar a temporada de SVG, Kendrick Perkins (RIP, provavelmente agora rumo ao Clippers), Grant Jerrett (um prospecto interessante, mas que não teria espaço tão cedo), os direitos sobre  o alemão Tibor Pleiss (um belo jogador) e uma ou outra escolha de Draft que ainda não foi revelada. O Utah apenas limpou o salário de Novak e ganhou alguma compensação futura por Kanter. Melho que nada.

O Miami Heat coneguiu algo aparentemente impensável: levou Goran Dragic (e o irmão Zoran). Está certo que o time da Flórida já aparecia na seleta lista de clubes desejados do armador esloveno, mas o difícil era imaginar que tipo de pacote Pat Riley poderia construir para convencer o Suns a abrir mão de um descontente Dragic, mas que ainda tinha valor de mercado e era seu principal jogador. Acabou fechando a conta ao mandar duas escolhas futuras de Draft (os anos ainda não estão definidos, mas devem ser daqui a um boooom tempo). De última hora, o New Orleans Pelicans também entrou no negócio e obteve o armador Norris Cole e o ala-pivô Shawne Williams. Para o Arizona, também foram o pivô Justin Hamilton e os veteranos John Salmons e Danny Granger. Afe.

Éramos três: sobrou apenas Bledsoe, agora com Knight na jogada

Éramos três: sobrou apenas Bledsoe, agora com Knight na jogada

Se antes Jeff Hornacek tinha armadores em excesso, viu, depois de Dragic, mais dois serem despachados, vindo Brandon Knight em contrapartida. Foi um dia violento para o caderno de jogadas do treinador. Ao menos Knight tem bom arremesso de três e se encaixa bem como segundo armador ao lado de Bledsoe – desde que, claro, não crie caso, como fez Dragic. Mais: o atleta revelado pela universidade de Kentucky vai se tornar agente livre restrito ao final da temporada. Qual será sua pedida? Haverá algum desconto em comparação com o esloveno? A conferir.

Numa troca tripla, o jovem Tyler Ennis foi enviado para Milwaukee Bucks, que também recebeu o pivô Miles Plumlee e Michael Carter-Williams, do Philadelphia 76ers. O Sixers ganha uma escolha de Draft do Lakers, via Suns, que é protegida para o top 5 do próximo recrutamento de calouros – só com muito azar Suns e Lakers perdem essa, de modo que, discretamente, o Sixers mostra que realmente não confiava em MCW como seu armador do futuro. Os números nem sempre contam toda a história… Ainda mais num sistema que infla as estatísticas. Ah, além disso o time ganhou uma escolha de Draft futura, via OKC, para recolher JaVale McGee, de Denver. Um perigo colocar um lunático desses ao lado de Joel Embiid, camaronês que ainda não fez sua estreia e, segundo dizem, já desperta uma certa preocupação por seu comportamento fora de quadra.

Carter-Williams e McDaniels pareciam promissores em Philly. Estão fora: reformulação até quando?

Carter-Williams e McDaniels pareciam promissores em Philly. Estão fora: reformulação até quando?

Depois, o Suns negociou o pequenino Isaiah Thomas com o Boston Celtics, que cedeu Marcus Thornton e uma escolha de draft de primeira rodada para 2016, pertencente ao Cleveland Cavaliers. E o Celtics, do hiperativo Danny Ainge, devolveu Tayshaun Prince ao Detroit Pistons, ganhando a dupla estrangeira Jonas Jerebko e Luigi Datome (acho que SVG foi mal nessa, mas… vale pela nostalgia). No geral, Ainge se envolveu em seis trocas neste campeonato: Rondo para Dallas, Green para Memphis, Wright para Phoenix, Nelson para Denver e as duas desta quinta. Celtics, Suns e, claro, Sixers são os clubes com mais escolhas de Draft para os próximos anos. Resta saber se vão transformar esses trunfos em jogadores de verdade.

Teve mais, com a sempre regular presença do Houston Rockets de Daryl Morey, que agora conta com Pablo Prigioni e com o ala novato KJ McDaniels. Para tê-los, mandou Alexey Shved para o New York Knicks, com mais duas escolhas de segunda rodada, e além de ter repassado o armador Isiah Canaan e uma escolha de 2ª rodada para o Sixers.

Lembrando que tudo começou quando o Portland Trail Blazers acertou com o Denver Nuggets a transação do ala Arron Afflalo, dando Thomas Robinson, Will Barton, Victor Claver e uma escolha de primeira rodada e outra de segunda, e quando Washington Wizards e Sacramento Kings trocaram Andre Miller e Ramon Sessions. Miller vai reencontrar George Karl.

Meu Deus.

Quem ganhou e quem perdeu com tudo isso?

Sam Presti: o cartola-prodígio andava apanhando muito mais que o normal nos últimos meses, num processo de deterioração que começou com a saída de James Harden. Para piorar, graves lesões de Durant e Westbrook acabaram pondo a equipe numa situação delicada em uma Conferência Oeste extremamente dura. A pressão estava evidente, e ele mesmo admitiu isso. A resposta, em teoria, foi demais – os nomes não causam alvoroço, mas foram grandes achados. Depois de flertar, e muito, com Brook Lopez, encontrou em Kanter um ótimo plano B: o turco não vai ser muito exigido em OKC.Precisa apenas pontuar e pegar rebotes com eficiência saindo do banco e pode melhorar na defesa ao se integrar a um sistema mais bem entrosado. O que pagar para o turco ao final da temporada, quando ele vira agente livre restrito? Bem, não é a prioridade no momento. Singler merece minutos na rotação de perímetro, revezando com Roberson e dando um descanso a KD. Augustin já mostrou que sabe ser produtivo vindo do banco e ainda oferece um ritmo de jogo diferente, podendo cadenciar as coisas. Bônus: o armador é bem próximo a Durant, ajudando a compensar a perda de Perk no vestiário.

Quem aí quer partilhar a bola com Chalmers e Birdman, Dragic?

Quem aí quer partilhar a bola com Chalmers e Birdman, Dragic?

