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Arquivo : Stephen Curry

Deu Warriors x Cavs. Notas sobre os desfecho das finais de conferência
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Giancarlo Giampietro

LBJ que se prepare: Warriors tem diversos defensores para tentar segurá-lo

LBJ que se prepare: Warriors tem diversos defensores para tentar segurá-lo

As finais de conferência já são história, definindo que o Golden State Warriors vai jogar sua primeira decisão da NBA após 40 anos e que LeBron James chega a sua quinta em cinco anos – um aproveitamento de 100% nesta década. Para o seu Cavs, vale como o retorno após a varrida sofrida em 2007 contra o Spurs.

Assunto é o que não falta. Seguem, então, algumas notinhas sobre os desdobramentos dos últimos dias e outras pílulas sobre o que vem por aí. Alguns desses tópicos provavelmente mereçam ser explorados com mais atenção até a próxima quinta-feira, quando começa o embate. Foi apenas a segunda vez em 29 anos em que as conferências consagraram seus campeões em um máximo de cinco jogos. Ambos terão uma semana de descanso, então, para regenerar James, preservar o joelho de Kyrie Irving e cuidar de uma eventual concussão de Klay Thompson.

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Os relatos de Oakland afirmam que não houve comemoração mais tímida como a do Warriors nesta quarta, no vestiário. Nada de champanhe, choro e exaltação. “Alguns jogadores tiraram selfies com o troféu da Conferência Oeste, e ficou nisso”, escreve o veterano jornalista Tim Kawakami, do San Jose Mercury News. “Já estão claramente concentrados nas próximas quatro vitórias.”

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Poxa, mas nenhuma tacinha?

Dá pra entender a sobriedade. melhor time o ano todo. Só o título vale como desfecho de uma das melhores campanhas da história. Com 79 vitórias e 19 derrotas até agora, são os favoritos. Em que pese o fator LBJ.

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Varejão e Leandrinho, mais de 10 anos na liga

Varejão e Leandrinho, mais de 10 anos na liga

Vamos ter um segundo brasileiro campeão, para se juntar a Tiago Splitter. E pelo segundo ano consecutivo. Se Leandrinho tem jogado muito bem como substituto eventual de Chef Curry ou Klay Thompson, com média de 11 minutos em 15 partidas, Anderson Varejão é praticamente um assistente do Cleveland, depois de ter sofrido uma ruptura de tendão de Aquiles em dezembro. Se a equipe desbancar o Warriors, porém, o pivô merece tão ou mais o anel de campeão do que qualquer um de seus companheiros. Afinal, é o cara que está no clube desde 2004, viu LeBron crescer e partir com os seus talentos para South Beach, sofreu com tantas derrotas nos últimos anos e se tornou um patrimônio da cidade. Quando seu corpo não lhe trai, não há quem entregue mais.suor em quadra.

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“Nós somos um time de arremesso e que não chutou bem hoje. Pelo menos fizemos uma ótima defesa.”

Foi uma das frases de Draymond Green nas entrevistas após a vitória final sobre o Rockets. Sem a eloquência costumeira, mas resumindo sua equipe. De novo: o Warriors não é especial só por causa do talento dos Splash Brothers. No Jogo 5, acertaram apenas 9 de 29 tentativas de longe, com Curry em desarranjo, mas acabaram com James Harden e souberam proteger a cesta depois de um primeiro quarto dominante e preocupante de Dwight Howard.

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Sobre Curry: o que houve? O MVP matou apenas 7 de 21 arremessos, sendo 3 em 11 de três pontos. Ainda perdeu 3 de 12 lance livres. Sem dúvida que foi um reflexo do tombo que levou em Houston. Ele sentia leve dor no lado direito de seu corpo. Decidiu até mesmo jogar com a proteção eternizada por Allen Iverson no braço. Mas a bola não caía com a frequência desejada. Tirou a braçadeira, e não deu em nada. Faço um paralelo com um carro de Fórmula 1, se me permitirem. A forma de arremesso do armador é tão especial, tão sofisticada que qualquer componente desalinhado pode fazer toda a diferença. Com uma semana de treinamento e respiro, tem tempo suficiente para restaurar a configuração original.

Agora é descansar o braço. Se a pequena Riley permitir

Agora é descansar o braço. Se a pequena Riley permitir

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É,  James Harden…  13 turnovers, recorde individual em um jogo de playoff. Só fez um pontinho a mais que isso. Se o Sr. Barba conseguiu evitar a varrida em Houston, acabou vivendo um pesadelo em Oakland. Fica a dúvida agora sobre qual desfecho seria menos indigno para a sua temporada.

Mas o Houston Rockets como um todo deve se despedir de cabeça erguida. Ser o segundo colocado numa conferência dessas não é pouco. Ainda mais com Howard perdendo exatamente a metade da campanha e Terrence Jones, Patrick Beverley e Donatas Motijeunas fora por muito tempo. E com Josh Smith, Corey Brewer e Pablo Prigioni chegando no meio do caminho.

Lembrem-se que o time texano caiu na primeira rodada dos playoffs do ano passado. Voltou, então, com uma defesa top 10, num progresso sensacional, mesmo sem Howard. O próximo desafio agora é procurar diversificar o ataque encontrar outros planos para além da correria e das investidas de Harden. O craque precisa da ajuda de outra força criativa no perímetro. Beverley, Brewer e Ariza são peças complementares excelentes, mas contribuem muito mais com defesa e energia. Não são caras que desafoguem a vida na hora de buscar a cesta.

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Para ficar no tema dos eliminados, o Hawks encerra a melhor campanha da franquia desde que se estabeleceu em Atlanta. Foi um ano maravilhoso, mas que terminou como um suplício. Começou com a fratura na perna de Thabo Sefolosha, causada pela polícia nova-iorquina. Depois foi a vez de DeMarre Carroll quase estourar o joelho. Al Horford foi expulso. Kyle Korver acabou de passar por uma cirurgia no tornozelo direito. Shelvin Mack sofreu uma ruptura no ombro e também vai ser operado. Afe. O futuro do time fica no ar agora, devido à entrada de Paul Millsap e Carroll no mercado, com a cotação elevadíssima. Danny Ferry, um dos dirigentes que melhor contratou nos últimos anos, segue afastado. E o clube tem novos proprietários. Seria um pecado que esse núcleo não tivesse mais uma chance.

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Steve Kerr, Cleveland Cavaliers, player, cardE este card? Ainda iniciando sua carreira na liga, depois de uma temporada com o Phoenix Suns, o chutador Steve Kerr jogou pelo Cavs de setembro de 1989 a dezembro de 1992, quando foi trocado para o Orlando Magic por uma escolha de segunda rodada do Draft de 1996, que resultaria em… Reggie Geary (quem?). Depois, acertaria com o Chicago Bulls. O resto da história vocês conhecem. Cinco títulos como atleta, comentarista brilhante, dirigente competente e agora um técnico de sucesso. Não apostem contra ele.

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Ao assumir o Golden State, um dos primeiros nomes contatados pelo treinador para compor sua comissão técnica foi… David Blatt. E pensar que o comandante do Cavs ficou muito perto de aceitar a proposta. Meio que já tinham um acordo informal, até que o Cavs (antes do Retorno) entrou na parada. Kerr nem tinha muito do que reclamar, pois havia feito a mesma coisa com Phil Jackson e o New York Knicks. Se o Mestre Zen tivesse feito a proposta dias antes, talvez tivesse assinado um contrato com o ex-pupilo. Pequenos desvios no rumo da história que nos colocam aqui, diante da final Warriors x Cavs. Agora Kerr e Blatt se enfrentam: é o primeiro par de treinadores (coff! coff!) novatos. Tecnicamente, é a segunda vez, mas isso porque houve uma primeira temporada, com dois treinadores que, dãr, estreavam em seus postos. Em 1947,  Eddie Gottlieb, do Philadelphia Warriors, levou a melhor sobre Harold Olsen, do Chicago Stags, por 4 a 1.


Harden evita varrida, Howard em suspense e mais notas de um jogo maluco
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Giancarlo Giampietro

James Harden também tem coração

James Harden também tem coração

Algumas notas sobre o jogo maluco que foi a vitória do Houston Rockets sobre o Golden State Warriors nesta segunda-feira, por 128 a 115, evitando uma varrida?

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James Harden simplesmente não merecia se despedir de uma partida desta maneira e fez questão de prolongar a temporada do clube texano por conta própria, com 45 pontos, 9 rebotes, 5 assistências, 2 tocos, 2 roubos de bola e 7 bolas de três pontos, em 40 minutos, convertendo 13 de 22 arremessos. Foram 33 pontos no segundo tempo. Tudo verdinho:

James Harden, shot chart, Game 4, Warriors

Uma atuação digna de um franchise player, de um dos cestinhas mais mortais que se vai encontrar por aí. Qualidades que lhe valeram a segunda colocação na votação para MVP. Ainda assim, tenho essa incômoda sensação de que, de modo geral, não se respeite tanto assim o que o Sr. Barba faz em quadra. Talvez por sua capacidade para buscar o contato e sofrer faltas… Talvez pela aparente falta de expressão (afinal, a massa capilar meio que cobre tudo, mesmo)… Enfim. Ou, de repente, ele já é venerado, e esse parágrafo todo foi um desperdício de tempo.

De qualquer forma, David Hardisty, do blog Clutch Fans (dedicado ao Rockets), fez um exercício interessante. Cronometrou o quanto durou a sessão de perguntas e respostas tanto de Harden como de Curry no pós-jogo. O armador do Warriors falou por sete minutos. A entrevista do ídolo local durou 1min35s. “O tombo será a história de veiculação nacional para este jogo”, registrou.

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Resumo dos acontecimentos: 1) Josh Smith desembestado; 2) 45 pontos no primeiro quarto para o Rockets (depois de terem marcado 37 no primeiro tempo do Jogo 3… Se tivessem mantido o ritmo, teriam marcado 180 pontos na partida; 3) 22 pontos de vantagem abertos no início do segundo período; 4) Steph Curry busca o toco, passa por cima de Ariza, cai de modo assustador em quadra, batendo a cabeça e deixando todos, absolutamente todos aflitos; 5) Golden State baixa para até sete pontos o placar já nesta parcial; 6) Harden acerta um arremesso de seu garrafão, logo após um rebote ofensivo (abaixo). Tudo isso em 24 minutos. Ok, o que mais faltava? Claro que era uma tempestade em Houston, segurando muitos torcedores no Toyota Center, para que eles pudessem ponderar sobre o quão aleatórios podem ser os acontecimentos da vida. : O

(Como Jeff Van Gundy disse, um chute desses deveria ser validado, não importando que o cronômetro já tivesse zerado. E digo mais: não só deveria valer, como deveria contar cinco pontos no mínimo. Que absurdo.)

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O Houston Rockets agora tem quatro vitórias em partidas nas quais precisava evitar a eliminação. Qualquer perspectiva de uma virada miraculosa contra o poderoso Golden State Warriors, porém, passa pela decisão do departamento técnico da NBA sobre Dwight Howard. O irritadiço pivô pode ser suspenso.

Os oponentes sabem o quanto ele pode perder a compostura facilmente. Tyson Chandler já o deixou no limite na primeira rodada. Agora foi a vez de Andrew Bogut. No empurra-empurra tradicional do garrafão, o australiano primeiro empurrou o pivô da casa, que, ao se virar para a bola e a transição defensiva, soltou o braço na direção do adversário. A arbitragem deu falta flagrante 1.

Se você for comparar este lance com dois episódios recentes dos playoffs, fica bem clara uma incoerência na marcação. É quando a famigerada interpretação entra para causar discórdia.

Vejamos a agressão de JR Smith em Jae Crowder, no último jogo da série Cavs x Celtics, que resultou na suspensão do ala por duas partidas:

(Smith acerta o adversário em cheio, com mais força, mas o movimento é parecido.)

E agora o ato de quase-fúria de Al Horford para cima de Matthew Dellavedova, hoje o jogador mais odiado em toda a Conferência Leste, que causou sua expulsão do Jogo 3:

A NBA vai certamente revisar o rolo entre Howard e Bogut. Caso cedida elevar a falta para flagrante 2, o pivô do Rockets será suspenso automaticamente do Jogo 5 em Oakland, por ter acumulado quatro pontos nesse tipo de incidente.  As regras são as seguintes: cada falta flagrante gera um ou dois pontos de penalização para um atleta, dependendo de seu grau. A partir do momento que o jogador passar dos três pontos, receberá um gancho de uma partida, independentemente de já ter sido excluído em quadra.

Ex-vice-presidente da NBA e chefe do departamento técnico, o treinador Stu Jackson afirmou acreditar em uma suspensão para Howard. “A falta flagrante provavelmente vai ser elevada. Foi uma ação temerária e fez contato com a cabeça. Foi um contato muito mais severo que o da falta flagrante de Horford”, afirmou. “Lembrem-se que a avaliação da falta flagrante não tem a ver com intenção. É uma regra em relação a ação e contato.”

“Espero que não”, diz Howard. “Mas não tem muito o que possa fazer a essa altura. Nunca é minha intenção machucar alguém em quadra. Minha reação foi apenas de tentar me livrar dele, mas não posso reagir desta maneira.”

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Caso seja realmente suspenso, ao menos Dwight Howard deu uma compensada com a torcida. Por morar num subúrbio distante do Toyota Center, o pivô não conseguiu sair imediatamente. Disse que as vias estavam interditadas devido ao temporal lá fora – foi como se a natureza pudesse sentir toda a turbulência deste Jogo 4 e resolvesse descarregar uma tempestade na cidade. Coisa de maluco:. Depois de banho tomado, entrevistas concedidas, voltou para a quadra para trocar uma ideia com alguns torcedores e curtir um pouco de música. Relatos da mídia de Houston, aliás, dão conta de que o sistema de som da arena tocou, até com certa ironia, “Purlpe Rain”, o clássico de Prince.

Numa relax, numa boa

Numa relax, numa boa

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Cadê o grito da galera?

Mais: o telão central do ginásio divulgou uma mensagem enquanto o jogo ainda estava em andamento, recomendando que os torcedores permanecessem em seus lugares, por precaução devido ao péssimo clima lá fora. Serviço.

