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Categoria : Notas

Real varre o Barcelona e fecha ano inédito na Espanha com 4 taças
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Giancarlo Giampietro

Real comemora. Na quadra do Barça

Real comemora. Na quadra do Barça: superioridade em toda a temporada

Os torcedores do Real Madrid querem saber, mesmo, é de basquete, né? Pelo menos por ora. Afinal, foram os galácticos do baloncesto que lhes encheram de orgulho com uma campanha verdadeiramente histórica. Pela primeira vez, um clube levou os quatro títulos que disputou: Supercopa, Copa do Rei, a tão sonhada Euroliga e, agora, por fim, a Liga ACB, depois de ter varrido o Barcelona nesta quarta-feira. Pelo menos para algo serve um torneio de início de temporada como a Supercopa, hein? Para estabelecer recordes.

Os merengues bateram os arquirrivais catalães por 90 a 85, fora de casa, acabando com qualquer expectativa de reação por parte da equipe de Marcelinho Huertas, que pode ter feito sua despedida do Barça. Um desfecho perfeito para o Real, que penou tanto nos anos anteriores e correu o risco de ser desmontado. Desmonte, agora, só se for pelo fato de o clube ter ganhado tudo o que podia e pela cotação inflacionada de alguns de seus principais atletas.

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Mas como assim? Quem poderia pensar em virar as costas para um clube desse porte? Bem, é aí que temos a grande diferença para um madridista na hora de se apegar ao basquete, deixando o futebol em segundo plano. É que, se for para falar das quadras, a NBA tem o maior poderio financeiro. E a liga americana está de olho no campeão europeu e espanhol em busca de possíveis reforços.

O Houston Rockets já estaria preparado para oferecer um contrato de três anos para tentar, enfim, levar Sergio Lllull, o MVP das finais da ACB, selecionado pelo clube texano no Draft de 2009. Ídolo em Madri, sempre competindo em alto nível no Velho Continente, o armador já relutou por um tempo para se transferir para os Estados Unidos, mas, ao que tudo indica, chegou a hora. Ele estaria trocando um Señor Barba pelo Mister Barba. No caso, Sergio Rodríguez por James Harden.

Llull, MVP das finais da Liga ACB pela primeira vez. De saída?

Llull, MVP das finais da Liga ACB pela primeira vez. De saída?

Até porque Rodríguez é outro que pode estar de saída. Segundo o repórter Adrian Wojnarowski, o cara mais conectado na mídia americana, o outro armador estelar do Real estaria interessado em tentar a grande liga novamente, depois de uma passagem pouco produtiva quando mais jovem – foi selecionado pelo Portland Trail Blazers em 2006, ficou nos Estados Unidos até 2010, teve bons momentos pelo New York Knicks, mas, um tanto traumatizado, voltou correndo para casa assim que seu contrato de calouro acabou. Cresceu muito pelo Real e se tornou um dos melhores do mundo em sua posição.

Perder dois armadores deste nível seria um golpe e tanto para o técnico Pablo Laso, claro. Mas pode ser o preço depois de um ciclo tão vitorioso como esse. E obviamente que o orçamento seguiria generoso o suficiente para tentar uma reformulação em alto nível, ainda que encontrar um armador já seja complicado, quanto mais dois.

Um organizador que deve ir para o mercado é Huertas. Segundo o que apurei, o brasileiro estaria realmente interessado em sondar o mercado norte-americano. Algo que confirmou em entrevista ao mesmo Wojnarowski. O Toronto Raptors estaria interessado, segundo o site Sportando. Mas vocês sabem como são essas coisas de mercado. O armador, mesmo,  depois diria que era possível renovar com o Barça. O Fenerbahçe também havia demonstrado interesse em sua contratação, mas já fechou com o americano Bobby Dixon, que tem passaporte turco e fez bela temporada no país.

Outros que podem deixar o clube catalão: o ala Mario Hezonja, sensação croata que está cotado para ser uma das dez primeiras escolhas do Draft da NBA desta quinta-feira, e o pivô Tibor Pleiss, alemão que tem sondagem do Bayern de Munique e também seria uma possibilidade para completar a rotação de grandalhões do Utah Jazz, ao lado de Rudy Gobert e Derrick Favors.

Perder jogadores até que não seria o pior negócio para o Barcelona, aliás. O técnico Xavier Pascual simplesmente não conseguiu comandar um elenco vasto e caríssimo nesta temporada. As lesões de Juan Carlos Navarro, Brad Oleson e Alejandro Abrines atrapalharam muito, mas, quando teve força máxima, o treinador falhou ao encontrar uma rotação funcional. Com um time desses, é a pior coisa que pode acontecer: papéis indefinidos, minutos (e estatísticas) irregulares, confusão geral. Os pivôs rodaram muito durante toda a temporada. Satoranksy e Huertas trocaram de posto. As incertezas duraram até as finais da liga espanhola, com Abrines, Edwin Jackson e Hezonja numa gangorra. Um desastre.

Do outro lado, o Real demorou, mas se acertou. A equipe que encantou a Europa na temporada passada não era mais a mesma. A saída de Nikola Mirotic custou muito em velocidade e espaçamento de quadra. Aos poucos, porém, Laso, tão contestado, deu um jeito de acomodar suas peças, nem sempre com decisões fáceis. Mesmo com uma rotação de até dez homens na liga nacional – Llull foi quem mais jogou, com 24 em média –, teve de sacrificar um jogador caro como Ioannis Bourousis. Trocou Jonas Maciulis por KC Rivers no quinteto inicial, encontrando mais equilíbrio defensivo. Reaproveitou Marcus Slaughter de modo pontual, sempre que precisou de mobilidade e capacidade atlética, e manteve o plano de jogo aberto, com atiradores de três pontos em todos os cantos e um contragolpe mortal. A diferença é que, na hora do aperto, em meia quadra, tinha um garrafão mais forte, com um Felipe Reyes em incrível boa forma, toda a versatilidade de Gustavo Ayón e o espírito vencedor (e garra e catimba) de Andrés Nocioni.

MVP do Final Four da Euroliga, Nocioni apareceu muito bem no segundo tempo nesta quarta, com tiros de longa distância em momentos críticos. Foi mais uma vez decisivo (11 pontos, 6 rebotes e 3/4 de fora) para conter a reação de um Barcelona que chegou a marcar 16 pontos seguidos no terceiro período para assumir a liderança do marcador, depois de perder por 14 no primeiro tempo. Outro que contribuiu de modo significativo foi Jaycee Carroll, o gatilho americano que anotou 19 pontos em 21 minutos. Os dois mais importantes foram a 14 segundos  do fim, num tiro contestado de média distância para levar a vantagem madridista a duas posses de bola (88 a 83). Veja:

Este foi um padrão da temporada: as estrelas são os Sergios e Rudy Fernández, acompanhados por Reyes. Mas o elenco de apoio sempre esteve de prontidão para ajudar esses ídolos nacionais, como tem de acontecer em qualquer grande time. Para ganhar quatro títulos no ano, então, nem se fala.


Promessa argentina pode repetir Bruno Caboclo no Draft da NBA
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Giancarlo Giampietro

As cravadas de Vaulet chamam a atenção na Argentina

As cravadas de Vaulet chamam a atenção na Argentina

Vocês se lembram como foi a história de Bruno Caboclo antes do Draft da NBA no ano passado, né? Um grande ponto de interrogação na cabeça de muita gente que não imaginava que o garoto revelado pelo Barueri e pelo Pinheiros estivesse realmente na mira dos scouts americanos, até que decidiu manter seu nome na lista final de candidatos, e não demorou para que surgisse a informação de que ele teria uma promessa. Pois bem: agora é a vez de a Argentina passar por essa.

Existe uma forte suspeita nos bastidores da liga indicam de que ala Juan Pablo Vaulet, de apenas 19 anos, teria um acerto informal com o San Antonio Spurs para ser escolhido no próximo recrutamento de calouros da liga americana, na quinta-feira. O clube texano tem as 26ª e 55ª escolhas.

Acompanhe a cobertura do 21 para o NBA Draft:
>> 4 brasileiros retiram candidatura. O que houve?
>> Qual o cenário para os quatro brasileiros inscritos?
>> Georginho conclui Nike Hoop Summit com status no ar
>> Técnico americano avalia o potencial de pinheirenses
>> Apresentando Georginho, o próximo alvo da NBA
>> Lucas Dias e preparação para encarar mais um teste

>> Danilo Siqueira: muita energia em trilha promissora

Tal como ocorreu com Caboclo, Vaulet vem sendo solenemente ignorado pelos sites especializados na cobertura do Draft. Seu nome não consta em nenhuma projeção (os chamados “Mock Drafts”) e nem mesmo é discutido como um prospecto com ambições sérias de seleção. O fato de ter mantido sua inscrição na segunda-feira passada, enquanto os quatro brasileiros preferiram retirar, porém, fez muita gente se mexer para entender o que estava acontecendo. Foi aí que as atenções se voltaram para o Spurs. Por quê?

Bem, Vaulet jogou a última temporada pelo Bahía Blanca, da liga argentina. Que tem como treinador um membro da família Ginóbili como técnico. Estamos falando de Sebastián, seu irmão mais velho, que já enfrentou os clubes brasileiros em diversas competições continentais. É uma conexão muito forte para ser ignorada. Mas a intriga não se encerra com isso. Vaulet está convocado para disputar o Mundial Sub-19 a partir do fim de semana – e Seb Ginóbili é o técnico da seleção, inclusive, enquanto o Brasil, claro, vê tudo de fora, novamente. Durante a fase de preparação, o ala foi liberado para viajar aos Estados Unidos para realizar uma consulta médica, que, segundo a CABB, estava previamente marcada.

Os exames se fariam necessários pelo fato de o jovem atleta já ter encarado uma séria lesão em 2013. Chegou a ficar um ano e meio fora de ação, devido a um tratamento inicialmente equivocado. Então toda a precaução é pouca. Acontece que o jogador já estava em atividade há pelo menos seis meses em solo argentino. Não sofreu nenhuma lesão grave durante o campeonato. Foi convocado e se apresentou ao time nacional para jogar, sem nenhum problema. Então que consulta foi essa? E ela obrigatoriamente deveria ser realizada nos Estados Unidos? Não havia nenhum médico em casa capacitado para avaliá-lo? Ou na Europa, aonde a seleção estava disputando amistosos?

Depois de uma breve passagem por solo norte-americano, Vaulet se reuniu com seus companheiros em Belgrado, para amistosos contra a Sérvia. Depois, ainda disputariam mais duas partidas em Getxo, na Espanha, na região do País Basco. Para os clubes que não tenham feito a devida lição de casa, era a chance de observá-lo. No primeiro duelo, porém, ficou em quadra por apenas cinco minutos. Na Espanha, foi poupado, devido a uma torção leve de tornozelo, segundo a confederação. Você pode imaginar, então, o quanto os dirigentes e scouts estão ouriçados agora.

Vaulet, de volta ao basquete após 16 meses

Vaulet, de volta ao basquete após 16 meses

Na Argentina, o rumor da promessa do Spurs também já circula com força. Oficialmente, claro, ninguém se pronuncia. Quer dizer, não especificamente sobre um interesse do time de Manu. Sobre o garoto em si, o que está óbvio é que ele é tido como uma grande aposta, talvez o primeiro grande prospecto de nossos vizinhos desde a incomparável geração dourada. Com a palavra, o ex-armador Pepe Sánchez, campeão olímpico e hoje presidente do Bahía Blanca: “Ele é o melhor atleta que já vi desde que jogo basquete na Argentina”.

Que tal? Estamos falando do condutor de um time que tinha Manu e Nocioni atacando o aro com muita explosão física e categoria.  Pois Sánchez deu entrevista ao jornal “Mundo D” e foi muito contundente em suas declarações (leia aqui na íntegra). Aqui, um resumo do que disse ao jornalista Gabriel Rosenbaun sobre o ala nascido em Córdoba: “É um garoto que nasceu para jogar isto. Não há dúvida. Anatomicamente, foi feito para jogar basquete, sobretudo o basquete norte-americano. É o seu destino inevitável. Juan Pablo vai jogar na NBA. A NBA é para superatletas, e Juan Pablo é um superatleta. De qualquer outro jogador, não diria isso, ou me calaria. Mas se tem a sorte de ser um atleta de primeiro nível, tem de se desfrutar de sua qualidade e seu talento”.

