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Arquivo : Popovich

Spurs se aproxima de contratar australiano; negociação pode interferir nos planos de Splitter
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Giancarlo Giampietro

Para quem viu esta espécime em ação durante os Jogos Olímpicos, era de se pensar mesmo o que ele estava fazendo fora da NBA. Pois parece que o San Antonio Spurs, claro, está disposto a resolver esse disparate.  Segundo informação de diversos veículos na Europa, o clube texano está bem próximo de anunciar a contratação do pivô Aron Baynes, uma negociação que nos faz ponderar sobre qual seria o futuro de Tiago Splitter por lá.

Mais um produto do formidável Instituto Australiano do Esporte, que forma de tenistas a nadadores, Baynes é o que se chama de “late bloomer”, alguém que despontou no esporte relativamente tarde. Graduado na universidade de Washington State, rodou um bocado na Europa até se destacar no ano passado pelos Aussies nas Olimpíadas e, depois, arrebentar na Euroliga.

Aron Baynes imenso

Aron Baynes: físico imponente e basquete mais refinado

Contra o Brasil, na primeira rodada, deu um trabalhão danado. Lembram? Foram 10 pontos e cinco rebotes em apenas 15 minutos de jogo. Foram só 15 devido ao excesso de faltas. Ufa. Terminou o torneio com 7,5 pontos e 3,3 rebotes, numa rotação de pivôs fortíssima. Na seleção australiana, aliás, Baynes trabalhou com o técnico Brett Brown, que calha de ser um dos assistentes de Popovich em San Antonio.

Até jogar em Londres 2012, o gigante australiano (na verdade, ele nasceu na Nova Zelândia, mas tudo bem) vinha jogando em clubes modestos da Europa, como o grego Ikaros Kallitheas e o alemão Oldenburg. Mas o potencial demonstrado em julho e agosto lhe valeu uma transferência para o Union Olimpija. O time esloveno é um regular saco de pancadas na Euroliga, mas tem tradição no desenvolvimento de seus atletas.

Acabou que Baynes fez um grande torneio, embora sua equipe tenha conseguido apenas três vitórias em dez rodadas: foram 13,8 pontos e 9,8 rebotes de média em apenas 26 minutos por jogo, além de um aproveitamento de 58,7% nos arremessos de quadra. Ele foi o jogador que mais fez cestas de dois pontos na primeira fase, o maior reboteiro, o maior reboteiro ofensivo, o jogador mais eficiente e o décimo cestinha. Dominante, ou seja.

O Spurs acompanhou de perto, fazendo uso mais uma vez de seu vivíssimo departamento de scouts na Europa. É uma atrás da outra para a turma gerenciada por RC Buford. Segundo o site Sportando, a multa rescisória do pivô é de US$ 400 mil, quantia risível para um clube da NBA. O pivô deve fechar um contrato multianual, e o Union Olimpija já até estaria no mercado procurando um substituto.

Baynes oferece a Popovich um corpanzil que assusta, com muita força debaixo da tabela e ótima referência ofensiva. Embora seus movimentos sejam um tanto robóticos, pouco criativos, sua coordenação e pontaria cresceram evoluíram consideravelmente desde que iniciou sua carreira no basquete universitário americano. Aos 26 anos, volta aos Estados Unidos no auge.

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E como fica Tiago Splitter nessa?

Bem, se Popovich mantiver coerência com o que fez nas últimas temporadas, Baynes não deve ser muito aproveitado logo de cara. Ainda mais chegando no meio do campeonato. Só vai para quadra se o técnico e a diretoria realmente entenderem que é alguém para fazer diferença, assim como aconteceu com o veterano Boris Diaw no ano passado.

E não custa lembrar: o Spurs assediou para valer o esloveno Erazem Lorbek, do Barcelona, durante as férias, com a esperança de convencer o astro europeu a tentar a sorte na NBA, enfim, sete anos após ter sido selecionado pelo Indiana Pacers. A grana e o glamour do Barcelona fizeram a diferença.

A longo prazo, porém, é de se pensar o que isso representa para o catarinense. Tim Duncan envelhece, mas segue ainda bastante produtivo. Diaw tem mais dois anos de contrato. Sobra quanto de tempo de jogo se o australiano cair nas graças da comissão técnica?

Por outro lado, a contratação de Baynes pode também apenas indicar um temor do Spurs em perder Splitter no mercado de agentes livres deste ano. Teriam encontrado, desta forma, um substituto barato, algo importante para um time sediado em um mercado pequeno e que já paga uma boa grana para o trio Duncan-Parker-Ginóbili.

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Splitter ao menos hoje é titular do Spurs. E o que dizer de seu amigo DeJuan Blair, com quem brigou por espaço no time nos últimos dois anos? Taí um nome que pode ser envolvido a qualquer momento em uma troca.

PS: encontre o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.


‘Família Popovich’ mantém caminho consistente de vitórias em San Antonio
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Giancarlo Giampietro

Família Popovich

Parker e Duncan já não aguentam mais Gregg Popovich

Todos os clichês, mandamentos, regrinhas recomendáveis sobre “continuidade” na gestão esportiva são confirmados pelo San Antonio Spurs na NBA. Com eles, não há como negar que não funcione.

