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Tim Duncan destoa de velhinhos e pode igualar marca histórica de Abdul-Jabbar nas finais
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Giancarlo Giampietro

O eterno Duncan

Duncan eterno: a chance de ser MVP de uma final 14 anos depois

Muitos velhinhos começaram a temporada da NBA beirando ou ultrapassando a casa de 40 anos. Poucos deles chegaram aos playoffs inteiros e com relevância em suas equipes. Enquanto isso, Tim Duncan, de alguma forma, segue arrebentando pelo San Antonio Spurs, desafiando qualquer lógica, ou, pelo menos, o padrão apresentado por seus contemporâneos.

O torcedor do New York Knicks sabe muito bem do que estamos falando, né? Durante o ano, Jason Kidd, Rasheed Wallace, Kurt Thomas e Pablo Prigioni deram sua contribuição para a primeira campanha decente da equipe desde a saída de Jeff Van Gundy no início da década passada. Chegaram os playoffs, e Sheed e Thomas estavam fora de ação, assim como Marcus Camby, que mal foi para quadra no campeonato. Jason Kidd terminou os mata-matas com dez jogos seguidos sem fazer nenhuma cesta, tendo marcado apenas 11 pontos no total em duas séries – não à toa resolveu encerrar sua carreira no fim de semana passado. Prigioni, vai saber, talvez só tenha aguentado o tranco por ter sido guardado por um bom tempo à sombra do recém-aposentado. Melancólico.

Ainda assim, o Knicks passou na primeira rodada pelo Boston Celtics de Paul Pierce e Kevin Garnett, que alternaram bons e maus momentos no confronto, sendo muito mais relevantes que os adversários anciões, mas não tiveram forças para abrir mais uma longa campanha na fase decisiva. Assim como seu arquirrival Los Angeles Lakers, que mal pôde usar um Steve Nash todo arrebentado e teve de assimilar uma varrida pelo Spurs, sendo que Kobe Bryant acompanhava tudo de casa.

Tim Dunk, dãr

Duncan dá suas machadadas ainda

No Miami Heat, Ray Allen, que era aparentemente incansável, viu seu aproveitamento de três pontos despencar desde o confronto com o Chicago Bulls, acertando apenas 30,8% contra o Indiana Pacers, uma heresia considerando seu currículo. Rashard Lewis só sai do banco quando o jogo está decidido. Juwan Howard é mais um assistente técnico do que um pivô da equipe.

Enfim, tudo isso poderia servir como bom argumento para um artigo que discutiria o quanto vale, hoje, investir seriamente nesses quarentões ou quase na NBA superatlética de hoje, com um calendário ainda muito desgastante, não importando muito os voos fretados e mimos oferecidos pelos clubes. São jogadores que te ajudam no começo, mas, se forem muito exigidos durante a campanha, te deixam na mão na hora do vamos ver. Há uma tese a ser defendida aí, não?

Pois é.

Não fosse Duncan e seu San Antonio Spurs.

“Estou muito focado em mais uma oportunidade de conquistar outro campeonato, tentando vencer”, afirma o nativo das Ilhas Virgens. “Não estou preocupado sobre o quão velho eu sou ou qualquer coisa perto disso.”

E por que Duncan deveria estar preocupado com seus 37 anos?

Quando você olha para o pivô em quadra, é claro que tem diferença para aquele que entrou na liga em 1997 já destinado a entrar no Hall da Fama. Embora Duncan nunca tenha sido celebrado como uma aberração física como Kevin Garnett (mais veloz e explosivo), sempre foi um jogador com uma coordenação absurda para alguém de seu tamanho, o que já é uma capacidade atlética em si. Esse controle motor ainda está lá, mas com algumas limitações em seus movimentos. Tudo sai de modo um pouco mais custoso perto da cesta. Na verdade, hoje ele opera muito mais de média distância, na cabeça do garrafão, do que no auge, quando dominava com facilidade os adversários de costas para a cesta, ainda que pudesse atacar frontalmente sem problema algum.

Duncan light

Um Tim Duncan mais light em 2013

Sua vantagem, no entanto, é que seu basquete sempre pendeu mais para seus recursos técnicos e seu domínio tático do jogo. O cara não ganha o apelido de Big Fundamental por qualquer bobagem. Arremessos de média distância buscando o quadradinho em ângulos improváveis. Os ganchos de esquerda e direita, o jogo de pés criativo e eficiente, girando para todos os lados. O tempo perfeito para tocos e rebotes, a capacidade de recolher a bola fora de seu espaço – e sua loooonga envergadura não faz mal nenhum aqui. A capacidade tanto para executar como para receber os passes picados, de costas ou os passes mais simples e ainda mais importantes, devido a suas mãos gigantes e maleáveis. Enfim, o pacote completo, de modo que até poderia parecer injusto.

Mas essas coisas você não conquista apenas por talento natural. Tem de trabalhar bastante para atingir um determinado nível e flertar com ou, no seu caso, atingir a excelência. E Duncan segue dando duro, sem se importar com todas as suas condecorações: melhor jogador universitário em 1997, novato do ano da NBA em 1998, 14 vezes no All-Star Game, MVP das finais da NBA em 1999, 2003 e 2005, MVP da NBA em 2002 e 2003. Tetracampeão. “Ele é o maior ala-pivô de todos os tempos”, diz Chauncey Billups. “Seu retrospecto só mostra como o basquete de verdade prevalece. O basquete de fundamentos, eficiente, cerebral ainda é o jeito certo para se jogar.”

Para se manter relevante, Duncan afirma ter perdido cerca de 12 kg durante as férias, para ganhar agilidade. “Eu meio que mudei minha dieta no verão mais do que tudo. Nos últimos anos, meu jogo caiu um pouco e mudou. Mas eu não estava pronto para permitir isso, para deixar rolar. Pensei que se eu me tornasse mais leve, poderia diminuir a dor no meu corpo e ter uma temporada melhor”, afirmou.

As Torres Gêmeas do Spurs

Torres Gêmeas com Robinson enfim campeão e Duncan MVP lá em 1999

Parece que deu certo. Eleito para o primeiro quinteto da temporada, com um desempenho incrível, o veterano tem agora médias de 17,8 pontos e 9,2 rebotes 2,1 assistências, 1,7 toco. “Ele está jogando de modo incrível. Não sei se muitas pessoas na sua idade já fizeram isso na história da NBA”, disse Tony Parker. É difícil encontrar algo parecido, mesmo. Fazendo uma breve pesquisa, chegamos a um certo Kareem Abdul-Jabbar, que, aos 37, teve médias de 21,9 pontos, 8,1 rebotes, 4 assistências e 1,9 toco. Afe. Mas olha o nível sobre o qual estamos falando, né?

Abdul-Jabbar, aliás, evoca uma façanha que Duncan pode repetir neste ano. Ainda que LeBron esteja do outro lado, que Parker seja hoje a principal arma do Spurs, seu companheiro tem chances de ser o MVP das finais novamente, não? O mítico pivô do Bucks e Lakers conseguiu ser eleito melhor jogador de duas decisões separadas por 14 anos (1971 e 1985). Duncan ganhou esse troféu em 1999. De lá para cá, são precisamente 14 anos de intervalo.

Não que ele se importe com qualquer coisa nessa linha. “Estou muito concentrado em outra oportunidade de conquistar outro campeonato. Já fomos descartados por muitos anos, e hoje parece que não jogamos as finais há uma eternidade”, afirma o jogador.

Na verdade, são apenas seis anos desde que eles disputaram e ganharam o título de 2007, quando seu time superou o Cavs de um jovem LeBron James. De eterno, mesmo, para Duncan, apenas o seu jogo.


Miami, enfim, iguala intensidade do Indiana, se livra de zebra e está na final da NBA
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Giancarlo Giampietro

Chris Bosh vive na defesa!

Até o Chris Bosh marcou bem nesta segunda. Aí complicou para o Indiana de David West

De tanto que se fala, pode parecer o discurso mais automático de todos, uma falácia, o clichê dos clichês. E nem sempre esse discurso explica tudo, mesmo. Mas que pode fazer diferença? Ô se pode.

Tudo isso para falar de “energia”, “intensidade”, “vontade”, “raça”. São quesitos que supostamente seriam obrigatórios para jogadores que ganham milhões e milhões por seus contratos – só de salário. Mas nem sempre é fácil, assim, de se explicar. Nem sempre estamos falando exatamente de coração: “cabeça” pode explicar isso muito bem: a concentração para executar aquilo que é necessário em quadra.