Toyota Center, weather, Houston, storm

E outra sobre a torcida: os aplausos no momento em que Steph Curry saía de quadra após sua assustadora queda foram louváveis. Afinal, era o craque que havia despedaçado seus corações há duas noites e, na brincadeira, mandou um torcedor mais agitado se sentar.

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Curry, aliás, disse que não tem o menor interesse de ver o vídeo de seu capote, passando por cima de Ariza numa tentativa de toco. “Uma vez já foi o bastante”, afirmou. O armador passou por diversos exames e testes no vestiário até ser liberado de volta ao jogo, depois de constatada uma contusão na cabeça – contusão que não gerou concussão. Ele, Steve Kerr e a diretoria do Warriors asseguram que não havia o menor risco para que continuasse na partida. Depois de um airball e de levar um toco no perímetro, o MVP passou a pontuar com a naturalidade de sempre, mesmo. Importante dizer que há um protocolo bastante rígido hoje em vigência por parte da NBA para a avaliação de possíveis sintomas de concussão cerebral. A avaliação é isenta, independentemente do jogo ou do personagem envolvido.

Stephen Curry, Warriors, Rockets, queda, fall

A queda

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Juntos, Rockets e Warriors acertaram 37 de 78 arremessos de três pontos, estabelecendo um recorde para os playoffs da NBA. O aproveitamento foi de 47,4% no geral, com 52,1% para o time da casa. James Harden matou 7 em 11, superando Curry dessa vez (6-13, o mesmo número de Klay Thompson, que enfim fez uma partida para justificar o apelido de Splash Brothers). O recorde anterior dos mata-matas era de 33 acertos em 54 chutes de longa distância, envolvendo curiosamente o mesmo Rockets e o finado Seattle Supersonics, em 1996. Eventual vice-campeão da liga, perdendo para o histórico Chicago Bulls das 72 vitórias, o Sonics matou 20 em 27 tentativas, com rendimento de 74,1%.


Golden State Warriors mostra todo o seu potencial, chutando e defendendo
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Giancarlo Giampietro

O Golden State Warriors parte para a definição rápida. Se quiser, amigão, pode até chamar de “chega e chuta”, ou “chuta-chuta”, se preferir. Com o que Stephen Curry tem arremessado durante toda a temporada, não há o que se fazer, mesmo. Mas, depois de o time ter destroçado o Houston Rockets no Jogo 3 deste sábado, creio que não há mais como enxergar a máquina de Steve Kerr apenas como um time aríete, de tresloucados (e talentosos) gatilhos de três. Tem muito mais rolando por trás do sucesso

“Foi uma grande lição para nosso time: se defendermos como doidos e cuidarmos da bola, a gente tende a se dar bem”, afirmou o treinador em sua coletiva pós-jogo, numa das raras respostas em que não precisou falar sobre o show que seu armador deu em quadra no triunfo por 115 a 80, abrindo 3 a 0 na série, encaminhando uma varrida para cima do cabeça-de-chave número dois da Conferência Oeste.

Vitória magistral que mostra todo o potencial deste time

Vitória magistral que mostra todo o potencial deste time

Foi uma combinação de ataque e defesa que levou o Warriors a um resultado impressionante desses. Com os grandes campeões devem fazer, numa receita sempre ressaltada por Phil Jackson: a execução de uma boa marcação leva ao jogo de transição eficiente, enquanto um ataque bem realizado facilita a recomposição defensiva. Tudo em plena harmonia. Resta saber apenas se o Mestre Zen enxerga isso neste Golden State, dirigido pelo técnico que o deixou no altar antes de a temporada começar, ou se ainda se apega a uma visão conservadora e anuviada que pode tratar um timaço desses como um bando de delinquentes, que mancham a história do jogo. Pura bobagem.

Depois de duas derrotas apertadas na Califórnia, tentando dar o troco em sua casa, o Rockets deu de cara com um muro. Acertou apenas 28 de 83 arrmessos (33,7%), errando 20 de 25 chutes de longa distância (20%) e cometendo o mesmo número de turnovers e assistências (15) – comparando com médias de 44,7%, 33,7% e 22,3 x 15,1. Os 18 pontos do primeiro quarto e os 37 antes do intervalo foram suas marcas mais baixas nos playoffs.

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James Harden foi quem mais sentiu, limitado a apenas três cestas de quadra em 32 minutos e 16 chutes. Deu um jeito de bater 11 lances livres e chegar a 17 pontos, mas com sérios problemas. Não foi apenas o esforço de Barnes, Iguodala e Thompson que atrapalhou o barbudo. “Nossa marcação de ajuda e nossa proteção do aro também”, disse Klay. “Draymond, Andrew e Fetus fizeram um trabalho fabuloso contra ele.”

O que o Warriors faz é, na verdade, revolucionário. Uma equipe que combinou na temporada regular o ritmo de jogo mais veloz  e, ao mesmo tempo, sustentou a defesa mais eficiente. Supostamente, de acordo com a teoria de tudo, essas coisas não poderiam andar juntas. Ou você joga acelerado e abre mão da retaguarda, ou você adota um ritmo moderado para poder proteger seu garrafão de modo adequado. Vamos resgatar alguns exemplos recentes, comparando os resultados?

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Ritmo mais veloz que os outros quatro times e a melhor defesa disparada

Agora, quer saber um segredo? Durante os playoffs, o time está jogando com uma proposta mais comedida. Entre os 16 classificados, tem apenas o 11º ritmo mais rápido – ou o quinto mais lento. Obviamente que você desconta um pouco essa mudança pelo simples fato de ser uma amostra reduzida de jogo: apenas 13 comparando com os 82 da temporada, enfrentando um adversário que gosta de retardar as ações em quadra, como o Memphis Grizzlies, pelo caminho. São até agora 95,25 posses de bola por 48 minutos, muito mais perto do lanterninha Cleveland Cavaliers (92,67) do que do mais ligeirinho, o Dallas Mavericks (104,4). Se for pegar apenas a final do Oeste, contra um adversário que pede aceleração, o número sobe para 98,59 posses, ainda distante do topo.

O curioso é que, mesmo com um ataque mais lento, o Warriors tem cometido mais turnovers por 100 posses de bola do que na temporada regular (15,7 x 14,4), liderando essa estatística um tanto desagradável. Daí a preocupação de Kerr em mencionar os turnovers em sua declaração. Afinal, se cuidarem com carinho da bola, serão mais chances para Curry e Thompson chutarem. E aí…

Traduzindo em números, temos:

Sinta o estrago

Sinta o estrago. Esse é o gráfico de aproveitamento de Curry nestes mata-matas

Destacar o coletivo do Warriors não impede que a gente se delicie com o que o Chef Curry vem colocando na mesa. Tudo o que um ataque quer é que um cara desses parta para a finalização. Na mesma proporção, a defesa se desespera. Neste sábado, foi até um exagero: 40 pontos em apenas 19 arremessos para Curry, com 12-19 de quadra, 7-9 de três, 9-19 nos lances livres. Mais sete assistências, em 35 minutos. O bombardeio de longa distância é o que mais chama a atenção, mesmo, mas o estrago que o armador fez foi geral. Passeou pelo garrafão com seu drible belíssimo e fez aquelas bandejas que Steve Nash ensinou para a garotada. “Ele vem de um campeonato brilhante. É difícil descrever seu arremesso porque acho que nunca alguém chutou dessa forma a partir do drible, ou a partir do passe”, disse Kerr.

Chef Curry, aliás, é o apelido que vem ganhando força para o astro do Warriors. O engraçado, porém, é que ele prefere “Baby Face Assassin”, o assassino cara de bebê – “Cruel, muito cruel”, diria o Januário. “Entendemos que é um momento especial. Estamos envoltos nessa rotina do dia-a-dia de preparação para os jogos e ir para quadra e pôr em prática todo o esforço que precisamos para fazer essa história acontecer”, afirma o armador.

O lance mais emblemático em termos de crueldade aconteceu na metade do terceiro período, depois de um toco de Dwight Howard em Klay Thompson. A bola o procurou para isto:

Alguns minutos antes, ali do mesmo cantinho, já havia matado uma bola para silenciar – e mandar sentar – um torcedor texano mais enxerido:

“Isso que é divertido num jogo de playoff fora de casa. Você encontra esses caras que querem te perturbar, caras que pagam muita grana por esses assentos e querem fazer valer o dinheiro. Se eles querem falar, podem ouvir de volta, espero”, afirmou Curry. De fato. O torcedor do Rockets pagou uma nota e tem o direito de se chocar – ou se divertir – com uma apresentação dessas. Não só do armador, como de um todo.

Na saída do Jogo 2 em Oakland, quando James Harden teve a última bola em mãos para poder igualar a série, os atletas do Warriors em geral afirmaram que estavam se sentindo bem pelo fato de nem terem jogado tão bem assim e estarem com 2 a 0 no placar geral. Aí que o Rockets e o restante da NBA puderam ver todo o potencial da equipe em prática.  Defendendo e chutando muito. Um basquete para ser campeão e rever conceitos.


Como o Golden State Warriors vai reagir à adversidade?
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Giancarlo Giampietro

Tony Allen, uma peste infernizando os Splash Brothers

Tony Allen, uma peste infernizando os Splash Brothers

O Golden State Warriors viveu um ano praticamente perfeito. Um técnico novo brilhante, um sistema repaginado, e a dominância da NBA.  A melhor defesa, o segundo melhor ataque, sufocando e correndo. O MVP Stephen Curry. O grande salto de Klay Thompson e Draymond Green. Um elenco versátil. Tudo isso para desembocar na melhor campanha da liga, com sete vitórias a mais que o Atlanta Hawks, com um aproveitamento de 81,7%. Não só isso, mas a sexta melhor campanha da história, ao lado de outros times históricos.

Agora, esse mundo perfeito se vê seriamente ameaçado, após duas derrotas seguidas para o Memphis Grizzlies, que se vê liderando a série pelas semifinais do Oeste ao limitar o poderoso ataque californiano a apenas 89 pontos no Jogo 3. A pauta obrigatória, então, é a seguinte: como o Warriors vai responder a tamanha adversidade? A primeira verdadeira resistência que enfrenta desde o início da temporada. “Esse é um processo de aprendizado para nós. Somos um time muito jovem”, afirma o treinador Steve Kerr. “Agora este é o nosso momento da verdade. Você tem de aprender durante os playoffs.”

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Talvez a intenção de Kerr seja dizer que seu elenco é inexperiente, não jovem de idade, uma vez que a média de idade do elenco é de 27 anos, contra 27,7 do Memphis Grizzlies. O núcleo de Stephen Curry (27), Klay Thompson (25) e Draymond Green (25) chegou a esta edição dos mata-matas com apenas três séries disputadas em 2013 e 2014. Do outro lado, o Memphis Grizzlies já tem uma base que está em seu quinto ano de competição em alto nível, com sete séries e 42 partidas na caixola. Entre tantos componentes táticos do confronto, a experiência, o emocional também faz diferença, não há como negar.

As coisas ameaçam sair, ou já saíram do controle de Curry

As coisas ameaçam sair, ou já saíram do controle de Curry

Agora fica essa dúvida sobre como esses caras vão se comportar no Jogo 4, claramente decisivo, nesta segunda-feira. Após a segunda derrota seguida, a resposta deles foi de tranquilidade. De que, obviamente, as coisas não haviam saído como queriam, mas que tinham plena capacidade de reverter o quadro e acalmar a turbulência que, sabem, já gira em torno do time, fora do vestiário. Aliás, é o que eles ouvem durante todo o campeonato, aquela de sempre: o sucesso da temporada regular vai se traduzir para os playoffs? Esse estilo de jogo pode ser vencedor? “Eles são uma equipe que só ataca com arremessos. Arremessos não dão certo. Todo esse tipo de coisa vai aparecer agora”, afirma Draymond Green, com a personalidade de sempre. “É frustrante, mas é divertido”, diz Curry.

Personalidade? Green pode ter atacado muito mal, acertando apenas uma de oito tentativas de cesta, mas ele mesmo diz que não é chutando que ele vai ajudar o Golden State a virar a série. Sua relevância maior está na defesa, na liderança e nos pequenos detalhes. Porém, no quarto período deste sábado, quando o Warriors já tentava antecipar sua reação antes de conceder mais uma derrota, o ala-pivô falhou clamorosamente.

Primeiro, invadiu o garrafão durante um lance livre cobrado por Curry, o maior arremessador desta geração. Perdiam por seis pontos, a 3min35s do fim, e cada cesta era importante. “Foi apenas uma jogada estúpida que você não pode cometer num jogo desta magnitude, e assumo toda a responsabilidade por isso, já que não fez o menor sentido. Você está falando de um cara que supostamente tem um elevado QI”, afirmou, de novo, com a mesma sagacidade de sempre. O atleta é duro ao falar sobre os outros. Não ia mudar o tratamento em uma autorreferência.

Draymond Green corre em direção a Coutrney Lee e ao turnover

Draymond Green corre em direção a Coutrney Lee e ao turnover

O problema é que, dois minutos depois, precisamente a 1min13s do fim, Green se atrapalharia novamente. O Grizzlies já não tinha Marc Gasol em quadra, excluído com seis faltas, e o placar apontava cinco pontos de diferença, com posse de bola para os veteranos. O ala-pivô saiu em disparada com a bola, driblando-a feito um maluco, na tentativa de acelerar o jogo e pegar a defesa desprevenida. Na verdade, quem não estava preparado para a transição era o próprio jogador, que deu de cara com Courtney Lee, pronto dar o bote e recuperar a bola. Um baita estrago.

