Vinte Um

Arquivo : Rondo

Blake Griffin é a última adição a uma vasta lista de enfermos nos playoffs da NBA
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Giancarlo Giampietro

Marc Gasol x Blake Griffin, Memphis Grizzlies x Los Angeles Clippers

Blake Griffin é a última adição a uma tortuosa lista de enfermos da NBA

Blake Griffin entrou em quadra um pouco mais tarde que os companheiros de Clippers, sem nenhuma explicação. Bateu bola normalmente, procurou agrediu também como o de costume no primeiro quarto, mas ele simplesmente não conseguiu ser o mesmo durante a quinta partida da série contra o Memphis Grizzlies, que conseguiu a virada, fazendo 3 a 2 com uma grande vitória em Los Angeles.

Acontece que o (outro) clube de Los Angeles havia conseguido um milagre até esta terça-feira: na era de fontes anônimas amplificadas por Twitter e comunicação instantânea,  esconderam por mais de 24 horas o fato de que o ala-pivô era dúvida para a partida e que, se fosse para jogar, seria no sacrifício, devido a uma grave torção de tornozelo que sofrera na véspera. O jogador pisou no pé de Lamar Odom durante um exercício de garrafão e teve de se submeter a tratamento até minutos antes do confronto. Daí o atraso. Pois esse milagre, o da recuperação em tempo recorde, o clube não pôde fazer.

Uniformizado, mas nada pronto, foi limitado a apenas 20 minutos no total, seis no segundo tempo, e ainda encontrou um jeito de contribuir pelo menos com quatro pontos, cinco rebotes e cinco assistências, mostrando que sua mínima presença já atraía a defesa do Grizzlies, podendo, então, servir aos seus companheiros com sua habilidade mais subestimada: a visão de jogo/passe. Mas simplesmente não era o mesmo Blake Griffin: ele não bateu um lance livre enquanto esteve em quadra e penava com o jogo físico de Zach Randolph.

O astro do Clippers é apenas o caso mais recente – porque, pelo jeito, não dá pra falar em “último caso” – de lesões que vão interferindo de maneira direta e assustadora nos playoffs da NBA.

Se formos vasculhar o elenco dos 16 times que chegaram ao mata-mata, difícil encontrar alguém que esteja realmente 100%.

Vamos lá:

OESTE

– O Oklahoma City Thunder perdeu Russell Westbrook possivelmente para o resto dos playoffs devido a uma ruptura de menisco, tendo passado por uma cirurgia no sábado. Detalhe: a aberração atlética do Thunder nunca havia perdido um jogo sequer em toda a sua carreira, incluindo colegial e universidade, devido a qualquer tipo de problema físico.

Spliter is down

Splitter: tornozelo e desfalque

– O San Antonio Spurs precisou juntar os cacos ao final da temporada, com Tony Parker e Manu Ginóbili baleados. Eles parecem bem agora, mas o clube texano tem sorte de ter varrido o Lakers rapidamente para poder ficar um tempo a mais descansando e reabilitando Tiago Splitter, que sofreu uma torção de tornozelo esquerdo e perdeu o fim da primeira série. O clube espera que ele possa voltar para a segunda rodada.

– O Denver Nuggets já não conta mais com os serviços de Danilo Gallinari, cuja campanha foi encerrada ainda na temporada regular também por conta de danos em seu menisco. Além disso Kenneth Faried sofreu a sua própria torção de tornozelo, perdeu o primeiro jogo contra o Warriors e só foi lembrar nesta terça-feira o maníaco que é, subindo para cravadas e rebotes de tirar o fôlego.

– No Memphis Grizzlies, Marc Gasol tem de medir esforços para não agravar um estiramento muscular no abdome.

– O Golden State Warriors perdeu o ala-pivô David Lee por todo resto de campanha, devido a uma lesão muscular no quadril. Além disso, não pôde escalar o ala Brandon Rush durante todo o campeonato por conta de um joelho arrebentado.

– Se você for falar de lesões com Mike D’Antoni, o técnico do Los Angeles Lakers, é melhor tirar o lenço do bolso e se preparar para um dilúvio. Kobe Bryant estava fora de ação por conta de uma ruptura no tendão de Aquiles. Steve Nash precisou tomar injeções peridurais para enfrentar o Spurs, com lesões musculares e dores nas costas. Seu substituto, Steve Blake, também ficou no banco por conta de uma lesão na coxa. Pau Gasol teve de se virar com uma fascite plantar e tendinite nos joelhos. Ron Artest voltou para quadra sem nenhuma força na perna devido a uma cirurgia de reparo no menisco.

– Jeremy Lin desfalcou o Houston Rockets no último duelo com o Thunder e é dúvida para o quinto jogo por conta de um músculo do peito.

Acha que é pouco? Vamos, então, ao…

LESTE

Dwyane Wade está com problemas no joelho, e o Miami Heat ao menos teve o luxo de poupá-lo do quarto confronto com o fraquíssimo Milwaukee Bucks, conseguindo assim a quarta vitória e a varrida.

– O New York Knicks enfrenta o Boston Celtics sem poder contar com Amar’e Stoudemire – embora ainda haja a esperança de que ele volte para uma eventual e bem provável semifinal de conferência. Pablo Prigiini perdeu um jogo da série com o tornozelo torcido. Tyson Chandler está com dores no pescoço e nas costas, com sua mobilidade claramente avariada.

Rose, de terno o ano todo

O mistério de Derrick Rose: irmão mais velho diz que armador está a “90%”

– O Indiana Pacers precisou apagar de seus planos qualquer contribuição que esperava de Danny Granger neste ano. Com tendinite no joelho, ficou em tratamento por mais de quatro meses, tentou voltar a jogar em cinco partidas em fevereiro, mas não tinha jeito mesmo. Mais um que foi para a faca. George Hill tem de maneirar em seus movimentos por conta de uma contusão no quadril que causa dores na virilha.

– O Chicago Bulls é como se fosse o Lakers desta conferência. Minha nossa. Derrick Rose ainda não passou um minutinho em quadra em uma longa, longa, loooooonga recuperação de uma cirurgia no joelho (ligamento cruzado). Joakim Noah vai mancando com sua fascite plantar. Kirk Hinrich estourou a panturrilha. Taj Gibson voltou contra o Brooklyn Nets de uma torção no joelho, mas sem danos mais sérios.