Só quando questionado especificamente sobre as chances de Vaulet no próximo Draft que Sánchez foi mais evasivo. “Sua decisão foi manter o nome entre os jogadores elegíveis. Nada que eu possa dizer vai melhorar ou piorar sua situação. Na quinta, saberemos”, afirmou.

A entrevista contundente de Pepe Sánchez

A entrevista contundente de Pepe Sánchez

De qualquer forma, na visão do ex-armador e dirigente, o ideal (e surpreendente) era que o jovem atleta se mandasse o quanto antes para os Estados Unidos. “É uma opinião muito pessoal, mas grande parte do aprendizado que ele poderia ter para se desenvolver em nossa liga jogaria contra seu crescimento. Ele necessita de espaço para poder expressar o quão longilíneo. A NBA é o lugar em que vai se sentir mais cômodo, por ser um jogador que se expressa melhor de uma maneira vertical. Acima de tudo, com a disciplina que ele tem para treinar, é evidente que seu crescimento se volta para outros horizontes. Já disse isso a ele. Ele precisa assumir isso o quanto antes. Juan Pablo está formado como pessoa e como jogador para dar o salto rumo ao seu destino.”

Impressiona, não? Como Sánchez diz, é a apenas uma opinião. Mas são frases que fazem os olhos arregalarem, mesmo. Por mais empolgação que a temporada 2013-2014 de Caboclo tivesse gerado, hã… Não houve quem se referisse ao ala desta maneira. Nem mesmo a turma do Toronto Raptors, que pregou paciência, muita paciência a todos quando apontou o brasileiro como o 20º do último Draft.

Uma coisa que separa os dois garotos é o fato de Vaulet já ter ganhado boa rodagem na liga principal argentina em sua campanha de estreia. Nesta temporada, disputou 34 partidas pelo Bahía Blanca, com 589 minutos no total (17,3 em média). Produziu 7,2 pontos, 4,1 rebotes e aproveitamento de 50,5% nos arremessos. Lembrem-se: completou 19 anos em março – é apenas dois meses mais velho que Georginho, que teve 4,4 minutos em apenas seis partidas pelo Pinheiros no NBB 7.

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Os números em si são uma vitória para o ala. Mas a sensação de satisfação é maior pelo simples fato de ter podido jogar, e não apenas pela pouca idade. É que Vaulet sofreu no Sul-Americano Sub-17 de 2013 uma grave lesão no tornozelo que o tirou de quadra por 16 meses. Só retornou em dezembro do ano passado, depois de duas cirurgias. “Foi muito difícil ficar afastado. O mais difícil era ficar assistindo, sem poder participar. Aprendi a ser paciente e disciplinado e seguir todos os passos que precisava para ficar saudável novamente. Depois de uma longa recuperação, foi espetacular retornar. Eu me senti aliviado por deixar tudo aquilo para trás”, disse em entrevista ao site da Fiba.

Sua participação naquele campeonato continental em Salto, no Uruguai (competição em que Georginho defendeu a seleção brasileira pela primeira vez), foi espetacular, ainda que breve, somando 42 pontos, 18 rebotes e 7 tocos em partidas contra Peru e os donos da casa. Em 2013, mesmo dois anos mais jovem, também já havia disputado o Mundial Sub-19, com médias de 8,5 pontos e 4,0 rebotes.

Beirando os 2,00m de altura, o ala tem braços compridos e, como enfatizou Pepe Sánchez, muita capacidade atlética. Um salto vertical e longitudinal muito acima da média sul-americana, digamos. Boa leitura de jogo, com movimentação perigosa fora da bola, sabendo a hora de atacar o aro. É um jogador aguerrido, que joga com intensidade o tempo todo e, por isso, também tem tremendo potencial defensivo. Em geral, a principal carência é o arremesso, ainda muito irregular, especialmente de longa distância, tendo acertado apenas duas bolas em 20 tentativas de três pontos na temporada. Vejam o moleque em ação:


No YouTube, é possível encontrar diversos dos seus jogos na íntegra, em vídeos disponibilizados pela liga argentina. Certamente muito visados pelos olheiros americanos e pelos basqueteiros argentinos, que não escondem a esperança de que um novo craque esteja surgindo, a despeito do grande susto que já levaram devido a sua lesão. Isso seria uma pressão? “Não sei se pressão, mas isso me causa uma sensação de dizer que tenho de melhorar isso ou aquilo. Mas não dá para conseguir tudo de um dia para o outro. Leva tempo. Você tem de se precuopar em treinar e fazer as coisas bem todos os dias. E aí vai acontecendo. Já cheguei a fica rum pouco louco por isso tudo, mas agora trato de desfrutar e fazer as coisas bem dia a dia”, afirmou em longa entrevista ao Básquet Plus, na qual mostra que não é dos garotos mais deslumbrados ou eloquentes, não.

De qualquer forma, é muito difícil de avaliar um atleta nesse contexto e fazer projeções para a NBA. A tarefa dos scouts nem sempre é fácil. Ainda mais quando o garoto ficou tanto tempo parado. Um ano e meio sem jogar, nessa idade, é algo um tanto assustador. Mas Vaulet se inscreveu no Draft (que, no Brasil, terá transmissão gratuita pelo League Pass) e manteve seu nome. Criou, desta forma, um redemoinho para a liga americana. Aqueles que duvidam de uma promessa do Spurs levantam a possibilidade de os agentes do argentino querem que ele não seja selecionado. Desta forma, apostariam que, num futuro breve – caso confirme as expectativas em torno de seu nome em quadra, eventualmente na Europa –, teria mais autonomia para negociar um bom contrato em seus termos. Seria uma aposta arriscada e arrojada. Já aconteceu isso antes, mas não é tão normal. Faltam só dois dias mesmo para se tirar a prova, e as especulações só devem aumentar.


Virou melhor de três: notas antes do Jogo 5 entre Warriors e Cavs
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Giancarlo Giampietro

Escuta, gente, eu recebi um SMS de madrugada que diz que...

Escuta, gente, eu recebi um SMS de madrugada que diz que…

Após duas vitórias para cada lado, o que temos agora é realmente uma série melhor de três para definir as #NBAFinals. Mas isso não significa que Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers estejam recomeçando do zero. Tudo o que aconteceu nas primeiras quatro partidas conta e influencia o que vem pela frente. E foi muita coisa.

Duas prorrogações em Oakland, com o Cavs roubando o mando de quadra após muito drama. LeBron James nunca arremessou tanto em sua vida, acumulando números absurdos num esforço hercúleo. Matthew Dellavedova virou personagem de cinema. Timofey Mozgov e Tristan Thompson engoliram a tábua ofensiva. Stephen Curry errou muitos arremessos de três pontos e cometeu um caminhão de turnovers no meio do caminho até reencontrar o mínimo de equilíbrio. Andre Iguodala provou que ainda pode ser um jogador bastante relevante na liga, assim como David Lee, em menor escala. E, claro, diante de tanta movimentação por parte de seus jogadores, David Blatt e Steve Kerr jogaram xadrez. Ou pôquer. Escolham.

A série
>> Jogo 1: 44 pontos para LeBron, e o Warriors fez boa defesa
>> Jogo 1: Iguodala, o reserva de US$ 12 m que roubou a cena
>> Jogo 2: Tenso, brigado… foi um duelo para Dellavedova
>> Jogo 3: Cavs vence e vira a série, dominando. Ou quase isso
>> Jogo 3: Blatt ainda não levou o título. Mas merece aplausos
>> Jogo 4: Cavs entrou de All In. O Warriors tinha mais fichas

Rumo ao Jogo 4, o Warriors estava contra a parede, encurralado pela pressão física que seus adversários estavam impondo, incomodando LeBron aqui e ali, mas se curvando diante de sua dominância. E aí o time californiano radicalizou, ao banir nos grandalhões de sua rotação e enfim assumir o controle das ações em quadra, como aconteceu na quinta-feira.  Agora é a vez de Blatt promover ajustes, embora seja difícil imaginar quais.

Pequenas coisas podem ser feitas. A preocupação inicial é tentar ajudar Matthew Dellavedova a ser eficiente no ataque, liberando o australiano com bons corta-luzes para que ele possa produzir alguma coisa. A outra é o que fazer quanto a Andre Iguodala. Em teoria, você paga para ver seu chute de longa distância, historicamente ineficiente. Mas que tal apenas fazer sombra ao ala, pelo menos? Sobre os minutos de LeBron: quando ele vai descansar e como atacar quando ele está no banco? Gastar os 24 segundos só não adianta.

É aqui, então, que entra a primeira de algumas notinhas interessantes que pudemos coletar desde quinta. Uma nota que vale como emenda ao último artigo do blog sobre as finais: a escassez de alternativas técnicas para Blatt, e a angústia que essa constatação gera:

– Diga-me com quem andas
O repórter Brian Windhorst construiu sua carreira na NBA com a sorte de poder acompanhar o surgimento do adolescente LeBron em Ohio, ao mesmo tempo em que trabalhava diariamente na cobertura do Cavs. Competente, cultivou fontes e estava muito bem posicionado para relatar o que se passava ao redor do principal nome da franquia. Foi, por isso, contratado pela ESPN.

Estamos falando, logo, de alguém bem conectado, com credibilidade para dar furos sobre o cotidiano do clube. Sua última matéria de bastidores, com base em fontes anônimas, porém, é daquelas de se fazer coçar a cabeça. Apurou que “alguns jogadores sentem, acreditam que uma rotação mais ampla, com minutos mais distribuídos, beneficiaria a equipe”.

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Só faltou identificar que tipo de jogador estava falando isso: os que não estão saindo do banco, ou algum titular eventualmente extenuado? Faz toda a diferença, não? Se o cara não está sendo utilizado, dãr, é claro que vai pedir para entrar na festa. São as finais. Se alguém estiver se arrastando, não poderá pedir para sair, literalmente, mas pode recomendar que um companheiro diferente seja utilizado. Pega bem com o coletivo, ao mesmo tempo em que não funciona como confissão.

As duas linhas argumentativas fazem todo o sentido, aliás, como teoria. Na prática… O que está sendo pedido? Que Blatt tente abrir as portas do vestiário para Mike Miller e/ou Shawn Marion – já que pedir Kendrick Perkins e Brendan Haywood ultrapassaria a fronteira da insanidade. Sobre Miller e Marion: talvez fosse o caso de arriscar, mesmo, a inserção de um deles no grupo de atletas ativos. O problema: quem exatamente eles vão substituir, em termos de dar descanso?

Há cinco anos, Marion poderia dar muito trabalho ao Warriors. Agora, quer jogar, mas ninguém sabe ao certo o que ele pode oferecer – ou se não vai atrapalhar

Há cinco anos, Marion poderia dar muito trabalho ao Warriors. Agora, quer jogar, mas ninguém sabe ao certo o que ele pode oferecer – ou se não vai atrapalhar

Os titulares visivelmente mais desgastados são LeBron e Dellavedova, e não me ocorre de que maneira um dos veteranos alas poderia rendê-los. Sem Kyrie Irving e Kevin Love, o Cleveland não tem um jogador além de seu principal astro que possa criar jogadas por conta própria. Marion e, muito menos, Miller, não se encaixam nesse perfil. Não adianta ter um chutador desses, se ele não vai ter espaço para arremessar – como aconteceu em Miami e Memphis, a partir das sobras de James, Wade, Bosh, Gasol e Randolph. Isso para não falar do jogador que ele precisaria marcar: Barnes, Iguodala, Livingston, Leandrinho? Sem chance. (Antes de mais nada, o mesmo raciocínio vale para o calouro Joe Harris, com o agravante de sua inexperiência).

