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Categoria : Notas

Jason Collins se assume gay e, após 12 anos, passa de coadjuvante a estrela na NBA
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Giancarlo Giampietro

Jason Collins, 34, acumulou em todo o campeonato 2012-2013 da NBA exatos 41 pontos, marca atingida ou superada por outros atletas em 22 ocasiões em apenas um jogo. No total, ele ficou apenas 38 minutos em quadra. Entrou na competição como jogador do Boston Celtics, clube que sonhava com o título, e terminou com o Washington Wizards, franquia que tem como hábito dar férias mais cedo aos seus atletas – leia-se, antes dos playoffs, em abril. Ainda assim, o pivô pode ter protagonizado a grande notícia da temporada nesta segunda-feira, ao se assumir homossexual em um artigo para a revista Sports Illustrated, que tem circulação mundial e é uma verdadeira instituição esportiva nos Estados Unidos.

Jason Collins, primeiro a assumir homessexualidade na NBA

Jason Collinas, nas bancas na sexta-feira

Só não foi capa (ainda) porque a revista teve de se desdobrar para realizar seu ensaio em primeira pessoa, optando por publicá-lo no site nesta segunda antes de colocá-lo nas bancas na próxima sexta – uma raridade em sua rotina. A repercussão foi imensa, claro. Para se ter uma ideia, Collins começou o dia com pouco menos de quatro mil seguidores no Twitter em mais de 400 dias como usuário. No momento de redação deste post, menos de 24 horas depois, já tinha 84 mil. Não é para menos: estamos falando do primeiro jogador em atividade tanto na NBA, como em todas as principais ligas de esportes coletivos norte-americanas a se revelar desta maneira.

Antes de fazê-lo, costurou o anúncio com o comissário David Stern e seu eventual sucessor, Adam Silver, e recebeu o sinal verde. Não que, a julgar por seu texto,  fosse mudar de ideia em caso de alguma negativa dos cartolas. “Cheguei a este estado invejável na vida em que eu posso fazer praticamente o que eu quero. E o que eu quero é continuar a jogar basquete. Eu ainda amo o jogo e eu ainda tenho algo a oferecer. Meus treinadores e companheiros de equipe reconhecem isso. Ao mesmo tempo, eu quero ser genuíno, autêntico e verdadeiro”, escreveu.

Curiosamente, na semana passada, quando questionado hipoteticamente, Stern afirmou que não esperava nenhum tipo de comoção se algum das centenas de atletas de sua liga se declarasse gay.  Na semana passada! “Isso deveria ser um não-problema neste país”, disse, no sentido de que os Estados Unidos já deveriam estar mais do que habituados com o tema. Em seu comunicado de segunda, foi um pouco mais além: “Como Adam Silver e eu dissemos a Jason, nós conhecemos a família Collins desde que Jason e Jarron entraram na NBA em 2001, e eles têm sido membros exemplares da família da NBA. Jason tem sido um jogador e um companheiro de equipe muito respeitado ao longo de sua carreira, e estamos orgulhosos que ele tenha assumido o manto da liderança sobre esta questão muito importante”.

Claro que rolou uma repercussão danada, dentro e fora da liga. Kobe Bryant, Steve Nash, Kevin Durant e muitos, mas muitos outros jogadores usaram a grande rede para manifestar apoio ao companheiro, falando em “orgulho”, “felicidade”, “respeito” e “admiração” pelo exemplo dado pelo veterano.  (Agora: quem teria a coragem de partir ao ataque, depois do aval público de Stern e de toda a corrente positiva que a declaração de Collins originou? Difícil.) Bill Clinton, Michelle Obama, Martina Navratilova, Andy Roddick, Barry Sanders, entre outras personalidades, seguiram essa linha.

Durante todo o dia, então, lá estava Jason Collins na ESPN, na CNN, na NBC, em todas as TVs, em todos os lugares, justo ele, que nunca foi estrela de nada – um cara sempre reconhecido muito mais como um dos “gêmeos Collins”, ao lado do irmão Jarron, do que como “astro da NBA”.

Jason Collins, que jogou com Nenê na temporada

Jason Collins, num rebote mais que fácil

Em quadra,  seu papel é realmente discreto. Com um jogo pouco chamativo e até bastante limitado em alguns quesitos, já levou diversos ‘especialistas’ e torcedores de Nets, Grizzlies, Wolves, Hawks, Celtics e, agora, Wizards a questionar se era francamente um jogador digno de fazer parte do melhor basquete do mundo.

Acontece que o pivô sempre fora muito mais valorizado por treinadores do que por qualquer outra classe. Não só por sua postura profissional exemplar, valorizada nos vestiários, mas também pelo sutil impacto que pode causar por meio dos pequenos detalhes de um jogo, muitas vezes captados apenas em métricas mais avançadas, em vez dos apanhados básicos de números como pontos, rebotes ou tocos.

Quer dizer, “sutil” talvez não funcione como um termo apropriado, uma vez que, para cumprir bem suas determinações em quadra, Collins já desceu a marreta em muita gente. “Eu odeio dizer isso, e eu não tenho orgulho disso, mas uma vez fiz uma falta tão dura em um jogador que ele teve que deixar a arena em uma maca”, referindo-se ao ala Tim Thomas, ex-Sixers, Bucks, Knicks, Suns.

Mas não fica nisso apenas, no ato de dar pancada. De nada valeria seu porte físico robusto, sua presença intimidadora, se ele não tivesse a inteligência para usá-los, sabendo exatamente o que precisa e como deve ser feito (corta-luz preciso, com ângulos variados, bloqueio para o rebote, cobertura defensiva, concentração etc.) – Dwight Howard que o diga, sempre teve dificuldade contra ele no mano a mano. Foi, assim, combinando cabeça e força bruta que ele conseguiu sustentar uma carreira de 12 anos na liga, a despeito de sua notória lentidão e de uma impulsão que pouco incomoda a equipe de manutenção dos aros dos belíssimos ginásios da liga.

São todas nuanças que hoje ficam realmente bem menores. Agora, nos livros históricos, “Jason Collins” passou de nota de rodapé a capítulo. Pelo menos até chegar o dia em que uma atitude como a dele, sem dúvida corajosa, não precise mais ser enxergada como um marco.