– No Atlanta Hawks, Josh Smith tem problemas no joelho e no tornozelo, Al Horford, na coxa, Devin Harris, no pé, e Zaza Pachulia fora do campeonato depois de passar por uma cirurgia no tendão de Aquiles.

– Por fim, o Boston Celtics não conta com Rajon Rondo (ligamento cruzado do joelho) e Jared Sullinger (cirurgia nas costas). Entre as diversas contusões de Kevin Garnett, a última a incomodar está no quadril.

Chega de tortura?

Tenho quase toda a certeza do mundo de que deixei escapar alguma lesão ou contusão neste balanço. E outra: essas são as questões físicas declaradas pelos times e jogadores. Vai saber o que cada um está escondendo no momento.

É realmente necessária uma reflexão por parte da liga a respeito. Sua temporada de 82 jogos chega a ser desumana, considerando o nível de esforço físico exigido no esporte hoje em dia.

Como seriam os playoffs da NBA se todos os times estivessem 100%? O Miami Heat provavelmente ainda seria o grande favorito ao título, tá certo. Mas a gente nunca vai poder realmente saber.

 


Série constante de graves lesões ameaça ‘Eldorado’ de armadores na NBA
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Giancarlo Giampietro

Derrick Rose abatido

Como Rose vai retornar depois da ruptura do CLA? Torcida do Bulls apreensiva

Se o cara é um armador sensacional, um craque de bola ganhando milhões na NBA, alguma coisa pode estar errada ou algo de errado está prestes a acontecer?

Eu, hein?!

Que toda a galera bata na mesa da escrivaninha agora ou, se estiver com o computador no colo, que se corra até a madeira mais próxima: toc, toc, toc.

(Vocês vão me desculpar o começo de texto absurdo, mas é que, quando se dá conta de um apanhado como este que vem por aqui, é de se ficar meio atônito, mesmo, escrevendo qualquer coisa. Explicando…)

Porque Rajon Rondo é a vítima mais recente de uma profissão mágica, fundamental para deixar nosso passatempo predileto mais divertido: a de bom armador. Uma profissão que, por exemplo, vai deixando cada vez mais conhecida a a famigerada sigla LCA. Significado: ligamento cruzado anterior e sua ruptura. A mesma lesão que tirou Ricky Rubio e Derrick Rose de quadra ao final da temporada passada, sendo que o astro do Bulls ainda nem voltou a jogar e Rubio ainda tem dificuldades para recuperar o basquete que encantou a NBA em sua primeira campanha.

Os problemas físicos de uma talentosa fornada de armadores não param por aí, porém. John Wall perdeu quase meia temporada por conta de uma lesão por estresse na rótula – aliás, não me perguntem nada além disso, por favor, porque taí algo bem estranho de se escrever. Stephen Curry já tem o tornozelo direito castigado por tantas torções. Kyrie Irving, o prodígio do Cavs, mal conseguiu jogar por Duke na NCAA, devido a uma lesão no pé, fazendo apenas 11 partidas. Em seu ano de novato, sofreu com concussões e uma lesão no ombro. Mais velho que essa turma toda, Chris Paul também já teve de lidar com a ruptura de um menisco no joelho em 2010.

Nessa lista estão sete dos talvez dez mais da posição. Vamos evitar a brincadeira de elencar um top 10, mas dá para fazer de outro modo. Veja abaixo.

*  *  *

Russell Westbrook, aquele dínamo do Oklahoma City Thunder, nunca perdeu um jogo em sua carreira devido a contusão ou lesão.

*  *  *

Rubio, CP3, Irving

Três armadores brilhantes em diferentes níveis

Em termos de armador (sem pensar exclusivamente em jogadores puramente passadores como Andre Miller), a NBA vive hoje uma espécie de eldorado.

Checando o titular da posição em cada equipe, e a grande maioria vai apresentar um jogador de destaque. Nem todos são incontestáveis, mas tem muita gente no auge e outros de muito potencial, além de Steve Nash e Jason Kidd, no ocaso de suas carreiras históricas. Alguns podem ser considerados apenas regulares, mas é difícil de encontrar alguém que ruim de chorar.

Vamos lá.

Na Divisão do Pacífico, temos Stephen Curry, Steve Nash, Chris Paul (para não falar de Eric Bledsoe), Isiah Thomas e Goran Dragic.

Na região do Noroeste: Russell Westbrook, Damian Lillard, Ricky Rubio, Ty Lawson e Mo Williams.

No Sudoeste: Tony Parker, Mike Conley Jr., Darren Collison, Jeremy Lin e Greivis Vasquez.

Na Divisão Central: Derrick Rose, George Hill, Brandon Jennings, Brandon Knight e Kyrie Irving.

No Sudeste: Mario Chalmers, Jameer Nelson, Jeff Teague, Kemba Walker e John Wall.

Por fim, nos lados do Atlântico: Raymond Felton/Jason Kidd, Deron Williams, Jrue Holiday, Rajon Rondo e José Calderón.

Levando a brincadeira adiante, talvez dê para dividi-los assim:

A elite: Paul, Westbrook, Parker, Rose, Deron Williams, Rondo.
Wess pode não ter o maior fã-clube lá fora, mas é uma força da natureza como Rose, que atacam de uma outra forma na posição, mas com sucesso inegável. Williams ainda se segura por aqui pelo conjunto da obra, mas ainda tem muito o que jogar pelo Nets para justificar seu salário. Os demais? Nem precisa discutir, né?

Chegando lá: Irving, Curry, Holiday, Wall, Lawson.
Irving só não está um degrau acima ainda pela brevidade de sua carreira e por sua defesa pífia. Curry é o melhor arremessador da turma, herdeiro de Nash nesse sentido, Holiday combina bem doses de Wess/Rose com ótima defesa, Lawson perdeu rendimento nesta temporada, mas, quando está em plena forma, com confiança, ninguém segura. Wall: quando os chutes de média distância, ao menos, vão começar a cair?