O sucesso é tão duradouro que por vezes podemos perder a referência do nível de excelência que eles atingiram nas última década, e algo que dura até hoje. Desde o momento em que reuniu o armador Tony Parker, o ala Manu Ginóbili, o pivô Tim Duncan e o técnico Gregg Popovich no mesmo ginásio, em 2002-2003, o clube não teve uma campanha sequer em que não tenha vencido no mínimo 50 partidas – ou 61% de seus jogos. Isso valeu até mesmo para o último campeonato. Aquele, oras, encurtado pelo lo(u)caute e que teve apenas 66 rodadas no total.

Por curiosidade: o melhor ano aconteceu em 2005-2006, com 63 vitórias e rendimento de 76,8%, mas não valeu um título: a equipe perdeu o clássico texano contra o Dallas Mavericks, que acabaria derrotado pelo Miami Heat e a arbitragem da NBA nas finais. Os anéis de campeão neste período acabaram sendo conquistados em 2003 (primeira temporada de Ginóbili), 2005 e 2007.

O elenco, naturalmente, passou por pequenas reformulações durante esta jornada, mas o núcleo duro está lá para dar consistência, para estabelecer uma rotina que poderia entendiar meio mundo, mas que empurra seus componentes na formação de um timaço.  “É incrível”, afirma Parker. “Pois, muitas vezes, quando se fica por cinco ou dez anos, as pessoas tendem a ficar irritadas ou se cansam de ouvir por tanto tempo. É algo especial o que acontece aqui com o Spurs. Você pode pegar qualquer esporte, e não acho que vá ver uma situação dessas em que os mesmos três jogadores e o mesmo técnico tenham passado tantos anos juntos. É uma relação realmente muito especial a que eu, Manu e Timmy temos com Pop.”

 Envolvido em rumores de trocas nos últimos anos, Parker admite, contudo, que há, sim, os momentos em que se tem vontade de atirar tudo para o alto, especialmente quando as críticas de Popovich nos treinos são mais pesadas. “Todo mundo tem um ego, então machuca algumas vezes, mas você precisa lembrar, então, que ele faz isso para o bem do time”, conta o francês.

O técnico, por sua vez, afirma que não é nem mais ouvido por suas estrelas. Especialmente Duncan, com quem trabalha desde… 1997! “Ele nem conversa muito mais comigo. Estamos casados há tempo tempo que nós…”, disse Pop, parando a frase por conta própria para não se comprometer, né? Questões íntimas ficam entre quatro paredes, por favor.

“Metade das coisas que eu falo ele não ouve. A outra metade ele bloqueia se for para ouvir… Porque ele acha que é bobagem. Manu está chegando a esse estágio, Tony também está perto disso… É hora de ir embora!”, completou o comandante, sorrindo.

Depois de obter a melhor campanha da temporada passada, o Spurs segue nadando de braçada em meio ao pelotão de frente neste início de campanha. Nesse ritmo, a família Popovich, na verdade, não vai para lugar algum.


Temporada revigorada de Tim Duncan também ajuda a explicar limitações para Splitter
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Giancarlo Giampietro

A estreia como profissional de Anthony Davis foi contra Tim Duncan e o San Antonio Spurs. Número um do Draft, badalado por dez em cada dez scouts, o garotão do New Orleans Hornets não decepcionou: 21 pontos, 7 rebotes, um toco, uma roubada e nenhum desperdício de bola em apenas 29 minutos.

Tim Duncan, eternamente jovem

Deixem Duncan ser Duncan enquanto ele quiser ou puder. Pedido do Timmy

Normal, então, que, nas entrevistas ao final da partida, os repórteres abordassem o veterano para perguntar o que ele achava daquela comparação que ganhava força em torno da jovem promessa: “Ele é o novo Tm Duncan”. “Bem, eu ainda não fui embora. Posso continuar sendo eu por algum tempo enquanto isso?”, devolveu o astro.

Ô se pode.

Aos 36 anos, em sua 16ª temporada, o ex-nadador das Ilhas Virgens não dá sinal algum de que esteja em desvantagem naquela briga inevitável contra um adversário imponente, o tempo. No confronto com Davis e o Hornets, largou com tudo, com 24 pontos, 11 rebotes e três tocos – e não era fogo de palha. Em 11 partidas até aqui, suas médias são de 18 pontos, 10 rebotes, 2,4 assistências, 2,7 tocos e um roubo de bola, além de 51% nos arremessos e 75% nos lances livres.

Apenas 13,4% da temporada foi disputada ainda, numa ressalva relevante. O duro é produzir lá na frente, na reta final, quando pesa demais o desgaste das viagens e o acúmulo de jogos (e hematomas). Mas poucos poderiam imaginar um início tão vigoroso assim mesmo por parte de alguém que não se dá por satisfeito com quatro títulos, dois prêmios de MVP e mais de, glup, US$ 204 milhões apenas em salários.

Considerando que Gregg Popovich controla os minutos de seu pivô com muito cuidado, a avaliação de seus números atuais em projeções por 36 minutos se mostra mais justa, e daí saem dados impresssionantes: Duncan vem com as melhores marcas de sua carreira em tocos, roubos de bola e rebotes defensivos, a melhor em lances livres desde 2001-2002, a melhor em pontos desde 2005-2006 e a melhor em rebotes desde 2007-2008.

