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Com mais espaço, Lucas Bebê tem perspectiva de crescimento no Estudiantes
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Giancarlo Giampietro

Lucas Bebê, de volta ao Estudiantes

Bebê teve boa atuação contra o Fuenlabrada, mantendo sua evolução na Espanha

Ainda é pré-temporada. O Estudiantes ainda está procurando se entender, assimilando as novas peças de seu elenco. O mesmo acontece com a concorrência, ainda mais para aqueles que ainda estão desfalcados pelo EuroBasket ainda em pleno curso. Então não dá para cravar nada e, na hora de apostar, é melhor ser precavido com o seu dinheirinho sofrido de cada dia. Mas as notícias sobre Lucas Bebê que vêm da Espanha neste mês são animadoras.

Depois de namorar o Atlanta Hawks por mais de um mês, vislumbrar a possibilidade de assinar seu contrato de NBA e, no fim, ter de se contentar com o retorno para Madri e a Liga ACB – o que não está nada mal, convenhamos –, o desafio para o jovem brasileiro era manter a cabeça erguida, não deixar a motivação despencar e entrar forte em mais um ano de evolução para a realização de um potencial incrível. Parece que é o que vem fazendo, causando boa impressão nos primeiros amistosos de seu clube.

Aos 21, cada temporada é importantíssima para o progresso de Lucas. Se em Atlanta ele não teria tempo de quadra, melhor, então, seguir em frente com o Estudiantes, ainda mais com um novo contexto rodeando a equipe. Entre os grandalhões, saíram o veterano pivô Germán Gabriel, o o americano e ainda mais experiente Lamont Barnes e o britânico Daniel Clark.

Gabriel foi um dos destaques da liga em 2012-2013 e se viu surpreendentemente valorizado na reta final de sua carreira. Acabou recebendo uma proposta mais intere$$ante do Bilbao, clube de Euroliga, e se mandou para o País Basco. O jogador era a referência no jogo interno, digamos, estudantil e também fazia as vezes de um tipo de paizão do brasileiro – basta acompanhar o garoto no Twitter nestes dias para ver sua admiração pelo ex-companheiro durante os jogos da seleção espanhola: está toda hora perguntando quando o Gabriel vai jogar, por que o técnico não o usa mais, Gabriel isso, Gabriel aquilo. Se, por um lado, ele perde um mentor, por outro sobram mais oportunidades para desenvolver suas habilidades ofensivas.

Barnes, aos 34 anos, era o segundo homem da rotação de pivôs. Clark, que joga muito mais aberto, atirando de três pontos sem a menor cerimônia, era o terceiro. E aí entrava o brasileiro, com o quarto homem, embora começasse as partidas jogando – sim, mais uma prova de que não tem a menor importância qualquer discussão sobre sujeito ser titular ou banco num jogo de basquete.

Para reposição, o Estudiantes investiu em dois reforços bastante experimentados: o búlgaro Dejan Ivanov e o croata Marko Banic. Pelo que vem demonstrando durante a pré-temporada, Ivanov, 27, é quem deve assumir boa parte das jogadas trabalhadas para Gabriel, tendo jogado a Euroliga pelo Lietuvos Rytas e defendido também o Cimberio Varese na Itália. Foi muito elogiado pelo técnico Txus Vidorreta. Veja esta declaração: “Está claro que pelo nosso plantel e as baixas que sofremos, Dejan é o jogador que melhor pode dominar na zona pintada, produzindo na defesa, sofrendo faltas no ataque, indo para o rebote. É um bom passador, joga bem perto da cesta, é uma ameaça e conhece o jogo. Além disso, já parece um irmão mais velho: dá instruções para os jovens e está se integrando de modo fantástico”. Acho que o búlgaro já pode pedir um aumento, não?

