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Em quem ficar de olho no F4 da Euroliga: o MVP Rodríguez
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Giancarlo Giampietro

Sergio Rodríguez, Real Madrid, Espanha, barba

Para quem ainda não está farto de tanta emoção, com o que se vem passando nos playoffs completamente alucinantes da NBA e com tantas surpresas no NBB, então é hora de abrir os braços para uma carga extra de drama – e basquete refinado – neste fim de semana. Mais especificamente na sexta-feira e domingo, com o Final Four da Euroliga.

A gente pode falar de Barcelona e Real Madrid, que fazem mais um clássico de matar, ou das constantes potências CSKA e Maccabi, que história não falta. Na verdade, vamos tratar desses clubes, sim, entre hoje e amanhã. Mas, antes, prefiro gastar um tempo com os protagonistas em quadra.

Sim, os melhores jogadores do mundo, inclusive os europeus, estão do outro lado do Atlântico. Parker, Nowitzki, irmãos Gasol, Pekovic, Gortat e tantos mais. Mas não quer dizer que o segundo maior torneio de clubes do mundo fique só com as sobras. Há diversos atletas que assinariam contratos na NBA sem a menor dificuldade, sendo peças relevantes, mas que, por circunstâncias diversas – entre as quais se destaca invariavelmente a adoração de fanáticas torcidas e alguns milhões de euros na conta –, seguem jogando perto de casa.

Navarro e sua breve parceria com Pau Gasol em Memphis. Frustração

Navarro e sua breve parceria com Pau Gasol em Memphis. Frustração

Peguem, por exemplo, Juan Carlos Navarro. Desnecessário falar sobre o currículo, a reputação e o talento de La Bomba. Em sua única temporada nos Estados Unidos, ele não chegou a ser maltratado como Vassilis Sponoulis foi por Jeff Van Gundy em Houston, mas sofreu demais em um ano perdido do Memphis (60 derrotas!), no hiato entre os times de Hubbie Brown e Lionel Hollins. Ainda viu seu grande amigo Pau Gasol ser trocado. Um ano depois, correu de volta para Barcelona, aonde é rei, talvez chocado com a barbárie.

Este é um caso emblemático. Mas há diversos nessa linha: Erazem Lorbek, cortejado pelo Spurs ano após ano, mas que segue no Barça; Dimitris Diamantidis, o mito alviverde do Panathinaikos; Nikola Mirotic, o segundo grande sonho de qualquer torcedor do Bulls que se preze (o primeiro, claro, sendo um Derrick Rose 100%); sem contar os diversos americanos ignorados pelos Drafts da vida, mas que construíram e lapidaram toda uma carreira no velho mundo (Keith Langford, Daniel Hackett, Joey Dorsey, Ricky Hickman, Tremmell Darden, Aaron Jackson, Bryan Dunston etc. Etc. Etc).

Não dá para cravar que todos eles seriam bem-sucedidos num ambiente muito mais exigente do ponto de vista atlético, em que suas façanhas europeias talvez sejam ignoradas, tendo eles que batalhar novamente a partir do zero por respeito e o decorrente tempo de quadra. Dependeria muito da franquia, da diretoria e, claro, do técnico – sem contar a adaptação muitas vezes complicada, como Tiago Splitter e Mirza Teletovic podem testemunhar.

Há que prefira, então, evitar o risco, ficando numa zona de conforto, já bem remunerado. Mas também há aqueles que são simplesmente subestimados, mesmo, não vendo a hora de receber uma boa proposta, mas sem necessariamente estarem dispostos a assinar pelo salário mínimo da NBA, como fez Pablo Prigioni em seu primeiro ano de Knicks, já na reta final da carreira.

Pensando apenas nos quatro semifinalistas, vamos listar abaixo alguns craques que merecem ser observados com atenção, mas sem a menor preocupação se dariam certo ou não na NBA. Bons o suficiente para serem apreciados pelos que já fazem agora. Essa é uma lista que já deveria ter sido escrita antes, para relembrar o belíssimo campeonato que fez Andrés Nocioni, a versatilidade da dupla Emir Preldzic e Nemanja Bjelica, do Fenerbahce, o próprio Dunston, vigoroso pivô do Olympiakos, eleito o melhor defensor da temporada, o jovem italiano Alessandro Gentile, revelação do Olimpia Milano e candidato ao Draft deste ano, e muito mais.

Antes de chegar aos caras, um lembrete para contextualizar: para os que estão (bem) mais acostumados com a NBA, lembrem que o basquete Fiba é jogado em 40 minutos, e não 48. Logo, o tempo de quadra de uma partida da liga norte-americana é 20% maior, de modo que as estatísticas em geral são mais infladas por lá, fazendo alguns dos números abaixo parecerem tímidos. Além disso, a abordagem ofensiva das equipes de ponta da Europa tende a ser diferente, com mais jogadores assumindo responsabilidades, dividindo a bola, mesmo as que têm grandes cestinhas, que poderiam muito bem carregar um time nas costas.

E, ok, aqui entra o momento da propaganda: o evento será transmitido com exclusividade pelo Sports+, canal 28/128 da SKY, com este blogueiro lelé na equipe de equipe, ao lado do ultrafanático e informado Ricardo Bulgarelli e os narradores Maurício Bonato, Rafael Spinelli e Marcelo do Ó, que, cada um ao seu modo, ajudam a dar emoção ao jogo.

Vamos lá, enfim, a alguns destaques do F4, sem necessariamente ser os melhores do campeonato, mas apenas uma lista que dá na telha. Free style, mano, com pílulas publicadas nos próximos dias:

Sérgio Rodríguez, armador do Real Madrid.
Médias de 13,5 ppj, 5 apg, 1,2 bola recuperada, 50,7% de 2 pts, 48,8% de 3 pts, em 22 minutos

Já não vem de agora, mas o barbudo está jogando tão bem que não há como não escrever mais e mais sobre seu basquete. Uma vez conhecido como um clone espanhol de Jason “White Chocolate” Williams, hoje bem mais parecido com um integrante perdido do Los Hermanos, Rodríguez atingiu o ponto perfeito de seu potencial: os lances seguem vistosos, com uma eficiência avassaladora.

Pegue, por exemplo, o ranking dos dez atletas mais produtivos da temporada. Entre gigantes e gigantes – propensos a pegar mais rebotes, a tentar arremessos de maior probabilidade de acerto e, portanto, em situação vantajosa para qualquer calculadora –, o espanhol é o único armador a constar, e numa mais que honrosa segunda colocação.O único abaixo dos 2,00m de altura. Foi premiado, então, nesta quinta-feira, como o MVP da temporada. Justíssimo.

E neste caso nem é preciso recorrer a números. Quando sai do banco, Rodríguez entra no jogo para dar ainda mais velocidade e intensidade ao supertime do Real, se é que isso é possível, fazendo dupla, ou não, com seu xará Llull. Na defesa, ele põe muita pressão nas linhas de passe. No ataque, é sensacional no contragolpe, mas também traz muita lucidez em situações de meia quadra, ficando ainda mais perigoso ao elevar seu aproveitamento de 29,5% para sensacional 48,8% na linha de três pontos.

Aliás, vale sempre a ressalva, porque ainda é muito comum que jogadores e torcedores reclamem, abram o berreiro sobre o status de ser, ou não, titular. Rodríguez, o melhor da temporada, só é ‘reserva’ por questão de equilíbrio nas rotações do Real Madrid, do mesmo jeito que Manu toca a vida na NBA.

Por falar em NBA, o espanhol obviamente está cheio de propostas/sondagens. Mas não se cansa de dizer que está feliz da vida no Real, aonde encontrou estabilidade, conseguindo botar a cabeça em ordem, abrindo caminho para fazer seu talento prosperar. Coisa que não foi possível sob a direção de Nate McMillan em Portland e algo que quase aconteceu com Mike D’Antoni em Nova York.

Ah, em caso de alguma dúvida: não, sua barba não o incomoda em quadra, e, não, ele não tem planos de tirá-la tão cedo.


E o melhor time de basquete do mundo hoje é…
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Giancarlo Giampietro

O Indiana Pacers defende que é uma maestria. Mas, não, não estamos falando da rapaziada de Frank Vogel. E não adianta se deslocar para a Costa Oeste americana, por mais que o San Antonio Spurs de Gregg Popovich siga funcionando muito bem, obrigado.