E aí a gente se pergunta: o que levou Green a deslizar desta maneira? Foram dois erros bestas na conta de um jogador que, sim, continua sendo um dos mais inteligentes da liga. Talvez só mais difíceis de entender do que os três lances livres errados em quatro batidos por Klay Thompson em todo o jogo. Ou o fato de Curry ter desperdiçado também outros dois chutes em sete disparos a partir da linha. Na temporada regular, eles acertaram, respectivamente, 91,4% e 87,9%. Nos playoffs, os números despencaram para 83% e 65%. Nesse contexto, a invasão de Green fica um pouco menos grave, já que não era um ponto tão garantido assim. Nota-se um desequilíbrio do time para além dos lances livres, contudo. Nos tiros de longa distância, mesmo quando bem posicionados e se contestação, os atletas do Warriors falharam nos últimos dois jogos. Acertaram apenas 4 de 18 chutes quando estavam “totalmente livres”, segundo a medição do SportVU, o sistema que digitaliza toda a ação das partidas em cada ginásio de NBA. Quando tinham defensores entre 1,2 e 1,8 m de distância, o aproveitamento foi de apenas 4 em 16. Baixíssimo.

Então será que eles realmente estão se divertindo em quadra? Talvez simplesmente não tenha sido a melhor escolha de palavras por Curry. E outra: mesmo que estejam com a confiança abalada, o erro maior seria acusar o golpe e revelar dúvidas. Não não poderiam jamais fazer isso. Os números, por conta, já são preocupantes. O Golden State converteu neste sábado apenas 43,2% dos arremessos e 23,1% em três pontos (errando 20 de 26) – contra, respectivamente, 47,8% e 39,8% na temporada. No Jogo 2, derrota em casa,  foi ainda pior: 41,9% e 23,1%. O estrago maior acontece no primeiro tempo: segundo dados do Synergy, o time estava acertando 51,2% de seus arremessos e desperdiçando 7,3 posses de bola no primeiro tempo durante os playoffs até o sábado. Neste Jogo 3, foram 38,1% e nove erros em 24 minutos.

Reflexo, claro, da forte defesa do Memphis. Porque tem isso também: não é que o Golden State esteja se afundando contra um Minnesota Timerwolves ou, glup, um New York Knicks. Com formação completa nos playoffs – leia-se: com Mike Conley na armação –, os caras disputaram cinco jogos e ainda não perderam. Só não dá para se ater apenas ao sucesso recente, já que esse núcleo experiente somou mais de 50 vitórias nas últimas três temporadas – e que, na atual, foi por muito tempo o segundo melhor time da conferência, até perder rendimento a partir do All-Star Game. Para ser mais específico, até o dia 18 de fevereiro, o clube tinha a terceira melhor campanha da liga, com 73,6% de aproveitamento.

A identidade, sabemos todos, é fortemente vinculada aos seus pivôs e a opressão física que eles podem proporcionar, com a assessoria da tenacidade de Tony Allen (que já soma 11 roubos de bola na série e 23 nos playoffs, com mais de três por jogo nas últimas quatro rodadas) e da agilidade de Courtney no perímetro. O jogo pesado com a dupla Gasol e Z-Bo, e tal, como uma das raras exceções seguindo essa linha, ao lado do Indiana Pacers de West e Hibbert.  Para o atual campeonato, porém, Joerger também conseguiu desenvolver seu sistema ofensivo, terminando com o 13º ataque mais eficiente – sendo que até o All-Star era o 11º. Nada de outro mundo, de amedrontar oponentes, mas um avanço para quem não havia passado da 17ª colocação nas três temporadas anteriores, seja com Dave Joerger ou com Lionel Hollins.

Mas, sim, a defesa continua o ganha-pão. É a segunda melhor dos mata-matas, atrás apenas do Chicago Thibs. Contra o Warriors, vemos essa retaguarda se recompor rapidamente em transição, com muita consciência do que precisa ser feito. O vício, a força do hábito empurra os jogadores para perto da cesta, certo? Contra Curry e Thompson, você precisa desacelerar alguns metros atrás para contestar os arremessos de longa distância. A ideia é inibir a definição rápida do time que mais acelerou durante a temporada.

Uma vez contido o contragolpe, o serviço continua. Os defensores precisam povoara linha perimetral, com participação dos pivôs, aliás, já que Andrew Bogut, hoje, não representa ameaça alguma lá embaixo. Tantas lesões gravíssimas acumuladas na carreira custam muito ao australiano. Então lá está Gasol, gigante e inteligentíssimo, aparecendo numa cobertura imediata diante dos chutadores, fechando espaços e impedir infiltrações. Com menos gente agredindo com a bola, você também contém a troca de passes, ou pelo menos passes que possam liberar os arremessadores. Sem corredor e sem paciência para entender a melhor hora de atacar, o que temos é um aro amassado, mesmo. Segundo Kerr, seus atletas estão correndo, apressados, em vez de jogar com velocidade, pensando.

Para buscar a virada, é bom pensar com carinho no que aconteceu nas últimas duas partidas. Foi realmente falta de sorte na finalização? Ou tranquilidade? Stephen Curry não se mostra intimidado. “Eles tentam tirar nossas oportunidades de arremesso livre de três, seja em transição ou em meia quadra. Ainda assim, consegui me liberar e tive boas chances, o que me deixa bastante encorajado. Basta manter esses movimentos. Sei que os chutes vão cair”, afirmou o MVP da temporada. Draymond Green assegura que ninguém está surtado: “Perder duas em sequência não vai te deixar feliz. Mas, ao mesmo tempo, ninguém está abandonando o navio aqui. Ninguém está entrando em pânico e jogando a toalha”.

O Warriors sofreu duas derrotas consecutivas em três ocasiões durante sua jornada na temporada regular e, de imediato, reagiu com séries de 8, 9 e 16 triunfos. Qualquer arranque desse nível lhes colocaria na decisão da NBA, perto do título. Os playoffs, porém, são outro assunto, ainda mais enfrentando um adversário de respeito. Agora só resta saber se o aprendizado apregoado por Kerr será acelerado, para que eles possam tentar terminar a história da forma como esperavam.


Stephen Curry é o MVP da NBA 2014-15. E tudo ótimo
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Giancarlo Giampietro

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James Harden era o meu candidato na disputa pelo título de MVP da NBA 2014-15. O que não quer dizer que seja meu jogador predileto, ou uma figura incontestável. Era só uma preferência com base no que aconteceu na temporada. A Stephen Curry, de qualquer forma, era obviamente o favorito. Também o merecia – e levou o caneco, segundo diversos veículos anteciparam na noite deste domingo, logo depois de seu Golden State Warriors surrar o Memphis Grizzlies.

(Atualizando: a notícia foi confirmada pela NBA nesta segunda. Curry teve 1.198 pontos na votação, contra 936 de Harden. Com 552, LeBron foi o terceiro. Confira o resultado final da eleição, na qual o MVP recebeu 75 votos a mais na primeira colocação. Russell Westbrook superou Anthony Davis, se beneficiando da maior exposição dos jogos de OKC.)

Por que Harden seria, ou poderia ser o mais indicado? Devido a toda a carga que carregou pelo Houston Rockets, e não uma equipe qualquer, mas, sim, a segunda colocada numa Conferência Oeste brutal do início ao fim, dona da terceira melhor campanha da liga. O time texano pode não ter chegado ao patamar de Oklahoma City Thunder e Indiana Pacers no que se refere a lesões, mas passou por poucas e boas: Dwight Howard perdeu exatamente 50% da temporada; para Terrence Jones, foram 49 jogos de desfalque, e aqui já falamos de dois titulares; Patrick Beverley, outro do quinteto inicial, ficou fora de 26; Donatas Motiejunas, de 11. Josh Smith e Corey Brewer chegaram durante o campeonato para ajudar, é verdade, mas nem sempre é fácil assimilar novas peças.

A constante, aqui, foi o Sr. Barba liderando o time. Com a assessoria de Trevor Ariza, o único que completou todos os 82 jogos regulares, um a mais que o astro. Harden, no entanto, liderou toda a liga em minutos de quadra, com 2.981, 51 a mais que o ala – isto é, um jogo e mais três minutos de lambuja. Ficou elas por elas.  Com tantos desfalques, entre pontos e assistências, o ala-armador foi responsável por 44% de toda a produção ofensiva de seu time, sempre seguindo as orientações táticas de Kevin McHale e do escritório de Daryl Morey) perfeitamente: atacando o garrafão e torpedeando de três pontos. Bateu 10,17 lances livres por jogo, sendo o primeiro no ranking da liga, e arriscou 6,8 chutes de longa distância, a mesma quantia de Ariza, dividindo com ele o terceiro lugar, atrás de Curry e Damian Lillard. O cara teve de atacar mais e mais, com eficiência e muita resistência, física e mental. Um esforço que não pode ser menosprezado jamais.

Em termos de números, no entanto, em geral Harden fica em atrás do genial líder do Warriors. E isso que é o mais interessante, e até irônico. O Rockets é tido como a franquia-modelo no uso de estatísticas, das mais simples ao que se tem de mais avançado, para conduzir suas operações de basquete. Internamente, então, devem reconhecer o quão magistral também foi a campanha de Curry, que leva a melhor também no quesito de pura diversão. Os torcedores e o marketing apreciam muito mais o estilo de Curry, com seus dribles vistosos e arremessos impensáveis de fora, a partir do drible. Muito mais legal que ver o barbado cobrar lances livres, claro.

O armador uniu imagem e substância, espetáculo e resultado. Ethan Sherwood Strauss, do ESPN.com, fez um grande artigo a respeito disso. No texto, levanta um dado estarrecedor: nos 29 jogos posteriores ao All-Star Game em Nova York, o eventual MVP acertou 125 disparos de três (média de 4,3). No seu caso, não foi só uma questão de quantidade excessiva de tentativas para gerar volume. Ele acertou 51% desses arremessos. Sim, estamos falando de um autêntico especialista na matéria. Na temporada, ele converteu 44,3%, um número que, isolado, já seria excepcional. Se gastarmos, porém, dez minutos para assisti-lo, esse aproveitamento vira algo de outro mundo, devido ao grau de dificuldade em que os executa.

Essa habilidade fora do comum está no centro do sistema ofensivo agressivo do Warriors, o time mais acelerado da liga. É fato que, quando Curry atravessa a linha central da quadra, já precisa ser marcado de perto. Por um atleta, e com um segundo, no mínimo, na sobra. De olho no que vai aprontar. Mesmo quando contestado, seu rendimento ainda é muito eficaz. É como se fosse impossível marcá-lo. Daí que ficamos no aguardo para saber quando Dave Joerger vai colocar Tony Allen em sua cola durante a série semifinal do Oeste.

E aí Strauss sai com uma sagaz comparação: Curry, nesse sentido, se torna tão assustador como um Shaquille O’Neal no auge, devido ao seu poderio ofensivo. A diferença, nessa sacada, é que Shaq arrebentava as defesas na pancadaria, enquanto o magricelo as estoura com suavidade e elasticidade. Ele é uma ameaça grave no tiro de fora, muito mais perigosa que a de Kyle Korver em Atlanta. O ala do Hawks tem um aproveitamento superior no fundamento, consegue se desmarcar muito bem na movimentação fora da bola, mas, durante a temporada, arriscou apenas 0,7 em média em jogadas individuais, partir do drible – uma senhora diferença para os 4,4 do armador.

A força de Steph se manifesta de outra forma

A força de Steph se manifesta de outra forma

Klay Thompson, Draymond Green, Harrison Barnes, Andrew Bogut, Leandrinho, Marreese Speights… Todos eles têm a vida muito mais fácil no ataque por desfrutar de sua companhia, pelo perigo que representa. Ele é a base do segundo sistema ofensivo mais eficiente da temporada, atrás do Los Angeles Clippers por coisa de 0,1 ponto por 100 posses de bola. Então vamos refazer isso, dado o empate técnico? Curry é a base do sistema ofensivo mais eficiente da temporada, ao lado do Clippers. Esse equilíbrio entre as duas equipes californianas, aliás, propicia uma comparação interessante.

Ambas apostam consideravelmente no arremesso de três. A diferença é que o jogo interno do Clippers, com as cravadas de Jordan e Griffin, compõe um elemento tão mais importante no ataque de Doc Rivers. É por isso que você coloca chutadores como Redick e Crawford ao redor deles e dá a bola para Chris Paul coordenar tudo: para torturar as defesas. Pelo Warriors, a preocupação vem de fora para dentro, ainda mais com Klay Thompson em gradativa evolução e a propensão de Draymond Green para jogar aberto. Mas tudo começa com Curry: o Warriors faz 14,3 pontos por 100 posses de bola a mais com ele em quadra, acerta mais arremessos, comete menos turnovers e se torna mais solidário. Sente o estrago? E as coisas só ficaram mais acentuadas nos cinco primeiros jogos de playoffs.

Poderíamos continuar aqui na construção da campanha “Curry MVP”, levantando mais e mais números. Se quiser visualizar esses dados, a Sports Illustrated reúne aqui uma série de gráficos. Sem se esquecer que ele esteve no Top 6, em médias, de pontos, assistências, roubos de bola e eficiência. Também apresentou melhora significativa na defesa individual, sendo cobrado por Steve Kerr, e sem poder alegar cansaço, uma vez que teve seus minutos controlados.

Como você vai se opor a alguém com esse currículo? Não dá. Ainda assim, meu candidato seria Harden, e tudo ótimo. Se tem uma coisa para a qual serve a disputa entre os dois é reforçar a noção de que raras e raras vezes você vai esbarrar numa discussão em que tudo se resume a certo ou errado. Ou melhor: uma discussão em que, se o outro discorda de você, já está automaticamente errado – aquilo que parece o mal do século, logo abaixo da ganância.  Não seria “absurdo” ou “ridículo” nomear Curry ou Harden como o jogador mais valioso do ano. Era difícil escolher entre os dois craques, mas muito fácil aceitar que o prêmio ficasse entre eles.

*   *   *

O Golden State foi dominante contra o Memphis Grizzlies na abertura das semifinais do Oeste. Foi sua melhor partida nestes playoffs, em termos de consistência. O time está claramente um degrau acima de um time que perdeu muito em rendimento durante a temporada regular. Sem Mike Conley Jr., preservado enquanto se recupera de uma cirurgia facial após fratura múltipla na série contra o Blazers, fica ainda mais difícil. Ainda que o armador retorne para o Jogo 2 ou 3, estará fora de ritmo e talvez com um certo receio em quadra, mais que natural. Mesmo que estivesse 100%, talvez não seja o suficiente para equiparar o confronto hoje.