Paremos por aqui, contudo. Independem as razões para as oscilações de empenho na análise deste Jogo 7: uma vez que o Miami Heat enfim pôde fazer frente, mesmo, consistentemente, frente ao Indiana Pacers  nas pequenas coisas, na briga pelos rebotes, na aplicação defensiva, seu talento fez a diferença. Vitória por 99 a 76 e a vaga nas finais da NBA para enfrentar o San Antonio Spurs.

Comecemos pelos rebotes, a batalha que todos julgaram ser impossível para os atuais campeões desde o começo da série. Nesta segunda-feira, o time da casa dominou as coletas (43 a 36), em especial na tábua ofensiva (15 a 8).

LeBron, rumo ao aro

LeBron e o Miami agrediram muito mais o aro no Jogo 7, sem ajuda dos juízes

Destaque aqui para Chris Bosh. Sim, é possível! No caso, consegue pegar mais de cinco rebotes num jogo! Vocês podem não acreditar, mas ele apanhou nove nesta partida decisiva, um recorde pessoal na final do Leste. Mas a ovação fica por conta, mesmo, de Dwyane Wade. O ala-armador orgulhoso e quebradiço que  até mesmo superou Bosh no garrafão com nove rebotes – seis deles ofensivos! Spoelstra chorou ao checar as estatísticas finais, certeza.

Além disso, temos o caminhão de 21 desperdícios de posse de bola cometidos pelo oponente. Mesmo quando venceram o primeiro tempo período por dois pontos, os jogadores do Pacers não tiveram a chance de se sentirem confortáveis em quadra. Cometeram nos 12 minutos iniciais 9turnovers. Eram 15 ao final do primeiro tempo. Reparem, então: cometeram apenas seis na segunda etapa, mas, francamente, o confronto já estava decidido. Uma vez que o time da casa abriu 15 pontos antes de ir ao intervalo, a fatura estava praticamente liquidada.

Pois o Pacers depende em demasia de seu quinteto titular (mais a respeito em um artigo sobre o fechamento de temporada deles). Significava, basicamente, que seus cinco principais jogadores precisariam fazer um trabalho tão impecável a ponto de tirar uma desvantagem dessas em 24 minutos de jogo contra um time que tem LeBron James. Muito difícil.

Mas mais difícil ainda quando esse mesmo time está jogando com uma defesa dessas. É impossível jogar com esse tipo de suor o tempo todo, 48 minutos por partida. Quando eles conseguem, todavia, entregar por alguns – ou muitos – minutos uma defesa com um nível de pressão acima da média dentro das quatro linhas, fica muito difícil. E só assim, mesmo, para inverter o tabuleiro apresentado apresentado na série.

Penando por todo o confronto com Roy Hibbert debaixo da cesta, resolveram cortar, de uma vez por todas, seu acesso ofensivo. Em vez de parar o poste com a bola dominada, melhor evitar que ele a receba de vez, não? E taca Mike Miller flutuando para a cabeça do garrafão, Bosh (aleluia!) marcando de modo antecipado, nem que fosse com um posicionamento 3/4 consistente, Chris Andersen, Udonis Haslem, Wade, Chalmers, todos eles esticando bem os braços, procurando o passe, acotovelando, cutucando, incomodando, sufocando, desgastando. Sem contar a defesa exemplar de LeBron para cima de George: colado em seu jovem e emergente rival (só 7 pontos em 2/9 de quadra, com 4 assistências e três turnovers), sem perder a pose ou o foco. Impressiona demais mesmo quando não faz cesta.

Como se ele também não tivesse arrebentado no ataque, ué: foram 32 pontos em 40 minutos, 15 deles na linha de lances livres (traduzindo: agressividade ao extremo e sem a ajuda da arbitragem geralmente caseira da liga). Perdeu o medo de encarar Hibbert? Sim. Mas também enfrentou  menos o paredão do Indiana rumo ao aro, uma vez que o gigantão teve um raríssimo problema com faltas no duelo. Além disso, o astro desta vez contou com a ajuda de Wade (19 pontos, 7/15, 5 lances livres) e Ray Allen (10 pontos, todos no segundo quarto decisivo). Quem é vivo aparece, gente. Wade definitivamente não jogou como o craque de sempre, mas ao menos compensou a explosão reduzida com um pouco mais de coragem.

Com a vitória, o Miami se insere num grupo seleto de equipes a jogar a final da NBA por, no mínimo, três anos seguidos: apenas o Los Angeles Lakers (em seis ocasiões), o Boston Celtics (duas), Chicago Bulls (duas), Detroit Pistons (uma) e Knicks (uma, nos anos 50) deram conta disso.

Só mesmo, os elencos mais talentosos para se estabelecer desta maneira.

Desde que a habilidade natural esteja acompanhada por tudo aquilo que os técnicos imploram nessas gravações registradas em discursos inflamados durante paradas de tempo. Súplicas que podem parecer as mais banais. Mas que, no calor de uma decisão, podem fazer toda a diferença.

*  *  *

Pequenos detalhes. Dentro e fora de quadra. Como Erik Spoelstra  comprovou neste jogo ao limar Shane Battier de sua rotação e inserir Mike Miller. Para os técnicos conscientes, metódicos, é algo MUITO difícil de se fazer. Pense o seguinte: você ficou com um padrão de equipe por mais de 90 partidas no ano. Chega uma hora, porém, em que fica de frente para a parede. As coisas estão difíceis, tem de fazer algo. Mas primeiro você se sente obrigado a tentar até o último instante a reabilitação de um de seus homens de confiança. Até que chega a hora em que diz chega. E, para Battier, ao menos no duelo com o Pacers, chegou o fim. Toca botar Mike Miller, que estava afundado no banco de reservas, em quadra.

Mike Miller x Paul George

Mike Miller, mais do que um chutador e peça quase esquecida no banco do Miami. Talento

Miller foi muito bem em pouco tempo no Jogo 6 e mostrou que estava pronto. Na volta a Miami, não contribuiu em nada no ataque naquele fundamento que basicamente paga seu salário – o chute de longa distância –, mas mostrou por que já foi um agente livre cortejado por James e Wade para se juntar ao time. Porque ele pode fazer, sim, mais do que arremessar. Ótimo reboteador para sua posição, bom passador e um jogador inteligente que cobre bem os espaços dos dois lados da quadra. Fez a diferença em diversas posses de bola dessa maneira: ajudou muito nas dobras defensivas do segundo período derradeiro e conseguiu várias interceptações. Não por acaso, em sua linha estatística, o número mais elevado foi de roubos de bola: três. Parece nada, mas é muito mais do que o esperado e, ao mesmo tempo, descreve muito pouco o que ele fez em quadra.

E ter um Mike Miller como solução de última hora diz muito a respeito do desnível de talento nos dois grupos. O cabeludinho certamente seria o sexto homem do Pacers se estivesse do outro lado.

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Frank Vogel foi duramente criticado por sua decisão de sentar Roy Hibbert na posse de bola final da prorrogação do primeiro jogo. Uma pane que acabou sendo custosa demais, e ele mesmo assumiu o erro. Neste Jogo 7, seu erro foi um o pouco mais sutil, mas também valeu como uma senhora derrapada. Ele falhou feio em sua rotação. Depois de vencer o primeiro período por dois pontos, abaixou a guarda muito rapidamente, ao descansar três titulares de uma vez (DJ Augustin, Sam Young e Tyler Hansbrough), permitindo a reação imediata – e a escapada dos adversários no placar. Uma coisa as estatísticas mais avançadas mostraram claramente na série: quando o Indiana tinha seus cinco titulares, juntinhos, ao mesmo tempo em ação, a equipe venceu o Miami Heat. Qualquer outra formação, porém, mesmo que fosse apenas um reserva acompanhando quatro titulares, deu Miami. Numa partida dessas, era hora de segurar um pouco mais as mudanças, mesmo que se corresse o risco de esgotar o quinteto inicial. Era a hora de ver como o oponente viria para quadra e, aí, tomar uma decisão. Mas tudo bem também: o que o treinador tirou de um plantel limitado desses é incrível, e, apenas em sua terceira temporada como o comandante, está crescendo junto com seus atletas.

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Depois do jogo de cartas e blefes entre Popovich e Spoelstra durante a temporada regular – nos dois confrontos diretos entre dois candidatos ao título, pelo menos um dos times poupou alguns de seus principais jogadores –, agora chegou a hora de eles e suas equipes se enfrentarem para valer em quadra. As finais começam no dia dia 6, quinta-feira, em San Antonio Miami, claro. Expectativa de um grande embate.