*  *  *

Antes de Jason Collins, em tempos recentes, apenas o pivô John Amaechi, hoje comentarista, assumiu sua homossexualidade. Mas isso aconteceu bem depois de ele ter se afastado das quadras, em sua autobiografia. Além disso, sua carreira na NBA não foi das mais duradouras (foram cinco anos: 1995-96 e de 1999 a 2003). Seu melhor ano aconteceu em 1999-2000, pelo Orlando Magic, na campanha que revelou Doc Rivers como técnico. Com uma rotação frenética de jogadores, sem grandes estrelas (até então Ben Wallace era um desconhecido), a equipe batalhou demais por uma vaga nos playoffs, registrando campanha de 43 vitórias e 39 derrotas, mas terminou com a 9ª posição. Voluntarioso no ataque, Amaechi foi uma surpresa, registrando 10,5 pontos em apenas 21,1 minutos. Depois disso? Ladeira abaixo, defendendo o Utah Jazz como reserva de Karl Malone.

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Acreditem. É difícil encontrar um lance de destaque de Jascon Collins no YouTube, devido a sua extrema capacidade de ser discreto em quadra. Mas o jornalista Beckley Mason, do ESPN.com, teve uma ótima sacada diante desse impasse. Se ele não produz jogadas espetaculares, que se espetacularize o seu basquete feijão-com-arroz, mesmo. Com humor, vamos lá:

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Jarron Collins, que se graduou com Jason na prestigiada universidade de Stanford, teve ainda menos “sucesso” que o irmão em quadra: está sem clube desde 2011. Sua última sequência relevante, exagerand, aconteceu nos playoffs de 2010, como uma medida provisória do Phoenix Suns vice-campeão do Oeste.

 


Boa ideia? Shane Battier recebeu 1.100 garrafas de cerveja nas vésperas dos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Shane Battier é um dos favoritos dos jornalistas, por sempre conseguir um pouco além em suas respostas, explanações e metáforas. Para o Miami Heat, sua chegada foi um dos pontos vitais, como registramos aqui, para Erik Spoelstra a embarcar em uma revolução tática, liberando LeBron James de qualquer grilhão em quadra. Em suma, Battier é o cara, mesmo que poucos deem alguma bola pra ele.

Agora, seu papel durante a sequência histórica de 27 vitórias da equipe da Flórida nesta temporada, seu papel pode ter ido muito além disso, usando de algo muito mais importante que a inteligência ou o talento: a superstição, claro. Diz o ala revelado por Coach K em Duke que, desde que ele tomou uma golada da cerveja Bud Light. Então ele foi que com esse ritual adiante: se fosse para tomar uma cerveja – e motivo para comemorar não faltava, convenhamos –, seria dessa marca. “Todos os atletas são supersticiosos e, mesmo que não admitam, há uma rotina e uma cadência própria no dia-a-dia. Especialmente quando as coicas vão bem. É possível nos ver tentando replicá-la”, disse Battier. “Você nunca sabe. Não quero desafiar a sorte e mudar as marcas, então fiquei leal a ela.”

Aí que, nestes tempos em que um vídeo certeiro no YouTube pode render muito mais do que um banner no Vinte Um uma peça publicitária com milhões investidos em cast e computação gráfica, eles decidiram recompensar a lealdade e o marketing involuntário do jogador operário com um presente.

Battier podia ter encenado melhor sua reação na hora de receber o “pacote”, mas tudo bem. O vídeo é bacana, de qualquer jeito. Agora, caso a produção do ala despenque nestes playoffs, a razão pode ser bastante óbvia: 1.100 garrafas de cerveja.


Após exílio de 9 meses, folclórico Chris Andersen se torna peça-chave para o Miami Heat
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Giancarlo Giampietro

Quem ainda acreditava no Homem-Pássaro?

Tirando Brook e Robin Lopez e sua fixação por histórias em quadrinhos, acho que ninguém.

Até que o Miami Heat topou abrir suas portas para Chris Andersen, o mítico Birdman. Primeiro, um contrato de dez dias. Depois outro. Até que decidiu renovar de vez com mais um jogador extremamente atlético para sua coleção, conseguindo um pivô que se encaixava perfeitamente com a nova proposta de jogo de Spoelstra. Acho que deu certo. Diga lá, Dwyane Wade?

“Ele é perfeito. Perfeito”, afirmou o ala-armador, que depois procurou filosofar sobre seu novo companheiro, tentando entender o fenômeno.

Chris Andersen, reforço perfeito

Joel Anthony? Ilgauskas? Pittman? Deixa disso, vai de Birdman

“Quando você olha para tudo que o Birdman é, o que as pessoas dizem que ele é e até mesmo o que ele é de certa maneira, ele não corresponde.  Mas quando você olha para o modo como ele joga, sua produção na quadra e do que precisamos, é um ajuste perfeito”, disse.

Bem, deu uma viajada, né? Mas o que dá para entender dessa avaliação é que, para Wade, é fácil observar Andersen e se concentrar apenas nas caretas, bandanas, os mais diversos cortes de cabelo e, especialmente, nas tatuagens, tirando daí uma conclusão simples de que estamos diante de um tresloucado, de um jogador irresponsável, rebelde.

Aí você pega este, digamos, problema de imagem e soma o fato de ele já ter sido banido da liga por uso de drogas e envolvido, no ano passado, em nebulosa investigação em Denver, que levou à apreensão de computadores em sua residência, e o resultado foi que a NBA como um todo se distanciou do pivô, que ficou nove meses parado.

Não que George Karl e a comissão técnica do Nuggets tivesse alguma reclamação, uma postura contrária ao jogador. A equipe simplesmente não tinha espaço mais em sua rotação de pivôs, na qual Timofey Mozgov mal entra em quadra. Mas, quando procurados pelos treinadores de Miami, avalizaram qualquer negócio.

O que Spoelstra enxergava no pacote técnico de Andersen? Um jogador capaz de ampliar o espaçamento da quadra para sua equipe – para cima. Sim ele poderia – e conseguiu – adicionar mais uma dimensão ao ataque e a defesa dos atuais campeões. Com muita impulsão e mobilidade, ótimo tempo de bola e muita munheca, representou uma evolução considerável para a equipe que já contou com o mão-de-pedra Joel Anthony nesta função.