Para ver o melhor time de basquete do mundo hoje, saindo de Indianápolis, o jeito é levantar voo, deixar a Flórida para trás, cruzar o Oceano Atlântico e, atenção tripulação, se preparar para o pouso na capital espanhola.

Real Madrid 2013-2014, um esquadrão com resultados impressionantes

Real Madrid 2013-2014, um esquadrão com resultados impressionantes

O Real Madrid está jogando demais nesta temporada.

Ok, você pode até argumentar que eles não ganhariam nunca uma série melhor-de-cinco-ou-sete do Miami Heat de LeBron James ou mesmo do Pacers. Provavelmente não venceriam, mesmo.

Mas que hoje, se formos abstrair o nível de competição, sem querer comparar Euroliga, Liga ACB ou NBA, numa realidade paralela em que só exista o basquete geral, puro – com o perdão da viagem, e sem o uso de lisérgicos –, o Real é a equipe que está praticando o melhor jogo no planeta.

Foi essa a impressão que tive ao sair da cabine de transmissão do Sports+ há três semanas, após uma de suas exibições pela Euroliga: um atropelo para cima do Zalgiris Kaunas, em Madri (95 a 67).

Só não deu para escrever a respeito na hora por falta de tempo. Além do mais, era preciso um pouquinho de prudência também, e avaliar outros times, outros torneios, ponderar um pouco. Agora, pronto.

Dois parágrafos acima, o termo “exibição” não foi gratuito: mais que jogando, o Real hoje está se apresentando ao público. Pode parecer um tanto exagerado, deslumbrado, mas recomendo: se não é assinante do Sports+ (que transmite a Euroliga com exclusividade*), ou do Bandsports (Liga ACB, o campeonato espanhol), vá a qualquer First Row, Roja Directa online da vida e reserve uma horinha ou mais de seu tempo para ver.

É um time extremamente veloz, de jogo solto, uma característica acentuada desde que Pablo Laso assumiu o clube depois de uma passagem um tanto frustrante do bambambã Ettore Messina. Não tem um brutamontes no time. Felipe Reyes, o eterno reboteiro, que adora o jogo de contato físico, talvez seja quem mais chegue perto desta definição, mas, para os que o conhecem de outros carnavais, sabe que seria exagerado julgá-lo desta maneira. E o gigante grego Ioannis Bourousis pode até parecer um quebra-ossos, mas tem jogo mais refinado, voltado para o perímetro, com bom arremesso.

Aliás, bons chutadores não faltam no elenco. Seu aproveitamento na Liga dos Campeões do basquete hoje é de 42,3% de longa distância, com três atletas convertendo 50% ou mais de seus disparos: o jovem ala Daniel Diez, o próprio Borousis, Dontaye Draper e o ridículo Nikola Mirotic, com 64% (!? – falemos mais sobre Mirotic depois).

(Quem fica mordido com isso é o Sergio Llull. O talentoso armador espanhol, cobiçado e cortejado há anos pelo Houston Rockets, é o segundo que mais chuta entre os madridistas, por mais que converta apenas 28,6% de suas tentativas. É um caso sério, aliás. Em suas primeiras seis temporadas no campeonato, teve aproveitamento de 34,9%, é verdade. Mas esse já seria um rendimento muito baixo para a Europa. E ele não para de chutar, algo que irrita ainda mais quando vemos o quão explosiva é sua passada rumo ao garrafão. Agora levante a mão quem já ouviu história parecida em algum canto do NBB?)

Voltando: sobre a velocidade do Real. Não é que eles saiam correndo a quadra feito malucos com as calças pegando fogo. De acordo com o  site gigabasket.org, eles usam em média 75,5 posses de bola por partida – a terceira marca mais acelerada da competição, coladinho no próprio Zalgiris e no Budivelnik Kiev e não muito distante do pelotão que se estende até o oitavo lugar. A média de toda a liga, para se ter uma ideia, é de 72,8.

Sergio Rodríguez está jogando o fino com seu visual Los Hermanos

Sergio Rodríguez está jogando o fino com seu visual Los Hermanos

De qualquer forma, quando você assiste a um jogo deles, tem a impressão de que  estão por todos os lados, dominando a quadra em sua totalidade. A bola e os atletas não param. A troca de passes e posições é incessante, de um lado para o outro, do garrafão para o perímetro externo, da linha de fora para a zona pintada.

No final, temos o time que mais deu assistências na até aqui (189, contra 177 do segundo colocado, o Lokomotiv Kuban, 152 do terceiro, o Olympiacos, ou 148 do décimo, o Fenerbahçe, para se ter uma ideia). Eles também lideram o ranking de assistência a cada turnover, o da mira de três pontos, estão em segundo em aproveitamento de dois pontos, são quarto em rebotes e enterradas e oitavo em total de lances livres cobrados.

Está bom?

Não, porque tem mais: a agilidade e intensidade do time também contam para um excepcional rendimento defensivo – é aquele que também mais acumulou tocos e roubos de bola, com uma postura bastante agressiva, que coloca muita pressão em cima da bola, para facilitar seus contra-ataques.

Com toda essa exuberância estatística, o clube merengue lidera o Grupo B com nove vitórias em nove rodadas. Ao lado do Olympiacos, que está na dianteira do Grupo C, são os únicos invictos da Euroliga, com a melhor campanha.

Aqui cabe outra intervenção, então: epa, grupos? Sim, grupos: os 24 clubes estão divididos em quatro chaves na primeira fase. Mas isso não torna injusto confrontar campanhas diferentes, ainda mais se apegando a tantos números? Sim, sim. O Fenerbahçe, por exemplo, encabeça o Grupo A, com sete vitórias e duas derrotas, mas vá olhar seus adversários. O time do legendário Zeljo Obradovic está lidando com superpotências como Barcelona e CSKA Moscou, dois dos maiores orçamentos do continente e candidatos perenes ao título. O Real, por outro lado, tem no Anadolu Efes seu principal adversário. Não dá para comparar, mesmo.

Bourousis, o brutamontes, ou quase, do Real

Bourousis, o brutamontes, ou quase, do Real

Mas aí vai uma réplica, então: não é que o time de Laso está apenas vencendo sem parar. Eles, na verdade, estão trucidando a concorrência. Em nove jornadas, somaram 212 pontos de saldo – média de 23,5 por jogo. Seu ataque é feroz: 803 pontos acumulados, 89,2 por partida.

É um domínio sem precedência numa competição dessas e que ganha ressonância na Liga ACB. Em casa, o Real Madrid tem dez vitórias em dez rodadas – enquanto o Barça já perdeu três vezes. Além disso suas médias de pontos são de 89,4 somados por jogo, para um saldo 22,8 a cada triunfo. É impressionante.

Como construir algo desse nível, com essa intensidade? Bem, Laso tem em mãos um elenco em que aquele papo todo de que “aqui não há titulares, somos todos um time, unha e carne” se sustenta. Sua rotação é extensa, com 11 jogadores ganhando tempo consistente. Os minutos são divididos entre os 25min52s de Rudy Fernández aos 11min52s do armador Dontaye Draper – o caçula Diez, o 12º jogador, recebe 6min02s em média e vai aproveitando as surras que o time aplica para ir para a quadra.

Os jogadores abraçaram a causa. Não há relatos de gente reclamando, chorando por mais minutos, arremessos, ainda que muitos deles sejam mais do que capacitados para carregar qualquer equipe. Aqui, o papel de cada um está bem definido. Pegue, por exemplo, o modo como o treinador utiliza seus armadores. O americano Draper joga bem a ponto de ser naturalizado para defender a Croácia em competições de seleção – veja bem o país… Não estamos falando de qualquer Azerbaijão ou Catar. No Real, ele começa praticamente todos os terceiros períodos, sem ganhar um minuto sequer na primeira metade de jogo, dividida entre Llull (geralmente no primeiro quarto) e Sergio Rodríguez (no segundo).

Llull e o Real Madrid estão motivados a deixar o Olympiacos para trás

Llull e o Real Madrid estão motivados a deixar o Olympiacos para trás

Esse tipo de entrosamento e planejamento está longe de ser algo de fácil ou simples execução – basta observar a dificuldade que Xavier Pascual, no Barcelona, e o próprio Messina, no CSKA Moscou, vêm tendo neste início de temporada para administrar elencos igualmente volumosos e talvez mais caros.