 


Gigantão Hibbert desequilibra e ajuda o Indiana Pacers a fazer frente ao Miami Heat
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Giancarlo Giampietro

Hibbert, uma encrenca

Nem assim: está difícil para o Miami Heat segurar o dinossauro Roy Hibbert

Quando  se assiste ao homem em quadra na estas finais da Conferência Leste, Roy Hibbert passa a impressão de ser tão grande, mas tão grande que o Miami Heat nem consegue incomodá-lo com faltas. Pelo menos é o que acontece quando o Indiana Pacers encontra um bom equilíbrio  em seu ataque e abastece seu pivô nas imediações do garrafão, como nesta terça-feira. Liderada pelo sujeito de 2,18 m de altura, a resiliente equipe de Frank Vogel venceu por 99 a 92 e empatou a série melhor-de-sete em 2 a 2.

Não era para ser assim. Eles supostamente eram dinossauros em extinção, vítimas de uma revolução aqui já propagada em diversas ocasiões. Na liga NBA, não era, mesmo, para ter mais espaço para esse tipo de espécime, os pivôs lentos, que obtêm relevância com o arcaico jogo de costas para a cesta, daqueles que se arrastam em quadra. Mas Hibbert está aí para provar que tudo se adapta. Que nesta vida – e no basquete – tudo tem jeito.

Roy Hibbert x Chris Andersen

O meio-gancho de esquerda: fundamentos trabalhados em Georgetown em desenvolvidos pelo Pacers. Tyler Hansbrough observa atentamente

O gigante marcou 23 pontos e coletou 13 rebotes, seis deles ofensivos, alguns desses extremamente importantes no quarto final, dominando qual fosse o adversário que ousasse se colocar em seu caminho na direção da cesta. Chris Bosh, Chris Andersen, Joel Anthony e por vezes até um corajoso Shane Battier tentaram, mas não puderam lidar com o cara, que converteu 10 de seus 16 arremessos, em 40 minutos de ação.

O aproveitamento de quadra é espetacular, mas vale ainda mais destaque o tempo de jogo: carregando seus 127 kg de um garrafão para o outro, num jogo intenso como esse, Hibbert descansou por apenas oito minutos e ainda foi bastante efetivo, atuante, decisivo nos momentos derradeiros do quarto período. Com o jogo empatado em 89 a 89, com menos de 2min50s por jogar, ele teve fôlego, pernas e cabeça para apanhar dois rebotes cruciais no ataque. O primeiro veio com 2min43s para o fim, seguido logo por uma bandeja. O segundo veio com 1min30s, antes de mais uma bandeja, mas dessa vez com um detalhe: a quinta falta de LeBron, que viria a ser excluído pouco tempo depois. Até mesmo um atleta com a força física e elasticidade de LeBron tem dificuldade em fazer frente ao brutamontes.

Mas não é só força ou tamanho, claro. Para o pivô causar impacto, é preciso fundamento e paciência – tanto próprios como dos companheiros, que precisam saber o momento certo de servi-lo e, não só isso, saber o ângulo certo e a velocidade para fazer o passe de entrada, algo que parece simples assim no, hã…, papel, mas que fica bem mais difícil quando você tem alguém com os reflexos de Mario Chalmers, Dwyane Wade e James pela frente.

Dessa vez o Pacers encontrou seu grandalhão com mais frequência. De tão grande, Hibbert praticamente inviabiliza a marcação frontal, uma vez que pode esticar os braços por trás de seu marcador neste caso e, com o ombro colado nas costas dele, cria uma separação suficiente para receber a assistência. O que o Miami não fez e deve estudar para o quinto jogo é a dobra em cima do pivô quando ele coloca a bola no chão partindo para o gancho ou a bandeja, para tentar o roubo de bola, o desarme no drible ou passe. Ele teve apenas um desperdício de posse de bola neste confronto. Aqui ele se livrou sem problemas do Birdman:

Sobre a brincadeira de não conseguir nem parar nas faltas, não é bem assim, tá? Nos dois jogos anteriores, o gigante cobrou 25 lances livres, uma quantidade expressiva. E o pior: ele é daqueles que converte o tiro com os pés plantados. Seu aproveitamento na série até esta terça era de 22 cestas em 27 arremessos, acima de 81%.

Fato é que Spoelstra vem tendo um trabalhão danado para lidar com Hibbert, que já havia marcado 19, 29 e 20 pontos nas três partidas anteriores, e buscado 32 rebotes no geral (mas com oito turnovers). É por isso que, confiante na habilidade de seu pivô, Frank Vogel se gabou por meses e meses que seu Indiana Pacers não se ajusta ao adversário. Que eles têm uma identidade, um estilo de jogo e iriam com isso até o fim, forçando que os oponentes, sim, se virem com o que eles oferecem.

Por isso foi tão estranha sua decisão de colocar o pivô no banco para defender aquela que se transformou na última posse de bola do jogo 1, na prorrogação , ainda Miami. Assumindo o erro, sem ter ninguém para fechar a porta na cara de LeBron, afirmou que jamais voltaria a fazer isso. Pelo que Hibbert tem feito desde então, fica realmente difícil tirá-lo de quadra.

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Os horrendos uniformes do All-Star de 95 em Phoenix

Conexão Georgetown: Ewing, Dikembe Mutombo Mpolondo Mukamba Jean-Jacques Wamutombo e Mourning

Quem assistiu ao ótimo jogo de Hibbert em Indianápolis foi seu técnico universitário, John Thompson III. Os dois trabalharam juntos em Georgetown, uma usina de pivôs talentosos nos últimos 30 anos, tendo revelado Patrick Ewing, Alonzo Mourning e Dikembe Mutombo. Othella Harrington e Mike Sweetney a gente não conta, ok?

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Assim como Ewing, Hibbert tem nacionalidade jamaicana, com a diferença de que nasceu nos Estados Unidos, vizinho de Scott Machado no Queens. Ele defendeu a seleção caribenha nos bagunçados torneios da América Central e, depois, ficou se remoendo de arrependimento. Hoje um All-Star, com um salário em média de US$ 14 milhões, o grandalhão em 2008 não tinha tanta confiança de que fosse prosperar assim em 2008 quando abriu mão de jogar pelos Estados Unidos.

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Curiosamente, Hibbert já veio jogar no Brasil com a seleção norte-americana. Foi no Pan de 2007, no qual um time de universitários dirigido por Jay Wright, de Villanova, fracassou enfrentando uma série de mistões do continente. Ao seu lado estavam jogadores como o armador Eric Maynor (Blazers e futuro agente livre), o ala Wayne Ellington (Cavaliers) e o ala-pivô DJ White (Celtics) – Joey Dorsey, ex-Rockets e Olympiakos e James Gist, do Panathinaikos, foram outros destaques. Ele tinha apenas 20 anos, era o mais badalado da equipe, mas não se destacou na futura Arena HSBC, com médias de 10 pontos, 3,4 rebotes e 47,7% nos arremessos em 21min. Quem se lembra?


Spurs varre Grizzlies e alcança 5ª final na era Duncan, a primeira com um relevante Splitter
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Giancarlo Giampietro

Timmy!

Tim Duncan está de volta a uma final de NBA depois de seis anos. Já não era hora

Segundo o próprio Tim Duncan, parecia uma eternidade. No caso, desde a última participação do San Antonio Spurs nas finais da NBA. Mas a espera acabou nesta segunda-feira com a quarta vitória em quatro jogos contra o Memphis Grizzlies, e, para o veterano, já não era sem tempo. Afinal, vejam só o absurdo: a última participação do clube texano na disputa direta pelo título havia acontecido em 2007. Não era sem tempo, então, hein, Timmy!?

Desde que o clube selecionou o pivô no Draft de 1997, haviam sido quatro decisões. Agora em 2013, 14 anos depois da primeira, eles agora partem para a quinta, com o jogador e o técnico Gregg Popovich como os únicos presentes em todas edições – enquanto Tony Parker e Manu Ginóbili chegam a este patamar pela quarta vez.

Não tem jeito. A competência acaba sendo premiada.

Entre 2007 e agora, é de se supor que por muitos momentos bateu a tentação de desmontar esse trio de estrelas. Especialmente em 2011, quando a equipe teve a melhor campanha da Conferência Oeste e acabou eliminada pelo mesmo Grizzlies logo na primeira rodada. Isso depois de eliminações para Dallas Mavericks (também na abertura dos mata-matas) e Phoenix Suns (nas semifinais) nos anos anteriores.