Aproveitando-se de excelente movimentação de bola de sua equipe, dos espaços abertos em infiltrações por LeBron e Wade, Andersen converteu 60,36% de seus arremessos na zona mais próxima da cesta. Mas a melhor notícia ainda é o fato de que 90,24% de seus arremessos durante todo o ano saíram dessa região. Estamos falando de 111 em 123 arremessos no total, com muita consciência tática – veja no gráfico abaixo. Para comparar, no ano passado, 77,8% de suas tentativas foram nessa faixa de curtíssima distância para o aro.

Os arremessos de Chris Andersen

“Sabe, o clube me permite ser o jogador o que sou. Este tipo de liberdade dá uma grande margem de confiança para mim. Isso me inspira a voltar para o ginásio e trabalhar ainda mais duro, muito mais, para me esforçar em ser um jogador melhor”, disse Andersen, que tem 80% de suas cestas de quadra oriundas de assistências dos companheiros.

Além disso, com sua presença sui generis, o pivô se encaixou rapidamente em um elenco que o próprio técnico diz não ser dos mais fáceis: “Acho que este foi um ponto-chave com Cris, que ele se encaixou em um vestiário complexo. Você precisa ter personalidade, tem de ser confiante. Se não tiver a personalidade certa, você pode ser destroçado numa situação dessas”.

Hoje, o reforço é intocável. “Ninguém vai mexer com o Bird. Há dois caras que você não tem permissão para mexer aqui: ele e o UD (Udonis Haslem)”, afirmou LeBron.

A personalidade de Andersen é tamanha que ele dobrou até mesmo uma das regras pessoais de Spoelstra, que havia prometido que não se referiria a nenhum atleta por seu apelido e deixou escapar vez ou outra um “Bird” em suas entrevistas, se desculpando em tom de brincadeira na sequência.  E nem precisava se desculpar, nem nada. Com Andersen, ou Bird, no time, o Heat decolou, acumulando 38 vitórias em 41 partidas. “Por alguma razão, ele é diferente”, explicou Spoelstra.

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Não há dúvida de que Chris Andersen seja um personagem cult, e há um certo cuidado para valorizar sua marca. Um dia desses ele corrigiu um repórter sobre seu hábito de simular batidas com os braços em quadra como se fossem asas. “Batida. Eu bato apenas uma vez, então não são batidas.”

(Se bem que, na abertura do Harlem Shake do Miami Heat, ele bate o braço no mínimo umas 13 vezes:

Figura.

Já um dos queridinhos da torcida do Miami, agora com exposição nacional nos EUA, chegou a hora de Andersen se apropriar do codinome Birdman como sua marca profissional. “Eu preciso registrar. Estamos tentando”, afirma. Seu agente, porém, só esclarece algo. “Tudo o que ele faz vai para caridade. Ele está envolvido demais com ciranças. Vamos lançar a Fundação Freebird para ajudar crianças desfavorecidas. Qualquer um que estiver vendendo camisetas ilegais do Birdman na Internet está roubando dinheiro da caridade”, disse.

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Veja abaixo as duas participações de Andersen na disputa de enterradas do All-Star Weekend em anos consecutivos, 2004 e 2005. Destaque, claro, para sua épica apresentação no segundo ano, na qual testou a paciência de toda uma nação. Reparem também como seu corpo ainda estava limpinho, limpinho, e como Gilbert Arenas ainda era uma estrela naquela época:

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E aqui o Chris se junta ao PETA num belo esforço de relações públicas, exibindo todas suas tatuagens:

 

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Chris Andersen foi o primeiro jogador a ser promovido da D-League para a NBA, em 2001, pelo Denver Nuggets, clube no qual foi companheiro de Nenê por seis temporadas. Antes de defender o Fayeteville Patriotas na liga de desenvolvimento, passou pelo basquete chinês e pela extinta IBA (International Basketball Association).


Scott Machado encara uma final perfeita com revanche na D-League
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado no ataque

O jogador até pode encampar do discurso de que está numa tranquila, numa relax, numa boa. Mas, quando chega a hora de enfrentar sua ex-equipe, aquela que o dispensou, inevitável que se passe por aquela sensação de buscar vingança ou, no mínimo, de provar que o clube fez uma péssima decisão em não aproveitá-lo. Pois é esse cenário que o armador Scott Machado enfrenta na final da D-League.

Antes de prosseguir, façamos uma pausa rápida para recapitular a saga do brasileiro nova-iorquino nesta temporada, em dez passos: 1) passou batido no Draft; 2) assinou como agente livre com o Houston Rockets; 3) sobreviveu aos cortes de pré-temporada e teve seu contrato efetivado; 4) ficou mais tempo com a filial do Rockets, o Vipers, do que no time de cima; 5) teve seu contrato rescindido pelo Rockets, abrindo espaço para a chegada de Patrick Beverley; 6) voltou a jogar pelo Vipers, mas sem vínculo com o Rockets; 7) foi repassado para o Santa Cruz Warriors, filial do Golden State; 8) assinou um contrato de dez dias com a franquia da NBA, 9) assinou com o Golden State até o final da temporada, 10) mas ficou na D-League.

Pois bem. Quis o destino – aaaah, o destino… – que o Warriors “B” se deparasse justamente contra o Vipers na decisão da liga de desenvolvimento. com Scott no centro das atenções.

A série, disputada em formato melhor-de-três, começou nesta quinta-feira, e, ao final do primeiro jogo, Scott teve de lidar com sentimentos contraditórios, já que ele teve uma boa atuação, mas sua equipe perdeu em casa, por 112 a 102 (se estiver sem ter o que fazer, confira a partida na íntegra no vídeo abaixo). Agora a série vai para a cidade de Hidalgo, com a equipe texana precisando de apenas mais um triunfo para garantir o título.

Nesta quinta, o armador ficou em quadra por apenas 19 minutos, mas aprovou cada instante de ação. Reconhecido muito mais como um armador puro, dessa vez ele foi muito mais agressivo procurando a cesta, anotando 16 pontos em 11 arremessos, com um aproveitamento surpreendente da linha de três pontos (66%, comquatro cestas em seis tentativas).