Descobriram a fonte da juventude, e ninguém avisou no Twitter?

*  *  *

Agora, quanto mais Duncan aguentar o ritmo como um pivô ainda de elite, fica ainda mais complicado contexto envolvendo Tiago Spliter no Spurs.

De acordo com o site Basketball-Reference.com, dos 20 quintetos utilizados com maior frequência por Popovich nesta temporada, Duncan está presente em 14. Destes, apenas em um ele dividiu a quadra com o catarinense, contando com a companhia de Tony Parker, Danny Green e Kawhi Leonard por 20min41s – efeito da escalação empregada especificamente para bater de frente com as torres do Lakers. De resto, o superpivô fica muito mais tempo ao lado de DeJuan Blair e Boris Diaw.

(Para constar, Splitter aparece em outras quatro formações entre as 20 mais utilizadas,, e seu companheiro de garrafão seria ou Matt Bonner – duas vezes – ou Boris Diaw, sendo a quarta uma equipe baixa com quatro atletas abertos – Ginóbili, Stephen Jackson, Gary Neal e Danny Green.)

Uma explicação: Splitter pontua basicamente no garrafão ou bem próximo dele. Ainda que Duncan tenha um bom chute de média distância, quase até os limites da linha de três, você não vai querer afastá-lo tanto assim da cesta. Com os dois em quadra, então, corre-se o risco de congestionar o garrafão e tirar o espaço para as infiltrações de Parker e Ginóbili. Defensivamente, os dois também são muito mais aptos a conferir adversários mais altos do que alas-pivôs mais baixos e ágeis. Não tem química, e Popovich não vai forçar a barra.

Vale tudo contra Dwight Howard

Contra Dwight Howard e o Lakers, rara ocasião em que Splitter e Duncan formaram dupla


Tiago Splitter e DeJuan Blair seguem batalhando minutos na rotação do Spurs. Culpa do Pop?
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Giancarlo Giampietro

Nas fronteiras de Pittsburgh já foram cultivados muito mais quarterbacks do que jogadores de basquete para as ligas profissionais do país. Entre os poucos basqueteiros de expressão, ganha destaque o ala Chuck Cooper, o primeiro jogador negro a ser draftado por uma franquia da NBA – em 1950, pelo Boston Celtics. De lá para cá nem a cidade, nem sua principal universidade, que leva o mesmo nome, revelaram muitos atletas para a elite (o famigerado Charles Smith, do Knicks nos anos 90, é um deles). O mais recente dessa esporádica safra foi o pivô DeJuan Blair.

O mais baixo de seus irmãos, meio gordote, Blair aprendeu os macetes da modalidade num centro recreativo administrado por seu tio. Aos poucos, foi crescendo no jogo até se tornar uma sensação local. Pela Schenley High School, teve um retrospecto de 103 vitórias e 16 derrotas, com direito a 57 vitórias em 57 jogos na liga municipal. Levou sua equipe a um título estadual em 2007, o primeiro de uma equipe colegial da cidade desde 1978. Até que chegou a hora de partir para a universidade, uma época difícil em que, pressionado,quebrou seu celular ao atirá-lo na parede. Que raiva! Não paravam de ligar: ele recebeu proposta de 18 (!) agremiações. Enquanto os pais achavam melhor que ele mudasse de ares, pesou a opinião da vovó por parte de mãe, que teve grande influência em sua criação. Ficou em casa, mesmo.

Blair, "Pitt it is"

O orgulho de Pittsburgh

De modo, então, que seria mais do que justificado se a reduzida fração dos amantes do bola ao cesto em Pittsburgh não for muito com a cara de um certo Gregg Popovich, aquele técnico multicampeão pelo San Antonio Spurs.

Quem ele pensa que é?

Oras, o que Blair precisa fazer mais para ganhar o tempo de quadra devido pelo clube texano? Já está em seu quarto ano na liga, pagou o que devia no banco de reservas e hoje ainda não consegue mais que 17,1 minutos de ação, a despeito das diversas batalhas em que ajudou Tim Duncan no garrafão. Quando recebe suas chances, costuma corresponder.

Aos 23 anos, ainda tem muito o que desenvolver e contribuir. Só falta o treinador duro-na-queda abrir a porteira e deixar esse touro arrebentar…

(Pausa para reflexão…)

(O café já tá quentinho…)

(Agora sim:)

Entenderam as semelhanças com Tiago Splitter?

Pode ser, na verdade, que ninguém em Pittsburgh se importe com o que se passa com Blair, desde que o Steelers continue bem-sucedido na NFL. Mas, no nicho dos basqueteiros, certamente Blair haverá de ser apreciado. Agora, se a gente inverter a linha de raciocínio, não é capaz que algum cara de lá pense o mesmo sobre os brasileiros? Que ninguém aqui vai se importar com Tiago Splitter, desde que o futebol esteja levantando Copas do Mundo? Contudo, como temos acompanhado nos últimos anos, existem, sim, aqueles que acompanham os passos do catarinense são acompanhados bem de perto, e com sangue nos olhos.