No meio do caminho: Felton, Conley Jr, Calderón, Hill.
Com Felton, o Knicks é uma coisa. Sem ele, outra. O que não quer dizer também que ele esteja entre os melhores de sua posição: isso apenas reflete o modo como o elenco do Knicks foi construído, e a dupla armação em sintonia com Kidd se tornou vital. Conley começou o ano barbarizando, mas deu uma boa desacelerada depois. Ótimo defensor, veloz, mas ainda longe de ser decisivo. Calderón é um dos poucos puros passadores nesse amontoado todo, um ótimo organizador, mas que sofre muito na hora de parar os adversários. George Hill é o contrário: marcador implacável, bom finalizador próximo da cesta, mas que não está na mesma categoria de Rose e Westbrook e não faz o jogo ficar mais fácil para seus companheiros.

Em franca evolução: Lillard, Walker, Dragic, Teague, Jennings, Bledsoe.
Grupo de potencial, mas que ainda não sabemos exatamente onde vão parar. Ninguém poderia imaginar o impacto que Lillard vem causando em Portland. Mais um ano desse jeito e já vai para o andar superior. Walker enfim parece aquele terror da NCAA. Dragic é vítima das circunstâncias em Phoenix. Teague e Jennings ainda alternam bastante, mas contribuem de modo mais positivo com suas equipes no momento do que complicam seus treinadores. Bledsoe jajá vai ganhar uma bolada de alguém.

Enigmas: Rubio, Lin, Knight, Vasquez.
Ainda está cedo para avaliar o físico do espanhol depois da lesão – a defesa e o arranque para a cesta especialmente –, mas seu arremesso está ainda pior. Lin: ainda não acho que dê para dizer que a Linsanidade foi uma mentira, vide suas principais atuações neste campeonato quando Harden está de molho. Knight é dos mais jovens da lista, com apenas 20 anos, mas, comparando, está beeeeem abaixo de Irving em termos de produção estatística e personalidade em quadra, sendo que o rapaz do Cavs é de sua mesma geração. Mas todos em Detroit dizem que é um cara sério, que trabalha duro e que tem muito a crescer. A ver. Já os números do venezuelano são ótimos neste ano, mas fica a dúvida ainda se ele consegue manter esse rendimento com consistência e se consegue fazer valer seu tamanho na defesa, se tornando mais combativo.

Já deu o que tinha de dar: Nelson, Mo Williams, Darren Collison.
Nelson é o líder emocional do Orlando Magic, corajoso, habilidoso mas… seu tamanho hoje impede que ele compita de um modo justo contra aberrações atléticas que vêm dominando a posição. Williams sempre foi mais moldado como um ótimo sexto homem do que como alguém que vá fazer a diferença para um bom time de titular. Collison ainda é bastante jovem, mas rende mais quando é a estrela da companhia – vide seu ano surpreendente como substituto de Paul no Hornets. E quem vai querer dar a Collison um time para liderar, levando em conta o nível dos outros jogadores aqui listados?

Sobram Mario Chalmers e Isiah Thomas, dois casos bem particulares. Jogando ao lado de Wade e LeBron, Chalmers tem um papel bem reduzido em Miami: abrir a quadra com chutes de três pontos e colocar muita pressão na linha de passe do oponente, duas coisas que faz muito bem. É um jogador que se encaixa perfeitamente num esquema e ainda não foi testado para valer de outra forma. Isaiah Thomas, com 1,75 m, é o jogador mais baixo desta página, enfrentando todas as dúvidas de sempre. Pelo Kings, se mostra um jogador, de qualquer forma, bastante útil, com números sólidos, boa velocidade, mas não chega a ter a eficiência de um Lawson que o torne irresistível no ataque para compensar sua fragilidade na retaguarda.

*  *  *

'Rio já não ouve mais tantos gritos assim de Wade ou LeBron

É justo comparar Mario Chalmers com os demais armadores quando sua função é tão diferente?

Como o Knicks vem mostrando com Felton e Kidd, finalizadores e facilitadores, o Heat com a obrigação de condução do time dissipada entre seus principais nomes, a ascensão de cestinhas impossíveis como Irving, Rose e Westbrook, é cada vez mais raro pensar no armador da NBA como um Bob Cousy ou John Stockton, e isso não quer dizer que estejamos diante do fim do mundo. O jogo vai mudando, seguindo diversos caminhos, e os técnicos e jogadores mais antenados vão se adaptando junto.

Só esperamos que as lesões gravem não acabem com essa evolução natural da modalidade. Não quer dizer que os astros estejam ou tendam a ficar baleados. Muitas vezes uma cirurgia pode acontecer apenas em decorrência de um lance de azar. Que essas ocorrências fiquem mais raras. Um armador com velocidade e mobilidade avariadas se complica em uma liga que valoriza cada vez mais o jogo atlético espalhado por toda a quadra.

E outra: enfermaria não tem graça nenhuma.


Lesão de Rondo abre oportunidade, e Leandrinho recebe voto de confiança de Pierce em Boston
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho já é de casa

Um Boston Celtics mais unido sem Rajon Rondo?

A chance veio.

A lesão de Rajon Rondo abriu 37,4 minutos para serem distribuídos na rotação de perímetro de Doc Rivers, e a diretoria dá a entender que quer ver como o time – e os jogadores da posição – respondem nas próximas semanas para avaliar se precisam, ou não, de uma troca. Lembrando que o prazo para os times fecharem transações nesta temporada dura até 21 de fevereiro.

Leandrinho sabe, então, que chegou a hora. Depois de ser acionado nos primeiros meses e, depois, ser enterrado no banco de reservas, pinta uma nova oportunidade para o brasileiro mostrar serviço.

Contra o Heat, Courtney Lee foi promovido ao time titular para fazer dupla com Avery Bradley, enquanto Paul Pierce teve se dedicar mais à orquestração do ataque. Ainda assim, o tempo de quadra do brasileiro subiu para 30 minutos. Teve dupla prorrogação? Ok, teve, então foram 58 minutos disponíveis de partida. Mas já foi um baita avanço, já que, nas quatro rodadas anteriores, ele havia somado apenas 19 minutos no total, sem ter pisado na quadra na derrota para o Cavs. No geral, sua média na temporada é de apenas 11 minutos.