Do outro lado da quadra, o antigo Matrix já não tem mais condições de marcar um armador, especialmente um armador veloz e habilidoso como o Chef Curry. Mesmo com minutos reduzidos. Fiscalizar Klay Thompson talvez seja pedir demais. E, em termos de ala-lento-que-ainda-pode-tentar-fazer-alguma-coisa-para-atrapalhar-Draymond-e-Harrison, James Jones já se ocupou dessa tarefa, sendo muito mais perigoso nos arremessos. Ele parece o mais indicado para dar uma folga a Tristan Thompson.

De resto, temos Timofey Mozgov, sobre o qual não precisamos nem gastar mais tempo para discutir, e os demais alas. JR Smith jogou menos de 32 minutos por partida desde que chegou a Cleveland e passou também um bom tempo no banco em Nova York. Iman Shumpert sofreu com pequenas lesões e não passou dos 25 minutos em média em seu novo clube. Nos playoffs, sua carga subiu para 34 minutos. O cabeleira tem 24 anos, um a mais que o Thompson canadense, alguém que leva muito mais pancadas numa partida de basquete e deu de ombros ao ser questionado sobre um eventual cansaço ao final do Jogo 4. Miller e Marion poderiam eventualmente substitui-los por alguns minutos pontuais que fossem. No plano geral, faria diferença? São caras que já ganharam títulos, sabem o que precisa ser feito. A dúvida é se eles ainda conseguem e se, mais grave, os meros minutinhos que possam ganhar não seriam muito custosos.

A temporada regular dos veteranos...

A temporada regular dos veteranos… Não anima muito

“É uma decisão do técnico, se ele pensar em usar mais o banco. Não usamos muitos caras nesta campanha de playoff. Acho que poderia ajudar alguns dos que estão acumulando muitos minutos, certamente. Basta dar alguns minutos aqui e ali. Mas a comissão técnica vai  tentar fazer o que for melhor para nos ajudar em nossa preparação física e mental para o domingo”, diz LeBron, para, depois, completar e consentir: “Não temos muitas opções em termos de escalação.”

Seria prudente um remanejamento de minutos. Qualquer respiro a mais para LBJ pode ser valioso no caso de outro jogo apertado. A dica até ficaria. Mas aí você tem de encontrar as alternativas para sustentá-la.

– Valendo US$ 6 milhões ou mais
Se o banco de reservas não oferece muitas alternativas, a grande esperança de Blatt talvez seja, mesmo, uma evolução dos próprios jogadores que ele vem utilizando. Em especial JR Smith. O ala seria o único que poderia realmente ajudar a aliviar as responsabilidades ofensivas do camisa 23. Não estivesse numa terrível fase.

Taí um chute quase contestado para JR converter. Fácil?

Taí um chute quase contestado para JR converter. Fácil?

Se, contra o Atlanta Hawks, o avoado Smith teve médias de 18 pontos e 50% nos arremessos, contra o Golden State seu aproveitamento vem sendo horroroso, que não compensa em nada sua constante desatenção defensiva. Em quatro partidas, tentou 47 arremessos de quadra e converteu apenas 14. Na linha de três, foram 7 em 28. Se ele comete poucos turnovers, também não dá assistências (foram apenas três até aqui), num claro sinal de que não está criando, nem mesmo tentando criar nada. Deve ser um reflexo direto do plano de jogo centralizado em James, para gastar o tempo e conter o número de desperdícios de bola. Mas o Cavs precisa, com certo desespero, que ele ao menos consiga converter os chutes que tiver no lado contrário a partir das eventuais dobras em cima da superestrela. LBJ sabe disso.

“Ele pode errar uma centena de arremessos”, disse. “Se estiver bem posicionado, a partir de infiltrações e passes para fora, tem de chutar com confiança. Se ele estiver se sentindo confiante em sua agilidade, então eu também estarei confiante nisso. Enquanto competidor, se você perder sua confiança em suas capacidades, fica muito difícil de recuperá-la.”

Com mais mobilidade, a defesa do Warriors forçou que Smith, Dellavedova e Shumpert colocassem a bola no chão antes de subir para a cesta. A estratégia deu certo, em geral. Mas o próprio Smith é quem se gaba ao dizer que prefere muito mais um arremesso contestado, difícil, do que aquele em que estiver livre. Tem agora uma ótima oportunidade para comprovar sua lógica tresloucada.

As decisões de extensão contratual de James e Kevin Love, naturalmente, são as que mais chamam a atenção nos bastidores do Cavs. Acontece que JR também pode virar um agente livre, caso decida exercer uma cláusula contratual e abrir mão dos US$ 6,4 milhões que tem para receber na próxima temporada. Se continuar ladeira abaixo nestas finais, talvez seja difícil optar pela rescisão, com a insegurança de que talvez não esteja tão valorizado assim para assinar um novo compromisso de longo prazo.

– Tem hora para tudo
Nick U’Ren tem apenas 28 anos. Você pode espiar seu currículo aqui e perceber uma vasta área de atuação e talvez não pudesse imaginar que partiu dele uma sugestão que pode ter mudado o rumo da série: a promoção de Andre Iguodala ao time titular, mas no lugar de Andrew Bogut. Lee Jenkins, um dos melhores textos e repórteres envolvidos com a cobertura de NBA, conta tudo na Sports Illustrated.

Seu cargo tem o seguinte título: “assistente especial do treinador principal”. O cara basicamente quebra todo o tipo de galho para Steve Kerr e sua comissão técnica. Na última quarta, decidiu fazer algo a mais. No tempo (supostamente) livre à noite, decidiu recuperar alguns VTs das finais do ano passado, entre Spurs e Heat. Não faz tanto tempo assim, mas é fácil relevar ou mesmo esquecer alguns detalhes daquela batalha que envolveu um time totalmente dependente de LeBron. Foi quando se deparou com a escalação texana para o Jogo 3, em Miami. Tiago Splitter, tão importante para a defesa de Gregg Popovich, deu lugar a Boris Diaw no quinteto inicial.

U’Ren telefonou na hora para Luke Walton, um dos assistentes e Kerr proteção do aro, o Warriors rebaixaria sua estatura e envergadura completamente. Walton, o integrante mais jovem do corpo de técnicos, matutou e abraçou a causa. Mandou uma mensagem de texto às 3 h da madruga para Steve Kerr. Essa é a história por trás da “mentira” assumida por Steve Kerr, que havia dito que não alteraria de forma alguma seu time.

Nick U'Ren, o homem do momento

Nick U’Ren, o homem do momento

O treinador tinha todos os motivos para relutar, mesmo. Com Bogut patrulhando o garrafão, seu time foi o melhor da liga por quase 100 partidas. Embora tivessem perdido o o controle das finais, não é fácil passar a borracha em tudo o que haviam elaborado até o momento. No fim, porém, o pentacampeão da NBA ignorou qualquer noção de vaidade e topou a mudança proposta por um cara de 28 anos, provavelmente desconhecido pela grande maioria de torcedores do Warriors. Não só isso: na entrevista pós-jogo, fez questão de dar todo o crédito para U’Ren, dizendo ainda que o rapaz tem toda a pinta de que vai se tornar um gerente geral ou técnico no futuro.

Sobre o que escreve Jenkins: “Quando Kerr assumiu o cargo em maio, fechou com dois assistentes experientes em Ron Adams e Alvin Gentry, mas também deu oportunidades a Walton e Jarron Collins. Ele trouxe Bruce Fraser, com quem trabalha junto desde a universidade, e U’Ren, que trabalhou com ele em Phoenix. Deu a eles uma voz, independentemente de seu status, criando uma cultura em que ninguém tinha receio de falar – ou mandar uma mensagem de texto de madrugada”.

A propensão de Kerr ao diálogo, aliás, emula o comportamento da diretoria do Warriors. Os debates entre os principais articuladores da franquia já se tornaram célebres. Como no dia em que Jerry West ameaçou pedir demissão do cargo de consultor caso o proprietário Joe Lacob decidisse levar em frente a troca de Klay Thompson por Kevin Love. Um chefe mais controlador talvez se antecipasse e decidisse ele, mesmo, mandar West embora (ou qualquer figura menos prestigiada). Ninguém sabe ao certo se o legendário estava falando sério, ou não. Sua opinião foi ouvida, fato.

A habilidade de Steph Curry, a genialidade de LeBron, a velocidade de Leandrinho, a brutalidade de Tristan Thompson… Isso é o que a gente vê em quadra. É  o que decide de fato os rumos de um campeonato. Mas, por trás do sucesso de um clube de NBA, estão acontecendo muito mais coisas, gente.


Danilo Siqueira, cheio de energia em trajetória promissora
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Giancarlo Giampietro

Eram três irmãos, a escadinha básica. Correndo para lá e para cá, dando aquele trabalho quando não estavam na escola em Uberlândia. É nessa hora que entra o esporte para tentar distrair a meninada. Danilo Fuzaro Siqueira, então, ia para o tatame, testar alguns golpes precoces como um carateca mirim.

Foi por influência do irmão mais velho, Nilton, que o basquete entrou em sua vida. O fato, de qualquer forma, era que os três estavam envolvidos desde cedo com o esporte em geral. Não que os pais sonhassem com medalhistas olímpicos ou qualquer coisa do tipo. “Não era uma preocupação deles em iniciar a gente como atleta”, afirma Danilo ao VinteUm, rindo. “Acho que a gente tinha muita energia, mesmo. Então era para gastar, e aí começamos a brincar. Sempre gostamos.”

Em Las Vegas

Em Las Vegas

Para quem acompanhou o progresso do ala-armador do Minas Tênis na temporada 2014-2015, chega-se a uma conclusão: o plano inicial da família Siqueira não deu tão certo assim. Afinal, energia é o que não falta em seu impressionante jogo atlético. Aos 21, anos tal como faz em suas infiltrações explosivas, deu passos largos para se fixar como uma das apostas mais promissoras. Ficou entre os três finalistas em duas categorias do NBB 7: destaque entre os jovens e jogador que mais evoluiu. Também foi convocado pelo técnico Gustavo de Conti para disputar a Universíade de Gwangju, na Coreia do Sul, ao lado de outros jovens talentosos.

Que bom, então, que as atividades recreativas não tenham aplacado o pique de infância. Pelo contrário, o levaram longe. Pegando este embalo todo, Danilo agora se vê numa posição talvez impensável quando estava de quimono: candidato ao Draft da NBA, está em Las Vegas para tentar impressionar os scouts americanos, realizando nesta sexta-feira um treinamento com garantia de ginásio cheio.

Mudanças
No começo, é tudo brincadeira, mesmo. Mas tudo evoluiu rapidamente para os irmãos basqueteiros, motivados até pela concorrência interna. “Jogávamos direto, tínhamos uma cesta na parte de trás de casa. E tinha aquela história de não gostar de perder”, conta. Imagine o quanto eles não estavam vidrados, para que os pais concordassem, em 2007, levá-los para Uberlândia para fazer peneira.

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Danilo foi aprovado e entrou no time sub-13. Os irmãos também ficaram. “Fui passando de categoria em categoria, comecei a jogar bem e as coisas ficaram mais sérias”, conta. E aí como faz? Chegou uma hora, então, que a família toda resolveu fazer a mudança, num deslocamento de cerca de 100 km, mesmo que o pai ainda trabalhasse em Uberaba. Essa fase durou relativamente pouco, no entanto.

Aos 16 anos, com Cristiano Grama em Ruvo

Aos 16 anos, com Cristiano Grama em Ruvo

O progresso do caçula foi tamanho que a troca de cidades no Triângulo Mineiro foi fichinha perto do que aconteceu em 2010, quando aproveitou a dupla cidadania e se mandou muito jovem para a Itália, enquanto Nilton, que começou tarde, cinco anos mais velho, já procurava outros caminhos fora do esporte.

O destino foi Ruvo di Puglia, uma cidadezinha (ou “comuna”) localizada na região de Bari, ao sul do país, um pouco acima do salto da belíssima Bota. Uma área muito mais conhecida por sua cultura vinícola do que por glórias esportivas, convenhamos. Jogando pelo clube local, da terceira divisão (Serie C), o brasileiro afirma que cresceu bastante – dentro de quadra, mas principalmente como pessoa. Natural, não? Mas não da forma que o bambino esperava. Ele passou por poucas e boas.