Splitter já se aqueceu

De agasalho não fica legal, Popovich

É normal que se fiscalize o trabalho do vitorioso Popovich e seu modo de gerir o Spurs, tendo em vista que isso afeta diretamente o progresso de Splitter, um dos poucos brasileiros a entrar na NBA e um dos principais jogadores do basquete nacional. É preciso entender, por outro lado, que na cabeça do técnico o pivô talvez seja só mais uma ótima peça para o time – e os dirigentes e scouts da franquia têm trabalhado regularmente para que não faltem ótimas peças para Pop escalar, vide, por exemplo, as sorrateiras contratações de Danny Green, Kawhi Leonard, Nando de Colo, Cory Joseph e Patty Mills.

Será que o fato de o catarinense estar no banco e jogar pouco é realmente fruto de uma birra pessoal? Ou tem mais a ver com o fato de ele fazer parte de uma das melhores equipes da NBA? Não se esqueçam: com Splitter em seu elenco, o Spurs não foi campeão, mas venceu 161 partidas de temporada regular e perdeu apenas 69, bom para um aproveitamento de 70%. Sete vitórias em cada dez jogos. Quer dizer: se a marcha do clube texano vai bem obrigado, por que a vida do treinador seguiria de outra forma? Considerando esses resultados, onde estão as injustiças? Splitter merece mais tempo para mostrar serviço? Talvez. E quanto a DeJuan Blair?

As médias da carreira do brutamonte são de 8,4 pontos, 6,3 rebotes e 52,6% nos chutes de quadra. Splitter tem, respectivamente, 6,9 pontos, 4,2 rebotes e 58,1%.

– Ah, mas o Tiago jogou bem menos!

Então seguem as projeções por 36 minutos de cada um: a) Blair aparece com 15,1 pontos, 11,3 rebotes; b) Splitter, com 15,9 pontos e 9,6 rebotes. Nos playoffs, as contas também são bem semelhantes: 15,1 pontos e 12,4 rebotes para o americano e 15,9 pontos e 8,3 rebotes para o brasileiro. Em termos de índice de eficiência, o catarinense leva a melhor por 0,8 (18,3 contra 17,5). É tudo muito parelho.

– Ah, mas número não quer dizer tudo!

O superlotado banco de Popovich

Splitter, Blair e Bonner: todos no banco ao mesmo tempo. E aí, Pop?

Justamente. É preciso ver do que Popovich necessita – ou pensa necessitar – em quadra em seu esquadrão. Quem se encaixa melhor com quem? O deslocamento e a defesa de Splitter são mais qualificados? Mas o dia em que ele converter um chute a quatro ou cinco metros da cesta pode ser também o primeiro de sua breve trajetória na NBA. Vale mais, então, ter um reboteiro do porte de Blair para acompanhar Duncan? Mas o pivô de 2,01 m é bem vulnerável quando confrontado com pivôs talentosos ofensivamente (por isso Splitter começou sua única partida como titular este ano contra o Los Angeles Lakers).

Tanto um como o outro possuem qualidades valorizadas ao seu modo e seriam cobiçados no mercado, mas que não se manifestam, por enquanto, como o parceiro ideal ao complementar quem ainda é, de fato, a estrela da companhia: Tim Duncan. Enquanto nenhum deles se separar do outro, para Popovich o que resta é tirar proveito de dois ótimos jogadores da forma que achar melhor, ainda mais que seu Spurs não para de vencer

*  *  *

Splitter e Blair estão ligados de outra maneira: ambos deveriam ter sido escolhidos muito antes em seus respectivos Drafts, mas acabaram despencando no dia do recrutamento. Quando caíram nos braços do Popovich, toda a concorrência exclamou ao mesmo tempo, muito bem ensaiado: “Sempre o Spurs”, “Que sorte!”, “Os ricos cada vez mais ricos” etc. Como se não tivessem deixado os caras passarem. Vai entender.

O catarinense foi escolhido na posição 28, em 2007, uma vez que as demais franquias não teriam a paciência para esperar seu contrato com o Baskonia, da Espanha, vencer – algo que só aconteceria três anos mais tarde. Detalhe: nenhum atleta que saiu entre as 15ª e 27ª escolhas segue em seu clube de origem, e quatro deles já não estão nem mais empregados na liga.

Blair caiu ainda mais longe: foi apenas a 37ª escolha de 2009, quando rumores sobre a suposta condição precária de seus joelhoes assustou boa parte dos times. Até o momento, ele ficou for de apenas quatro partidas de 238 possíveis em sua carreira. LeBron James não ficou nada contente ao ver o Cleveland Cavaliers deixar o prestigiado pivô passar na 30ª posição para apostar no ala Christian Eyenga , outro que já está sem clube.

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Falamos aqui de brasileiros e nativos de Pittsburgh. Imaginem, então, como não devem estar furiosos os moradors da pequenina cidade de Concord, no estado de New Hampshire, com o que vem acontecendo com Matt Bonner?! Ao ala-pivô, conhecido iconicamente como Foguete Ruivo, foram relegados míseros dez minutos por partida neste ano, mesmo com ele acertando 63,6% de seus arremessos de três pontos nas sete primeiras partidas (melhor marca do ano). Ele é o único – reforçando: o único! – jogador nascido em New Hampshire a ter pisado em uma quadra da NBA. Pop, então, que não ouse levar sua vara de pescar para os lagos da região.