Enfrentando os atuais campeões, superatléticos, Leandrinho não chegou a brilhar, mas teve um jogo sólido: 4 assistências contra apenas um desperdício de bola e nove pontos, convertendo quatro em oito chutes de quadra, matando a única de longa distância que tentou. E solidez talvez seja algo de que o Celtics realmente mais precise neste momento. Jogadores consistentes, regulares, que assimilem seu papel e ajudem a equipe a se reconstruir rapidamente sem a presença do cerebral – e problemático – Rondo. Algo que nem ele, muito menos a dupla Courtney Lee e Jason Terry, nos quais Ainge e Rivers apostaram tanto, vinham conseguindo.

De todo modo, Paul Pierce, um dos capitães do time, não perdeu a fé nessa turma, incluindo o brasileiro. “Os caras vão receber uma oportunidade agora. Sabemos que eles assumiram papéis reduzidos por causa do modo como nosso time é construído. Agora eles vão ter de assumir um papel maior. E sabemos que temos caras mais do que capazes de aproveitar e dar conta do recado, seja Courtney Lee, seja Leandro Barbosa. Sabemos que esses caras podem jogar. O que aconteceu foi que, com o sistema que temos, com Rondo sendo nosso principal criador de jogadas, e jogando 40 minutos, esses caras provavelmente não tiveram uma oportunidade para realmente mostrar o que eles podem fazer. E agora eles vão ter essa oportunidade.”

Doc Rivers é bom de retórica, Kevin Garnett vai direto ao ponto, mas, pensando no futuro de Leandrinho em Boston, dificilmente alguém vai resumir melhor a situação do que fez o veterano ala. “Ainda gosto de nossas chances na Conferência Leste. Digo, sentimos que podemos jogar contra qualquer um com o time que formamos aqui. Mesmo sem Rondo. Contra o Miami foi o exemplo perfeito. Mostramos que somos capazes. Com ou sem Rondo, temos um elenco para competir com qualquer um. Não é segredo nenhum. Só precisamos jogar com a disciplina e o empenho que tivemos agora”, completou.

*  *  *

Por mais generoso que seja em quadra, liderando a liga em assistências, diversos repórteres que acompanham o Celtics de perto levantaram a tese de que o Celtics poderia se acertar sem Rondo fora de quadra, em termos de clima de vestiário. Depois, poderiam melhorar as coisas jogando, mesmo. Se Ray Allen passou de mentor a inimigo de Rondo em menos de dois anos, não seria de se estranhar que outros atletas da Beantown tenham problemas de relacionamento com o jogador. “Ele não estava  lidando bem com a missão de liderar o time”, resumiu o veterano jornalista Peter May, que colabora com a ESPN.com de Boston e segue a franquia desde os tempos de Bird (ou mais).

*  *  *

Rondo criou 24,3 pontos por jogo a partir de suas assistências nessa temporada. Se o Boston Celtics já tem um dos piores ataques da liga mesmo com essa produção incrível do armador, é de se imaginar, então, que o barco esteja afundado para o restante da campanha? Nem tanto. Nas últimas quatro temporadas, o time venceu 21 e perdeu 13 partidas quando jogou sem o armador. Talvez um jogo menos centralizado em uma só mente brilhante possa ser produtivo. Além disso, quando Rondo vai para o banco nesta temporada, o Boston Celtics permite cerca de 5 pontos a menos por partida, fazendo de sua defesa ainda mais forte – algo que poderia compensar também uma queda de rendimento no ataque.

Mas qualquer cenário positivo para o Celtics nesta temporada, que não envolva troca, vai depender exclusivamente de dois fatores: que Pierce e Garnett não se lesionem e que os reforços desta temporda rendam conforme o esperado. Incluindo, sim, Leandrinho.


Reforços não vingam, e Boston Celtics tenta sair do limbo para chegar bem aos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Rajon Rondo carrega o Boston Celtics

Rondo não recebeu a ajuda esperada das apostas de Danny Ainge

Por Rafael Uehara*

O retorno de Avery Bradley era visto como principal esperança para que o Boston Celtics pudesse engrenar e começar a se estabelecer como ameaça perigosa ao topo da conferência nos playoffs. Courtney Lee tem tido dificuldade em entender os fundamentos defensivos do time e Jason Terry não está sendo o substituto perfeito para Ray Allen que muitos esperavam. Em Bradley, o time tem o seu melhor defensor no perímetro e um par perfeito para Rajon Rondo no ataque, devido a sua capacidade de arrancar velozmente em contra-ataques, acertar tiros de três dos cantos e cortar para a cesta intuitivamente.

Bradley retornou, o time venceu seis jogos seguidos (entre eles contra Knicks e Pacers) e deu a entender que estava a caminho de se tornar uma força a ser levada a sério novamente. Mas o time de Doc Rivers falhou a arrancar mais uma vez. Perdeu domingo pela terceira vez seguida, chegando a um recorde de 20-20, praticamente no ponto médio da temporada. E essas derrotas vieram contra Hornets e Bulls em casa e Pistons fora. Chicago e Boston sempre fazem confrontos acirrados, e esse jogo foi para a prorrogação, mas sofrer nas mãos de New Orleans e Detroit se qualifica, sim, como tropeço.

As expectativas eram de que o time fosse um pouco menos limitado e dependente de Rondo no ataque este ano, com as adições de Terry, Courtney Lee, Jared Sullinger e Leandrinho Barbosa, além da retenção de Brandon Bass e Jeff Green. Mas isso não se materializou. O time tem um dos 10 piores aproveitamentos em pontos por posse. Paul Pierce tem postado os mesmos números da temporada passada, mas seu “jumper” vem perdendo efeito – ele tem acertado apenas 38% destes, de acordo com basketball-reference.com.

KG x Varejão

Garnett ainda combate Varejão e quem mais vier pela frente na defsa

Do mesmo modo que o time é dependente de Rondo no ataque, é dependente de Kevin Garnett na defesa. Mesmo em idade avançada, o pivô permanece um dos jogadores de maior impacto em toda a associação. Com ele em quadra, o time permite uma taxa de pontos por posse menor que a defesa do Los Angeles Clippers – a terceira melhor da liga. Mas, com ele no banco, o time só não permite mais pontos que Cavaliers, Kings e Bobcats – as três piores equipes em prevenção.