Banic, de 29, ainda não fez sua estreia, mas é um velho conhecido do basquete espanhol, tendo jogado pelo Bilbao de 2005 a 2012. Fez um pit stop na Rússia no ano passado, até ser dispensado pelo Unics Kazan devido a uma cirurgia no joelho. Não sabemos qual o seu estado físico no momento. Se estiver em forma, oferece a Vidorreta, com quem já trabalhou no passado, outra referência ofensiva, com uma munheca bastante eficiente próximo da tabela e também nos tiros de meia distância.”Depois de um ano difícil na Rússia, o Marko necessita de confiança para ir retomando as boas sensações. Estou convencido de que ele vai conseguir aqui”, disse o treinador. (Uma anedota sobre Banic: acompanhado de Moncho Monsalve, me lembro de uma carona que conseguimos com a seleção croata para voltar de uma loooonga noite – de jogos! – durante o Pré-Olímpico mundial de Atenas, em 2008. O ginásio do Panathinaikos estava fechando, o transporte para a imprensa havia se mandado, e por sorte me deparei com Moncho num saguão. O treinador estava zanzando por lá, fazendo a social de sempre, também sem veículo para voltar ao hotel. Entrou num bate-papo animado com o atleta, que falava um espanhol impecável, deixando o ex-técnico da seleção embasbacado. Simpático, nos arrastou para o busão, economizando alguns preciosos euros para o repórter.)

Os dois chegam ao Estudiantes para ser protagonistas, não há como negar. Agora, Lucas, no mínimo, já foi promovido a terceiro pivô. Soa até bobo escrever isso, né? Na prática, todavia, isso deve representar uma escalada dos 14 minutos que recebeu na temporada passada para algo entre 20 a 25 por jogo. Não dá para esperar que ele vá ser explorado de maneira substancial no ataque, mas as combinações de pick-and-roll com o jovem atleta devem acontecer com maior frequência. E o pivô também já mostrou que pode contribuir bem em qualquer ataque com sua visão de jogo e propensão para o passe, seja de costas para a cesta ou na cabeça do garrafão. Além disso, enquanto Banic não vai para a quadra, é hora de o brasileiro aproveitar os minutos que tem a mais na pré-temporada e deixar uma boa impressão.

Nos quatro primeiros testes do clube, foi cestinha numa vitória contra o Guadalajara, das divisões inferiores do país – é o que diz o site oficial do clube madrilenho, mas sem dar os números. Na segunda partida, agora contra um rival de ACB, derrota para o Zaragoza, marcou 13 pontos. Contra o Real Madrid, mais uma revés, anotou nove pontos e brigou bem com o tunisiano Salah Mejri no garrafão. Sua participação só acabou limitada pelo excesso de faltas, cometendo a quarta ainda no terceiro período. De todo modo, para sua equipe o ponto mais positivo foi que, quando estavam os titulares em quadra, chegaram a abrir 15 pontos de vantagem.

Nesta quinta, fizeram o quarto amistoso e venceram o Fuenlabrada por 89 a 80. Lucas saiu do banco – Fran Guerra, pivô espanhol da sua idade e mais uma cria da base do Estudiantes, foi o titular – e jogou por 21min48s, terminando com nove pontos, seis rebotes, duas assistências, três roubos de bola e dois tocos. Foi o segundo jogador mais eficiente de sua equipe, com 22 pontos neste quesito, atrás apenas dos 27 de Ivanov. “As coisas vão saindo pouco a pouco. Tivemos bons jogos contra Zaragoza e Real Madrid, sem resultados positivos, mas estávamos contentes por nosso trabalho, e era normal que chegaria um bom resultado que refletiria o que temos feito nos treinamentos. Agora é seguir trabalhando”, disse o carioca.

Em sua cobertura sobre o amistoso, o site Planeta ACB destacou o desempenho defensivo de Bebê, com mais consciência em seu posicionamento, sem perder a agressividade – como seus números, neste caso, comprovam. Suas intervenções teriam gerado bons contra-ataques para seu companheiros. “Ainda tenho que melhorar na defesa sem a bola e usar mais as mãos, mas estou contente com meu progresso neste aspecto”, afirmou.