Agora é esperar para ver se Scott vai ter mais chances no retorno ao Texas para dar um ou outro motivo para a gestão do Rockets se arrepender. De preferência, não apenas com uma final perfeita, mas também com um final perfeito, ganhando o título na casa dos ex-chefes.


Stephen Curry promove bombardeio inédito na linha de três pontos e atormenta o Nuggets
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Giancarlo Giampietro

Perigo: Stephen Curry avistado

Já citamos seus 54 pontos no Madison Square Garden como uma das melhores atuações de toda a temporada, mas precisamos falar mais sobre Stephen Curry. Que todos entrem e fiquem confortáveis – menos o Ronaldinho Gaúcho, que torce para o Denver Nuggets.

Vamos colocar desta maneira: fosse jogador do NBB, o craque do Golden State Warriors beiraria os 65 pontos por partida. Considerando a facilidade que se tem para jogar em transição por aqui, ou mesmo os buracos que aparecem na defesa em meia-quadra dada a geralmente tímida contestação no perímetro, e ainda levando em conta a menor distância da linha de três pontos, e seu eventual apelido seria “Tempestade”.

Não é uma questão de ser incoerente. O jogador deveria sempre buscar o arremesso de maior probabilidade de acerto, sim, em vez de se acomodar no perímetro. É que, no caso de Curry, pasmem, seu chute funciona melhor de longa distância do que na área de dois pontos. (Ok, nos seus três primeiros anos na liga, suas médias de dois pontos foram sempre superiores ao que fazia de três. E ele também nunca apelou tantas vezes a esse recurso – em 2010, ‘queimou’ 380 vezes, enquanto em 2011 ficou em 342, com rendimento de 43,7% e 44,2%, respectivamente. Mas…) Pelo menos nesta temporada foi assim: 45,3% de três, contra 45,1% no geral. Veja no gráfico retirado da sensacional e bombada área de estatísticas do NBA.com:

Quando se aventura perto da cesta, seu rendimento está abaixo da média da liga (daí a cor vermelha). De média distância, Curry é regular, medíocre. De fora, porém, tirando os tiros frontais, só verdinho: tem um aproveitamento incrível, especialmente da zona morta pela direita. Se o rapaz ficar livre por ali, um abraço. Contra o Nuggets, ele não está hesitando nem por um segundo sequer em agredir, tendo somado 20 arremessos de três nas duas primeiras partidas em Denver. Sai de baixo, que o bombardeio está em andamento. Há rumores, inclusive, de que a defesa civil tenha colocado a cidade do Colorado em estado de alerta.

É um padrão que segue o que ele produziu durante todo o campeonato. O armador do Warriors converteu 272 arremessos de três, quebrando o recorde de 269 que pertencia a Ray Allen. No total, ele arriscou mais do que o dobro de fora (600 vezes!) do que em lances livres (291). Novamente: para um jogador comum, não seria uma disparidade recomendável. Mas estamos falando de um caso especial, de alguém que mata esse tipo de bola com extrema facilidade, mesmo em uma jogada de um contra um. Como nesta bola aqui em sua noite absurda no Garden:

Dá para confundir com sorte? Com toda a envergadura de Tyson Chandler em sua direção, o corpo caindo levemente para a direita, é possível  que sim. Mas repare na consistência de sua mecânica e de seus movimentos, parecendo um robozinho. Ele não chega a alcançar a elevação máxima em seu jumper, mas seu gatilho é rápido o suficiente para compensar:

O triste é que Stephen Curry voltou a  sentir, em Denver, seu tornozelo pela 47ª vez nos últimos três anos e disse que, se o jogo fosse nesta quinta-feira, não teria condições de ir para a quadra. Como está marcado para sexta, confia de que vai se recuperar. Os torcedores do Warriors aguardam com ansiedade. Lá eles não razão alguma para temer o que vem de cima.

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É coisa de DNA. O pai de Stephen Curry, Dell, jogou na NBA de 1986 a 2002, passando por vários clubes, mas se destacando de verde pelo Charlotte Hornets nos anos 90, como coadjuvante de Larry Johnson e Alonzo Mourning. Ele terminou sua carreira com belo aproveitamento de 40%, tendo liderado a liga na temporada pós-locaute em 1999, matando 47,6% de seus disparos. O irmão mais novo de Stephen, Seth, se formou pela universidade de Duke neste ano e tenta ingressar na liga profissional no próximo draft com média de 39,3% de longa distância, e 43,8% em sua última campanha.

Nenhum dos três ficou famoso, porém, por ser um grande defensor. O armador do Warriors tem muito o que melhorar nesse sentido.

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Curry é um cara confiante em seu arremesso, mas não tem nada de invejoso.

Dia desses o jovem ala Nik Stauskas, vice-campeão universitário por Michigan e mais um da nova geração canadense, postou uma brincadeira no YouTube no qual jura ter feito 102 cestas de três pontos em cinco minutos. Obviamente não fiz a conta, então vamos dar um voto de confiança para o cara, que realmente desequilibrou muitos jogos nesta temporada para os Wolverines no perímetro. Tá certo também que ele mal se mexe aqui para fazer seus arremessos, descansando as pernas, aumentando a concentração também. Aí que o Stephen Curry assistiu tudinho e chamou o moleque no Twitter para uma disputa no futuro. Admitiu que era um vídeo “impressionante”. Então não vai ser o blogueiro com seu aproveitamento de 33,3% no auge que contestaria.

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Um perfeccionista, daqueles bem chatos mesmo em seus comentários, o ex-ala-armador Rick Barry – o capitnao de outra família cuja habilidade nos arremessos está no sangue e campeão pelo Warriors nos anos 70 – afirmou que Curry e o ala Klay Thompson já formam uma das melhores duplas de chutadores de todos os tempos.


Spurs domina Lakers em San Antonio e deixa disputa no Oeste mais promissora
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Giancarlo Giampietro

O Howard de Lakers contra a prede

São diversas questões para tirar da frente. Mas duas delas são mais importantes para tratar aqui:

1) Gregg Popovich, para variar, blefou o tempo todo?

2) Ou seria o Lakers tão ruim assim?

Porque, horas antes de abrir a série contra os velhos rivais de Los Angeles, o treinador do San Antonio Spurs dizia que estava “preocupado” com sua equipe. “Terminamos a temporada da pior forma que me lembre”, disse. Supostamente, Tony Parker ainda estaria com dificuldade para recuperar sua melhor forma física depois de uma torção de tornozelo em péssima hora. Manu Ginóbili estaria em frangalhos. Sem Boris Diaw, sua rotação de garrafão estaria seriamente comprometida. Segura.