No caso do Real, além do sucesso em quadra – que jogador vai ousar reclamar em meio a uma campanha dessas? –, há outro fator que ajuda o controle de Laso sobre o grupo: a frustração pela derrota na decisão da temporada passada para o Olympiacos. A equipe abriu 17 pontos de vantagem no primeiro quarto, mas tomou uma virada desconcertante, deixando escapar um troféu que não erguem desde 1995. A frustração virou determinação.

Para os merengues, chegou a  hora. De serem os melhores – ao menos da Europa.

*  *  *

Na segunda fase da Euroliga, os 16 clubes restantes estarão divididos em dois grupos, e o Real vai ter adversários mais fortes pela frente para ser testado. A essa altura, contudo, desnecessário dizer que a preocupação é toda desses próximos rivais. Chegou a hora de falar um pouco sobre alguns dos Galácticos do basquete:

– Quem vai querer lidar com um Nikola Mirotic hoje em dia? O MVP de outubro da Euroliga está impossível: 62,8% nos chutes de dois, 64% de três e 86,8% nos lances livres. Tipo arma letal. Tem médias de 15,0 pontos, 5,3 rebotes 1,2 roubo de bola, 1,0 toco e1,2 assistência em 24 minutos. Com esse tipo de dominância, seu próximo passo parece realmente a NBA. É essa a expectativa do Chicago Bulls, que o draftou em 2011. Num momento tão duro para a torcida órfã de Derrick Rose, o rendimento do ala-pivô deve servir de alento. Dinheiro não seria um problema: caso decida ir para os Estados Unidos, uma vez que seu salário, pelo tempo de espera, já não precisaria mais seguir os limites impostos na escala tradicional dos novatos.

Sergio Rodríguez é, hoje, o melhor armador do mundo fora da NBA. Maduro, mas sem perder a criatividade, sai do banco para comandar a segunda unidade de Laso, desequilibrando as partidas combinando talento e agressividade, dos dois lados da quadra. Soma 11,7 pontos, 5,3 assistências, 1,7 roubo de bola em pouco mais de 20 minutos de média, com 55,3% nas bolas de dois pontos e 47,4% nas de 3. Afe.

– Num time com tanta gente boa, Rudy Fernández é aquele que se comporta como o astro, digamos – o topete está sempre muito bem alinhado. Fica muito claro em sua postura marrenta em quadra e na adoração da torcida.  Embora sua personalidade irrite um pouco, não há como negar que seu jogo é bastante vistoso e basicamente exemplifica o estilo da equipe: leve, atlético, com facilidade para se deslocar com e sem a bola. Médias de 13 pontos, 4,4 assistências e 3,3 rebotes, matando 59,5% dos chutes de dois e 93,3% dos lances livres.

Sergio Llull não está na sua melhor fase no ataque, mas é o melhor defensor da equipe no perímetro. Quando usado ao lado do xará Rodríguez, faz da vida dos armadores adversários um inferno, pressionando demais o drible.

Tremmell Darden chegou ao clube no meio da temporada pessada, sem poder jogar a Euroliga – vindo do Zalgiris Kaunas. O americano formado pela Niagara University caiu como uma luva no quinteto inicial, cumprindo muito bem um papel de “glue guy”, com vigor físico, energia e agilidade para complementar Fernández nas alas.

– O tunisiano Salah Mejri e o norte-americano Marcus Slaughter dão gás e asas à rotação de pivôs de Laso, complementando muito bem o jogo terrestre e raçudo de Felipe Reyes.

Jaycee Carroll seria um ótimo concorrente para disputar um torneio de três pontos em qualquer lugar do mundo. Sai do banco ao lado de Rodríguez e seria uma resposta do Real aos Ben Gordons do mundo. Quando está quente, saia de baixo.

*PS: Ok, abram espaço para o merchan: acompanho o time de transmissão do canal com os chapas Maurício Bonato, Rafael Spinelli, Marcelo do Ó e Ricardo Bulgarelli. É o canal 28/228 (HD) da Sky, com transmissões basicamente todas quintas e sextas-feiras e reprises espalhados pela programação. Lá você também segue muitos jogos da NBA, como o Indiana Pacers x Miami Heat da semana passada.


Com mais espaço, Lucas Bebê tem perspectiva de crescimento no Estudiantes
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Giancarlo Giampietro

Lucas Bebê, de volta ao Estudiantes

Bebê teve boa atuação contra o Fuenlabrada, mantendo sua evolução na Espanha

Ainda é pré-temporada. O Estudiantes ainda está procurando se entender, assimilando as novas peças de seu elenco. O mesmo acontece com a concorrência, ainda mais para aqueles que ainda estão desfalcados pelo EuroBasket ainda em pleno curso. Então não dá para cravar nada e, na hora de apostar, é melhor ser precavido com o seu dinheirinho sofrido de cada dia. Mas as notícias sobre Lucas Bebê que vêm da Espanha neste mês são animadoras.

Depois de namorar o Atlanta Hawks por mais de um mês, vislumbrar a possibilidade de assinar seu contrato de NBA e, no fim, ter de se contentar com o retorno para Madri e a Liga ACB – o que não está nada mal, convenhamos –, o desafio para o jovem brasileiro era manter a cabeça erguida, não deixar a motivação despencar e entrar forte em mais um ano de evolução para a realização de um potencial incrível. Parece que é o que vem fazendo, causando boa impressão nos primeiros amistosos de seu clube.

Aos 21, cada temporada é importantíssima para o progresso de Lucas. Se em Atlanta ele não teria tempo de quadra, melhor, então, seguir em frente com o Estudiantes, ainda mais com um novo contexto rodeando a equipe. Entre os grandalhões, saíram o veterano pivô Germán Gabriel, o o americano e ainda mais experiente Lamont Barnes e o britânico Daniel Clark.

Gabriel foi um dos destaques da liga em 2012-2013 e se viu surpreendentemente valorizado na reta final de sua carreira. Acabou recebendo uma proposta mais intere$$ante do Bilbao, clube de Euroliga, e se mandou para o País Basco. O jogador era a referência no jogo interno, digamos, estudantil e também fazia as vezes de um tipo de paizão do brasileiro – basta acompanhar o garoto no Twitter nestes dias para ver sua admiração pelo ex-companheiro durante os jogos da seleção espanhola: está toda hora perguntando quando o Gabriel vai jogar, por que o técnico não o usa mais, Gabriel isso, Gabriel aquilo. Se, por um lado, ele perde um mentor, por outro sobram mais oportunidades para desenvolver suas habilidades ofensivas.

Barnes, aos 34 anos, era o segundo homem da rotação de pivôs. Clark, que joga muito mais aberto, atirando de três pontos sem a menor cerimônia, era o terceiro. E aí entrava o brasileiro, com o quarto homem, embora começasse as partidas jogando – sim, mais uma prova de que não tem a menor importância qualquer discussão sobre sujeito ser titular ou banco num jogo de basquete.

Para reposição, o Estudiantes investiu em dois reforços bastante experimentados: o búlgaro Dejan Ivanov e o croata Marko Banic. Pelo que vem demonstrando durante a pré-temporada, Ivanov, 27, é quem deve assumir boa parte das jogadas trabalhadas para Gabriel, tendo jogado a Euroliga pelo Lietuvos Rytas e defendido também o Cimberio Varese na Itália. Foi muito elogiado pelo técnico Txus Vidorreta. Veja esta declaração: “Está claro que pelo nosso plantel e as baixas que sofremos, Dejan é o jogador que melhor pode dominar na zona pintada, produzindo na defesa, sofrendo faltas no ataque, indo para o rebote. É um bom passador, joga bem perto da cesta, é uma ameaça e conhece o jogo. Além disso, já parece um irmão mais velho: dá instruções para os jovens e está se integrando de modo fantástico”. Acho que o búlgaro já pode pedir um aumento, não?