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Outra: o Warriors é hoje o único time oficialmente 100% nos mata-matas, em termos de saúdo do elenco. David Lee ficou fora do duelo com o New Orleans Pelicans, mas o problema nas costas do ala-pivô parece mais e mais uma medida cautelar por parte de Steve Kerr, que encontrou uma rotação perfeita sem contar com esse jogador talentos, que, no entanto, não marca ninguém. Draymond Green tomou conta da posição, enquanto, no banco, as melhores alternativas parecem girar em torno de formações mais baixas, ou com Festus Ezeli para combater especificamente os pivôs do Grizzlies.

*    *    *

Começa nesta segunda o confronto Rockets x Clippers. Mais um ponto a favor dos líderes do Oeste, já que promete ser mais um duelo muito equilibrado. Quem passar daí deve entrar nas finais da conferência capengando. Os Splash Brothers deram sorte no emparelhamento final.


O arremesso dos playoffs 2015 da NBA é de Curry. Por enquanto?
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Giancarlo Giampietro

Com as fotos abaixo, nem é preciso apelar para a verborragia:

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Foto já clássica. Curry acerta da zona morta para forçar a prorrogação em Nova Orleans, após ficar atrás por 20 pontos

Uma foto já clássica

De perto, podemos ver a expressão de torcedores que já sabiam o que estava acontecendo. E Curry de olhos fechados

Nós contra eles

Nós contra eles

O ângulo para o arremesso

O ângulo complicado para o arremesso, ainda mais com um Monocelha vindo em sua direção

E ainda foi falta em cima do craque do Warriors. Vitória poderia ter saído antes da prorrogação

E ainda foi falta em cima do craque do Warriors. Vitória poderia ter saído antes da prorrogação

I-na-cre-di-tá-vel, Curry. Cruel demais

I-na-cre-di-tá-vel, Curry. Cruel demais

Rumo ao 3 a 0. Fui!

Rumo ao 3 a 0. Fui!

Para quem está boiando, o seguinte: o New Orleans Pelicans tinha 20 pontos de vantagem no início do quarto período contra o Golden State Warriors (89 a 69). Jogo 3 de uma série melhor-de-sete pelos playoffs da NBA. O time havia perdido as primeiras duas partidas. Uma vitória aqui poderia, quiçá, mudar os rumos do confronto. Mas o líder da Conferência Oeste batalhou. Teve uma reação daquelas que vai ficar na memória de sua torcida por muito tempo, obviamente por causa do arremesso acima.

Faltando pouco mais de 9 segundos para o fim, o técnico Steve Kerr pediu um tempo, três pontos atrás no placar. Sua jogada deu certo, com a reposição de Draymond Green para Stephen Curry na ala esquerda, com Quincy Pondexter em seu encalço. O primeiro arremesso deu aro, saiu curto demais. Mas ainda deu tempo para Marreese Speights pegar o rebote ofensivo e acionar o cestinha mais uma vez. Pondexter, um bom defensor, deu uma cochilada e demorou para reagir. Por um instante, se distrai com o próprio Green ao seu lado direito. Quando acorda, Curry já tinha a bola em mãos novamente para fazer o disparo. O detalhe é que Speights faz uma proteção mínima para o astro, talvez o suficiente para afastar Tyreke Evans e Anthony Davis, que se aproximavam. Caiu: 108 a 108. Venceram, depois, por 123 a 119. Foi o arremesso dos playoffs até agora. Com o seu talento e a possibilidade de uma longa campanha do Warriors, não duvido faça outro ainda mais chocante.

Agora o lance todo:

Já havia feito o mesmo exercício no ano passado, com um chute de três de Vince Carter no apertado duelo entre Mavs e Spurs pela primeira rodada. O Dallas foi quem mais deu trabalho ao San Antonio no fim. Tal como naquele lance, aqui o efeito é o mesmo: as fotos dão noção muito maior do drama e da dificuldade em torno da cesta de Curry do que o vídeo, não? O VT ao menos nos ajuda a contar: foi qualquer coisa em torno de 3s5 a espera que o gatilho teve de esperar entre a primeira tentativa falha e a bola consagradora. Sim, em menos de quatro segundos pode acontecer tudo isso.

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Algumas notas sobre o jogo e a cesta.

(Vocês não acreditaram nessa história de escrever pouco e deixar a imagem contar tudo, né?)

A primeira vai na onda do contra. Curry tentou 29 arremessos e converteu apenas 10 (29% 34%, na verdade, com a auditoria do camarada Felipe Neves, um jornalista que sabe, sim, fazer contas!). Da linha de três, foram 11 erros em 18 tentativas. Ainda assim, marcou 40 pontos porque também é um mago no drible, bate a defesa e vai lá dentro descolar lances livres (matou 13 em 14, parecendo até mesmo James Harden nessa). Vi por aí algumas mensagens questionando o queixo caído de toda a liga com os Splash Brothers de Golden State, e achei um ponto válido, mesmo: se essa linha estatística fosse de Russell Westbrook – ou… Kobe–, qual seria a reação majoritária? Mesmo no caso de uma vitória e um arremesso dramático?

Reparem, por favor, que a pergunta tem muito mais a ver com o que se fala sobre o armador de OKC e sobre a lenda viva do Lakers do que Curry, que não fez sua melhor partida, esteve abaixo da média, mas, poxa, marcou 17 pontos em 7 minutos de quarto período e mais 5 de prorrogação. Errou sete de seus últimos 11 arremessos, mas converteu O Chute que importava, não? Além disso, seguiu a linha da nova contagem de arremessos: pode ter tido um aproveitamento baixo de quadra, mas compensou com o elevado número de bolas de longa distância e lances livres. Enfim.

*   *   *

Mais arremessos de três proporcionam chances maiores de rebotes ofensivos. A matemática comprova isso. A defesa em geral está distorcida, desequilibrada, a bola respinga no aro para mais longe, para fora do semicírculo etc. Mas os jogadores do New Orleans simplesmente não conseguiram fazer um bloqueio de rebote decente. A torcida se dividia entre o apoio aos atletas e a aflição, a cada segunda segunda chance obtida pelos adversários. Foram 12 rebotes ofensivos apenas no quarto período para os queridinhos da América. Uma dúzia, e com baixa estatura!

Sim, quem merece (mais e mais) aplausos aqui é Steve Kerr, gente. Que não abriu mão do jogo em nenhum momento. Numa última tentativa, no início do quarto período, ele mandou para a quadra uma formação sem pivôs: Shaun Livingston, Leandrinho, Iguodala, Klay Thompson e Draymond Green. Livingston, Thompson e Green têm 2,01 m de altura. Iguodala, 1,98 m. Leandrinho, 1,94 m (mas com a envergadura de um cara muito mais alto). A ideia: ganhar em velocidade, mobilidade, enquanto, na defesa, podiam trocar tudo, procurando apenas manter Green com o Monocelha. A tendência é ver cada vez mais disso, conforme praticam o Milwaukee Bucks e o Philadelphia 76ers. O Miami Heat conquistou dois títulos assim também.

*    *    *

Em tempo: Leandrinho marcou os primeiros quatro pontos do quarto – e todos os seus seis pontos nessa parcial. O agora veterano ala-armador vai contribuindo de modo significativo para Warriors, ainda que em poucos minutos. Tem um papel definido e vai  produzindo.

*    *    *

A nota mais alternativa e curiosa da noite? O Santa Cruz Warriors está disputando a final da D-League. A série contra o Fort Wayne Mad Ants, o time que contou com breves passagens de Lucas Bebê e Bruno Caboclo, começou nesta quinta. Pois o Warriors B também venceu fora de casa, zerando uma desvantagem de 20 pontos. Coincidência?

O atlético ala-armador Elliot Williams, escolha de primeira rodada de Draft que não vingou em Portland, foi o cestinha, com 31 pontos. O pivô bósnio Ognjen Kuzmic é o único cedido pelo time de cima. Somou 18 pontos, 13 rebotes e 4 assistências. Quem também esteve em quadra foi o ala Darington Hobson, que não deixou saudades em Brasília, e Taylor Griffin, o irmão do Blake. Do outro lado, o único atleta cedido pela NBA ao Mad Ants é o pivô Shane Whittington, do Indiana Pacers.


Do MVP à maior decepção. Uma lista de prêmios da NBA 2014-15
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Giancarlo Giampietro

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O começo dos playoffs também coincide com as diversas coletivas de imprensa que a NBA vai marcar para anunciar os vencedores dos prêmios individuais da temporada. Ao divulgar a sede – Oakland, Atlanta, Houston etc. –, a liga já indicará o escolhido. Como leva um tempo para organizar cada anúncio, há anos em que a cerimônia pode até ser meio indigesta, creiam. Corre-se o risco de entregar o troféu para um jogador que acabou de ser despachado nos mata-matas, como aconteceu em 2007 com Dirk Nowitzki. Seu Dallas Mavericks havia voado na temporada regular, aparentemente se recuperando bem da derrota para o Miami Heat nas finais da temporada anterior. Mas aí eles deram de frente com o Golden State Warriors de Don Nelson, seu ex-mentor, e acabaram entrando na história como mais um cabeça-de-chave número um a ser  eliminado pelo oitavo colocado. Se formos pensar no equilíbrio da atual Conferência Oeste, corre-se um sério risco.

Mas não há o que fazer: os mata-matas começam quase que imediatamente após o final da temporada regular. Técnicos e scouts se apressam em preparar o estudo sobre seu adversário, para dirimir tudo e passar aos atletas. E a raça que atende pela alcunha de jornalistas também está apressada, tentando colocar no papel uma série de artigos que se replicam, mas parecem inevitáveis. Como o tradicional para revelar suas escolhas para a votação (aqui, no caso, imaginária) dos melhores da temporada.

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>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

(Um parêntese, apenas: neste ano vamos ter um interessante contraponto entre as escolhas dos jornalistas e a dos jogadores. A associação dos atletas decidiu promover uma votação própria. “Os torcedores e os técnicos escolhem os all-stars. A mídia vota nos prêmios da liga. Nossos membros querem reconhecer as performances sensacionais de seus companheiros também. Os jogadores não têm votado para os prêmios desde 1980”, afirmou a advogada e diretora-executiva da entidade, Michele Roberts, em comunicado oficial divulgado na quinta-feira. Serão 10 categorias nessa seleção paralela, definidas pelos jogadores durante o intervalo do All-Star. “A nomenclatura exata para cada prêmio e o programa ainda estão sendo definidos”, diz. O estranho é que os votos foram dados antes do final da temporada. Como os atletas votaram para algo cujo nome ainda nem foi definido? Houve caras que se recusaram a participar do processo. Como John Wall, que levantou um ponto necessário: “Como jogadores, sabemos quem é quem, mas pode ser que nosso orgulho e nosso ego interfira. Pode ser que você não queira ver determinada pessoa ganhar um prêmio. Vai haver gente dizendo que é o MVP, ou o melhor jogador, então nunca vai ter uma disputa justa, na minha opinião.”)

Posto isso, vamos nessa, mas sem poder se estender muito sobre cada eleito. Cada um merecia um post próprio, mas há ainda muito o que ser digitado. Xô, tendinite..

MVP: James Harden
A disputa com Stephen Curry é muito torturante. Você tem muitos argumentos a favor dos dois, expostos aqui já, além de outros candidatos. Mas parece claro que, a essa altura, o troféu vai para Harden ou Curry. Steph é o melhor jogador no melhor time da liga. Faz coisas incríveis com a bola, seja arremessando, a ponto de comemorar uma cesta quando ela não cai, ou driblando, para descadeirar um CP3. Supera Harden em termos de índice de eficiência. Se quiser brincar com mais números, tudo bem. Em geral vai dar o líder do Warriors (e aqui que a gente precisa tomar cuidado com as estatísticas avançadas: de modo geral, os dados de Curry serão fora de série. E ele é brilhante, não temos dúvida. Mas, em termos de avaliação numérica, é muito difícil separar o que cada jogador faz do conjunto da obra de sua equipe. E o Golden State detonou a concorrência). Ainda assim, vou com Sr. Barba, pela carga pesada que carregou durante o campeonato para manter o Houston Rockets bem posicionado na Conferência Oeste – sem o seu astro, seria difícil até imaginar uma classificação aos playoffs. Foi aquele que ficou mais minutos em quadra e que mais cobrou lances livres. E melhorou consideravelmente sua defesa, marcando até mesmo gente como Z-Bo e Blake Griffin. Mais de uma bíblia já foi escrita a respeito da disputa dos dois, e geralmente os artigos todos têm terminado da seguinte maneira: “Veja bem, ambos merecem o prêmio, e a distância entre eles é mínima”. Não me parece que exista realmente uma “escolha errada” aqui. Mas deve dar Curry. Gostaria de ver Anthony Davis logo abaixo dos dois, e talvez a briga do Pelicans até o fim pelo oitavo lugar do Oeste o ajude. Os outros dois votos ficariam entre Wesbrook, LeBron e Chris Paul.

Melhor defensor: Draymond Green
Andrew Bogut é quem protege a cesta e vai ter um papel essencial nos playoffs para que seu time controle as batalhas mais importantes: aquelas da zona pintada. Qualquer torção de tornozelo ou lesão de ombro dele pode causar danos sérios ao favoritismo do Warriors, é verdade. Mas quem dá o recado, quem dita a intensidade da equipe na hora de parar o adversário. Ele é daqueles que fala horrores – mas que justifica tudo em quadra. Além disso, devido ao seu pacote de força física, inteligência, determinação e estatura mediana para a posição (2,01 m) permite a Steve Kerr confiar num sistema de trocas na defesa. É curioso isso: o fato de ser considerado baixo ao deixar a Universidade de Michigan State fez com que caísse para a segunda rodada do Draft. Hoje, é algo que joga a seu favor de modo único – com sua envergadura e senso de posicionamento, consegue marcar grandalhões. Ao mesmo tempo, é flexível o bastante para brecar as infiltrações de alas e armadores. Sua consistência durante todo o ano acaba valendo mais que os esforços impressionantes de Kawhi Leonard na reta final da temporada. Tivesse o jovem astro do Spurs disputado toda a temporada neste ritmo, acho que não haveria dúvida em apontá-lo aqui. Rudy Gobert seria outra escolha tranquila.

