Vinte Um

Derrick Rose avisa: tão aguardado retorno vai acontecer no Rio de Janeiro

Giancarlo Giampietro

Derrick Rose, madrilenho

O sol de Madri faz bem a Derrick Rose: está 100%, pronto para outra

Alô, você, torcedor do Chicago Bulls. A semana acordou sorridente hoje, né?

Direto de Madri, em evento da adidas na capital espanhola, o armador Derrick Rose avisou que seu tão aguardado retorno com a camisa eternizada por Michael Jordan (e Jason Caffey, oras) vai acontecer no dia 12 de outubro de 2013. Quer dizer, bem na abertura da pré-temporada dos hexacampeões. Contra o Washington Wizards. No Rio. De. Janeiro. Vejam só.

Imaginem as hordas de jornalistas de Chicago – e da mídia nacional – dos Estados Unidos por aqui. Já teria aos montes, claro. Mas agora o bicho vai pegar. Só fico com um pouco de pena dos blogueiros humildes da cidade, que especulam, se empenham há meses e meses para tirar qualquer informação possível sobre a volta de Rose, e talvez não tenham grana suficiente para ver de perto seu Messias por aqui nos trópicos.

Pobres blogueiros.

(Corporativismo é pouco, né?)

Porque vale, mesmo, a expectativa. Com Rose, o Bulls sobe a outro patamar no Leste. Passa do time-bonitinho-batalhador-exemplar da temporada passada a novamente candidato ao título, a ameaça ao Miami Heat. Desde que, claro, Rose seja Rose. Digito e bato na madeira ao mesmo tempo.

Na capital espanhola, pela primeira vez, Rose sorriu e se disse 100%. Não 88,7 ou 92,1. Mas 100%, completinho, cheio de energia.

É de tudo o que ele precisa. Algo primordial, essencial. Rose sabe usar ângulos para infiltrações e para a conversão de bandejas na tabela como ninguém. Tem um drible perfeito, forte e rápido. Mas seu jogo todo se baseia, mesmo, em sua explosão física. Arranque e impulsão. Quando em forma, só mesmo aberrações como LeBron James conseguem parar em sua frente. É desse jogador que o Bulls precisa para tentar destronar essa gente de Miami que Joakim Noah tanto odeia.

Então ficamos assim. Para os fanáticos Bullistas deste Brasil profundo, o feriadão ganhou outro significado. Dia da Criança? Nossa Senhora de Aparecida? Ficou tudo para 2014. Virou dia, mesmo, de O Retorno de Rose. Seus sortudos.

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Vai fechar nesta terça-feira, dia 16 de julho, a famigerada ''janela de anistia'' para os clubes da NBA guilhotinarem algumas cabeças. A mesma ferramenta que custou ao Lakers o seu Ron-Ron predileto. No que se refere a Chicago, isso quer dizer que o clube tem poucas horas para decidir se manda Carlos Boozers para as cucuias, ou não. Embora não falem nada em público, tenha certeza de que isso ganha seus bons minutos ou horas de discussão entre  uma diretoria que trabalha sempre sob a pressão de corte de gastos. O Bulls só pagou a ''luxury tax'' uma vez nos últimos dez anos, e foi na temporada passada, com US$ 3,9 milhões de multa, totalizando gastos de US$ 78,2 milhões com seu elenco. Com a atual configuração de seu plantel, Boozer mantido, a conta subiria mais US$ 18 milhões, conforme o imperdível Zach Lowe discute aqui. Dar uma anistia a Boozer significaria uma economia de US$ 12 milhões. Mas, por mais pão duro que seja Jerry Reinsdorf, é mais provável que a franquia dê mais uma chance a este grupo, agora completo, se provar. Em julho de 2014, eles poderão revisitar o caso se necessário.

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Além da questão Boozer e do retorno de Rose, outra história de bastidor torna a temporada 2013-2014 de Chicago ainda mais urgente: a suposta deterioração no relacionamento entre Tom Thibodeau e a diretoria compsota por Gar Forman e John Paxson. Ainda sem motivos claros, o clube simplesmente resolveu não renovar o contrato do principal assistente de Thibs, Ron Adams. Assim, do nada, por que diabos você vai mexer com uma comissão técnica tão competente (e não falamos aqui só de defesa, mas do desenvolvimento de jogadores, vide o progresso de Jimmy Butler, Marco Belinelli, Taj Gibson etc.)?

Falta de capacidade não é o motivo, mesmo. Do contrário, Adams não seria cobiçado por Spurs, Clippers, Celtics, Thunder, Pacers e Nets. Tipo pela elite da NBA inteira. Corte de gastos? Custa me crer que o pagamento de um assistente, que nem conta para nada do teto salarial do clube, fosse fazer tanta diferença assim. O que pegou é que o veterano Adams andava reclamando bastante do elenco do Bulls – algo que ecoa com os protestos do irmão de Derrick Rose no ano passado, lembram? E, se o assistente está assim, é de se imaginar que Thibs também concordasse com algo, pelo menos.

Nesta semana, em Las Vegas, contudo, o técnico principal tentou dissipar um pouco as intrigas, dizendo que ele e seus gestores estavam bem, que o seu time só tem de olhar para a frente e tudo mais. Claro. Thibs pode não ser o técnico mais charmoso do mundo, mas vive a NBA há anos, tendo trabalhado até com Pat Riley. Ele sabe como as coisas funcionam. Sabe que, com o time que tem em mãos, está diante de uma chance única. Não vai atirar tudo para cima. Mas tem coisa aí. Algo para se ficar de olho.