Banic, de 29, ainda não fez sua estreia, mas é um velho conhecido do basquete espanhol, tendo jogado pelo Bilbao de 2005 a 2012. Fez um pit stop na Rússia no ano passado, até ser dispensado pelo Unics Kazan devido a uma cirurgia no joelho. Não sabemos qual o seu estado físico no momento. Se estiver em forma, oferece a Vidorreta, com quem já trabalhou no passado, outra referência ofensiva, com uma munheca bastante eficiente próximo da tabela e também nos tiros de meia distância.”Depois de um ano difícil na Rússia, o Marko necessita de confiança para ir retomando as boas sensações. Estou convencido de que ele vai conseguir aqui”, disse o treinador. (Uma anedota sobre Banic: acompanhado de Moncho Monsalve, me lembro de uma carona que conseguimos com a seleção croata para voltar de uma loooonga noite – de jogos! – durante o Pré-Olímpico mundial de Atenas, em 2008. O ginásio do Panathinaikos estava fechando, o transporte para a imprensa havia se mandado, e por sorte me deparei com Moncho num saguão. O treinador estava zanzando por lá, fazendo a social de sempre, também sem veículo para voltar ao hotel. Entrou num bate-papo animado com o atleta, que falava um espanhol impecável, deixando o ex-técnico da seleção embasbacado. Simpático, nos arrastou para o busão, economizando alguns preciosos euros para o repórter.)

Os dois chegam ao Estudiantes para ser protagonistas, não há como negar. Agora, Lucas, no mínimo, já foi promovido a terceiro pivô. Soa até bobo escrever isso, né? Na prática, todavia, isso deve representar uma escalada dos 14 minutos que recebeu na temporada passada para algo entre 20 a 25 por jogo. Não dá para esperar que ele vá ser explorado de maneira substancial no ataque, mas as combinações de pick-and-roll com o jovem atleta devem acontecer com maior frequência. E o pivô também já mostrou que pode contribuir bem em qualquer ataque com sua visão de jogo e propensão para o passe, seja de costas para a cesta ou na cabeça do garrafão. Além disso, enquanto Banic não vai para a quadra, é hora de o brasileiro aproveitar os minutos que tem a mais na pré-temporada e deixar uma boa impressão.

Nos quatro primeiros testes do clube, foi cestinha numa vitória contra o Guadalajara, das divisões inferiores do país – é o que diz o site oficial do clube madrilenho, mas sem dar os números. Na segunda partida, agora contra um rival de ACB, derrota para o Zaragoza, marcou 13 pontos. Contra o Real Madrid, mais uma revés, anotou nove pontos e brigou bem com o tunisiano Salah Mejri no garrafão. Sua participação só acabou limitada pelo excesso de faltas, cometendo a quarta ainda no terceiro período. De todo modo, para sua equipe o ponto mais positivo foi que, quando estavam os titulares em quadra, chegaram a abrir 15 pontos de vantagem.

Nesta quinta, fizeram o quarto amistoso e venceram o Fuenlabrada por 89 a 80. Lucas saiu do banco – Fran Guerra, pivô espanhol da sua idade e mais uma cria da base do Estudiantes, foi o titular – e jogou por 21min48s, terminando com nove pontos, seis rebotes, duas assistências, três roubos de bola e dois tocos. Foi o segundo jogador mais eficiente de sua equipe, com 22 pontos neste quesito, atrás apenas dos 27 de Ivanov. “As coisas vão saindo pouco a pouco. Tivemos bons jogos contra Zaragoza e Real Madrid, sem resultados positivos, mas estávamos contentes por nosso trabalho, e era normal que chegaria um bom resultado que refletiria o que temos feito nos treinamentos. Agora é seguir trabalhando”, disse o carioca.

Em sua cobertura sobre o amistoso, o site Planeta ACB destacou o desempenho defensivo de Bebê, com mais consciência em seu posicionamento, sem perder a agressividade – como seus números, neste caso, comprovam. Suas intervenções teriam gerado bons contra-ataques para seu companheiros. “Ainda tenho que melhorar na defesa sem a bola e usar mais as mãos, mas estou contente com meu progresso neste aspecto”, afirmou.

É isso aí. Na verdade, Lucas tem muito o que evoluir não só nesse quesito, como em muitos outros (desenvolver o chute de média distância, trabalhar o drible rumo ao aro, ficar mais atento na proteção de rebotes, entre outros itens num processo de refinamento).  Hoje, o pivô ainda depende muito de sua maravilhosa capacidade atlética para produzir em quadra. E, quanto mais tempo ele passar nela, melhor. Que comece logo a temporada, então, com os jogos para valer e uma perspectiva bastante otimista para o brasileiro.


O show de Haddadi: cult na NBA, pivô iraniano é uma estrela dominante no mundo Fiba
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Giancarlo Giampietro

Hamed Haddadi, versão supervô

Haddadi domina, Haddadi destrói: um superpivô no campeonato asiático

Ok, ok. Admito. Tem uma queda pelo termo cult  que pode deixar o Vinte Um algo repetitivo. É uma palavra importada que já apareceu certamente em posts passados e, pode cravar, vai voltar a ser publicada. Mas não tem jeito também, né? O basquete está cheio desses caras O que a gente poderia até fazer era buscar sinônimos, tipo “figuraça”, mas, para falar de Hamed Haddadi, o gigante iraniano, ficamos com a primeira opção, mesmo.

É apropriado, afinal. Dessa forma que o pivô era tratado nos seus tempos de Memphis. E pudera! O primeiro iraniano da NBA, perdido lá no meio do Tennessee, assimilando a cultura americana ao lado de cavalheiros como Zach Randolph, Tony Allen e tal. Imagine a confusão na cabeça do cara: da criação envolta pelo Islã a uma cidade batalhadora, tomada por caipiras trabalhadores no interior dos Estados Unidos, mas acompanhado da influência hip-hop do vestário da maioria dos clubes da liga. Você aprende primeiro a dizer “yo!”, depois bom dia. Dá uma salada daquelas.

Daí que não tardou muito para Haddadi ser adotado pelos jogadores e torcedores como um xodó do Grizzlies, aclamado sempre que saía do banco – em caso de extrema urgência ou de uma sacolada de seu time, diga-se, para render Marc Gasol. Mas tudo bem: não é todo dia que você se depara por aí com alguém de 2,18 m de altura, vindo do Irã e com uma predileção para palavrões, pose marrenta e que vai com tudo para cima dos rebotes, que é o que ele faz de melhor, qualidade demonstrada nos Mundiais e Jogos Olímpicos da vida.

Antes de apresentar seu cartão de visitas nesses torneios de primeira, quem haveria de conhecer Haddadi? Ele não jogou na Europa, não foi draftado por nenhum clube americano, nem chegou perto disso, na verdade. Num basquete extremamente globalizado, em que JaVale McGee se torna um ícone nas Filipinas, a relação dos países islâmicos com os principais centros do mundo ainda está pobrinha. Claro que há americanos por lá, treinadores estrangeiros com as seleções ou clubes, mas na contramão não tem muita coisa. Temos o tunisiano Salah Mejri, que já fez testes pelo New York Knicks e que acabou de ser contratado pelo Real Madrid, Haddadi e pouco mais (alguém aí sugere outro exemplo, façavor?).

Então, Haddadi neles.

E aonde queremos chegar?

Tudo isso começou com uma breve checagem no site da Fiba, e a mensagem de que o pivô estava fazendo estragos na Copa Ásia (“Copa da Ásia”, “Torneio Asiático de Seleções”, “AsiaBasket”, escolha a nomenclatura que lhe mais fizer a cabeça, por favor) deste ano. Enquanto o Brasil ainda se prepara para sua Copa América, lá do outro lado do hemisfério as forças do basquete já estão se escalpelando há tempos.

No momento, estamos nas quartas de final, e o Irã de Haddadi segue firme e forte rumo a mais uma classificação. Lá, Haddadi é quem manda, galera.

O pivô vem com médias de 17,4 pontos, 8,6 rebotes, 65,3% nos arremessos e 1,8 bloqueio, tendo jogado apenas 101 minutos em cinco partidas. Tá tudo dominado! Considerando ara dar mais emoção até, o cara ainda resolveu atirar uma bola de três pontos – algo que levaria Lionel Hollins à loucura em Memphis – e, a-ham, a converteu.