>> Os prêmios do 21 no meio da temporada: Oeste
>> Os prêmios do 21 no meio da temporada: Leste

Melhor 6º homem: Lou Williams
Nos momentos de crise, com DeMar DeRozan ou Kyle Lowry afastados, foi Williams quem carregou o Toronto Raptors. Sua habilidade para gerar oportunidades de pontuar por conta própria é vital num ataque que contradiz o ‘modelo Spur’: ao mesmo tempo que o clube canadense teve o terceiro sistema ofensivo mais eficiente do campeonato, ele foi apenas o antepenúltimo em cestas assistidas. Seus percentuais de arremesso são baixos, mas mudam de figura quando você vê o tipo de chute que lhe cabe em quadra, batendo adversários no mano a mano com velocidade e agilidade. Geralmente marcado no perímetro, tentando desafogar a vida de Dwane Casey. Basta conferir seu gráfico de tentativas de cesta e perceber que ele é ma ameaça constante, por toda o perímetro, interno e externo. É um perfil parecido com o de Isaiah Thomas, no fim. Agora, se o baixinho ajudou a devolver o Celtics aos playoffs, o simples fato de ele ter finalizado sua campanha em Boston já serve como um ponto contrário a sua candidatura – houve uma razão para o Phoenix Suns o liberar no mesmo dia em que havia trocado Goran Dragic, e ao que tudo indica ele dá trabalho no dia a dia. Dennis Schröder, Rodney Stuckey e o eterno Jamal Crawford também merecem consideração.

Jogador que mais evoluiu: Hassan Whiteside
Na temporada passada, ele estava no Líbano e na segunda divisão chinesa. Hoje, está posicionado entre os dez jogadores mais eficientes da liga. Em termos de custo-benefício, foi a melhor contratação da temporada. Acho que não precisa ir muito além disso – embora o próprio fato de ele nem ter jogado a temporada passada levante uma questão técnica sobre o prêmio: é possível comparar o desempenho atual com o de um passado um tanto distante? Caso o Utah Jazz tivesse se livrado de Enes Kanter mais cedo, Rudy Gobert poderia desbancá-lo aqui. Seu crescimento também foi impressionante, com o jogo desacelerando  para permitir que ele usasse seus atributos físicos de modo intimidador. Com o francês titular, sua equipe teve a defesa mais eficiente depois do All-Star Game, e foi de longe. Outros caras que vão ganhar votos justos estão no topo e participaram da festa em Nova York: Jimmy Butler e Klay Thompson, que trabalharam sério na virada de um campeonato para o outro e se tornaram cestinhas de elite.

Melhor novato: Andrew Wiggins
Nikola Mirotic arrebentou nos últimos meses da temporada, especialmente quando Rose e Gibson estavam fora de ação. Tem os números avançados mais qualificados. Teve um papel importante em uma equipe que disputou jogos relevantes o campeonato todo, com ambição de título. Mas há dois pontos contra o montenegrino naturalizado sérvio, a meu ver: 1) não podemos nos esquecer que foi apenas a partir de março que ele ganhou minutos significativos, devido aos desfalques na rotação de Thibs – em fevereiro, por exemplo, jogou apenas 14,3; 2) não me sinto confortável em tratar o talentoso ala-pivô como “novato” – não quando ele já ganhou o prêmio de MVP do campeonato espanhol e vários troféus pelo Real Madrid. Tecnicamente ele é um calouro, sim. Na realidade, já é um “jovem veterano”. Então vamos de Andrew Wiggins, que teve o ano mais consistente entre todos os estreantes. Aliás, deu para perceber um padrão aqui, né? A preocupação de não se deixar levar apenas pelo que aconteceu nas semanas finais de campanha. Pode não ter tido o ano mais eficiente, mas conseguiu produzir em um nível elevado para um garoto só completou 20 anos em fevereiro e que mal teve a assistência de Ricky Rubio, ou de qualquer outro veterano para facilitar sua transição. É difícil ter uma exuberância estatística quando seu time tem um elenco inexperiente e estropiado. De qualquer forma, mostrou uma evolução regular mês a mês e dá toda a pinta de que vai se tornar a estrela cantada por olheiros há dois, três anos. Por isso, nas minhas contas, fica acima de Nerlens Noel, Jordan Clarkson e Elfrid Payton, calouros que jogaram muito, mas apenas depois do All-Star.

Melhor técnico: Steve Kerr
Tá, aqui vamos apelar sensivelmente aos números. O Golden State se despediu da temporada regular com o segundo melhor ataque;  a melhor defesa, embora jogue com o ritmo mais acelerado da liga; o melhor saldo de pontos, disparado, e essa é uma estatística notoriamente influente no resultado dos playoffs; melhor em percentual de arremessos, sem importar qual a medição usada; o segundo melhor rendimento em jogos apertados – nas raras ocasiões em que não conseguia atropelar os adversários; o segundo em cestas assistidas… Você precisa vasculhar bastante toda a magnífica seção de estatísticas do NBA.com para encontrar um ou outro ranking em que eles apareçam mal posicionados. Então tudo bem: em aproveitamento de rebotes, ocupam apenas o 12º lugar, sendo que, naqueles mais importantes, os defensivos, estão em 19º. Está certo que Kerr já assumiu uma base sólida, um grupo que havia disputado as últimas duas edições dos playoffs e que cresceu muito na defesa sob a orientação de Mark Jackson. Mas o fato é que o clube deu um salto de 16 vitórias na classificação geral, e desconfio que isso não se deve à chegada de Shaun Livingston, Leandrinho, Justin Holiday e James Michael McAdoo. Não obstante, o final de temporada um tanto morno do Atlanta Hawks acaba facilitando a escolha entre ele e Mike Budenholzer. O que não quer dizer que o treinador dos campeões do Leste não mereça um robusto pergaminho de elogios, ao por também ter elevado seu mesmo grupo a outro patamar. Terry Stotts, sempre subestimado em Portland, Kevin McHale, que revolucionou a defesa do Rockets mesmo com Dwight Howard no estaleiro, Brad Stevens, um mago ao ter endireitado um Boston Celtics em cosntante mutação,  e Jason Kidd, com uma rotação única por sua extensão e uma retaguarda sufocante com o jovem Bucks, são outros nomes que merecem atenção.

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David Griffin terminou a temporada sorrindo

Melhor executivo: David Griffin
Os mais chegados a LeBron James garantem que, se fosse para deixar Miami, apenas um retorno para Cleveland seria possível. Não se sabe até hoje o quanto a franquia de Ohio estava informada a respeito disso. E não importa. Quando a possibilidade de acertar a contratação de James se apresentou, o dirigente já havia tomado todos os passos necessários para acolhê-lo, num trabalho nada fácil: saber usar as escolhas de Draft acumuladas durante meses e meses para abrir espaço no teto salarial, tomando cuidado para não sabotar completamente o futuro da franquia se algo desse errado. Está certo que o segundo movimento – a troca por Kevin Love, cedendo uma promessa como Andrew Wiggins – não teve a repercussão (esportiva) esperada, mas não dá para ignorar o fato de que LBJ praticamente exigiu que a transação fosse feita. De qualquer forma, em meio a uma alarmante crise com menos de 50% da temporada disputada, Griffin foi nobre e valente o bastante para chamar uma coletiva e dar um basta aos rumores sobre uma possível demissão de David Blatt. Depois, voltou ao mercado para buscar reforços que salvassem seu treinador e, ao mesmo tempo, satisfizesse os anseios do astro. Agindo sempre sob uma pressão imensurável, tendo um dos proprietários de clube mais impacientes e ativos na sala ao lado. Bravo. O combo Bob Myers-Jerry West-Travis Schlenk-Kirk Lacob também merece aplausos por um entrosamento único na gestão do Warriors, assim como John Paxson e Gar Forman, que estão desgastadíssimos com Tom Thibodeau, mas deram ao técnico um elenco capaz de relevar as constantes lesões de Derrick Rose.

Por fim, alguns itens alternativos:

Melhor jogador sub-23: Anthony Davis, com 22 anos completos em março.  Steph Curry tem 27. Durant e Wess, 26. Harden, 25. Tim Duncan? 38. LeBron? 30. Assimilem isso.

Melhor segundanista: Rudy Gobert. Desculpe, Giannis. : (

Melhor estrangeiro: Pau Gasol, redivivo em Chicago e líder em double-doubles na temporada. Fica acima de seu irmão, que teve dois meses fantásticos na abertura do campeonato, mas depois caiu um tico.

Melhor brasileiro: Leandrinho? A despeito de seu entra-e-sai na rotação do Warriors. Mas convenhamos que não foi uma temporada das mais produtivas para os selecionáveis, com diversas lesões atrapalhando a trinca Splitter-Nenê-Varejão, da mesma forma que Vitor Faverani acabou dispensado por Boston sem poder mostrar serviço. Em Toronto, os caçulas mal jogaram.

Melhor importação da D-League: Whiteside, surrupiado pelo Miami Heat da toca do Memphis Grizzlies, o Iowa Energy. Aliás, Pat Riley foi o executivo que melhor usou a liga de desenvolvimento este ano. Basta ver como Tyler Johnson chegou ‘pronto’ quando foi promovido. Menção honrosa aqui para Robert Covington, um ala de muito potencial por sua habilidade atlética na defesa e o chute de fora no ataque. Veja aqui todos os jogadores que conseguiram elevar consideravelmente sua renda mensal ao serem chamados pela liga maior.

De Tyler Johnson para Whiteside. Dois D-Leaguers

De Tyler Johnson para Whiteside. Dois D-Leaguers

Melhor resultado de troca: se for pensar no curtíssimo prazo, a chegada de Timofey Mozgov ao Cleveland, por propósitos defensivos e também para animar LeBron, que, segundo consta, quase chorou de alegria ao ver o quão gigante o russo é de perto. Vale mencionar também a contratação de Isaiah Thomas pelo Boston. Sim, teve mais impacto que nomes como Rondo, Jeff Green e Goran Dragic. Ou mesmo Quincy Pondexter, que ajudou o Pelicans a estabilizar sua defesa e ainda recuperou seu arremesso de três pontos. Pensando longe, tudo vai depender de renovações de contrato. Dragic vai ficar em Miami, presumimos. Será que Rondo vai se encontrar em Dallas durante os playoffs? Como o Phoenix vai aproveitar tantas escolhas futuras de Draft? Será que Philly vai descolar o pick do Lakers já neste ano? Enfim, tudo em aberto.

Time mais azarado: Oklahoma City e Indiana Pacers têm uma alta conta hospitalar para competir aqui.

Maior decepção: New York Knicks. Phil Jackson prometeu os playoffs em setembro e terminou o ano falando que enfim tinha um plano para reerguer a franquia. O Los Angeles Lakers não fica muito atrás.

O jogador mais desmiolado: Nick Young, com seus devaneios de grandeza. Você quer acreditar que tudo não passa de uma grande piada, mas, quando percebe o conjunto da obra, começa a duvidar disso. Byron Scott não quer reencontrá-lo de modo algum na próxima temporada.

O dirigente mais intempestivo: Vivek Ranadive, dono do Kings, que demitiu Michael Malone depois o melhor início de campanha da equipe em muito tempo, efetivo Tyrone Corbin (um desastre), depois pressionou Chris Mullin a assumir o cargo durante a temporada para depois frustrar seu “consultor” ao contratar George Karl. Se não fosse o bastante, ainda trouxe Vlade Divac de volta para ser o novo chefão das operações de basquete. Com tudo isso, conseguiu sabotar DeMarcus Cousins de uma forma inacreditável, justamente no primeiro ano que o pivô se comportou do início ao fim. Aliás, Boogie também precisa ser incluído na lista de jogadores que mais evoluíram – e talvez seja hoje o jogador mais subestimado, por isso. Loucura geral.

A notícia que pode ter maior impacto a longo prazo: a NBA, depois de sua última reunião com os proprietários das franquias, indicando que o teto salarial pode passar dos US$ 100 milhões em 2017-18.


Toda a indecisão na hora de escolher o MVP da NBA
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Giancarlo Giampietro

James-Harden-Steph-Curry

Para alguns times, restam dez jogos na temporada. A essa altura do campeonato, já era para a discussão ter acabado. Já era para termos a resposta clara. Mas, não: nessa reta final, é bem provável que sua opinião vá mudar a cada rodada. Simplesmente não dá para saber quem vai ser eleito o MVP da temporada 2014-15 da NBA. Todos os principais candidatos têm ótimos argumentos a seu favor. Os ‘senãos’ são poucos. Você pode tentar uma análise mais fria, por números. Você pode apelar ao sentimentalismo. E tudo seguirá embaralhado. As diferentes linhas de raciocínio geralmente giram em torno de tópicos como o melhor jogador no melhor time, aquele jogador que seria mais insubstituível, o melhor nas estatísticas, a melhor narrativa (sim, não deveria ter muito a ver, mas sempre influencia) e uma ou outra fagulha a mais. Pensando nisso, vamos tentar entender o que está na mesa nessa disputa, avaliando os cinco principais candidatos. Quer dizer, aqueles que supostamente formariam esse quinteto:

Stephen Curry
Com seu talento o arremesso e controle de bola, Curry impulsiona o ataque mais poderoso da NBA. Suas bombas de três pontos talvez sejam o lance mais celebrado da liga hoje. Todo mundo ama Curry e o Warriors – e deveriam, mesmo. O que tem para desgostar aqui? Seu  jogo realmente é extremamente vistoso e eficiente. O cara chuta oito bolas de longa distância por partida e converte 42% delas, muitas geradas em jogadas individuais – algo ridículo. A partir do momento em que cruza a metade da quadra, vira uma ameaça que aterroriza as defesas. De um ano para cá, também vem mudando defende bem melhor do que lhe dão crédito. Seus números? Temos: 23,3 pontos e 7,9 assistências, mais 4,3 rebotes e 2,1 roubos de bola. E quer saber do que mais? Ele só joga 32 minutos por partida, o que deveria fortalecer sua candidatura em relação a estatísticas. Porém, esse acaba se tornando o principal ponto para quem quiser optar por outro nome. Curry é o melhor jogador no melhor time da liga – um time tão bom que massacra os oponentes em três períodos e pode poupar seu astro no quarto final. Mas é justo atingir o armador pela força do time? Digo, se ele sai, e Klay Thompson ainda pode fazer 37 pontos num quarto, por que penalizá-lo? Pode-se argumentar tranquilamente que o Golden State seria uma excelente equipe com Kyrie Irving ou John Wall em seu lugar. Mas o pacote único de habilidades do filho do Dell e irmão do Seth é o que leva o clube a outro patamar, certo? Ou errado? Essa é a pergunta-chave. Pela popularidade – mas não só por isso –, parece o favorito.