“Para mim foi um aprendizado fundamental, em muitos sentidos”, diz. “Tive dificuldade, ficando sem dinheiro, pois o clube não pagava direito. Almoço e jantar nunca faltou. Também pagavam o apartamento, que dividia com mais três garotos. Mas para coisas como café da manhã e outros gastos tive sorte de contar com a ajuda de companheiros muito legais e até mesmo de gente da cidade, que passava a conhecer. São as vantagens de estar em uma cidade pequena, hospitaleira.”

Ao contar o caso, Danilo fala com maturidade, com firmeza. É um aspecto que chama a atenção em sua entrevista, e parece claro que essa experiência que não teve nada de conto de fadas foi fundamental para isso. Pode até mesmo ter funcionado como um teste. Era isso que queria, mesmo? “Já tinha o objetivo, estava convencido de virar jogador. Sempre soube o que queria, sempre levei a sério. Ter passado pela Europa não mudava nada para mim. Tinha de treinar muito, com humildade.”

O jogador teve de se virar então como dava, o que ao menos forçou o aprendizado da língua italiana rapidamente. O bom é que, para amenizar os dias de pindaíba, o ala-armador podia ficar muito tempo dentro do ginásio, enfornado. “Passava em torno de seis horas no clube, no ginásio. O técnico Giulio Cadeo, que chegou a trabalhar com times da primeira divisão, foi muito importante. Eles me ensinaram muito. Ficava treinando com adulto, mas sem poder jogar com eles.”

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Os problemas fora de quadra, no entanto, motivou o retorno ao Brasil em 2012. “Estava sem receber e tinha medo de que pudesse acontecer a mesma situação em outro clube”, explica. Nesse período, já estava em contato constante com o treinador Cristiano Grama, do Minas Tênis, com quem já havia trabalhado em Uberlândia. O garoto voltou, então, mas não necessariamente para casa, parando em Belo Horizonte.

Passo a passo
Antes de jogar pelo Minas, Danilo teve sua primeira oportunidade com a camisa da seleção, na disputa da Copa América Sub-18, em São Sebastião do Paraíso. Uma campanha que foi um sucesso para a equipe, terminando com vice-campeonato, vencendo o Canadá de Andrew Wiggins no meio do caminho, perdendo para os Estados Unidos. Já contamos essa história com mais detalhes num perfil de Lucas Dias, o destaque aquele time de geração 1994/1995 que acabou decepcionando no Mundial de 2013.

Vibração de sempre, mas com resultados ruins para a seleção sub-19 em Praga

Vibração de sempre, mas com resultados ruins para a seleção sub-19 em Praga

“Primeiro, foi única para nós. Naquela idade que estávamos, eles tinham uma vitrine muito maior. Foi bom para sentir que não era nada de outro mundo jogar contra eles. Claro que no aspecto físico eles sobram e que a gente tinha de treinar muito, mas foi bom. Hoje a gente vê muitos daqueles jogadores já na NBA”, afirma. “Depois, o Mundial foi chato para todo mundo. A expectativa era muito boa, mas jogou bem. Perdemos a oportunidade de jogar bem e sermos cogitados para ligas melhores. Foi muito frustrante, não saiu nada do jeito que queríamos.”

Nestas campanhas, Danilo trabalhou pela primeira vez com Demétrius Ferraciu, o ex-armador da seleção brasileira e com quem, duas temporadas depois, conseguiu deslanchar na edição passada do NBB. Até chegar lá, precisou de paciência. Em seu primeiro ano clube mineiro, teve apenas sete minutos em média. Depois, sob a orientação do argentino Carlos Romano, recebeu mais que o dobro de rodagem, beirando os 20 minutos. Agora, se o tempo de quadra não progrediu tanto, o que aumentou, mesmo, foi sua produção. O jovem ala-armador obteve seus melhores índices nos arremessos de dois e três pontos, por exemplo. Numa medição mais avançada, foi o segundo jogador mais eficiente do campeonato entre os atletas sub-22, atrás apenas de seu companheiro de equipe, Henrique Coelho.

O Minas, aliás, foi um dos poucos times que verdadeiramente abriu as portas de seu time para a garotada, aproveitando-se de uma base talentosa e entrosada. “Querendo ou não, nossa equipe jogava junta há muito tempo. Pegaram essa base e adicionaram alguns veteranos que agregaram muito. O (americano Robby) Collum, o (pivô) Shilton e o (ala) Alex, com uma presença que fez muito bem ao time.”

O fato raro de ter uma base jovem no campeonato ‘adulto’ gera ansiedade, expectativa, claro. “A gente sabia que tinha de provar muito, e o caminho foi jogar com base na nossa capacidade atlética, velocidade, tirar proveito do que tínhamos de melhor”, afirma. Demétrius soube usar a vitalidade de seu elenco em torno de um excelente marcador domo Shilton para construir a terceira melhor defesa do NBB, atrás apenas dos finalistas Flamengo e Bauru.

Perdas e ganhos
A temporada, todavia, não terminou da forma que esperavam. O Minas foi a vítima da zebra da vez, o Macaé, clube que chegou aos playoffs na última posição e passou pelo cabeca-de-chave por 3 a 1, ignorando o mando de quadra. Sem a liderança tática e técnica de Robby Collum de um lado, e com outro americano, Jamaal Smith, arrebentando do outro.

A série contra Macaé e um nível elevado de produção

A série contra Macaé e um nível elevado de produção

“Para nós foi uma decepção. Perdemos nosso principal arremessador, o Collum, um cara que puxava bastante a defesa e deixava o jogo mais aberto. Foi difícil jogar em Macaé, com a torcida deles e uma quadra que não é muito boa, na qual eles estavam muito mais acostumados. O Jogo 2, que perdemos na prorrogação, em casa, foi decisivo. Creio que se tivéssemos vencido aquele, ganharíamos a série. O Jamaal fez a diferença também. Teve um aproveitamento absurdo, bem diferente do que havia feito na temporada contra a gente.”

A ausência de Collum, no entanto, abriu as portas para Danilo atestar sua evolução durante o campeonato, com grandes exibições, contribuindo nos momentos decisivos. Teve médias de 19,5 pontos, 3,2 assistências e 2,2 roubos de bola, em 30 minutos arredondados. “Individualmente foi um momento muito bom. Consegui pontuar bem e teve alguns momentos em que o time estava trabalhando para mim, algo que nunca havia acontecido antes na minha carreira. Ser o foco ofensivo, ver a bola chegando e a coisa fluir. Soube aproveitar.”

A produção não vem ao acaso. Tem a ver com as habilidades do jogador – ambidestro, excelente finalizador perto do aro, com impulsão impressionante, mãos largas, criativo em nas infiltrações até pela imprevisibilidade do lado do corte e força para trombar –, mas também com a chance de ele desenvolver esses recursos na prática. O que mais? Aos 21 anos, já tem uma boa noção em combinações de pick-and-roll, sabendo servir aos companheiros (seja o pivô mergulhando no garrafão, ou o chutador no lado contrário). Com os pés plantados, até pela estatura e envergadura, consegue passar por cima da primeira linha defensiva, com boa visão de quadra. Na defesa, porém, pode se distrair nas movimentações longe da bola, permitindo a escapada de seus adversários e também pode ser muito agressivo no combate individual, perdendo o equilíbrio. De qualquer forma, o simples fato de estar na quadra ajuda bastante a lidar com eventuais problemas. Natural, e é algo que faz falta para qualquer atleta, especialmente aos mais jovens.

Porém, quando desembarcou em Las Vegas na semana passada, no entanto, para um período curto de treinamentos na academia Impact, de Joe Abunassar, Danilo arregalou os olhos. Fez um tipo de trabalho que, de modo alarmante, julga estar em falta em quadras brasileiras. “Estou treinando bem forte, para ver se consigo esse objetivo. É um treino muito mais puxado em termos de fundamento, algo que não fazemos muito no Brasil. Já sinto que melhorei em menos de uma semana. Só tive treinamento de contato, um contra um, uma vez só. O resto foi muito de fundamento, bandejas, floaters e outras, com intensidade.”

Aqui, um vídeo de Mike Schmitz, do Draft Express, que acompanhou uma sessão na quinta-feira, em exercício de chutes de três pontos. Danilo aparece com uma mecânica muito mais regular e equilibrada em seu arremesso, comparando como o que pudemos ver há algumas semanas no playoff contra Macaé:

A companhia mais badalada no momento nestas hora de treino em Vegas é de Kristaps Porzingis, ala-pivô do Sevilla que é cotado como um escolha top 10 para o Draft da NBA deste ano. Para muitos dirigentes, ele tem potencial, mesmo, para ser o melhor dessa safra, e seu pacote de altura, agilidade e refinamento é realmente único. A presença do letão é muito benéfica para o brasileiro, que se exibe nesta sexta para diversos olheiros que vão à academia primordialmente para avaliar o europeu. Foi uma jogada do agente Vinícius Fontana, em parceria com o americano Andy Miller, dono de uma cartela respeitável de clientes.

Em seu primeiro dia no ginásio, como um alerta para se dar conta da situação especial que vive, Danilo deu de cara com o enigmático Lance Stephenson. Foi a primeira vez que encontrou um atleta da liga ao vivo. Confiante, ele espera que esse tipo de contato possa se repetir no futuro. Sua missão é exibir o mínimo de habilidades em uma sessão em torno de 40 minutos para que possa instigar o convite para um treinamento em privado, com datas muito apertadas. “Estou bem tranquilo quanto a isso. Sou bem religioso, deixo nas mão de Deus. Estou fazendo a minha parte. Com meu agente, o Vinícius, vimos essa oportunidade e tentamos. Não tenho nada a perder.”

Danilo e Lance Stephenson. Cuidado! : )

Danilo e Lance Stephenson. Cuidado! : )

Ele tem até o dia 15 para decidir se mantém seu nome na lista de inscritos. Dallas, Memphis, New Orleans, Portland e Dallas foram os primeiros times a manifestar interesse preliminar. A boa rodagem do ala-armador pelo Minas ajuda em sua avaliação, uma vez que seus clipes estão disponíveis no software Synergy, que catalogou o campeonato em parceria com a liga nacional nesta temporada.

Pensando em ligas maiores, seja na Europa ou na NBA, a projeção ideal, segundo os olheiros, é a de que Danilo se desenvolva como um armador, algo que não conseguiu cumprir por tantos minutos assim pelo Minas, até pela evolução de Coelho e pela contratação do argentino Enzo Cafferata, um jogador errático que não controla tão bem assim as partidas. “O que preciso melhorar é na hora de levar o ataque, saber comandar um time. Falta esse comando. O mais importante é ter a mente aberta para aprender”, disse Danilo. “Hoje me veem como o combo guard, como dizem aqui. E, se formos pensar, essa coisa de jogo de 1 e 2 é quase a mesma coisa hoje.”

Não importa e nem tem por que estratificar um talento desses, mesmo. O certo é que, sem importar a nomenclatura e a cidade que for. Uberlândia, Ruvo, BH, energia não vai faltar.


Tenso, brigado… Foi um jogo para Dellavedova, e, não, para Curry
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Giancarlo Giampietro

Dellavedova brilha de novo. Os inimigos do Leste choram

Dellavedova brilha de novo. Os inimigos do Leste choram

Pode aparecer oportunismo dizer isto, mas o Jogo 2 destas #NBAFinals estava muito mais para um Matthew Dellavedova do que para um Stephen Curry – ou, pelo menos, para esta versão de Steph Curry. Foi uma partida de contato físico, afeito ao aguerrido australiano que, mais uma vez, se ralou em uma série de lances decisivos e ajudou o Cleveland Cavaliers a empatar a série em 1 a 1, com mais uma prorrogação.