Sob a liderança do seu grandalhão, o Irã vai descendo marretadas na cabeça dos nanicos que tem enfrentado. Malásia, Coreia do Sul, Índia, Bahrein, é até sacanagem. De qualquer foram, não despreze o Haddadi, tá? No Mundial de 2010, na Turquia, por exemplo, ele teve médias de 20 pontos e 8,6 rebotes, aí contra gente de alto nível.

Mas o que acontece para ele ser um estouro no mundo Fiba e, na NBA, ser conhecido mais feito mascote do que jogador? É que na liga norte-americana suas, digamos, deficiências atléticas ficam muito expostas. Marcar um pivô como Nenê já seria muito difícil para o sujeito. Pensem, então, na hora em que, enfrentando o Wizards, ele precisasse conter um John Wall avançando no mano-a-mano, verticalmente, depois de um corta-luz? Na verdade, impensável.

Não valeria a pena então pensar numa carreira fora dos Estados Unidos? Lembrando: Haddadi no momento está sem contrato na NBA, depois de ter sido trocado na temporada passada de Memphis para Toronto e, depois, para Phoenix, e, dali, para a rua – embora ninguém possa se comover tanto com o iraniano, que desde 2008 já embolsou US$ 7,4 milhões em salários na liga americana.

Em uma liga europeia, aos 27, Haddadi teria tudo para ser uma estrela. Nos Estados Unidos, vai de cult mesmo.


Equipes de Augusto e Rafael Luz lutam por últimas vagas dos playoffs na Espanha
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Giancarlo Giampietro

Rafa Luz, na briga ainda

Rafael Luz ainda tenta se meter nos playoffs da Liga ACB com o Obradoiro

O Estudiantes de Lucas Bebê está eliminado, assim como Lagun Aro de Raulzinho – este há muito tempo já e, pior, rebaixado. Mas ainda há muita ação para o restante da legião brasileira nos momentos finais da temporada regular da Liga ACB, o campeonato espanhol, com dois deles lutando pela sobrevivência.

Restam apenas uma rodada e duas vagas em aberto para os playoffs, e o Unicaja Málaga de Augusto Lima e o Obradoiro (“Blusens Monbús”) de Rafael Luz estão no páreo. Os dois clubes disputam com o Herbalife Gran Canaria as sétima e oitava colocações. No momento, o Málaga e o time das Ilhas Canárias estão em melhor situação, empatados com 18 vitórias e 15 derrotas – justamente depois de um confronto direto entre os dois na última rodada, com vitória para a equipe de Augusto por 67 a 65. Já a equipe da Galícia aparece em nono, com 17 vitórias e 16 derrotas.

Sarunas Jasikevicius x Marcus Williams

O Unicaja de Marcus Williams tem de se virar contra o Barcelona na última rodada

Neste fim de semana, para a jornada derradeira, o clube malaguenho tem uma pedreira pela frente, o Barcelona, que está todo arrebentado física e emocionalmente depois do Final Four da Euroliga, mas ainda é um gigante a ser respeitado na Espanha. O Gran Canaria pega o Valladolid, do surpreendente Nacho Martín. O Obradoiro encara o Bilbao,  o sexto colocado.

A matemática diz o seguinte: o Gran Canaria avança caso vença ou se o Unicaja perder, ou o Obradoiro não conseguir tirar uma desvantagem de 16 pontos no saldo de cestas. Para o Unicaja,  é necessário um triunfo contra o Barça ou um revés do Obradoiro, que só se classifica se bater o Bilbao e o Málaga perder, ou se conseguir tirar sua desvantagem de 16 pontos para o Gran Canaria.

Do ponto de vista individual para os brasileiros, o caçulinha da família Luz, ex-Málaga, seria aquele que tem mais a lucrar com uma sobrevida na temporada, considerando que tem um papel firme e importante para sua equipe. Já Augusto vem sendo utilizado com regularidade, mas com atribuições mínimas. Se por um lado ele ficou fora de apenas três partidas em toda a campanha, por outro lado é pouco envolvido no ataque e não tem conseguido controlar os rebotes. Talvez tenha chegado o momento de o pivô, que participa automaticamente do Draft da NBA devido ao limite de idade, procurar outro clube para jogar de verdade, para valer.

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Três brasileiros já estão garantidos nos mata-matas: Rafael Hettsheimeir com o Real Madrid, Marcelinho Huertas com o Barcelona e Vitor Faverani com o Valencia. Desses três, Hettsheimeir é o único que não tem tempo de quadra certo para os jogos decisivos. Aos poucos, o pivô acabou limado da rotação de Pablo Laso. Huertas e Faverani não têm com o que se preocupar, embora o pivô tenha lidado com muitos problemas físicos durante o ano e vem sendo menos utilizado do que o esperado. Muitos de seus minutos acabaram direcionados para o montenegrino Bojan Dubljevic, outro candidato automático ao Draft da NBA este ano e figura em ascensão na Europa, subindo com 2,05 m de altura e talento para pontuar na linha de três pontos.

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Na ponta da tabela, o Real Madrid, melhor ataque, já está garantido como o cabeça-de-chave 1, seguido por Saski Baskonia (que começou o ano como “Caja Laboral” e agora atende por “Laboral Kutxa”…), Barcelona, melhor defesa de longe, e Valencia. Zaragoza e Bilbao estão nessa também.

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Sobre Nacho Martín: com 17,7, o veterano pivô lidera o ranking de eficiência da Liga ACB, ocupando um posto que já foi de Marc Gasol, Tiago Splitter, Luis Scola, Joel Freeland e gente dessa linha. É um tanto bizarra essa constatação. O ala-pivô, que acabou de completar 30 anos em abril, tem média de 15,4 pontos e 6,9 rebotes, em 31,1 minutos, as melhores marcas de sua carreira, de longe. No ano passado, por exemplo, ele teve médias de 8,2 pontos e 5,6 rebotes, em 25 minutos. Na carreira, que começou em 2002 pelo Barcelona, são 6,9 pontos e 3,8 rebotes.

Matrín mudou por completo seu padrão de atuação, cobrando praticamente o triplo de lances livres quando comparado com a última temporada (94 x 32). Nas assistências, mais que o dobro (55 x 18). Também tem sua melhor média de aproveitamento nos tiros de dois pontos, com 59%. Sinal de que nunca é tarde para evoluir em quadra.

 


No ataque, Olympiakos vira contra Real Madrid e é bicampeão da Euroliga
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Giancarlo Giampietro

Olympiakos na cabeça

José Mourinho respira mais aliviado. Não foi no basquete que o Real Madrid acabou com seu jejum de títulos continentais.

Neste domingo, o time espanhol abriu até 17 pontos de vantagem, mas tomou a virada do Olympiakos, que se tornou o primeiro bicampeão – com títulos em anos consecutivos – desde que a competição assumiu o formato de Final Four – ao vencer por 100 a 88.

Aliás, não parece ser um bom negócio abrir larga vantagem sobre o clube grego em uma decisão. No ano passado, o CSKA Moscou tinha uma vantagem de 14 pontos ao final do primeiro tempo, mas não conseguiu se segurar na frente. Dessa vez, o Real venceu o primeiro quarto por 27 a 10 com um desempenho devastador, mas viu sua situação supostamente confortável ruir a partir do momento em que os reservas adversários entraram em quadra. No início do segundo período, os homens de Atenas marcaram oito pontos sem resposta. Rumo ao intervalo, o placar era de apenas 41 a 37 para o Real. Aí já viu.

Surpreendentemente, foi um jogo pautado pelo ataque. O Olympiakos, que havia sufocado o CSKA na semifinal com uma defesa fortíssima, converteu 20 de seus 30 arremessos de dois pontos (66,6%) e matou 9 em 24 nos disparos de longa distância (37,5%), somando ainda 33 pontos na linha de lance livre em 42 tentativas. É muita coisa. Além disso, seis atletas terminaram com 10 ou mais pontos.

Fruto de uma base consolidada, que foi pouco alterada do ano passado para cá: dez de seus jogadores são bicampeões, liderados pelo genial Vassilis Spanoulis, que somou 22 pontos e quatro assistências na final – aos 30, o armaor foi eleito o MVP da Euroliga, com médias de 14,7 pontos e 5,5 assistências. Quem também jogou demais foi o irregular Acie Law, com 20 pontos (11 deles em lances livres!), cinco assistências e cinco rebotes. Já o ala-pivô Kyle Hines terminou com 12 pontos, cinco rebotes, três assistências e três tocos.