James Harden
Se formos levar em conta tudo o que Curry tem de excitante em quadra, Harden parece gravitar no outro espectro. Do ponto de vista de eficiência, da “jogada certa” – tanto para os caras da velha escola, como para a turma analítica –, o Sr. Barba é aquele que mais cobra lances livres na NBA. Para conseguir isso sendo um ala-armador de 1,95 m de altura, só dá para dizer que o cara tem um talento especial. Funciona bem demais. Só não faz ninguém levantar da cadeira. Quem é o doido que via gritar no ginásio, ou na frente da TV algo na linha de: “Isso! Harden conseguiu cavar mais uma falta! Vamos aos lances livres!”? Isso depõe contra o astro do Rockets na votação, embora não devesse. Pontos são pontos, não importando se vêm num torpedo de três pontos a dois passos do meio da quadra, ou em uma cravada aparentemente impossível de completar. O que ele tem (muito) ao seu favor, por outro lado, é a lesão de Dwight Howard. O fato de Houston estar na luta pela segunda posição dessa brutal Conferência Oeste mesmo com o pivô se aproximando da marca de 40 jogos de afastamento. Seja quem estiver ao seu lado, Harden não pára, embora apanhe bastante, liderando a liga em minutos e lances livres cobrados. O estilo de jogo praticado pelo time e pelo jogador requer força física e mental. Nesse sistema, Harden o barbudo é insubstituível. Alvo de chacota na temporada passada, ele agora segue adiante.

Anthony Davis
Já mencionei isso aqui e ali, mas não custa reforçar: o estimado Monocelha está cumprindo a temporada com um dos maiores índices de eficiência da história. Acima de qualquer campanha de Jordan. De Lebron. Shaq, Malone, Magic e Bird também. O que não quer dizer que ele seja melhor que esses caras. Mas, mesmo para os mais descrentes em relação aos números, não é possível que esse dado não chame a atenção que seus 31,4 pontos de PER só não superem os 31,8 de Wilt Chamberlain em 1963, numa época em que o legendário pivô era a maior aberração atlética do planeta. São 24,6 pontos, 10,4 rebotes, 2,9 tocos, 2,0 assistências, 1,4 roubo de bola e 54,6% nos arremessos de quadra e 82,8% nos lances livres. Afe. Quer mais números? Tudo dissecado aqui. E a produção do ala-pivô não é inócua. Apesar dos desfalques, o Pelicans ainda segue na briga para ir aos playoffs. Muito por conta do que a jovem estrela anda fazendo no decorrer das partidas, mas especialmente nos momentos decisivos dos jogos, segundo instigante levantamento do analista Tom Haberstroh, do ESPN.com, com base em dados clutch do promissor site Inpredictable.com. Aos 21 anos, o garoto já foi o atleta mais decisivo do campeonato, galera. Então veja bem: não  é apenas um caso de coletar dados. O que pega é que, por mais que seja uma estrela emergente, a impressão que se tem é a de que poucos o admiram como ele merece, pelo fato de seu time aparecer pouco na TV. Fora isso, Davis desfalcou o Pelicans por 14 jogos na temporada, com um acúmulo preocupante de leves contusões ou graves lesões.

Russell Westbrook
Tantos triple-doubles. A sobrevivência sem o atual MVP. A exposição constante na TV – e em todos os clipes de seus lances totalmente amalucados, seus ataques assustadores ao aro no YouTube, nas redes sociais. Todo o som e a a fúria, saca? E, neste ano, sem Durant ao seu lado, Wess não tem nem mesmo de responder ao questionamento habitual – e muitas vezes justo – de que seria um fominha desmiolado, inconsequente e matador de aves raras. Agora, veam só como o mundo dá voltas, como é bonito o ciclo da vida: é melhor que ele esfomeie!  Ou você gostaria que ele passasse para Dion Waiters e Andre Roberson toda hora? Uma bolinha para Enes Kanter no garrafão, outra para Anthony Morrow na zona morta, alguma ponte para Steven Adams, e estão todos quites. As pessoas pontuam, ele consegue assistências e acumula seus recordes. O senão aqui é o fato de ele ter perdido um mês de temporada, devido a uma fratura na mão totalmente estraga-prazer. Além disso, nos poucos jogos que Durant jogou, OKC conseguiu seu melhor rendimento: 66,6% (18-9). Sem ele, o número cai para 51,% (22-21), abaixo de Suns e Pelicans. Teríamos um time ocupando a décima posição do Oeste hoje. E, se Anthony Davis não pode ser o MVP fora dos playoffs, logo, Westbrook…

LeBron James
Aqui, temos o cara que se enquadra na categoria de “Melhor Jogador de Sua Era”. Ainda. Mas é o mesmo cara tirou meses de férias (extraoficiais) até realmente parar por duas semanas para botar a cabeça e o corpo em dia. Desde que voltou, o Cavs decolou na direção da equipe que todos imaginamos que iria se tornar. Um detalhe, porém: também não podemos nos esquecer que a chegada de Timo!!!, JR e Shumpert deu uma bela ajuda nessa arrancada também. De qualquer forma, LeBron realmente retornou rejuvenescido, empolgado e, caraca, até mesmo elogiando seu técnico. Que coisa! Só acho um tanto curioso que ele seja elogiado por isso. Pensando em dois fatores: 1) como se ele não tivesse responsabilidade alguma antes da pausa, ainda mais depois de escrever uma carta em revista nacional sobre o quanto estava amando retornar para a quadra; 2) se estamos elogiando LBJ pelo que ele está fazendo agora, isso quer dizer que o que estava acontecendo antes não era tão bom, né? Tentando não ser tão cruel, dá para ponderar que, após quatro finais seguidas e com toda a emoção de voltar para a casa, que seria mais que natural que o craque abaixasse a guarda por um tempo. OK, é isso, mesmo, é algo que tem de ser levado em conta. Curry e Harden, por outro lado, não têm nada a ver com isso. Em termos de consistência, não parece certo que estivessem abaixo do capitão do Cavs em qualquer lista. Ainda assim, o cara se chama LeBron James, com fama de rei.

Menções honrosas para… LaMarcus Aldridge, que não deveria nem mesmo estar em quadra devido a uma lesão de ligamento na mão esquerda – problema, aliás, agravado no domingo – e lidera a liga em cestas de quadra, é o oitavo em médias de minutos, o sexto em pontos e o oitavo em rebotes pelo Blazers… Chris Paul, que manteve o Clippers vencendo durante o período de ausência de Blake Griffin e lidera a temporada em assistências… E Marc Gasol, que teve seus momentos de brilhantismo na primeira metade da temporada pelo Grizzlies.

PS: Harden seria o meu escolhido hoje, um tico acima de Curry pela carga maior que ele leva. Mas, sério, não dá para ter convicção disso.


Steve Nash nunca mais: aposentadoria confirmada
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Giancarlo Giampietro

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Mais um termo gasto à exaustão no jornalismo esportivo? “Genial”. Não dá para banalizar uma palavra dessas, gente. Mas, para Steve Nash, cabe perfeitamente. Ou cabia: uma vez que, neste sábado, o armador confirmou que não vai ser mais um jogador de basquete.

Ele pode não ter ganhado um título, mas conduziu alguns dos times mais ofensivos (ou de “melhor ataque”, ou de “ataque mais eficiente”) da história da NBA. Seu Michael Jordan (aquele que barrou Malote/Stockton, Ewing, Barkley e Payton/Kemp no baile) acabou sendo, principalmente, Tim Duncan/Tony Parker – ainda que tenha perdido para Kobe/Gasol/Bynum/Mestre Zen/Artest (2010) e seu compadre Dirk Nowitzki também. Que mal tem nisso? Aqui, segue a recusa de julgar atletas por “vencedores” ou “perdedores”. Existe um vasto universo entre um e outro.

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Que ele tenha confirmado sua aposentadoria neste sábado sem poder entrar em quadra na temporada talvez seja mais doloroso que isso. Principalmente para alguém que gostava tanto de jogar e se empenhou tanto nos últimos 10 anos para tentar manter a forma, lidando com insistentes problemas nevrálgicos e/ou nas costas. O canadense usou e abusou da mágica equipe médica do Suns para isso. Tudo ruiu quando foi para o Lakers. Mas provavelmente a queda aconteceria de modo inevitável, pelo desgaste acumulado. A tal da idade.

No auge, em quatro temporadas, Nash teve aproveitamento de quadra superior a 50% nos arremessos, 40% de três e 90% nos lances livres. O invejável clube dos 50/40/90. Pensem nesses números e lembrem-se que o canadense estava com a bola – ao contrário de um Steve Kerr, que abria na linha perimetral à espera de um passe de Jordan, Pippen ou Kukoc. Talvez tenha sido o melhor arremessador da história da liga. Larry Bird, Jerry West, Nowitzki e Stephen Curry podem falar algo a respeito. É o tipo de coisa que não dá para cravar, mas Nash certamente está nessa discussão.

Ele viu esse passe: reparem em como está seu corpo. Não há equilíbrio algum, a passada foi encurtada e/ou esticada, mas ele fazia mesmo assim. Isso faz parte da capacidade atlética

Ele viu esse passe: reparem em como está seu corpo. Não há equilíbrio algum, a passada foi encurtada e/ou esticada, mas ele fazia mesmo assim. Isso faz parte da capacidade atlética

A capacidade para o chute andava lado a lado com sua habilidade atlética e visão de quadra e… Pera lá! Atlético?! Um cara que provavelmente nem conseguia enterrar? É, pois é. O nível de coordenação motora que o sujeito tinha vale mais que qualquer sprint. A impressão que sempre passou era a de que que seria o melhor levantador no vôlei,o melhor quarterback, o melhor armador no handebol e, quiçá, um camisa 10. É um talento atlético, sim — belo embora, incrivelmente, não seja dos mais visados, o que explica o fato de ele só ter recebido uma proposta de um College minimamente decente nos EUA: a modesta Santa Clara. Fazia o que queria com a bola, o que lhe propiciava realizar os passes “que ninguém via”.

Outro fator que não deve ser subestimado: o quanto Nash tornou aqueles que estavam ao seu redor melhores, craques ou não. Marion, Stoudemire, Tim Thomas, Raja Bell, James Jones, Dragic, Richardson e, claro, Leandrinho – um dos seus grandes amigos. Entre tantos outros. Inestimável contribuição, que faz qualquer dirigente parecer muito mais inteligente. Bryan Colangelo que o diga.

Essas características davam ao cara plena autonomia. Don Nelson e Mike D’Antoni entenderam e aceitaram isso sem problemas. (O que, aliás, é um baita mérito). Não é que seus times não tivessem jogadas cantadas ou “sistemas”. Claro que davam diretrizes. Mas a execução em quadra era muito mais livre do que em 95% dos casos que vemos por aí. Nash pegou a chave do busão e organizou tremendos passeios.

Era um jogador completo? No ataque, sim. Na defesa, sabia fechar espaços, mas tinha muita dificuldade em jogadas de mano-a-mano. Na hora do vamos ver, precisava ser “escondido”. Contra o Spurs, em vez de enfrentar um Tony Parker, por exemplo, ficava com Bruce Bowen na zona morta. Não acho que isso arranhe seu legado – sim, podemos falar de “legado” também. Seu Phoenix Suns revolucionou a liga, e até o algoz Gregg Popovich fala a respeito. Apontar falhas não serve para desmerecer aquilo que se faz bem. Poderíamos aceitar isso numa boa, não? (Russell Westbrook pensa que sim.) Na balança, Nash deu muito mais do que tirou.

Agora, o ex-armador vai se dedicar mais às filhas, ao cinema e ao cargo de gerente geral da seleção canadense. Tem em Curry um herdeiro quase natural — o armador do Warriors tem o drible e o chute e até marca bem mais hoje. Porém, não chega a ser tão intuitivo assim na hora de botar o time para jogar.

De qualquer forma, também tem um basquete genial. Aproveitem o rapaz, que Steve Nash nunca mais.

A foto que Nash escolheu para ilustrar sua carta de despedida

A foto que Nash escolheu para ilustrar sua carta de despedida

*   *   *

Não é falsa modéstia, mas não esta postagem não faz jus ao jogador que foi Nash. Sua visão de quadra e instinto, a importância do Suns dos anos 00, a derrocada no Lakers eram todos temas que devem ser explorados com mais profundidade. Acontece que não houve tempo para preparar algo melhor – no futuro, dá para falar mais sobre esses tópicos e outros mais. Para esmiuçar a carreira do canadense, a imprensa norte-americana já nos deu grandes textos desde o momento em que ficou claro que ele não jogaria mais. Ao Marc Stein, repórter dos mais próximos ao astro, ele fala como anda sua vida hoje, como aceitou o fato de que não dá mais para jogar e sobre não se importar com qual seria o seu legado. Amin Elhassan conta como era trabalhar no time de um gênio, com detalhes saborosos. Ryan Wolstat, do Toronto Sun, escreve sobrseu impacto no Canadá e coleta números e tweets da NBA sobre ele. Bruce Arthur, do Toronto Star, nos demonstra como a carreira do armador foi uma aberração.