Mas Popovich e o gerente geral RC Buford, comandando as operações esportivas na franquia de propriedade de Peter Holt, se mantieram frios e pacientes. Em vez de mexer com seu núcleo central – mesmo enfrentando uma negociação contratual difícil com Tony Parker no meio do processo –, foram fazendo testes e trocas com os jogadores ao redor deles, até encontrar um equilíbrio ideal ao redor deles.

No ano passado, as coisas pareciam novamente bem encaminhadas, até que esbarraram no salto de qualidade de Kevin Durant e Russell Westbrook durante a final do Oeste. Neste ano, não tiveram a chance de uma revanche contra o Oklahoma City Thunder, que foi eliminado pelo Grizzlies na segunda rodada, já sem Wess, lesionado e operado. Pois os valentes de Memphis não foram páreo para a categoria e energia de um revigorado Spurs.

Depois de mudar sua identidade com o passar das temporadas, assimilando muito da filosofia do Phoenix Suns dos “Sete Segundos Ou Menos”, o time de Popovich retomou sua força defensiva, sem perder a destreza ofensiva, e chegou forte aos mata-matas. Forte em muitos sentidos, incluindo a saúde, sem nenhuma grave lesão aparente para seus principais jogadores.

Com o físico em dia, sobraram ao Spurs técnica, experiência, a cabeça e a determinação para despachar o Grizzlies em quatro jogos, com um placar de 93 a 86 no triunfo derradeiro.

Splitter x Z-Bo

Splitter: relevância muito além dos números

Técnica: seu elenco é muito mais volumoso do que o do Grizzlies, que disputava sua primeira final de conferência (experiência). Cabeça: com Tiago Splitter entre os destaques aqui, desestabilizaram as fortalezas Marc Gasol e Zach Randolph, que não conseguiam operar em uma zona de conforto durante toda a série. Determinação: explícita a cada contra-ataque, seja no ataque ou defesa, com os homens de preto – ou cinza – povoando os dois lados da quadra, sempre em maior número do que os adversários, e nas declarações de Tim Duncan e demais veteranos, que não viam a hora de voltar ao grande palco.

Agora eles esperam o desfecho da dura batalha entre Miami Heat e Indiana Pacers no Leste. Para os texanos, o interesse é que eles obviamente estendam o confronto por mais algum tempo. De todo modo, o início das finais da NBA tem data marcada: não antes do dia 6 de junho. Já é um bom período de descanso para os homens de Popovich.

Depois de tanto tempo, da “eternidade” por que teve de passar, porém, difícil vai ser conter a ansiedade de Tim Duncan. Este garotão de 37 anos.

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Tony Parker foi absolutamente dominante nesta segunda, com 37 pontos contra o Grizzlies – 29 deles no segundo tempo, com um aproveitamento incrível de 15 arremessos convertidos em 21 tentados. Depois de sofrer uma torção de tornozelo na reta final da temporada regular, o francês se mostra completamente em forma, o que torna o ataque do Spurs algo muito mais poderoso. A forte defesa de Lionel Hollins não soube como lidar com a movimentação incessante do armador. Parker foi um terror tanto a partir do drible como na movimentação fora da bola, se aproveitando dos corta-luzes firmes e diversificados de seus pivôs. Splitter se destacou aqui, dando duas assistências para o companheiro.

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A linha final de Tiago Splitter neste quarto jogo: 9 pontos, 2 rebotes, 3 assistências e 4 tocos, em 30 minutos. São números que não contam nem a metade da importância do brasileiro no confronto. Especialmente o par de rebotes. Supostamente, para um pivô, seria uma quantidade ridícula. Mas aí, realmente, é preciso ver o jogo para ver o que aconteceu de fato em quadra. Duelando contra pivôs de forte presença na tábua ofensiva, Zach Randolph em especial, o catarinense por muitas vezes se via obrigado a, prioritariamente, bloquear Z-Bo, buscar o contato e afastar o adversário da zona pintada. Ainda assim, o gordote apanhou quatro rebotes ofensivos. Mas foi um esforço e tanto por parte do pivô, numa atuação inspiradora que foi replicada por seus companheiros. Como Parker, mesmo, disse na entrevista pós-jogo, Splitter, Bonner, Diaw e Duncan devem estar saindo de Memphis com alguns bons hematomas. Tudo por uma boa causa.

No geral, o QI excepcional de Splitter ficou em evidência neste confronto, sendo constantemente elogiado pelos narradores americanos, e com razão. Ele fecha muito bem os espaços na defesa e também sabe como se deslocar do outro lado com a mesma facilidade, se apresentando como uma opção constante para os companheiros próximo da cesta. O melhor: muita gente está acompanhando seu desempenho neste momento. Prestes a se tornar um agente livre, o brasileiro caminha para receber um bom aumento.


Será que Chris Andersen nunca mais vai errar um arremesso pelo Miami Heat?
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Giancarlo Giampietro

Birdman! Birdman!

A torcida do Miami já venera seu Birdman

Tá bom, não precisa de sensacionalismo: em vez de arremessos no título, o mais honesto seria colocar “enterradas” ou “bandejas”. : )

Na hora de fazer as contas, porém, a nomenclatura ou o modo como ele ataca a cesta pouco importam: os resultados têm sido extraordinários. O pivô reserva do Miami Heat converteu suas quatro tentativas de cesta contra o Indiana Pacers neste domingo – vitória essencial fora de casa – e agora já soma quatro partidas seguidas com 100% de aproveitamento, se beneficiando com muito oportunismo das chances criadas por seus talentosos parceiros.

Sim, desde os 9min18s do quarto período do terceiro jogo da semifinal contra o Chicago Bulls, em que falhou em um disparo de média distância, o Birdman não errou mais. Já são 16 ‘arremessos’ e 16 bolas encaçapadas desde então, com 82 minutos de tempo de jogo. Uma eficiência absurda para um jogador que começou o ano desempregado e que Pat Riley relutou a contratar, até que, de tanto pedir, o técnico Erik Spoelstra conseguiu dobrar o chefe. Veja seu quadro de arremessos durante os mata-matas:

Chris Andersen e a perfeição

Verde: acima da média; vermelho: abaixo. Dãr. Notem, porém, que Andersen arriscou apenas dois chutes fora de sua zona de conforto. Apenas dois! Para um sujeito considerado avoado durante toda a carreira, nada mal. Acertar 89,4% dos arremessos dentro da zona pintada é algo ridículo de bom. Para se ter uma ideia, LeBron converteu ali 72,1% na temporada regular

Em quadra, o pivô, dos mais atléticos da liga em sua posição, vem fazendo de tudo, então, para agradecer a confiança que recebeu – quando, na verdade, são os dirigentes e treinadores da equipe da Flórida que deveriam se sentir agraciados por qualquer tipo de intervenção do destino por poderem contar um jogador deste nível a preço de barganha.

E ele não está nem aí. Quando questionado ainda em Miami, depois da primeira partida contra o Pacers, sobre seus números, respondeu com outra pergunta – algo que não se faz, né? “É isso o que estou arremessando? OK, então. Eu nem penso sobre isso. Eu apenas pego o que a defesa dá para mim”, disse o homem-pássaro. Mas ele deveria tomar nota, sim? Porque é algo histórico.

A combinação de seu  aproveitamento ofensivo sensacional com a habilidade no rebote (10,1 por jogo em uma projeção por 36 minutos) e a destreza para dar tocos (3,4 por 36 minutos!) o impulsiona a ser o segundo colocado no índice geral de eficiência do NBA.com nestes playoffs. Atrás apenas de LeBron James. Em outra medição estatística avançada, a PER de John Hollinger, ex-analista da ESPN e hoje vice-presidente do Grizzlies, mais uma bomba: Andersen vem sendo O Melhor – ou, vá lá, O Jogador Mais Produtivo – da fase decisiva. Glup, glup, glup. Está acima, pela ordem, de Chris Paul, Kevin Durant e LeBron. Sério, cliquem aqui pra conferir.

Acho que, com esses dois dados acima, um tanto chocantes, é uma boa hora de fechar o post. Para quem não viu, já escrevi sobre como o Birdman se entrosou bem com seus novos companheiros depois de meses e meses de exílio. Então, para fechar, mesmo, seguem suas quatro cestas contra o Pacers na chegada a Indiana,  que mostram bem sua capacidade de finalização perto debaixo do aro. Tenham em mente que este é um cara de 2,08 m de altura:


Miami Heat esquece jogo exterior para demolir a defesa do Indiana Pacers
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Giancarlo Giampietro

Quem falou que é obrigatório ter um grandalhão excepcional para se orquestrar um potente ataque interior?