O técnico Georgios Bartzokas também merece seu destaque. No geral. o Olympiakos somou 22 vitórias e 9 derrotas (aproveitamento de 70%) na temporada. Em sua primeira campanha por um grande clube, tinha a duríssima tarefa de substituir o legendário Dusko Ivkovic. Ele é o primeiro treinador grego a se tornar campeão da Euroliga – curioso, já que os clubes do país somam nove títulos.


Real Madrid resiste a Huertas e elimina o Barcelona com atuação decisiva de Rodríguez
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Giancarlo Giampietro

O Real comemora

No basquete, deu Real para cima do Barcelona em um torneio continental

Armador bom faz diferença. Marcelinho Huertas tentou o que pôde nesta sexta, depois de o Real Madrid anular Juan Carlos Navarro no perímetro. Mas Sergio Rodríguez, quem diria, foi ainda melhor, sendo decisivo para liderar a vitória merengue no clássico, avançando à final da Euroliga de basquete, com um triunfo por 74 a 67.

A primeira lembrança que tenho de Rodríguez era de seu início pelo Estudiantes, com passes fantásticos, muita criatividade, mas uma produção bem inconsistente. Na época, e acho que ele mesmo assumia isso como referência para seu jogo, sendo comparado a Jason Williams, o “White Chocolate”. Vocês se lembram do Williams, né? Ele teve dois anos de darling pelo Sacramento Kings de Chris Webber até que a NBA se cansou um pouco de seus lances mirabolantes, mas pouco substanciais.

No início de carreira, o espanhol era carequinha, de cara limpa. Quando foi para aos Estados Unidos, levou na bagagem esse estilo mais espetacular, ainda que pouco eficiente. Acabou caindo numa fria ao ser draftado pelo Portland Trail Blazers na NBA.  Aos 20 anos, pensando mais nos clipes das “melhores jogadas”, penou nas mãos de um conservador como Nate McMillan, que tinha em Steve Blake seu jogador predileto para dividir a quadra com Brandon Roy. Em três temporadas, não jogou mais que 16 minutos em média e foi trocado para o Sacramento Kings em 2009. Sete meses depois, seria trocado novamente, apenas como peça/salário complementar, para fazer funcionar a meganegociação que tirou Tracy McGrady de Houston. Ao final do contrato de novato, voltou para casa.

Pois esse Sergio Rodríguez que vemos hoje pelo Real está transformado, e não só pela imensa barba que faz até mesmo James Harden ficar com inveja. Um sujeito completamente amadurecido em quadra, dominando o a bola com esmero e arrojo ao mesmo tempo. Controlando o ritmo da partida, acelerando sempre que pôde para tentar atacar a defesa do Barcelona antes que ela se estabelecesse, ele foi o grande nome do clássico espanhol, mesmo tendo ficado apenas 22 minutos em quadra – vai entender.

Mas foi tempo suficiente para distribuir nove assistências. O espanhol conseguiu bater com facilidade a primeira linha defensiva do Barça, algo que se provou mortal. Uma vez que se aproxima do garrafão, o armador se torna uma arma muito perigosa, com uma visão de jogo incrível e um arremesso em flutuação que agora tem de ser marcado (12 pontos no total). O pivô Marcus Slaughter que gostou, recebendo um monte de encomendas debaixo da cesta.

Rodríguez não cometeu sequer um turnover, enfrentando a defesa mais encardida da temporada. Aqui cabe uma ressalva, contudo: sem Pete Mickeal para fortalecer o perímetro, com Nathan Jawai, seu jogador mais físico e que ocupa um baita espaço no garrafão, jogando no sacrifício, a retaguarda do Barça não estava em melhor forma, ficando muito dispersa. Tanto Rodríguez como seu xará Llull aproveitaram muito bem essas brechas para atacar.

A atuação memorável do reserva do Real também se estende ao outro lado da quadra. Ele e Llull colocaram muita pressão em cima da armação do arquirrival. Foi desse jeito que o time conseguiu se livrar de uma desvantagem de até oito pontos no início do quarto período para terminar com +7.

Foi um grave erro de cálculo de Xavi Pascual, técnico do Barça. Justo ele, o mais calculista. Lidando com jogadores tão ágeis como esses, ele acabou deixando o veteran(íssim)o Sarunas Jasikevicius um pouco a mais do que devia em quadra. Quando retornou com Huertas, a menos de cinco minutos do fim, o Real já havia retomado o controle da partida. E sobrava pouco tempo para seu time se rearranjar em quadra e tentar uma nova investida.

Num jogo de detalhes como esse, o esmero de Rodríguez com a bola fez toda a diferença.

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Marcelinho Huertas terminou o confronto com 19 pontos, 6 rebotes e 2 assistências, 7/15 nos arremessos, em 30 minutos. Não é a linha estatística mais normal de sua carreira, mas o brasileiro fez uma boa partida e foi instrumental em uma reação do Barça no terceiro período para o quarto. Chegou a marcar oito pontos consecutivos, deixando seu time no comando do placar. Até que foi sacado de quadra para descansar. Um dos poucos jogadores capazes de criar por conta própria no time do Barça, vindo do perímetro, Huertas teve de assumir uma carga maior em busca da cesta diante das dificuldades que Navarro encontrava. La bomba anotou apenas 9 pontos em 32 minutos, errando seis de nove arremessos.

*  *  *

O Real Madrid enfrenta o Olympikaos na decisão. Justamente o adversário de seu último título continental, lá longe, em 1995.

* O Canal Sports+, da Sky, transmite no domingo os últimos dois jogos do Final Four da Euroliga. Divido os comentários com Ricardo Bulgarelli. A naração fica por conta dos companheiros Maurício Bonato, Ricardo Bulgarelli e Marcelo do Ó, como foi durante toda a temporada.


Final Four da Euroliga: os jogadores vinculados a clubes da NBA
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Giancarlo Giampietro

Ante Tomic faz farra

Ante Tomic crava contra os ex-companheiros de Real Madrid. Deixaram escapar…

Basicamente? A grande maioria dos jogadores que vão estar em quadra neste fim de semana pelo Final Four da Euroliga teria condições de fazer parte da rotação de um time de NBA. Alguns, como titulares. Outros? Completando o banco. Mas é inegável o talento. Vamos  publicar mais um post sobre o assunto, mas falando, claro, mais sobre a liga europeia do que a norte-americana. Aqui, seguem alguns atletas que já foram selecionados no Draft:

Sergio Llull (Real Madrid): o armador espanhol de 25 anos  foi a 34ª escolha do Draft da NBA de 2009, via Denver Nuggets, mas para o Houston Rockets, que desembolsou US$ 2,25 milhões (!!!) só para adquirir seus direitos. Essa é a compra mais cara de um pick na segunda rodada do recrutamento de calouros da liga. Então, sim, dá para dizer que Daryl Morey aguarda ansiosamente o dia em que poderá por as mãos neste explosivo jogador, um atleta de calibre da NBA que vem melhorando a cada temporada. O problema? Existe a possibilidade de que ele demore muito para cruzar o Atlântico, se é que vai fazer um dia. Seu contrato com o Real vai até 2014 e ele já deu a entender que não veria impedimento para estender esse vínculo. Estatísticas.

Nikola Mirotic (Real Madrid): o ala-pivô naturalizado espanhol tem 22 anos apenas, mas já é uma estrela na Europa e estaria pronto para defender o Chicago Bulls (que o selecionou em 2011 com a 23ª escolha) agora mesmo nos playoffs não tivesse um detalhe: o contrato com o Real até 2016. Mas os fãs do Bulls podem ficar tranquilos: a expectativa é que, no meio do caminho, ele negocie uma rescisão para tentar a NBA. Ainda precisa melhorar como um passador, mas sabe colocar a bola na cesta com tiros de média e longa distância e movimentos mais desenvolvidos próximo do garrafão. Sólido reboteiro e presença incômoda na defesa devido a sua envergadura. Estatísticas.