 


Pivô do Spurs flerta com o perigo ao reclamar de Popovich em público no Twitter
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Giancarlo Giampietro

Rebote de Blair

Sai que o rebote é do ursão Blair

Dedicação nunca foi um problema para DeJuan Blair. O modo como ele ataca os rebotes, especialmente na tábua ofensiva, chega a assustar. Colocando de uma outra forma: não é agradável para jogador algum se colocar entre o brutamontes e a bola na disputa pela rebarba de qualquer ataque. Pode doer a costela.

O problema de Gregg Popovich com o jogador, depois de passado o encantamento por sua temporada de novato, foi sua lenta evolução em outros aspectos do jogo, especialmente no que se refere a pequenos, e não menos importantes, tópicos, como ssua concentração na defesa fora da bola, o espaçamento correto no ataque etc.

Neste ano, uma das boas histórias que o treinador tinha para contar durante a pré-temporada do Spurs, porém, era o suposto amadurecimento de Blair, que teria chegado fininho mais fino, na medida do possível, e se mostrado um jogador muito mais concentrado nos treinos e nos coletivos, especialmente na defesa.

A empolgação parece não ter durado muito. O pivô não saiu do banco na vitória contra o New Orleans Hornets na estreia. Foi a clássica “DNP – CD” (Não jogou por decisão do treinador). Extremamente frustrado, o barbudão usou toda a coragem que pode caber em corpanzil e foi para o Twitter reclamar um pouco, cheio de ironias.

“Era isso o que essperava! Risos. Eu só não sou o que o “dude” quer ver na quadra, só me dei conta agora!! Apenas saibam que estou fazendo minha parte!”, foi um de seus posts.

“Estou apenas brincando. Vou ficar bem. Alguém aí fora gosta do que faço!!! ACREDITE isso!”, veio depois.

“Alguém aí tem algumas polegadas para vender? Posso comprar! Risos. Estou apenas tentando entender essa m.!!”, completou o jogador oficialmente listado com 2,01 m de altura.

Parece que Blair não tem noção do perigo, né? Foi chamar o técnico de dude assim na cara larga? E como traduzir dude? O Google Translate capricha e nos oferece janota. No Michaelis, tem almofadinha também. 🙂 Mais fácil, prazeroso – a ponto de ser obrigatório – assistir ao “Grande Lebowski” mesmo e aprender logo com o Jeff Bridges, John Goodman e Steve Buscemi.

Dude

Isto é Dude

Na gestão de Popovich e RC Buford, o Spurs preza, muito, pelo bom comportamento de seus jogadores. Não tolera muitos arroubos desses, reclamações – quanto menos em público.

De todo modo, ou não deu tempo de a choradeira chegar aos ouvidos do Pop, ou o técnico não se incomoda, não, com essa coisa de dude. Porque, no dia seguinte, seu pivô reserva ao menos ganhou 11 minutinhos contra o Thunder – uma boa quantia, quando comparado aos 28 minutos que recebeu durante todo o confronto pela final do Oeste do campeonato passado. Mas, não fossem as três faltas que Tiago Splitter cometeu em quatro minutos, será que ele teria sido utilizado?

Blair havia iniciado a temporada 2011-2012 como o titular ao lado de Duncan, revezando em quadra com o catarinense. Desde a chegada de Boris Diaw, porém, a rotação ficou congestionada e ele acabou relegado ao banco. Incluindo o confronto desta quinta, ele só foi aproveitado em quatro jogos dos últimos dez do clube, incluindo os playoffs. Como era a reta final, qualquer tipo de distração ou descontentamento acabou represado.

Agora, contudo, estamos apenas no início da jornada. Assim como Tiago, Blair também está em seu último ano de contrato. Diferente do brasileiro, ele tem maior predisposição ao desabafo. O pior é que, se um estiver feliz, muito provavelmente será às custas do outro. Pode ser um campeonato looooongo para os dois.

Melhor então esfriar a cabeça, dude.

Blair & Splitter

Difícil segurar o sorriso por tanto tempo, né, gente?


Palavra-chave para Tiago Splitter na temporada 2012-2013: minutos
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Giancarlo Giampietro

Tempo é dinheiro? Para Tiago Splitter, a máxima vale, sim, para a temporada 2012-2013. Ô se vale: afinal, ele entra em seu último ano de vínculo com o San Antonio Spurs e precisa mostrar serviço para receber um bom cheque para os próximos anos. Lembrando que o catarinense abriu mão de dinheiro ao deixar a Espanha para jogar nos Estados Unidos, ciente de que geralmente é no segundo contrato da NBA que os atletas ganham uma bolada.

Tiago Spliter, Spurs, NBA

Splitter ainda em busca do protagonismo de ACB

O que o pivô não contava era com a mudança significativa na economia da liga desde o locaute do ano passado, afetando especialmente o pelotão intermediário, algo que Leandrinho teve de assimilar da pior maneira nas últimas semanas, perdendo US$ 6 milhões em salário da tempora passada para esta.