Bem, o Miami Heat mostrou neste domingo contra o Indiana Pacers que uma coisa não tem a ver obrigatoriamente com a outra. A não ser, claro, que estejamos preparados para nomear Udonis Haslem, com seus surpreendentes 17 pontos e 7 rebotes no jogo 4, como o novo superpivô da liga.

LeBron James x Paul George

LeBron: calma com a bola, buscando sempre o jogo interior desta vez

Abrindo mão de seu jogo exterior, com um basquete extremamente agressivo e, ao mesmo tempo, e pragmático, a equipe da Flórida estraçalhou a melhor defesa da NBA para vencer por 114 a 96 e retomar o controle da Final da Conferência Leste, com dois triunfos em três partidas.

Antes de falar sobre o que o Miami fez em seu ataque, vale um breve comentário sobre a defesa de Indiana. Por mais forte que seja sua retaguarda, uma coisa esses caras não fazem bem, por questão de disciplina e princípios até: pressionar a linha de passe. Frank Vogel comunga da ideia de que seus marcadores devem ficar colados a seus respectivos adversários, sem fazer muitas dobras ou sair de um posicionamento mais adequado em busca de uma roubada ou toco. Desta forma, conseguem uma boa contestação aos arremessos de fora de seus oponentes, uma vez que os arremessadores não têm muito espaço para receber a bola e subir para o chute.

O que Erik Spoelstra ordenou, então, foi que os atuais campeões agredissem o garrafão dos donos da casa sem parar. Era preciso medir, calcular os passes na hora de fazer o jogo de costas para a cesta – no qual LeBron James foi mortal –, ou espaçar bem seus atletas e caprichar na movimentação de bola lateral para que os ângulos para as infiltrações fossem criados. Funcionou direitinho, com uma execução indefectível por parte de seus atletas.

Sente-se na cadeira e assimile  os seguintes números: aproveitamento 54,5% nos arremessos de quadra e apenas cinco desperdícios de posse de bola cometidos. Cinco turnovers em 48 minutos, um a cada 9 minutos e pouco. Impressionantes a precisão técnica e a consistência tática.

Eles tentaram apenas 14 disparos de três pontos, sendo que, no primeiro tempo, foram apenas cinco. Na verdade, dos 14 no total, quatro vieram nos últimos minutos de jogo, com a fatura já liquidada. Nas duas primeiras partidas, que valeram realmente até o último segundo, foram 40 arremessos.

LeBron arriscou apenas um chute de fora, sendo muito mais acionado nos arredores do garrafão. Dwyane Wade, então, não tentou nenhum – o que, no seu caso, é algo mais que positivo, já que nunca foi bom, muito menos medíocre neste fundamento (28,9% na média, 31,7% no melhor ano, 2008-09).

Sobre os cinco turnovers, um espetáculo, considerando que eles cometeram 20 na primeira partida e 14 na segunda. No primeiro tempo, cometeram apenas um. Não por acaso, combinando esses dois fatores, marcaram 70 pontos em 24 minutos, com média de 62,8% nos arremessos.

Esse rendimento é bastante possível quando você tem LeBron James e Dwyane Wade dividindo a quadra. A habilidade dos dois ou de (?) Mario Chalmers e Norris Cole, porém, está longe de ser a única explicação para o sucesso que o Heat teve contra o Pacers neste domingo. Tem muito mais a ver com planejamento e conscientização de seus jogadores.

Pode ter durado apenas 48 minutos, até porque o oponente virá com seus ajustes para o próximo jogo. De qualquer forma, foi uma exibição, e tanto, que vale o DVD gravado.

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Udonis, gente, o Udonis!

A cesta ficou maior para Haslem neste domingo

Quem é vivo aparece. E Udonis Haslem, contrariando a forte boataria que se espalhou por todos os lados nos últimos meses, está vivo. Por essa Hibbert não poderia Vogel realmente não poderia esperar: “Será que ele vai arremessar 8 de 9 toda noite? Se ele fizer isso, provavelmente será uma série difícil para nós”, afirmou o técnico, irônico e inconformado.

Nos dois primeiros jogos do confronto, Haslem marcou três pontos. Digo: dois no dia 22 de maio e mais um no dia 24. Entendeu? Três pontos, tendo acertado apenas um de sete arremessos. Aí que, em sua visita a Indianápolis, ele resolveu matar oito de nove arremessos, muitos de média distância, algo que sempre foi sua especialidade, mas que ele havia perdido por completo.

Faz muito tempo que não saía nada nessa linha: contra o Milwaukee Bucks, na primeira fase, sua média foi de 7,5 pontos. Contra o Bulls, na sequência, 5,2 pontos. Na temporada regular? Pior ainda: 3,9 pontos.

Apesar da produção anêmica ofensiva, Spoelstra se manteve fiel a seu veterano, dando a ele a condição de titular em 59 partidas das 75 em que esteve disponível. O principal fundamento em o jogador ajuda, aliás, é o rebote, e ele está em quadra basicamente para batalhar debaixo do aro, compensando as limitações de Chris Bosh nesse quesito.

“Veja, nós conhecemos Udonis Haslem há uns dez anos. Ele provavelmente já disputou mais batalhas de playoff do que qualquer um neste vestiário. Ele sempre foi grande nos maiores momentos, quando você precisa dele, quando há adversidade”, disse o técnico do Heat, orgulhoso que só de sua escolha

Spo foi brindado com uma noite especial de Haslem, bem além de “apliação tática”. Por uma noite especial, o veterano ala-pivô, de 32 anos, resolveu a parada. “Meus camaradas continuaram me encontrando. O crédito é deles, eles me encontraram, e eu apenas arremessei com confiança”, disse. “Eu sempre quis contribuir de qualquer jeito que fosse. Hoje eu estava apenas acertando os arremessos.”

Simples assim? O Pacers espera que não.

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O Miami Heat venceu 23 de seus últimos 24 jogos fora de casa, contando a temporada regular, incluindo cinco nos mata-matas.


Lesão de Granger abre espaço para o Indiana Pacers ganhar um jovem astro: Paul George
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Giancarlo Giampietro

Dava um pôster, não fosse a derrota no fim

Paul George força a prorrogação com um arremesso quase acrobático de três pontos

Frank Vogel tem seus argumentos, mas admitiu que errou ao tirar Roy Hibbert de quadra para defender aquele que acabou sendo o último e fatal ataque do Miami Heat na primeira partida da final da Conferência Leste. Foi crucificado em praça pública, como se já não prestasse para mais nada, mesmo tendo sido um dos melhores treinadores nas últimas duas temporadas da NBA.

Entende-se, de alguma forma, toda a repercussão. O lance derradeiro, aquele no qual LeBron James mostrou toda sua inteligência e habilidade, batendo Paul George para uma bandeja de canhota, sem ter de enfrentar a cobertura de Roy Hibbert, pode já ter sido o momento capital de toda uma série. Vamos ver.

Mas, diante de toda a discussão sobre a decisão de Vogel em sacar de quadra sua muralha jamaicana, um ponto importantíssimo foi até subestimado: o simples fato de que o Indiana Pacers exigiu o máximo de seu adversário para ser derrotado – uma jogada genial de James no último segundo da prorrogação. Em Miami.

E isso foi possível apenas pelo sólido conjunto que Vogel desenvolveu nas últimas temporadas e, em especial, pelo desenvolvimento, sem alarde algum, de Paul George, a mais nova adição ao grupo de estrelas da NBA.

Paul George x LeBron James

George encara LeBron naturalmente

Seu jogo pode ser espetacular em muitas ocasiões, dada sua capacidade atlética incrível e o tanto de que depende sua equipe de sua criatividade e de seus recursos técnicos. Mas nada nas expressões faciais ou corporal de George sugere que ele esteja minimamente impressionado – ou, melhor dizendo, deslumbrado – com tudo isso. Ele age como tudo isso fosse muito natural, com a maior tranquilidade do Midwest americano. Uma postura bem diferente daquele calouro que ingressou na liga em 2011, até um pouco assustado, sem saber direito o que fazer com a bola. Sim, uma transformação incrível, que aconteceu até que por acidente.