O fato é que todas as apostas que o gerente geral Danny Ainge fez na janela de verão, exceto talvez por Sullinger – que tem jogado melhor nos últimos 10 jogos – não têm rendido. Terry tem sido muito decepcionante, Green dificilmente impacta alguma partida, Bass não tem jogado tão bem quanto na temporada passada, quando lutava por uma extensão contratual, Lee também não vem bem e Leandrinho apenas ganhou minutos quando requisitou uma troca. A performance tão abaixo das expectativas de quase todos eles e seus contratos com vários anos sobrando ainda os fazem difícil de trocá-los para reformular o time ao redor de Rondo, Pierce e Garnett.

Já fica difícil de prever mudança em pessoal. Piora: a tabela também não ajudará muito os veteranos. Antes da parada para o jogo das estrelas, o time terá sua parcela de Cleveland, Sacramento, Orlando e Charlotte, mas também terá pela frente Miami, Nova York (os dois), Los Angeles (idem) e Chicago. E depois da parada, irá á Costa Oeste para cinco jogos na casa do adversário e, depois de voltar para tomar um café em casa, irá a Filadélfia (que talvez possa ter Andrew Bynum de volta até lá) e Indiana. Em outras palavras, o desafio para engrenar será ainda mais difícil.

Logo, o Celtics está num limbo. Não há muito que fazer a não ser confiar que mais tempo a Bradley proporcione mais estabilidade, que as apostas de Ainge comecem a render na segunda metade da temporada (ou pelo menos no próximo mês, para que se tornem moedas de troca decentes) e que Garnett siga proporcionando o mesmo valor quando Doc Rivers estender os seus minutos nessa reta final. Esses pontos todos precisam ser conjugados para que o time possa finalmente engrenar em direção aos playoffs.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Rajon Rondo dá 20 assistências em um jogo e ainda sai desgostoso de quadra
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Giancarlo Giampietro

Rajon Rondo não pode ser o Peyton Manning em Boston

No esporte há vários atletas que são engraçados mesmo que não queiram, não?

Pelo menos o Rajon Rondo é visto aqui no QG 21 desta maneira. Então me desculpem a insistência com o Boston Celtics, mas quando um armador dá 20 assistências num jogo e diz que a contagem poderia ter sido maior, acaba se enquadrando nessa categoria e evoca mais um post.

(Mas não é só por isso que ele diverte o blogueiro: contem aí as brincadeiras fáceis que faz com a bola dadas as suas mãos enormes, suas expressões quase sempre mal-humoradas, o comportamento arredio, a competitividade absurda, tudo isso empacotado em um nome como  “Rajon Rondo”, e fica meio óbvio o apelo por cá).

Depois de sentar por uma partida par acurar uma torção no tornozelo, Rondo voltou neste sábado para tranquilizar a exigente torcida de Boston, em vitória sobre o Toronto Raptors, por 107 a 89 – que início frustrante para os canadenses, aliás. Com seu armador principal em ação, o ataque funcionou que foi uma beleza: 56,6% de aproveitamento nos arremessos.

Não foi o bastante para Rondo arrefecer e soltar um sorriso. “Ele na verdade estava bravo por causa das 20 assistências. Ele achava que poderia ter conseguido 30 hoje”, disse o ala Courtney Lee. Vai saber até que ponto isso é uma brincadeira.

Para se ter uma ideia da influência que ele pode exercer sobre o Celtics, o time conseguiu 37 passes para cesta no jogo em 43 chutes de quadra convertidos. Quer dizer: apenas seis cestas não foram resultado direto de um passe de um companheiro. Incrível: destroçaram a defesa por zona de Dwane Casey. Mas também é um reflexo direto do tipo de elenco que Doc Rivers tem em mãos, com poucos jogadores que estejam habituados a criar individualmente, como Paul Pierce e seus inúmeros truques com a bola. Courtney Lee, Jason Terry e seus pivôs tendem hoje a produzir mais de acordo com o ritmo do ataque e a troca de gentilezas do que isolados num canto.

“Fica muito mais fácil porque ele é o Peyton Manning jogando. Ele desmonta a defesa e dá a bola para os caras na posição certa para pontuar”, disse Lee, sem se dar conta que talvez fosse melhor usar um Tom Brady, o Sr. Bündchen, como referência na Nova Inglaterra, em vez do maior rival de sua vitoriosa carreira na NFL.

Mas tudo bem: enquanto Rondo seguir distribuindo presentes dessa maneira, em Boston só vai ter espaço para um cara se irritar. Ele mesmo.

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Os adversários podem detestar Jason Terry, mas seus parceiros o adoram. Nas entrevista após a surra contra o Raptors, ele mostrou por quê. “Disse isso já no primeiro dia, que ele é o melhor armador nesta liga. Neste ano ele definitivamente vai fazer parte das conversas sobre MVP, se continuarmos vencendo. O modo como ele controla o jogo, sua liderança, sua habilidade para dominar a partida no ataque e na defesa: tudo isso faz dele especial”, discursou o veterano em tom de campanha precoce para Rondo.

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Somando a boa e saudável atuação de Rondo, Terry com a pontaria certeira (20 pontos em 29 minutos) e Lee fazendo de tudo um pouco, Leandrinho acabou limitado a 16 minutos. O brasileiro marcou oito pontos, com 50% de quadra. Foi o único jogador do Boston a sair de quadra com um saldo negativo de pontos (-1). A maior marca foi de Rondo, claro (+19).

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Rondo deu sete assistências apenas no primeiro quarto. Se tivesse mantido a média nas parciais posteriores, teria igualado a melhor marca de um Celtic: as 28 do legendário Bob Cousy, multicampeão nos anos 60 com o garçom de Red Auerbach.