É isso aí. Na verdade, Lucas tem muito o que evoluir não só nesse quesito, como em muitos outros (desenvolver o chute de média distância, trabalhar o drible rumo ao aro, ficar mais atento na proteção de rebotes, entre outros itens num processo de refinamento).  Hoje, o pivô ainda depende muito de sua maravilhosa capacidade atlética para produzir em quadra. E, quanto mais tempo ele passar nela, melhor. Que comece logo a temporada, então, com os jogos para valer e uma perspectiva bastante otimista para o brasileiro.


Na ACB, Lucas Bebê deve se concentrar no desenvolvimento técnico de seu jogo, além do físico
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Giancarlo Giampietro

Lugar de Bebê é na quadra

Lucas ouve instruções em Vegas. Pelo Hawks, seria uma cena regular durante a temporada

Antes de desenvolver o físico, Lucas Bebê também tem muito o que progredir em termos de técnica.

No Atlanta Hawks, sobrando uma merreca de minutos na rotação interior, o pivô brasileiro teria muito tempo para puxar ferro, sim. Mas e a quadra? Como ficaria? Lembrando a declaração do seu agente, Aylton Tesch, ao Murilo Borges, da rádio Bradesco Esportes: “Se o Atlanta falar que vai dar de cinco a dez minutos de jogo para o Lucas e que, no final do ano, ele vai estar com 15 kg a mais de massa magra muscular e que vão fazer um trabalho extraquadra, de vídeo, para ele poder aprender mais o jogo da NBA, vale mais a pena do que se ele for jogar 25 minutos na Espanha, onde para condicionamento físico eles só querem que os atletas corram”, disse.

Lucas foi selecionado pelo Hawks no finalzinho de junho. Disputou a Summer League em julho. Ficou próximo de técnicos e dirigentes em Atlanta durante todo esse tempo, enquanto, paralelamente, Danny Ferry ia montando seu elenco para a próxima temporada da NBA. Encerradas essas contratações, não havia como garantir nem mesmo esses dez minutos com o técnico Mike Budenholzer, que tem Paul Millsap e Al Horford como seus principais pivôs, com os veteranos Elton Brand, Mike Scott, Pero Antic e Gustavo Ayón para assessorá-los, vindo do banco.

São cinco pivôs bastante versáteis, oferecendo ao estreante treinador uma combinação de habilidades interessante. Nenhum deles tem hoje a combinação de envergadura e agilidade de Lucas para proteger o aro, mas, no conjunto, é um forte quinteto defensivo. De modo que restaria ao carioca apenas as atividades complementares – ou a D-League. E, entre a liga de desenvolvimento e Liga ACB, não há muito o que escolher, não.

Não só Bebê vai ganhar mais dindin na Espanha, como vai enfrentar uma concorrência muito mais qualificada, num ambiente esportivo trilhões de vezes mais estruturado. Sem contar a familiaridade do jovem atleta com seus companheiros e com a própria competição em si, montando um cenário mais favorável para sua evolução. Se você tem uma opção de continuar num time com tradição no tratamento de jovens, brigando pelos playoffs na segunda liga mais forte do mundo, não há por que abrir mão disso. Um atleta com a sua idade – 20 anos recém-completos – tem de jogar.

“Retornar ao Estudiantes vai permitir que ele continue a se desenvolver, jogando minutos significantes contra uma competição muito boa. Vamos monitorar de perto seu progresso enquanto ele trabalha em direção a cumprir suas metas como um jogador de basquete”, afirmou Danny Ferry, ao anunciar a decisão do clube.

Não adianta também ficar obcecado agora com os músculos do Bebê (frase engraçada, né?). Com o tempo ele vai ganhar o físico necessário para encarar a elite, lembrando que não há muitos Marc Gasols ou Roy Hibberts por aí mundo afora. E, se o plano de Tesch deu certo, o Hawks deve encaminhar um preparador físico para acompanhar o atleta na Espanha.

Agora fica a expectativa para que ele se mantenha concentrado, empenhado em refinar seu jogo e avançar mais na concretização de seu imenso potencial, a despeito se sua preferência por ficar nos Estados Unidos. Caso consiga repetir o salto qualitativo que teve de 2011-2012 para 2012-13, vai estar em condição muito mais vantajosa para fazer a transição para a NBA em 2014.

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Agora a parte chata de todo esse processo. E a seleção brasileira?