Por meses e meses o Pacers tratou a tendinite nos joelhos de Danny Granger como algo solucionável, sem pânico. O ala fez um longo tratamento e foi retomando as atividades em quadra aos poucos. Quer dizer, tentando retomar. Quando chegou fevereiro, a dor não passava, sua condição física era deplorável, e a equipe foi obrigada a descartá-lo em definitivo para esta temporada. Um desastre, era o que qualquer torcedor da franquia teria dito em outubro de 2011. Meses depois, com a ascensão de George, a perda já não era tão irreparável assim, a ponto de muitos apostarem numa troca do veterano por alguém que pudesse dar suporte ao novo líder da companhia.

Méritos para a direção do Pacers, chefiada até o ano passado por Larry Bird, cujo trabalho teve sequência com o veteraníssimo Donnie Walsh e pelo irrequieto Kevin Pritchard, que teve paciência para ver o time se desenvolver em quadra sem Granger. E palmas ainda mais fortes para a comissão técnica liderada por Vogel, que, mesmo num time que briga por vaga nos playoffs, conseguiu desenvolver seus atletas mais jovens. Hibbert, em vez de um frágil alvo defensivo numa liga cada vez mais veloz, se tornou um dos melhores defensores da zona pintada. Lance Stephenson, de esquenta-banco e encrenqueiro, passou a bom soldado e ótimo escolta (defende bem, ajuda na armação e ainda oferece, quando necessária, uma válvula de escape com infiltrações ainda em desenvolvimento). Mas  salto mais significativo realmente foi de seu camisa 24. Veja um pouco do que o cara aprontou durante o ano:

George elevou suas médias em pontos, rebotes e assistências regularmente em suas três primeiras temporadas como profissional. O dado mais interessantes dentre esses foi o de passes para a cesta, que saltaram de 1,8 para 4,0 por 36 minutos de média, entre 2011 e 2013. Sinal de aprimoramento na leitura de jogo. Se ele ainda comete um número elevado de turnovers (2,8 a cada 36 minutos), estes erros com a bola subiram em menor proporção do o que de jogadas certas. Quer dizer, mesmo tendo muito mais volume de jogo este ano (ele trabalha com 23,5% das posses de bola de sua equipe, contra 17,8% da primeira campanha e lidera os playoffs em minutos jogados, com 545 em 13 partidas, 41,9 por noite), seu jogo progrediu em termos de eficiência. Bom para ser eleito o atleta que mais evoluiu na temporada. E o melhor – ou pior, dependendo do seu ponto de vista na Conferência Leste: aos 23 anos, ele está apenas começando.

Ainda fica evidente que George tem muito o que desenvolver em seus dribles – é na hora de enfrentar corta-luzes que ele costuma se atrapalhar mais – e nos arremessos em geral, mesmo próximo da cesta, considerando sua impulsão e agilidade. Sua dificuldade de média distância também acontece em decorrência do drible eficiente, já que não consegue se desvencilhar frequente e adequadamente dos marcadores. Veja seu quadro de rendimento nesta temporada:

Abaixo da média em chutes de média distância, na média em três pontos e ótimo na zona morta pela esquerda

No saldo geral, seus percentuais de dois e três pontos caíram.

Mas é normal que ele oscile desta maneira, sem estresse. Afinal, foi sua primeira temporada como protagonista, de modo que pôde, jogo a jogo, aprender com seus próprios erros, entendendo como as defesas vão encará-lo sem ter um Granger ao seu lado para aliviar a pressão. Além de qualquer número, o que se ressalta, mesmo, ao observar George em ação nestes playoffs é seu amadurecimento, no sentido pleno, esplicitado por sua capacidade assustadora de lidar com LeBron James e Dwyane Wade no mano-a-mano como se fossem adversários regulares. Confira a facilidade com a qual bate Wade em diversas infiltrações – por mais que Wade esteja com o joelho estourado, ainda estamos falando o mesmo cara eleito para o terceiro time da temporada, ao lado de James Harden e justamente de George:

É um amadurecimento e sobriedade que se refletem em suas entrevistas. Como nesta declaração aqui sobre a maior carga de responsabilidade que lhe coube no campeonato: “Sabia que, chegando ao meu terceiro ano, eu precisaria ter uma grande campanha. E, com Danny fora, isso ampliou o nível de desempenho de que eu precisaria, a consistência de que eu precisaria. Teria de segurar isso”.

Outra que chamou a atenção: quando soube que foi eleito aquele que mais evoluiu no ano, quando esperava, na verdade, ter mais chances de ganhar como o melhor defensor, ficando meio implícita de que era a sua preferência, na verdade. Mas que, tudo bem, ainda ganharia esse prêmio algum dia. Vogel, Bird, Walsh… Não poderiam ficar mais orgulhosos. Não são muitos os atletas que se orgulhem ou se apeguem tanto a sua capacidade defensiva.

Por isso, embora tenha lamentado a ausência de Hibbert naquela bola contra LeBron, acostumado a ter um grandalhão para lhe dar cobertura, George tratou de assumir sua própria falha. “Tenho de entender que é preciso fazer de LeBron um arremessador naquele ponto”, afirmou. “Foi diferente. Estou habituado a ser agressivo em cima da bola e ter Roy atrás. Mas, estando numa situação dessas, tenho de saber quem está em quadra comigo e o que queremos de LeBron.”

O ala do Pacers deu um passe extra na cabeça do garrafão e permitiu que o oponente fizesse o corte em direção ao aro. Um pequeno detalhe, mas que pesou tanto como a estratégia equivocada de Vogel:

Mão erguida, falha assumida, segue o jogo. “Nós temo de ficar com a cabeça erguida. Nós não temos muitos altos, nem muitos baixos “, afirma. Aqui só cabe um reparo: para Paul George e o Pacers em geral, parece é que apenas para o alto que eles vão.

*  *  *

Discreto em quadra, em constante evolução, talvez George só precise agora rever seus conceitos figurinísticos. Ele subiu assim ao palanque para falar sobre sua grande – mas frustrada – exibição contra o Miami Heat na quarta-feira:

Paul George na estica?

Lembra um pouco o figurino do Dunga, não?


Na NBA, sobram as três melhores defesas (e o Miami Heat) na disputa pelo título
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Giancarlo Giampietro

Pesadelo para Melo

Carmelo pode dizer uma coisa ou outra sobre a defesa do Indiana Pacers

“De-fe-sa!”, “de-fe-sa!”

“De-fe-sa!”, “de-fe-sa!”

“De-fe-sa!”, “de-fe-sa!”

Fora o pianinho clássico acompanhando um ataque nos instantes finais, eternizado nos games Lakers vs Celtics, temos entre os clichês do basquete esse grito, que se disseminou por tudo que é lugar em que pingue uma bola de basquete a partir das transmissões globalizadas da NBA. Há mesmo as torcidas que cantam só por cantar mesmo, talvez utopicamente, com a vã esperança de que seu time-peneira vá esboçar alguma reação na hora de proteger a cesta.

Bem, na temporada 2012-2013 da liga norte-americana essa brincadeira deu certo. Entre os quatro times que ainda lutam pelo título, estão as três defesas mais eficientes do campeonato, pela ordem: Indiana Pacers, Memphis Grizzlies e San Antonio Spurs. O quarto? O Miami Heat, claro, nono melhor nesse quesito.

Consideramos aqui a medição que foi primeiro elaborada por Dean Oliver, que integra o departamento de estatísticas da ESPN americana e já trabalhou na diretoria do Denver Nuggets, e encampada e levemente alterada por John Hollinger, vice-presidente do próprio Grizzlies. As estimativas abordam o número de pontos numa média de 100 posses de bola. Isso por quê?

Gasol & Allen

Marc Gasol e Tony Allen, dois dos melhores defensores da liga em suas posições

Bem, cada clube tem o seu próprio ritmo de jogo. Se uma equipe corre mais com a bola, atacando com menos segundos gastos a cada posse, a tendência é que ela sofra mais pontos, mesmo, não? Isso não quer dizer necessariamente que, na média, sua defesa seja a pior – talvez apenas mais vazada.

(Por outro lado, alguém pode argumentar que, no caso do time que adota um jogo mais metódico, gastando o cronômetro, já esteja se protegendo desde o princípio, controlando a bola ao máximo. Obviamente isso não pode ser descartado, mas sigamos adiante com a defesa-por-posse.)

Na temporada regular, o Pacers de Frank Vogel permitiu apenas 99,8 pontos a cada 100 posses de bola, seguido pelo Memphis Grizzlies (100,3) e pelo San Antonio Spurs (101,6). O Miami Heat terminou com 103,7.