Em termos de projeções numéricas por minuto, o catarinense já está na elite. Com a crescente expansão dos analistas de dados no gerenciamento dos clubes, esse tipo de informação acaba disseminada de um modo ou de outro. Mas ainda conta também a impressão que ele deixa em quadra. Quanto mais jogar, mais ela tem chances de pegar. Mas não que seja fácil.

Depois de ótimo rendimento na temporada 2011-2012, sabemos que seu ano terminou em baixa. Contra o Thunder, na final da Conferência Oeste, depois de errar seis lances livres no primeiro jogo e ter a confiança minada, o pivô foi limitado a apenas oito minutos por jogo, com médias ínfimas de 2,8 pontos, 1 rebote e 1 assistência.

Foi, claro, uma resolução drástica encampada por Gregg Popovich, mas supostamente circunstancial. O problema é que, recuperando toda a campanha do brasileiro, nota-se um desdobramento preocupante. Splitter caiu gradativamente dos 24,8 minutos que recebeu nos poucos jogos de outubro para 16,8 em abril, último mês da temporada. Seus minutos minguaram especialmente após a contratação de Boris Diaw – que teve seu contrato renovado, aliás.

Acontece que o encaminhamento da atual pré-temporada do San Antonio Spurs até agora não anima muito os fãs de Splitter. Atrapalhado por espasmos musculares nas costas no início do training camp, acabou poupado de diversas atividades e vem sendo inserido aos poucos nos amistosos do time texano dos últimos dias. E bota pouco nisso: em quatro jogos, foram apenas 10,3=8 minutos de ação, embora seu aproveitamento nos arremessos seja excelente, com 54,5%.

Splitter: eficiência ofensiva

Splitter pode não ser o maior saltador do mundo, mas é um ótimo finalizador próximo ao aro

Alguns fatores que podem ajudar a explicar esses minutos limitados: 1) nessa fase de testes, Popovich está dando mais de 15 minutos por jogo para Eddy Curry (uma frase que parece inacreditável, mas é isso mesmo… O pivô está na briga por um contrato);  2) DeJuan Blair chegou de férias revigorado, em ótima forma e recebeu bons elogios do treinador, podendo ter pulando na frente na rotação; 3) talvez Pop ainda tenha o brasileiro em altíssima conta e esteja apenas preservando o brasileiro, usando de precaução diante de seus problemas físicos antes que seja dada a largada.

Em amistoso do Spurs contra a forte defesa do Miami Heat, derrota por 104 a 101 no sábado passado, foram 9 minutos e quatro cestas de quadra em quatro tentativas para Splitter. Espera-se que esse tipo de rendimento seja o suficiente para que seja mais acionado na hora que vale, a temporada regular.



Tony Parker desenha jogada da vitória do Spurs e quer o cargo de Popovich
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Giancarlo Giampietro

Nando de Colo para a vitória

Nando de Colo para a vitória

O jogo estava empatado em 99 a 99, e a posse de bola era do San Antonio Spurs, com o Atlanta Hawks na defesa. O que a equipe da Conferência Leste não contava era que Tony Parker ia fazer as vezes de Gregg Popovich para desenhar uma jogada mortal – ou quase – e vencer o jogo.

Sem escrúpulos, o armador francês desenhou a jogada para seu compatriota Nando De Colo, novato importado para esta temporada. De Colo recebe, então, a bola na cabeça do garrafão, dá alguns dribles e… Caçapa!

Parker ficou todo-todo e aproveitou, com muita coragem, para tirar um sarro de seu comandante. “É fácil fazer o trabalho de Pop. Ele ganha um pouco mais do que merece (a little bit overpaid), acho. É apenas minha opinião”, afirmou, provavelmente com aquela piscadela. O veterano agora que se prepare para levar o troco de seu treinador, que faz cara de mal, mas também consegue ser espirituoso quando inspirado.

Não é a primeira vez, aliás, que isso acontece no Spurs. Manu Ginóbili já fez as vezes de estrategista da prancheta, tendo seus 15 segundos extra de fama, flagrado pelas câmeras e tudo. Tim Duncan deve ter feito também em algum momento, se é que tem paciência para isso.

Veja o resultado da jogada desenhada por Parker (bem simples, por sinal):

E aqui a cena do técnico Ginóbili planejando a jogada da vitória contra o Clippers num amistoso no México, se a memória não falha:

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Ter Parker e Manu como seus assistentes provisórios é engraçado até, considerando a horda de profissionais encubados na estrutura do Spurs que hoje apitam em todos os cantos da liga. Sam Presti pelo Thunder, Rob Hennigan e Jacque Vaughn pelo Magic, Danny Ferry pelo Hawks, Dennis Lindsey pelo Jazz,  Mike Brown pelo Lakers e mais uma porção deles.


Poupado de treinos, Splitter recebe de Popovich VT debate da eleição dos EUA
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Giancarlo Giampietro

Enquanto Ana Paula Lima (PT), líder nas pesquisas, Jean Kuhlmann (PSD) e Napoleão Bernardes (PSDB) disputam uma vaga no segundo turno das eleições para a Prefeitura de Blumenau, na hora de se informar sobre a política, Tiago Splitter vai ter de se contentar… Hã… com o embate entre Barack Obama e Milt Romney, candidatos a presidentes dos Estados Unidos.

