Vinte Um

E o melhor time de basquete do mundo hoje é…
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Giancarlo Giampietro

O Indiana Pacers defende que é uma maestria. Mas, não, não estamos falando da rapaziada de Frank Vogel. E não adianta se deslocar para a Costa Oeste americana, por mais que o San Antonio Spurs de Gregg Popovich siga funcionando muito bem, obrigado.

Para ver o melhor time de basquete do mundo hoje, saindo de Indianápolis, o jeito é levantar voo, deixar a Flórida para trás, cruzar o Oceano Atlântico e, atenção tripulação, se preparar para o pouso na capital espanhola.

Real Madrid 2013-2014, um esquadrão com resultados impressionantes

Real Madrid 2013-2014, um esquadrão com resultados impressionantes

O Real Madrid está jogando demais nesta temporada.

Ok, você pode até argumentar que eles não ganhariam nunca uma série melhor-de-cinco-ou-sete do Miami Heat de LeBron James ou mesmo do Pacers. Provavelmente não venceriam, mesmo.

Mas que hoje, se formos abstrair o nível de competição, sem querer comparar Euroliga, Liga ACB ou NBA, numa realidade paralela em que só exista o basquete geral, puro – com o perdão da viagem, e sem o uso de lisérgicos –, o Real é a equipe que está praticando o melhor jogo no planeta.

Foi essa a impressão que tive ao sair da cabine de transmissão do Sports+ há três semanas, após uma de suas exibições pela Euroliga: um atropelo para cima do Zalgiris Kaunas, em Madri (95 a 67).

Só não deu para escrever a respeito na hora por falta de tempo. Além do mais, era preciso um pouquinho de prudência também, e avaliar outros times, outros torneios, ponderar um pouco. Agora, pronto.

Dois parágrafos acima, o termo “exibição” não foi gratuito: mais que jogando, o Real hoje está se apresentando ao público. Pode parecer um tanto exagerado, deslumbrado, mas recomendo: se não é assinante do Sports+ (que transmite a Euroliga com exclusividade*), ou do Bandsports (Liga ACB, o campeonato espanhol), vá a qualquer First Row, Roja Directa online da vida e reserve uma horinha ou mais de seu tempo para ver.

É um time extremamente veloz, de jogo solto, uma característica acentuada desde que Pablo Laso assumiu o clube depois de uma passagem um tanto frustrante do bambambã Ettore Messina. Não tem um brutamontes no time. Felipe Reyes, o eterno reboteiro, que adora o jogo de contato físico, talvez seja quem mais chegue perto desta definição, mas, para os que o conhecem de outros carnavais, sabe que seria exagerado julgá-lo desta maneira. E o gigante grego Ioannis Bourousis pode até parecer um quebra-ossos, mas tem jogo mais refinado, voltado para o perímetro, com bom arremesso.

Aliás, bons chutadores não faltam no elenco. Seu aproveitamento na Liga dos Campeões do basquete hoje é de 42,3% de longa distância, com três atletas convertendo 50% ou mais de seus disparos: o jovem ala Daniel Diez, o próprio Borousis, Dontaye Draper e o ridículo Nikola Mirotic, com 64% (!? – falemos mais sobre Mirotic depois).

(Quem fica mordido com isso é o Sergio Llull. O talentoso armador espanhol, cobiçado e cortejado há anos pelo Houston Rockets, é o segundo que mais chuta entre os madridistas, por mais que converta apenas 28,6% de suas tentativas. É um caso sério, aliás. Em suas primeiras seis temporadas no campeonato, teve aproveitamento de 34,9%, é verdade. Mas esse já seria um rendimento muito baixo para a Europa. E ele não para de chutar, algo que irrita ainda mais quando vemos o quão explosiva é sua passada rumo ao garrafão. Agora levante a mão quem já ouviu história parecida em algum canto do NBB?)

Voltando: sobre a velocidade do Real. Não é que eles saiam correndo a quadra feito malucos com as calças pegando fogo. De acordo com o  site gigabasket.org, eles usam em média 75,5 posses de bola por partida – a terceira marca mais acelerada da competição, coladinho no próprio Zalgiris e no Budivelnik Kiev e não muito distante do pelotão que se estende até o oitavo lugar. A média de toda a liga, para se ter uma ideia, é de 72,8.

Sergio Rodríguez está jogando o fino com seu visual Los Hermanos

Sergio Rodríguez está jogando o fino com seu visual Los Hermanos

De qualquer forma, quando você assiste a um jogo deles, tem a impressão de que  estão por todos os lados, dominando a quadra em sua totalidade. A bola e os atletas não param. A troca de passes e posições é incessante, de um lado para o outro, do garrafão para o perímetro externo, da linha de fora para a zona pintada.

No final, temos o time que mais deu assistências na até aqui (189, contra 177 do segundo colocado, o Lokomotiv Kuban, 152 do terceiro, o Olympiacos, ou 148 do décimo, o Fenerbahçe, para se ter uma ideia). Eles também lideram o ranking de assistência a cada turnover, o da mira de três pontos, estão em segundo em aproveitamento de dois pontos, são quarto em rebotes e enterradas e oitavo em total de lances livres cobrados.

Está bom?

Não, porque tem mais: a agilidade e intensidade do time também contam para um excepcional rendimento defensivo – é aquele que também mais acumulou tocos e roubos de bola, com uma postura bastante agressiva, que coloca muita pressão em cima da bola, para facilitar seus contra-ataques.

Com toda essa exuberância estatística, o clube merengue lidera o Grupo B com nove vitórias em nove rodadas. Ao lado do Olympiacos, que está na dianteira do Grupo C, são os únicos invictos da Euroliga, com a melhor campanha.

Aqui cabe outra intervenção, então: epa, grupos? Sim, grupos: os 24 clubes estão divididos em quatro chaves na primeira fase. Mas isso não torna injusto confrontar campanhas diferentes, ainda mais se apegando a tantos números? Sim, sim. O Fenerbahçe, por exemplo, encabeça o Grupo A, com sete vitórias e duas derrotas, mas vá olhar seus adversários. O time do legendário Zeljo Obradovic está lidando com superpotências como Barcelona e CSKA Moscou, dois dos maiores orçamentos do continente e candidatos perenes ao título. O Real, por outro lado, tem no Anadolu Efes seu principal adversário. Não dá para comparar, mesmo.

Bourousis, o brutamontes, ou quase, do Real

Bourousis, o brutamontes, ou quase, do Real

Mas aí vai uma réplica, então: não é que o time de Laso está apenas vencendo sem parar. Eles, na verdade, estão trucidando a concorrência. Em nove jornadas, somaram 212 pontos de saldo – média de 23,5 por jogo. Seu ataque é feroz: 803 pontos acumulados, 89,2 por partida.

É um domínio sem precedência numa competição dessas e que ganha ressonância na Liga ACB. Em casa, o Real Madrid tem dez vitórias em dez rodadas – enquanto o Barça já perdeu três vezes. Além disso suas médias de pontos são de 89,4 somados por jogo, para um saldo 22,8 a cada triunfo. É impressionante.

Como construir algo desse nível, com essa intensidade? Bem, Laso tem em mãos um elenco em que aquele papo todo de que “aqui não há titulares, somos todos um time, unha e carne” se sustenta. Sua rotação é extensa, com 11 jogadores ganhando tempo consistente. Os minutos são divididos entre os 25min52s de Rudy Fernández aos 11min52s do armador Dontaye Draper – o caçula Diez, o 12º jogador, recebe 6min02s em média e vai aproveitando as surras que o time aplica para ir para a quadra.

Os jogadores abraçaram a causa. Não há relatos de gente reclamando, chorando por mais minutos, arremessos, ainda que muitos deles sejam mais do que capacitados para carregar qualquer equipe. Aqui, o papel de cada um está bem definido. Pegue, por exemplo, o modo como o treinador utiliza seus armadores. O americano Draper joga bem a ponto de ser naturalizado para defender a Croácia em competições de seleção – veja bem o país… Não estamos falando de qualquer Azerbaijão ou Catar. No Real, ele começa praticamente todos os terceiros períodos, sem ganhar um minuto sequer na primeira metade de jogo, dividida entre Llull (geralmente no primeiro quarto) e Sergio Rodríguez (no segundo).

Llull e o Real Madrid estão motivados a deixar o Olympiacos para trás

Llull e o Real Madrid estão motivados a deixar o Olympiacos para trás

Esse tipo de entrosamento e planejamento está longe de ser algo de fácil ou simples execução – basta observar a dificuldade que Xavier Pascual, no Barcelona, e o próprio Messina, no CSKA Moscou, vêm tendo neste início de temporada para administrar elencos igualmente volumosos e talvez mais caros.

No caso do Real, além do sucesso em quadra – que jogador vai ousar reclamar em meio a uma campanha dessas? –, há outro fator que ajuda o controle de Laso sobre o grupo: a frustração pela derrota na decisão da temporada passada para o Olympiacos. A equipe abriu 17 pontos de vantagem no primeiro quarto, mas tomou uma virada desconcertante, deixando escapar um troféu que não erguem desde 1995. A frustração virou determinação.

Para os merengues, chegou a  hora. De serem os melhores – ao menos da Europa.

*  *  *

Na segunda fase da Euroliga, os 16 clubes restantes estarão divididos em dois grupos, e o Real vai ter adversários mais fortes pela frente para ser testado. A essa altura, contudo, desnecessário dizer que a preocupação é toda desses próximos rivais. Chegou a hora de falar um pouco sobre alguns dos Galácticos do basquete:

– Quem vai querer lidar com um Nikola Mirotic hoje em dia? O MVP de outubro da Euroliga está impossível: 62,8% nos chutes de dois, 64% de três e 86,8% nos lances livres. Tipo arma letal. Tem médias de 15,0 pontos, 5,3 rebotes 1,2 roubo de bola, 1,0 toco e1,2 assistência em 24 minutos. Com esse tipo de dominância, seu próximo passo parece realmente a NBA. É essa a expectativa do Chicago Bulls, que o draftou em 2011. Num momento tão duro para a torcida órfã de Derrick Rose, o rendimento do ala-pivô deve servir de alento. Dinheiro não seria um problema: caso decida ir para os Estados Unidos, uma vez que seu salário, pelo tempo de espera, já não precisaria mais seguir os limites impostos na escala tradicional dos novatos.

Sergio Rodríguez é, hoje, o melhor armador do mundo fora da NBA. Maduro, mas sem perder a criatividade, sai do banco para comandar a segunda unidade de Laso, desequilibrando as partidas combinando talento e agressividade, dos dois lados da quadra. Soma 11,7 pontos, 5,3 assistências, 1,7 roubo de bola em pouco mais de 20 minutos de média, com 55,3% nas bolas de dois pontos e 47,4% nas de 3. Afe.

– Num time com tanta gente boa, Rudy Fernández é aquele que se comporta como o astro, digamos – o topete está sempre muito bem alinhado. Fica muito claro em sua postura marrenta em quadra e na adoração da torcida.  Embora sua personalidade irrite um pouco, não há como negar que seu jogo é bastante vistoso e basicamente exemplifica o estilo da equipe: leve, atlético, com facilidade para se deslocar com e sem a bola. Médias de 13 pontos, 4,4 assistências e 3,3 rebotes, matando 59,5% dos chutes de dois e 93,3% dos lances livres.

Sergio Llull não está na sua melhor fase no ataque, mas é o melhor defensor da equipe no perímetro. Quando usado ao lado do xará Rodríguez, faz da vida dos armadores adversários um inferno, pressionando demais o drible.

Tremmell Darden chegou ao clube no meio da temporada pessada, sem poder jogar a Euroliga – vindo do Zalgiris Kaunas. O americano formado pela Niagara University caiu como uma luva no quinteto inicial, cumprindo muito bem um papel de “glue guy”, com vigor físico, energia e agilidade para complementar Fernández nas alas.