Bola perdida no garrafão em meio a gigantes? Lá estava o Dellavedova nela, alerta, para depois se estirar em quadra. LeBron é barrado no baile, e o chute de James Jones não caiu? Sem problema: sem impulsão nenhuma, com 1,93 m (oficial), o armador vai para o rebote ofensivo e, no mesmo movimento, cava a falta. Vai para o lance livre e converte os dois, sem pestanejar. E por aí vai. Nos lances mais preciosos, de 50/50, o “Delly” fez sua presença se notar e, nem que por alguns instantes que fossem, afastou da cabeça do torturado torcedor do Cavs a memória de que Kyrie Irving já não vai mais participar desta série. Irving, cujo talento no ataque ele jamais vai poder substituir, mas cuja ausência pode compensar ao seu modo, na defesa. “Estamos jogando as finais da NBA. Se você precisa procurar motivação extra, provavelmente não deveria nem estar jogando”, afirmou durante entrevista coletiva na qual ele estava sozinho no pódio, como se fosse o maioral do Cleveland.

A série
>> Jogo 1: 44 pontos para LeBron, e o Warriors fez boa defesa
>> Jogo 1: Iguodala, o reserva de US$ 12 m que roubou a cena

Do outro lado, ao atual MVP faltou se adaptar a um confronto mais duro. Acostumado a levantar a torcida de Oakland a temporada inteira com suas bolas de efeito (e eficientes), o armador não conseguiu alterar seu modus operandi, mesmo quando estava claro que seus lances vistosos não surtiam, não estavam surtindo efeito. Não é que ele tenha sentido a pressão. O pior foi não saber entender o tipo de pressão a que estava submetido. Um abafa exercido, para começo de conversa, pelo próprio australiano, que forçou um airball de Curry no penúltimo ataque do Warriors e, depois, viu o craque passar a bola nos pés de um Klay Thompson endiabrado, que nada pôde fazer: 95 a 93, numa partidaça de ativar a adrenalina de qualquer observador. O Cavs brigou e está no páreo.

“Nossos caras adoraram o fato de que já havíamos sido descartados. Esta é a equipe lutadora que temos. Não é nem um pouco fofa. Se estiver esperando que joguemos um estilo sexy ou bonitinho de basquete, não vai achar conosco”, afirmou LeBron James, antes de deixar o microfone para Dellavedova. (LBJ vai negar que essa tenha sido uma indireta, mas… está na cara.)

Calma, Delly. Não é rúgbi

Calma, Delly. Não é rúgbi

O novo titular do Cavs ficou 42 minutos em quadra e terminou com nove pontos, cinco rebotes, três roubos de bola, apenas 1 assistência e errou sete de dez arremessos, incluindo cinco de seis na linha de três pontos. Mas saiu com a estatística mais preciosa: uma vitória, contribuindo com os pequenos grandes lances que influenciou durante toda a temporada – e não apenas nos playoffs, quando enfileirou inimigos na Conferência Leste ao participar de algumas jogadas polêmicas. Um pequeno grande lance como o seu quinto rebote, no garrafão do Warriors. Antes que ataquem Curry por essa, a conta ficou para Klay Thompson neste lance em específico. “Esqueci de bloqueá-lo quando ele conseguiu a falta. Isso vai ficar na minha cabeça por um longo período”, disse o ala. De todo modo, não fosse seu espírito combativo e a inteligência em quadra, Delladedova não teria aproveitado a sobra. Nos playoffs, não são apenas os superastros que brilham.

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Sem LeBron James, claro, não há Cleveland Cavaliers. O astro foi mais uma vez imenso em Oakland, com 39 pontos, 16 rebotes, 11 rebotes em 50 minutos. Haja fôlego – e categoria. Pode ter errado 24 de 35 arremessos, mas deu um jeito de compensar isso com 14 lances livres convertidos, atacando o aro sem parar e até mesmo sendo ignorado pela arbitragem (um caso à parte nesta partida, errando demais, em jogadas óbvias). Mas o craque não jogou sozinho. Para o Cavs chegar ao triunfo, contou com uma desempenho defensivo soberbo.

O time de David Blatt foi o primeiro a limitar o avassalador ataque do Warriors a menos de 90 pontos, em 48 minutos, nesta temporada. Grizzlies, Spurs, Rockets, Bucks… Todo mundo tentou, ninguém havia conseguido. E, sim, dá para falar Blatt aqui, né? Malhado o ano inteiro, o treinador fez os ajustes necessários, alguns até mesmo surpreendentes, e contribuiu decididamente na vitória. Ou seria James também o coordenador defensivo da equipe?

Que Blatt não tenha retornado com Timofey Mozgov nem por um minuto sequer no quarto período foi algo bastante questionável. Também  poderia ter interferido no andamento do ataque do Cavs, que deu aquela emperrada e passou a depender exclusivamente das investidas de sua estrela, caindo no mesmo erro do Jogo 1, permitindo a reação dos anfitriões para que forçassem mais uma vez o tempo extra. Mas, taticamente, no plano geral, foi uma reação, e tanto: seus jogadores controlaram o ritmo da partida, praticamente anulando o jogo em transição do adversário ao dominar os rebotes (55 a 45, com 15 na tábua ofensiva).

Preparando terreno
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Depois de dominar as tábuas, o Cleveland desacelerou o jogo e, em meia quadra, oprimiu os arremessadores do Warriors, que acertaram apenas 39,8% dos arremessos e 22,9% (8-35) nos chutes de três pontos. Se subtrairmos a produção de Klay Thompson, que matou algumas bolas complicadíssimas (34 pontos), o aproveitamento cairia, respectivamente, para 34,5% e 17,3%. Até mesmo Tony Allen debocharia de números como esses. Como os visitantes fizeram isso? Impedindo os cortes pelo fundo e fechando as linhas de passe, principalmente quando a bola não estava nas mãos de Curry. Segundo estatísticas preliminares, o Warriors completou 217 passes neste Jogo 2. Sua média nos playoffs é de 303.

As coisas não deram certo para Curry, e o astro não soube mudar o curso

As coisas não deram certo para Curry, e o astro não soube mudar o curso

Foi aí que entrou em cena Dellavedova, com um esforço extenuante (chegou a acusar dores musculares na prorrogação…) e impressionante em seu trabalho de contestação. Curry teve de lutar bastante até mesmo para receber o passe. Até por isso sua decisão de insistir nos arremessos de três pontos a partir do drible foi pura teimosia, ou confiança em excesso. Se você está cansado, com a perna pesada, o rendimento no chute de longa distância tende a cair. Isso é matemática das mais simples.

De tantos estragos que causou neste fundamento durante toda a temporada, todavia, o armador foi arremessando com aquela mentalidade de que uma hora a bola cairia, a partir do drible, com grau elevado de dificuldade, sem se importar. No fim, caíram apenas 2 em 15, sendo que as 13 tentativas erradas são um recorde de desperdício nas finais, superando as 11 de John Starks, do Knicks, contra o Rockets, em 1994. Antes de acusar cansaço, porém, é preciso registrar que o queridinho local estava com uma expressão um tanto abatida desde o início. Foi uma atuação realmente bizarra, se comparada com o papel que tem cumprido nesta campanha.

“Eu sabia que, assim que saíam da minha mão, alguns arremessos que eu normalmente faço estavam fora. Isso não acontece normalmente. Mecanicamente, não sei se há uma explicação por isso. Apenas não encontrei meu ritmo durante o jogo”, afirmou o MVP. “Tenho de jogar melhor, encontrar arremessos melhores e ficar mais em sintonia durante a partida para que possamos nos estabelecer como time.”

Sim, quando o sujeito tenta 15 arremessos de fora, não dá para dizer que tenha falhado por omissão. Curry não fugiu do jogo. Simplesmente tomou decisões terríveis com a bola, com uma chuva de chutes curtos e ou tortos, raridades para alguém com tanta precisão. O duro é, que, com seu vasto repertório, quando usou a mera ameaça de seu arremesso para iludir seu marcador, o  craque conseguiu espaço para bater para a cesta e completar suas infiltrações (como na cesta que forçou a prorrogação), ou, no mínimo, descolando lances livres. Mas, não. Em vez de dosar as coisas e procurar outros rumos, seguiu chutando de modo tresloucado. O australiano o perturbou. “Teve tudo a ver com o Delly. Ele foi espetacular”, disse LeBron.

Claro que o defensor não o conteve sozinho, mas é inegável sua contribuição neste ponto. Segundo a ˆ, Curry errou todos os seus oito chutes quando marcado pelo substituto de Kyrie Irving e ainda cometeu quatro turnovers. Dellavedova venceu mais este embate psicológico – e físico. Merece, então, seu próprio cartaz (de mentirinha). Como se fosse uma superestrela.

Somos todos testemunhas:

Matthew Dellavedova, NBA, Cavs, LeBron

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Dois ajustes significativos de Blatt envolveram Mozgov, seu ex-comandado de seleção russa. Daí o estranhamento pela ausência total do pivô nos últimos 17 minutos de partida – quarto período mais prorrogação –, quando sua presença poderia ter sido importante em uma posse de bola ou outra ofensiva. O primeiro ajuste foi bem simples, no ataque: o russo subiu para a cabeça do garrafão para fazer o mais rápido que pudesse um corta-luz para LeBron, especialmente para livrar o astro da marcação chata de Andre Iguodala. O mínimo de espaço gerado para o camisa 23 é o suficiente para que ele crie uma situação de cesta – seja em definição individual ou para os companheiros. O pivô também se movimentou muito mais sem a bola, mesmo que não fosse para completar uma jogada de pick-and-roll, e fez a cobertura de Andrew Bogut ficar mais espaçada e hesitante. O segundo ajuste foi bem mais criativo: quando Steve Kerr usou seu quinteto “baixo” logo no primeiro tempo (com Bogut e Festus Ezeli no banco), Blatt manteve Mozgov em quadra, com a decisão de deixá-lo na marcação de Iguodala. Mesmo que o ala tenha jogado muito bem também ofensivamente na primeira partida. O russo apenas cercou o adversário e deu conta do recado, surpreendentemente. Só o perdeu de vista num raro contragolpe que resultou em bela ponte aérea com passe de Klay Thompson. Valeu o show nessa, mas taticamente o russo saiu ganhando. Ainda mais que, do outro lado, não havia quem conseguisse marcá-lo (17 pontos e 11 rebotes em 29 minutos).

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O que dizer deste erro grotesco de Marreese Speights? Pelo visto, os dias em que ficou durante a série contra o Houston Rockets valeram uns quilos a mais para o pivô. Seria muito cruel lembrar que a partida terminou empatada no tempo regulamentar? Que dois pontos poderiam ter… Bem, seria muito cruel, sim.

Só não nos esqueçamos que o mesmo Speights, mais jovem, nos tempos de Sixers, já chegou a dar um airball numa tentativa de enterrada contra Nenê:

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Num jogo de detalhes, os 8 pontos de James Jones no primeiro tempo foram um lucro danado para o Cavs, ajudando inclusive a manter a equipe próxima do marcador, enquanto Klay esquentava a munheca. Valeu a amizade, LeBron.

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Difícil dizer quem errou mais: JR Smith ou a arbitragem, que deixou escapar, por exemplo, duas faltas claríssimas sobre LBJ (a marretada de Iguodala no quarto final e o puxão de Draymond Green no bola ao alto da prorrogação). Na verdade, as falhas do irregular, cabeça-de-vento lateral acabariam por anular as bobagens dos homens do apito. Com três faltas tolas, completamente desnecessárias, Smith deu ao Warriors seis pontos de graça em lances livres, dando sua contribuição marcante para o desfecho dramático do jogo. O ex-comparsa de Carmelo até fez 13 pontos (em 13 arremessos), mas sua desatenção defensiva tem efeitos desastrosos. Ao menos ele tem senso de humor. Excluído com seis faltas, disse ter pensado o seguinte, no banco: “Por favor, vençam este jogo. Não quero todas as ligações, emails, Instagrams, tweets e memes”

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 E Steve Kerr aderiu mais uma vez ao hack-a-mão-de-pau. O premiado da vez foi Tristan Thompson, que sofreu duas faltas intencionais no quarto período, num ato de desespero do técnico do Warriors. O pivô canadense acertou dois de quatro. O time da casa pontuou em todos os lances seguintes e ainda ganhou tempo no relógio. Pragmatismo que deu certo, pontualmente.

