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Derrick Rose avisa: tão aguardado retorno vai acontecer no Rio de Janeiro
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Giancarlo Giampietro

Derrick Rose, madrilenho

O sol de Madri faz bem a Derrick Rose: está 100%, pronto para outra

Alô, você, torcedor do Chicago Bulls. A semana acordou sorridente hoje, né?

Direto de Madri, em evento da adidas na capital espanhola, o armador Derrick Rose avisou que seu tão aguardado retorno com a camisa eternizada por Michael Jordan (e Jason Caffey, oras) vai acontecer no dia 12 de outubro de 2013. Quer dizer, bem na abertura da pré-temporada dos hexacampeões. Contra o Washington Wizards. No Rio. De. Janeiro. Vejam só.

Imaginem as hordas de jornalistas de Chicago – e da mídia nacional – dos Estados Unidos por aqui. Já teria aos montes, claro. Mas agora o bicho vai pegar. Só fico com um pouco de pena dos blogueiros humildes da cidade, que especulam, se empenham há meses e meses para tirar qualquer informação possível sobre a volta de Rose, e talvez não tenham grana suficiente para ver de perto seu Messias por aqui nos trópicos.

Pobres blogueiros.

(Corporativismo é pouco, né?)

Porque vale, mesmo, a expectativa. Com Rose, o Bulls sobe a outro patamar no Leste. Passa do time-bonitinho-batalhador-exemplar da temporada passada a novamente candidato ao título, a ameaça ao Miami Heat. Desde que, claro, Rose seja Rose. Digito e bato na madeira ao mesmo tempo.

Na capital espanhola, pela primeira vez, Rose sorriu e se disse 100%. Não 88,7 ou 92,1. Mas 100%, completinho, cheio de energia.

É de tudo o que ele precisa. Algo primordial, essencial. Rose sabe usar ângulos para infiltrações e para a conversão de bandejas na tabela como ninguém. Tem um drible perfeito, forte e rápido. Mas seu jogo todo se baseia, mesmo, em sua explosão física. Arranque e impulsão. Quando em forma, só mesmo aberrações como LeBron James conseguem parar em sua frente. É desse jogador que o Bulls precisa para tentar destronar essa gente de Miami que Joakim Noah tanto odeia.

Então ficamos assim. Para os fanáticos Bullistas deste Brasil profundo, o feriadão ganhou outro significado. Dia da Criança? Nossa Senhora de Aparecida? Ficou tudo para 2014. Virou dia, mesmo, de O Retorno de Rose. Seus sortudos.

*  *  *

Vai fechar nesta terça-feira, dia 16 de julho, a famigerada “janela de anistia” para os clubes da NBA guilhotinarem algumas cabeças. A mesma ferramenta que custou ao Lakers o seu Ron-Ron predileto. No que se refere a Chicago, isso quer dizer que o clube tem poucas horas para decidir se manda Carlos Boozers para as cucuias, ou não. Embora não falem nada em público, tenha certeza de que isso ganha seus bons minutos ou horas de discussão entre  uma diretoria que trabalha sempre sob a pressão de corte de gastos. O Bulls só pagou a “luxury tax” uma vez nos últimos dez anos, e foi na temporada passada, com US$ 3,9 milhões de multa, totalizando gastos de US$ 78,2 milhões com seu elenco. Com a atual configuração de seu plantel, Boozer mantido, a conta subiria mais US$ 18 milhões, conforme o imperdível Zach Lowe discute aqui. Dar uma anistia a Boozer significaria uma economia de US$ 12 milhões. Mas, por mais pão duro que seja Jerry Reinsdorf, é mais provável que a franquia dê mais uma chance a este grupo, agora completo, se provar. Em julho de 2014, eles poderão revisitar o caso se necessário.

*  *  *

Além da questão Boozer e do retorno de Rose, outra história de bastidor torna a temporada 2013-2014 de Chicago ainda mais urgente: a suposta deterioração no relacionamento entre Tom Thibodeau e a diretoria compsota por Gar Forman e John Paxson. Ainda sem motivos claros, o clube simplesmente resolveu não renovar o contrato do principal assistente de Thibs, Ron Adams. Assim, do nada, por que diabos você vai mexer com uma comissão técnica tão competente (e não falamos aqui só de defesa, mas do desenvolvimento de jogadores, vide o progresso de Jimmy Butler, Marco Belinelli, Taj Gibson etc.)?

Falta de capacidade não é o motivo, mesmo. Do contrário, Adams não seria cobiçado por Spurs, Clippers, Celtics, Thunder, Pacers e Nets. Tipo pela elite da NBA inteira. Corte de gastos? Custa me crer que o pagamento de um assistente, que nem conta para nada do teto salarial do clube, fosse fazer tanta diferença assim. O que pegou é que o veterano Adams andava reclamando bastante do elenco do Bulls – algo que ecoa com os protestos do irmão de Derrick Rose no ano passado, lembram? E, se o assistente está assim, é de se imaginar que Thibs também concordasse com algo, pelo menos.

Nesta semana, em Las Vegas, contudo, o técnico principal tentou dissipar um pouco as intrigas, dizendo que ele e seus gestores estavam bem, que o seu time só tem de olhar para a frente e tudo mais. Claro. Thibs pode não ser o técnico mais charmoso do mundo, mas vive a NBA há anos, tendo trabalhado até com Pat Riley. Ele sabe como as coisas funcionam. Sabe que, com o time que tem em mãos, está diante de uma chance única. Não vai atirar tudo para cima. Mas tem coisa aí. Algo para se ficar de olho.


Será que Chris Andersen nunca mais vai errar um arremesso pelo Miami Heat?
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Giancarlo Giampietro

Birdman! Birdman!

A torcida do Miami já venera seu Birdman

Tá bom, não precisa de sensacionalismo: em vez de arremessos no título, o mais honesto seria colocar “enterradas” ou “bandejas”. : )

Na hora de fazer as contas, porém, a nomenclatura ou o modo como ele ataca a cesta pouco importam: os resultados têm sido extraordinários. O pivô reserva do Miami Heat converteu suas quatro tentativas de cesta contra o Indiana Pacers neste domingo – vitória essencial fora de casa – e agora já soma quatro partidas seguidas com 100% de aproveitamento, se beneficiando com muito oportunismo das chances criadas por seus talentosos parceiros.

Sim, desde os 9min18s do quarto período do terceiro jogo da semifinal contra o Chicago Bulls, em que falhou em um disparo de média distância, o Birdman não errou mais. Já são 16 ‘arremessos’ e 16 bolas encaçapadas desde então, com 82 minutos de tempo de jogo. Uma eficiência absurda para um jogador que começou o ano desempregado e que Pat Riley relutou a contratar, até que, de tanto pedir, o técnico Erik Spoelstra conseguiu dobrar o chefe. Veja seu quadro de arremessos durante os mata-matas:

Chris Andersen e a perfeição

Verde: acima da média; vermelho: abaixo. Dãr. Notem, porém, que Andersen arriscou apenas dois chutes fora de sua zona de conforto. Apenas dois! Para um sujeito considerado avoado durante toda a carreira, nada mal. Acertar 89,4% dos arremessos dentro da zona pintada é algo ridículo de bom. Para se ter uma ideia, LeBron converteu ali 72,1% na temporada regular

Em quadra, o pivô, dos mais atléticos da liga em sua posição, vem fazendo de tudo, então, para agradecer a confiança que recebeu – quando, na verdade, são os dirigentes e treinadores da equipe da Flórida que deveriam se sentir agraciados por qualquer tipo de intervenção do destino por poderem contar um jogador deste nível a preço de barganha.

E ele não está nem aí. Quando questionado ainda em Miami, depois da primeira partida contra o Pacers, sobre seus números, respondeu com outra pergunta – algo que não se faz, né? “É isso o que estou arremessando? OK, então. Eu nem penso sobre isso. Eu apenas pego o que a defesa dá para mim”, disse o homem-pássaro. Mas ele deveria tomar nota, sim? Porque é algo histórico.

A combinação de seu  aproveitamento ofensivo sensacional com a habilidade no rebote (10,1 por jogo em uma projeção por 36 minutos) e a destreza para dar tocos (3,4 por 36 minutos!) o impulsiona a ser o segundo colocado no índice geral de eficiência do NBA.com nestes playoffs. Atrás apenas de LeBron James. Em outra medição estatística avançada, a PER de John Hollinger, ex-analista da ESPN e hoje vice-presidente do Grizzlies, mais uma bomba: Andersen vem sendo O Melhor – ou, vá lá, O Jogador Mais Produtivo – da fase decisiva. Glup, glup, glup. Está acima, pela ordem, de Chris Paul, Kevin Durant e LeBron. Sério, cliquem aqui pra conferir.