– O tunisiano Salah Mejri e o norte-americano Marcus Slaughter dão gás e asas à rotação de pivôs de Laso, complementando muito bem o jogo terrestre e raçudo de Felipe Reyes.

Jaycee Carroll seria um ótimo concorrente para disputar um torneio de três pontos em qualquer lugar do mundo. Sai do banco ao lado de Rodríguez e seria uma resposta do Real aos Ben Gordons do mundo. Quando está quente, saia de baixo.

*PS: Ok, abram espaço para o merchan: acompanho o time de transmissão do canal com os chapas Maurício Bonato, Rafael Spinelli, Marcelo do Ó e Ricardo Bulgarelli. É o canal 28/228 (HD) da Sky, com transmissões basicamente todas quintas e sextas-feiras e reprises espalhados pela programação. Lá você também segue muitos jogos da NBA, como o Indiana Pacers x Miami Heat da semana passada.


15 times, 15 comentários sobre o Oeste da NBA
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Giancarlo Giampietro

Spurs x Blazers

O Blazers cria ainda mais confusão no Oeste Selvagem da NBA

A série começou ontem, com o tenebroso Leste. Agora falamos dos primos ricos.

Antes de passar por cada franquia, em castas, é mandatória a mesma menção de ontem: sobre o quão patética vem sendo a porção oriental da liga norte-americana, com apenas três times acima da marca de 50% de aproveitamento, enquanto, do lado ocidental,  apenas quatro estão no lado negativo. Isso muda tudo na hora de avaliar o quão bem um time está jogando ou não num panorama geral. Ter de enfrentar Sixers, Magic, Bucks e… (!?) Nets e Knicks mais vezes do que Warriors, Wolves, Grizzlies e… (!?) Suns ajuda muito para inflar os números de sua campanha. É como se fosse um imenso ***ASTERISCO***.

Os dois ainda no topo, ainda que em segundo e terceiro
Pela consistência que apresentam nas últimas duas temporadas, ainda me sinto obrigado a separar as duas franquias, mesmo que estejam, na manhã desta quarta-feira, atrás do Portland Trail Blazers na tabela.

San Antonio Spurs: pode muito bem ainda haver resquícios de um trauma psicológico daqueles. É quase inevitável. Mas a fase de ressaca, ressaaaaca, mesmo, das brabas, se encerrou em algum ponto das férias. Porque o Spurs de Gregg Popovich simplesmente não vai parar de vencer, mesmo que Tim Duncan venha devagar desta vez, depois de uma temporada na qual ele desafiou qualquer noção que tenhamos sobre esse processo chamado envelhecimento. Sério: desde 1997, o time não sabe o que é terminar um campeonato com aproveitamento abaixo de 64,6% (!!!). Custa acreditar? Confiram esta lista aqui. Então, se alguém um dia falar em “padrão de excelência” para você, pense no que é o time de Duncan, Pop, Parker e Manu, como a comparação ideal. Neste ano, a turma de Tiago Splitter está no top 4 de melhores defesas (2ª, atrás do Pacers, que não conta mais) e ataques (4º, atrás de Portland, Miami e Houston). E-qui-lí-brio.

Oklahoma City Thunder: Nada mudou muito por aqui, gente. Eles ainda têm dois dos dez melhores jogadores da liga, que podem decidir as coisas no ataque quando bem entendem e um conjunto muito atlético para fechar seu garrafão e sustentar a quinta defesa mais eficiente do campeonato. Esses são dados bons o bastante para colocá-los na briga com qualquer cachorro grande. Mas a má notícia é que… Bem, até quando Scott Brooks vai depender tanto dos talentos individuais de seus dois cestinhas? No geral, o Thunder é apenas o 17º time que mais distribui assistências na liga. Dos favoritos ao título, só o Indiana Pacers está abaixo (em 21º, com uma dependência de Paul George, sim, mas também com jogadas mais tradicionais de costas para a cesta com Roy Hibbert, o que desacelera as coisas). O que isso significa? Enquanto depender das jogadas de isolamento para Durant ou Wess, Brooks está esperando que os dois se desenvolvam e elevem o ataque por conta própria. É possível, claro – ninguém pode julgar Durant como um cara acomodado, e cara já está num nível tão alto que simplesmente não tem muito o que se melhorar. A não ser, claro, que esperemos que ele acerte 75% de seus arremessos de quadra. Fora isso, contata-se  a notável evolução de Reggie Jackson como o terceiro cestinha do time – uma das consequências da lesão de Russell Westbrook. Jeremy Lamb e Perry Jones III também estão caminhando, mas ainda falta muito para que sejam confiáveis sob pressão. Ah, e o Steven Adams, com seu jogo enérgico, físico e atrevido, já está no top 5 de inimigos públicos. Vindo da Nova Zelândia, sendo um novato, é um feito e tanto.

Chumbo grosso
De como a Conferência Oeste é absurdamente competitiva.

Portland Trail Blazers: ok, ok, para os fãs do Blazers – e eu sei que vocês tão por aí, sim –, já pode parecer um ultraje. E pode ser, mesmo. Porque (vai) chega(r) uma hora em que você tem de deixar as dúvidas de lado e abraçar  a equipe da Rip City como uma realidade nesta temporada. São 18 vitórias e quatro derrotas, aproveitamento de 81,8% (o segundo melhor), +6,3 pontos de saldo (quarto), nove vitórias e duas derrotas seja em casa como na estrada (as segunda e melhores marcas, respectivamente). Por mais que possam perder um pouco desse ritmo, o quanto seria? O Blazers sofreu todas as duas quatro derrotas contra adversários da mesma conferência, mas também já somou dez vitórias nessas mesmas condições. Seu rendimento em quadra hoje é praticamente inverso ao do Pacers: tem o ataque mais eficiente e apenas a 22ª defesa. LaMarcus Aldridge nunca pontuou ou reboteou tanto assim em sua carreira. Damian Lillard elevou seu aproveitamento de três pontos, diminuiu seus turnovers e melhorou na defesa – todos passos cruciais para o armador se tornar uma força a ser temida aos 23 anos. Nicolas Batum se tornou uma ponte perfeita entre o armador e o pivô. Wesley Matthews está jogando demais da conta. E, por fim, Robin Lopez, Maurice Williams e Dorrell Wright solidificaram a rotação. Então, quer dizer: talvez seja uma questão de tempo para os caras subirem de andar. Vamos ver.

Houston Rockets: tudo aqui é matemático. O Rockets é dos times que mais bate lances livres e arremessa de três pontos na liga, eliminando aqueles chutes considerados de menor eficiência. Para isso, eles vão correr, correr e correr, com a expectativa de chegar ao ponto desejado em quadra antes que a defesa se estabeleça (uma combinação do legado dos Sete Segundos ou Menos do Phoenix Suns com a onda estatística analítica que vem tomando os escritórios das franquias, veja só). James Harden dá as cartas nesse sentido. E, dentro desse plano de jogo, estão encaixando a presença singular que é Dwight Howard, com tudo aquilo que ele te oferece de bom (rebote, cobertura defensiva, corta-luzes e enterradas) e mau (a choradeira de sempre e a necessidade de se afirmar como um superpivô ofensivamente, coisa que não é). Por mais antipatia que possa ter ganhado desde a última temporada regular, fato é que sua presença acrescenta muito em quadra, mesmo que não seja o mesmo de três anos atrás. Então Omer Asik (um dos nossos preferidos desde a última encarnação) que nos desculpe: pode fazer o bico que for, mas a vida é assim. Jeremy Lin se redescobriu como um sexto homem mais finalizador, Chandler Parsons está preparado para receber um bom aumento e o intrigante Terrence Jones deu uma acalmada nos rumores de troca.

Los Angeles Clippers: elenco é para isso, né? Para usar, para dar segurança. E ainda bem que a epidemia se limitou aos alas (JJ Redick, Matt Barnes e o competente novato Reggie Bullock), pois era o ponto mais forte da rotação de Doc Rivers. Ok, perder três de uma vez quebra qualquer treinador, e é por isso que você já está ouvindo sobre Stephen Jackson, o Capitão Jack Maluco, mas imagine se o pronto-socorro fosse para Blake Griffin ou DeAndre Jordan? Alguém aí estaria preparado para confiar 30 minutos para Ryan Hollins, BJ Mullens ou Antawn Jamison? Pois é, nem eu. Daí que se faz urgente, mas urgente demais a contratação de mais um pivô completo, ou que pelo menos saiba defender e converter lances livres. Não só como apólice de seguro, mas para poder dar um descanso aos titulares, mesmo, ou rendê-los no final de um jogo equilibrado em que Jordan não possa sofrer faltas de jeito algum. Jordan está ganhando mais confiança de Rivers, com a maior média de minutos de sua carreira, mas precisa de ajuda, para bancar ou melhorar a décima defesa mais eficiente da liga. E não dá para saber bem se Lamar Odom seria a resposta aqui.

Denver Nuggets: com todo o tato e delicadeza do mundo, o prestigiado e novato Brian Shaw está tentando mudar o Denver Nuggets. Tanta sutileza tem duas razões: 1) pegar leve com George Karl e o regime anterior, por (?) ética; 2) conduzir uma revolução em quadra também não é das coisas mais fáceis, ainda mais quando se tem de lidar com jogadores que podem ter dificuldade para acompanhar a bola e, ao mesmo tempo, saber em que ponto da quadra está. É complicado. Por outro lado, o time pode compensar a falta de disciplina ou inteligência defensiva com muita energia, rodando diversos jogadores – 12 deles já ganharam mais de 100 minutos –, aproveitando-se da altitude no mando de quadra e se mantendo no páreo. Quando as defesas não estão preocupadas em parar Ty Lawson, vem Nate Robinson do banco, os dois baixinhos com velocidade e alta periculosidade. Timofey Mozgov saiu da hibernação, e jogando bem. Falta uma previsão para o retorno de Danilo Gallinari  e que Wilson Chandler acerte os ponteiros de seu relógio.

Dallas Mavericks: longa vida a Dirk Nowitzki! E bem-vindo seja o novo Monta Ellis! O baixinho topetudo vai tentando provar ao mundo que todas as críticas que recebeu durante sua carreira em Oakland e Milwaukee não passavam de uma tremenda injustiça com um dos maiores cestinhas de todos os tempos um espevitado cestinha.  Ele vem com a terceira melhor marca nos arremessos de quadra de sua carreira e a melhor desde 2008, ano em que jogava, coincidentemente, por um novo contrato. Com 37,3%, ele também nunca havia chutado tão bem assim do perímetro. Selecionando melhor seus arremessos, mas pondo pressão contínua para cima das defesas, o “Monta Ball” vem ajudando a dar um novo fôlego ao craque alemão, que está pegando menos rebotes, mas elevou suas médias nos arremessos, também recuperado de lesões que chacoalharam seus últimos dois anos. Os dois juntos, auxiliados pela mão certeira de José Calderón, comandam o sétimo ataque mais eficiente. O problema é a defesa, a sexta pior da liga, que precisaria de um Shawn Marion um pouco mais novo, além de um Tyson Chandler – e não de um Samuel Dalembert – para fechar espaços.

Golden State Warriors: o time é talentoso, mas a margem de segurança não é das maiores. Digo, o banco é bastante limitado. Então, quando sai um faz-tudo como Andre Iguodala, em quem se aposta muita coisa (o aperto da defesa, mais movimentação de bola no ataque, explosão nos contragolpes, alívio para Stephen Curry), tudo fica um pouco mais difícil. Ser o time de toda a liga que mais partidas fora de casa disputou até agora também interfere na campanha, ainda mais para um grupo que tem tanto respaldo em seu ginásio. Desde que Iguodala volte bem e relativamente rápido de sua lesão na coxa e que os tornozelos de Curry e Bogut aguentem bem, ainda não é hora para se alarmar, mesmo que estejam no momento fora da zona dos playoffs. Se os segundanistas Harrison Barnes e Draymond Green evoluírem, então, melhor ainda.