Talvez o melhor, mesmo, seja o próprio Nash contar o que fazia. Em vídeos como este:




Tal pai, tal filho? Segunda geração invade as quadras da NBA
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Giancarlo Giampietro

Não é um fenômeno recente. Digo, um fenômeno de agora. Mas é algo que vem ficando mais e mais recorrente. A cada temporada da NBA, temos a chance de revisitar alguns sobrenomes bastante familiares – ao menos para a minha geração, a dos trintões desse Brasil profundo. Acho que começou com o Patrick Ewing Jr., ou algo assim. Mas aí veio muito mais: Hardaway, Robinson, Rice… Até chegarmos a um STOCKTON no mês passado. É uma segunda geração cara-de-pau, que não viu problema algum em seguir os passos de seus pais famosos. “Encaramos isso como se você o nosso tempo agora”, afirma Tim Hardaway Jr., o ala do Knicks. “Eles já tiveram o deles.”

Vamos recuperar alguns desses nomes, então? Escrevo “alguns” pois me parece meio que impossível dar conta de todos os caras espalhados por aí. Se você se lembrar de mais um, favor entrar em contato com a secretaria, que anda ocupada, mas é atenciosa. Serviço de utilidade pública, gente. Por favor.

Para não virar uma bagunça, vamos dividi-los por categorias – incluindo alguns universitários que podem aumentar a legião nos próximos anos. Aqui, vamos agrupar os atletas cujos pais jogaram na liga pelo menos em alguma temporada dos anos 90, tá? Porque, acho, deixa a coisa mais legal, devido à maior chance de familiaridade com eles. Desta forma, que nos desculpem Kobe/Joe “Jellybean” Bryant, Kevin/Stan Love (o parente mais famoso do ala-pivô, na real, é o tio Mike Love, vocalista dos Beach Boys) e Joakim/Yannick Noah (do tênis, dãr):

>> Difícil de superar
A molecada vai ter de suar e melhorar muito para poder fazer cócegas no currículo paterno.

David/John Stockton

David e John fizeram nome por Gonzaga. Na NBA? Outra história

David e John fizeram nome por Gonzaga. Na NBA? Outra história

Se você é o filho do Pelé e quer jogar futebol de qualquer jeito, o cenário menos exigente talvez fosse virar goleiro, mesmo, como no caso de Edinho. Agora, se o seu pai se chama Stockton, você vai topar ser armador, mesmo? David, convenhamos, é um garoto determinado, para dizer o mínimo. Ainda assim, se formos pegar suas médias na universidade de Gonzaga, a mesma de John, temos modestos 4,8 pontos e 3,1 assistências em 20 minutos. No último ano, antes de se formar, somou 7,4 pontos e 4,2 assistências: nada de outro mundo. Então não há como negar também que o sobrenome deu uma boa ajuda na hora de o rapaz assinar um contrato de training camp com o Washington Wizards no ano passado. Dispensado, entrou na D-League, pela qual foi selecionado pelo Reno Bighorns, a franquia conveniada com o Sacramento Kings. Foi pelo time da capital californiana, com um contrato de 10 dias, se aproveitando da lesão de Darren Collison, que ele fez sua estreia, no dia 21 de fevereiro, ao receber sete minutinhos contra o Los Angeles Clippers. A primeira assistência – e, por ora, a única – de sua carreira foi para o israelense Omri Casspi, num tiro de três pontos no Staples Center. Agora, está de volta a Reno. Uma curiosidade? David, na verdade, não foi o primeiro descendente direto de Stockton a se associar a um clube da NBA. Seu filho mais velho, Michael, profissional na Alemanha, já havia defendido o Utah Jazz numa liga de verão em 2012.

O que o pai fez? Só é o líder no ranking histórico de assistências e roubos de bola da NBA, membro do Dream Team original, duas vezes campeão da Conferência Oeste e jogou a vida toda com shorts bem pequenos, mesmo num mundo pós-Iverson.
Quando o pai se aposentou? Em 2003, tendo vestido uma só camisa, a do Utah Jazz.
Por onde anda? Com muito custo, o Utah consegue tirá-lo de casa para alguma cerimônia. Só atende a ligações de Karl Malone e Jerry Sloan.

Tim Hardaway Jr./Sr.

Quando jogavaa, Hardaway Sr. peitou o Knicks. Agora vê o filho por lá

Quando jogavaa, Hardaway Sr. peitou o Knicks. Agora vê o filho por lá

Ala do Knicks, mas vai saber até quando. Eleito para a seleção da Big Ten quando defendeu a Universidade de Michigan, pela qual foi vice-campeão da NCAA em 2013. Foi selecionado na 24ª posição do Draft daquele ano. Em duas temporadas pelo Knicks, alternou bons e maus momentos. No geral, não tem o rendimento dos mais eficientes como cestinha, convertendo apenas 41,2% dos arremessos na carreira e 34,9% de três pontos, com menos de 2 lances livres por jogo. No geral, sua média é de 10,7 pontos por jogo, ou de 16,4 pontos por 36 minutos. Aos 22 anos, poderia ser visto como uma peça de futuro do clube nova-iorquino, mas a verdade é que já foi incluído como moeda de troca em diversas propostas de Phil Jackson, a última delas buscando Goran Dragic.

O que o pai fez? No auge, tinha um dos crossovers mais mortais da NBA, sendo integrante do aclamado trio Run TMC do Golden State Warriors. Em 1993, porém, sofreu uma grave lesão no joelho que lhe roubou a explosão e obrigou a se reinventar como um arremessador em Miami ao lado de Alonzo Mourning. Foi eleito cinco vezes para o All-Star Game e teve médias de 17,7 pontos e 8,2 assistências.
Quando o pai se aposentou? Em 2003, aos 36, como reserva do Indiana Pacers, e paciência.
Por onde anda? É assistente de Stan van Gundy em Detroit.

Glenn Robinson III/II

Glenn Robinson para tudo que é lado

Glenn Robinson para tudo que é lado

Uma dinastia de Glenn Alan Robinsons, vejam só! O terceiro da linhagem foi draftado Minnesota Timberwolves no ano passado, na 40ª posição. Acompanhou Hardaway Jr. (além de Trey Burke e Mitch McGary) em Michigan, mas esticou sua permanência por lá com a expectativa de que um ano a mais na NCAA serveria para aprimorar sua técnica. Não aconteceu: o ala ainda é tido como um superatleta, mas bastante limitado com a bola em mãos. Sob o comando de Flip Saunders, jogou 108 minutos em 25 partidas em sua primeira temporada, até ser dispensado para a contratação do pivô Justin Hamilton. Foi recolhido pelo Philadelphia 76ers. Tem 21 anos.

O que o pai fez? Foi o primeiro num Draft que tinha Jason Kidd e Grant Hill. Anotou mais de 20 pontos em média por oito temporadas – a média da carreira foi de 20,7. Duas vezes All-Star. Na sua saideira da liga, ainda descolou um título pelo Spurs. Ah, mas claro: ganhou e adotou o apelido de Cachorrão. Aí, sim.
Quando o pai se aposentou? Em 2005, jogando 8,7 minutos em média pelo Spurs nos playoffs.
Por onde anda? Está curtindo por aí. Ganhou mais de US$ 80 milhões em salário.

Glen Rice Jr./Sr.

Rice Jr. primeiro tem de voltar para a NBA

Rice Jr. primeiro tem de voltar para a NBA

Aqui, roubamos um pouco, já que o ala foi dispensado pelo Washington Wizards, perdendo a concorrência por minutos na rotação de Randy Wittman para o veterano Rasual Butler. A princípio, isso poderia parecer humilhante, mas Butler jogou bem o suficiente este campeonato para entendermos a decisão. Rice Jr. agora está de volta ao Rio Grande Valley Vipers, da D-League, aos 24 anos, em busca de uma nova chamada. Sua primeira passagem pela liga de desenvolvimento aconteceu em 2013, quando foi dispensado pela Universidade de Georgia Tech, de tanto que aprontava fora de quadra. Na capital americana, pelo que tudo indica, se comportou bem, mas não teve muitas chances para se provar. Em duas temporadas, ganhou apenas 152 minutos de Wittman, pouco mais de três partidas inteiras.

O que o pai fez? All-Star em três temporadas pelo Charlotte Hornets. Naqueles tempos, tinha um respeito considerável na liga, a ponto de ser incluído como peça principal num pacote de Pat Riley por Alonzo Mourning. Acertou 40% de seus arremessos de três e marcou mais de 18 mil pontos, com média de 18,3. Em 2000, ganhou um título pelo Lakers, sendo titular no timaço de Shaq e Kobe. MVP do All-Star Game de 1997.
Quando se aposentou? Em 2004, como reserva do Clippers.
Por onde anda? Rice reapareceu nos noticiários – políticos! – quando revelou que passou uma noite amorosa com a ex-governadora do Alasca, Sarah Palin, quando universitários. Hoje, é dono da GForce Promotions, que aspira a ser uma liga de desenvolvimento do MMA nos EUA. Sério.

Austin/Doc Rivers

Técnico e jogador, pai e filho

Técnico e jogador, pai e filho

Austin já foi considerado o melhor prospecto de sua geração quando estava no High School. Passou um ano por Duke, trabalhando com o Coach K. Durante sua única temporada como universitário, porém, viu seu status e encanto diminuir com os scouts. Já em seu terceiro ano como profissional, talvez restem poucos que acreditem que ele possa virar ao menos um jogador decente para a NBA. A vida é dura: o rapaz tem apenas 22 anos. Sua passagem pelo Clippers, clube no qual se tornou o primeiro filho a jogar por seu pai treinador na liga, também não anima tanto.

O que o pai fez? Foi um ótimo armador, eleito All-Star em 1988, quando era um dos escudeiros de Dominique Wilkins pelo Atlanta Hawks, no auge. Ao todo, jogou os playoffs por 10 temporadas, sendo vice-campeão do Leste pelo Knicks em 1993 e vice-campeão do Oeste pelo Spurs em 1995.
Quando se aposentou? Em 1996, pelo Spurs, que tinha Bob Hill como técnico e um então anônimo Gregg Popovich como gerente geral.
Por onde anda? Sabemos bem.

Phil/Paul Pressey

Tamanhos diferentes, organizadores de jogo

Tamanhos diferentes, organizadores de jogo

Phil quem? Talvez só o torcedor do Boston Celtics mais fanático possa dissertar a respeito do armador que fez sucesso pela Universidade de Missouri entre 2010 e 2013, ganhando vários prêmios por lá. Se a fama por lá não foi o suficiente para lhe render uma posição no Draft, ao menos o ajudou para fechar contrato com o Boston Celtics. Danny Ainge o adora e confia que, aos 24 anos e em sua segunda temporada, ainda pode se desenvolver e se tornar uma boa opção de armador reserva. Tem velocidade e visão de quadra, mas o arremesso é falho – tem aproveitamento de apenas 32,8% em 115 partidas, com média de aproximadamente 14 minutos. Acontece que, baixinho por baixinho, acaba de chegar Isaiah Thomas, alguém muito mais qualificado, deixando o futuro de Pressey na Beantown bastante nebuloso.

O que o pai fez? Paul Pressey também teve uma carreira universitária de destaque, em Tulsa, a ponto de ser escolhido um All-American em 1982, quandol também seria selecionado pelo Milwaukee Bucks na 20ª posição do Draft. Jogou pelos Bucks por sete anos, com sucesso, participando de equipes que desafiavam gigantes como o Celtics e o Sixers nos playoffs, sob o comando de Don Nelson. O heterodoxo treinador, aliás, enxergou no ala de 1,96 m a habilidade necessária para torná-lo o condutor do time. Pressey se tornou, então, um dos primeiros “point forwards” da liga, ao estilo de Grant Hill e LeBron James – se é que não foi, de fato, o pioneiro da posição na NBA. Bastante atlético, também competiu em torneio de enterradas e foi eleito duas vezes para a seleção dos melhores defensores da liga.
Quando se aposentou? Em 1993, disputando 18 partidas pelo Golden State Warriors, novamente com Nelson, de quem já era assistente.
Por onde anda? Integra a comissão técnica de Byron Scott no Lakers.

>> Já viraram a referência
Quando os caras dos anos 80/90 passam a ser conhecidos como pais de fulano.

Stephen/Dell Curry

Três grandes arremessadores

Três grandes arremessadores

Aqui nem precisamos elaborar muito, né? Stephen deixou as lesões de tornozelo no passado e se fixou como uma das figuras mais populares da nova NBA. Para ele, não existe sequer um arremesso que pareça impossível de acertar. Além disso, tem um dos dribles mais vistosos e efetivos da liga e vem melhorando sensivelmente como defensor. Candidato a MVP da temporada. E chega.

O que o pai fez? Transferiu geneticamente sua habilidade de grande chutador para dois filhos – Stephen e Seth, hoje num contrato de 10 dias com o Phoenix Suns. Maior cestinha da franquia Hornets, Dell entrou na liga em 1986, escolhido em 15º pelo Utah Jazz, passou pelo Cleveland Cavaliers, mas fez seu nome, mesmo, em Charlotte, como um exímio arremessador de média para longa distância. Melhor sexto homem em 1994, era um verdadeiro especialista, tendo convertido mais de 40% de seus disparos de longa distância (foram 1.245 no total, número tímido para os padrões do filho pródigo, que já soma 1.121 na carreira, com aproveitamento de 43,6%).
Quando se aposentou? Aos 37, em 2002, ainda como uma peça importante no Toronto Raptors de Vince Carter.
Por onde anda? É comentarista de TV nas transmissões locais do Hornets.

Wesley/Wes Matthews

O pai foi bicampeão. Mas Wesley Jr. é mais relevante em seu tempo

O pai foi bicampeão. Mas Wesley Jr. é mais relevante em seu tempo

O ala do Blazers já falou muito a respeito da difícil relação que tem com o pai, de quem herdou o nome, mas com o qual não teve convívio algum durante toda sua infância e adolescência. Admite, inclusive, que esse distanciamento – ele e sua mãe foram, basicamente, abandonados pelo ex-jogador – o fez tornar a pessoa e o atleta que é hoje, um cara que deu um duro danado para se profissionalizar e, acima de tudo, virar um dos melhores em sua posição, com mais de US$ 30 milhões já ganhos em seis anos de carreira. Uma pena, porém, que, na melhor temporada recente do clube de Portland, o ala, excelente defensor e arremessador, tenha sofrido uma ruptura no tendão de Aquiles que encerrou sua campanha. Vai virar agente livre ao final do campeonato, numa das situações mais curiosas do mercado.