Acho que, com esses dois dados acima, um tanto chocantes, é uma boa hora de fechar o post. Para quem não viu, já escrevi sobre como o Birdman se entrosou bem com seus novos companheiros depois de meses e meses de exílio. Então, para fechar, mesmo, seguem suas quatro cestas contra o Pacers na chegada a Indiana,  que mostram bem sua capacidade de finalização perto debaixo do aro. Tenham em mente que este é um cara de 2,08 m de altura:


Thibodeau leva o Bulls ao limite em campanha memorável. Mas a que custo?
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Giancarlo Giampietro

JoJo quase que não aguenta

Há situações em que os fins justificam os meios, sim. Mas e se não tiver fim?

Deixando a filosofia de mercearia de lado, pensando em um caso mais específico de basquete, o Chicago Bulls 2012-2013 de Tom Thibodeau, vale ponderar. Sem o nível de exigência aque o treinador submete seus jogadores, talvez eles nunca tivessem chegado perto de incomodar o Miami Heat numa semifinal de conferência sem poder contar com Derrick Rose. Agora… será que com esse mesmo nível de exigência o time conseguirá chegar ao menos uma vez inteiro aos mata-matas?

Talvez Gregg Popovich não acredite em nada disso. Um dos treinadores mais zelosos com a administração de minutos de seus principais jogadores, ele viu nos últimos anos uma torção de tornozelo, um estiramento ou uma pancada qualquer sabotar todo seu planejamento. Talvez seja realmente uma questão de sorte. Ou talvez os problemas de Pop tenham só a ver com uma questão específica sobre a fragilidade física de Manu Ginóbili. E que o resto esteja tudo certo na preparação do técnico do Spurs, no sentido de preservar seus jogadores.

Kirk Hinrich está fora

Hinrich foi mais uma baixa do Bulls na temporada, com lesão na panturrilha

É no que acredita o comentarista Henry Abbott, que assina o blog TrueHoop, da ESPN, que vai direto ao ponto em um post bastante trabalhoso: “Minutos demais atrapalham a chance de título“. Um de seus achados foi que as equipes que possuem os líderes na tabela de minutos por jogo nas temporadas não vêm tendo sucesso recente algum nos playoffs. Outra: muitas vezes o atleta que tem a melhor média não é necessariamente aquele que jogou mais minutos no total por uma equipe. E um terceiro ponto que vale ainda mais destaque: e quem disse que ter um jogador por 40 minutos em quadra significa que você realmente está contando com o cara por 40 minutos? No sentido de que esse atleta pode ter seu rendimento comprometido com tanto tempo de quadra. Mais vale contar com, digamos, 30 minutos com esforço pleno ou com 25 ótimos minutos e 12 ou 15 masomeno?

Para Thibs, pode ser que essas perguntas sejam pura asneira. É o que se imagina quando vemos seu Bulls em quadra. Um time que, na falta de melhor termo, se mata na defesa, mesmo, que, supostamente, não tem limite. Nas palavras de Chris Bosh, eles são como zumbis amedontradores. “Você dá vida a um time desses, e qualquer coisa pode acontecer. É como se estivesse vendo um fillme de terror, algo assim, e tudo acontece em slow-motion. Você vai para Chicago (para o jogo 6), e a torcida deles está se levantando novamente, estão animados novamente, e aí você se vê numa briga de cachorro. Eles voltam para casa, vencem oo jogo, e aí qualquer coisa pode acontecer num jogo 7”, elaborou o pivô do Heat, que despachou seus rivais por 4-1, depois de terem perdido a primeira partida em casa.

É um discurso de quem realmente respeita os sujeitos de Chicago. Não é para menos. Eles deram um jeito de perturbar os atuais campeões mesmo sem Kirk Hinrich e Luol Deng, sem contar Rose.”É uma pena. Acho que todo mundo gostaria de ter visto ambos os times inteiros”, afirmou Erik Spoelstra, com muita classe, mas provavelmente bastante aliviado de ter enfim deixado a tropa de Thibs para trás. Veja o que eles fazem:

Deng, aliás, foi o líder em minutos por partida desta temporada, com 38,7: uma loucura, sem se esquecer que ele disputou as Olimpíadas de Londres como a grande referência de sua seleção. Joakim Noah, com todos os seus problemas físicos dos últimos anos, foi o 16º, com 36,8. Os dois chegaram estourados aos mata-matas. Doente, Deng perdeu toda a série contra o Miami, sendo hospitalizado – o esforço foi tanto que  estava proibido de fazer qualquer atividade física. Noah foi para quadra no sacrifício, lidando com a praga chamada fascite plantar. O desafio com o pivô, agora, é tratar seu pé sem que ele precise de uma cirurgia. Se não há provas materiais que liguem um ponto ao outro – de que minutos demais significam desgaste físico –, o que é certo que um pouco mais de descanso não faria mal nenhum ao par, faria?

Fica esse dilema, então, para um dos melhores táticos da liga, em sua ingrata missão de tentar desbancar o poderoso Miami Heat no Leste. Como cobrar seus atletas, deixá-los totalmente preparados, perto do máximo, mas sem passar desse limite. Uma equação de solução dfiícil para um devotos mais hardcore do basquete.

*  *  *

Toda a expectativa de Chicago agora se volta para um retorno saudável de Derrick Rose no próximo campeonato, com um grupo que ainda evoluiu este ano, apesar de tantas perdas de atletas importantes. “Ele faria toda a diferença”, disse Carlos Boozer. Até que chegue a pré-temporada, com o clube, inclusive, visitando o Brasil para enfrentar o Washington Wizards, de Nenê, seu departamento de basquete e relações públicas terá de se desdobrar para fazer os reparos necessários depois da interminável e atrapalhada novela em torno de sua recuperação.

Clinicamente reabilitado, o armador não se sentiu confortável para jogar nesta temporada, lidando com problemas musculares e nas costas, efeitos óbvios de uma cirurgia que o tirou de ação por muito tempo. O problema é que nem o jogador, nem os diretores, nem o técnico falaram pública e claramente sobre o que estava acontecendo. “Nunca diga nunca”, “Vamos ver como será próxima semana” etc. etc. etc. O suspense se alongou por muito tempo e de modo desnecessário. Se Rose estava clinicamente recuperado, é uma coisa. Se não estava bem fisicamente? Outra, bem diferente.

O que se sabe é que os jogadores do Bulls se mantiveram ao lado do armador. O que já é um grande passo para sua reintegração – aliás, sua presença no banco de reservas durante viagens das quais ele nem era obrigado participar já difere bastante da postura de Russell Westbrook, em Oklahoma City, durante o embate com o Memphis Grizzlies.

“Ele nunca atingiu o nível de conforto de que ele precisava jogar. Então ele tomou a decisão certa”, disse Thibs, em sua entrevista de fechamento de campanha. Mas por que isso não foi dito antes, diacho?

*  *  *

O retorno de Derrick Rose terá impacto direto em um dos personagens mais surpreendentes da temporada: Little Nate Robinson, que não deve continuar em Chicago. Um dos heróis da equipe nos playoffs, o baixinho certamente espera ganhar mais do que o salário mínimo que recebeu nesta temporada. “Eu adoraria voltar. Honestamente, realmente gostaria. Mas, sabendo dos caras que temos aqui, provavelmente o espaço que sobra para mim é limitado. Mas vamos ver o que acontece.”


Lucas Bebê, Raulzinho e Augusto encaram as incertezas do Draft da NBA. Saiba como funciona
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Giancarlo Giampietro

Lucas Bebê, o Nogueira

Nesta terça-feira, enquanto apenas um punhado de clubes ainda tem em mente o título da NBA, 14 estarão de olho em outra decisão: o sorteio da ordem das primeiras posições do Draft, com o Orlando Magic tendo a maior probabilidade para ganhar a primeira escolha, seguido por Charlotte Bobcats, Cleveland Cavaliers, Phoenix Suns e New Orleans Hornets.

É um primeiro passo para desanuviar algumas das diversas questões que rondam o recrutamento de novatos da liga. A partir do momento em que a sequência das equipes seja definida, as projeções se tornam mais interessantes, considerando as necessidades de cada elenco e os jogadores disponíveis. Mas é pouco: essa é uma novela que só vai durar até o dia 27 de junho, quando David Stern subirá a um palanque no ginásio do Nets para conduzir a cerimônia pela última vez, mas, até chegarmos lá, encara-se muitos rumores, informações plantadas, espionagem, negociações e trocas consumadas – e muitas outras que ficam no quase.

Envolvidos nessa confusão toda estão Raulzinho (ou “Raul Neto” lá fora) e Lucas Bebê (“Lucas Nogueira”), duas de nossas maiores revelações/promessas, além do talentoso, mas enigmático ala Alexandre Paranhos, do Flamengo, que mal pisou em quadra no NBB deste ano e, ainda assim, levantou sua candidatura. Além deles, qualquer jogador nascido em 1991 também pode ser selecionado, sem precisar se declarar para o Draft – caso do pivô Augusto Lima.