Memphis Grizzlies: de todos os aspirantes ocidentais a grandes resultados nesta temporada, aqui está o time na maior enrascada. A troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, por enquanto, só surtiu efeitos negativos, especialmente em na contenção, sem pegada nenhuma no momento – tinham a segunda melhor retaguarda na temporada passada e agora são apenas a 18ª. Marc Gasol não voltará tão cedo e, por mais que Kostas Koufos se esforce nos rebotes e seja grande igual, não tem a mesma leitura de jogo e voz sobre seus companheiros. Não obstante, no ataque, o time ainda não consegue ameaçar de longa distância (sua mira de 33% é apenas a 23ª entre 30 concorrentes), e a vida de Zach Randolph anda mais sofrida – mais utilizado no ataque, ele presta ainda menos atenção na defesa. As equações de John Hollinger certamente não contavam com a baixa de seu melhor jogador, mas é bom o ex-analista tentar agora outros cálculos para não ser achincalhado na Grindhouse.

Minnesota Timberwolves: por que o Wolves estaria em melhor situação que o Grizzlies se, mesmo com time mais ou menos completo, eles estão atrás na classificação? Bem, alguns indícios: seu saldo de +4,0 pontos é maior que o dos cinco que estão logo acima na tabela. Além disso, seu calendário nos primeiros 22 jogos foi o terceiro mais complicado da temporada. A equipe não está no topo nem ofensivamente, nem defensivamente, mas parte de uma sólida base (está curiosamente em 12º nas duas listas). Kevin Love retornou com tudo, embora com baixo rendimento nos arremessos. O que é pega é que, num time com tão poucos chutadores de média e longa distância, o ala-pivô acaba sendo o responsável por desafogar o próprio jogo, se é que faz sentido isso (sobe a plaqueta para o auditório: “RISOS!”). Mas, sério: Kevin Martin chuta bem que só, mas Corey Brewer não está matando nada, Chase Budinger ainda não estreou e Ricky Rubio é uma negação nesse quesito. O que temos, então, é um time que consegue ser pior que o Grizzlies no fundamento (32,9%), o sétimo pior do campeonato. Ainda assim, com um ataque agressivo, que cobra 27,1 lances livres por jogo (quarto melhor), eles dão um jeito de compensar essa deficiência.

A maior surpresa da liga
Não, ninguém esperava por isso.

Phoenix Suns: nem mesmo o gerente geral Ryan McDonough, Discípulo de Danny Ainge em Boston, o jovem cartola tem uma visão bastante pragmática das coisas. Não se importava em gerenciar um saco de pancadas este ano desde que ganhasse um bom novato no próximo Draft. Mas ele, tal como seu ex-chefe, parece ter acertado em cheio na contratação de seu treinador. Jeff Hornacek é aspirante a treinador do ano desde já, e talvez nem importasse que seu renovado time estivesse ocupando um inacreditável oito lugar no Oeste Selvagem. Ele já teria uma candidatura de respeito ao fazer o Phoenix Suns – de todos os times, o PHOENIX SUNS!!! – defender, além de ter resgatado um pouco de seu poderio ofensivo. Eles estão em 16º agora, mas ficaram por várias semanas no top 10, e essa queda se deve muito ao desfalque de Eric Bledsoe por alguns jogos. Bledsoe, aliás, que vai justificando o investimento, compondo uma dupla de armadores muito promissora com Goran Dragic. Os irmãos gêmeos Morris têm formado uma dupla dinâmica no banco – e entrosamento era o mínimo que a gente esperava deles, né? –, Miles Plumlee surgiu do nada e  PJ Tucker é um dos operários que merecia mais atenção. Agora, será que eles têm fôlego para competir até o fim? Será que isso seria interessante? Será que McDonough vai permitir isso?

No limbo
Nem muito para cima, nem muito para baixo. É difícil fazer qualquer prognóstico…

Los Angeles Lakers: olha, ninguém dava muita bola, mas Mike D’Antoni vinha fazendo seu melhor trabalho desde os tempos de Suns. Vejamos, sem Kobe, Nash, eles mais venceram do que perderam. Com Jordan Farmar, Steve Blake, Wesley Johnson, Xavier Henry, Jodie Meeks Nick Young e Jordan Hill. Agora… Como ele estava conseguindo isso? Bem, aplicando seus sistema. Correndo muito (com o terceiro ritmo mais intenso do campeonato). Agora, com Gasol e Kobe baleados, será que isso funciona? Dificilmente. E ele conseguirá montar um time produtivo de outra forma? Bem, Gasol abertamente já duvidou disso. E, sobre o espanhol, todavia, pairam grandes dúvidas. O que acontece? Ele não é mais o mesmo por que D’Antoni não sabe usá-lo, ou D’Antoni não o explora mais por que o pivô não consegue? Consultando os números, vemos que ele vem sendo envolvido  como nunca antes aconteceu no ataque do Lakers. Mesmo: mais até que na época dos triângulos do Mestre Zen. Com 33 anos, o espanhol tem sido ainda menos eficiente do que na campanha passada, mesmo sem Dwight Howard para congestionar o garrafão. Seu percentual de quadra é disparado o pior da carreira.  Se o time ficar perdido entre acomodar suas estrelas e tentar abastecer um bando de anônimos, a campanha pode não dar em nada.

– New Orleans Pelicans: se eles estivessem no Leste,  estariam em quinto. No brutal Oeste, porém, são antepenúltimos. Com o time inteirão, já seria difícil beliscar uma vaga nos playoffs. Ficar sem o emergente Anthony Davis – melhor em praticamente todas as estatísticas básicas – por muito tempo? Essa disputa sai ainda mais cara – e o Philadelphia 76ers segue tudo isso com muita atenção. A garotada está atacando bem (sexta melhor ofensiva da liga), com muita gente habilidosa e chutadores rodeando no perímetro – especialmente o insano e único Ryan Anderson. Defensivamente, contudo, vão de mal a pior, com a quinta pior marca, e as coisas ficam ainda menos promissoras sem a envergadura e agilidade do Monocelha.

A turma do fundão
Um está confortável aqui. O outro já não aguenta mais.

Sacramento Kings: com novo proprietário, novo gerente geral, novo técnico e uma torcida que, sim, já não atura mais tantas participações no topo do draft. O estafe recém-empossado sabe disso e vai procurando fazer troca atrás de troca para melhorar o talento disponível. Derrick Williams e Rudy Gay até se enquadram nessa teoria, comparando com quem saiu. Mas o que eles têm em comum? São dois jogadores muito mais concentrados em seu próprio arremesso do que numa proposta mais coletiva. Basicamente: sai um, entra outro, e o Kings só continua com fominhas em sua escalação. Que os dois reforços não atrapalhem, contudo, o que DeMarcus Cousins e Isaiah Thomas vêm fazendo – é meio chocante, mas os dois estão entre os dez jogadores mais eficientes nestes primeiros meses. O rendimento da dupla não traduziu em muitas vitórias, é verdade, mas sua tabela foi a segunda mais dura até agora.

Utah Jazz: a única pessoa em Salt Lake que deve estar preocupada com o que vem acontecendo é o técnico Ty Corbin, na berlinda. De resto, vai tudo de acordo com o plano. O gerente geral Dennis Lindsey quis abrir espaço para seus jogadores mais jovens. Chega uma hora em que você precisa ver o que há de concreto naquilo que chamamos de “potencial”. Daí que, dos dez que mais minutos receberam minutos nos primeiros 23 jogos, só dois passaram dos 30 anos e cinco deles não passaram dos 24 ainda. Se, no meio do caminho, eles forem perdendo, não tem muito problema – ainda mais sabendo agora que Jabari Parker é mórmon. O Utah joga, no momento, para perder, e a tabela mais difícil do campeonato contribui para isso. Há uma razão para se contratar  um Andris Biedrins.


15 times, 15 comentários sobre o Leste da NBA
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Giancarlo Giampietro

JR Smith x Joe Johnson

Já que estamos em dívida, com o campeonato já correndo a mil, tentamos aqui dar uma looooonga caminhada nesta terça e quarta-feira para abordar o que está acontecendo com os 30 times da NBA até o momento, dividindo-os em castas. Começamos hoje com a Conferência Leste, a famigerada E-League.

Antes de passar por cada franquia, em castas, é mandatória a menção sobre o quão patética vem sendo a porção oriental da liga norte-americana, com apenas três times acima da marca de 50% de aproveitamento, enquanto, do lado ocidental,  apenas quatro estão no lado negativo. Isso muda tudo na hora de avaliar o quão bem um time está jogando ou não num panorama geral. Ter de enfrentar Sixers, Magic, Bucks e… (!?) Nets e Knicks mais vezes do que Warriors, Wolves, Grizzlies e… (!?) Suns ajuda muito para inflar os números de sua campanha. É como se fosse um imenso ***ASTERISCO***.

Agora vamos lá:

Os únicos dois times bons – e que ao mesmo tempo são os principais favoritos ao título
Já sabe de quem estamos falando, né? É a categoria mais fácil de se identificar além de “os dois times que são um pesadelo para Spike Lee, Woody Allen, Al Pacino, Roberty De Niro, os Beastie Boys e qualquer outro nova-iorquino”.  Na saideira de David Stern, o certo era que ele instaurasse uma série melhor-de-81 na conferência, e que o restante se dedicasse a analisar todas as minúcias da fornada do próximo Draft.

Indiana Pacers: que o sistema já funcionava, não havia dúvida. Eles deixaram muito claro nos mata-matas do ano passado. É um time com identidade clara, que defende muito, contesta tudo o que pode perto do aro e na linha de três pontos, sufoca dribladores no perímetro e permite apenas chutes forçados de média distância. Com esse alicerce erguido, o que os eleva ao topo na temporada regular no momento, a outro patamar, é impressionante evolução individual de Paul George, Lance Stephenson e Roy Hibbert. Confiantes, entrosados e candidatos a prêmios desde já. Some isso à melhora do banco, e temos a defesa  mais dura da liga, de longe, agora com a companhia de um ataque que beira o aceitável, sendo o 14º mais eficiente.

Miami Heat: Dwyane Wade joga quando quer ou quando pode, LeBron James regrediu um tiquinho, se comparado ao absurdo que produziu nas últimas duas temporadas (embora esteja finalizando com ainda mais precisão), Udonis Haslem perdeu jogos, Shane Battier despencou, Greg Oden ainda não estreou e… Tudo bem, tudo na santa paz na Flórida. Eles não jogam pensando em agora e ainda é o bastante para, no Leste, sobrar e construir o melhor ataque e a sétima melhor defesa, uma combinação perigosa. Ah, e palmas para Michael Beasley! Por enquanto, em quase dois meses, ele conseguiu evitar a cadeia e, estatisticamente, escoltado por craques, vem produzindo como nunca antes na história dessa liga.

Eles querem, tentam ser decentes (ou talvez não)
Neste grupo temos times que estão entre os menos piores do Leste.

Atlanta Hawks: o mundo dá voltas, LeBron James passa de supervilão a unanimidade, Juwan Howard e David Stern enfim se aposentam, Bush vai, Obama vem, mas o Hawks não consegue se livrar da mediocridade.  Jajá teremos uma década com o time posicionado entre as terceira e sexta posições da conferência. E não podem dizer que Danny Ferry não está tentando. Joe Johnson e Josh Smith se mandaram. As chaves do carro foram entregues para Al Horford. Jeff Teague está solto. Kyle Korver, pegando fogo. DeMarre Carroll, surpreendendo. Mas, no geral, falta banco e consistência, enquanto os jogadores assimilam os conceitos Popovichianos de Mike Buddenholzer.