Lucas pediu dispensa no dia 18 de julho. Claro que, na NBA, as negociações são muito volúveis, uma palavra em julho não tem o mesmo peso em agosto. Naquela época, por exemplo, Gustavo Ayón ainda estava empregado pelo Milwaukee Bucks, antes de sobrar como uma barganha no mercado. Então talvez o brasileiro estivesse confiante, mesmo, de que fecharia com o Hawks para já. De modo que seria mais interessante ficar em Atlanta para afinar a relação com todos, da mesma forma que Vitor Faverani vai fazer a partir da semana que vem.

“Venho por meio desta solicitar o meu pedido de dispensa do grupo que se apresenta nesta quinta-feira, dia 18. Tal pedido se deve ao fato de eu encontrar nos Estados Unidos, disputando partidas válidas pela Summer League e em negociações contratuais para a próxima temporada da NBA. Este é um momento importante para a minha carreira, e que exige a minha permanência para que tudo seja resolvido o mais breve possível”, afirmou o pivô em comunicado oficial.

Em retrospecto, com a possibilidade de jogar na Espanha nunca descartada lá atrás – e, a cada dia que passasse, ela cresceria, naturalmente – , será que não valeria ter se apresentado a Rubén Magnano? Os treinos do argentino são intensos. Lucas poderia ter um bom espaço e já teria dado largada antecipada em sua temporada.

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No dia 4 de janeiro de 2014, Bebê vai ter uma rodada animada pela Liga ACB. O adversário é o Obradoiro, o que significa que ele vai enfrentar o compatriota Rafael Luz e, ao mesmo tempo, o jovem pivô Mike Muscala, seu companheiro de Draft no Atlanta Hawks. Muscala definiu seu futuro bem antes, assinando com o time que foi o oitavo colocado na edição passada do campeonato espanhol .


Reforçado, Uruguai corre por fora e acredita em disputa por vaga na Copa América
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Giancarlo Giampietro

Mazzarino voltou

Nicolás Mazzarino ainda rende bem aos 37 anos. Cuidado com ele

Nicolás Mazzarino, 37, é daqueles jogadores que, na hora de se formar duas equipes para se disputar uma pelada no parque, muito provavelmente ficaria fora. Tudo por causa do olhômetro: você bate a vista no sujeito, baixinho, o cabelo com boas entradas, e tal. Sai o que daí, diria o preconceito do capitão de ambas as equipes?

Olha, uma coisa com certeza sairia: muitas bolas de três pontos. O veterano uruguaio é um dos maiores atiradores de longa distância que o basquete sul-americano já viu e, depois de sete anos, resolveu aceitar uma convocação, voltando a defender a equipe celeste na Copa América que se inicia no dia 30 de agosto.

Mazzarino não defendia o time desde o Sul-Americano de 2008. Já o ala Emilio Taboada, 31, também decidiu voltar à seleção nacional pela primeira vez desde a Copa América 2009, aquela que a seleção brasileira venceu sob o comando de Moncho Monsalve.

E o que acontece no Uruguai para o Natal ser antecipado tanto assim para o técnico Pablo Lopez?

Bem… Cientes dos desfalques que muitas das potências continentais têm no momento, os uruguaios talvez simplesmente acreditem que possam beliscar uma das quatro vagas para a Copa do Mundo de 2014, na Espanha. Algo que não parece nada exagerado, aliás. Estão farejando sangue e chegarão ligadíssimos à disputa. Aí chamam a cavalaria, ainda que seja a cavalaria uruguaia.

Mazzarino já não é mais o cestinha de mão cheia de meados dos anos 2000, assim como Taboada nunca foi.  O armador/escolta, porém, jogou na forte liga italiana até esta última temporada, sem parar, em clube de ponta, disputando Euroliga e tudo. E não não como simples mascote. Converteu 41% de seus disparos do perímetro, depois de ter matado 45,3%, 44,3% e 45,8% nas campanhas anteriores.