Obama beija Michelle

Obama diz ter assistido com Michelle ao amistoso entre EUA e Brasil, aquele jogo bem apertado em Washington, mas não há provas suficientes a respeito

O general Gregg Popovich entregou para seus jogadores um DVD do primeiro debate realizado entre o democrata e o republicano, realizado na quarta-feira. Justo para um dos elencos com mais estrangeiros em toda a NBA. Sim, os franceses Tony Parker, Boris Diaw e Nando de Colo, o argentino Manu Ginóbili, o australiano Patty Mills e o próprio Splitter também receberam.

“É claro. Temos muitos caras de fora em nosso time, e eles foram rápidos para dizer que eles não podem votar e que, então, que eles não eram obrigados a assistir ao debate”, afirmou o ala-pivô Matt Bonner, o “Foguete Vermelho”, que planeja votar em Obama e defender o Canadá no futuro. Sério. “Não importa, eles vivem aqui, então é bom que eles estejam informados. Basquete não é tudo. Há coisas maiores no país em que vivemos.

Para constar: Splitter foi poupado de um coletivo na quarta-feira e dos treinos com contato físico na quinta-feira devido a espamos musculares nas costas. Os médcos do time afirmam não ser nada grave.

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Obama é disparado o candidato favorito entre os astros da NBA, contando com uma generosa doação do setor para sua campanha pela reeleição. Mas há quem prefira a oposição: o pivô Spencer Hawes não se cansa de alardear seu amor ao Partido Republicano, sendo uma das vozes mais ativas politicamente na liga. “Estou sempre pregando a palavra”, afirma. “As pessoas sempre me acusam de que escolhi ser republicado por causa dos meus rendimentos (ele vai ganhar US$ 12 milhões pelas próximas duas temporadas). Mas gostaria de lembrá-los que eu já havia seguido esse caminho muito antes de saber quais eram os impostos.”

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Bill Bradley

Bill Bradley, astro democrata do Knicks

Houve uma época em que Charles Barkley especulou lançar-se candidato a governador do Alabama, e a ideia foi bem recebida. Hoje ele está contente em ser apenas uma das celebridades mais polêmicas da TV norte-americana.

Dois casos concretos de envolvimento político que batem na telha assim de sopetão.

O pivô Chris Dudley, um dos mais atrozes cobradores de lance livre da história da liga, que defendeu o Portland Trail Blazers nos anos 90 e outros clubes, foi candidato a governador no estado de Oregon, perdendo para o democrata reeleito John Kitzhaber numa votação muito parelha.

Pelos democratas, um exemplo mais nobre: Bill Bradley, ala da histórica equipe do Knicks de Red Holzman dos anos 70, foi senador do estado de New Jersey pelos democratas em três mandatos e chegou a ter apsirações presidenciais.


Popovich aposta alto em Kawhi Leonard e sinaliza confiança em Splitter
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Giancarlo Giampietro

Falamos agora há pouco por aqui dos gostos musicais impressionantes de Gregg Popovich, revelados num giro de respostas a internautas torcedores do Spurs. Ok, mas no que ele se vidra, mesmo, é no basquete, pombas.

Kawhi Leonard e Gregg Popovich

Popovich: Leonard e mil e uma maravilhas

E o que saiu de mais interessante nessa “entrevista coletiva” a respeito do clube texano, que teve a melhor campanha da última temporada regular, mas acabou tomando uma virada atordoante do Thunder na final do Oeste?

Sobre Tiago Splitter, já vai. Antes, o que chamou mais a atenção: sua admiração pelo ala Kawhi Leonard, um dos melhores novatos do campeonato passado. Popovich está apaixonado pelo cara.

“Acho que ele vai ser uma estrela. À medida que o tempo passar, ele vai ser a cara dos Spurs, eu acho. Ele é um jogador especial nos dois lados da quadra. Ele quer ser um jogador. Digo, um ótimo jogador. Ele chega cedo, fica até tarde, é fácil de ser treinado, ele é como uma esponja. Quando você considera que ele só teve um ano de universidade e nem passou por nosso training camp ainda, dá para enxergar que ele vai ser um cara diferente.”

Opalelê.

Só uma correção: Leonard jogou por dois anos por San Diego State, mas brilhou mesmo apenas no segundo ano. Talvez seja isso o que Popovich queira dizer.

O ala de fato foi uma bela surpresa pelo Spurs. Estava tão confortável como titular da equipe, desde o início. Foi bastante eficiente, acertando 49,6% de seus chutes de quadra, com 7,9 pontos por jogo em 24 minutos. Tem braços e mãos enormes, é atlético, joga duro e tem realmente um ótimo potencial, com 21 anos apenas.

Está anotado, então.

Leonard só vai ter de amarrar bem o cadarço para bancar essa.

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*  *  *

Sobre Splitter não houve nenhuma pergunta específica, mas o treinador citou o brasileiro e DeJuan Blair numa resposta para tentar situar o Spurs na próxima temporada depois das contratações que Miami Heat e, principalmente, Los Angeles Lakers fizeram. “O que os outros times fazem não podemos controlar, então vamos nos preocupar em incorporar Kawhi no programa já que ele não está aqui há muito tempo. O mesmo vale para Boris (Diaw), Patty (Mills). Esperamos evolução de Danny Green e trabalhar com nosso grandalhões. Acho que Tiago e DeJuan Blair vão ter temporadas muito boas para nós.”