Detroit Pistons: ainda está cedo para detonar por completo os experimento com os três grandalhões juntos, mas todos os indícios apontam que talvez não tenha sido, mesmo, a melhor ideia. Greg Monroe parece deslocado e Josh Smith comete atrocidades no perímetro – assim como o bom e velho Brandon Jennings. Ao menos, a cada erro da dupla, Andre Drummond está por ali, preparado para pegar o rebote e castigar o aro. Rodney Stuckey, ressuscitado como um candidato a sexto homem do ano, também ajudou a aparar as arestas. Maurice Cheeks ainda precisa definir de uma vez sua rotação e encontre melhor padrão de jogo para adequar as diversas partes talentosas que, no momento, não conseguem se posicionar nem mesmo entre os 20 melhores ataques ou defesas. E, mesmo assim, o time ocupa o quinto lugar no Leste. Incrível.

O aproveitamento de quadra de Josh Smith nesta temporada: as marcas em vermelho, só para constar, estão abaixo da média da liga. E este vermelho lembra um pouco a cor de um tijolo velho

O aproveitamento de quadra de Josh Smith nesta temporada: as marcas em vermelho, só para constar, estão abaixo da média da liga. E este vermelho lembra um pouco a cor de um tijolo velho

Charlotte Bobcats: a franquia apanhou por anos e anos. Foi coisa de ser massacrada mesmo. Daí que, num ano antes do Draft mais generoso dos Estados Unidos em muito tempo,  Michael Jordan resolveu que era hora de gastar uma graninha, acertar em uma contratação (aleluia!) e formar um time até que bonitinho. Al Jefferson ainda não engrenou, recuperando-se de uma lesão no tornozelo, Cody Zeller não impressiona ninguém (positivamente, digo), Kemba Walker não progrediu, mas o time tem se sustentado com sua defesa, guiada por Steve Clifford, sobre quem havíamos alertado. A equipe mais escancarada do ano passado virou, agora, a terceira melhor retaguarda. E, aqui entre nós: Josh McRoberts é um achado.

Washington Wizards: Ernie Grunfeld pode ter feito um monte de barbaridades nas constantes reformulações de elenco que produziu desde que Gilbert Arenas pirou o cabeção. Também não tem muita sorte. John Wall se firmou como um dos melhores armadores de sua geração, mas não consegue levar adiante a dupla com Bradley Beal, afastado por uma misteriosa dor na canela que pode ser fratura por estresse (e aí danou-se). Marcin Gortat se entendeu bem com Nenê – e o brasileiro, todavia, não consegue parar em pé sem sentir dores. Quando Martell Webster vai bem, Trevor Ariza machuca. Quando Trevor Ariza vai bem, Martell Webster machuca. E Randy Wittman, coordenando uma defesa respeitável, tem de se virar do jeito que dá para manter sua equipe competitiva. No Leste, claro, não precisa de muito. Talvez nem importe nem que Otto Porter Junior esteja só na fase de aprender a engatinhar.

Chicago Bulls: pobre Tim Thibodeau. Deve estar envelhecendo numa média de um mês a cada semana nesta temporada. A nova lesão de Derrick Rose foi trágica – e dessa vez não havia Nate Robinson para socorrer. Para piorar, Jimmy Butler caiu, levando junto, agora mesmo, Luol Deng, que estava carregando piano de modo admirável. Em meio a tudo isso, Joakim Noah nem teve tempo de se colocar em forma. Para estancar os ferimentos, Taj Gibson faz sua melhor campanha, Kirk Hinrich tem evitado a enfermaria para organizar as coisas e, claro, muita defesa, a quarta melhor da liga. O suficiente para capengar por um oitavo lugar na conferência, esperando por um raio de sol.

Boston Celtics: Danny Ainge certamente confia na capacidade de Brad Stevens como técnico. Do contrário, não teria dado um contrato de seis anos ao noviço. Talvez ele só não contasse que o sujeito fosse tão bom desse jeito. Aí complica tudo! O Celtics abriu mão de Paul Pierce e Kevin Garnett neste ano para afundar na tabela e sonhar com um dos universitários badalados do momento. E aí que, em meio a essa draga toda, uma boa mente pode fazer a diferença, mesmo sem Rajon Rondo e tendo que escalar Gerald Wallace e pivôs diminutos – sem dar a rodagem necessária para Vitor Faverani. Então, meninos e meninas, pode certeza de algo: se tiver alguém torcendo para a ascensão de Knicks e Nets, o Mr. Ainge é uma boa aposta.

Descendo, mas só por ora
Três equipes que ainda vão perder muito mais que ganhar neste ano, mas as coisas estão mudando. “Perdeu, valeu, a gente sabe que não deu.”

Philadelphia 76ers: ver Michael Carter-Williams estufar as linhas de estatísticas de todas as formas já valeria o ano inteiro para aqueles que ainda choram Allen Iverson (ou Charles Barkley, ou Moses Malone, ou Julius Erving). O armador é a maior revelação da temporada. Havia fãs dele no processo de recrutamento de novatos deste ano, mas, sinceramente, não li em lugar algum a opinião de que ele fosse uma ameaça para conseguir um quadruple-double na carreira, quanto menos em seus primeiros dois meses. Ao mesmo tempo, sem pressão nenhuma por resultados imediatos, o gerente geral Sam Hinkie e o técnico Brett Brown vão rodando seu elenco, garimpando talentos, avaliando prospectos como Tony Wroten, James Anderson, Hollis Thompson, Daniel Orton etc. Sem contar o fato bizarro de que Spencer Hawes, hoje, é um dos melhores pivôs da liga. Vende-se.

Orlando Magic: A base aqui, hoje, é melhor que a do Sixers, com Arron Afflalo jogando uma barbaridade, jogando de uma forma que assusta até. Nikola Vucevic vai se provando que sua primeira campanha na Disneylândia não foi um delírio. Victor Oladipo está cheio de energia e potencial para serem explorados. Andrew Nicholson, Tobias Harris e Maurice Harkless também oferecem outras rotas a serem exploradas. O técnico Jacque Vaughn é respeitado. Para o ano que vem, os contratos dos finados Hidayet Turkoglu e Quentin Richardson expiram, e o gerente geral Rob Hennigan terá espaço para investir.

Toronto Raptors: não houve uma negociação na qual Masai Ujiri se envolveu nos últimos dois, três anos em que ele não tenha, no mínimo, levado a melhor. Isso quando ele não rouba tudo de quem está do outro lado da mesa, sem piedade alguma. Em pouco tempo, já se livrou dos contratos de Rudy Gay e Andrea Bargnani, iniciando um processo de implosão para tentar reformular, de modo definitivo, a franquia canadense – que tem aporte financeiro para ser grande. Jonas Valanciunas está dentro. O restante? Provavelmente fora. Será que Andrew Wiggins vai acompanhá-lo, em casa?

Caos total
A bagunça é tanta que fica difícil de saber como botar tudo em ordem.

Cleveland Cavaliers: no papel, um time de playoff. Mas as peças por enquanto não se encaixam tão bem como o esperado. Para dizer o mínimo, considerando que Dion Waiters partiu para cima de Tristan Thompson no vestiário. Em quadra, Mike Brown simplesmente não consegue organizar um ataque decente que não tenha LeBron James em seu quinteto. O Cavs só pontua mais que o time que aparece logo abaixo aqui. É um desastre. Para se ter uma ideia, dos dez jogadores que ficaram mais minutos em quadra até o momento, apenas Anderson Varejão acertou pelo menos 50% de seus arremessos. Até mesmo Kyrie Irving vem encontrando sérias dificuldades. Os últimos jogos de Andrew Bynum seriam o único indício positivo por aqui – e não que isso sirva para compensar o fiasco total que são as primeiras semanas de Anthony Bennett como profissional:

Milwaukee Bucks: a Tentação de jogar Larry Drew na fogueira também é grande, mas fato é que o Milwaukee Bucks em nenhum momento pôde colocar em quadra o time que eles imaginariam ter. Larry Sanders passou vexame em uma briga na balada, Carlos Delfino ainda não vestiu o uniforme, Brandon Knight e Luke Ridnour se alternam na enfermaria, aonde Caron Butler já se instalou ao lado de Zaza Pachulia. Ersan Ilyasova só não está lá porque o time precisa desesperadamente de qualquer ajuda, ainda que seja de um ala-pivô cheio de dores nas pernas. Apenas OJ Mayo, John Henson e o surpreendente Kris Middleton disputaram as 20 partidas da equipe. De toda forma, esses nomes não chegam a empolgar tanto, né? Daria um sólido conjunto, mas sem grandes aspirações. Se for para empolgar, mesmo, então, com a vaca já atolada no brejo, melhor liberar o garotão Giannis Antetokounmpo para correr os Estados Unidos de ponta a ponta.

Os dois times que são um pesadelo para Spike Lee, Woody Allen, Al Pacino, Roberty De Niro, os Beastie Boys e qualquer outro nova-iorquino
Eles ainda têm tempo para reagir. Mas vai dar muito trabalho e ainda pode custar muito dinheiro.

Brooklyn Nets: bem, sobre Jason Kidd já foi gasto um artigo inteiro. De lá para cá, soubemos que Lawrence Frank tem um salário de US$ 6 milhões (mais que Andrei Kirilenko, Andray Blatche e Mason Plumlee juntos!) apenas para escrever relatórios diários, uma vez que foi afastado do posto de principal assistente. Depois de apenas três meses no cargo. E, esculhambado nos mais diversos sentidos, o Nets obviamente não consegue se encontrar em quadra, mesmo com Brook Lopez jogando o fino. Temos agora o 20º pior ataque e a penúltima defesa da liga, acima apenas do pobre Utah Jazz. Tudo isso, lembrando, com a folha salarial mais volumosa do campeonato. “Parabéns aos envolvidos” se encaixa aqui? Que Deron Williams volte rápido – e bem. Kirilenko também precisa colocar a reza em dia.

New York Knicks: agora fica meio claro a importância que tem um Tyson Chandler, né? Um sujeito de 2,13 m de altura (ou mais), ágil, coordenado, inteligente, corajoso e que ainda converte lances livres? Causa impacto dos dois lados da quadra, facilitando a vida de todo mundo. Inclusive a do Carmelo Anthony, que pode roubar um pouco na defesa, ciente de que tem cobertura. Sem ele, o time virou uma peneira, com a quinta pior marca da liga. No ataque, uma das maiores artilharias da temporada passada agora é somente a 18ª, numa queda vertiginosa que tem mais a ver, é verdade, com a fase abominável de JR Smith e Raymond Felton. Não é culpa do Carmelo, mesmo que ele também não esteja mantendo a forma do ano passado. Daí que temos uma surra de mais de 40 pontos para o Boston Celtics no Garden? Até Ron Artest está pasmo.


Williams, Turner, Thabeet… E a sina dos nº 2 do Draft
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Giancarlo Giampietro

Derrick Williams, ou bust?

Derrick Williams… Para salvar a honra dos primeiros dos últimos como King?

''É uma sensação boa, um novo começo'', diz Derrick Williams, em sua chegada a Sacramento. ''É um novo início para mim e para a equipe. Realmente sinto que posso ajudar este time.''

O discurso pode soar repetitivo – essa coisa de zerar o que aconteceu, buscar novos horizontes e yada yada yada –, mas de modo algum pode se questionar sua sinceridade. Acho.

Pois o ala passou por poucas e boas nas últimas temporadas, desde que foi escolhido como o número dois do Draft de 2011. Ele não se achou em quadra, ficou atrás de Kevin Love na rotação, não conseguiu  ganhar a confiança de Rick Adelman e, nesta semana, acabou despachado para o Kings, em troca de Luc Richard Mbah a Moute.

Olha, o camaronês é um ótimo defensor e reboteiro – e um dos melhores amigos de Kevin Love –, mas tem muitas limitações. No ataque, consegue pontuar só quando livre debaixo da tabela. Por esse pacote, ganha mais de US$ 4,4 milhões em média num contrato de mais dois anos. É muito.

Que Williams tenha sido trocado por um jogador desse nível mostra o quanto sua cotação caiu e que o ex-gerente geral da equipe David Kahn não tinha, mesmo, o melhor tino para selecionar novatos.