Goran Dragic: pelo simples fato de ter exigido uma troca em cima da hora e ainda conseguido uma transferência para um dos três clubes que imaginava defender (Lakers e Knicks eram os outros). Pelo preço que pagou, está implícito também que Riley vai concordar em assinar um contrato de US$ 100 milhões por cinco anos com o esloveno, que, além do mais, troca o sol do Arizona pelo da Flórida, e ainda leva o irmão na bagagem. Se em Phoenix precisava dividir a bola com Eric Bledsoe e Isaiah Thomas, agora vai tomá-la das mãos de Mario Chalmers.

Dwyane Wade: a temporada do Miami Heat parecia destinada ao purgatório até que… Primeiro apareceu o fenômeno Hassan Whiteside. Depois, essa megatroca. Que coisa, hein? Ter Dragic por perto significa menos responsabilidades criativas para o astro da franquia, tanto em transição como nas combinações de pick-and-roll/pop com Chris Bosh e Whiteside. Menos responsabilidades = mais descanso para o ala-armador, que já foi afastado por três períodos diferentes nesta campanha devido a problemas musculares. E é sabido que, assim como nas temporadas anteriores, o Miami só vai aspirar a alguma coisa se Wade estiver em forma nos mata-matas. Com LeBron ou com Dragic. Mais: precisamos ter um Cavs x Heat nos playoffs, não? Precisamos.

Reggie Jackson: mais um que forçou uma negociação e teve seu desejo atendido. Agora vai ter uns 30 jogos pelo Pistons para mostrar ao mercado que pode, sim, ser um armador titular, e de ponta. Stan van Gundy estava fazendo maravilhas por Brandon Jennings e agora tenta dar o seu toque especial a este jogador explosivo, com grande faro para pontuar, mas que foi um tanto inconsistente em Oklahoma City.

Arron Afflalo agora é chapa de Damian Lillard

Arron Afflalo agora é chapa de Damian Lillard

Terry Stotts: agora vai poder olhar para o seu banco de reservas e ver alguém quem confiar para hora que o jogo apertar e Nicolas Batum ainda estiver com a cabeça na lua. É de se questionar se o treinador fez de tudo, mesmo, para assimilar um prospecto interessante como Will Barton. O fato, porém, é que o Blazers não podia esperar uma revisão nas rotações de seu treinador e, assim como Memphis, Dallas, Houston etc., sente que existe uma boa chance este ano e foi de all in para cima de Afflalo, pagando caro num futuro agente livre.

Os experimentos de Jason Kidd: o Milwaukee Bucks perdeu seu cestinha e principal criador em Brandon Knight, mas ganha em Michael Carter-Williams um armador alto, de envergadura. Com ele em quadra, Kidd vai poder simplesmente instaurar um sistema de “troca geral” na defesa, trocando todas as posições, além de fechar para valer seu garrafão e as linhas de passe. Miles Plumlee, atlético e forte, também ajuda pra isso. Vai ser ainda mais chato enfrentar o Bucks.

Jerami Grant: quem? Bem, o filho do Harvey Grant, sobrinho do Horace, e ex-companheiro de Fab Melo em Syracuse. Selecionado na segunda rodada do Draft pelo Sixers, demorou para estrear ao se recuperar de uma lesão no tornozelo. Enquanto esteve fora, KJ McDaniels fez barulho pela equipe, com suas jogadas acrobáticas dos dois lados da quadra. Aos poucos, porém, Grant foi ganhando espaço, com flashes de muito potencial devido a sua envergadura e tamanho. Agora, terá mais minutos para convencer Sam Hinkie de que pode ser uma peça para o dia em que Philly quiser ser novamente competitivo. Talvez demore, todavia…

Pablo Prigioni: o argentino deixa a pior equipe da liga para se juntar a uma que sonha com o título. Nada mal para o veterano que está nas últimas em quadra. Nova York por Nova York, sempre dá para retornar nas férias, né?

Doc Rivers? Ele estava rezando para que ao menos um jogador de seu agrado fosse dispensado, e está a alguns minutos/horas de ver Kendrick Perkins virar um agente livre. O Utah Jazz não vai manter o pivô em seu elenco, abrindo caminho para uma rescisão. O vínculo entre Doc e Perk é óbvio, e o elenco do Clippers é dos raros casos para o qual o campeão pelo Celtics em 2008 ainda seria uma boa notícia em termos de basquete – e não só de liderança. O Cleveland Cavaliers, no entanto, pode atrapalhar seus planos.

Andrew Wiggins, Zach LaVine e Anthony Bennett: desde que saibam escutar os xingamentos de Kevin Garnett e entender o recado. KG vai tocar o terror no vestiário do Wolves e, ao mesmo tempo, servir como um líder, mentor que Kevin Love jamais foi. Ricky Rubio vinha assumindo essa, mas tem de entender a companhia especial que chega também de modo inesperado.


O Philadelphia 76ers vai ser o pior time da história?
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

OK, sem a ajuda do Google, diga quem são cada um desses da esquerda para a direita

OK, sem a ajuda do Google, diga quem são cada um desses da esquerda para a direita

Michael Carter-Williams havia acabado de retornar de uma cirurgia no ombro. Ao final do primeiro tempo, sentado no vestiário, talvez não acreditasse que pudesse ser recebido de forma tão humilhante em quadra. O Dallas Mavericks destroçava seu Philadelphia 76ers, abrindo uma inacreditável vantagem de 44 pontos após 24 minutos de jogo. Era como se a cada minuto, o time da casa fizesse uma cesta de dois pontos – e o adversário, nada.

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“Tenho certeza de que vou me lembrar disso, e não quero que aconteça de novo. Ninguém nesse vestiário vai se acostumar nunca em perder desta maneira. Nenhum de nós vai se acostumar a perder, e ponto. Ficamos chateados a cada derrota”, afirmou o talentoso e um tanto errático armador, o novato do ano da NBA 2013-2014.