E aí o que acontece nos dois primeiros jogos?

Duas vitórias, sem deixar nenhuma chance para os cacarecos que restam do Lakers, ainda que os placares não sejam os mais chocantes (91 a 79 e 102 a 91). Quando Manu Ginóbili está passando a bola por trás das costas encontrando Tony Parker para uma cesta de três pontos na zona morta, você sabe que as coisas estão indo bem, seguras para esses eternos candidatos ao título.

O único asterisco para se levantar aqui diz a respeito do Lakers, mesmo. Sem Kobe. Sem entrosamento algum. Steve Nash tendo de tomar uma assustadora injeção epidural atrás da outra. Steve Blake acaba de sentir uma fisgada muscular. Ron Artest talvez esteja jogando sem sentir o joelho. “Essa é disparada a pior temporada para lesões de que eu tenha participado”, afirmou Nash. “Pessoalmente e coletivamente.”

Aí que o ataque angelino talvez seja muito fácil de ser parado por uma defesa que se fortaleceu na temporada – daí a pífia média de 85 pontos por partida até o momento.

Pode ser. Por outro lado, mesmo se for esse o caso, os duelos com o Lakers podem servir como um período de intertemporada de luxo em pleno início dos playoffs. Se Parker e Ginóbili estavam realmente avariados, ou apenas jogando na terceira marcha, quatro, ou, vá lá, cinco joguinhos destes talvez sejam o bastante para que eles cheguem 100% para o embate de segunda rodada contra Nuggets ou Warriors.

“Estamos recuperando nosso ritmo”, afirmou Tim Duncan, prestes a completar os 37 anos mais jovem que um basqueteiro pode aparentar. “Agora Tony está entrando em forma, saudável, e vamos ver mais um Tony da velha escola. Tipo o Tony de novembro, dezembro e janeiro”, afirmou Ginóbili sobre seu armador. “Lentamente, mas seguramente”, concordou Parker. “Se eu e Manu conseguirmos ficar saudáveis, confio no nosso time.”

O francês somou 46 pontos e 15 assistências nos confrontos em San Antonio. O argentino tem 15,5 pontos, 5 assiistências, 3,5 rebotes em apenas 19 minutos por jogo, com aproveitamento de 66,6% nos três pontos. “Ambos estão parecendo muito bem”, diz Duncan, feliz da vida.

Claro que, com todo o azar que o Spurs enfrentou nas últimas temporadas, especialmente em relação a Ginóbili, ainda é muito cedo para comemorar. Ainda tem muito playoff pela frente.

Só não deixa de ser intrigante esta retomada dos texanos. Uma semana atrás, a Conferência Oeste parecia toda do Oklahoma City Thunder – e ainda pode ser o caso. Agora começa a reacender alguma fagulha na oposição.

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Depois de destroçar a concorrência nos últimos jogos da temporda regular, Pau Gasol ven enfrentando sérias dificuldades contra a defesa do Spurs, e Tiago Splitter tem dado uma forcinha para isso. Embora cause impacto na partida de diversas maneiras (25 rebotes e dez assistências somadas em 78 minutos), o espanhol retorna para Los Angeles com aproveitamento de apenas 40% nos arremessos, sem conseguir se firmar como um ponto seguro na hora de atacar a cesta.

Dwight Howard, por sua vez, vai tendo um desempenho típico, com 36 pontos, 24 rebotes e seis tocos em 75 minutos, com aproveitamento de 62,5% nos arremessos e os mesmos infelizes 50% na linha de lance livre, perigando sempre de cair na lamentável, mas procedente tática de faltas intencionais por parte de Popovich.

Cabe ao técnico Mike D’Antoni pensar em outras formas para fazer Gasol jogar. Com tantos problemas em eu elenco, se o pivô espanhol, enfim saudável e feliz, não funcionar ofensivamente, o Lakers dificilmente escapa de uma varrida, de modo que teriam lutado tanto para  chegar aos playoffs, apenas para cumprir tabela em quatro jogos.


Com ou sem estrela? Carmelo e Nuggets abrem playoffs da NBA com vitória
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Giancarlo Giampietro

Carmelo Anthony x Avery Bradley

O Carmelo vencedor dá as caras, enfim

Há sempre a ideia de que, na NBA, não se avança nos playoffs sem uma superestrela no elenco. Que o Detroit Pistons de 2004 seria apenas uma exceção para confirmar essa regra.

Bem, para os que não duvidam dessa máxima, se o Knicks for contar regularmente com o Carmelo Anthony que marcou 36 pontos neste sábado no primeiro confronto contra o Celtics, fica a impressão, sim, de que equipe de Manhattan pode, depois de muito tempo, desfrutar de uma longa campanha nos mata-matas.

Melo não se cansa de mencionar em entrevistas que venceu a vida inteira como jogador de basquete. Títulos no colegial, título no universitário em sua primeira e única temporada por Syracuse. Duas medalhas de ouro olímpicas. “I’m a winner, I’m a winner, I’m a winner”, foi o seu mote por muito tempo.

Na NBA, porém, resultado que é bom?

Nada.

O ala passou da primeira fase dos playoffs apenas uma vez (2009) desde entrou na liga, em 2003. É isso mesmo: só ma vez. Mesmo que tivesse ao seu lado gente como Chauncey Billups, Andre Miller, Allen Iverson, Amar’e Stoudemire, Nenê, Tyson Chandler, Kenyon Martin, Marcus Camby, Arron Afflalo, Al Harrington, JR Smith, Reggie Evans e outros atletas competentes, terminou por forçar sua saída por julgar que, em Denver, jamais conseguiria ir longe.

Esse discurso, para ser sincero, é o que me tira do sério nos esportes coletivos: quando a estrela reclama de não conseguir ir longe, ignorando que talvez, não custa dizer, caiba justamente a ela a condução de seu time. E, ok, claro que é difícil ser o capitão de um Bobcats ou Wizards – mas o Nuggets sempre teve elencos no mínimo decentes durante sua carreira por lá.