Outros dois de seus fiascos:

Jonny Flynn, 6º em 2009: ok, teve lesão muito cedo e foi queimado pelos triângulos de Kurt Rambis na sua primeira campanha, mas hoje ele não consegue jogar nem na China… E Stephen Curry, Brandon Jennings, Jrue Holiday, Ty Lawson e Jeff Teague saíram depois dele no Draft).

Wesley Johnson, 4º em 2010. O ala foi mandado para Phoenix no ano passado em troca de… nada. Ou pior: o time, na real, teve de pagar para se livrar do jogador, limpar seu salário e tentar contratar Nicolas Batum de modo frustrado.

Ele acertou com Ricky Rubio… E só. Basicamente isso.

Agora, Williams não só tenta se livrar dessa pecha, como luta contra uma sina ainda mais impactante: a quantidade de segundas escolhas do Draft recentes que têm se mostrado desastrosas.

Não tem aquela história de que o segundo é o primeiro dos últimos? Bem, no caso do recrutamento de calouros da NBA, a partir dos anos 2000, o segundo tem se mostrado o último, mesmo.

Se você quiser saber quais foram todos os draftados número 2 da história, segue um prato cheio, daqueles com uma montanha de arroz. Seria uma loucura falar sobre cada um deles, mas fique à vontade para fazer o serviço. Aqui, vamos nos concentrar apenas nos de 90 para cá – aqueles que vimos jogar, vai –, para estabelecer uma comparação.

Na década do Nirvana, do tetra, do Plano Real e da Guerra do Kosovo, em ordem cronológica, tivemos: Gary Payton, Kenny Anderson, Alonzo Mourning, Shawn Bradley, Jason Kidd, Antonio McDyess, Marcus Camby, Keith Van Horn, Mike Bibby e Steve Francis. Nada mal, hein? Só três deles não foram All-Stars: o pirulão Shawn Bradley, um dos principais alvos de Shaquille O’Neal e de qualquer gente que soubesse enterrar, Keith Van Horn, que começou bem, mas nunca decolou, sentindo a pressão, de ser o (?) próximo Larry Bird; e Camby, que ao menos garantiu um título de melhor defensor do ano em 2007 e foi bem pago a carreira toda.

Em compensação, de 2000 para cá, a coisa ficou feia. Nos primeiros cinco anos, tivemos Stromile Swift, Tyson Chandler, Jay Williams, Darko Milicic e Emeka Okafor. Chandler se tornou um belo pivô, mas levou tempo para que acontecesse. Emeka Okafor defende bem, mas está um degrau abaixo. Os outros três foram desastre: um caiu por ter uma combinação matadora de ego e inconsistência; o outro sofreu um grave acidente de moto e não conseguiu voltar bem; e Darko… Bem, foi o Darko, né? Free Darko!

Depois, em 2005, Marvin Williams conseguiu ser escolhido pelo Atlanta Hawks na frente de Deron Williams e Chris Paul. Palmas! LaMarcus Aldridge fez do Portland Trail Blazers um time bastante esperto em 2007, ensanduichado por Andrea Bargnani e Adam Morrison. Em 2008, Kevin Durant fez do Portland Trail Blazers um time bastante equivocado.

Agora… Depois de dois grandes e saudáveis certos desses, veio a sangria. Cuidado, o conteúdo é forte:

2008: Michael Beasley para o Miami Heat. Leia tudo sobre o caso aqui. Ao menos o ala vai começando bem sua segunda passagem pela Flórida. Conhecendo a peça, todavia, está muuuuuito cedo para comemorar.

2009: Hasheem Thabeet para o Memphis Grizzlies. O ex-proprietário do clube, Michael Heisley se intrometeu no basquete. Deu nisso: ficou encantado com o treino particular do pivô de quase 2,20m de altura e saiu dali convencido de que era a melhor pedida na frente de James Harden, Ricky Rubio e todos os armadores indicados acima ao lado de Wes Johnson.  Pois o único jogador da história da Tanzânia na liga ficou no Tennessee por apenas um ano e meio, até ser trocado com o Houston Rockets. Hoje está em Oklahoma City, com um contrato parcialmente garantido. Pode ser dispensado a qualquer momento.

Thabeet cool

Thabeet, reserva do Thunder, mas acima de James Harden na certa

2010: Evan Turner para o Philadelphia 76ers. O ala saiu logo atrás de John Wall como a promessa de alguém que estava pronto para entrar em quadra e produzir. Nunca se encaixou com Andre Iguodala ou Jrue Holiday e teve três anos de produção abaixo da média. Não teve nenhuma oferta de renovação contratual por parte do Sixers e meio que já sabe que joga neste exato momento por sua sobrevivência na liga. Vai indo relativamente bem, conseguindo seus números para seu agente vender o peixe em 2014, embora não tenha tanta eficiência, sendo um dos campeões de turnover da temporada. Naquele ano, na mesma posição, em nono saiu Gordon Hayward. Em décimo, Paul George. Glup. Em 12º, Xavier Henry. ; )

2011: Derrick Williams, o nosso amigo. É muito simples colocar tudo na conta de Kevin Love. Supostamente, Williams teria como melhor posição – se enquadrado em uma, diga-se – aquela chamada de 4, como um ala-pivô mais atlético que o normal, que supostamente poderia bater seus adversários de frente para a cesta, atacando em velocidade e explorando seu arremesso de três pontos desenvolvido ano a ano na universidade do Arizona.

Derrick Williams x Patrick Patterson

Não pense Williams que Patterson vai dar a chave do carro tão fácil assim

Foi desse jeito que ele deu um trabalhão danado para a Duke do Coach K nos mata-matas da NCAA daquele ano. Num time que já tinha um astro fazendo mais ou menos isso, o novato ficou perdido.

Não conseguiu se encaixar no time, perdido defensivamente. E não engrenou também mesmo quando o astro perdeu quase toda a temporada passada (64 jogos) por conta de fraturas na mão. Williams não conseguiu ser eficiente ou agressivo no ataque e penou na defesa – lento longe da cesta e despreparado para lidar com jogadores mais altos e igualmente atléticos embaixo.

E toca ser trocado por um príncipe aguerrido camaronês. Em Sacramento, ele busca o alardeado recomeço. Mas, acreditem, não é tão simples assim. Patrick Patterson, Jason Thompson e, quando voltar de lesão, Carl Landry têm algo a falar sobre a disputa do posto de parceiro de garrafão de Boogie Cousins. É de se esperar que, nessa segunda chance, o clube faça uma forcinha e tente ver o quanto antes tem em mãos. Os minutos só não serão entregues de graça, com base no status. O técnico Brendan Malone vai exigir um posicionamento defensivo no mínimo alerta do atleta. Algo que ele não conseguiu cumprir em Minnesota.

“Eu digo ara as pessoas: apenas me coloque em quadra, e farei coisas boas”, implora o mais novo King.

A Williams se junta o hiperativo Michael Kidd-Gilchrist, a segunda escolha do ano passado, que tem apenas 20 anos e uma vida toda pela frente. Não dá para julgá-lo de imediato. No entanto, se ele não der um jeito urgente em seu arremesso, ficará difícil de justificar a confiança que recebeu do Charlotte Bobcats. Ainda mais com Andre Drummond atropelando quem quer que apareça a sua frente.

Com tantos casos mal-sucedidos, só fica uma dúvida. Será que é bom passar esse tipo de informação para Victor Oladipo, ou melhor evitar?


Jason Kidd ‘derruba’ refrigerante em quadra e encara pressão
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Giancarlo Giampietro

Jason Kidd x Kevin Garnett

Kidd em quadra com Garnett. Mas de outro jeito, bem diferente

Acontece, claro. Mas é melhor evitar, né?

Num dos treinos de pré-temporada do Brooklyn Nets, o bósnio Mirza Teletovic e o marciano Andray Blatche se estranharam. Trocaram empurrões, mas o nível de tensão não chegou a ir além disso. Veio a turma do deixa-disso, e a equipe voltou a praticar rapidamente. ''É normal. Acontece todo ano, dez vezes no ano, ou algo assim. É realmente algo competitivo, com os caras trombando e se batendo lá embaixo. O time fica sujeito a ter algumas dessas (confusões'', afirmou Deron Williams.

Bem, com um elenco abarrotado de jogadores talentosos – e ambiciosos –, competição por pontos, minutos é o que não vai faltar, mesmo, para o time do bilionário Mikhail Prokhorov. Quem tem de administrar tudo isso, envolver tantas peças talentosas  em torno de um só objetivo, numa mesma família e blablabla é Jason Kidd.

Fosse o armador Kidd, com sua visão de jogo em cinco dimensões e o respeito que emanava em quadra, não haveria problema nenhum. Mas agora estamos falando do técnico Kidd. Outra história. Aconteceu que o Nets, tentando cumprir a corajosa meta estabelecida por Prokhorov, de conquistar um título em cinco anos, resolveu apostar numa figura indiscutível do basquete, mas inegavelmente um calouro em sua nova profissão.

Dá para lembrar de algumas trocas de farpa célebres entre boleiros brasileiros. Quem não se recorda da célebre frase de Romário sobre a janelinha? ''Mal chegou no busão e já quer sentar'', endereçada ao assistente promovido a treinador do Fluminense, Alexandre Gama? Teve também o bate-boca entre Emerson Leão e o agente de jogadores Wagner Ribeiro, com o meia-atacante Lucas no meio. ''O Lucas é uma Ferrari, que está sendo mal conduzida pelo piloto, que não sabe nem sequer trocar a marcha do carro e muito menos dirigi-la'', disse o empresário.

São duas frases que não saem da cabeça na hora de avaliar a contratação do  jogador como técnico de um timaço que precisa vencer agora ou agora, nem mesmo três meses depois de sua aposentadoria. Ninguém vai questionar o cérebro de Kidd para o basquete. Mas comandar um elenco pede muito mais que isso. Uma coisa é pensar em quadra, por instinto, quando as coisas vão acontecendo. Outra é planejar o que vai acontecer nas partidas. É necessário ter um conceito de jogo e saber como aplicá-lo desde o início, sem se descuidar com todos os fatores que resultam em química dentro e fora de quadra.

Por enquanto, com 4 vitórias e 11 derrotas, Kidd já se vê em uma enrascada. A ponto de, nesta quarta-feira, ter forjado um incidente ridículo, para dizer o mínimo. Com pouco mais de 8 segundos no cronômetro, sem poder pedir tempo, ele, digamos, sugere que o jovem armador Tyshawn Taylor o acerte (''HIT ME'') na linha lateral de quadra, antes de Jodie Meeks bater dois lances livres para definir a vitória do Lakers. Sua intenção? Não só fazer Meeks repensar toda a sua vida antes de fazer as cobranças, como para ganhar tempo e desenhar uma eventual última jogada para o empate ou a virada. E aí que vira trapalhada: enquanto John Welch, seu coordenador ofensivo, risca a prancheta, Steve Blake e Xavier Henry estão ali, no meio da rodinha brooklyniana, vendo tudo, prontos para espalhar as novidades para seus companheiros. É uma das cenas mais estapafúrdias da história da liga:

 

Mostra a que ponto o técnico já se sente pressionado.

Claro que, na patética Divisão do Atlântico, dá tempo de sobra para ele e seus atletas se recuperarem. Mas não há dúvida de que, em 28 de novembro de 2013, estão muito aquém da expectativa. A noviça torcida da franquia, na vizinhança nova-iorquina, já começou a vaiá-los. ''Acho que todo mundo aqui está cheio de vergonha'', disse Kevin Garnett. ''Você definitivamente não quer que isso aconteça em casa.''

Para entender o tamanho da vergonha, números. Em termos de quantidade de pontos por jogo, o Nets tem a sexta pior defesa e o nono pior ataque. Se por fazer essas contas considerando o ritmo de jogo de cada equipe, pensando em pontos por 100 posses de bola, os rankings só caem: a equipe teria a defesa menos eficiente e o oitavo ataque mais anêmico. Resultado disso tudo? Mesmo com a contratação de Garnett e Paul Pierce, a franquia também é a última colocada em número de espectadores por jogo.