Compreensível a declaração de MCW, e louvável até. Ele e seus companheiros podem muito bem não aceitar uma surra dessas. Agora, entre aceitar e se acostumar, há uma grande diferença. E é bom que o jogador e a equipe mais jovem da temporada entendam isso. Porque a temporada promete ser longa. Beeeem longa, e até inesquecível. Foram nove jogos até esta segunda-feira, e nove derrotas. Não chega a surpreender. Desde que o gerente geral Sam Hinkie montou o atual elenco, o Sixers virou sério candidato a pior da história – com a famigerada campanha da mesma franquia em 1972-73, com 9 vitórias e 73 derrotas, sendo o parâmetro. Com um agravante: o movimento é calculado.

O jogo contra o Sixers foi tão interessante que a torcida do Mavs...

O jogo contra o Sixers foi tão interessante que a torcida do Mavs…

A (já não tão) nova gestão do Philadelphia traçou um plano bem claro: implodir a estrutura então vigente. Chegar aos playoffs e perder não era o bastante, não ia levar a lugar algum. Então o que o cartola fez foi promover um leilão e vender todas as peças minimamente decentes que a equipe tinha para recomeçar do zero. Era hora de reconstrução via Draft. E, para fazer desta forma, já sabemos: quanto mais derrotas, mais chances de conseguir uma boa posição na seleção de novatos e acesso aos melhores talentos.

Veja bem: não há nada ilegítimo nessa linha de raciocínio. Nem ilegal. Está dentro das regras do jogo, e o Sixers não é o primeiro clube a adotá-la. O problema é que Hinkie talvez esteja indo um pouco longe demais em seu descompromisso com o presente, pensando apenas no futuro. Quando o tal do futuro vai chegar? Se chegar.

Hoje, no plantel é o mais jovem da liga, com 23 anos de média. Até aí tudo bem, faz sentido. Agora, na hora de falar em qualidade, a coisa fica mais feia. A turma que vem jogando é a que tem menos escolhas de primeira rodada: Carter-Williams, Tony Wroten e Nerlens Noel. De resto, são sete atletas que nem mesmo foram selecionados no Draft, um recorde. O que não quer dizer que caras como Brandon Davies, Robert Covington, Alexey Shved e Henry Sims não possam evoluir e emplacar. Caras como Ben Wallace, José Juan Barea, Brad Miller e Bruce Bowen também passaram batido no recrutamento e foram figuras importantes em times que tiveram sucesso nos playoffs. Mas, historicamente, é um desenvolvimento bem mais raro. Vejam Jarvis Varnado, Chris Johnson, Casper Ware, Elliott Williams e outros talentos nos quais Hinkie apostou recentemente e já foram dispensados. Haja rotatividade e procura.

Brett Brown vai precisar de toda a diplomacia e lições do mundo

Brett Brown vai precisar de toda a diplomacia e lições do mundo

Aqui é a parte em que podemos perguntar: mas se a ideia é reconstruir usando o Draft, onde estão as escolhas? Bem, o pivô camaronês Joel Embiid está na enfermaria, bastante atuante no Twitter. O ala-pivô croata Dario Saric tem contrato milionário com o Anadolu Efes, da Turquia, e só deve se apresentar daqui a duas temporadas. Essas foram as duas escolhas principais do clube neste ano. Hinkie já sabia  que não poderia contar com eles, mas optou por essa rota ainda assim.

Assim como para os calouros de segunda rodada. No caso do Sixers, ao menos o ala KJ McDaniels vem se mostrando um achado. O jogador revelado por Clemson tinha cotação para as primeiras 30 posições, mas acabou derrapando num ano de forte concorrência. O ala Jerami Grant, filho de Harvey e sobrinho de Horace, lesionado, é outro que pode seguir nessa linha. Mas seria o suficiente para tornar a atual equipe mais competitiva? Dificilmente.

Mais duas observações: 1) McDaniels já vai virar um agente livre ao final do ano (leia mais abaixo); 2) de todas as escolhas do segundo round, o ala Jordan McRae foi aquele que teve o melhor verão com a camisa do Philadelphia. Mas cadê ele no elenco atual? Você não vai achar. McRae foi convencido pela diretoria a jogar na Austrália para ganhar cancha, que foi o mesmo procedimento adotado pelo Miami Heat com James Ennis, e deu certo. Por outro lado, é um prato cheio para aqueles vão acusar Hinkie de estar simplesmente entregando os pontos por ora.

Carter-Williams e Noel: dupla de aposta para o futuro, ou nem isso. Sixers no limbo por enquanto

Carter-Williams e Noel: dupla de aposta para o futuro, ou nem isso. Sixers no limbo por enquanto

Como Stan Van Gundy, que não tem papas na língua. “Não me importo se alguém diga que eles não estão perdendo de propósito. O que Philadelphia está fazendo agora é uma vergonha. Se você está usando botando um time desses em quadra, está fazendo todo o possível para perder”, afirmou o técnico durante a última Sloan Sports Conference, antes de assumir o Detroit Pistons, diga-se.

Esse tipo de revolta, aliás, levou a NBA a votar no encontro anual dos proprietários de cada clube uma possível mudança nas regras do Draft. A proposta era mais complexa, mas pode ser resumida basicamente desta forma: os piores times da liga teriam chances menores de ganhar as primeiras posições no recrutamento. A disputa ficaria mais equilibrada entre todos os participantes da loteria. Muitos esperavam que a reforma fosse aprovada, mas, de última hora, o Sixers ganhou aliados e venceu essa batalha. Não que esses novos aliados estivessem inteiramente ao lado de Sam Hinkie: pesou também toda a incerteza que ronda as franquias com a iminência de um novo contrato bilionário de TV, que vai influenciar drasticamente a condução dos negócios cotidianos.

Mas nem tudo são críticas. O próprio comissário Adam Siler diz entender e avalizar o projeto de Philly. “Não concordo de modo algum com o técnico Van Gundy. Já visitei aquele vestiário, falei com o treinador Brett Brown. É um insulto para toda a liga sugerir que esses caras não estejam fazendo o melhor que podem para vencer”, afirma. “Se você for observar qualquer negócio, vai pensar em resultados a curto e longo prazo. E se te dissessem que, em um rumo específico, que a ideia era operar com base a cada trimestre, você diria que esse não é o caminho certo, que você precisa de uma estratégia e pensando longe. Acho que o que essa organização está fazendo é absolutamente a coisa certa: planejar para o futuro e construindo uma organização do térreo para cima. Pensando no que aconteceu na cidade nos últimos anos, era algo muito necessário.”