No contexto uruguaio, em que a mão-de-obra não é nada abundante, poder contar com esses dois jogadores, de nível internacional, é um reforço danado.  São duas peças que se somam aos já “batidos” Martin Osimani, Leandro Garcia Morales e Mauricio Aguiar, além do sub-23 Bruno Fitipaldo. Estamos diante de um elenco muito talentoso ofensivamente, com artilharia pesada, para espaçar a quadra. Resta saber se Reque Newsome e Esteban Batista estão em condições de pontuar dentro do garrafão para completar o ataque da equipe.

Batista vem em declínio no basquete europeu e, para piorar, sofreu um baita susto durante os treinamentos no Uruguai, ao cair sobre o braço, contundindo o cotovelo e o punho. No elenco uruguaio, porém, é o único que pode causar algum estrago próximo da cesta, para se aproveitar de tantos arremessadores ao seu redor.

Olho neles.

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Os veteranos voltaram, mas o Uruguai perdeu um de seus principais jogadores jovens, se não o principal, para a Copa América. É o armador Jayson Granger, formado no basquete espanhol. Ex-Estudiantes, o atleta defendeu o Boston Celtics na liga de verão da NBA em Orlando ao lado de Fabrício Melo este ano e acaba de assinar contrato com o Unicaja Málaga, de Augusto Lima. Para facilitar a adaptação ao novo clube, abriu mão de defender a seleção nacional, pela qual jogou pela primeira vez no Sul-Americano de 2012. Um bom defensor, alto e forte para a posição, Granger ajudaria bastante, mas nessa posição os vizinhos do sul ainda se viram muito bem obrigado com Osimani e o joven Bruno Fitipaldo, um armador muito talentoso ofensivamente.

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Sob o comando de López, que assumiu o time no ano passado, a preparação uruguaia já começou no dia 8 de julho e vai ser uma das mais extensas das seleções participantes. O Brasil vai enfrentá-los pela primeira vez no dia 7 de agosto, em São Carlos. As duas seleções também realizarão um Super 4 em Anápolis, entre 10 e 11 de agosto. Em jogos para valer, se enfrentam no dia 2 de agosto já pela Copa América.

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Mazzarino não está de volta apenas ao time nacional. Na próxima temporada, ele vai defender o Malvin, tradicional clube de seu país, depois de passar 12 anos na Itália, aonde defendeu o Reggio Calabria e o Cantù . Quer dizer, vai cruzar novamente com as defesas brasileiras nas Ligas Sul-Americanas e das Américas da vida.


Site espanhol levanta informações importantes sobre os planos de Lucas Bebê no Draft
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Giancarlo Giampietro

Bebê, Gui, Raulzinho e Mariano

Ao avaliar o que está em jogo para o Estudiantes na próxima temporada espanhola, não haveria como o site Encestando não passar pelo futuro do pivô Lucas Bebê, inscrito no Draft da NBA, ponderando se é a hora, ou não, de fazer essa transição. Em sua nota, o site traz duas informações importantes sobre, digamos, a candidatura do brasileiro, duas peças importantes para um quebra-cabeça que começa a se montar.

1) Lucas teria uma multa rescisória de US$ 2 milhões para sair do seu atual clube.

2) Talvez por isso só fique no Draft se for escolhido entre os 15 primeiros, tendo aí a garantia de que receberia um bom salário, podendo arcar com essa multa.

Por enquanto há uma boa vontade geral em torno do nome do pivô, bastante elogiado nos bastidores. Ele aparece hoje em terreno firme em todas as principais projeções dos sites especializados na primeira rodada do Draft. O problema é que, tirando o NBADraft.net, que o coloca como o 17º, ele aparece bem distante da área em que espera ser selecionado – o DraftExpress o tem como 27º, enquanto o ESPN.com, como 28º.

Lucas Bebê cá, Lucas Nogueira lá

Lucas Bebê em situação confortável rumo ao Draft da NBA: não há pressa

Conforme explicamos aqui, ainda é cedo, porém, para levar essas estimativas a ferro e fogo. E, a partir deste sábado, em Treviso, Lucas tem sua grande cartada para tentar melhorar sua cotação, na disputa do adidas Euro Camp, com duração de três dias, reunindo alguns dos principais prospectos espalhados pelo mundo, observados por técnicos, dirigentes e scouts. Raulzinho e Augusto também vão jogar lá, assim como o promissor Lucas Mariano, revelação do Franca, que não está inscrito no Draft, mas pode se inserir no radar da NBA com uma boa apresentação.