O processo todo é muito complexo. Então vamos por partes:

– A inscrição (para jogadores nascidos entre 1992 e 1994, de 19 a 21 anos): é um movimento natural para as carreiras de Bebê e Raulzinho. São dois garotos na mira dos scouts da liga americana há anos, especialmente depois da ótimas apresentações pela Copa América Sub-18 de 2010, na qual o Brasil não derrotou na final os Estados Unidos por pouco, mas por pouco mesmo. Ali eles competiram de igual para igual com Kyrie Irving, Austin Rivers e outros.

Depois de assinados os primeiros contratos na Espanha, é sempre necessário um período de adaptação a uma nova cultura de basquete, em nível mais alto. Lucas, após um ano praticamente perdido, resgatou toda a expectativa em torno de seu desenvolvimento com uma campanha 2012-2013 bastante promissora pelo Estudiantes, enquanto Raul já foi um dos principais atletas do Lagun Aro, o Gipuzkoa de San Sebastián, um clube rebaixado – fato que, no entanto, não diminui o feito do jovem armador.

Raulzinho, filho do Raul

Raulzinho teve papel de protagonista

Projeções, cuidado: os sites especializados na cobertura do Draft elaboram listas que são atualizadas regularmente com base tanto no que eles ouvem de scouts, dirigentes e técnicos da liga, como também em avaliações pessoais. Não são, então, ciência exata. Mas há quem se esforce muito para tentar fazer as previsões mais corretas possíveis. No momento, porém, vamos descartar os palpites precoces – de que time X escolheria o jogador Y –, uma vez que nem mesmo a ordem das equipes está estabelecida, para nos concentrarmos nas chamadas “big boards”, um ranking geral das revelações.

Pensando em longo prazo, em suas características físicas – envergadura, mobilidade e agilidade impressionantes para alguém de sua altura –, o pivô Lucas se aproxima do Draft muito mais bem cotado.  O DraftExpress, do chapa e ultracompetente Jonathan Givony, o lista como o 28º melhor jogador entre os atuais participantes. O NBADraft.net o tem como o 16º em sua lista. No ESPN.com ele seria apenas o 39º, mas apontado pelo especialista da casa, Chad Ford, também como um possível candidato ao primeiro round. Raulzinho tem cotações bem mais modestas: só aparece entre os 100 melhores prospectos para o DraftExpress, como o número 99. Já Augusto está um pouco acima: 75º para o ‘DX’, 54º para o NBADraft.net e 80º para a ESPN americana.

Lucas Bebê

Lucas, bem cotado pelos sites especializados. Mas ainda é muito cedo no processo

Essas são apenas estimativas de gente que cobre o assunto há anos e que podem ser alteradas drasticamente nas próximas semanas. E outra: basta um gerente geral se encantar com algum dos três, que tudo isso pode vai pelo ralo. Outro fator que pode influenciar: por terem carreira na Europa, os clubes não se sentiriam obrigados a levá-los para os Estados Unidos imediatamente. Poderiam deixá-los em seus atuais times por mais algum tempo de desenvolvimento. O Denver Nuggets, por exemplo, tem um plantel abarrotado e a escolha número 27 a seu dispor. Será que eles terão espaço para adicionar um calouro? Eles poderiam, então, trocar sua escolha ou seguir justamente essa rota de despachar um gringo na Europa, esperando aproveitá-lo no futuro – como o Spurs já fez com Manu Ginóbili lá atrás e o Chicago Bulls faz hoje com Nikola Mirotic.

Os treinos privados: com suas campanhas encerradas na Espanha ao final da temporada regular, tanto Lucas como Raul têm condição de viajar para os Estados Unidos para participar de seções individuais ou com alguns poucos atletas nos ginásios das franquias da NBA – Augusto também pode embarcar nessa, já que o Unicaja Málaga acaba de ser eliminado. É uma chance para se fazer testes físicos que avaliem a capacidade atlética, participar de entrevistas e enfrentar alguns concorrentes diretos. Os times tiram daí informações importantes, especialmente as que saem no bate-papo, mas por vezes os dirigentes podem se enamorar com um atleta que salte por cima de cadeiras com a maior facilidade do mundo, mesmo que ele não tenha ideia de como lidar com uma marcação dupla em quadra.

NBA Draft Combine: de 15 a 19 de maio, um grupo de cerca de 60 atletas – eleitos pelos clubes – se reuniu em Chicago para serem examinados, medidos e realizarem alguns exercícios com bola. Lucas e Raul não compareceram, mas devem tomar parte do…

Augusto Lima, em grupo de promessas

Augusto tem a chance de mostrar serviço no Eurocamp depois de jogar pouco pelo Málaga

Adidas Eurocamp: de 8 a 10 de junho, em Treviso, a multinacional promoverá aquela que seria a versão europeia do Draft Combine, voltada para os talentos mais promissores em atividade na Europa e em outras regiões do mundo. Os clubes da NBA se deslocam para a Itália, mas os times do Velho Continente também marcam presen≥ça para avaliar os dezenas de revelações. Augusto já participou deste camp algumas vezes, assim como Bebê, que não foi nada bem em 2011, aliás. A lista de inscritos ainda não está definida, mas é grande a chance de que o trio esteja por lá. Muitos europeus já conseguiram usar este camp para emplacar suas candidaturas ao Draft. O francês Evan Fournier, do Nuggets, foi o caso mais recente.

17 de junho, prazo final: isso, Bebê e Raul têm até essa data para decidirem se vão ficar, ou não, no Draft, podendo retirar seu nome caso não se sintam confortáveis com o que estejam ouvindo. Seus agentes podem reunir informações por cerca de um mês antes de tomarem a decisão. Caso desistam, eles participarão do processo em 2014 como candidatos automáticos, mesma situação por que Augusto passa hoje.

27 de junho, o Draft: no Brooklyn. São 60 escolhas divididas entre as equipes, sendo que algumas possuem mais picks do que outras, dependendo de negociações passadas. Para Augusto, a noite interessa de qualquer jeito, uma vez é o seu último ano como candidato ao recrutamento. Caso ele não seja selecionado, não é o fim do mundo. Pode continuar com sua carreira tranquilamente na Europa e, se quiser, tentar a NBA no futuro como um agente livre (rota seguida por Andrés Nocioni, Walter Herrman, Pablo Prigioni e que Rafael Hettsheimeir teve a chance de tentar no ano passado, por exemplo). Se ouvir seu nome na segunda rodada do Draft, entre os picks 31 e 60, posição na qual os contratos não são garantidos, sua transição para os EUA dependeria de seus interesses e, principalmente, de sua franquia (como no caso de Paulão, cujos direitos pertencem ao Minnesota Timberwolves, clube que não chegou a fazer uma proposta para o pivô, mesmo depois de ele ter sido avaliado de perto na liga de verão de Las Vegas em 2012).


Modelo sustentável de contratações é um dos segredos para a longevidade do Spurs
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Giancarlo Giampietro

Gary Neal, ele mesmo

Gary Neal não deixou muita saudade em Barcelona, mas se encaixou no Spurs

Ter um Tim Duncan ajuda. Um treinador com a versatilidade, inteligência e o cartaz de Gregg Popovich também. Quando você combina esses dois fatores, já tem grandes chances de encaminhar uma longa jornada de sucesso como no caso do San Antonio Spurs. Mas isso não serve como a única explicação sobre o quão vitoriosa – e por um período tão duradouro – a franquia texana vem sendo nos últimos 17 anos, desde que o pivô foi selecionado no Draft de 1997.

Um dos segredos para essa prosperidade está no modelo sustentável de contratações orquestrado justamente pelo Coach Pop e seu fiel companheiro RC Buford, gerente geral do Spurs, um clube que nunca ficou fora dos playoffs após a contratação de Duncan e, acreditem, só perdeu duas vezes na primeira rodada dos mata-matas durante essa sequência.

RC Buford, gerente geral

Buford tem sua parte significante no interminável sucesso do Spurs

Não que eles não gastem –  até porque, para manter seu renomado trio, custa dinheiro, por mais bonzinhos e fiéis que sejam. Sua folha de pagamento, porém, é apenas a 12ª maior da liga, tendo valido US$ 69,838 milhões nesta temporada. Foi um pouco menos do que desembolsou o Golden State Warriors, justamente a equipe que tanto lhe deu trabalho nas semifinais do Oeste, com US$ 70,1 milhões. Já uma comparação com a folha do Los Angeles Lakers, a mais custosa deste ano, é de envergonhar a família Buss, que torrou US$ 100,131 milhões numa equipe que foi varrida pelos rivais na primeira rodada dos mata-matas.