Na hora de fazer uma análise sobre cada negociação conduzida por Hinkie, o cartola na verdade sai ganhando, dependendo do quanto se vá valorizar Evan Turner e Thaddeus Young, que ainda eram jovens o suficiente para seguir no time (a que preço, porém?). Os dois alas e o armador Jrue Holiday e o pivô Spencer Hawes foram os atletas negociados. Em troca, o gerente geral conseguiu Nerlens Noel,  os direitos sobre Saric e muitas escolhas de Draft, de primeira ou segunda rodada. A equipe piora para agora, mas ganha uma base para amanhã.

As escolhas de Noel, Saric e Embiid foram todas oportunistas: se não houvesse restrições de lesão ou contratuais, os três não estariam disponíveis para a franquia. Mas é aíque  retomamos a pergunta inicial: o duro é que esse amanhã vai demorar para chegar, e muito. Noel está aparentemente 100% recuperado de sua cirurgia no joelho, mas ainda é bastante cru. Causa impacto na defesa, mas deixa a desejar no ataque. Carter-Williams? Nem eles estão certos se vai dar em algo, tanto que estavam dispostos a trocá-lo ao final da temporada, caso conseguissem mais uma escolha alta de Draft.  Tentaram vendê-lo na alta. Embiid, pelo que todo mundo indica, não vai jogar este ano, recuperando-se de uma operação no pé e também de complicações com as costas. O camaronês encantou a todos os olheiros durante seu ano de parceria com Andrew Wiggins em Kansas, mas também é inexperiente e tem esse histórico médico preocupante.

É um cenário bem diferente daquele que o Oklahoma City conduziu. Eles selecionaram Kevin Durant, Russell Westbrook e James Harden para jogar na hora. Serge Ibaka foi o único pelo qual tiveram de esperar por um ano. Ah, mas muito disso vem do fator chamado sorte? Certamente: o Portland Trail Blazers apostou nas articulações de Greg Oden e se deu mal. Por outro lado, Westbrook e Harden eram bem cotados quando saíram da universidade, mas não eram unanimidade. Poucos imaginavam que poderiam se tornar superestrelas desse nível. Valeu, aí, o faro do gerente geral Sam Presti e de sua equipe, além da competência de todos no trabalho com os garotos. No ano de calouro de KD, o time venceu 20 partidas, ainda em Seattle. Com Wess novato, foram 23 triunfos. Quando Harden chegou, eles já foram par 50 vitórias.

Demorou um pouco para vencer, mas OKC juntou muito mais talento, e de cara

Demorou um pouco para vencer, mas OKC juntou muito mais talento, e de cara

Em Philadelphia? No campeonato passado, foram 19 vitórias. Então, pera lá: qual a diferença? Bem, são muitas. Para começar, a equipe ainda contava com alguns veteranos competentes, que ajudaram num início de campanha surpreendente. Desde fevereiro de 2014, porém, a equipe perdeu 40 de suas 44 partidas. Para a atual campanha, não há sinal de evolução alguma. Muito pelo contrário: o Sixers não só perdeu suas nove primeiras partidas, mas vem com um saldo negativo de 16 pontos por rodada (o Lakers na sua pindaíba, vem com -10,5, e jogando no Oeste). Mesmo se descontarmos os 53 pontos da surra que tomaram naquela do MAvs (placar de 123 a 70, a maior vitória da história do adversário), o saldo ainda seria de -11,3.  Em 1972-73, aquele que viraria o pior time da história tinha perdido por 9,3 pontos nas primeiras nove rodadas. Obviamente as coisas aqui estão bem mais incertas.Mas Hinke tem sinal verde, respaldo total dos acionistas da franquia para seguira diante com seu plano. “Quanto mais eu converso com as pessoas sobre as coisas que vejo, elas me dizem que muito dos pilares já estão aqui: uma cidade com tradição no basquete, um mercado grande e um grupo de proprietários comprometidos com a ideia de vencer no nível mais alto possível e que são inteligentes, pacientes e estão dispostos a fazer os investimentos a longo prazo e tudo o que for necessário para conduzir nosso sucesso”, disse o cartola, que é daqueles que fala pouco. Não há metas declaradas, nem nada disso. Enquanto a liga não sabe o desfecho do plano, é bom que Carter-Williams, seus companheiros e torcedores vão ter de se preparar. Para alcançar o sucesso, será preciso passar por um suplício nesta temporada.

Brown, Embiid, Noel, MCW e Hinkie foram ver Saric jogar a Copa do Mundo. Time do futuro?

Brown, Embiid, Noel, MCW e Hinkie foram ver Saric jogar a Copa do Mundo. Time do futuro?

O time: Brett Brown tem alguns jogadores interessantes em sua equipe. Mas estamos falando da NBA, então essa é basicamente a norma.  No caso do Sixers, três dos seus atletas mais promissores têm uma deficiência grave: não sabem arremessar. Há um “detalhe” desses para ser solucionado, em meio a muitas outras carências.

Até mesmo o espigão Noel, jogando perto da cesta, tem dificuldades para finalizar. Tony Wroten até dá sinais de melhora em seu tiro de três pontos, mas numa amostra pequena de jogos – e sua média na carreira ainda é de 24,2%. Nos lances livres, como prova, tem convertido apenas 61%. O armador, de qualquer forma, vinha fazendo um excelente início de temporada, como substituto de MCW. Agora, com o titular de volta, fica a dúvida sobre o quanto os dois podem ser efetivos juntos. Afinal, possuem muitas das mesmas características, e seu companheiro talvez seja um finalizador ainda pior. Ambos cometem muitos turnovers também. Detalhe: embora esteja em seu terceiro campeonato, Wroten é dois anos mais jovem que o companheiro. KJ McDaniels já estrelou algumas enterradas e jogadas atléticas de tirar o fôlego, embora tenha dificuldade para criar por conta própria, se atrapalhando com a bola. E por aí vai.