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O recorde de assistências em uma única partida da NBA pertence a Scott Skiles, hoje técnico do Milwaukee Bucks. Com a camisa do Orlando Magic, ele distribuiu 30 (sim, 10 + 10 + 10) em vitória do Orlando Magic sobre o Denver Nuggets na temporada 1990-1991. Contando com pivôs como Greg Kite e Terry Catledge, bem antes de Shaquille O’Neal dar as caras na Flórida, o armador precisou de uma forcinha dos alas Nick Anderson e Dennis Scott para chegar a esse incrível número. Para constar, o Nuggets tinha uma peneira de uma defesa e sofria com um elenco abaixo da mediocridade (Chris Jackson, que ficaria conhecido anos depois como Mahmoud Abdul-Rauf,  e o baixotinho Michael Adams eram os destaques). Confira, de todo modo, a noite mágica do general Skiles:


Contusão de Rondo abre espaço para Leandrinho mostrar serviço e ser elogiado
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Giancarlo Giampietro

Ninguém vai torcer pela contusão de ninguém, mas você precisa estar pronto para jogar se algo de ruim acontecer. Leandrinho estava pronto nesta quarta-feira. Com uma contusão de Rajon Rondo, com cerca de quatro minutos restando no terceiro período, o ala-armador saiu do banco para o resgate com a duríssima missão de substituir o brilhante armador na vitória do Boston Celtics sobre o Utah Jazz por 98 a 93.

Leandrinho, orgulho de Celtic

Leandrinho é acolhido por KG e Green em voto que postou no Twitter para falar de união, ubuntu do Celtics

“Barbosa foi incrível”, afirmou o técnico Doc Rivers. “Digo, ele nos livrou. Não apenas  por ter entrado no lugar de Rondo. Achei que no primeiro tempo nossos titulares estavam muito parados e nossa segunda unidade nos deu um empurrão. E, obviamente quando Rondo saiu no segundo tempo, colocamos LB lá e chamamos poucas jogadas porque ele ainda não as conhece muito. Mas fizemos basicamente tudo com pick-and-rolls. Dissemos para que ele apenas seguisse atacando a cesta e que, a partir dali, descobriríamos o que fazer.”

É isso. Por mais que algumas jogadas se repliquem de um time para o outro, o Celtics tem seus próprios sistemas, conceitos, que o ligeirinho não teve oportunidade de assimilar ao ficar fora de todo o training camp e pré-temporada. Desta forma, vai ter de se achar por tentativa e erro em Boston. A lesão de Rondo abriu espaço, e ele soube aproveitar, aproveitando uma boa atuação que teve na rodada anterior contra uma defesa fortíssima como a do Chicago Bulls.

Se ainda não sabe direito as jogadas, Leandrinho tem de se concentrar em fazer o simples, como Rivers afirmou, e executar com agressividade, mas sem perder a cabeça. Contra o Jazz, ele conseguiu cumprir o script perfeitamente. Depois de converter sete de seus 16 pontos no primeiro tempo, sua melhor sequência veio quando entrou no lugar do armador titular e anotou seis dos próximos oito pontos da equipe. Melhor: jogando em ritmo acelerado e atacando sempre a cesta, procurando o garrafão, em vez de se contentar com tiros desequilibrados de três pontos.

“Apenas tentei jogar o que sei e tentei ajudar meu time com minha energia”, disse o brasileiro, que ficou em quadra por todos os 12 minutos do quarto final. “Foi muito importante acelerar. Acho que é o jeito que queremos jogar na maior parte do tempo. Quando estou no banco, vejo Rondo jogar, e é o que ele gosta de fazer: correr. E funciona muito bem. Para mim, fica muito mais fácil, me sinto muito mais confortável jogando desse jeito. Mas estou me acostumando já com as jogadas. Os técnicos vêm trabalhando comigo à parte. Estou chegando.”

Com ou sem Rondo, é importante que o brasileiro mantenha essa disposição e atitude. Agora uma presença inveterada no Twitter, escrevendo sem parar sobre o orgulho de ser um Celtic, talvez não seja tão difícil. “Em alguns dias, alguns jogos não vou ter muitos minutos, sei disso. Quando o clube entrou em contato, já sabia”, afirmou.  “Então só o fato de estar aqui e tentar ajudar… É o que importa para mim.”


Leandrinho ou Rondo: quem é o mais rápido? Doc responde
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho, o Vulto Brasileiro

Corra, Leandrinho, corra

Diante de todas as questões que Doc Rivers tem para responder no início irregular de campanha do Boston Celtics, a que ele provavelmente não teria muita necessidade de responder era sobre quem era mais rápido: Leandrinho ou Rajon Rondo, de um lado da quadra até o outro?

Mas o esporte não começou assim? Quem era o mais forte, o mais rápido, o que pula mais? São elementos que, de todo modo, estão dissipados na dinâmica do basquete. Então é claro que um viciado em basquete como o técnico adoraria uma pergunta dessas. E que temas como esse devem dominar vestiários em uma liga cujo nível de capacidade atlética é incrível.

“Uau, esta é uma boa pergunta. Acho que é o Rondo. Mas quer saber? Talvez tenhamos uma corrida em breve”, afirmou Doc, que, depois, foi questionado sobre quem ganharia um tiro rápido entre seu armador e uma aberração física como LeBron James. “Ah… Essa já foi discutida no nosso ônibus. Rondo acha que é ele. Os outros acham que é LeBron.”

Claro que o armador pensa ser mais rápido que o LeBron. Se não ele não se chamaria Rajon Rondo, oras. Ele é o mesmo que já disse que não precisa de amigos na NBA e nem tem tempo para isso.

Mas voltando à brincadeira de Doc. Imagine uma disputa no All-Star Weekend sobre quem seriam os jogadores mais rápidos da liga. Tony Parker competindo. Quem mais? Monta Ellis, Russell Westbrook, Derrick Rose, e todos os ligeirinhos. Mais divertido que os jogos de celebridades e a competição de arremessos com veteranos e atletas da WNBA certamente seria.

O que eu queria, mesmo, era ver se qualquer um deles poderia superar Charles Barkley:


Doc Rivers conta como pretende usar Leandrinho em Boston
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho vai sair do banco do Boston Celtics, provavelmente para substituir Rajon Rondo, mas isso não quer dizer que Doc Rivers vá forçar a barra e querer transformar o brasileiro num armador. Conforme escrito aqui há alguns dias, a gente sabe muito bem no que isso ia dar. Ufa.