Mark Cuban Mutante Russo (via Bill Simmons)

É tudo dele: Prokhorov vai curtindo a vida de dono de clube da NBA

Claro que isso tudo não é cul-pa de Kidd. Seu time vem sendo um daqueles mais atingidos pela maré de azar quanto a lesões, neste início de temporada. Brook Lopez, seu melhor jogador (sim, isso mesmo),  já perdeu seis partidas. O temperamental e quebradiço Deron Williams ficou fora de cinco. Andrei Kirilenko, alguém fundamental para a coesão defensiva, só disputou quatro jogos, ou míseros 53 minutos. Pierce e Garnett perderam um cada e estão com os minutos limitados – uma decisão correta, pensando nos playoffs. Isso, claro, se eles chegarem lá. Algo sobre o qual Prokhorov nem pode pensar. Ainda que ele não tenha se pronunciado oficialmente sobre o assunto, o ESPN.com afirma que, por enquanto, ele dá total cobertura para o aprendizado de Kidd.

Também pudera. Depois da fanfarra que fez ao anunciar a surpreendente contratação de seu novo técnico, o magnata russo assegurou que era tudo ideia sua. E, bem ao seu modo de fazer graças a toda hora, gastando uma série de piadas como qualquer um dos homens mais ricos do mundo pode fazer, disse que seu novo técnico lhe lembrava o personagem de Tom Cruise no filme ''Top Gun'', hit de bilheterias – e locadoras – nos anos 80. Uma referência bizarra.

''Quero refrescar sua memória. Tom Cruise interpreta o Maverick, e ele é um piloto top, um verdadeiro líder. No final, ele tomou a decisão de se tornar um instrutor porque ser um líder era o que ele mais valorizava. Então, Jason Kidd é a nossa Top Gun. Ele vai fazer seu melhor, estou certo, para usar todas as suas qualidades para nos elevar como uma equipe'', disse o russo.

E aí? Todo mundo convencido, né?

Esse é um sujeito que conseguiu dar um jeito para acumular mais de duas dezenas de bilhões de dólares de fortuna – até agora sem se abalar por falácias de mercado futuro ou nenhuma companhia que termine com ''X''. Como questionar o feeling de uma figura dessas? Chega a ser até opressor.

Mas o problema com Prokhorov, muitas vezes, é a sua vocação para o show, mesmo. Ele pode falar o quanto quer um título de NBA, mas se tornar o dono de uma franquia esportiva nos Estados Unidos tem muito mais a ver com glamour e as luzes. E daí vem uma citação pop demodé e tresloucada dessas. Depois ele garante: ''Para mim, internamente, só há um lugar aceitável: o número um.''

Por isso ele não se importa em bancar uma folha salarial de US$ 101,2 milhões. É, disparada, a maior do campeonato, conseguindo uma façanha praticamente impensável há um ou dois anos: faz da quantia gasta pelo vizinho de Manhattan, o Knicks,  algo até razoável (US$ 86,8 milhões). Além do dinheiro gasto com os salários, a franquia ainda vai pagar mais de US$ 80 milhões em taxas por exceder arrebentar o teto da liga. ''Acho que eles ainda estão contando o dinheiro no escritório'', brincou o russo. ''Mas, falando francamente, espero apenas que o cheque não volte.''

Beira o injusto depositar esse cheque e a esperança de estar no topo na conta de alguém que, antes de o campeonato começar, se assumia como uma ''esponja'', em fase de aprendizado. ''Estou tentando absorver toda a informação que puder de Doc, Pat Riley, Phil, de todos, para anotar isso e compartilhar com o estafe. Algumas dessas coisas vão pegar, outras vão ser jogadas fora. Algumas podem reaparecer, tudo em busca de uma identidade para o time agora. Mas, no fim, sou eu que vou tomar minhas próprias decisões e encontrar meu próprio caminho'', disse Kidd.

Para chegar lá, Kidd tem muito mais com o que se preocupar do que eventuais conflitos internos em treinos. A briga hoje é muito mais séria.


Do contra, Kobe renova por valor alto. E o futuro do Lakers?
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Giancarlo Giampietro

Fala, Kobe

Você aprende a gostar de um Kobe Bryant por tudo aquilo que ele faz de diferente.

Para começar, são poucos os que podem igualar seus talentos em quadra. Desde que entrou na NBA como um colegial em 1996, sua capacidade atlética já deixava claro que tinha tudo para ser um dos grandes. Ágil, maleável, explosivo, saltitante, já conseguia competir com os grandalhões, ainda que o Los Angeles Lakers tenha controlado direitinho sua decolagem. Foi sendo solto aos poucos. Quanto mais jogou, mais óbvias ficavam outras características que o carregariam ao topo. De atletas de alto nível a liga estava cheia. Que o diga Harold Miner. Mas o ala tinha muito mais que isso. Visão para o passe e dos diferentes ângulos para se infiltrar, chute de média distância e, talvez ainda mais importante, propensão para se ralar na defesa no mano a mano. Sem contar as horas sem fim de internação no ginásio para refinar essas habilidades. Sim, era um craque, distante dos outros.

Com o tempo, foi moldando sua personalidade em uma liga dominada por dinheiro, ególatras e muita gente competitiva, o ala teve diversas fases. Primeiro, tentou se enturmar como um dos manos do hip-hop, tentando combater a imagem de ''fresquinho'' que tinha, pelo período longo de educação que teve na Europa, acompanhando a carreira do pai. Não deu muito certo, e viu que o negócio era, mesmo, se concentrar dentro de quadra. Já foi o queridinho jovial e exuberante, virou o vilão introspectivo e intratável – os anos entre 2003 e 2006 foram especialmente complicados, com os constantes entreveros com Shaq, a acusação de estupro no Colorado a roupa suja lavada de Phil Jackson etc. –, perdeu, ganhou, retomou a coroa e, hoje, é talvez a melhor entrevista de toda a liga. Consagrado, com um currículo quase imbatível, confiante, inteligente, veterano, faz a alegria de quem consegue gravá-lo. Bem distante do usual.

Como esperar, então, que, na hora de definir algo tão importante como os próximos e últimos anos de uma carreira dessas, ele fosse seguir o convencional, aquilo estabelecido como padrão? No caso, renovar seu contrato com o Lakers com um desconto camarada para a franquia, com a ideia de que, desta forma, poderia ter mais ajuda para buscar o (supostamente) tão sonhado sexto anel? Oras, isso é coisa para Tim Duncan, Kevin Garnett, LeBron James e outros fazerem.

Quer dizer, não que Kobe não os respeite, de um jeito ou de outro. Mas, na cabeça de um sujeito desses, não há quem possa se colocar em seu patamar – e por trás dessa lógica há muito mais coisa que a simples habilidade de jogar basquete.

''Você não pode apenas entender seu esporte. Tem de entender a indústria dos esportes'', afirmou, no Twitter, o astro, depois de ser malhado por 99,5% da internet americana pela extensão contratual que assinou, por mais duas temporadas além da atual, com média salarial superior a US$ 24 milhões. ''As regras do teto salarial forçam que os jogadores sejam 'altruístas' para ajudar proprietários BILIONÁRIOS. E são as mesmas regras que os proprietários nos obrigaram a aceitar. #Pense'', completou.

Ciente disso, do tipo de coisa que circunda a mente de seu principal pilar, a diretoria do Lakers apostou alto ao já resolver a negociação prontamente. Se cada centavo desse contrato não importasse para o que vai ser da equipe até 2016 (mais abaixo), a definição mais correta para o acordo selado seria a da repórter Ramona Shelbourne, do ESPN.com americano. ''É só pensar que ele vai ganhar qualquer coisa a mais que o segundo jogador mais bem pago da liga''.

Saca? Para Kobe, parece realmente importante encabeçar a lista dos holerites emitidos na liga. É uma questão de status, reconhecimento por serviços prestados e relevância para o jogo – e a indústria, como deixou claro no seu tweet. Algo que Jim Buss e Mitch Kupchak sabem muito bem. Além disso, pega bem para a franquia, diante de jogadores e agentes, essa demonstração de ''lealdade'' e, ao mesmo tempo, agradecimento.

''Sou muito afortunado de estar em uma organização que entende como cuidar de seus jogadores e colocar um grande time na quadra. Eles descobriram como fazer isso. A maioria dos jogadores na liga não tem isso. Eles ficam presos a uma situação difícil, algo provavelmente algo feito intencionalmente pelos times para forçá-los a ganhar menos dinheiro'', disse, depois, o jogador ao Yahoo! Sports em entrevista imperdível. ''Enquanto isso, o valor da organização cresce até o teto, graças ao sacrifício de seus jogadores altruístas. É a coisa mais ridícula que já ouvi.''

É difícil fazer frente aos argumentos do Sr. Bryant, não? Os jogadores da NBA vivem em um mundo no qual a ridicularizada franquia do Sacramento Kings é vendida pela quantia recorde de U$ 534 milhões. Se os Maloof conseguiram fazer uma bolada dessas, seria certo que Peja Stojakovic, Mike Bibby ou Chris Webber, no auge do clube, aceitassem ganhar menos para facilitar a vida de empresários que, no fim, se mostraram gestores incompetentes?

Além do mais, a situação de Kobe ainda tem outro aspecto especial. Por mais que o atleto já tenha engordado seu cofre sem parar na última década, a ponto de garantir um vidão para seus eventuais bisnetos ou tataranetos, um atleta desse calibre nunca é devidamente pago. Não dá para dimensionar sua importância para a marca do time. Certamente vale mais que os US$ 30 milhões a serem embolsados apenas por este campeonato.

Ainda não está muito claro o caminho que levou a esse relativamente rápido acerto. Se Rob Pelinka, o homem que negocia por Bryant, já estava forçando a barra nos bastidores. Se a diretoria que resolveu se apressar, mesmo, independentemente da forma física do astro em recuperação de uma cirurgia no tendão de Aquiles ou do quanto a concorrência estaria disposta a oferecer pelo ala, se ele eventualmente viesse a se tornar um agente livre. De qualquer forma, antes de bater o martelo, cartolas e jogador tiveram a chance de ponderar o que faziam. E, justa ou não a remuneração do camisa 24, fato é que, se a prioridade nessa renovação de vínculo fosse realmente esportiva, tentar fazer do Lakers novamente um candidato ao título, os valores divulgados são, mesmo, incompreensíveis.

Sem entrar tanto assim na matemática – há quem faça muito melhor –, a franquia basicamente só poderá contratar um craque de ponta, alguém que faça a diferença, nos próximos dois anos, enquanto durar o novo contrato de Kobe. E, para fazer isso, ainda teria de se despedir de Pau Gasol, se livrar da carcaça de Steve Nash, dos rebotes de Jordan Hill e de qualquer outro ''achado'' da campanha 2013-2014. As novas regras do acordo trabalhista da NBA basicamente sufocam qualquer time que gaste (mais de) US$ 40 milhões em dois atletas. A ideia era realmente atar as mãos de clubes mais poderosos financeiramente como o Lakers e o Knicks – mbora a ironia das ironia seja que essas regras também detonam com as equipes menores que consigam formar grandes elencos, como o Thunder, que se viu obrigado de escolher entre Ibaka e Harden.

Na atual configuração de negócios da liga, pensando na próxima temporada, o Lakers caminharia para ter Kobe, Astro X, um jogador mediano Y e uma banca de Shawne Williams e Robert Sacres para preencher as lacunas restantes no elenco. Isso é muito pouco, mesmo para o caso de o craque retornar de uma lesão devastadora em plena forma. É possível? Claro, nunca é bom desconfiar de alguém tão obstinado como o ala. Mas já será um desafio e tanto – e, a propósito, ele afirma ainda faltar algumas semanas para que possa retornar. ''Tentei me isolar (das negociações de renovação), bloquear isso. Precisava me concentrar na minha recuperação em levar meu traseiro de volta para quadra.''