Tony Wroten começou bem a temporada, mas ainda tem muito o que refinar em seu jogo

Tony Wroten começou bem a temporada, mas ainda tem muito o que refinar em seu jogo

Como eles podem evoluir, se ao redor deles não há quem lhes alivie a pressão? Tanto em termos de atletas experientes como em pura e simples eficiência, qualidade em quadra.

Se formos pegar o ranking aproveitamento geral nos arremessos,  por exemplo, contando tudo (chutes de quadra, três pontos e lances livres), o Philadephia é o pior da temporada até agora. O mesmo aconteceu na campanha passada. É complicado: o time é bem limitado, mesmo. Ainda assim, Brown quer que sua equipe jogue em velocidade, num dos ritmos mais acelerados da liga. Diz acreditar que essa é a melhor solução. Há quem suspeite que a tática sirva apenas para inflar os números dos atletas que Hinkie usaria em trocas. Vai saber. O consolo para o treinador é que ele não precisa ter pressa nenhuma para colher resultados significativos. Além do trabalho diário com os atletas, ele só espera que o mero fato de a rapaziada ir para quadra e encarar uma competição muito mais qualificada seja o suficiente para acelerar seu desenvolvimento.

A pedida: 10 vitórias, e só, para evitar o vexame e mais escândalo na liga.

Olho nele: Nerlens Noel. Um calouro em seu segundo ano de NBA, é verdade. Mas chegou a hora de ver o que Noel pode oferecer em quadra, lembrando que ele era o jogador mais cotado para ser a primeira escolha do Draft de 2013. Acabou caindo para sexto devido ao receio dos times com sua lesão no joelho. O jovem pivô não parece ter perdido nada de sua capacidade atlética. Vale a pena reparar na velocidade das mãos do jogador, que desarma armadores, em baixo, com facilidade. A expectativa de Brown é que ele cause grande impacto na defesa, mesmo. No ataque, ele ainda precisa de muito refinamento. Vai pontuar mais em lances de pick and roll, no aproveitamento de rebotes ofensivos ou em transição.

(Olho nele 2? Joel Embiid, mesmo que ele não vá jogar. Para os que estão no Twitter, taí uma conta obrigatória para se seguir. Na rede de microblog, ele já sondou LeBron James sobre a possibilidade de jogar pelo Philadelphia, flertou com Kim Kardashian, a ‘célebre’ ex-esposa de Kris Kumprhies e atual Sra. Kanye West, e já arrastou asa para a popstar Rihanna também. O quanto disso era sério ou brincadeira? Ninguém precisa saber, fica melhor assim.)

Abre o jogo: “Sim, tenho um trabalho complicado. Mas acho que as recompensas superam os riscos para mim, nessa altura da minha carreira. Está tudo bem. Ninguém iria aceitar esse cargo se a intenção fosse melhorar seu currículo, se preocupando com o número de vitórias ou derrotas, na hora de avaliar sua carreira no futuro. Já passei dessa fase. Vejo apenas uma oportunidade incrível, que eu abraço para valer. É difícil em muitos níveis, mas a empolgação do que o projeto pode vir a ser pesa mais que as dificuldades. Nem me importo com um primeiro jogo da pré-temporada. E nem me importo com muitas coisas, para falar a verdade. Em vez disso, olho para o futuro. Quero realmente uma abordagem muito dedicada e muito devagar, para que façamos as coisas direito”, Brett Brown, quase num manifesto ao falar ao NBA.com sobre os desafios de seu cargo: pegar um elenco horroroso e tentar extrair daí algo positivo para o futuro, sem se importar com tantas surras que tem tomado.

KJ McDaniels decidiu usar a draga do Sixers a seu favor. Vai dando certo

KJ McDaniels decidiu usar a draga do Sixers a seu favor. Vai dando certo

Você não perguntou, mas...  o ala KJ McDaniels, um dos calouros da equipe, desafiou a lógica vigente ao negociar seu contrato com o Philadelphia. Em geral, para os atletas selecionados na segunda rodada do Draft, o padrão vinha sendo a assinatura de um vínculo de quatro anos, os dois últimos sendo opcionais – com o time podendo exercer a cláusula, claro. McDaniels simplesmente optou por um contrato de apenas um ano, sem garantias. Pode ser dispensado a qualquer momento pelo Sixers. Sua aposta, porém, é que a equipe não vai poder abrir mão de seu talento – imaginem? – e que terá tempo de quadra para vender o peixe. Ao final do ano, vira a gente livre e espera receber uma oferta mais rentável.

Hal Greer,1972-73, Sixers, Trading CardCard do passado: Hal Greer. Nessa preciosidade de 1972-73, vemos que ao menos aquela versão vexatória do Sixers contava com um membro do Hall da Fama em seu elenco. Pena que era justamente em sua última temporada na liga. : ) Greer entrou na NBA em 1958 e jogou toda sua carreira pela mesma franquia – com a diferença de que, até 1963, ela se chamava Syracuse Nationals. Campeão em 1967, foi um dos principais companheiros do legendário Wilt Chamberlain. No ano do título, ele marcou 27,7 pontos por jogo nos playoffs, por exemplo. De 1961 a 70, foi eleito para o All-Star Game. O ala-armador também ficou famoso por cobrar seus lances livres pulando. Sua camisa 15 está aposentada pelo clube.

 


Larry Bird não pára quieto, e agora Evan Turner que se vire
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Giancarlo Giampietro

Danny Granger e Evan Turner estrelando em... A Troca

Danny Granger e Evan Turner estrelando em… A Troca

Evan Turner foi o número dois do Draft de 2010, logo abaixo de John Wall e oito postos acima desse tal de Paul George. Depois de construir uma sólida carreira por Ohio State, evoluindo a cada temporada, o ala era visto como um tiro certo naquele recrutamento: alguém que chegaria para resolver no perímetro. No fim, se tornou mais uma de uma longa lista de segundas escolhas que não renderam conforme o esperado em seus primeiros anos de carreira.