Os confrontos com o Lakers, aliás, deixaram evidentes as diferentes concepções de montagem de um elenco. As estrelas estavam em ambos os lados. Na hora de recorrer ao banco de reservas, contudo, Mike D’Antoni tinha um número bem reduzido de alternativas, ficando com a vida ainda mais complicada com a ocorrência incessante de lesões. Do outro lado, Popovich obviamente tinha Parker, Ginóbili e Duncan em forma, mas suas opções para complemento de rotação eram bem mais animadoras, caso necessárias. Tanto que o clube não teve receio em dispensar um cestinha comprovado como Stephen Jackson a apenas alguns dias dos playoffs, por “motivos-de-Stephen-Jackson”.

E como o Spurs montou seu elenco? Quem são esses jogadores baratos que se enquadram no modelo sustentável de gestão? Como eles buscaram essas peças complementares? Vamos lá:

Cory Joseph: o armador canadense tem apenas 21 anos e ainda está em desenvolvimento – e esse é um dos pontos positivos da equipe, que trabalha muito bem com seus atletas mais jovens. Joga pouco, mas bem, com 11 minutos sólidos por partida nos mata-matas, aproveitando suas chances para pontuar e sem cometer turnovers, para dar um descanso a Parker. Quando ingressou na Universidade do Texas, era badalado vindo do colegial – fazia parte das seleções de base de seu país. Os Longhorns não chegaram a empolgar tanto, com o armador sendo considerado muito cru e nada preparado para jogar na NBA. Mesmo assim, se inscreveu no Draft e foi premiado com a 29ª escolha pelo Spurs. Por causa da escala salarial imposta aos novatos, seu salário custa pouco mais de US$ 1 milhão.

Patty Mills: o terceiro armador na rotação de Popovich é o titular da seleção australiana e, quando Andrew Bogut não se apresenta, se torna o principal jogador de um time que sempre dá trabalho – e é dirigido, vejam só, por um assistente técnico de Popovich, Brett Brown. Então temos esse cenário: um atleta que não saiu muito valorizado da universidade de Saint Mary’s, mas que já tinha prestígio internacional. Mills foi selecionado apenas na posição 55 do Draft de 2009, dois anos antes de Joseph. Durante a temporada do lo(u)caute, assinou com o Melbourne Tigers, em seu país. Depois, foi para a China, para defender o Xinjiang Flying Tigers. Uma vez que não tinha mais contrato com o Blazers, quando a temporada chinesa se encerrou e voltou a ficar disponível para a NBA, assinou com o Spurs. Da espécie de formiguinha atômicas da liga, daquelas que pode botar fogo na quadra com sua habilidade ofensiva, custando também pouco mais de US$ 1 milhão.

Gary Neal: ala-armador que não teve a carreira universitária mais expressiva e começou a preencher seu currículo na Europa, a começar pela Turquia. Em 2008, teve uma passagem bastante discreta pelo Barcelona ao lado de um envelhecido Pepe Sánchez. Foi no Benetton Treviso em que se encontrou, jogando por um dos clubes mais tradicionais do continente. Em 2010, defendeu o Málaga novamente na Espanha. Até que, do nada – do ponto de vista de quem nunca havia ouvido falar do jogador –, fechou um contrato de três anos com o Spurs no dia 22 de julho daquele ano, que se tornou uma tremenda de uma barganha: salário de US$ 854 mil, aproveitamento de 39,8% nos tiros de três pontos e a capacidade de sempre poder oferecer um pouco mais em quadra quando Parker e/ou Ginóbili estão fora. Vira agente livre ao final do campeonato.

Nando De Colo: ala-armador francês de 25 anos, 1,95 m de altura e um talento natural impressionante, de movimentos fluidos, boa visão de jogo e arremesso em evolução. Ganhou quase 13 minutos de média durante o campeonato, mas, com Ginóbili novamente em forma, não sai mais do banco durante os playoffs. De qualquer forma, devido ao que mostrou em seu primeiro ano de liga, o Spurs já sabe que poderá contar com ele no futuro. Draftado na posição 53 em 2009, ficou na Europa por mais três anos, progredindo naturalmente, jogando na Liga ACB, a liga nacional mais difícil da Europa. Salário de US$ 1,4 milhão neste ano e no próximo.

Danny Green, versão Euroliga

Danny Green, em dias eslovenos

Danny Green: ala de 25 anos formado na tradicional Universidade de North Carolina, pela qual foi campeão em 2009 como titular. O único jogador da história dos Tar Heels a somar mais de 1.000 pontos, 500 rebotes, 200 assistências, 100 tocos e 100 roubos de bola. E é isso mesmo: fazia um pouco de tudo pela equipe, mas nada excepcionalmente bem, a ponto de ser questionado: será que poderia se transformar em um jogador de NBA? Os analistas com viés estatístico juravam que sim. Foi selecionado pelo Cleveland Cavaliers de LeBron James em 2009, na 46ª posição – percebam que estamos falando de mais um caso de jogador escolhido na segunda rodada do Draft. Não foi aproveitado pela franquia, porém, sendo dispensado em outubro de 2010. O Spurs o contratou em novembro e o dispensou duas semanas depois. Jogou na D-League até retornar a San Antonio para o final da temporada. Durante o lo(u)caute, assinou com o Union Olimpija, da Eslovênia, clube de Euroliga, e vinha em uma grande campanha até que exerceu uma cláusula de liberação quando a NBA garantiu sua temporada 2011-2012. Assinou por três anos e US$ 12 milhões.

Kawhi Leonard: o ala de apenas 21 anos já era bem cotado quando se candidatou ao Draft de 2011, mas o interessante foi como o Spurs conseguiu selecioná-lo. Leonard passou batido, de alguma forma, por 14 equipes até ser escolhido pelo Indiana Pacers a pedido do clube texano, em troca do armador George Hill, alguém que era natural de Indiana e se encaixava no plano de reconstrução de Larry Bird. Hill foi mais um que o Spurs selecionou em uma posição nada vantajosa (26ª em 2008) e que estava pronto para receber um aumento salarial que não se enquadraria no elenco de Popovich, mesmo sendo um dos favoritos do técnico. Antes de perdê-lo por nada, então, descolaram essa troca mágica. Hoje, Popovich jura de pés juntos que Leonard está destinado a virar um All-Star.

Boris Diaw: figura estabelecida na liga, mas, completamente desmotivado em Charlotte, foi dispensado pelo Bobcats em março de 2012, com problemas de peso (coloquemos assim, de modo educado). Foi recolhido pelo Spurs no ato, para jogar ao lado de seu melhor amigo, Tony Parker, e virar titular num time que esteve muito perto de se garantir na final no ano passado até levar uma virada incrível do Oklahoma City Thunder. Renovou por dois anos e US$ 9,2 milhões. Mais um contrato abaixo do valor de mercado e, melhor, de curta duração.

Splitter, bons tempos

Splitter, MVP na Espanha

Tiago Splitter: o catarinense foi a 28ª escolha do Draft de 2007. Era uma estrela na Europa, o que deixava sua contratação complicada: ganhava bem pelo Baskonia e a escala salarial de novatos da liga não permitiria que os valores fossem equiparados – sem contar a multa rescisória exorbitante. Mas tudo bem: tempo a franquia, sempre brigando nos playoffs, tinha de sobra. Esperaram três anos e conseguiram mais uma barganha, pagando US$ 11 milhões por três anos de vínculo com aquele que era o melhor jogador da liga espanhola. Depois de duas temporadas de pouco tempo de jogo, despontou este ano como titular e peça fundamental para o fortalecimento da defesa do Spurs. Agente livre ao final da temporada, aos 28 anos.

DeJuan Blair: cotado como um talento top 10 no Draft de 2009, teve suas aspirações abaladas pelo exame médico oficial da liga, que constatou problemas estruturais em seu joelho. A ponto de ser escolhido pelo Spurs apenas em 38º. Titular nos dois primeiros anos, perdeu espaço este ano com a ascensão de Splitter. Último ano de contrato, valendo US$ 1 milhão.

Matt Bonner: escolhido como o 45º do Draft de 2003 pelo Chicago Bulls, começou jogando na Itália até retornar ao clube e ser trocado para o Toronto Raptors. Progrediu bem no Canadá e virou alvo de Gregg Popovich. Está na liga por uma só razão, e isso não tem a ver com seu cabelo ruivo: tem aproveitamento de 41,7% na carreira em arremessos de longa distância. Habilidade que encaixou com o plano de jogo de Popovich perfeitamente nos últimos anos, espaçando a quadra para seus astros brilharem. Salário de US$ 3,6 milhões, inferior ao que Steve Novak, ex-Spurs, ganha em Nova York.