Kobe afirma também que confia na habilidade de Kupchak em formar uma equipe competitiva. Mas ele talvez simplesmente esteja ignorando as minúcias da nova NBA. Ao defender seus interesses, o ala acabou por deixar os cartolas em uma posição mais difícil, embora esteja pê da vida com quem entenda desta maneira. ''Não dá para ficar pensando isso: 'Bem, vou ganhar substancialmente menos porque existe uma pressão pública para isso'. De uma hora para outra, se você não aceitar ganhar menos, é como se você não desse a mínima para vencer. Isso é pura bobagem.''

Antes dessa frase, porém, ele fez a seguinte colocação: ''Muitos de nós (jogadores) temos aspirações para virarem homens de negócio quando nossa carreira chegar ao fim. Mas isso começa agora. Você precisa ser capaz de pensar ambas as coisas''.

Dessa vez, Kobe acabou pensando mais em seus futuros negócios.

(PS: Uma explicação. Não tem sido um final de ano fácil para o blog. Perdi minha última avó, uma semana depois tive de embarcar para uma longa viagem profissional para o outro lado do mundo. Na volta, tinha uma coisa beeeem gostosa para coordenar: simplesmente uma mudança de casa me aguardava, junto com outras obrigações no trabalho, e aí as coisas fugiram de controle. Era melhor parar por um tempo, sentir falta do VinteUm e voltar com alguma coisa que preste para escrever. Espero que este post já sirva de algo. Amanhã de manhã tem mais, sobre os problemas de um ex-armador genial em comandar um timaço numa das vizinhanças de Nova York. As coisas parecem ter voltado ao lugar aqui. Abs, até mais.)


NBA: Divisão Noroeste, para curtir e chiar
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Giancarlo Giampietro

NBA 2013-2014: razões para seguir ou lamentar os times da Divisão Noroeste

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Vamos dar uma passada agora pela última divisão da série, a Noroeste, mirando o que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e prediletos de uma só cabeça (quase) pensante:

DENVER NUGGETS
Para curtir:
Ty Lawson, mais uma das formiguinhas atômicas da NBA e talvez a melhor delas: aqueles jogadores que sabemos que nem de 1,80m passam, mas são listados assim da mesma forma. Este baixinho sabe fazer de tudo um pouco, mas correr é sua especialidade.

– Nate Robinson como reserva de Lawson. Acreditem: nenhum treinador acorda bem no dia sabendo que sua defesa vai ter de ligar com uma coisa dessas. Pressão por 48 minutos, sem parar.

Kenneth Faried, o Manimal.

– Os feitos extraordinários de JaVale McGee.

Timofey Mozgov volta a jogar: este cara não é uma piada, podem confiar.

Andre Miller dando um pouco de estabilidade, o mínimo que seja, a essa turma muito louca (e jovem).

Brian Shaw, e aí? Pintou a chance.

Para chiar:
– O desmanche de um time singular e intrigante.

– Danilo “Gallo!!!” Gallinari afastado por tempo indeterminado de quadra.

– As constantes pequenas e chatas lesões de Wilson Chandler.

– Uma rotação redundante e insana de pivôs duplicados, sem química alguma.

– Os feitos extraordinários (e estúpidos) de JaVale.

Randy Foye… Sério, não pode ser titular de nenhuma equipe.

– O eterno potencial de Anthony Randolph jamais colocado em prática por mais de duas semanas ininterruptas.

Evan Fournier x Jordan Hamilton x Quincy Miller: ninguém joga os minutos devidos, nenhum deles pode mostrar do que são realmente capazes.

MINNESOTA TIMBERWOLVES
Para curtir:
– Vixe, a lisa é longa… Vamos tentar nos controlar.

– O que dizer de um Kevin Love em forma? Fundamento e inteligência marcantes. Arremessador perigoso de todos os cantos, um passador extremamente perigoso debaixo da cesta e no perímetro –ou até mesmo na reposição de bola depois de uma cesta. Também o reboteiro mais talentoso da liga.

Ricky Rubio e as assistências que só ele vê. Bônus: a facilidade que tem para pressionar e roubar a bola, com braços cooooompridos e mãos muito ágeis. Vejam o vídeo abaixo, por favor. Tudo isso aconteceu e apenas um  jogo, nesta quarta de noite:

Kevin Martin usando os infinitos ângulos de deslocamento em quadra para receber o passe em boa posição para a conversão.

Nikola Pekovic arrebentando com a fuça de quem possa ousar se meter em seu caminho. Expresso montenegrino.

Corey Brewer, saçaricando por toda a quadra, compensando de alguma forma a perda de Kirilenko.

Rick Adelman, bastante discreto, muito competente, sempre se ajustando ao que tem em mãos, em vez de forçar goela abaixo um “sis-te-ma”.

José Juan Barea, a ameaça que ninguém espera. É como se ele fosse um Ty Lawson porto-riquenho, com todas as devidas proporções.

Para chiar:
– A praga das contusões. Deixem essa rapaziada em paz!

Derrick Williams, lost in translation.

– Toda a fome de Shabazz Muhammad, aquele que dominou nas “categorias de base” ao jogar com um RG falsificado.

Love ainda sem fechar todos os espaços devidos na defesa: não é porque você não é uma presença intimidadora, que não possa ser um marcador capaz.

– O talento de Alexey Shved à deriva.

OKLAHOMA CITY THUNDER
Para curtir:
– Tudo o que estiver ligado a Kevin Durant. A leveza enganadora de seus movimentos de alta periculosidade. Evoluindo a cada temporada, mesmo sendo o segundo melhor jogador do planeta. Afinal, há um LeBron pela frente para ser ultrapassado.

– No fim, até que Russell Westbrook faz falta, não?

Serge Ibaka e seu arremesso trabalhado com esmero.

– Arroz, feijão e Nick Collison.

– O calouro Steven Adams já arranjando um montão de inimigos com poucas semanas de liga, de tanto que enche a paciência ao atacar a tabela ofensiva.

Reggie Jackson, pronto para outra.

Para chiar:
– A perda de James Harden. Ainda.

Kendrick Perkins, o único assistente técnico escalado como titular de um time que sonha com o título.

– Tá, mas ainda podemos travar os dentes quando Westbrook tenta alguns chutes horrendos com cinco segundos de posse de bola, a média distância.

Derek Fisher passou muito do ponto já.

Jeremy Lamb ainda aprendendo: não é culpa dele, definitivamente, mas Durant e Westbrook precisam de ajuda para agora. Vai dar tempo?

Ibaka por vezes passando muito mais a imagem de um jogador durão do que a consistência requerida.

Hasheem Thabeet, um gigante sem ter quem marcar.

PORTLAND TRAIL BLAZERS
Para curtir:
LaMarcus Aldridge e seu arremesso de turnaround impossível de se marcar. É como se a bola saísse da altura do telão central.

Damian Lillard dizendo todas as coisas certas depois de um ano de badalação. Estrela? Só se for provando em quadra.

Nicolas Batum, o homem (perfeito) de ligação entre Lillard e Aldridge.

– As baratas e precisas contratações de Mo Williams e Dorrell Wright para o banco.

Joel Freeland usando o cérebro para sobreviver na liga.

– A torcida hipponga apaixonada de Portland.

Para chiar:
– A preguiça de Aldridge para expandir seu jogo. Não vale pedir troca quando você não faz o máximo possível para levar sua equipe a um patamar mais elevado.

– A falta de concentração de Lillard na defesa. Até ele sabe. Viu os vídeos de sua campanha de calouro e se admitiu envergonhado.

Thomas Robinson dando trabalho nos bastidores, mesmo sem ter o que apresentar em sua defesa em quadra.

– Que tipo de jogador exatamente é Victor Claver?

UTAH JAZZ
Para curtir:
Gordon Hayward, livre para criar e tomar conta do time. Imaginem o culto a este rapaz em Salt Lake City. No ataque, ele pode fazer de tudo.

Enes Kanter e Derrick Favors progredindo lado a lado, para formar uma dupla de pivôs à moda antiga.

Alec Burks também recebendo mais chances para provar seu talento em jogos de verdade.

– O poste Rudy Gobert surpreendendo o cestinha mais desavisado.

Para chiar:
Trey Burke privado de meses importantes de adaptação, e John Lucas III como titular.

– A falta de inventividade por parte de Ty Corbin, que, ao mesmo tempo que falha em colocar o velho sistema de Sloan em prática, não consegue desenvolver nada de novo para seus promissores jogadores.

– A decadência completa – e irrefutável? – de Andris Biedrins, o letão bronzeado, mas infeliz, traumatizado com seu lance livre.

– O velhaco Richard Jefferson tentando, mas sem conseguir.

– O nome Jazz não estar em New Orleans.


NBA: o que curtir ou chiar nos times da Divisão Pacífico
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Giancarlo Giampietro

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Depois da Conferência Leste e da Divisão Sudoeste, vamos dar uma passada agora pelo Pacífico, mirando o que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e prediletos de uma só cabeça (quase) pensante:

GOLDEN STATE WARRIORS
Para curtir:
– Os Splash Brothers, mas claro, né? Stephen Curry e Klay Thompson testando o gogó dos narradores a cada bomba de três pontos nas transmissões. Com esses dois chutando, o tiro no perímetro realmente parece a melhor possibilidade – analítica, tática, técnica, qualquer que seja o ponto de vista.

 – De novo: mais Stephen Curry! Nunca é o bastante. Ele também pode encantar com seus passes com apenas uma mão, servidos de bandeja para Iguodala, Lee ou Barnes cortando ao seu lado.

– A combinação de Andre Iguodala com Curry e Thompson. Não dá para pensar em uma combinação melhor que essa. O ala oferece defesa, visão de quadra e capacidade atlética (velocidade, elasticidade, impulsão, força, tudo basicamente), como uma peça complementar perfeita.

Harrison Barnes como um candidato a sexto homem do ano, podendo dar sequência a seu desenvolvimento sem muita pressão e como um curinga: com ele, o Warriors pode tanto jogar em small-ball ou apelar para uma versão gigante, dependendo das necessidades.

– Os passes de Andrew Bogut a partir do garrafão.

Para chiar:
– Qualquer  disputa de bola que possa resultar em (mais) uma torção de tornozelo de Curry.

Bogut caindo aos pedaços. Ele precisa estar a, no mínimo, 70% nos playoffs para o time ter alguma chance. Já que…

– 1) Jermaine O’Neal tenta tocar a vida adiante longe dos preparadores físicos e fisioterapeutas de Phoenix. E…

–  2) Festus Ezeli é um dos jogadores mais limitados tecnicamente na liga.

LOS ANGELES CLIPPERS
Para curtir:
Chris Paul controlando a bola como se fosse um mestre do io-iô passeando no parque assobiando – quando, na verdade, ele é só um tampinha arrancando em meio a gigantes de 2,00m e envergadura absurda.

Blake Griffin flutuando por aí e jogando duro.

JJ Redick circulando da esquerda para direita, da esquerda para direita, sempre como uma ameaça para receber o passe e matar. Na defesa, posicionamento correto, compensando qualquer desvantagem atlética que possa ter.

DeAndre Jordan (supostamente) concentrado, empenhado em contato com Doc Rivers.

Jared Dudley de volta a um time que brigue por algo. Questão de desenferrujar agora.

Matt Barnes enfim encontrando alguma justa estabilidade para sua carreira.

Para chiar:
– Os lances livres de Griffin.

– Os lances livres de DeAndre Jordan. Argh.

Paul em sua versão reclamão – chega uma hora que o armador também tem de assumir alguma responsabilidade por seus times não irem tão longe nos mata-matas, não?

BJ Mullens chutando de três pontos – e só.

– A composição inacreditável da rotação de pivôs do time. Jamison + Mullens + Hollins? Sério, mesmo?