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Ainda sobre o esforço de LeBron: nos últimos 30 anos, apenas Charles Barkley e James Worthy haviam somado um mínimo de 35 pontos, 15 rebotes e 10 assistências num jogo de playoff. Uma vez cada. LeBron chegou ao segundo só neste mata-mata. Então, ok, ele pode ter errado uma penca de arremessos. Mas a série e os desfalques do Cavs basicamente pedem que ele carregue uma tonelada de responsabilidades nas costas, mesmo.


Brasileiros caem na estrada antes de tomar decisão sobre o Draft
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Giancarlo Giampietro

Georginho, agora em Treviso: longo período de testes para o armador

Georginho, agora em Treviso: longo período de testes para o armador

Enquanto dirigentes, técnicos e torcedores de Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers ainda estão concentrados neste ínfimo evento que são as #NBAFinals, o restante da liga se concentra no processo do Draft. Aquele que, por ora, envolve alguns jovens talentos brasileiros que têm até o dia 15 de junho para decidir se permanecem, ou não, inscritos na lista de recrutamento de calouros.

Estamos, então, nos últimos dias para que mostrem serviço aos olheiros americanos. Para tanto, é preciso cair na estrada, mesmo que muitos scouts tenham viajado para ver o que se passa por estas bandas in loco – pelo menos dez times por aqui para ver partidas da LDB, por exemplo. Os pinheirenses Georginho e Lucas Dias estão, neste momento, em Treviso, para a disputa do adidas EuroCamp, reunindo garotos de diferentes idades e nacionalidades. Já Danilo Siqueira (ou “Fuzaro”, para os estrangeiros) começou seu período de treinamentos na academia Impact, em Las Vegas, entrando no giro dos workouts. Humberto Gomes, outra talentosa revelação do Pinheiros, segue treinando em São Paulo e muito provavelmente vai retirar seu nome no dia 15, a não ser que surja algum time empenhado em lhe prometer uma seleção de modo surpreendente.

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>> Georginho e Lucas Dias vão declarar nome no Draft

Pegar a estrada se tornou rotina para George e Lucas, que já passaram, ao todo, por pelo menos sete cidades nos Estados Unidos para fazerem testes privados – em algumas delas juntos, na maioria separados. O armador esteve em Los Angeles, por exemplo, sendo testado pelo Lakers, em Boston e Portland, enquanto o ala teve seu check in em Salt Lake City anunciado pelo Utah Jazz. Encerrada a participação na Itália, os dois retornarão a solo norte-americano para mais duas sessões cada, sendo que a última vai reunir ambos nas dependências do Brooklyn Nets.

Um pique logo ali em El Segundo para Georginho

Um pique logo ali em El Segundo para Georginho

Os dois chegaram a Treviso na sexta-feira, depois de um voo realmente longo a partir de Portland, no extremo Noroeste dos EUA. No sábado, dia de abertura do camp, a despeito do cansaço, Georginho viveu um bom dia, segundo dois avaliadores de times da Conferência Oeste da NBA que consultei – só está cedo para publicar as opiniões deles, já que as atividades vão até segunda-feira. Para muitos, esta é a primeira chance de avaliar os garotos ao vivo. Para outros times, que já os acompanham há um tempo, a experiência serve para acúmulo de informações, mas acaba não sendo decisiva na avaliação.

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O armador está agrupado num time que ganhou o nome de San Antonio Spurs, curiosamente um time que o assistiu duas vezes aqui no Brasil. Mas isto é realmente só uma coincidência, gente. A equipe só leva este nome por ser dirigida por Jim Boylan, assistente de Gregg Popovich. Assim como o ‘Phoenix Suns’ de Lucas assim é chamado por ter Mike Longabardi, assistente de Jeff Hornacek, como técnico. Confira todos os elencos e o calendário de jogos e treinos. Jogar em Treviso não é algo inédito para os brasileiros, ainda que a maioria dos convocados tenha origem europeia. No ano passado, Rafael Luz, Cristiano Felício e Lucas Mariano estiveram por lá. Em 2013, Raulzinho e Lucas Bebê brilharam por lá, ao lado de Augusto Lima. É no mínimo uma ótima oportunidade para os garotos se testarem contra talentos de ponta.

Danilo Siqueira foi um dos poucos jovens com tempo regular de quadra no último NBB

Danilo Siqueira foi um dos poucos jovens com tempo regular de quadra no último NBB

Do outro lado do Atlântico – e bem distante da Costa Leste –, Danilo chegou a Las Vegas na sexta-feira para trabalhar com o prestigiado treinador Joe Abunassar, coordenador da Impact, uma academia que trabalha ou já trabalhou com dezenas de célebres figuras da NBA, com destaque para Kevin Garnett, Chauncey Billups, Kawhi Leonard, Kyle Lowry, Rudy Gay, Ricky Rubio, entre outros.

O explosivo ala-armador do Minas Tênis vai ter uma semana para se preparar para mostrar suas habilidades diante de dezenas de scouts durante um workout na próxima sexta, dia 12. O brasileiro vai acompanhar o letão Kristaps Porzingis, jovem ala-pivô do Sevilla que é tido por muitos como um dos cinco candidatos mais promissores do Draft. O pivô Myles Turner, da Universidade do Texas, também será apresentado. São dois calouros bem cobiçados, o que garante uma exposição tremenda ao jogador.


Em números: as finais da NBA entre Warriors e Cavs
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Giancarlo Giampietro

LeBron x Iguodala, Cavs x Warriors

Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers ainda têm alguns dias de descanso pela frente. Só vão jogar na próxima quinta-feira, em Oakland. Até lá, dá muito temp para que suas comissões técnicas e dirigentes processem uma penca de números para encaminhar o estudo para a disputa pelo título. Aqui, fazemos um apanhado estatístico diversificado sobre a produção dos dois finalistas da NBA 2014-2015 durante os playoffs, além de alguns dados de contexto histórico:

73 – Stephen Curry já converteu 73 arremessos de três pontos nestes playoffs, um recorde absoluto. Já são 15 a mais do que o segundo colocado na lista, Reggie Miller. Se formos pensar apenas nos atletas da atual campanha, quem aparece na vice-liderança é justamente seu companheiro de perímetro, Klay Thompson, com 45. James Harden é o terceiro, com 41.

Ricky Barry era o Steph Curry do Warriors há 40 anos: um excepcional arremessador e All-Star

Ricky Barry era o Steph Curry do Warriors há 40 anos: um excepcional arremessador e All-Star

40 – Essas vocês já ouviram antes: é a primeira decisão do Golden State Warriors depois de 1975, em 40 anos. Isso equivale ao maior intervalo entre duas aparições nas finais da NBA. Para o Cleveland, a espera foi bem mais curta – oito anos, depois de LeBron e Varejão terem disputado a decisão de 2007. São os únicos remanescentes daquela campanha, com a diferença de que o craque do time tirou férias prolongadas em South Beach no meio do caminho.

37 – Shawn Marion, quem diria, é o jogador mais velho dos dois elencos que disputam o título. O ala que um dia foi conhecido como Matrix, devido a sua incrível habilidade atlética, nasceu em 7 de maio de 1978. O pivô Brendan Haywood, também do Cavs, é o segundo mais velho, com 36 anos (faz aniversário em novembro). Quer saber quem é o vovô no elenco do Warriors? Leandro Mateus Barbosa. Sim, o Leandrinho, nascido em São Paulo no dia 28 de novembro de 1982.

35,8% – É o percentual de arremessos do Golden State Warriors que vem atrás da linha de três pontos, acima da dos 31,1% que havia tentado durante a temporada regular. O Cavs aparece logo em sequência, todavia, até num empate técnico, com 35,6%. Em termos de aproveitamento, o Golden State tem acertado 38%, o segundo melhor. O Cleveland é o quinto, com 35,9%. Em termos de chutes da zona morta, o famoso corner three, o Warriors vem convertendo 46,4%, contra 40,2% do Cavs.Curiosamente, os dois times são aqueles que melhor se defendem contra arremessos de longa distância. O Cavs permitiu aos seus oponentes apenas 28,1% de acerto aos seus oponentes, enquanto o Warriors levou 31%. Vale destacar, no entanto, que ambas as equipes enfrentaram alguns times fracos nesse fundamento, como Boston Celtics, Milwaukee Bucks, Memphis Grizzlies e New Orleans Pelicans.

31,2 – Foi a média de pontos de Stephen Curry na série contra o Houston Rockets, valendo o título do Oeste. LeBron James anotou 30,3 pontos. Nos mata-matas, as médias foram de, respectivamente, 29,2 e 27,6. Na temporada regular, 23,8 e 25,3.

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30,5% – É o percentual dos arremessos que o Golden State busca na área restrita ao redor do aro. O jogo lá dentro, mesmo, com os chutes de maior eficiência, e o aproveitamento do time de Steve Kerr nesta área é de 63,9%. Os números do Cavs são, novamente, muito semelhantes: respectivamente 29,8% de seus chutes próximos ao aro, com rendimento de 61,9%. Na hora de comparar esses dados, é importante lembrar apenas que cada time enfrentou adversários diferentes.

Klay para três: o segundo que mais acertou de fora nestes playoffs

Klay para três: o segundo que mais acertou de fora nestes playoffs

28,5% – O Cleveland Cavaliers coleta 28,5% dos reboetes ofensivsos em suas partidas, mesmo com Kevin Love caindo no meio do caminho. O Golden State Warriors aparece em segundo, com 27,5% (o Dallas Mavericks, com 28,1%, aparece entre eles, com muito menos jogos). Tristan Thompson é quem tem o melhor aproveitamento neste fundamento entre aqueles que disputaram ao menos duas séries, com 13,4% das rebarbas quando está em quadra. Timofey Mozgov aparece em terceiro, com 12,1%.

21,6 – O Golden State Warriors tem marcado 21,6 pontos por contra-ataque nesta fase decisiva, com o maior rendimento. É uma vantagem significativa em relação ao Cleveland Cavaliers, o penúltimo, com apenas 7,4. O interessante é que quando o Cavs sai em transição, é na boa: convertendo 1,27 ponto por investida em transição,  a melhor nesta fase.

14,7 – Sem Kevin Love, com Kyrie Irving estourado… Tem sido um LeBron James muito mais agressivo. O craque do Cavs lidera os playoffs em 14,7 infiltrações com a bola por jogo, ocupando a primeira colocação nesse tipo de ataque. Stephen Curry tem 7,8 infiltrações, sendo o 15º na lista. Para comparar, James bateu para a cesta 9,8 partidas para a temporada regular, contra 5,7 de Curry.

LBJ, atacando o aro na hora do vamos ver

LBJ, atacando o aro na hora do vamos ver

10,7 – LeBron partiu para a finalização em jogada individual, isolado em quadra, em 140 posses de bola nos playoffs, com média de 10,7 por jogo. Mais que o dobro do Chef Curry (51 posses em 14 partidas, média de 3,6). Curry, porém, tem melhor aproveitamento, acertando 42,1% de seus arremessos nesse tipo de ocasião, contra 32,5% de James.

10 – Em 15 partidas nestes playoffs, Draymond Green já conseguiu 10 double-doubles. Ótima fase? Grande esforço? Para se ter uma ideia, em 240 compromissos pela temporada regular da NBA, o ala-pivô havia conseguido apenas dois duplos-duplos. Suas médias nos mata-matas subiram de 11,7 pontos, 8,2 rebotes e 3,7 assistências para 14,0, 10,8 e 5,3, respectivamente.

7 – O Cavs chega para brigar pelo título com sete triunfos em sequência – um abaixo de sua melhor marca nos playoffs.

5 – De 29 partidas feitas por Warriors e Cavs nestes playoffs, eles perderam apenas cinco. A campanha combinada de 24 triunfos e 5 revezes é a melhor desde os finalistas de 1991: o Chicago Bulls de Phil Jackson e Michael Jordan e o Los Angeles Lakers de Mike Dunleavy e Magic Johnson. Naquela ocasião, somavam, respectivamente, 22 e 4. Com um detalhe: a primeira rodada dos mata-matas era definida em sistema melhor-de-cinco. Tanto o Bulls como o Lakers varreram seus primeiros oponentes (Knicks e Rockets) por 3 a 0. O Bulls havia perdido apenas uma partida, pelas semifinais, contra o Philadelphia 76ers de Charles Barkley. Avançando para 2015, o Cavs cedeu dois jogos no duelo com Chicago pelas semis, enquanto o Warriors perdeu duas vezes para Memphis e uma para Houston.