Aron Baynes: mais um australiano observado em primeira mão por Brett Brown, o gigante de 2,08 m e 118 kg assinou com o Spurs no meio da temporada, depois de arrebentar pelo mesmo Union Olimpija na Euroliga, com médias de 13,8 pontos e 9.8 rebotes (liderava o torneio neste fundamento até seu time ser eliminado). Recebeu apenas US$ 239 mil este ano – pela metade do campeonato – e tem salário de US$ 788 mil para a próxima temporada.

Sobre Tracy McGrady, desnecessário elaborar. Uma contratação pontual para os playoffs, com uma medida de segurança que Popovich espera não ter de usar.

Fazendo um balanço de tudo isso: são seis jogadores de fora dos Estados Unidos (sem contar Parker e Ginóbili) e mais dois americanos que vieram do basquete europeu; apenas um desses operários foi escolhido entre os 20 primeiros do Draft (Leonard); cinco saíram apenas na segunda rodada do recrutamento de calouros, sendo que Baynes e Neal nem selecionados foram; três deles (Mills, Green e Bonner) foram dispensados rapidamente por seus primeiros times. Todos eles estão abaixo ou na conta em relação ao valor de mercado da NBA (considerando idade x produção).

Com um departamento de olheiros atentos, que não tem limites na sua caça a talentos, uma direção que não dá tiro no pé, assinando contratos curtos e de valores palatáveis para uma cidade como San Antonio, uma das menores da liga, a franquia estabeleceu um método de trabalho que virou exemplar para toda a concorrência. Hoje são vários os dirigentes formados dentro do clube texano que gerenciam outras franquias – Sam Presti, do Oklahoma City Thunder, o principal exemplo entre esses.

Moral da história? Não basta ter sorte para vencer – como ganhar a primeira escolha num Draft com Tim Duncan disponível, justamente depois de um ano em que o Spurs, já competitivo no Oeste, sofreu com diversas e diversas baixas, David Robinson entre elas, e ficou fora inesperadamente dos playoffs. Quando isso acontece, faz um brinde, sorriso bem aberto, e segue em frente. E, se puder coletar Tony Parker e Emanuel Ginóbili, respectivamente, nas 28ª e 57ª escolhas do recrutamento de novatos, melhor ainda.


Baixinho Nate Robinson supera rejeição da NBA e faz as vezes de Derrick Rose pelo Bulls
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Giancarlo Giampietro

Nate Robinson x Mario Chalmers

O Miami Heat não conseguiu parar o pequenino Nate Robinson. Série fica beeem interessante agora

No dia 24 de dezembro de 2011, Nate Robinson foi dispensado pelo Oklahoma City Thunder. Feliz Natal!!!

No dia 31 de julho de 2012,  ele assinou um contrato sem garantias com o Chicago Bulls, correndo o risco de ser dispensado a qualquer momento.

Nesta segunda-feira, dia 7 de maio de 2013, o baixinho carregou o ataque do Bulls para uma vitória surpreendente contra o Miami Heat na abertura das semifinais do Leste. Ele marcou 27 pontos, 9 assistências, pegou três rebotes e matou oito em 16 arremessos, tornando os acontecimentos citados nas datas cima ainda mais chocantes.

Como pode um sujeito com esse tipo de habilidade teri ficado na berlinda desse jeito?

Little Nate

Nate Robinson, quem diria, barbarizando nos playoffs da NBA

Bem, no caso de Robinson é até fácil entender, e não por causa de sua altura (1,75 m). Não são necessários nem dois ou três minutos de jogo para ver o quão explosivo, nos mais diversos sentidos, pode ser. Na verdade, tem dia em que um mero close do banco de reservas de Tom Thibodeau para ver a formiguinha atômica surtando.

Mas já foi muito pior. Ele tirou uma série de treinadores do sério com suas intempestividades e atos infantis em quadra e no vestiário – foi considerado, por exemplo, um caso perdido por Larry Brown e irritou até mesmo caras como Mike D’Antoni e Doc Rivers, que estão longe da fama de autoritários ou disciplinadores.

E, uma vez que um jogador qualquer pega esse tipo de reputação, a Rádio Fofoca nos bastidores da liga tende a ser inclemente. Que o diga Kenyon Martin, que teve de implorar por trabalho até o Knicks perder todos os seus pivôs e não ter a quem recorrer mais.

Daí que Robinson saiu de um contrato de mais de U$ 12 milhões por três anos assinado com o Boston para viver, nos últimos dois campeonatos, pulando de galho em galho, dependendo de que algum clube que estivesse disposto a se arriscar a adicioná-lo ao elenco. Depois de ser chutado pelo Thunder, foi contratado com um contrato não-garantido pelo Warriors. Depois, teve de passar pelo mesmo processo pelo Bulls.

O curioso é que ele já havia feito pelo Golden State uma de suas melhores campanhas, rendendo Stephen Curry do banco, ou assumindo o posto de titular, mesmo, quando o armador foi afastado devido ao seus preocupantes problemas de tornozelo. Em Chicago, manteve o mesmo ritmo, num reforço providencial para um time que sabia que não contaria tão cedo com Derrick Rose.

Robinson obviamente não está à altura do ex-MVP da liga. Mas, para um time desesperado por força ofensiva e, ao mesmo tempo, muquirana, foi considerado o reforço ideal – não se esqueçam: o baixinho já venceu o torneio de enterradas, poderia jogar futebol americano facilmente de tão forte e atlético e sempre teve facilidade para criar seu arremesso apesar da (falta de) estatura. Problemas de temperamento à parte, era um bom negócio.

(Vejam do que é capaz:

)

Thibodeau sabia com o que estava lidando, foi seu técnico em Boston. “Tinha um bom entendimento sobre quem ele é. Você tem de aceitar o pacote inteiro, e a parte boa prevalece diante da má”, disse o treinador, dia desses, depois de uma vitória dramática sobre o Nets, em tripla prorrogação, na qual ele anotou incríveis 34 pontos em apenas 29 minutos, torturando CJ Watson e Deron Williams.

Com esta produção, o Thibs não era doido de reclamar: as médias do ‘armador’ nos playoffs são de 17 pontos em 30 minutos, com aproveitamento de 50,5% nos arremessos, algo inédito em sua carreira. Ele não é o sujeito mais solidário quando tem a bola em mãos, com 3,6 assistências por jogo, mas o Bulls depende muito, mesmo, de sua criatividade para avançar. De modo que ele serve como bom complemento com Kirk Hinrich, Luol Deng e Jimmy Butler, outro que já vai ganhar seu próprio texto também. “Nate é a chave para este time”, disse o jovem Butler. “O ataque que ele traz do banco, o modo como ele pode facilmente mudar o rumo do jogo. Isso é grande para qualquer equipe, e é o que Nate vem fazendo para nós.”

Contra o Heat, embora tenha chutado oito vezes da linha de três pontos, conseguiu um bom equilíbrio em sua agressividade no ataque, batendo para dentro, furando uma defesa composta por adversários igualmente superatléticos, ganhando dois dez lances livres para cobrar – praticamente a mesma quantia que acumulou em toda a primeira rodada, 11, mas em sete partidas.

“Para alguém desse tamanho fazer as coisas que ele faz… Você precisa me dizer de um jogador abaixo de 1,80 m que seja melhor que ele, em toda a história do jogo”, avaliou Joakim Noah.

Mugsy Bogues, Spud Webb, Earl Boykins, todos eles podem ficar enciumados, mas, se Robinson continuar nessa tocada, vai ser difícil acusar Noah de camaradagem.

*  *  *

O Little Nate – ou Neitinho, Neitezinho, escolham – tinha um saco de gelo maior que sua cabeça, colado a sua face, na hora de falar com os repórteres depois do jogo. Num choque com LeBron James e a quadra, arrebentou a boca, precisando tomar pontos no vestiário. Imagine o drama. “Vamos logo”, disse ao médico. Voltou para o banco pouco antes do intervalo. Thibodeau surpreendeu – para os seus padrões, claro – e disse que iria apenas usar o jogador quando ele se sentisse pronto. “Estou pronto agora”, ouviu de resposta.

No final do jogo, estava prontinho mesmo para bagunçar, agora no bom sentido:

*  *  *

Contra o Nets, Robinson quase quebrou o recorde de pontos no quarto período de um jogo de mata-matas pelo Bulls. Com 23 pontos, ficou a apenas um da marca de… Bem, vocês tem três chances.

1) Não, não estamos falando de Rose.

2) Nem de Luc Longley!

3) Sim, Michael Jordan. Aquele da camisa 23. Jordan anotou 24 pontos no dia 12 de maio de 1990 contra o Philadelphia 76ers do então menos gordote Charles Barkley, que, mesmo assim, saiu vencedor de quadra.