Foi isso. Não é muita coisa, ok, mas é alguma coisa.

Importante lembrar aqui que Splitter já havia jogado muita bola no último campeonato, evoluindo praticamente em todas as estatísticas – apenas em rebote ele estacionou e, em termos de desperdícios de bola, cometeu mais erros. Mesmo os lances livres haviam subido, não se esqueçam: de 54,3% para 69,1%, um salto considerável. Em suma: ele teve apenas 19 minutos por jogo, mas aproveitou cada segundo em quadra ao máximo.

O problema, claro, é o que aconteceu nos playoffs. Nos mata-matas, seus números despencaram e foram inferiores até mesmo aos de seu primeiro ano pelo Spurs. O pivô teve sua confiança minada quando Scott Brooks resolveu explorar sua deficiência nos lances livres, fazendo faltas sem parar no brasileiro. A coisa descambou com aquele esculacho que tomou de Popovich na lateral da quadra em uma derrota crucial em Oklahoma.

Aparentemente, são águas passadas para o técnico.

Seria mais interessante, no entanto, se pudéssemos trocar “Kawhi Leonard” por “Tiago Splitter” na manchete lá em cima.


Prepare-se para conhecer o que toca no estéreo de Gregg Popovich
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Giancarlo Giampietro

Gregg Popovich, Spurs

Pop: quem vê cara não vê coração

Gregg Popovich deixou muita gente chateada por estas bandas devido ao tratamento dispensado a Tiago Splitter nos últimos dois anos, mas saibam que, debaixo do fardamento, existe um homem.

Com seus acertos e imperfeições, e tudo o mais.

E toca o violino.

Dia desses o Spurs divulgou em seu site uma bateria de perguntas e respostas com seu treinador e general atendendo a torcedores do clube. Ele pode detestar aquelas entrevistas ao lado da quadra, nos intervalos de um quarto para o outro, mas tirou um tempo durante as férias para falar com você, tá vendo?

A bomba mais chocante de todas as dezenas de perguntas que ele encarou?

Prepare-se, porque beira o inacreditável.

Gregg Popovich. Ouve. Música.

“O último show que vi foi do Crosby, Stills, Nash & Young”, afirmou, em referência ao quarteto de All-Stars da música norte-americana. Sim, música das boas! E você achando que ele só sabia bater continência, pescar, apreciar um bom vinho e tratar mal os pivôs que não sejam Tim Duncan – DeJuan Blair também anda bastante magoado, saibam.

Mas o mais chocante nessa história toda é que o coração do futuro milico e multicampeão da NBA começou a bater mais forte com o som icônico da Motown de Detroit, com Smoke Robinson, Marvin Gaye, Four Tops, Jackson 5 e muitos outros gênios. Você consegue imaginar o jovem Gregg curtindo essa sonzeira toda? Swinging Pop? Só curtição.

Depois disso, ele migrou para algo mais pesado, citando até mesmo Led Zeppelin e Jimmy Hendrix. Só fica a dúvida aqui sobre o quanto de tolerância ele teria para ver o hino dos Estados Unidos tocado com os dentes. Stoned Pop. Eita.

Hoje um residente texano, o treinador amansou um bocado. “Não dá para não ouvir country por aqui”, afirmou. Todo mundo segue um caminho diferente na vida e, há uns três anos mais ou menos, comecei a ouvir um álbum da Patsy Cline que simplesmente me arrasou. Ainda estou maravilhado por sua voz, e meus amigos e minha família já não aguentam mais: ‘Jesuis, vamos escutar isso de novo’. A mais nova é Terri Clark. Alguém me deu um CD feito por ela, e eu adoro. É muito bom.”

Bem, o country de Nashville a gente assimila facilmente como algo que esteja rodando no stereo de Popovich. Mas ele não cansa de nos surpreender: “Tenho ouvido isso, mas o resto é meio que estrangeiro. É egípcio, Usef, ele é um egípcio, mas talvez seja música turca. Esse tipo de coisa. Algo muito estranho, mas são muitas coisas diferentes que ouço.”

Não toca Usef aqui no QG 21, que fique claro. Na real, nem sei do que ele está falando. E todo mundo achando que o Spurs era bom apenas de achar jogadores gringos por aí.

E aí o repórter mandou muito bem e emendou perguntando se por acaso Popovich ouvia alguma coisa que Stephen Jackson havia produzido recentemente. Se vocês não sabiam, Captain Jack é um rapper nas horas vagas. “Ele costumava me dar algumas de suas fitas, mas, primeiro de tudo, eu não conseguia nem entender  que estava se passando por ali. Algumas dava até para dançar, mas assim que comecei a ouvir o que eles estavam dizendo, tudo aquilo, eu as devolvi.”

Hehe. Não precisa explicar muita coisa aqui, não. Jackson cresceu numa região barra-pesada de Port Arthur, cidadezinha bem pobre no Texas. Aquela história toda: tráfico, violência, difícil de escapar, sobreviver, e o ala do Spurs hoje é visto como uma lenda no local.

Popovich não poderia ir tão a fundo, mesmo.