Está difícil de ganhar do Warriors em Oakland

Está difícil de ganhar do Warriors em Oakland

3 – Com mando de quadra na série final, o Golden State Warriors sofreu apenas três derrotas em casa nesta temporada, em 49 jogos. É a melhor campanha de um anfitrião neste ano, e uma das melhores da história entre os finalistas. Apenas dois times entraram na decisão com menos derrotas: o Boston Celtics de 1986, rumo ao título, perdeu apenas uma vez no antigo Garden, para o Portland Trail Blazers, por 121 a 103, e o Chicago Bulls de 1996, o das 72 vitórias, que sofreu apenas dois reveses em sua jornada. Duas equipes legendárias.

0,7 – Com três assistências a mais na final do Leste contra o Atlanta Hawks ou 0,7 em média, LeBron James teria sido o primeiro jogador na história a ter médias superiores a 30 pontos, 10 rebotes e 10 passes para a cesta numa série de playoff. Acabou terminando com 30,3, 11,0 e 9,3, respectivamente.

0 – Nenhum jogador do Warriors disputou uma edição das finais da NBA. Zero, mesmo. Seria este um dado preocupante? Talvez. Mas, entnao, qual foi o último time a chegar a uma decisão nessas condições? O mesmo Bulls aqui já citado, o de 1991, com Michael Jordan, Scottie Pippen, Horance Grant, Bill Cartwright e John Paxson todos estreando. É que os Bad Boys do Detroit Pistons simplesmente não os deixava avançar. Quando o Bulls passou, levou. Em Cleveland, LeBron James já vai para a sua quinta final consecutiva, é verdade – sendo o primeiro atleta da liga a conseguir essa façanha desde diversos nomes do dinástico Boston Celtics em 1966. James Jones, seu amigão, o assessorou em todas as quatro decisões anteriores também. Mike Miller jogou nas de 2011 a 2013. Kendrick Perkins foi campeão pelo Celtics em 2008 e vice-campeão em 2012, enquanto Shawn Marion ganhou a de 2011.


Deu Warriors x Cavs. Notas sobre os desfecho das finais de conferência
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Giancarlo Giampietro

LBJ que se prepare: Warriors tem diversos defensores para tentar segurá-lo

LBJ que se prepare: Warriors tem diversos defensores para tentar segurá-lo

As finais de conferência já são história, definindo que o Golden State Warriors vai jogar sua primeira decisão da NBA após 40 anos e que LeBron James chega a sua quinta em cinco anos – um aproveitamento de 100% nesta década. Para o seu Cavs, vale como o retorno após a varrida sofrida em 2007 contra o Spurs.

Assunto é o que não falta. Seguem, então, algumas notinhas sobre os desdobramentos dos últimos dias e outras pílulas sobre o que vem por aí. Alguns desses tópicos provavelmente mereçam ser explorados com mais atenção até a próxima quinta-feira, quando começa o embate. Foi apenas a segunda vez em 29 anos em que as conferências consagraram seus campeões em um máximo de cinco jogos. Ambos terão uma semana de descanso, então, para regenerar James, preservar o joelho de Kyrie Irving e cuidar de uma eventual concussão de Klay Thompson.

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Os relatos de Oakland afirmam que não houve comemoração mais tímida como a do Warriors nesta quarta, no vestiário. Nada de champanhe, choro e exaltação. “Alguns jogadores tiraram selfies com o troféu da Conferência Oeste, e ficou nisso”, escreve o veterano jornalista Tim Kawakami, do San Jose Mercury News. “Já estão claramente concentrados nas próximas quatro vitórias.”

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Poxa, mas nenhuma tacinha?

Dá pra entender a sobriedade. melhor time o ano todo. Só o título vale como desfecho de uma das melhores campanhas da história. Com 79 vitórias e 19 derrotas até agora, são os favoritos. Em que pese o fator LBJ.

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Varejão e Leandrinho, mais de 10 anos na liga

Varejão e Leandrinho, mais de 10 anos na liga

Vamos ter um segundo brasileiro campeão, para se juntar a Tiago Splitter. E pelo segundo ano consecutivo. Se Leandrinho tem jogado muito bem como substituto eventual de Chef Curry ou Klay Thompson, com média de 11 minutos em 15 partidas, Anderson Varejão é praticamente um assistente do Cleveland, depois de ter sofrido uma ruptura de tendão de Aquiles em dezembro. Se a equipe desbancar o Warriors, porém, o pivô merece tão ou mais o anel de campeão do que qualquer um de seus companheiros. Afinal, é o cara que está no clube desde 2004, viu LeBron crescer e partir com os seus talentos para South Beach, sofreu com tantas derrotas nos últimos anos e se tornou um patrimônio da cidade. Quando seu corpo não lhe trai, não há quem entregue mais.suor em quadra.

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“Nós somos um time de arremesso e que não chutou bem hoje. Pelo menos fizemos uma ótima defesa.”

Foi uma das frases de Draymond Green nas entrevistas após a vitória final sobre o Rockets. Sem a eloquência costumeira, mas resumindo sua equipe. De novo: o Warriors não é especial só por causa do talento dos Splash Brothers. No Jogo 5, acertaram apenas 9 de 29 tentativas de longe, com Curry em desarranjo, mas acabaram com James Harden e souberam proteger a cesta depois de um primeiro quarto dominante e preocupante de Dwight Howard.

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Sobre Curry: o que houve? O MVP matou apenas 7 de 21 arremessos, sendo 3 em 11 de três pontos. Ainda perdeu 3 de 12 lance livres. Sem dúvida que foi um reflexo do tombo que levou em Houston. Ele sentia leve dor no lado direito de seu corpo. Decidiu até mesmo jogar com a proteção eternizada por Allen Iverson no braço. Mas a bola não caía com a frequência desejada. Tirou a braçadeira, e não deu em nada. Faço um paralelo com um carro de Fórmula 1, se me permitirem. A forma de arremesso do armador é tão especial, tão sofisticada que qualquer componente desalinhado pode fazer toda a diferença. Com uma semana de treinamento e respiro, tem tempo suficiente para restaurar a configuração original.

Agora é descansar o braço. Se a pequena Riley permitir

Agora é descansar o braço. Se a pequena Riley permitir

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É,  James Harden…  13 turnovers, recorde individual em um jogo de playoff. Só fez um pontinho a mais que isso. Se o Sr. Barba conseguiu evitar a varrida em Houston, acabou vivendo um pesadelo em Oakland. Fica a dúvida agora sobre qual desfecho seria menos indigno para a sua temporada.

Mas o Houston Rockets como um todo deve se despedir de cabeça erguida. Ser o segundo colocado numa conferência dessas não é pouco. Ainda mais com Howard perdendo exatamente a metade da campanha e Terrence Jones, Patrick Beverley e Donatas Motijeunas fora por muito tempo. E com Josh Smith, Corey Brewer e Pablo Prigioni chegando no meio do caminho.

Lembrem-se que o time texano caiu na primeira rodada dos playoffs do ano passado. Voltou, então, com uma defesa top 10, num progresso sensacional, mesmo sem Howard. O próximo desafio agora é procurar diversificar o ataque encontrar outros planos para além da correria e das investidas de Harden. O craque precisa da ajuda de outra força criativa no perímetro. Beverley, Brewer e Ariza são peças complementares excelentes, mas contribuem muito mais com defesa e energia. Não são caras que desafoguem a vida na hora de buscar a cesta.

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Para ficar no tema dos eliminados, o Hawks encerra a melhor campanha da franquia desde que se estabeleceu em Atlanta. Foi um ano maravilhoso, mas que terminou como um suplício. Começou com a fratura na perna de Thabo Sefolosha, causada pela polícia nova-iorquina. Depois foi a vez de DeMarre Carroll quase estourar o joelho. Al Horford foi expulso. Kyle Korver acabou de passar por uma cirurgia no tornozelo direito. Shelvin Mack sofreu uma ruptura no ombro e também vai ser operado. Afe. O futuro do time fica no ar agora, devido à entrada de Paul Millsap e Carroll no mercado, com a cotação elevadíssima. Danny Ferry, um dos dirigentes que melhor contratou nos últimos anos, segue afastado. E o clube tem novos proprietários. Seria um pecado que esse núcleo não tivesse mais uma chance.

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Steve Kerr, Cleveland Cavaliers, player, cardE este card? Ainda iniciando sua carreira na liga, depois de uma temporada com o Phoenix Suns, o chutador Steve Kerr jogou pelo Cavs de setembro de 1989 a dezembro de 1992, quando foi trocado para o Orlando Magic por uma escolha de segunda rodada do Draft de 1996, que resultaria em… Reggie Geary (quem?). Depois, acertaria com o Chicago Bulls. O resto da história vocês conhecem. Cinco títulos como atleta, comentarista brilhante, dirigente competente e agora um técnico de sucesso. Não apostem contra ele.

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Ao assumir o Golden State, um dos primeiros nomes contatados pelo treinador para compor sua comissão técnica foi… David Blatt. E pensar que o comandante do Cavs ficou muito perto de aceitar a proposta. Meio que já tinham um acordo informal, até que o Cavs (antes do Retorno) entrou na parada. Kerr nem tinha muito do que reclamar, pois havia feito a mesma coisa com Phil Jackson e o New York Knicks. Se o Mestre Zen tivesse feito a proposta dias antes, talvez tivesse assinado um contrato com o ex-pupilo. Pequenos desvios no rumo da história que nos colocam aqui, diante da final Warriors x Cavs. Agora Kerr e Blatt se enfrentam: é o primeiro par de treinadores (coff! coff!) novatos. Tecnicamente, é a segunda vez, mas isso porque houve uma primeira temporada, com dois treinadores que, dãr, estreavam em seus postos. Em 1947,  Eddie Gottlieb, do Philadelphia Warriors, levou a melhor sobre Harold Olsen, do Chicago Stags, por 4 a 1.


Para Bauru, ao menos a final continua. No 1º jogo só deu Flamengo
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Giancarlo Giampietro

Foram 15 pontos e 7 assistências para Laprovíttola, em 26 minutos

Foram 15 pontos e 7 assistências para Laprovíttola, em 26 minutos

Quando você junta em quadra uma equipe que está se arrastando e outra que está voando, chegando ao auge, pode dar isto, mesmo: 22 pontos de vantagem, não importando que esteja valendo taça. Na abertura da decisão NBB 7 nesta terça-feira, um Flamengo para lá de determinado atropelou o trôpego Bauru por 91 a 69, no Rio de Janeiro.

Após uma surra dessas, se há algo que pode servir de consolo para o time de Guerrinha, dono da melhor campanha da fase de classificação, é o fato de a final do campeonato nacional ter adotado o formato de melhor-de-três neste ano. Os bauruenses têm, então, a chance de se rever seu erros e se recuperar. Só não dá para dizer que seja em casa, já que terão de jogar em Marília, no próximo sábado, para tentar evitar um tricampeonato para o Fla.

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>> Os duelos, os números e a luta por hegemonia

Para quebrar a hegemonia rubro-negra na competição, vão precisar promover uma reviravolta drástica em relação ao que vimos numa Arena da Barra que poderia estar mais cheia e vibrante. Pois não lembraram nem de longe o conjunto que já conquistou três títulos na temporada – Paulista, Liga Sul-Americana e Liga das Américas. Esteve, porém, com a mesma voltagem das partidas contra Franca e Mogi nas últimas semanas. A diferença é que agora encara um adversário ainda mais qualificado.

Guerrinha pedia energia. Mas faltou mais que isso

Guerrinha pedia energia. Mas faltou mais que isso

O sistema ofensivo Bauru já não tem o mesmo ritmo e a mesma fluência da primeira metade da temporada. Isso tem a ver com a perda em velocidade, seja pelo desfalque de Jefferson William como pelo desgaste de tantos jogos? Certamente. Mas não é só. Falta movimentar a bola, que tem empacado com facilidade. Nesses momentos de adversidade, os atletas têm procurado a definição por conta própria.