Rajon Rondo e Doc Rivers

Doc escolhe um comitê para poupar Rondo

Na verdade, quando tiver de descansar Rondo por um tique e um taque, Rivers deve adotar a armação, condução da equipe por comitê. Vários jogadores em quadra que possam carregar a bola de modo decente e tocar o barco a partir daí. “Eu amo sua velocidade e sua habilidade para levar a bola, mas não temos um armador reserva, o que temos é mais um carregador de bola. Nossa teoria é que, se jogarmos três carregadores  de bola na quadra, alguém vai poder subir com ela – e este é o modo como vamos jogar com nossa segunda unidade”, explicou o técnico.

O bom é que Leandrinho já sabe o que o espera. Em entrevista ao Basketeria, já em Boston, ele afirma que foi informado sobre a escalação de Courtney Lee como titular e que ele jogaria ao lado de Jason Terry. “Vai ser difícil para um time que tiver marcando a gente porque vai ter que marcar um ou marcar outro, um vai ter que ficar livre”, afirmou, confiante.

Aqui é hora de colocar um bedelho: tanto Terry como Leandrinho estão acostumados a advogar em causa própria. Os dois reservas começaram suas carreiras com a esperança de se transformarem em armadores – Terry em Atlanta, Leandrinho em Phoenix –, mas esses experimentos foram abortados um ou dois anos depois pelos clubes. Passaram a ser aproveitados essencialmente como finalizadores, como os pontuadores saindo do banco de reserva para manter o pique de seus times no ataque. Como o próprio brasileiro afirma: “O Jason Terry tem mais ou menos o mesmo jogo que eu, eu gosto mais de ir lá dentro na cesta, ele gosta mais daquele chutinho de dois pontos. Mas eu tenho certeza que a gente vai se entender”.

Não vejo problemas de ego interferindo nesta situação. A dificuldade é assimilar apenas a química em quadra com o restante da equipe – Jeff Green e Jared Sullinger ou Brandon Bass, que não vão ficar muito contentes se alienados no ataque. Conduzir a bola é uma coisa. Fazer isso com a cabeça erguida, para criar para os outros é bem diferente.

Um ponto interessante na resposta do brasileiro sobre a dupla com Terry foi citar que o veterano jogava em Dallas ao lado de atletas semelhantes como Rodrigue Beaubois e Delonte West. “Então ele tá acostumado a jogar nesse situação de combo-guard”, disse. Isso mostra o quão preparados os atletas da NBA são. No sentido de que, antes de se reunir para valer com os técnicos e companheiros, Leandrinho já guardava essas informações na cabeça, num reflexo do trabalho de scout e repasse de dados, vídeos e obsevações que cada clube faz com seus jogadores.

Doc Rivers

What’s up, Doc?

Só um porém: Terry, na verdade, dividia a quadra por mais tempo com um certo Jason Kidd, simplesmente um dos armadores mais brilhantes que a NBA já teve. Um Kidd já envelhecido, cada vez mais limitado ao passe, que só conseguia uma ou duas bandejas por temporada – se feitas no contra-ataque, isolado na banheira. A pont de Terry ter muito volume de jogo com seus arremessos de média e longa distância para compensar a retidão do parceiro. Outro detalhe desse par que funcionava bem: mais alto e muito mais forte, Kidd cobria os alas na defesa, preservando Terry, que ficava na marcação dos armadores. (Para completar e constar: Delonte West também sempre foi mais passador do que o brasileiro. Beaubois, sim, é um atleta bem parecido em termos de ligeirinho).

A combinação entre Terry e Leandrinho é só mais uma peça que Rivers vai ter de encaixar em sua ajeitada máquina. No time titular, as coisas pouco mudam. De todo modo, o treinador tem um bom número de reforços para entrosar e envolver. Então sabe que precisa de um pouco de paciência para o time render de acordo com seu potencial – e a expectativa lá é brigar, sim, pelo título.

“Espero que tenhamos um ótimo início, mas também sou realista para saber que vamos estar bem longe de nosso melhor basquete na noite de abertura comparando com o que teremos no final da temporada, porque nós temos a habilidade de usar um monte de combinações diferentes”, afirmou. “Mesmo que possamos usá-las, elas têm de funcionar. Elas têm de se adequar. E leva tempo para a química e entrosamento. Apenas leva tempo. Considerando os diferentes grupos que podemos por em ação, acho que vai levar ainda mais tempo.”


Bom moço Leandrinho se junta ao time mais casca grossa da NBA
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho e sua boa conduta

Agora ao lado dos odiados do Celtics, Leandrinho vai ter de treinar sua cara de mal

A reputação de ligeirinho de Leandrinho na NBA é notória, né? Mas há uma outra característica pela qual o brasileiro é conhecido nos bastidores da liga: a de ser um boa praça, daqueles que se dá bem com todo mundo.

Por exemplo: em abril da temporada passada, já vestindo a camisa do Pacers, os relatos dos repórteres presentes na arena do Indiana era de uma baita algazarra no vestiário de visitante quando o ala-armador deu as caras por lá para visitar os ex-companheiros de Toronto Raptors.

Leandrinho agora leva seu bom-mocismo para a equipe que tem o elenco mais casca grossa do basquete profissional norte-americano. Kevin Garnett já bateu boca com meio mundo e, se precisar, vai provocar e discutir com a outra metade também. É daqueles que não perde a oportunidade de falar uma bobagem ou outra ao pé do ouvido para tirar os adversários… Hã… De sua zona de conforto. Aí você pega um Paul Pierce, que também não arreda o pé, um Rajon Rondo enfezado e tem um trio ternura daqueles que gosta de uma bagunça.

Como se não bastasse, eles vão lá e contratam um Jason Terry, um senhor catimbeiro e, magrelo daquele jeito, um produtor profícuo de bravatas. Pirado, e não só pelo aviãozinho que faz em quadra depois de suas cestas de longa distância. Dias depois de assinar com o Celtics, ele tatuou o mascote do clube em sua perna – veja esta foto feita se quiser.