Mas tem isso também sobre Melo. Ele se comporta feito uma estrela, mesmo, sendo moldado para isso. Esperando um grande palco para brilhar. Em Nova York, ganhou todas as luzes, para tristeza de Stoudemire. Só demorou um pouco a corresponder a tanta atenção. Agora em sua terceira temporada, depois da conquista do segundo ouro com o Team USA, aos 28 anos, o décimo na liga, ele diz que, enfim, entendia as coisas, o que precisava ser feito para ter sucesso real e, não, virtual, em quadra.

Dessa vez não foi falácia. Apareceu em forma, mais concentrado em envolver seus companheiros, aceitando jogar como ala-pivô – e arcar com as consequências físicas dessa mudança –, e conduziu o Knicks a uma tão aguarda campanha de elite. O clube conquistou seu primeiro título de Divisão desde a era Pat Riley.

Na abertura dos playoffs, extremamente confiante, teve mais uma grande atuação, com 36 pontos – foi responsável por 42,3% da produção total da equipe –, torturando um cansado Jeff Green no final da partida. Acertou 44,8% de seus tiros de quadra, o que, friamente, não representaria o melhor rendimento. Porém, tal como já aconteceu muitas vezes com Kobe, é preciso ver o nível de dificuldade dos arremessos que Melo arriscou.

Nem sempre são as melhores tentativas, mas nem sempre também é por sua culpa. O ataque do Knicks não conseguiu criar espaços e situações em que seu cestinha pudesse operar com mais facilidade – tirando Anthony, só 5 em 19 tentativas. Mérito também de um time que defende bem há tempos. Então, numa posse de bola emperrada, acaba sobrando a bola na mão em situações de pressão. Dos últimos 11 pontos da equipe, ele marcou seis e fez a assistência para a cesta final de Kenyon Martin a 40 segundos fim. Foi dessa forma que terminou o embate, e o ala produziu – e venceu.

*  *  *

Por outro lado, no segundo jogo do dia, lá estava o Denver Nuggets, órfão de um destes cahamados astros desde a saída de Anthony, também vai encontrando sua própria maneira de atingir o sucesso, com um jogo coletivo e diversas armas que possam decidir um jogo, sem que nenhuma delas chega a ser badalada, nem nada. Ty Lawson até começa a se despontar, mas sempre tem espaço pra Danilo Gallinari, Kenneth Faried, Wilson Chandler e outros serem protagonistas.

No primeiro embate com o Warriors, em vitória por 97 a 95, foi a vez de o veterano Andre Miller, 37 anos, brilhar, marcando 28 pontos, incluindo a cesta da vitória a pouco mais de um segundo par ao fim da partida. Ao final da partida, o armador estava pasmo: disse que foi a primeira cesta de sua carreira nos últimos instantes para definir uma vitória. Teve seu momento de estrela.


Confiante, armador afirma que Milwaukee Bucks pode vencer o Miami Heat em seis jogos
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Giancarlo Giampietro

Jennings, nas alturas

Brandon Jennings, uma figura contra o Miami Heat

Você dá aquela espreguiçada, calça o chinelo e o arrasta até a cozinha. Prepara o chá, encharca a torrada de requeijão e abre o HoopsHype. A primeira nota discorre sobre a possível reunião entre Mike Brown e Cleveland Cavaliers, tem um pouco sobre Bynum, Dallas Mavericks e Carmelo… Até que, de repente, lá está o Brandon Jennings para fazer da sua manhã algo muito mais feliz.

“Estou realmente confiante. Estou certo de que todo mundo já está nos descartando, mas eu nos vejo vencenco a série em seis jogos”, disse o armador do Milwaukee Bucks, em uma premiação do mundo dos esportes no estado do Winsconsin, lá onde o Bon Iver montou sua cabana-estúdio e onde a adolescente Jennifer Lawrence se revelou ao mundo em “Inverno da Alma” (Winter’s Bone).

Acontece que, mesmo no Winsconsin, você não pode sair falando o que der na telha sem que as pessoas te julguem. Lembrem que o Bucks tem pela frente o grande favorito ao título, o Miami Heat. Então nem mesmo os nativos puderam receber a declaração de Jennings sem espanto. Percebendo a reação apavorada dos jornalistas, o armador, então, sorriu e ao menos escapou com essa: “Não tem pressão alguma sobre nós!”

Bem, isso é verdade. Não há expectativa alguma em torno dos rapazes de Milwaukee nessa. Afinal, eles mais perderam do que ganharam no campeonato, com 38 vitórias e 44 derrotas.

E, por mais que ele nunca tenha terminado uma temporada da NBA com mais de 42% de pontaria nos arremessos de quadra, Jennings não deixa de lado, mesmo, a empáfia. Badalado desde os tempos de High School, seguiu uma rota incomum ao ignorar o basquete universitário para ganhar como profissional em Roma, chegou com tudo à NBA, anotando 55 pontos já em sua sétima partida.

O problema é que, até hoje, quatro anos depois, este continua sendo o grande momento de sua carreira. O jogador não progrediu muito em Milwaukee, mas ainda acredita que vale o salário máximo da liga e que seu time pode despachar o Miami Heat por 4 a 2.

Bom dia, sexta-feira.


As melhores atuações, partida, contratações e mais no fechamento da temporada da NBA
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Giancarlo Giampietro

Curry foi o último a brilhar no Garden

Stephen Curry fez chover no Garden em uma atuação marcante nesta temporada

Escrevemos que foi realmente uma temporada excepcional da NBA, né? Pelo menos foi a sensação aqui no QG 21, embora a senhorita 21 não tenha achado muita graça de tudo isso, não, ainda mais quando o fuso horário fica bastante ingrato e o League Pass invade a madrugada. De qualquer jeito, vamos relembrar alguns momentos que possam sublinhar, justificar essa impressão de um belo campeonato fincado em uma era que tem tudo para ser reconhecida no futuro também como de ouro. Vamos neste post um pouco além das tradicionais premiações/palpites na conclusão da jornada da temporada regular. De sexta em diante, viramos a página para falar de playoffs.