Jamal Crawford exagerando no um contra um.

LOS ANGELES LAKERS
Para curtir:
– O esforço coletivo e comovente por parte de Legião da Boa Vontade, Médicos sem Fronteiras, Exército da Salvação e Cruz Vermelha em nome de Xavier Henry, Wesley Johnson, Chris Kaman, Nick Young, Jodie Meeks, Jordan Hill e, principalmente, Mike D’Antoni.

Pau Gasol de volta ao hábitat a que pertence, mais próximo da cesta, mas não necessariamente planado ali. Mais liberdade para o espanhol criar, jogar e nos divertir.

Kobe Bryant, lorde das redes sociais. Enquanto não volta.

– O amadurecimento de Jordan Farmar.

– Qualquer truque que o genial Steve Nash ainda tenha para exibir.

Jack Nicholson. Quem vai se cansar de uma peça dessas?

Para chiar:
– A complicada recuperação de Kobe, e toda a ansiedade que daí decorre.

Nash infelizmente parecendo, enfim, um quarentão em quadra.

– Difícil ter boa vontade na salvação de Shawne Williams.

– A falta de zelo de Chris Kaman na hora de operar com a bola no garrafão. Um campeão de turnovers na posição.

-Mais de dez arremessos numa partida para Steve Blake – ele rende em doses homeopáticas.

PHOENIX SUNS
Para curtir:
Eric Bledsoe, o Mini-LeBron, ficando em quadra por muito mais tempo, como um sério candidato a entrar no clubinho particular de Derrick Rose e Russell Westbrook de aberrações atléticas (e diminutas) da natureza que nenhum pivô quer ver pela frente. Ele vai errar, fazer bobagens, mas deixe estar. Está aprendendo.

 – A canhotinha de Goran Dragic.

PJ Tucker, um quebra-galho que faz bem a qualquer time.

Channing Frye de volta, sem problemas.

Miles Plumlee tentando salvar o nome da sua família neste exato momento.

Archie Goodwin, o caçulinha. E não apenas por ele ter esse nome tão legal. Archie Goodwin, senhoras e senhores. Para o futuro, olho nele.

(Tantas curtidas para um time teoricamente porcaria? O coração tem disso.)

Para chiar:
– O sovina Robert Sarver, o dono de franquia que conseguiu sabotar décadas e décadas de elegância na gestão de Jerry Colangelo.

– Na real, não é para chiar. Mas pra fritar a cabeça: não saber realmente quem é Markieff ou Marcus Morris, sem olhar para o número.

Alex Len exigindo o máximo do superestafe do Suns. Já em seus primeiros meses de liga.

– Um veterano como Ish Smith contratado, enquanto Kendall Marshall foi chutado pra escanteio.  Mais uma escolha de loteria desperdiçada.

SACRAMENTO KINGS
Para curtir:
Boogie, o apelido.

DeMarcus Cousins nos seus melhores dias, triturando a concorrência no garrafão, mas não só com força bruta.

– O ligeirinho Isaiah Thomas aprontando todas e invadindo o pedaço dos gigantes sem a menor cerimônia.

Greivis Vasquez conseguiu se transformar num armador de ponta de NBA.

Sacramento segue no mapa.

Para chiar:
Cousins perdendo as estribeiras e limitando seu próprio potencial.

Marcus Thornton tomando minutos e arremessos de Ben McLemore.

John Salmons invariavelmente desperdiçando o tempo de todo mundo. Ele já foi um bom jogador.

Carl Landry no estaleiro.

– Depois do sucesso do movimento Free Darko, chegou a hora de, por favor… Free Jimmer!!!


NBA: o que curtir ou chiar nos times da Divisão Sudoeste
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Giancarlo Giampietro

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Depois das Divisões Sudeste, Atlântico e Central, vamos dar uma passada agora pela Sudoeste, mirando o que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e prediletos de uma só cabeça (quase) pensante:

DALLAS MAVERICKS
Para curtir:
– Quando Dirk Nowitzki dá aquele passo maroto para trás e, mesmo com um pé só plantado, consegue o equilíbrio necessário para matar um chute de média distância lindo que só.

Rick Carlisle tirando o máximo do que tem disponível.

José Calderón e seu jogo de mínimos erros, sem deixar de botar seus parceiros em boas condições para fazer a cesta.

– E o Gal Mekel, esse israelense surpreendente, aprendendo tudo rapidinho com o espanhol.

Monta Ellis jogando num time vencedor… Quer dizer… Será?!

Shawn Marion ainda encontrando um jeito de apanhar seus rebotes, atrapalhar cestinhas, mesmo que seu nível de capacidade atlética ainda não seja mais o de Keanu Reeves no Matrix.

DeJuan Blair fazendo das suas na tabela ofensiva.

– As decolagens de Brandan Wright.

Para chiar:
– Os efeitos do tempo contra um jogador espetacular como Nowitzki. É desses que deveria durar para sempre.

Samuel Dalembert achando que pode, mas sem proteger direito o garrafão.

Monta roubando arremessos de Dirk na hora de decidir um jogo.

– A fragilidade física de Wright.

HOUSTON ROCKETS
Para curtir:
– O barbeiro de James Harden.

– E, ok, também a inteligência de Harden para atacar a partir do pick-and-roll, partindo para a cesta de modo incessante, carregando os pivôs adversários de faltas.

– Um Dwight Howard saudável.

Jeremy Lin provando que é muito mais que uma andorinha de um só verão.

Patrick Beverley, com seu baixo salário e talento diverso, lembrando a todos o valor de um bom serviço de scout.

– A versatilidade de Chandler Parsons e Omri Casspi nas alas.

– Qualquer instante de Donatas Motjeunas em quadra.

Para chiar:
– Os caprichos e pataquadas de um Howard, saudável ou não.

Omer Asik relegado a segundo plano depois de ótima campanha.

– O percentual combinado no acerto de lances livres entre Asik e Howard.

– Aqueles que ainda não (!?) perdoam Lin pelo que foi a Linsanidade.

MEMPHIS GRIZZLIES
Para curtir:
Marc Gasol, como o melhor pivô da família na NBA, e um pacote de fundamentos completo para um sujeito deste tamanhão todo. Craque.

Tony Allen sem parar, Tony Allen sem parar, Tony Alem sem parar…

Zach Randolph x Blake Griffin.

Mike Miller livre do gelo nas costas e sobrevivendo graças a seu lindo arremesso.

– Acompanhar o desenvolvimento de um time a partir de preceitos analíticos de John Hollinger.

Para chiar:
– A saída de Lionel Hollins.

– O soneca Tayshaun Prince, que já não assusta mais ninguém no ataque.

– A carência no tiro de três pontos para dar mais folga a Z-Bo.

NEW ORLEANS PELICANS
Para curtir:
– Monocelha!

– A evolução de Anthony Davis, que tenta justificar tanto otimismo por parte dos scouts da liga.

– Ver no que dá o experimento Holiday-Gordon-Evans. Em princípio, pode faltar bola para os três. Mas e se eles se ajeitarem, com três bons condutores, atacando de diversas formas?

– O posicionamento defensivo da rapaziada de Monty Williams.

Al-Farouq Aminu correndo a quadra como um doido varrido.

– Os jogos em que Brian Roberts deixa todos seus companheiros bem mais ricos envergonhados.

Para chiar:
– A turma do perímetro esfomear e não passar para o Monocelha.

– Pivôs limitados para fazer companhia a Davis.

– Os dias em que Tyreke Evans pode ser dos jogadores mais frustrantes da liga.

Aminu ainda sem saber direito o que fazer com a bola no ataque.

Austin Rivers relegado a um papel mínimo depois da evolução que apresentou no verão.

SAN ANTONIO SPURS
Para curtir:
Tim Duncan ainda batendo LaMarcus Aldridge em jogadas de transição, encapaçando os ganchinhos de corrida para a direita, protegendo o aro, tentando de tudo em busca de mais um título.

– A velocidade e controle de bola de Tony Parker em modo mais que agressivo.

– Os pick-and-rolls finalizados por Tiago Splitter.

– A evolução, passo a passo, de Kawhi Leonard.

– Entrevista de Gregg Popovich em rede nacional.

– Ver que o sexto sentido de Manu Ginóbili ainda funciona, mesmo que seu corpo já o traia muitas vezes.

– Os passes imprevisíveis de Boris Diaw, Manu e De Colo.

Patty Mills arrebentando em quartos períodos de surras pra o Spurs. E sua disputa contínua com Cory Joseph.

Para chiar:
– Qualquer resfriado que possa afetar a produção de Duncan.

– As inevitáveis diversas lesões de Ginóbili e os momentos em que sua cabeça pede uma coisa, mas a o corpo não responde do modo apropriado.

– Os flagras de Diaw em qualquer hamburgueria de San Antonio.


Tudo errado em Philadelphia: Sixers termina a 1ª semana semana invicto
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Giancarlo Giampietro

MCW, fazendo de tudo para estragar os planos de inscuesso do Sixers

MCW, para com isso

Talvez os jogadores do Philadelphia 76ers não tenham entendido direito o recado. Sam Hinkie, o novo gerente geral da equipe, estava fazendo de tudo para sabotar seus prospectos para esta temporada, com o objetivo de se colocar no páreo para as melhores posições do próximo Draft.

Ele foi o último a contratar um treinador. Sua folha salarial não atinge nem mesmo o mínimo requerido pela liga. O elenco parecia mais preparado para competir na D-League do que da liga principal.

E o que a rapaziada me faz em quadra, na primeira semana da temporada? Vencem. Não param de vencer – já são três triunfos em três rodadas. Não contentes em bater o Miami Heat na noite de abertura, eles ainda derrotam o Chicago Bulls.

Aí, não, né? Exageraram. Tudo errado!

“Sabemos o que todos têm dito e escrito sobre nós”, afirma o treinador Brett Brown, ex-assistente de Gregg Popovich e ex-comandante da seleção australiana masculina. “Nossos caras estão se dedicando no dia a dia, algo que sempre foi nossa mensagem. Sou sortudo de ter encontrado um grupo que curte tanto a companhia de cada um que gosta de jogar junto.”

Mas tudo isso pode não passar de apenas um equívoco  por parte do armador Michael Carter-Williams, grande responsável em quadra por esse sucesso inesperado. Sabe como é, né? O cara é novato, ainda não entende direito como devem funcionar a coisas.

A escolha número 11 do Draft tomou a semana inaugural da NBA de assalto, com inacreditáveis médias de 20,7 pontos, 9 assistências e 4,7 rebotes. Sua atuação contra o Heat, aliás, foi uma das maiores estreias da história, beirando um quádruplo duplo absurdo.

“O técnico me dá muita confiança. Posso jogar com liberdade e apenas fazer as coisas acontecerem para minha equipe”, afirma.

Só não pode colocar toda a culpa no calouro, todavia. Um veterano como o pivô Spencer Hawes deveria saber muito bem que seus 19,3 pontos e 11,3 rebotes não ajudam em nada, mas nada mesmo nos grandes objetivos do clube. Além do mais quando ele resolve acertar 50% de seus arremessos de três pontos.

E o que dizer de Evan Turner? Com um rendimento um tanto decepcionante para alguém que foi o número dois do Draft de 2010, o ala me resolve, justo agora, elevar seu padrão de jogo, dividindo bem a bola com Carter-Williams – algo que não consegui nos últimos anos ao lado de Jrue Holiday ou Andre Iguodala.

Enfim, são diversos os detalhes que encaminham esse inesperado início. Com três vitórias, o Sixers só precisa de mais sete para ao menos escapar da pecha de “pior equipe da história”, título que pertence justamente à versão de 1972-73 da franquia (9-73!).

Era algo que muitos julgavam como uma séria ameaça para este elenco. Mas está cedo ainda, de qualquer forma. Sam Hinkie ainda tempo suficiente para mexer em seu time e colocar a equipe no seu devido rumo. De derrotas.