Para se ter uma ideia de quão bom é o índice firmado pela turma de Paul George e Roy Hibbert, a distância entre o Pacers e o Heat (de 3,9 pontos) seria maior que a que existiu entre os atuais campeões de Miami e o Toronto Raptors (3,8), apenas a 22ª defesa da liga.

De acordo com a máxima de que “são as defesas que vencem o título”, poderíamos indicar, então, o Pacers como o favorito?

Bem, nem tanto. Sua proteção de garrafão deixa as coisas bem encaminhadas, mas essa ainda não é a resposta definitiva. Façamos uma pausa, antes de avaliar os quatro finalistas, para perguntar se o mote do parágrafo acima é inteiramente verdadeiro.

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Um estudo conduzido pelo analista Neil Pane, uma das almas angelicais por trás do Basketball-Reference, indica que, sim, as melhores retaguardas têm mais condições de ganhar o troféu, comparando historicamente os rendimentos coletivos dos dois lados da quadra.

Segundo suas contas, um time que tenha uma defesa medíocre e um ataque com 10 pontos acima da média da liga, teria 32,3% de chances para conquistar o caneco. Por outro lado, se a sua equipe mantiver um ataque medíocre e tiver uma defesa que sofra 10 pontos abaixo da média, sua probabilidade de título sobe para 80,1% – e mesmo uma equipe que sofra 7 pontos a menos do que a média do campeonato teria um candidatura mais sólida, com 39,1%.

Tiago Splitter x Dwight Howard

Splitter ajudou o Spurs a se tornar uma das melhores defesas da NBA novamente

Agora, para comprovar que seu levantamento não é pouco, Paine fez as mesmas contas excluindo o avassalador Boston Celtics de Bill Russell, que defendia muito e penava para fazer cestas em alguns anos, podendo desequilibrar o balanço do ponto de vista histórico. Fazendo uma pesquisa só a partir da fusão NBA-ABA em 1976, a distância entre ataque e defesa cai consideravelmente, mas ainda pende para a contenção. O melhor ataque tem 43,8%, de chances, enquanto a melhor defesa, 63,9%.

É difícil, porém, atingir a meta de dez pontos acima ou abaixo da média. Quanto menores esses números, menor a distância na chance de título também. Por exemplo: se um time faz 3,0 pontos a mais da média, a expectativa seria de 1,9%; se sofre 3,0 pontos abaixo, o número seria de apenas 2,4%.

“No entanto, a contínua proeminência da defesa, mesmo quando descartamos a dinastia do Celtics da amostra, sugere que as equipes devam priorizar a excelência deste lado da quadra se querem vencer um campeonato”, escreve Paine.

Ponto destacado e anotado. Mas ainda não é tudo.

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Phil Jackson, o homem dos 11 anéis de campeão da NBA, nunca se cansa de enfatizar que as coisas estão totalmente interligadas: um bom ataque e uma boa defesa. Quanto menos precipitações (arremessos forçados e turnovers) você tiver tentando a cesta, melhores suas condições de armar sua retaguarda, propiciando menos contra-ataques, voltando com equilíbrio.

E “equilíbrio” seria a palavra-chave, mesmo, tanto do ponto de vista conceitual como estatístico, como escreveu nesta semana o analista Kevin Pelton, da ESPN, outro representante da crescente comunidade nerd do basquete. Reduzindo seu campo de pesquisa de 1980 para cá – o ano em que a linha de três pontos foi pintada nas quadras da NBA e também um marco extremamente relevante nessas contas –, constatou que 14 campeões tinham o melhor saldo de cestas da temporada (mais de 40%), sabendo dosar um bom ataque e uma boa defesa.

“É difícil encontrar exemplos de times com uma fraqueza em cada lado da quadra vencendo um campeonato. Nos últimos 33 anos, apenas dois times venceram o título com uma unidade abaixo da média durante a temporada regular: o Los Angeles Lakers 2000-2001 (fraco na defesa) e o Detroit Pistons 2003-2004 (fraco no ataque)”, escreveu Pelton.

O Lakers de 2001 foi uma anomalia na carreira de Phil Jackson, que envelheceu uns bons anos tentando administrar a conturbada relação entre Kobe Bryant e Shaquille O’Neal. Depois da conquista de seu primeiro título, o time deu aquela relaxada, despencando de melhor defesa na campanha anterior a 21ª, apesar de manter a mesmíssima base, que funcionava direitinho no ataque (segundo melhor índice). Absurdo, né? Acontece que, chegando aos playoffs, decidiram ligar o turbo e venceram 15 de 16 partidas, cedendo apenas um triunfo para o Philadelphia 76ers de Iverson e Larry Brown na primeira partida da decisão. Já o Pistons de 2004 teve Rasheed Wallace, seu melhor atleta, por apenas 22 partidas, depois de ele ser adquirido numa das trocas mais desequilibradas da história durante o campeonato.

O Oklahoma City Thunder teve o melhor saldo de cestas deste campeonato, com +9,2, mas suas aspirações ao título se encerraram com a lesão de Russell Westbrook. O Miami Heat aparece em segundo, com +7,9. O Spurs seria o quarto, com +6,4, enquanto Grizzlies e Pacers seriam sétimo e oitavo, com +4,1 e +4.

LeBron x Rose

A postura defensiva perfeita de LeBron James para segurar até um Derrick Rose

Na campanha dos rapazes de Erik Spoelstra, todavia, é possível encontrar alguma semelhança com aquele Lakers do início da década passada, começando o ano um pouco devagar (mas nem tanto) e esquentando as turbinas na metade do campeonato. No dia 1º de fevereiro, eles perderam a 14ª partida na temporada. Em 17 de abril, fecharam a conta com apenas mais dois reveses, engatando neste período sua incrível sequência de 27 vitórias. Durante esse período, seu lado de cestas foi de +11,9, o que seria a melhor marca da liga de longe, devido a uma melhora significativa na defesa, já entre as cinco mais eficientes neste período. Motivados pela busca do recorde histórico de triunfos consecutivos, viraram outra equipe. A mais equilibrada e com mais chances de título.

Descartando todos os dados enumerados acima, esse favoritismo do Miami não é novidade alguma e talvez pudesse ser explicado de modo mais simples pela soma de “LeBron” + “James”.

Só que, numa liga extremamente competitiva e rica, com recursos sendo empregados dos modos mais diversificados, as coisas dificilmente vão se desenrolar assim, de um modo tão fácil.

Com suas fortíssimas defesas, porém, Pacers e Grizzlies, com DJ Augustin, Sam Young, Ian Mahinmi, Keyon Dooling, Tayshaun Prince entre outras nulidades ofensivas em suas rotações, já derrubaram três dos cinco melhores ataques da liga (Knicks, Clippers e Thunder) e se colocaram na briga, ao menos com uma chance de surpreender.


Thibodeau leva o Bulls ao limite em campanha memorável. Mas a que custo?
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Giancarlo Giampietro

JoJo quase que não aguenta

Há situações em que os fins justificam os meios, sim. Mas e se não tiver fim?

Deixando a filosofia de mercearia de lado, pensando em um caso mais específico de basquete, o Chicago Bulls 2012-2013 de Tom Thibodeau, vale ponderar. Sem o nível de exigência aque o treinador submete seus jogadores, talvez eles nunca tivessem chegado perto de incomodar o Miami Heat numa semifinal de conferência sem poder contar com Derrick Rose. Agora… será que com esse mesmo nível de exigência o time conseguirá chegar ao menos uma vez inteiro aos mata-matas?

Talvez Gregg Popovich não acredite em nada disso. Um dos treinadores mais zelosos com a administração de minutos de seus principais jogadores, ele viu nos últimos anos uma torção de tornozelo, um estiramento ou uma pancada qualquer sabotar todo seu planejamento. Talvez seja realmente uma questão de sorte. Ou talvez os problemas de Pop tenham só a ver com uma questão específica sobre a fragilidade física de Manu Ginóbili. E que o resto esteja tudo certo na preparação do técnico do Spurs, no sentido de preservar seus jogadores.