As melhores atuações
Stephen Curry anota 54 pontos no Garden (27 de fevereiro)
São tantos os armadores talentosos na liga hoje que é muito fácil de alguém passar despercebido. Pois o filho de Dell Curry fez questão de deixar sua marca da melhor forma possível com uma partida incrível contra o Knicks. A naturalidade e confiança nos movimentos do jovem astro do Golden State Warriors. No vídeo abaixo, repare na marca de 2min20s sua cesta de três pontos em contra-ataque, na qual a bola mal toca na redinha. Embora sua equipe tenha perdido, ninguém pode dizer que Steph não tentou. Foi um bombardeio: 18 arremessos convertidos em 28 tentativas, com O-N-Z-E tiros de longa distância em 13, para chegar ao recorde da temporada. Sem contar os seis rebotes e as sete assistências. Para provar que não foi apenas uma noite acidental, agora há pouco, em Los Angeles, ele anotou 47 pontos, 9 assistências e 6 rebotes contra o Lakers

Kobe Bryant saiu aplaudido do Rosen Garden (10 de abril)
A cidade de Portland, com seu grupo de torcedores que estão entre os mais fiéis da liga, sempre recebeu o astro do Lakers, da forma mais abrasiva possível, em termos de hostilidade – afinal, o cara já aprontou muito em sua vida contra o Blazers, ainda mais em playoffs. Mas seu último desempenho em seu ginásio não abriu nenhuma outra alternativa que não a admiração. Com o Lakers contra a parede, Kobe justificou a frase que usou durante todo o ano – “Vencer a qualquer custo” – ao ficar em quadra por todos os 48 minutos em uma vitória crucial, somando 47 pontos, 8 rebotes, 5 assistências, 4 tocos e 3 roubos de bola, matando todos os seus 18 lances livres. Sim, uma atuação heroica:

Kevin Durant e Westbrook contra a rapa em Dallas (18 de janeiro).
Em um jogo de duas equipes que se detestam, devido ao histórico recente nos mata-matas, o Thunder feriu ainda mais o orgulho de Dirk Nowitzki com essa vitória por 117 a 104 na casa do Mavs, com direito a prorrogação. A duplinha dinâmica visitante arrebentou com o jogo: foram 52 pontos, 9 rebotes e 21/21 lances livres em 50 minutos para Kevin Durant e 31 pontos, 6 rebotes e 6 assistências em 45 minutos para Wess.

– Oi, eu sou o Jamers Harden. Lembram de mim? (20 de fevereiro)
Não foi o primeiro confronto entre o Capitão Barba e seus ex-companheiros de Thunder. Mas foi sua primeira vitória contra eles (122 a 119, em Houston), com a maior partida de sua ainda jovem e promissora carreira. O rapaz foi um assaassino em quadra: 46 pontos, 7 rebotes, 6 assistências e 14/19 nos arremessos e 11/12 nos lances livres, com uma eficiência incrível:

LeBron James, uma noite qualquer.
Escolha: a) 40 pontos, 16 assistências e 8 rebotes em vitória por 141 a 129 sobre o Sacramento Kings no dia 26 de fevereiro; b) 39 pontos, 8 assistências, 7 rebotes e 17/25 nos arremessos em vitória por 99 a 90 sobre o Lakers em Los Angeles; c) 39 pontos, 12 rebotes, 7 assistências em vitória por 110 a 100 sobre o Thunder em Oklahoma City; d) 32 pontos, 10 assistências, 8 rebotes, 11/14 nos arremessos e 10/11 nos lances livres em vitória por 109 a 77 sobre o Charlotte Bobcats… Dava para cumprir o abecário inteiro aqui, de modo que iríamos estourar nossa cota de clipes do YouTube.

O melhor jogo
Aqui não há dúvida alguma: a vitória do Chicago Bulls sobre o Miami Heat, encerrando a sequência histórica do time de LeBron James. Atmosfera de playoff, uma torcida completamente envolvida com o jogo, um time de operários se levantando para fazer frente aos astros visitantes, inesquecível:

A melhor cobertura
Zach Lowe, do site Grantland, foi a revelação da temporada, pelo menos para quem foi conhecer seu trabalho apenas agora. Assistindo sabe-se lá quantas horas de jogos nos últimos meses, fraturando cada posse de bola em busca de pequenos detalhes que ajudam a contar uma grande história, mas sem deixar de ir ao ginásio, conversando com dirigentes, ténicos e jornalistas, o jornalista/analista deu um banho na concorrência, misturando um pouco da velha e da nova cobertura da liga. Leitura obrigatória para os próximos anos, isso se o cara não seguir os passos de John Hollinger como cartola de alguma franquia.

As melhores trocas
Houston Rockets tira James Harden de Oklahoma City: já falamos aqui, mas não custa repetir que as novas regras da liga serviriam, supostamente, para complicar a vida das franquias mais ricas, como o Lakers, e isso até pode se mostrar verdadeiro nos próximos anos. A ironia é que, no meio do caminho, o reformulado acordo trabalhista primeiro abalou um dos clubes de pequeno porte mais competentes, o Thunder, que se sentiu obrigado a negociar Harden agora, antes de perdê-lo por nada no futuro, considerando que não poderiam arcar com as taxas que sua contratação renderia. E o Rockets ganhou essa ave de penugem rara, ou barba rara no caso: uma superestrela.

Orlando Magic de alguma forma se sai bem com a troca de Dwight Howard: quem? Mas quem mesmo poderia imaginar que Nikola Vucevic produziria tanto assim como pivô do Orlando Magic? Ora, a própria diretoria do clube da Flórida! Nem sempre as projeções se confirmam, mas sabe quando o jogador de origem suíça (!) tinha  na temporada passada por 36 minutos? Algo como 12,5 pontos, 10,9 rebotes e 1,5 toco. Este ano? Efetivado como titular, sem as restrições de Doug Collins, os números passaram para 14,2 pontos, 12,9 rebotes e 1,1 toco. Subiram em geral, mas não foi um salto de outro mundo. O cara só precisava de tempo de quadra. Além disso, o Magic conseguiu um diamante bruto em Maurice Harkless, que ganhou, neste ano, a companhia de outro jogador bastante promissor, Tobias Harris, envolvido em um pacote por JJ Redick. De repente, há um núcleo em que se apostar na Disneylandia.