Kostas Papanikolau (Olympiakos): inicialmente draftado pelo New York Knicks no ano passado em 48º, teve seus direitos adquiridos pelo Portland Trail Blazers na negociação que mandou Raymond Felton e Marcus Camby de volta a Manhattan. Tem contrato até 2014 com o clube ateniense e estaria na mira do Barcelona. Eleito “a estrela ascendente” da temporada, aos 22 anos, é um ala muito forte e atlético que refinou seu arremesso a tal ponto que chega ao Final Four com aproveitamento de absurdos 52,7% na linha de três pontos. Bom reboteiro e defensor na posição. Estatísticas.

Ante Tomic (Barcelona): croata de 26 anos e 2,17 m de altura, escolhido pelo Utah Jazz na 44ª posição do Draft de 2008. Eleito o melhor pivô da temporada, com justiça. Vestindo a camisa do Barça, em muitos momentos relembra Pau Gasol em seus movimentos no garrafão. Tem um jogo de pés bastante criativo, girando para os dois lados, em direção ou no sentido contrário da cesta, podendo compensar algum desequilíbrio com munheca certeira (aproveitamento de 66,7%, terceiro melhor do ano). Tem contrato até 2015. Não está claro se tem interesse em jogar na NBA, mas seria um desperdício o Utah não tentar. Estatísticas.

Sasha Kaun (CSKA Moscou): existem lenhadores canadenses e existem lenhadores russos também, claro. Formado na universidade de Kansas, pela qual foi campeão ao lado de Mario Chalmers e Darrell Arthur em 2008, Kaun regressou para Moscou para construir uma firme carreira como uma força defensiva. Agora, se apresenta também como um jogador que precisa ser marcado perto do aro, tendo convertido 72,8% nos arremessos de dois pontos, algo elevadíssimo. Só uma coisa: na hora em que ele for cobrar lances livres, melhor fechar os olhos (51,6% e 49 air-balls segundo estatísticas extraoficiais). Kaun poderia dar uma força para Anderson Varejão em Cleveland, mas renovou seu contrato por três anos com o CSKA. Estatísticas.

Há também o caso de Erazem Lorbek, que hoje tem seu “passe” vinculado ao San Antonio Spurs, que está numa outra lista de jogadores que a NBA não conseguiu aproveitar:

* O Canal Sports+, da Sky, transmite nesta sexta-feira e no domingo todos os quatro jogos do Final Four da Euroliga. Transmissões na sexta e sábado a partir de 12h45 (horário de Brasília). Divido os comentários com Ricardo Bulgarelli. A naração fica por conta dos companheiros Maurício Bonato, Ricardo Bulgarelli e Marcelo do Ó, como foi durante toda a temporada.


Final Four da Euroliga: os brasileiros e os candidatos à NBA
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Giancarlo Giampietro

Hettsheimeir, galáctico

Rafael Hettsheimeir teve dificuldades para se encontrar no Real Madrid

Basicamente? A grande maioria dos jogadores que vão estar em quadra neste fim de semana pelo Final Four da Euroliga teria condições de fazer parte da rotação de um time de NBA. Alguns, como titulares. Outros? Completando o banco. Mas é inegável o talento. Vamos  publicar alguns posts sobre o assunto, mas falando, claro, mais sobre a liga europeia do que a norte-americana.

Os brasileiros

Marcelinho Huertas (Barcelona)
Médias gerais: 7,9 pontos, 3,4 assistências, 2,1 rebotes, 48,5% nos arremessos, 34,4 % de três pontos e 97,1% nos lances livres

Maestro Huertas

Huertas: “titular” do Barça

O homem de confiança de Rubén Magnano nem sempre foi titular durante a grande campanha do Barcelona, mas isso, no fim, não quer dizer muita coisa. O técnico Xavi Pascual revezava sua escalação de acordo com o que o adversário apresentava. Em duelos com times de armadores mais fortes e agressivos, geralmente ele optava por Victor Sada, que está mais equipado para este tipo de embate. No geral, porém, Huertas foi quem recebeu mais minutos em 29 partidas: 582, contra 492 do espanhol.

Mais importante: o brasileiro ganhou sinal verde de Pascual para criar mais em quadra, ficando mais tempo com a bola em mãos – numa atitude que, para os padrões de um técnico extremamente controlador e detalhista, soa como revolução. Huertas pôde jogar mais em pick-and-roll, sua especialidade, e teve liberdade para, inclusive, fazer passes por trás das costas e buscar ponte-aéreas. Se até Pascual pode mudar nesse sentido, não vá se considerar você um caso perdido, ok? E deu certo: o Barça manteve sua consistência defensiva, mas elevou o padrão de seu ataque para dominar a competição. De resto, o armador talvez tenha só desejado um pouco nos chutes de fora, já que tem potencial para chutar na casa de 40% com tranquilidade, conforme fez nos últimos dois anos.

– Rafael Hettsheimeir (Real Madrid)
Médias gerais: 3,4 pontos, 2,1 rebotes, 0,3 tocos, 52,6% nos arremessos, 33,3% e 84,6% nos lances livres.

Olha, é complicado. Nosso anti-Scola assinou tarde com o Real Madrid (final de outubro), depois de negociar com alguns times da NBA, perdeu a pré-temporada por estar se recuperando de uma cirurgia no joelho e teve sempre de remar contra o prejuízo durante a temporada, tendo de se contentar basicamente em ser o último homem da rotação de grandalhões de Pablo Laso – atrás de Mirza Begic, Nikola Mirotic, Felipe Reyes e do americano Marcus Slaughter, todos atletas de ponta na Europa. Se em Zaragoza ele era a estrela da companhia, aqui, num elenco fortíssimo e milionário, foi apenas mais um.

O pivô teve média de apenas 8 minutos por jogo, mas não quer dizer que não tenha tido chances. Entre as rodadas 14 e 21 do Top 16, ele ficou fora de apenas de um jogo. Teve boas atuações contra o Panathinaikos e contra os pangarés da Alemanha, mas não foi o suficiente para ser promovido. Quando chegaram os playoffs, o técnico precisou acertar os ponteiros, e o pivô revelado em Ribeirão Preto acabou sacrificado: nas quartas, contra o Maccabi Tel Aviv, teve apenas 4min27s no total. Muito pouco para alguém de seu talento, mas não dá para chorar injustiça. O lance agora é aproveitar o tempo com a seleção, treinar forte e chegar revigorado para o próximo ano.

Os candidatos
Seguem alguns jogadores que, com a dupla brasileira acima, nunca passaram pela liga norte-americana e mereceriam alguma atenção no caso de algum clube de lá quiser um bom e sólido reforço. Não são apenas estes, claro. Vem mais lsita por aí.. Mas, em alguns casos, é preciso pagar: um cara como Pablo Prigioni só topou receber o mínimo pelo New York Knicks este ano porque não tinha mais desafios para sua carreira na Europa e queria encarar outra coisa. Hoje é titular da segunda melhor campanha do Leste.

– Victor Sada (Barcelona): olha ele aqui de novo! Sim, o espanhol de 29 anos tem sérias dificuldades para comandar um ataque que precise de um pouquinho de criatividade, vide seu tempo de quadra reduzido contra o Panathinaikos nas quartas de final. Diante de uma defesa robusta, que lhe tirava os espaços para infiltração, seu arremesso falho ficou exposto, sua confiança foi para o buraco, e Pascual, lutando pela sobrevivência, não teve outra coisa a fazer senão enterrá-lo banco. Mas, usando-o como um armador reserva – que, na verdade, é o seu status no Barça –, qualquer equipe estaria bem servida com esse barbudo, que é uma peste na defesa. Tem excepcional movimentação lateral e braços largos, atacando o drible dos adversários, ganhando só nessas investidas alguns segundos preciosos para sua defesa. Também é explosivo e joga acima do aro.

Jaycee vai chutar

Jaycee, o melhor gatilho das Américas fora da América?

Joe Ingles (Barcelona): utilizado de modo pontual por Pascual, não teve a temporada que se esperava depois de suas ótimas apresentações nas Olimpíadas. Mas isso tem mais a ver com a mesma encrenca que Rafael encontrou no Real, do que por incapacidade deste canhoto australiano. Ninguém simplesmente se apresenta a um Barça e acha que vai ser premiado com titularidade, vinho e mimos que só. Tem de lutar, e Ingles encarou durante toda a temporada a concorrência de um dos melhores alas do basquete europeu nos últimos anos, o americano Pete Mickeal. Quando o veterano foi afastado na reta final por conta de uma embolia pulmonar, Pascual teve de recorrer novamente a Ingles, de 25 anos. Aqui, estamos falando de um jogador com ótimo drible, capacidade para coordenar ações no pick-and-roll e ser até mesmo um segundo armador em quadra, bom arremessador e criativo na hora de partir para a cesta. Fica devendo na defesa.