Está certo que, em Filadélfia, ele nunca encontrou a situação certa para por em prática suas habilidades. Jrue Holiday, Andre Iguodala e, agora, Michael Carter-Williams são todos atletas que curtem dominar a bola, criando por conta própria ou para os companheiros. Sim, exatamente o que Turner mais gosta de fazer.

Agora… Se o ala enfrentou dificuldades, isso também pode indicar que encara o jogo de uma forma limitada, sem conseguir se adaptar ao que está ao redor. Basicamente, por não se movimentar da maneira adequada fora da bola e ser (ainda!) um péssimo arremessador de longa distância. Além do mais, com um ou dois passos dentro do zona interior, continua sem fazer lá muita coisa:

Nesta temporada, Turner atingiu a média da liga (amarelo), no máximo, em dois quadrantes

Nesta temporada, Turner atingiu a média da liga (amarelo), no máximo, em dois quadrantes

Agora, pior, mesmo, é ver que nem próximo da cesta ele consegue usar sua envergadura e altura para finalizar com precisão. No fim, parece que a única jogada saudável para o atleta, no momento, é uma semi-infiltração pela direita, brecando para o chute em elevação. Muito pouco, para alguém supostamente tão talentoso e com tanto volume de jogo. Sua capacidade no drible é indiscutível, algo que pode encantar e, ao mesmo tempo, iludir – o quanto de produção sai dali?

Turner e seu arremesso tenebroso. Com a mão esquerda, parece que está bloqueando a si próprio

Turner e seu arremesso tenebroso. Com a mão esquerda, parece que está bloqueando a si próprio

Além do mais, considerem que o Sixers foi o time que mais correu nesta temporada, com média superior a 102,5 posses de bola por partida (comparada com as 96,1 do Pacers). Na correria, a ideia é pegar as defesas menos preparadas, armadas para a contestação de seus arremessos. Ok, funciona bem melhor quando se tem um Steve Nash na condução dos contragolpes, mas o fato é que Turner só usou esse ritmo acelerado para inflar suas estatísticas (mais ritmo, mais posses de bola, mais arremessos…), sem nenhum acréscimo em aproveitamento. Ele tem médias de 17,4 pontos, 6 rebotes, 3,7 assistências, mas ainda, em termos de eficiência, segue abaixo da linha mediana da liga.

Aos 25 anos, fica a dúvida sobre o quanto pode evoluir ainda. De todo modo, se Larry Bird decidiu apostar (mais uma vez!), quem é que vai duvidar? Fica a expectativa agora sobre como Frank Vogel vai usar Turner em sua rotação, uma vez que Paul George e Lance Stephenson são tão ou mais controladores do que Jrue, Iggy ou MCW – e colocar Tuner ao lado dos dois diminuiria, e muito, o espaçamento de quadra, limitando os ângulos para as infiltrações dos dois jovens astros.

Talvez os diretores do Pacers confiem no seu programa de desenvolvimento de talentos – e pensem no cara como um plano B para o caso de perderem o futuro agente livre Stephenson ao final da temporada. Talvez queiram Turner para diminuir um pouco a carga de minutos de George e Stephenson nesta reta final antes dos playoffs.  Ou talvez a troca só diga algo significativo, mesmo, sobre Danny Granger.

O veterano havia disputado apenas cinco partidas no campeonato passado. Demorou um tempão para voltar nesta edição, com problemas no joelho. O clube aguardou exatamente 29 jogos para ver se ele conseguia, de alguma forma, relembrar ao menos 60% do que foi no passado – no auge, em 2009, foi um All-Star. Provavelmente seria o suficiente para lhe manter como sexto homem, completando a rotação de perímetro fortíssima. Não aconteceu – e, na avaliação da franquia, fica evidente, não vai acontecer tão cedo.

É muito vermelho para o gosto de quem luta pelo título

É muito vermelho para o gosto de quem luta pelo título

O ala conseguiu, de alguma forma, abaixar sua média nos arremessos de dois e três pontos, seja pelas métricas mais tradicionais ou pelas ditas avançadas. O aproveitamento de 33% nos disparos de fora ainda é superior ao de Turner, mas não o suficiente para convencer Bird a mantê-lo na base, ainda mais com a mobilidade bastante limitada e a incapacidade de produzir rumo ao aro.

Como o legendário Bird já disse, é tudo ou nada para o Pacers este ano. Se Granger não estava preparado para ajudar a equipe nos próximos meses, especialmente a partir de abril, que tentassem outra direção – ainda que estranha, a princípio. Com o título e só o título como plausível meta, qualquer noção de lealdade pelos serviços prestados vai para o espaço. Bye, bye, Danny, foi bom enquanto durou.

Granger vai se apresentar ao Sixers nos próximos dias. Sua turma já está espalhando na imprensa que seu desejo é apenas assinar a papelada e rescindir o contrato, para ficar livre e beliscar uma vaguinha em outro concorrente ao título. Estão de olho: Thunder, Spurs e… Heat  que, glup!, acabou de despachar Roger Mason Jr. para Sacramento justamente para abrir uma vaga em seu elenco.

Só faltava oa ala seguir Ray Allen e se mudar para South Beach. Teoricamente, um movimento muito improvável. Seu relacionamento com George, David West, demais companheiros e membros da comissão técnica é hoje ainda muito mais amistoso do que o do chutador com Boston. Na sua despedida, por exemplo, fez questão de abraçar um por um que estava presente no ginásio. Agora imaginem se acontece? Como se a eventual disputa Miami x Indiana precisasse de mais ingredientes picantes…

De qualquer maneira, para um time que está no topo da Conferência Leste – agora bastante pressionado, é verdade –, o Indiana ainda se mostra irrequieto, se mexendo sem parar, tentando achar a combinação perfeita para destronar os LeBrons. Vamos ver se Evan Turner se encaixa nessa. Ele vai ter de se virar. A essa altura, seu status de número dois do Draft já não serve mais para nada.

(PS: sobre o pivô Lavoy Allen, não há muito o que dizer. Só deve entrar em quadra no caso de alguma gripe suína se espalhar por Indianápolis.)