As melhores contratações custo x benefício
– JR Smith pelo New York Knicks, US$ 2,8 milhões
Smith tinha certeza de que valia mais e justificou essa confiança toda em sua melhor temporada na NBA, como um dos melhores reservas da liga. Mais aplicado na defesa e nos rebotes, um pooouco mais consciente no ataque, supriu a ausência de Amar’e como escudeiro de Carmelo. Extremamente improvável que continue nessa faixa salarial, uma vez que pode excercer uma cláusula que o tornaria um agente livre ao final do campeonato.

– Carl Landry pelo Golden State Warriors, US$ 4 milhões
Houve um tempo em que Landry estaria hoje no meio de um contrato de US$ 32 milhões por quatro ou cinco anos, completamente tranquilo a respeito de seu futuro. Em uma NBA mais econômica, teve de se contentar com um contrato de apenas dois anos – sendo que a segunda temporada também depende de sua decisão. Um leão debaixo do aro, ótimo reboteador ofensivo, ótimo pontuador no garrafão e nos chutes de média distância, deu estabilidade a um time que conviveu o ano todo com as incertezas em torno de Andrew Bogut.

Por essa poucos esperavam
Chris Andersen (Miami Heat), Matt Barnes (Los Angeles Clippers), Nate Robinson (Chicago Bulls), Chris Copeland (New York Knicks), Andray Blatche (Brooklyn Nets), Patrick Beverley (Houston Rockets)… Todos eles assinaram pelo salário mínimo – que varia de acordo com a experiência de cada atleta na liga –, ou pouco mais, e se tornaram peças importantes  em equipes de playoffs.


Lakers avança aos playoffs em sétimo; veja como ficaram todos os confrontos
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Giancarlo Giampietro

Foi um jogo em clima de playoffs. E, suando como o Los Angeles Lakers teve de suar nas últimas partidas, semanas, não havia nada de estranho nisso. É como se eles ja estivessem jogando numa condição de mata-mata há tempos. Nesta temporada inclassificável, eles conseguiram superar uma série de lesões e intrigas desnecessárias para, na última rodada, enfim, assegurar que seguiriam adiante na Conferência Oeste da NBA

Gasol, em grande fase novamente, aleluia

Gasol, mais um jogo brilhante de um astro que D’Antoni destratou no início da temporada

Com direito a prorrogação, depois de um chute de três pontos de Chandler Parsons, uma das revelações do campeonato, no último segundo, a equipe de Mike D’Antoni bateu o Houston Rockets por 99 a 95 em mais um jogo dramático – porque, francamente, esta campanha não poderia terminar de outra maneira.

O time californiano foi para quadra já classificado, devido ao revés do Utah Jazz contra o Memphis Grizzlies, mas ninguém entre os tropeiros de Lakers e Rockets queria aliviar em nada. Tudo pela sétima colocação nos playoffs e o sonho de eliminar o San Antonio Spurs.

E não é que é possível?

Resumidamente: o Spurs hoje parece vulnerável. Manu Ginóbili concluiu a temporada afastado das quadras, Tony Parker estava em frangalhos, e eles ainda perderam Boris Diaw e Stephen Jackson, dois veteranos talentosos, para deixar o banco de reservas ainda mais fraco. Ou Tracy McGrady ainda pode produzir algo em uma quadra de NBA?

Sério? O T-Mac?

Stephen Jackson deve estar se matando de rir, ou chorando de raiva a essa altura. Talvez em Porto Rico, vai saber.

Por outro lado, claaaaaaro que ninguém vai duvidar da capacidade de Gregg Popovich e claaaaro que só dá para se impressionar com o ano que Tim Duncan teve.

Mas…

Se Parker não estiver inteiro para acelerar um pouco o jogo e atacar de modo agressivo e efetivo no pick-and-roll, na meia-quadra, de uma hora para a outra, você tem um time texano mais vulnerável diante de Lakers que realmente poderia pensar em alguma coisa nesta série,  um clássico da liga, mesmo sem Kobe.

Ainda mais com a grande fase de um ressurrecto Pau Gasol – foram 17 pontos, 20 rebotes e 11 assistências contra o Rockets! Aleulua, D’Antoni, aleluia! – e a possibilidade de Steve Nash retornar nos playoffs. Ainda que Steve Blake, vivendos seus melhores dias como um Laker, possa dizer uma coisa ou outra a respeito sobre o desfalque de seu xará.

*  *  *

Por que o Spurs é melhor para o Lakers, fora as lesões de Parker e Ginóbili?

A dificuldade em geral da defesa angelina em parar Harden, Parsons, Beverley (aquele que roubou a vaga de Scott Machado) e qualquer Rocket que pudesse criar a partir do drible só serve para sublinhar todo o empenho do time em tentar subir para o sétimo lugar do Oeste nesta quarta. Contra Durant e Westbrook? Não teriam a menor chance.

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Confira todos os playoffs da NBA 2012-2013 (voltaremos a eles até sábado):

OESTE

– 1-Oklahoma City Thunder x 8-Houston Rockets
Quis o destino que James Harden realmente tivesse de enfrentar os ex-companheiros

– 4-Los Angeles Clippers x 5-Memphis Grizzlies
Blake Griffin e Zach Randolph se odeiam; na verdade, praticamente tudo se odeia aqui

– 3-Denver Nuggets x 6-Golden State Warriors
Os times vão correr tanto que Bogut pode  ter um piripaque em quadra; Ty x Steph?? Uau.

– 2-San Antonio Spurs x 7-Los Angeles Lakers
Ok, Pop, taí o que você queria. Era o que você queria mesmo, né!?

LESTE

– 1-Miami Heat x 8-Milwaukee Bucks
Porque, com Jennings e Ellis no ataque e Sanders na cobertura, o Bucks pode com todo mundo. Claro.

– 4-Brooklyn Nets x 5-Chicago Bulls
Serve para algo o mando de quadra do Nets? Noah vai jogar? E rose? Vamos de Deron x Thibs no fim?

– 3-Indiana Pacers x 6-Atlanta Hawks
Para fugir do Heat, o Hawks fez de tudo. Não sei se, fisicamente, vão ficar tão satisfeitos. Podem vencer, mas com hematomas.

– 2-New York Knicks x 7-Boston Celtics
Clássico é clássico, e vice-versa, já ensinou Jardel. Mas o Knicks é o favorito, a não ser que os médicos tenham alguma surpresa.