Do outro lado, um Flamengo na ponta dos cascos, muito mais ativo e organizado, numa combinação perfeita para um resultado estrondoso desses. Os atuais bicampeões tiveram forte pegada defensiva desde o início, desestabilizando a armação dos paulistas, congestionando seu garrafão, também sem permitir arremessos livres de fora.

Fischer, Alex, Larry tentavam infiltrar e davam de cara com dois defensores, invariavelmente. O resultado: turnovers e bandejas e chutes forçados em flutuação. Bem postados, os defensores dominaram os rebotes – destaque para a atuação do jovem Cristiano Felício, que já marca melhor que o americano titular, com um deslocamento de pés muito rápido para alguém de seu tamanho. Sabe fechar espaços como veterano. Bauru converteu apenas 36% dos arremessos de quadra, sendo que, nas bolas de dois pontos, foram 42,1%. Muitos erros, muitos rebotes, e o contra-ataque facilitado.

O time da casa venceu a disputa nas duas tábuas por 27 a 12 no primeiro tempo, e aí o estrago já era gigantesco, com o placar sinalizando 49 a 28. No final, a vantagem nos rebotes ficou em 43 a 31. “Viemos preparados para disputar cada bola. Acho que foi o grande diferencial da equipe hoje. Todos brigando pelos rebotes e cobrindo na defesa, algo importante para enfrentar um time que pode jogar com até cinco homens aberto. Conseguimos defender muito bem, anulamos alguns jogadores deles por boa parte do jogo”, afirmou o ala Marquinhos, ao SporTV.

Defesa em postada do Flamengo

Defesa do Flamengo: chute contestado e linha de passe fechada

O Flamengo foi o time mais veloz e mais físico em quadra, amplamente superior no jogo interno tanto no ataque como na defesa. Rafael Hettsheimeir e Murilo acertaram juntos apenas 5 de 15 arremessos de dois pontos, sem espaço para operar no garrafão. Isso teve a ver com energia (o termo usado por Guerrinha em diversos pedidos de tempo), claro, manifesta na disposição defensiva dos atuais bicampeões, mas não dá para explicar uma lavada dessas só por essa via.

Bauru sente muito a falta de Jefferson William, por ser um ala-pivô leve e bom de rebote. É o contraponto perfeito para Olivinha e Herrmann. A dupla de pivôs de hoje tem muita técnica e força, mas é bem mais lenta, comendo poeira em transição e também apresentou dificuldade para completar as rotações defensivas nesta terça. Claro que não ficam apenas na conta dos grandalhões os 91 pontos flamenguistas. Teve cesta para todo mundo: Vitor Benite marcou 16, seguido pelos 15 de Laprovíttola, Marquinhos e Olivinha.

No ataque, Jefferson ajuda a espaçar a quadra para facilitar a vida dos armadores. Mas o time teve tempo para se ajustar a esse desfalque e até ganhou a Liga das Américas com esta formação. Contra o Fla, porém, aconteceram investidas individuais em excesso e nenhuma fluidez. No terceiro período, deu para contar, por exemplo, até cinco posses de bola seguidas sem que nem mesmo três passes fossem trocados.

“Não falo que tenha falado energia, falo que faltou inteligência, e isso foi minando nossa força. Disposição teve, mas faltou cabeça”, disse Alex, ao SporTV. “Essa não foi a nossa equipe. Jogamos de modo errado, no ataque e na defesa. A gente facilitou para que eles tivessem esse aproveitamento. Tem de esquecer e focar na segunda partida.”

Depois da torção de tornozelo de Murilo, Guerrinha escalou quatro abertos ao lado de Rafael ou Thiato Mathias. O panorama mudou um pouco. Bauru já venceu o quarto período por 26 a 21. Isso poderia já representar um começo, mas seria injusto com o Flamengo, que tinha a partida absolutamente resolvida com menos de meia hora de duração. O jeito, mesmo, é correr para Marília, renovar o fôlego e encontrar outro rumo em direção à cesta. E essa é só metade do problema. Pois o Flamengo está jogando muita bola.


Harden evita varrida, Howard em suspense e mais notas de um jogo maluco
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Giancarlo Giampietro

James Harden também tem coração

James Harden também tem coração

Algumas notas sobre o jogo maluco que foi a vitória do Houston Rockets sobre o Golden State Warriors nesta segunda-feira, por 128 a 115, evitando uma varrida?

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James Harden simplesmente não merecia se despedir de uma partida desta maneira e fez questão de prolongar a temporada do clube texano por conta própria, com 45 pontos, 9 rebotes, 5 assistências, 2 tocos, 2 roubos de bola e 7 bolas de três pontos, em 40 minutos, convertendo 13 de 22 arremessos. Foram 33 pontos no segundo tempo. Tudo verdinho:

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Uma atuação digna de um franchise player, de um dos cestinhas mais mortais que se vai encontrar por aí. Qualidades que lhe valeram a segunda colocação na votação para MVP. Ainda assim, tenho essa incômoda sensação de que, de modo geral, não se respeite tanto assim o que o Sr. Barba faz em quadra. Talvez por sua capacidade para buscar o contato e sofrer faltas… Talvez pela aparente falta de expressão (afinal, a massa capilar meio que cobre tudo, mesmo)… Enfim. Ou, de repente, ele já é venerado, e esse parágrafo todo foi um desperdício de tempo.

De qualquer forma, David Hardisty, do blog Clutch Fans (dedicado ao Rockets), fez um exercício interessante. Cronometrou o quanto durou a sessão de perguntas e respostas tanto de Harden como de Curry no pós-jogo. O armador do Warriors falou por sete minutos. A entrevista do ídolo local durou 1min35s. “O tombo será a história de veiculação nacional para este jogo”, registrou.

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Resumo dos acontecimentos: 1) Josh Smith desembestado; 2) 45 pontos no primeiro quarto para o Rockets (depois de terem marcado 37 no primeiro tempo do Jogo 3… Se tivessem mantido o ritmo, teriam marcado 180 pontos na partida; 3) 22 pontos de vantagem abertos no início do segundo período; 4) Steph Curry busca o toco, passa por cima de Ariza, cai de modo assustador em quadra, batendo a cabeça e deixando todos, absolutamente todos aflitos; 5) Golden State baixa para até sete pontos o placar já nesta parcial; 6) Harden acerta um arremesso de seu garrafão, logo após um rebote ofensivo (abaixo). Tudo isso em 24 minutos. Ok, o que mais faltava? Claro que era uma tempestade em Houston, segurando muitos torcedores no Toyota Center, para que eles pudessem ponderar sobre o quão aleatórios podem ser os acontecimentos da vida. : O

(Como Jeff Van Gundy disse, um chute desses deveria ser validado, não importando que o cronômetro já tivesse zerado. E digo mais: não só deveria valer, como deveria contar cinco pontos no mínimo. Que absurdo.)

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O Houston Rockets agora tem quatro vitórias em partidas nas quais precisava evitar a eliminação. Qualquer perspectiva de uma virada miraculosa contra o poderoso Golden State Warriors, porém, passa pela decisão do departamento técnico da NBA sobre Dwight Howard. O irritadiço pivô pode ser suspenso.

Os oponentes sabem o quanto ele pode perder a compostura facilmente. Tyson Chandler já o deixou no limite na primeira rodada. Agora foi a vez de Andrew Bogut. No empurra-empurra tradicional do garrafão, o australiano primeiro empurrou o pivô da casa, que, ao se virar para a bola e a transição defensiva, soltou o braço na direção do adversário. A arbitragem deu falta flagrante 1.

Se você for comparar este lance com dois episódios recentes dos playoffs, fica bem clara uma incoerência na marcação. É quando a famigerada interpretação entra para causar discórdia.

Vejamos a agressão de JR Smith em Jae Crowder, no último jogo da série Cavs x Celtics, que resultou na suspensão do ala por duas partidas:

(Smith acerta o adversário em cheio, com mais força, mas o movimento é parecido.)

E agora o ato de quase-fúria de Al Horford para cima de Matthew Dellavedova, hoje o jogador mais odiado em toda a Conferência Leste, que causou sua expulsão do Jogo 3:

A NBA vai certamente revisar o rolo entre Howard e Bogut. Caso cedida elevar a falta para flagrante 2, o pivô do Rockets será suspenso automaticamente do Jogo 5 em Oakland, por ter acumulado quatro pontos nesse tipo de incidente.  As regras são as seguintes: cada falta flagrante gera um ou dois pontos de penalização para um atleta, dependendo de seu grau. A partir do momento que o jogador passar dos três pontos, receberá um gancho de uma partida, independentemente de já ter sido excluído em quadra.

Ex-vice-presidente da NBA e chefe do departamento técnico, o treinador Stu Jackson afirmou acreditar em uma suspensão para Howard. “A falta flagrante provavelmente vai ser elevada. Foi uma ação temerária e fez contato com a cabeça. Foi um contato muito mais severo que o da falta flagrante de Horford”, afirmou. “Lembrem-se que a avaliação da falta flagrante não tem a ver com intenção. É uma regra em relação a ação e contato.”

“Espero que não”, diz Howard. “Mas não tem muito o que possa fazer a essa altura. Nunca é minha intenção machucar alguém em quadra. Minha reação foi apenas de tentar me livrar dele, mas não posso reagir desta maneira.”

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Caso seja realmente suspenso, ao menos Dwight Howard deu uma compensada com a torcida. Por morar num subúrbio distante do Toyota Center, o pivô não conseguiu sair imediatamente. Disse que as vias estavam interditadas devido ao temporal lá fora – foi como se a natureza pudesse sentir toda a turbulência deste Jogo 4 e resolvesse descarregar uma tempestade na cidade. Coisa de maluco:. Depois de banho tomado, entrevistas concedidas, voltou para a quadra para trocar uma ideia com alguns torcedores e curtir um pouco de música. Relatos da mídia de Houston, aliás, dão conta de que o sistema de som da arena tocou, até com certa ironia, “Purlpe Rain”, o clássico de Prince.

Numa relax, numa boa

Numa relax, numa boa

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Cadê o grito da galera?

Mais: o telão central do ginásio divulgou uma mensagem enquanto o jogo ainda estava em andamento, recomendando que os torcedores permanecessem em seus lugares, por precaução devido ao péssimo clima lá fora. Serviço.

Toyota Center, weather, Houston, storm

E outra sobre a torcida: os aplausos no momento em que Steph Curry saía de quadra após sua assustadora queda foram louváveis. Afinal, era o craque que havia despedaçado seus corações há duas noites e, na brincadeira, mandou um torcedor mais agitado se sentar.

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Curry, aliás, disse que não tem o menor interesse de ver o vídeo de seu capote, passando por cima de Ariza numa tentativa de toco. “Uma vez já foi o bastante”, afirmou. O armador passou por diversos exames e testes no vestiário até ser liberado de volta ao jogo, depois de constatada uma contusão na cabeça – contusão que não gerou concussão. Ele, Steve Kerr e a diretoria do Warriors asseguram que não havia o menor risco para que continuasse na partida. Depois de um airball e de levar um toco no perímetro, o MVP passou a pontuar com a naturalidade de sempre, mesmo. Importante dizer que há um protocolo bastante rígido hoje em vigência por parte da NBA para a avaliação de possíveis sintomas de concussão cerebral. A avaliação é isenta, independentemente do jogo ou do personagem envolvido.

Stephen Curry, Warriors, Rockets, queda, fall

A queda

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Juntos, Rockets e Warriors acertaram 37 de 78 arremessos de três pontos, estabelecendo um recorde para os playoffs da NBA. O aproveitamento foi de 47,4% no geral, com 52,1% para o time da casa. James Harden matou 7 em 11, superando Curry dessa vez (6-13, o mesmo número de Klay Thompson, que enfim fez uma partida para justificar o apelido de Splash Brothers). O recorde anterior dos mata-matas era de 33 acertos em 54 chutes de longa distância, envolvendo curiosamente o mesmo Rockets e o finado Seattle Supersonics, em 1996. Eventual vice-campeão da liga, perdendo para o histórico Chicago Bulls das 72 vitórias, o Sonics matou 20 em 27 tentativas, com rendimento de 74,1%.