Steven Adams, o novato mais odiado da NBA
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Giancarlo Giampietro

Steven Adams, cara, só a cara de bom moço

Steven Adams, cara, só a cara de bom moço

A atual classe de novatos da NBA nunca chegou a empolgar muito, nem mesmo antes do Draft. Gerentes gerais e scouts eram bastante pessimistas na hora de avaliar o talento do grupo de jogadores disponíveis. Bem, neste caso, as previsões estavam certas. Não há muito com o que se animar, não.

Apenas três jogadores têm média superior a 10 pontos por partida – Michael Carter-Williams (17,5), Trey Burke (13,5) e Victor Oladipo (13,4) – curiosamente, os únicos três candidatos que podem aspirar ao prêmio de calouro do ano, e não (somente) por encabeçarem a tabela de cestinhas de sua geração.

Agora, não quer dizer que os momentos relevantes da trupe mais jovem está limitado a essas três revelações citadas acima. Aqui e ali, aparecem alguns flashes de potencial. O Milwaukee Bucks que o diga com sua aberração atlética helênica que tem nome de Giannis Antetokounmpo (dados sobre o garoto estão sendo coletados,e  jajá ele ganha sua própria manchete, podem esperar).

De todos eles, aquele que mais vai fazendo barulho pelas coisas erradas – ou certas, depende do ponto de vista – é o Steven Adams. O pivô do Oklahoma City Thunder é uma das surpresas da temporada, tendo conseguido espaço na rotação de um time candidato ao título, quando muitos o consideravam meramente um prospecto a longo prazo.

Está preparado para embarcar nessa viagem pelo universo deste neozelandês atrevido?

Vamos juntos, o Vinte Um infoooooooooooorma pra vocêeeee, na voz do Nilson César:

– Vocês sabiam que Steven Funaki Adams é o filho mais novo de um batalhão de 18 irmãos!? Dá um elenco inteiro de NBA e três deles ainda precisariam ser lamentavelmente dispensados ao final do training camp.

– Imaginava que, dentre esses 18 irmãos, aos 20 anos, daquele tamanho todo, ele é o caçula?

– Aliás, se estamos falando de tamanho, que tal a altura dessa galera? Os homens têm média de 2,06 m, enquanto a das mulheres dá 1,83 m. Apesar da estatura, apenas outro dos irmãos Adams seguiu carreira no basquete, Sid Adams Jr., que joga na minúscula liga neozelandesa.

Valerie, a Adams mais laureada por enquanto, e de longe

Valerie, a Adams mais laureada por enquanto, e de longe

– Entre as irmãs, consta uma tal de Valerie Adams. É, a Valerie Adams atual bicampeã olímpica no lançamento de peso. Sim, a mesma que também sustenta um tetracampeonato mundial na modalidade, recordista em distância atingida (21,24 m) e em sequência de títulos na competição (desde Osaka 2007, sendo que já havia ficado com a prata em Helsinque 2005). Além do mais, em 2009, ela esteve aqui pertinho de nós, competindo no Grande Prêmio do Rio. Obviamente se despediu dos cariocas novamente como a vencedora.

– O pai dessa turma toda era o Sid Adams, um velho marujo da Marinha Real britânica. Vejam só.

– Sid navegou por aí e teve cinco diferentes mulheres. A mãe de Steven é de Tonga.

Isto é Tonga, no meio do Pacífico. Vamos todos?

Isto é Tonga, no meio do Pacífico. Vamos todos?

– Sid morreu em 2006, quando Steven ainda era um adolescente de 13 anos. O pivô afirma que estava desandando legal sem tê-lo ao redor, como referência, até que um dos manos mais velhos, Warren, assumiu os controles das coisas. Warren o levou da pequena cidade de Rotorua para a capital Wellington. Foi lá, numa academia de basquete, que ele começou a jogar para valer. Até para extravasar as emoções e energias.

– O coordenador da academia conseguiu que Steven se matriculasse numa escola privada local, a Scots College. Que hoje o relaciona como um de seus alunos de honra, claro, ao lado do All Black Victor Vito, de um governador da Irlanda do Norte, de um satirista e de um autor. Orgulho kiwi.

– Steven até começou a jogar pelo Wellington Saints da liga local, a NBL. Em 2011, foi eleito o novato do ano, mas o campeonato ficou muito pequeno para suas qualidades atléticas. Aí o rapaz pegou as trouxas e cruzou o pacífico em direção aos Estados Unidos. Fez um estágio na escola preparatória de Notre Dame, bastante tradicional no trato com basqueteiros – alô, Michael Beasley, Ryan Gomes e Shawn James. Não conhece o Shawn James? Pegue qualquer partida do Maccabi Tel Aviv no Sports+ para ver. Vale a pena.

– Estudando e treinando, Steven conseguiu a nota necessária para se inscrever na universidade de Pittsburgh. Os Panthers até que mandaram alguns jogadores decentes para a NBA nos últimos anos, como os ursões DeJuan Blair e Aaron Gray, o esforçado Sam Young e o delicado Mark Blount. Nenhum deles, contudo, foi uma escolha de primeira rodada – ainda que Blair só tenha caído no colo de Greg Popovich devido a exames de última hora que apontavam problemas estruturais em seus joelhos. O último jogador a ter deixado o time de Pitt e entrado na ronda inicial do recrutamento de novatos da liga foi o armador Vonteego Cummings (26º em 1999), um cara que não agradou nada em uma fase tenebrosa do Golden State Warriors no início da década passada.

– Nada disso importou. Adams demorou um pouco para se ajustar ao basquete universitário e, da metade de sua primeira e única temporada em diante, se soltou e começou a elevar sua cotação entre scouts e dirigentes, para os quais já havia se apresentado em um dos campos de treinamento da adidas em 2010. Treinou muito bem em sua turnê pelos Estados Unidos, impressionou as franquias com suas entrevistas particulares e acabou, com a 12ª escolha, se tornando uma das peças que o Thunder recebeu em troca de James Harden.