Em termos de competição direta, seu principal concorrente durante os treinos e jogos na simpática cidade italiana é o francês Rudy Gobert, que é ainda mais alto e comprido que Bebê, mas menos atlético (salta menos e é mais lento, por exemplo). Os dois são crus fundamentos e um tanto inexperientes em grandes partidas – na verdade, o brasileiro levaria vantagem aqui, por jogar em uma liga ACB muito, mas muito mais competitiva que a francesa.

Mas o mais importante pra o pivô carioca é mostrar serviço em geral, de provar a evolução em seu jogo e, principalmente, demonstrar que hoje encara o basquete de outra forma,  com ganho de maturidade – algo que ele vem reforçado sistematicamente a cada entrevista que dá – e que sua comissão técnica e diretoria em Madri garantem ser verdadeiro. Depois de algum estranhamento nos primeiros anos do adolescente na capita espanhola, hoje eles adoram o garoto e bancam seu futuro.

Neste ponto, Lucas fica, então, numa posição confortável. Ele não é obrigado a passar pelo Draft da NBA neste ano. Pode retirar seu nome, esperar por mais um ano, e aproveitar mais um ano de ACB pelo Estudiantes, clube com o qual tem contrato até 2014, mesmo. Com publica o Encestando: “Salvo que saia entre os 15 primeiros, algo improvável, deseja seguir um ano a mais no ‘Estu’ para completar sua formação e ter garantidos minutos importantes”.

Aliás, sobre a extensão de seu vínculo, esse é outro detalhe relevante: no ano que vem, o brasileiro poderia migrar para a NBA sem ter de desembolsar nada, algo que preocupa os espanhóis, que têm interesse em uma renovação contratual para não correr o risco de ficar de mãos abanando. “O clube primeiro quer que ele renova até 2015 para que não saia de graça em 2014”, diz o site. “O pivô brasileiro parece disposto (a renovar) se abaixarem sua cláusula de saída atual.”

Vejam só: seria um movimento bom para ambas as partes, não? Lucas seguiria progredindo na Espanha, com um contrato de mais dois anos, ganhando mais segurança também. E o clube poderia levar algum trocado na próxima temporada – isso, no caso, de o pivô realmente ser selecionado, né? Se está cedo para falar de 27 de junho de 2013, imagine, então, pensar em junho de 2014?

Antes de confabular sobre essas alternativas, contudo, esse Bebê tem é que entrar em quadra em Treviso e arrebentar. O basquete fica sempre mais divertido em quadra, mesmo.

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Você não está familiarizado com o jogo de Lucas Bebê? O DraftExpress resolve seu problema. A infalível dupla Jonathan Givony-Mike Schmitz disseca neste link aqui os pontos fortes e fracos do pivô. Um trabalho admirável e competentíssimo. Aliás, cada um dos principais prospectos deste ano passou pela mesma rigorosa avaliação. Veja a lista completa: para os draftmaníacos ou mesmo para aqueles interessados em como se prepara um scout, um material indispensável. Pena que Augusto e Raulzinho não estejam nessa ainda.

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Bebê, Raul, Augusto e Mariano, acompanhados também pelo ala Guilherme Deodato, o Gui, de Bauru, passaram alguns dias em Los Angeles, enfurnados no ginásio e academia da Proactive Sports Performance. Em seu site, a companhia mostra dezenas de atletas de futebol americano que trabalharam em suas instalações e nenhum de basquete. Imaginamos, então, que o quinteto tenha se matado por lá em trabalhos físicos. Em quadra, tiveram a companhia de Gilbert Arenas e Yi Jianlian, entre outras figuras desta lista aqui, o elenco da Relativity Sports, empresa que os agencia. Nesta aqui, eles parecem ter a companhia de JJ Barea, na cabeça do garrafão:

Batendo uma bolinha


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