Terry, aliás, foi um dos poucos agentes livres a aceitarem de cara uma proposta encaminhada por Danny Ainge. Geralmente, o cartola encontra dificuldade para convencer a jovem guarda a engrossar suas fileiras. O ala OJ Mayo, por exemplo, nem queria ouvir. Chris Paul, quando soube dos rumores de um interesse da franquia em uma troca, fez questão de soprar por todos os cantos que não aceitaria renovar seu contrato por lá.

O colunista Rich Levine, da Comcast Sportsnest de New England, tem uma teoria a respeito: “Obviamente, isso não é lá uma novidade. Nos últimos cinco anos o Celtics foram antagonistas de praticamente todos os times da liga. Há poucas jovens estrelas que Boston não tenha ofendido de algum modo. De um certo modo, essa vem sendo uma das principais armas do Celtics – a habilidade deles de irritar os oponentes.  Mas, depois de meia década de caos, o resultado é que a liga não curte muito o verde. Uma geração inteira de jogadores da NBA cresceram a ponto de odiar os C’s”.

Acho que Levine tem um ponto, não?

Teve muita gente que já sofreu na mão dos veteranos de Boston e quer dar o troco, sempre que possível. Leandrinho agora vai andar, ou melhor, correr e saltar com essa cambada. Mesmo que involuntariamente, seus dias de escoteiro acabaram.


Com Leandrinho, Celtics é o 1º clube a ter dois brasileiros no elenco. Mas faz sentido?
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho para três

Leandrinho agora leva seu arremesso para o Boston Celtics. Vai ter chance?

Com a contratação de Leandrinho pelo Boston Celtics, além de ser o mais vitorioso da história, o clube passa a ser também o primeiro a contar com dois brasileiros em seu elenco, com o ligeirinho se juntando ao novato Fabrício Melo.

Chega uma hora em que você apenas quer jogar. Ir para a quadra e ponto.

Só assim para explicar o acerto do ala-armador com a franquia, noticiado pelo Yahoo Sports nesta quarta-feira. Segundo o super-repórter Adrian Wojnarowski, que dá nove em cada dez furos da NBA, o brasileiro entrou em acordo para assinar um contrato de uma temporada.

De onde Doc Rivers vai tirar minutos para escalar Leandrinho é um mistério, e, por isso, de primeira assim, fica difícil de entender a motivação de ambas as partes para fechar o negócio.

Leandrinho x Celtics

Corintiano Leandrinho agora vai de verde e branco, mesmo. Tudo para fechar seu contrato

O Celtics acabou de assinar com Jason Terry e Courtney Lee, dois caras que chegam com a missão de ajudar Rajon Rondo na condução do time, em cuidar da bola e abrir mais uma opção de contra-ataque para correr com o armador.

Terry, em especial, costuma desempenhar o mesmo papel que o brasileiro cumpriu em toda a sua carreira na liga norte-americana: sair do banco para turbinar o ataque, sem a responsabilidade de marcar os melhores da equipe adversária. Os dois já foram eleitos os melhores sextos homens justamente por esta função. Se Leandrinho era o “Vulto Brasileiro”, Terry é o “Jet”. É de se esperar, aqui de longe, um, digamos, conflito de interesses entre os dois.

Sem contar o emergente Avery Bradley, mais um atleta que segue o protótipo de: não tão alto para ser um ala, nem tão habilidoso para ser um armador. Seria mais um “combo guard”, um “guard” que estará disponível para Rivers a partir de janeiro, enquanto se recupera de uma lesão no ombro. Quando retornar, é de se esperar que também ganhe seus minutos, pois é uma aposta de Danny Ainge, é jovem e um marcador implacável, cuaja presença no quinteto titular na temporada passada aumentou, e muito, a eficiência defensiva da equipe.

No fim, os minutos que estão sobrando na rotação são os de reserva de Rondo, e a gente sabe bem como Leandrinho se sai nesta. Nas últimas campanhas, sua vocação para assistências só caiu, enquanto sua predisposição aos desperdícios de posse de bola não foi reduzida. Ele caminhou cada vez mais para ser um finalizador do que um preparador de jogadas para os companheiros. Os estatísticos e olheiros de Boston devem ter tomado nota a respeito.

Outra questão em torno do brasileiro diz respeito a sua defesa. Com explosão física e envergadura acima do comum, ele tem o potencial para ser um marcador de primeira. Mas, mesmo no Phoenix Suns de D’Antoni, não necessariamente o time mais preocupado com a defesa, ele era questionado neste departamento. Em Boston, ou ele defende de maneira disciplinada, respeitando e executando o sistema, ou fica no banco.

Da parte do jogador, é compreensível o interesse em jogar por uma franquia com a história do Celtics. Além do mais, é uma equipe com chance de título para já, algo que ele afirmou que seria importante em sua decisão. De modo que, nos minutos que lhe forem reservados, é bom que produza bem, eficientemente, para que se mantenha na rotação de Rivers até o fim e possa tentar elevar seu status entre os demais diririgentes. Para tanto, já sai em desvantagem por ter perdido todo o training camp e boa parte da pré-temporad para assimilar uma nova carga tática.

Talvez Leandrinho não aguentasse mais esperar, mesmo. Depende muito de que tipo de oferta, sondagem ele andou recebendo por aí. O fato é que o ala-armador topou Boston. Uma aposta intrigante. Diante de uma torcida fanática, de uma mídia bastante combativa, o brasileiro será exigido ao máximo, e seu futuro na liga está na linha.

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Em 2005 (2005!!!), Leandrinho chegou a dividir o vestiário do Phoenix Suns com o pivô Lucas Tischer, hoje do Brasília. Mas o grandalhão nunca chegou a entrar em quadra em partidas oficiais do clube do Arizona, pela temporada regular, tendo sido dispensado após três jogos de pré-temporada, com média de 1,3 ponto.

Com ótima impulsão vertical e extremamente forte, Lucas chegou a fazer barulho no Draft daquele ano, mas não foi selecionado. Ainda assim, ganhou sua chance para mostrar serviço em treinos e amistosos, mas acabou dispensado para que o Suns contratasse o ala-pivô Sharrord Ford, outro que não vingou na NBA.