– Para quem o consideraria um mero projeto – seu físico e capacidade atlética impressionam, mas os fundamentos ainda deixam a desejar (veja o quadro abaixo) –, é surpreendente, sim, que esteja recebendo mais de 15 minutos em média por jogo. E pode ter certeza de que ele está aproveitando ao máximo cada instante em quadra. Com muita energia, saltitante, ele causa um fuzuê sempre que acionado para render o já ancião Perk.

Adams nem se mete a besta de querer tentr uma cesta que não seja realmente nos arredores do garrafão, e mesmo ali de perto tem dificuldade de finalizar. Ainda há muito o que evoluir nesse sentido, seja por entender o tempo certo para buscar os dois pontos, ou pelo desenvolvimento físico, para ganhar estabilidade por ali

Adams nem se mete a besta de querer tentr uma cesta que não seja realmente nos arredores do garrafão, e mesmo ali de perto tem dificuldade de finalizar. Ainda há muito o que evoluir nesse sentido, seja por entender o tempo certo para buscar os dois pontos, ou pelo desenvolvimento físico, para ganhar estabilidade por ali

– “Você já viu minha irmã?”, questionou o pivô neozelandês, respondendo a uma pergunta com outra interrogação, depois de se enroscar em quadra com Larry Sanders um dia desses. Estavam querendo saber se Adams, por acaso, não tinha noção do perigo de querer arrumar encrenca em meio aos gigantes da NBA. Para quem foi o caçula numa família de gigantes, moleza.

– Sem contar a óbvia paixão do pivô pelo rúgbi, o esporte que ele mais praticava até descobrir o basquete. “Os dudes no rúgbi ficam empilhados, levam um soco, joelhada e tudo isso “, afirma. “Eles poderiam estar sangrando, estarem machucados, mas ainda têm de jogar.”

– Sanders, na verdade, foi o quarto jogador a ser excluído neste campeonato depois de algum entrevero com o calouro do Thunder. O pivô do Milwaukee Bucks acertou uma cotovelada no rapaz, e a arbitragem viu. Mas sabe do pior/melhor? Seu oponente continuou jogando – e que fase a do Larry Sanders, aliás. O mesmo aconteceu com o espevitado Nate Robinson, com Jordan Hamilton, coadjuvante do Nuggets, e até mesmo com um pamonha como Vince Carter. Adams aparentemente consegue sempre dar a primeira, ao mesmo tempo em que evita o flagrante. O vídeo com Carter deixa isso claro. Jogo sujo ou duro?

Liderado por um Kevin Durant em fase esplendorosa, o Thunder tem tudo para ir muito longe nos playoffs. É nos mata-matas que os jogos ficam mais pesados, em que os adversários se estudam e se desgastam com a repetição dos confrontos durante os dias. O nosso estimado kiwi vai estar envolvido nessa. Faça as contas…. Sim, se você ainda não embarcou nesta viagem meio maluca com Adams, pode ter certeza de que ele vai chegar até você, de um jeito ou de outro. Só não se incomode com o cotovelo.


Tudo errado em Philadelphia: Sixers termina a 1ª semana semana invicto
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Giancarlo Giampietro

MCW, fazendo de tudo para estragar os planos de inscuesso do Sixers

MCW, para com isso

Talvez os jogadores do Philadelphia 76ers não tenham entendido direito o recado. Sam Hinkie, o novo gerente geral da equipe, estava fazendo de tudo para sabotar seus prospectos para esta temporada, com o objetivo de se colocar no páreo para as melhores posições do próximo Draft.

Ele foi o último a contratar um treinador. Sua folha salarial não atinge nem mesmo o mínimo requerido pela liga. O elenco parecia mais preparado para competir na D-League do que da liga principal.

E o que a rapaziada me faz em quadra, na primeira semana da temporada? Vencem. Não param de vencer – já são três triunfos em três rodadas. Não contentes em bater o Miami Heat na noite de abertura, eles ainda derrotam o Chicago Bulls.

Aí, não, né? Exageraram. Tudo errado!

“Sabemos o que todos têm dito e escrito sobre nós”, afirma o treinador Brett Brown, ex-assistente de Gregg Popovich e ex-comandante da seleção australiana masculina. “Nossos caras estão se dedicando no dia a dia, algo que sempre foi nossa mensagem. Sou sortudo de ter encontrado um grupo que curte tanto a companhia de cada um que gosta de jogar junto.”

Mas tudo isso pode não passar de apenas um equívoco  por parte do armador Michael Carter-Williams, grande responsável em quadra por esse sucesso inesperado. Sabe como é, né? O cara é novato, ainda não entende direito como devem funcionar a coisas.

A escolha número 11 do Draft tomou a semana inaugural da NBA de assalto, com inacreditáveis médias de 20,7 pontos, 9 assistências e 4,7 rebotes. Sua atuação contra o Heat, aliás, foi uma das maiores estreias da história, beirando um quádruplo duplo absurdo.

“O técnico me dá muita confiança. Posso jogar com liberdade e apenas fazer as coisas acontecerem para minha equipe”, afirma.

Só não pode colocar toda a culpa no calouro, todavia. Um veterano como o pivô Spencer Hawes deveria saber muito bem que seus 19,3 pontos e 11,3 rebotes não ajudam em nada, mas nada mesmo nos grandes objetivos do clube. Além do mais quando ele resolve acertar 50% de seus arremessos de três pontos.

E o que dizer de Evan Turner? Com um rendimento um tanto decepcionante para alguém que foi o número dois do Draft de 2010, o ala me resolve, justo agora, elevar seu padrão de jogo, dividindo bem a bola com Carter-Williams – algo que não consegui nos últimos anos ao lado de Jrue Holiday ou Andre Iguodala.

Enfim, são diversos os detalhes que encaminham esse inesperado início. Com três vitórias, o Sixers só precisa de mais sete para ao menos escapar da pecha de “pior equipe da história”, título que pertence justamente à versão de 1972-73 da franquia (9-73!).

Era algo que muitos julgavam como uma séria ameaça para este elenco. Mas está cedo ainda, de qualquer forma. Sam Hinkie ainda tempo suficiente para mexer em seu time e colocar a equipe no seu devido rumo. De derrotas.


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