O que o pai fez? Foi selecionado pelo Washington Bullets na 14ª posição do Draft de 1980, mas não teve uma carreira produtiva, muito menos estável. O cara se tornou um andarilho, na verdade, passando por San Antonio, Chicago, Philadelphia, Atlanta e Los Angeles. Por sorte, quando estava na Califórnia, caiu nas graças de Magic Johnson e fez parte do elenco bicampeão em 1987-88. O Hawks, em uma segunda passagem em 1990, foi seu último time de NBA. Depois, jogou na Itália, nas Filipinas, em ligas menores americanas e afins. Até que…
Quando se aposentou? Em 1998, como jogador do… COC-Ribeirão Preto! Ele foi dispensado do clube paulista depois de trocar socos com o dominicano José Vargas, que teve passagem marcante por Franca, e de o time ter perdido a final do Paulista.
Por onde anda? Mora em Chicago. De vez em quando, comparece a jogos do filho, dá conselhos e tenta desenvolver a relação.

Al/Tito Horford

Os Horfords: bandeira dominicana na NBA

Os Horfords: bandeira dominicana na NBA

Também não precisa gastar muito tempo para falar sobre Al Horford, a principal peça da melhor equipe da Conferência Leste no momento. Multitalentoso, dedicado, excelente figura de vestiário, bicampeão universitário por Florida, mais de US$ 67 milhões em salário etc. etc. etc.

O que o pai fez? Foi o primeiro jogador dominicano a atuar na NBA. Tinha 2,16 m, gigante que só, e se formou pela Universidade de Miami. Pelo que consegui levantar de seu início de carreira, dá para dizer que não era dos atletas mais empenhados nos treinos. Ainda assim, pelo tamanho e pela habilidade, foi recrutado pelo Milwaukee Bucks na segunda rodada do Draft de 1988, em 39º. Ficou em Milwaukee por dois anos apenas, jogando com Paul Pressey. Em 1993, assinou um contrato de 10 dias com o Bullets. Na Europa, jogou na Itália e na França. Em suas andanças, também jogou no Brasil, no final da década de 90, defendendo Sírio e Suzano. Teve uma filha por aqui, Maíra Fernanda, hoje atleta do São José, da LBF.
Quando se aposentou? Em 2004, pelo San Carlos, da fraca liga dominicana.
Por onde anda? Vive nos Estados Unidos e acompanha mais um filho tentando a sorte no basquete: Jon Horford, ala que se transferiu da Universidade de Michigan para a da Florida e andou aprontando por lá.

Andrew/Mitchell Wiggins

Andrew, uma das maiores promessas da NBA. Pai tem história para contar

Andrew, uma das maiores promessas da NBA. Pai tem história para contar

Sim, ainda está muito cedo para julgar a carreira de Andrew, 20 anos e apenas 66 jogos disputados pelo Timberwolves, como um sucesso. Mas o fato é que, em termos de divulgação/hype/popularidade, o menino já superou o pai. Além do mais, sua primeira temporada na liga dá todos os indícios de que a badalação que recebeu desde os tempos de colegial em Toronto era justificada.

O que o pai fez? Mitchell foi selecionado pelo Indiana Pacers em 23º no Draft de 1983, mas jogou sua primeira temporada pelo Chicago Bulls. Um ala-armador talentoso, foi vice-campeão da NBA pelo Houston Rockets em 1986, derrotado ao lado de Hakeem Olajuwon e Ralph Sampson por um histórico Boston Celtics. Naquele mesmo ano, porém, seria flagrado num exame antidoping, por uso de cocaína. Foi suspenso por dois anos, e só voltou a jogar na liga em 1989, ainda pelo Rockets. Fez sua melhor temporada, com média de 15,5 pontos por jogo, aos 30, até ser novamente suspenso e dispensado. Ainda defendeu o Philadelphia 76ers em 1991-92, com 11 minutos em média em 49 partidas. De todo modo, conseguiu prolongar sua vida de atleta na Europa, ficando um bom tempo na Grécia. Foi mais um a passar pelas Filipinas e ainda defendeu o Limoges, time tradicional francês. Vice-campeão mundial em 1982 pela seleção norte-americana.
Quando se aposentou? Em 2003, jogando em ligas menores dos Estados Unidos.
Por onde anda? Mora no Canadá, casado com a medalhista olímpica Marita Payne-Wiggins.

>> Júri em aberto
Os mais jovens têm boas chances para assumirem o protagonismo em família.

Klay/Mychal Thompson

Mychal vê o filho o progredir a passos largos na NBA. Vai ficar para trás?

Mychal vê o filho o progredir a passos largos na NBA. Vai ficar para trás?

Talvez Klay já tenha invertido a dinâmica, com um status de astro emergente. Mas o fato é que seu pai teve uma carreira muito mais duradoura e expressiva que a de Mitchell Wiggins. Então o ala do Warriors, aquele dos 37 pontos em um só período, ainda fica nessa categoria. Por enquanto.

O que o pai fez? Nativo das Bahamas, Mychal foi o calouro número do Draft de 1978, como um ala-pivô muito forte, de envergadura considerável, saindo da Universidade de Minnesota. Dá para dizer que, nos primeiros anos de carreira, era muito mais badalado que o filho. Seguindo a trágica tradição de pivôs do Portland Trail Blazers, perdeu a segunda temporada pela franquia devido a uma fratura na perna. De qualquer maneira, quando retornou, fez sua melhor temporada em termos estatísticos, com médias de 20,8 pontos, 11,7 rebotes, 4,0 assistências e 1,4 toco, em 1981-82. O Blazers, no entanto, não conseguiu ir tão longe nos playoffs sob sua liderança, nem mesmo quando o grandalhão fez parceria com o jovem Clyde Drexler. Em 1986, foi trocado para o San Antonio Spurs. Um ano depois, seria repassado ao Los Angeles Lakers, numa típica transação que irritaria a NBA até hoje: daquelas em que o clube californiano claramente levava a melhor. Em Los Angeles, chegou para ser bicampeão logo nas duas primeiras campanhas, como um reserva de luxo para Kareem-Abdul Jabbar.
Quando se aposentou? Em 1991, após derrota do Lakers para o Bulls na final.
Por onde anda? Comentarista. Talvez seja a fonte mais consultada pelos jornalistas envolvidos na cobertura do Warriors – especialmente durante os meio que turbulentos dias em que seu filho era especulado como possível moeda de troca por Kevin Love. Mychal fala mais até que Dell Curry.

Ed/Terry Davis

Ed tem mais potencial. Mas vive momento incerto na carreira

Ed tem mais potencial. Mas vive momento incerto na carreira

Um dos maiores enigmas da temporada perdida do Los Angeles Lakers gira em torno dos minutos de Ed. Por que diabos Byron Scott não daria mais tempo de quadra para o pivô de 25 anos? Ainda mais depois da lesão do calouro Julius Randle. Para que gastar oportunidades com Carlos Boozer? E o Robert Sacre (um bom defensor no garrafão, admitamos, mas que não passará de um quinto homem de rotação num time minimamente competente)? Mesmo que não seja mais tão jovem assim, Davis claramente tem potencial a ser explorado. Ficou apenas 23,9 minutos em quadra neste campeonato e foi titular em 24 jogos, com médias de 8,3 pontos, 7,5 rebotes e 1,3 toco. Em uma projeção por 36 minutos, teria 12,5, 11,3 e 2,0, respectivamente. É a temporada mais eficiente de sua carreira, tendo já defendido o Toronto Raptors e o Memphis Grizzlies.

O que o pai fez? Terry não foi draftado ao sair da Universidade de Virginia Union, bem menos expressiva que a UNC – mas a mesma que revelou gente casca grossa como Charles Oakley e Ben Wallace. Com abordagem semelhante em quadra, conseguiu jogar na liga por 10 temporadas, vivendo seus melhores anos pelo Dallas Mavericks de 1991 a 93, beirando um double-double de média. Importante dizer, todavia, que o Mavs era um saco de pancadas nessa época. Desde então, foi basicamente relegado ao banco e nunca foi aos playoffs, seja pelo Washington Bullets ou pelo Denver Nuggets. Ed é um jogador superior, mas, em termos de longevidade, ainda não está garantido – sem encontrar um nicho de mercado, fechou um contrato baixo e de curta duração com o Lakers nesta temporada. Seu agente, Rob Pelinka, é o mesmo de Kobe Bryant.
Quando se aposentou? Em 2001, pelo Nuggets, aos 33.
Por onde anda?  Hm… Não tenho ideia.

Jerami/Harvey Grant

Jerami é mais alto e mais atlético que o pai

Jerami é mais alto e mais atlético que o pai

Jerami foi companheiro de Fabrício Melo em Syracuse e exultava potencial. Na defesa por zona comandada por Jim Boeheim, foi um terror para seus adversários, devido a sua envergadura e agilidade. Na hora de entrar no Draft, viu sua cotação despencar, porém. Supostamente por não ter uma “posição” definida, flutuando entre 3 e 4. O Philadelphia 76ers agradeceu, podendo acolhê-lo na 39ª colocação, oferecendo um contrato de quatro anos, baratíssimo. O ala perdeu as primeiras semanas devido a uma lesão no tornozelo, mas conseguiu seu espaço aos poucos. Aos 20 anos, seu talento é indiscutível, a ponto de o clube não se incomodar em ceder KJ McDaniels ao Houston Rockets. Pode ser dos raros casos que flerte com 2 tocos e roubos de bola por partida.

O que o pai fez? Harvey esteve sempre um degrau abaixo do irmão gêmeo, Horace. Aliás, estamos falando de um verdadeiro clã do basquete. Horace, vocês conhecem dos títulos com o Bulls e da parceria com Shaq em Orlando e Los Angeles, com direito a visita a Franca neste mês. E ainda vem por aí o Jerian Grant, irmão de Jerami que vem fazendo uma grande temporada pela Universidade de Notre Dame e muito provavelmente vai ser escolhido entre os 30 primeiros  do próximo recrutamento. Enfim, voltando a Harvey: ele entrou na liga um ano depois do irmão, em 1988, via Washington Bullets. Ficou na capital americana até 1993, tendo média superior a 18,0 pontos por jogo nos últimos três campeonatos por lá, com bom tiro de média distância e boa presença na tábua ofensiva. Foi mandado para Portland em troca de Kevin Duckworth. Depois, voltou a Washington em 1996, ao lado de Rod Strickland, em negociação envolvendo Rasheed Wallace.
Quando se aposentou? Em 1999, pelo Sixers. Ele chegou a ser trocado ainda com o Orlando Magic, mas nunca disputou um jogo pelo clube da Flórida.

>> Na fila

Dois Paytons em Oregon State

Dois Paytons em Oregon State

Prepare-se, aliás, que pode ter mais: na Universidade de Oregon State, há um armador em seu terceiro ano de estudos que, aos poucos, vem ganhando fama entre os scouts. Ele se chama Gary Payton II., que conseguiu no final de 2014 o primeiro triple-double (10 pontos, 10 assistências e 12 rebotes, fora as seis roubadas) de sua equipe desde… o seu pai, 27 anos atrás. Já podem chamá-lo de Luvinha, por favor. Pouco badalado no início do ano, o rapaz já começa a ser especulado como um possível candidato ao Draft deste ano. Seu pai faz de tudo para a NBA voltar a Seattle – e, enquanto não volta, também não pára de mandar mensagens para os ex-companheiros, em busca de um empreguinho na liga.

Na Universidade de Detroit, temos o ala Juwan Howard Jr., que, segundo consta, não desfruta de muito prestígio com os olheiros, não. Com 1,95 m, pelo menos dez centímetros mais baixo que o pai, joga mais no perímetro e tem média de 17,8 pontos nesta temporada, sua terceira, com aproveitamento de 42,3% nos arremessos de três pontos. O paizão se aposentou há pouco e hoje é assistente do Miami Heat.

Jogando por uma universidade bem mais tradicional, a de Winsconsin, o armador Traevon Jackson é filho do ala Jim Jackson, aquele nômade que defendeu 12 clubes entre 1992 e 2006 e já disputou o coração de Toni Braxton com Jason Kidd quando eram jovens apostas do Mavs. O Jackson filho está afastado das quadras no momento, se recuperando de uma fratura no pé direito – pode ser que nem jogue os mata-matas da NCAA, aliás. O sênior é comentarista de basquete universitário, da conferência Big Ten, ao lado de Kendall Gill e de seu xará Jimmy King, ex-Bad Boy.

A Universidade de Wyoming conta com os serviços de Larry Nance Jr. para fazer uma boa campanha no torneio da NCAA, enfrentando Northern Iowa na primeira rodada, em Seattle. O ala de 2,03 m de altura tem médias de 16,1 pontos, 7,2 rebotes e 2,5 assistências em seu último ano como atleta-estudante. Sonhando com o Draft da NBA, Nance já orgulha a família pelo simples fato de estar competindo em alto nível com sua idade. Aos 22, ele tem de combater no dia-a-dia a Doença de Crohn, que pode resultar, entre tantos efeitos colaterais, a perda de peso, fadiga, ou mesmo artrite. Larry Nance, o pai, jogou por 13 anos na liga, passando os primeiros seis anos e meio em Phoenix, até ser trocado pelo armador Kevin Johnson, mudando-se para Cleveland. Na Conferência Leste, foi vítima constante de Michael Jordan nos playoffs, acompanhado de Mark Price e Brad Daugherty. Foi eleito para três All-Stars, ganhou o torneio de enterradas de 1985 e teve médias de 17,1 pontos, 8,0 rebotes e 2,2 tocos, sendo um ala-pivô extremamente atlético.

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Para fechar, então, uma boa musiquinha, né?

O quê? “Pais e Filhos”? Ah, vamos ser um tico mais originais, né? Vamos voltar aos anos 70 com o antigo Cat Stevens, hoje Yusuf Islam: