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Arquivo : Royce White

Scott Machado: “Posso fazer o que Ricky Rubio faz”
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Giancarlo Giampietro

Scott batalhando na D-League

Competição da D-League primeiro, Ricky Rubio depois

Scott Machado estava em seu giro básico de toda noite pelo Twitter, quinta-feira passada. Primeiro ele disse que estava pronto para concluir um “Trabalho”, assim com caixa alta. Depois, avisou que iria assistir ao companheiro de Rio Grande Valley Vipers, Royce White, participar da série do Dr. Phil,  Phil McGraw, que tinha um quadro no programa da Oprah e hoje comanda seu próprio talk show, abordando toda a sorte de tópicos familiares e particulares. É o psicólogo da galera. Pelo respeito prestado a White, uma figura bastante controversa hoje na NBA, tudo bem que ele se perca por alguns minutos como telespectador disso. E aí… Pouco depois, ele acionou a rede que soa como um desabafo:

– “Eu posso fazer o que Ricky Rubio faz!!!”

– “Estou apenas esperando pelo meu momento!!!”

Foram dois tweets em sequência. Provavelmente ele estava assistindo ao confronto entre o Wolves do armador espanhol e o Los Angeles Lakers, fechando a rodada da liga norte-americana daquela noite. Para constar: todo estrupicado de lesões, o time de Minnesota apanhou do mambembe Lakers por 116 a 94, mas Rubio aprontou mais das suas, com 13 pontos, 13 assistências e oito rebotes, ganhando mais confiança em seu joelho cirurgicamente reparado a cada temporada.

O paralelo que se pode traçar entre os jogos do brasileiro nova-iorquino e o da jovem estrela espanhola é o seguinte: são dois casos raríssimos de armadores puros que ainda sobrevivem à sua maneira, muito mais preocupados em servir aos companheiros, encontrando prazer, se divertindo na hora de passar a bola, mesmo. Curiosamente, na hora de atacar, os dois não são realmente os arremessadores mais temidos em quadra – Scott na D-League e Rubio pelo Wolves estão com aproveitamento abaixo de 40%, algo muito baixo.

Mas as comparações param por aqui.

Rubio também tem dessas

Defesa de Ricky Rubio: outro patamar

Pela plasticidade de seus passes, seu espírito de líder desde a adolescência, quando se pensa em Rubio, é muito mais natural que se fale sobre o impacto que causa no ataque do Wolves, mas há muito mais substância em seu basquete para se avaliar, especialmente o modo como ele usa seus atributos físicos –  larga envergadura e a movimentação rápida de pés, especialmente – na hora de marcar. Tanto fora da bola, rompendo linhas de passe, como na contenção individual, o rapaz atormenta os adversários, exercendo sua maior influência em quadra. Mas o melhor disso tudo é poder ser um ladrão de bola eficaz sem atos irresponsáveis, procurando respeitar um posicionamento adequado para não quebrar a defesa coletiva de sua equipe.

O ponto é: há muito mais em Ricky Rubio do que passes picados que atravessam a quadra.

Dá para entender de onde vem a frustração de Scott, que não teve muito tempo de Rockets para mostrar serviço, de agarrar aquele sonho de se dizer jogador de NBA. Ele esteve lá, mas durou pouco. E, em sua cabeça, depois de tanto ralar, as coisas não deveriam ser assim.

Mas não é fácil, mesmo.

Nem na D-League, especialmente com a filial do Rockets pensando sempre longe, cheia de planos alternativos, com uma equipe de scouts bastante atuante e influente – lembrem-se que o clube é administrado pela mesma diretoria de Houston. A mesma diretoria que, quando teve a chance de contratar um talento como Patrick Beverley, não hesitou. A mesma que, na semana passada, com uma vaga em seu elenco aberta depois da saída de Marcus Morris, promoveu mais um jogador do Vipers – mas não o armador, e, sim, o alemão Tim Ohlbrecht, que foi premiado com um contrato plurianual. Era mais uma oportunidade, mas a vez foi do pivô que tomou a corajosa decisão de abrir mão de bons contratos na Europa para tentar a sorte nos porões do basquete norte-americano.

No próprio elenco do Vipers, por exemplo, em constante fluxo, Scott tem de brigar por tempo de quadra com Andrew Goudelock, ex-Lakers, e Malik Wayns, ex-Sixers, dois atletas que também foram desligados da liga principal recentemente e que devem acreditar sinceramente de que pertencem ao que há de melhor no basquete. Os dois podem não ter o maior nome do mercado, mas não se iludam: a competição acaba sendo ferrenha.

Uma disputa da qual Rubio já está muito distante.


Houston Rockets manda Scott Machado e mais dois para liga de desenvolvimento
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado vai ter de arrumar as malas e cair na estrada. Ele tem uma viagem de cerca de 500 km para fazer entre Houston e Hidalgo, pequena cidade localizada ainda no Texas. Passadas duas semanas de temporada regular na NBA, o Rockets decidiu, enfim, enviar o jovem armador para sua filial na D-League, o Rio Grande Valley Vipers.

Scott Machado pelo Rockets em Las Vegas

Scott vai ter tempo de quadra pela primeira vez desde a pré-temporada

Sem ser aproveitado no elenco, ficando fora até mesmo do banco de reservas, o movimento por parte da franquia não pode ser encarado como um rebaixamento para o nova-iorquino brasileiro. Em meio a dezenas de viagens, um corre-corre danado, é mais fácil que ele mostre serviço para sua diretoria e comissão técnica e diretoria jogando com regularidade, em vez de depender dos minutos escassos de coletivos.

Aliás, em sua mudança, Scott vai acompanhado de dois companheiros do Rockets, o ala Royce White e o ala-pivô Donatas Motiejunas, duas escolhas de primeira rodada do clube nos últimos anos e que também mal vinham sendo aproveitados pelo técnico Kevin McHale – ele tem dado prioridade a seus jogadores mais experientes. Dos novatos, apenas Terrence Jones fica, então, em Houston, embora tenha minutos esporádicos nas partidas.

O salário do armador não muda. Ele continua sendo pago pelo clube surpreendeu ao contratá-lo este ano, torrando mais de US$ 5 milhões em salários de jogadores dispensados, e pode ser chamado de volta para a qualquer momento por McHale para o time principal. O que muda é sua rotina: as instalações, as viagens, a rotina de um atleta da D-League são bem mais modestas do que os luxos que rodeiam os astros do primeiro escalão.

O nível de competitividade também é intenso. Cada um dos jogadores inscritos no campeonato de desenvolvimento sonha com uma contratação por parte dos primos ricos. Atletas como Scott, Motiejunas e White são vistos como alvos preferenciais dos concorrentes – é a chance de competir com caras que desfrutam da “mamata” e mostrar que são melhores ou que pelo menos têm nível para voos mais altos. Mas não que isso vá assustar o armador, que teve de batalhar bastante para entrar no radar da NBA jogando pela pequena universidade de Iona. Depois de ser ignorado no Draft, suou um pouco mais para garantir seu contrato. Então não tem nada de novo para o rapaz.

*  *  *

Veja alguns jogadores que o Houston Rockets já mandou para Hidalgo: o armador Aaron Brooks, o ala Steve Novak, o pivô Joey Dorsey, o ala-armador Jermaine Taylor, o armador Ish Smith, além do pivô Greg Smith, do ala-pivô Patrick Patterson e do ala Marcus Morris (os três ainda no Rockets). Desses, apenas Dorsey e Taylor estão fora da NBA hoje, sendo que o primeiro por opção – foi campeão europeu pelo Olympiacos na temporada passada e recusou propostas que considerou baixas por parte da liga. Taylor acabou de acertar com o Lagun Aro na Liga ACB espanhola e vai fazer companhia ao nosso Raulzinho.

Outros atletas passaram pelo Vipers e ainda têm contratos: o ala Terrell Harris, reserva de Dwyane Wade e Ray Allen no Miami Heat, o ala Ivan Johnson, duro-na-queda do Atlanta Hawks, e o armador Will Conroy, que conseguiu neste ano uma vaga no Minnesota Timberwolves.

*  *  *

Quem não reagiu nada bem ao comunicado sobre a decisão do Rockets foi o ex-técnico de Motiejunas na Euroliga, Tomas Pacesas, com quem trabalhou no Asseco Prokom. Na real, o cara ficou furioso. “Não fiquei só surpreso, mas nervoso com esse tipo de decisão. Na minha opinião, Donatas é um dos melhores pivôs não só da Europa, mas no mundo também. Suas capacidades físicas e técnicas deixariam jogá-lo bem mesmo na piada que é essa liga” disse. “Para mim, Donatas é tão bom quanto Jonas Valanciunas e poderia jogar tão bem ou talvez melhor que ele na NBA.”

O treinador teria sugerido, então, que seu ex-pupilo – paparicado pelos olheiros europeus há anos e anos, isso é fato – se daria melhor num time como o Toronto Raptors ou o San Antonio Spurs, duas franquias historicamente ricas em seus relacionamentos com jogadores vindos da Europa. Mal sabe ele o que anda acontecendo com Tiago Splitter…


Em entrevista, gerente geral do Houston Rockets dá dica indireta para Scott Machado
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado, armador do Rockets

Preparar, apontar e ir para a cesta: Scott Machado tem rota a seguir

Em participação no programa “Pardon the Interruption”, de bastante repercussão na ESPN americana – é uma das mesas redondas deles –, o gerente geral do Houston Rockets, Daryl Morey, destacou uma característica especial que ele procura de modo geral nos jogadores que pretende contratar: a capacidade de ser agressivo com a bola, a vocação para bater direto para a cesta.

“Gosto de jogadores que atacam a cesta. Mesmo os armadores, e obviamente Jeremy Lin é um grande exemplo disso. James Harden também”, afirmou. “Os armadores geralmente são um pouco mais tradicionais, mais precavidos, passando mais a bola, ficando afastados da cesta, e não acho que isso afeta tanto no seu total de vitórias como as pessoas pensam. Gosto de ter vários jogadores que ataquem a cesta, jogando com velocidade.”

É claro que, ao optar por pagar cerca de US$ 6 milhões de salários para jogadores dispensados no final de outubro e segurar o contrato não-garantido de Scott Machado, Morey já deu um baita voto de confiança para o nova-iorquino brasileiro e mostrou que seu basquete é bem-visto pelo Rockets.

Mas este pequeno comentário, no final de sua entrevista, não deixa de valer como uma dica para o jovem armador, do modo como ele deve encarar os treinos e eventuais jogos pelo time texano.

Scott é justamente um dos raros armadores nos dias de hoje que se enquadram em “tradicionais”, muito mais talentoso para servir aos companheiros do que em buscar a finalização. Só há um detalhe, porém, nesta caracterização: ainda que em um nível de competição menor como as ligas de verão da liga ou as partidas de pré-temporada, o jogador se mostrou propenso a trabalhar com infiltrações no garrafão do que alguém que fique estático no perímetro, orientando os companheiros à distância. Ele gosta de balançar a defesa mesmo e se aventurar lá dentro, sabendo que sua ótima visão de jogo pode livrá-lo de qualquer encrenca diante de pivôs imensos e atléticos.

Por enquanto, ele não vem tendo a chance de demonstrar essa habilidade com o Rockets, sem ser relacionado pelo técnico Kevin McHale para o elenco operacional nas quatro primeiras rodadas (duas vitórias e duas derrotas para o clube). Por enquanto, a reserva de Lin fica mesmo com o ala-armador Toney Douglas. O ex-Knick aparece com médias de 12,8 minutos por jogo, com 2,0 pontos e 1,8 assistência e, prepare-se, 11,1% nos arremessos. Vixe: foram dois em 18 acertos e nenhuma bola de três convertida.

Mas Scott não precisa se sentir mal com isso, não: McHale adotou uma postura bastante conservadora neste início de campanha, banindo os novatos de sua rotação. O treinador não vem escalando nem mesmo as duas escolhas de primeira rodada deste ano: os alas extremamente talentosos Terrence Jones e Royce White, e uma do ano passado, o lituano Donatas Motiejunas, dando prioridade aos mais experientes no elenco mais jovem da NBA 2012-2013.

No fim, o brasileiro parece encaminhado, mesmo, para testar sua agressividade pelo Rio Grande Valley Vipers, sua filial da D-League. Aí a equação mais importante para as planilhas estatísticas de Morey passa a ser a seguinte: (quanto mais lances livres ele bater pelo Vipers) + (quanto mais tijolos Douglas atirar saindo do banco pelo Rockets) = maiores as chances de promoção.


Scott Machado deve jogar Summer League pelo Houston Rockets
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Giancarlo Giampietro

Segundo o repórter Jonathan Feigen, setorista do diário Houston Chronicle, o armador brasileiro Scott Machado vai jogar pelo Houston Rockets a Summer League da NBA em Las Vegas, entre os dias 13 e 22 de julho. O Boston Celtics, do pivô Fabrício Melo, também está inscrito no torneio.

Scott Machado, armador puro em busca de vaga

Feigen anunciou em seu Twitter que o gaúcho Scott é um dos “nomes interessantes alinhados para o time de verão do Rockets, além, vocês sabem, de metade da equipe de verdade”.

Com três escolhas de primeira rodada do Draft – os alas Jeremy Lamb, Royce White e Terrence Jones –, o time texano entrará na competição cheio de expectativa, e ao brasileiro caberia colocar essas feras para atacar. Tendo se destacado como um armador autêntico no circuito universitário, a missão não seria tão complicada assim para o jovem atleta, desde que não sinta a pressão. Ou também desde que consiga realmente se impor numa quadra contra adversários muito superiores física e tecnicamente do que os enfrentou quando jogou por Iiona, diga-se.

Em entrevista ao ExtraTime, Scott afirmou que não fica sem entrar na NBA. Ele teria dois times interessados em seu basquete na segunda rodada do Draft, mas teria pedido para não ser selecionado, sabendo que a intenção de seus cartolas era enviá-lo para a Europa, pensando em contar com ele apenas no futuro. Para o brasileiro, tem de ser agora. Resta saber, diante dos seis convites que tinha,  seo Houston apresenta, mesmo, a situação ideal para ele mostrar serviço, como discutimos aqui.

Outra figura cuirosa no time de verão do Rockets será o ala-armador Zoran Dragic, que é irmão do astro eslovendo Goran, um dos nomes mais cobiçados no mercado de agentes livres da liga neste ano. Goran jogou barbaridade no final da última temporada, e o gerente geral Daryl Morey assegura que fará de tudo para mantê-lo em seu elenco. Então cai bem o agrado.

Morey, aliás, publicou no mês passado a seguinte foto em seu Twitter, com os dois Dragics vestindo o uniforme da franquia:

Goran e Zoran Dragic

O Goran é o de branco, saibam disso

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Scott Machado em sua encarnação passada


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