Símbolo do Bulls, Joakim Noah tem atuação histórica e já tira o sono de Chris Bosh
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Giancarlo Giampietro

JoJo esmaga!

Joakim Noah, ame-o ou ame-o

 

Sabe quem não acordou nada feliz neste domingo?

Chris Bosh.

O ala-pivô do Miami Heat, na real, já deve ter ido deitar na noite de sábado com a cabeça cheia, já que, nos próximos dias, vai ter de encarar ao menos quatro jogos de encheção de saco, de esforço máximo exigido quando soube queprecisaduelar com este animal que atende pelo nome de Joakim Noah. Veja a foto acima.

O pivô é um dos queridinhos do blog, mas, num campo (beeeem) mais amplo, ocupa um lugar especial no clube dos personagens mais odiados da liga, com suas bravatas, o comportamento estridente em quadra. Dos mais detestados desde que, claro, você não jogue ao seu lado. Pois quem não vai gostar de tê-lo como companheiro? O sujeito é quem em média mais corre em quadra em quadra: são cerca 4,4 km por partida!

E não tem fascite plantar que segure, pelo jeito. No sacrifício, Noah batalhou durante seis partidas contra o Brooklyn Nets e, na noite deste sábado, foi brilhante ao liderar o Bulls rumo ao triunfo no único “Jogo 7” da primeira fase dos playoffs 2013 da NBA. Com apenas sete minutos de descanso, produziu 24 pontos (com 12/17 nos arremessos), apanhou 14 rebotes e, para completar o serviço, ainda deu seis tocos em uma atuação que certamente entra no rol das mais memoráveis da história de uma laureada franquia. Ainda mais épico depois de ele ter anunciado ainda em Chicago, ao final do sexto jogo, que sua equipe venceria, sim, na próxima oportunidade. Cojones.

Porque, sim, Noah pode ser brilhante. Quer dizer, vamos recomeçar: ele é brilhante.

Muito pouco de seu jogo pode ser considerado plástico, embora ver m gigante de mais de 2,10 m puxar contra-ataque em alta velocidade como ele faz não seja das cenas mais comuns de se ver por aí. Mas tudo bem: entre as categorias dehighlights que costumam render notoriedade no marketing da liga, dificilmente ele vai se enquadrar. Vez ou outra o pivô pode emplacar uma enterrada na cara de alguém em algum top 10 de jogadas. Só não espere ver uma contagem regressiva dos “melhores rebotes da temporada!”, muito menos um clipe com “as melhores recuperações na defesa de um pick-and-roll 2012-2013!” etc.

Não basta ter coração. Ajuda, mas, para se tornar um defensor especial, daqueles que influencia drasticamente o andamento de uma partida, o jogador precisa ser minimamente inteligente e entender qual o seu papel em esquemas complexos como os de Tom Thibodeau. Noah domina em absoluto esses conceitos, com um posicionamento impecável na cobertura da turma do perímetro, fechando o garrafão, forçando o adversário a ruminar outras soluções enquanto o cronômetro não para. E é pela defesa que Thibs, que se firma entre os melhores técnicos da liga e o seu Bulls vão avançando, mesmo sem Derrick Rose, Luol Deng, Kirk Hinrich, Rip Hamilton e Vlad Radmanovic. Ops, esqueçamos este último.

Ganhou contra o Nets o time de mais camisa, mas também aquele time mais determinado e instruído, que não vai se dar por derrubado jamais, e que tem em Noah seu principal símbolo, por mais que a estrela da companhia seja Rose.


Blake Griffin é a última adição a uma vasta lista de enfermos nos playoffs da NBA
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Giancarlo Giampietro

Marc Gasol x Blake Griffin, Memphis Grizzlies x Los Angeles Clippers

Blake Griffin é a última adição a uma tortuosa lista de enfermos da NBA

Blake Griffin entrou em quadra um pouco mais tarde que os companheiros de Clippers, sem nenhuma explicação. Bateu bola normalmente, procurou agrediu também como o de costume no primeiro quarto, mas ele simplesmente não conseguiu ser o mesmo durante a quinta partida da série contra o Memphis Grizzlies, que conseguiu a virada, fazendo 3 a 2 com uma grande vitória em Los Angeles.

Acontece que o (outro) clube de Los Angeles havia conseguido um milagre até esta terça-feira: na era de fontes anônimas amplificadas por Twitter e comunicação instantânea,  esconderam por mais de 24 horas o fato de que o ala-pivô era dúvida para a partida e que, se fosse para jogar, seria no sacrifício, devido a uma grave torção de tornozelo que sofrera na véspera. O jogador pisou no pé de Lamar Odom durante um exercício de garrafão e teve de se submeter a tratamento até minutos antes do confronto. Daí o atraso. Pois esse milagre, o da recuperação em tempo recorde, o clube não pôde fazer.

Uniformizado, mas nada pronto, foi limitado a apenas 20 minutos no total, seis no segundo tempo, e ainda encontrou um jeito de contribuir pelo menos com quatro pontos, cinco rebotes e cinco assistências, mostrando que sua mínima presença já atraía a defesa do Grizzlies, podendo, então, servir aos seus companheiros com sua habilidade mais subestimada: a visão de jogo/passe. Mas simplesmente não era o mesmo Blake Griffin: ele não bateu um lance livre enquanto esteve em quadra e penava com o jogo físico de Zach Randolph.

O astro do Clippers é apenas o caso mais recente – porque, pelo jeito, não dá pra falar em “último caso” – de lesões que vão interferindo de maneira direta e assustadora nos playoffs da NBA.

Se formos vasculhar o elenco dos 16 times que chegaram ao mata-mata, difícil encontrar alguém que esteja realmente 100%.

Vamos lá:

OESTE

– O Oklahoma City Thunder perdeu Russell Westbrook possivelmente para o resto dos playoffs devido a uma ruptura de menisco, tendo passado por uma cirurgia no sábado. Detalhe: a aberração atlética do Thunder nunca havia perdido um jogo sequer em toda a sua carreira, incluindo colegial e universidade, devido a qualquer tipo de problema físico.

Spliter is down

Splitter: tornozelo e desfalque

– O San Antonio Spurs precisou juntar os cacos ao final da temporada, com Tony Parker e Manu Ginóbili baleados. Eles parecem bem agora, mas o clube texano tem sorte de ter varrido o Lakers rapidamente para poder ficar um tempo a mais descansando e reabilitando Tiago Splitter, que sofreu uma torção de tornozelo esquerdo e perdeu o fim da primeira série. O clube espera que ele possa voltar para a segunda rodada.

– O Denver Nuggets já não conta mais com os serviços de Danilo Gallinari, cuja campanha foi encerrada ainda na temporada regular também por conta de danos em seu menisco. Além disso Kenneth Faried sofreu a sua própria torção de tornozelo, perdeu o primeiro jogo contra o Warriors e só foi lembrar nesta terça-feira o maníaco que é, subindo para cravadas e rebotes de tirar o fôlego.

– No Memphis Grizzlies, Marc Gasol tem de medir esforços para não agravar um estiramento muscular no abdome.

– O Golden State Warriors perdeu o ala-pivô David Lee por todo resto de campanha, devido a uma lesão muscular no quadril. Além disso, não pôde escalar o ala Brandon Rush durante todo o campeonato por conta de um joelho arrebentado.

– Se você for falar de lesões com Mike D’Antoni, o técnico do Los Angeles Lakers, é melhor tirar o lenço do bolso e se preparar para um dilúvio. Kobe Bryant estava fora de ação por conta de uma ruptura no tendão de Aquiles. Steve Nash precisou tomar injeções peridurais para enfrentar o Spurs, com lesões musculares e dores nas costas. Seu substituto, Steve Blake, também ficou no banco por conta de uma lesão na coxa. Pau Gasol teve de se virar com uma fascite plantar e tendinite nos joelhos. Ron Artest voltou para quadra sem nenhuma força na perna devido a uma cirurgia de reparo no menisco.

– Jeremy Lin desfalcou o Houston Rockets no último duelo com o Thunder e é dúvida para o quinto jogo por conta de um músculo do peito.

Acha que é pouco? Vamos, então, ao…

LESTE

Dwyane Wade está com problemas no joelho, e o Miami Heat ao menos teve o luxo de poupá-lo do quarto confronto com o fraquíssimo Milwaukee Bucks, conseguindo assim a quarta vitória e a varrida.

– O New York Knicks enfrenta o Boston Celtics sem poder contar com Amar’e Stoudemire – embora ainda haja a esperança de que ele volte para uma eventual e bem provável semifinal de conferência. Pablo Prigiini perdeu um jogo da série com o tornozelo torcido. Tyson Chandler está com dores no pescoço e nas costas, com sua mobilidade claramente avariada.