Jaycee Carroll (Real Madrid): tem um termo em inglês que soa muito bem, mas, quando traduzido, perde o charme: “instant offense from the bench”, ataque instantâneo saindo do banco. Com Carroll, de 30 anos, é assim mesmo. Em 21min36s de média, ele anotou 12,5 pontos por jogo, matando 54,6% nos tiros de dois pontos, 43,1% de três e 87,8% nos lances livres. Em toda a sua carreira, contando a quatro temporadas pela universidade de Utah State desde 2004, passando pela Itália e há um bom tempo na Espanha, ele chutou abaixo dos 40% da linha de três pontos em apenas um ano (2009-2010, pelo Gran Canaria). Pensem assim: é como se ele fosse um Steve Kerr 2.0, com capacidade de criar espaço para seu próprio arremesso, sem perder a eficiência no chute.

Stratos Perperoglou (Olympiakos): o sonho de qualquer treinador dentre aqueles que não são craques. Perperoglou é um ala de 28 anos que sabe muito bem o que pode e, muitas vezes o que conta mais, o que conta o que não deve fazer em quadra. Se ele não tem a ginga de um Spanoulis ou de um Navarro, para que inventar? Faz seu jogo feijão com arroz, mas muito bem feito: excelente defensor em cima da bola e coletivamente, com ótimo porte físico para um ala (2,03 m e forte), disciplinado, combativo. No ataque, passa de lado e abre espaço. Não foi bem nos disparos de longa distância este ano, convertendo apenas 28,3%, mas tem média de 38,7% na carreira na Euroliga.

Os ‘draftáveis’
Aqui, os jogadores com idade para serem escolhidos no Draft da NBA, inscritos ou não. Para esse grupo de elegíveis, só valem os jogadores nascidos até 1991 (a turma que completa ou vai completar 22 anos).

Alejandro Abrines (Barcelona): ou Alex, como preferir. Aos 19 anos, só foi acionado por Pascual durante a temporada quando a fatura estava liquidada. Até que o Barça perdeu Mickeal, e Pascual teve de procurar outras soluções. Chamou Abrines, não teve jeito. E o que o garotão me apronta? Como se estivesse com seu jogo represado, na última rodada do Top 16 ele anotou 21 pontos em exatos 21 minutos contra o Maccabi Tel Aviv e deu o recado para o professor: “Xácomigo!” Foi uma partida incrível mesmo de um ala com muita personalidade e agressividade no ataque, tendo bom arremesso e vocação para as infiltrações, a despeito do físico magricela. Contra o Panathinaikos, ele deu uma esfriada, mas não deixa de ser uma boa opção para um clube americano que pode selecioná-lo este ano e deixá-lo mais alguns campeonatos na Catalunha para desenvolvimento. Tem chances de entrar na primeira rodada do Draft.

Marko Todorovic (Barcelona): ala-pivô de 20 anos e 2,08m nascido em Montenegro que também não foi muito utilizado por Pascual, mas que, ainda assim, teve mais tempo que Abrines. Algo natural para os homens de garrafão, considerando o possível acúmulo de faltas dos titulares. Quando acionado, Todorovic costumava entrar ainda é muito frágil fisicamente, mas demonstra agilidade e capacidade atlética incomum para seu tamanho. Candidato a sair na segunda rodada.

O Barcelona ainda tem em seu elenco o ainda mais jovem ala Mario Hezonja, croata de 18 anoso que nem poderia se inscrever neste ano, pela idade baixa. Hezonja é considerado como o mais promissor deste trio, como um cestinha nato.

* O Canal Sports+, da Sky, transmite nesta sexta-feira e no domingo todos os quatro jogos do Final Four da Euroliga. Divido os comentários com Ricardo Bulgarelli. A naração fica por conta dos companheiros Maurício Bonato, Ricardo Bulgarelli e Marcelo do Ó, como foi durante toda a temporada.


Time de Rafael Luz completa sequência especial como “mata-gigantes” na Espanha
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Giancarlo Giampietro

Olho nele, Magnano: Rafael Luz

“Rafa Luz, ex-Freire” ataca o Real Madrid em mais uma sólida atuação na Espanha

Falamos há pouco sobre o crescimento do talentoso Rafael Luz na Espanha. Agora dá para destacar sua equipe numa abordagem mais abrangente, geral, depois de o Obradoiro vencer o Real Madrid por 64 a 61 e completou uma sequência especial na Liga ACB, o Campeonato Espanhol de basquete: venceu todos os quatro participantes do país na Euroliga fora de casa. Antes do triunfo em Madri, o Obradoiro havia vencido Barcelona, Caja Laboral e Unicaja Málaga como visitantes.

A abertura do relato do site oficial da liga espanhola para destacar essa “quadra” completa é demais: “Cuando la sorpresa se viste de rutina, deja de ser sorpresa, mas cuando la excelencia se convierte en frecuente, no deja de ser excelencia. Es el caso del Blusens Monbus. Etiqueta de revelación, de sensación, de matagigantes. Etiqueta ganada en pista, ganada con el juego, ganada con el tiempo”, escreveram.

A excelência, no caso, reside no sucesso longe de casa. O último clube que bateu Real, Barça e Baskonia (o atual Caja Laboral, ex-TAU Cerámica) em seus domínios acabou avançando até a final. Difícil imaginar que isso possa acontecer com o aguerrido, mas modesto time de Rafael. De todo modo, é uma façanha, e o brasileiro tem participação direta nisso.

Contra o Real, para celebração de seus 120 torcedores que visitaram a capital espanhola, ele jogou por pouco mais de 26 minutos, vindo do banco, e converteu apenas um arremesso em quatro tentativas. Porém, encontrou outras formas de contribuir, somando cinco pontos, seis assistências e três rebotes. Novamente, o Obradoiro rendeu muito mais com o mais novo representante da “Dinastia Luz”: enquanto ele esteve em quadra, a equipe teve um saldo de cestas de + 12, sua melhor marca no jogo. O quer dizer ainda que, com Rafael no banco, o time perdeu (ou “teria perdido”) por seis pontos de diferença.

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Cabe ressaltar que o Real, que enfrenta o Maccabi Tel Aviv pelas quartas de final da Euroliga, maneirou em sua escalação, controlando os minutos dos dois Sergios armadors, Llull e Rodríquez, e de mais dois titulares regulares, o ala Carlos Suárez e o pivô Mirza Begic. O que não quer dizer, claro, que, diante de um elenco fortíssimo, seja fácil batê-los em Madri. Quem se beneficiou dessa opção do técnico Pablo Laso foi Rafael Hettsheimeir, xará de seu compatriota. Se muito tempo para mostrar serviço na Euroliga, ele pôde começar a partida como titular, terminando com seis pontos e cinco rebotes em 28min54s. Essa é uma situação que precisa ser monitorada, pensando em convocação: um dos heróis da classificação olímpica da seleção masculina, o pivô revelado em Ribeirão Preto está um pouco fora de ritmo de jogo. Sua presença seria inquestionável, mas Magnano teria de trabalhar bem com ele nos treinos para a Copa América.

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Se Rafael Luz foi revelado pelo Málaga, Hettsheimeir jogou pelo Obradoiro de novembro de 2009 a fevereiro de 2010, numa breve, mas muito importante passagem de sua carreira. Foi no clube de Santiago de Compostela que ele conseguiu mostrar serviço, de verdade, na elite do basquete espanhol, até regressar ao Zaragoza e virar um pivô cobiçado em todo o mercado europeu – chamando a atenção da NBA, ao mesmo tempo.

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Com o triunfo, o Obradoiro (ou “Blusens Monbus”) se mantém na oitava colocação da temporada regular da Liga ACB, posto que vale a classificação para os playoffs. O clube tem uma vitória a mais que o Unicaja Málaga, justamente o responsável pela formação de Rafa Luz em seus últimos anos de juvenil na Espanha e que tem um orçamento muito maior e conta com o pivô Augusto Lima em seu elenco.