Rose, de terno o ano todo

O mistério de Derrick Rose: irmão mais velho diz que armador está a “90%”

– O Indiana Pacers precisou apagar de seus planos qualquer contribuição que esperava de Danny Granger neste ano. Com tendinite no joelho, ficou em tratamento por mais de quatro meses, tentou voltar a jogar em cinco partidas em fevereiro, mas não tinha jeito mesmo. Mais um que foi para a faca. George Hill tem de maneirar em seus movimentos por conta de uma contusão no quadril que causa dores na virilha.

– O Chicago Bulls é como se fosse o Lakers desta conferência. Minha nossa. Derrick Rose ainda não passou um minutinho em quadra em uma longa, longa, loooooonga recuperação de uma cirurgia no joelho (ligamento cruzado). Joakim Noah vai mancando com sua fascite plantar. Kirk Hinrich estourou a panturrilha. Taj Gibson voltou contra o Brooklyn Nets de uma torção no joelho, mas sem danos mais sérios.

– No Atlanta Hawks, Josh Smith tem problemas no joelho e no tornozelo, Al Horford, na coxa, Devin Harris, no pé, e Zaza Pachulia fora do campeonato depois de passar por uma cirurgia no tendão de Aquiles.

– Por fim, o Boston Celtics não conta com Rajon Rondo (ligamento cruzado do joelho) e Jared Sullinger (cirurgia nas costas). Entre as diversas contusões de Kevin Garnett, a última a incomodar está no quadril.

Chega de tortura?

Tenho quase toda a certeza do mundo de que deixei escapar alguma lesão ou contusão neste balanço. E outra: essas são as questões físicas declaradas pelos times e jogadores. Vai saber o que cada um está escondendo no momento.

É realmente necessária uma reflexão por parte da liga a respeito. Sua temporada de 82 jogos chega a ser desumana, considerando o nível de esforço físico exigido no esporte hoje em dia.

Como seriam os playoffs da NBA se todos os times estivessem 100%? O Miami Heat provavelmente ainda seria o grande favorito ao título, tá certo. Mas a gente nunca vai poder realmente saber.

 


Prévia dos playoffs da Conferência Leste da NBA: Parte 2
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Giancarlo Giampietro

3-INDIANA PACERS x 6-ATLANTA HAWKS

A história: o Atlanta Hawks aliviou descaradamente em seus últimos jogos da temporada para fugir das quarta e quinta colocações – para supostamente, desta forma, evitar o lado da chave do Miami Heat. Hein?! O técnico Larry Drew se sente tão confortável assim em relação ao seu time para armar uma coisa dessas? E qual o prazer de se enfrentar uma defesa tão física e bem armada como a do Indiana Pacers? Não que a equipe de Frank Vogel tenha feito também a melhor campanha em abril, vencendo apenas um de seus últimos seis compromissos, depois de ter triunfado em 11 de 16 partidas em março. Há quem jure também que eles tiraram o pé, preservando saúde e energia para os playoffs – daí o fato de terem levado  90 pontos ou mais em cada uma de suas partidas no mês final da temporada regular, acima de sua média.

O jogo: com jogadores de muita envergadura e força física, Vogel consegue vedar seu garrafão e forçar os tiros longe da cesta. Mas nem tão longe: o Pacers é a equipe que melhor contestam os disparos de longa distância – e podem ter certeza de que Kyle Korver vai jogar com um alvo nas costas. Quer dizer, sobram propositalmente, então, os disparos de média distância, os de menor eficiência na liga. Josh Smith que vai gostar! O Atlanta Hawks vai precisar correr com a bola sempre que puder, explorando a velocidade de Jeff Teague, Devin Harris, Smith e Al Horford – que, em meia-quadra, é a melhor opção da equipe. Um jogador especial, multitalentoso, ele só não deu, porém, o salto esperado para esta temporada, para ser uma figura dominante na liga.

De dar nos nervos: barbada! O apelido do cara não é Psycho-T por bobeira. Tyler Hansbrough, amigos, passou de queridinho da América no basquete universitário ao branquelo mais odiado da NBA. Vai gostar de uma trombada assim o sujeito, e Vogel adora.” A beleza está nos olhos de quem vê”, diz o técnico. “Eu amo vê-lo esmagar as pessoas. Eu amo fisicalidade ofensiva”, vai adiante. O técnico é um sádico. Então, taí: em vez de se irritarem com Hansbrough, direcionem todo o rancor para o cara que está agitado ao lado da quadra. Ah, e não mexam com o Ben, o irmão do cara:

Olho nele: Kyle Korver, que é daquela turma que faz muito com pouco, tendo uma só grande habilidade para perseverar na liga. Mas que habilidade também, né? Ele acerta 41,9% na carreira na linha de três pontos. Em 2009-2010, ele liderou a temporada com 53,6% de aproveitamento. Neste ano, terminou com 45,7%. Sua mecânica de arremesso é perfeita, sempre com o corpo retinho, e o braço bastante elevado. Mas o mais legal é ver o modo como o ala do Hawks se desloca pela quadra em busca de brechas na defesa para receber o passe e engatilhar. Usando um corta-luz atrás do outro, serpenteando pela defesa, forçando um jogo de gato-e-rato.

Palpite: Indiana Pacers em cinco (4-1).

4-BROOKLYN NETS x 5-CHICAGO BULLS

A história: nos últimos anos o Bulls se firmou como um dos times muito, mas muito combativo sob o comando de Tom Thibodeau. Agora, sem Derrick Rose, com Joakim Noah e Taj Gibson no sacrifício, Luol Deng arrastado por mais de 38 minutos em média em todo o campeonato, vindo de uma dura participação nas Olimpíadas, sobra o que para batalhar? Só não esperem que eles se apeguem a qualquer desculpa. O que seus atletas tiverem eles vão deixar em quadra. E o Brooklyn Nets, com um proprietário que sonha com o título, a presidência da Rússia e o mundo todo, para falar a verdade,  vai ter de usar o talento de Deron Williams, Joe Johnson e Brook Lopez para tentar derrubar essa gente, que veste uma camisa bem mais pesada.

O jogo: meio chocante constatar isso – até melhor você tomar uma água com açúcar antes e depois ficar sentadinho na cadeira, nada de ler isso no celular fazendo esteira! –, mas… A defesa do Bulls hoje é ‘apenas’ a quinta melhor da NBA. Como o Thibs consegue conviver com algo assim?! Existem quatro times na sua frente nesse quesito (Pacers, Grizzlies, Spurs e Thunder). Ok, essa deve ser uma brincadeira que PJ Carlesimo e seu Nets não devem gostar muito, não. Kirk Hinrich, Luol Deng e Jimmy Butler vão testar para valer a boa fase de Deron – que resgatou do nada o seu jogo depois do All-Star Game e é o melhor jogador da série, uma vez que Rose não deve retornar mesmo. Para o Bulls ter alguma chance, porém, Noah e Gibson precisam estar inteiros. Do contrário, ter de anular Deron e Lopez de uma vez fica muito difícil.

De dar nos nervos: há diversos candidatos no elenco do Bulls, mas já falamos bastante deles durante a temporada. Vamos gastar algumas linhas, então, para destacar Reggie Evans, o reboteiro insano do Nets. Se Korver sobreviveu como o arremessador de elite, Evans só se tornou um milionário por sua capacidade de coletar as sobras próximas ao aro tanto no ataque como na defesa. Numa projeção de 36 minutos para sua carreira, Evans tem média de 13,3 rebotes contra apenas 9,0 pontos, roubos de bola, tocos e assistências somados! E, bem, além de rebotes, o pivô já ficou famoso por causa disso aqui. Sem palavras:

Olho nele: Jimmy Butler, o novo orgulho da torcida do Bulls. Inicialmente, quando foi selecionado no Draft de 2011 na 30ª escolha, o ala era mais admirado por sua trajetória comovente – seu pai morreu quando ainda era uma criança, sua mãe o expulsou de casa aos 13 anos porque não gostava de olhar para ele, mudando de uma casa para a outra até encontrar um lar definitivo com um amigo do colegial. Neste ano, porém, em sua segunda temporada, Butler mostra que é muito mais do que uma bela história ou mascote, caminhando para ser um dos melhores defensores de perímetro da liga sob a orientação de Thibodeau e, ao mesmo tempo, melhorando consideravelmente no ataque – versátil, atlético e enérgico, ele tem média de pouco mais de 15 pontos por jogo quando é titular.

Palpite: Nets em sete (4-3).

*PREVIA DO OESTE: Thunder x Rockets e Spurs x Lakers.
*PREVIA DO OESTE:
Nuggets x Warriors e Clippers x Grizzlies.
*PREVIA DO LESTE: Heat x Bucks e Knicks x Celtics


As melhores atuações, partida, contratações e mais no fechamento da temporada da NBA
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Giancarlo Giampietro

Curry foi o último a brilhar no Garden

Stephen Curry fez chover no Garden em uma atuação marcante nesta temporada

Escrevemos que foi realmente uma temporada excepcional da NBA, né? Pelo menos foi a sensação aqui no QG 21, embora a senhorita 21 não tenha achado muita graça de tudo isso, não, ainda mais quando o fuso horário fica bastante ingrato e o League Pass invade a madrugada. De qualquer jeito, vamos relembrar alguns momentos que possam sublinhar, justificar essa impressão de um belo campeonato fincado em uma era que tem tudo para ser reconhecida no futuro também como de ouro. Vamos neste post um pouco além das tradicionais premiações/palpites na conclusão da jornada da temporada regular. De sexta em diante, viramos a página para falar de playoffs.

As melhores atuações
Stephen Curry anota 54 pontos no Garden (27 de fevereiro)
São tantos os armadores talentosos na liga hoje que é muito fácil de alguém passar despercebido. Pois o filho de Dell Curry fez questão de deixar sua marca da melhor forma possível com uma partida incrível contra o Knicks. A naturalidade e confiança nos movimentos do jovem astro do Golden State Warriors. No vídeo abaixo, repare na marca de 2min20s sua cesta de três pontos em contra-ataque, na qual a bola mal toca na redinha. Embora sua equipe tenha perdido, ninguém pode dizer que Steph não tentou. Foi um bombardeio: 18 arremessos convertidos em 28 tentativas, com O-N-Z-E tiros de longa distância em 13, para chegar ao recorde da temporada. Sem contar os seis rebotes e as sete assistências. Para provar que não foi apenas uma noite acidental, agora há pouco, em Los Angeles, ele anotou 47 pontos, 9 assistências e 6 rebotes contra o Lakers

Kobe Bryant saiu aplaudido do Rosen Garden (10 de abril)
A cidade de Portland, com seu grupo de torcedores que estão entre os mais fiéis da liga, sempre recebeu o astro do Lakers, da forma mais abrasiva possível, em termos de hostilidade – afinal, o cara já aprontou muito em sua vida contra o Blazers, ainda mais em playoffs. Mas seu último desempenho em seu ginásio não abriu nenhuma outra alternativa que não a admiração. Com o Lakers contra a parede, Kobe justificou a frase que usou durante todo o ano – “Vencer a qualquer custo” – ao ficar em quadra por todos os 48 minutos em uma vitória crucial, somando 47 pontos, 8 rebotes, 5 assistências, 4 tocos e 3 roubos de bola, matando todos os seus 18 lances livres. Sim, uma atuação heroica:

Kevin Durant e Westbrook contra a rapa em Dallas (18 de janeiro).
Em um jogo de duas equipes que se detestam, devido ao histórico recente nos mata-matas, o Thunder feriu ainda mais o orgulho de Dirk Nowitzki com essa vitória por 117 a 104 na casa do Mavs, com direito a prorrogação. A duplinha dinâmica visitante arrebentou com o jogo: foram 52 pontos, 9 rebotes e 21/21 lances livres em 50 minutos para Kevin Durant e 31 pontos, 6 rebotes e 6 assistências em 45 minutos para Wess.

– Oi, eu sou o Jamers Harden. Lembram de mim? (20 de fevereiro)
Não foi o primeiro confronto entre o Capitão Barba e seus ex-companheiros de Thunder. Mas foi sua primeira vitória contra eles (122 a 119, em Houston), com a maior partida de sua ainda jovem e promissora carreira. O rapaz foi um assaassino em quadra: 46 pontos, 7 rebotes, 6 assistências e 14/19 nos arremessos e 11/12 nos lances livres, com uma eficiência incrível:

LeBron James, uma noite qualquer.
Escolha: a) 40 pontos, 16 assistências e 8 rebotes em vitória por 141 a 129 sobre o Sacramento Kings no dia 26 de fevereiro; b) 39 pontos, 8 assistências, 7 rebotes e 17/25 nos arremessos em vitória por 99 a 90 sobre o Lakers em Los Angeles; c) 39 pontos, 12 rebotes, 7 assistências em vitória por 110 a 100 sobre o Thunder em Oklahoma City; d) 32 pontos, 10 assistências, 8 rebotes, 11/14 nos arremessos e 10/11 nos lances livres em vitória por 109 a 77 sobre o Charlotte Bobcats… Dava para cumprir o abecário inteiro aqui, de modo que iríamos estourar nossa cota de clipes do YouTube.

O melhor jogo
Aqui não há dúvida alguma: a vitória do Chicago Bulls sobre o Miami Heat, encerrando a sequência histórica do time de LeBron James. Atmosfera de playoff, uma torcida completamente envolvida com o jogo, um time de operários se levantando para fazer frente aos astros visitantes, inesquecível:

A melhor cobertura
Zach Lowe, do site Grantland, foi a revelação da temporada, pelo menos para quem foi conhecer seu trabalho apenas agora. Assistindo sabe-se lá quantas horas de jogos nos últimos meses, fraturando cada posse de bola em busca de pequenos detalhes que ajudam a contar uma grande história, mas sem deixar de ir ao ginásio, conversando com dirigentes, ténicos e jornalistas, o jornalista/analista deu um banho na concorrência, misturando um pouco da velha e da nova cobertura da liga. Leitura obrigatória para os próximos anos, isso se o cara não seguir os passos de John Hollinger como cartola de alguma franquia.

As melhores trocas
Houston Rockets tira James Harden de Oklahoma City: já falamos aqui, mas não custa repetir que as novas regras da liga serviriam, supostamente, para complicar a vida das franquias mais ricas, como o Lakers, e isso até pode se mostrar verdadeiro nos próximos anos. A ironia é que, no meio do caminho, o reformulado acordo trabalhista primeiro abalou um dos clubes de pequeno porte mais competentes, o Thunder, que se sentiu obrigado a negociar Harden agora, antes de perdê-lo por nada no futuro, considerando que não poderiam arcar com as taxas que sua contratação renderia. E o Rockets ganhou essa ave de penugem rara, ou barba rara no caso: uma superestrela.

Orlando Magic de alguma forma se sai bem com a troca de Dwight Howard: quem? Mas quem mesmo poderia imaginar que Nikola Vucevic produziria tanto assim como pivô do Orlando Magic? Ora, a própria diretoria do clube da Flórida! Nem sempre as projeções se confirmam, mas sabe quando o jogador de origem suíça (!) tinha  na temporada passada por 36 minutos? Algo como 12,5 pontos, 10,9 rebotes e 1,5 toco. Este ano? Efetivado como titular, sem as restrições de Doug Collins, os números passaram para 14,2 pontos, 12,9 rebotes e 1,1 toco. Subiram em geral, mas não foi um salto de outro mundo. O cara só precisava de tempo de quadra. Além disso, o Magic conseguiu um diamante bruto em Maurice Harkless, que ganhou, neste ano, a companhia de outro jogador bastante promissor, Tobias Harris, envolvido em um pacote por JJ Redick. De repente, há um núcleo em que se apostar na Disneylandia.

As melhores contratações custo x benefício
– JR Smith pelo New York Knicks, US$ 2,8 milhões
Smith tinha certeza de que valia mais e justificou essa confiança toda em sua melhor temporada na NBA, como um dos melhores reservas da liga. Mais aplicado na defesa e nos rebotes, um pooouco mais consciente no ataque, supriu a ausência de Amar’e como escudeiro de Carmelo. Extremamente improvável que continue nessa faixa salarial, uma vez que pode excercer uma cláusula que o tornaria um agente livre ao final do campeonato.

– Carl Landry pelo Golden State Warriors, US$ 4 milhões
Houve um tempo em que Landry estaria hoje no meio de um contrato de US$ 32 milhões por quatro ou cinco anos, completamente tranquilo a respeito de seu futuro. Em uma NBA mais econômica, teve de se contentar com um contrato de apenas dois anos – sendo que a segunda temporada também depende de sua decisão. Um leão debaixo do aro, ótimo reboteador ofensivo, ótimo pontuador no garrafão e nos chutes de média distância, deu estabilidade a um time que conviveu o ano todo com as incertezas em torno de Andrew Bogut.

Por essa poucos esperavam
Chris Andersen (Miami Heat), Matt Barnes (Los Angeles Clippers), Nate Robinson (Chicago Bulls), Chris Copeland (New York Knicks), Andray Blatche (Brooklyn Nets), Patrick Beverley (Houston Rockets)… Todos eles assinaram pelo salário mínimo – que varia de acordo com a experiência de cada atleta na liga –, ou pouco mais, e se tornaram peças importantes  em equipes de playoffs.