Kirk Hinrich está fora

Hinrich foi mais uma baixa do Bulls na temporada, com lesão na panturrilha

É no que acredita o comentarista Henry Abbott, que assina o blog TrueHoop, da ESPN, que vai direto ao ponto em um post bastante trabalhoso: “Minutos demais atrapalham a chance de título“. Um de seus achados foi que as equipes que possuem os líderes na tabela de minutos por jogo nas temporadas não vêm tendo sucesso recente algum nos playoffs. Outra: muitas vezes o atleta que tem a melhor média não é necessariamente aquele que jogou mais minutos no total por uma equipe. E um terceiro ponto que vale ainda mais destaque: e quem disse que ter um jogador por 40 minutos em quadra significa que você realmente está contando com o cara por 40 minutos? No sentido de que esse atleta pode ter seu rendimento comprometido com tanto tempo de quadra. Mais vale contar com, digamos, 30 minutos com esforço pleno ou com 25 ótimos minutos e 12 ou 15 masomeno?

Para Thibs, pode ser que essas perguntas sejam pura asneira. É o que se imagina quando vemos seu Bulls em quadra. Um time que, na falta de melhor termo, se mata na defesa, mesmo, que, supostamente, não tem limite. Nas palavras de Chris Bosh, eles são como zumbis amedontradores. “Você dá vida a um time desses, e qualquer coisa pode acontecer. É como se estivesse vendo um fillme de terror, algo assim, e tudo acontece em slow-motion. Você vai para Chicago (para o jogo 6), e a torcida deles está se levantando novamente, estão animados novamente, e aí você se vê numa briga de cachorro. Eles voltam para casa, vencem oo jogo, e aí qualquer coisa pode acontecer num jogo 7”, elaborou o pivô do Heat, que despachou seus rivais por 4-1, depois de terem perdido a primeira partida em casa.

É um discurso de quem realmente respeita os sujeitos de Chicago. Não é para menos. Eles deram um jeito de perturbar os atuais campeões mesmo sem Kirk Hinrich e Luol Deng, sem contar Rose.”É uma pena. Acho que todo mundo gostaria de ter visto ambos os times inteiros”, afirmou Erik Spoelstra, com muita classe, mas provavelmente bastante aliviado de ter enfim deixado a tropa de Thibs para trás. Veja o que eles fazem:

Deng, aliás, foi o líder em minutos por partida desta temporada, com 38,7: uma loucura, sem se esquecer que ele disputou as Olimpíadas de Londres como a grande referência de sua seleção. Joakim Noah, com todos os seus problemas físicos dos últimos anos, foi o 16º, com 36,8. Os dois chegaram estourados aos mata-matas. Doente, Deng perdeu toda a série contra o Miami, sendo hospitalizado – o esforço foi tanto que  estava proibido de fazer qualquer atividade física. Noah foi para quadra no sacrifício, lidando com a praga chamada fascite plantar. O desafio com o pivô, agora, é tratar seu pé sem que ele precise de uma cirurgia. Se não há provas materiais que liguem um ponto ao outro – de que minutos demais significam desgaste físico –, o que é certo que um pouco mais de descanso não faria mal nenhum ao par, faria?

Fica esse dilema, então, para um dos melhores táticos da liga, em sua ingrata missão de tentar desbancar o poderoso Miami Heat no Leste. Como cobrar seus atletas, deixá-los totalmente preparados, perto do máximo, mas sem passar desse limite. Uma equação de solução dfiícil para um devotos mais hardcore do basquete.

*  *  *

Toda a expectativa de Chicago agora se volta para um retorno saudável de Derrick Rose no próximo campeonato, com um grupo que ainda evoluiu este ano, apesar de tantas perdas de atletas importantes. “Ele faria toda a diferença”, disse Carlos Boozer. Até que chegue a pré-temporada, com o clube, inclusive, visitando o Brasil para enfrentar o Washington Wizards, de Nenê, seu departamento de basquete e relações públicas terá de se desdobrar para fazer os reparos necessários depois da interminável e atrapalhada novela em torno de sua recuperação.

Clinicamente reabilitado, o armador não se sentiu confortável para jogar nesta temporada, lidando com problemas musculares e nas costas, efeitos óbvios de uma cirurgia que o tirou de ação por muito tempo. O problema é que nem o jogador, nem os diretores, nem o técnico falaram pública e claramente sobre o que estava acontecendo. “Nunca diga nunca”, “Vamos ver como será próxima semana” etc. etc. etc. O suspense se alongou por muito tempo e de modo desnecessário. Se Rose estava clinicamente recuperado, é uma coisa. Se não estava bem fisicamente? Outra, bem diferente.

O que se sabe é que os jogadores do Bulls se mantiveram ao lado do armador. O que já é um grande passo para sua reintegração – aliás, sua presença no banco de reservas durante viagens das quais ele nem era obrigado participar já difere bastante da postura de Russell Westbrook, em Oklahoma City, durante o embate com o Memphis Grizzlies.

“Ele nunca atingiu o nível de conforto de que ele precisava jogar. Então ele tomou a decisão certa”, disse Thibs, em sua entrevista de fechamento de campanha. Mas por que isso não foi dito antes, diacho?

*  *  *

O retorno de Derrick Rose terá impacto direto em um dos personagens mais surpreendentes da temporada: Little Nate Robinson, que não deve continuar em Chicago. Um dos heróis da equipe nos playoffs, o baixinho certamente espera ganhar mais do que o salário mínimo que recebeu nesta temporada. “Eu adoraria voltar. Honestamente, realmente gostaria. Mas, sabendo dos caras que temos aqui, provavelmente o espaço que sobra para mim é limitado. Mas vamos ver o que acontece.”


Modelo sustentável de contratações é um dos segredos para a longevidade do Spurs
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Giancarlo Giampietro

Gary Neal, ele mesmo

Gary Neal não deixou muita saudade em Barcelona, mas se encaixou no Spurs

Ter um Tim Duncan ajuda. Um treinador com a versatilidade, inteligência e o cartaz de Gregg Popovich também. Quando você combina esses dois fatores, já tem grandes chances de encaminhar uma longa jornada de sucesso como no caso do San Antonio Spurs. Mas isso não serve como a única explicação sobre o quão vitoriosa – e por um período tão duradouro – a franquia texana vem sendo nos últimos 17 anos, desde que o pivô foi selecionado no Draft de 1997.

Um dos segredos para essa prosperidade está no modelo sustentável de contratações orquestrado justamente pelo Coach Pop e seu fiel companheiro RC Buford, gerente geral do Spurs, um clube que nunca ficou fora dos playoffs após a contratação de Duncan e, acreditem, só perdeu duas vezes na primeira rodada dos mata-matas durante essa sequência.

RC Buford, gerente geral

Buford tem sua parte significante no interminável sucesso do Spurs

Não que eles não gastem –  até porque, para manter seu renomado trio, custa dinheiro, por mais bonzinhos e fiéis que sejam. Sua folha de pagamento, porém, é apenas a 12ª maior da liga, tendo valido US$ 69,838 milhões nesta temporada. Foi um pouco menos do que desembolsou o Golden State Warriors, justamente a equipe que tanto lhe deu trabalho nas semifinais do Oeste, com US$ 70,1 milhões. Já uma comparação com a folha do Los Angeles Lakers, a mais custosa deste ano, é de envergonhar a família Buss, que torrou US$ 100,131 milhões numa equipe que foi varrida pelos rivais na primeira rodada dos mata-matas.

Os confrontos com o Lakers, aliás, deixaram evidentes as diferentes concepções de montagem de um elenco. As estrelas estavam em ambos os lados. Na hora de recorrer ao banco de reservas, contudo, Mike D’Antoni tinha um número bem reduzido de alternativas, ficando com a vida ainda mais complicada com a ocorrência incessante de lesões. Do outro lado, Popovich obviamente tinha Parker, Ginóbili e Duncan em forma, mas suas opções para complemento de rotação eram bem mais animadoras, caso necessárias. Tanto que o clube não teve receio em dispensar um cestinha comprovado como Stephen Jackson a apenas alguns dias dos playoffs, por “motivos-de-Stephen-Jackson”.

E como o Spurs montou seu elenco? Quem são esses jogadores baratos que se enquadram no modelo sustentável de gestão? Como eles buscaram essas peças complementares? Vamos lá:

Cory Joseph: o armador canadense tem apenas 21 anos e ainda está em desenvolvimento – e esse é um dos pontos positivos da equipe, que trabalha muito bem com seus atletas mais jovens. Joga pouco, mas bem, com 11 minutos sólidos por partida nos mata-matas, aproveitando suas chances para pontuar e sem cometer turnovers, para dar um descanso a Parker. Quando ingressou na Universidade do Texas, era badalado vindo do colegial – fazia parte das seleções de base de seu país. Os Longhorns não chegaram a empolgar tanto, com o armador sendo considerado muito cru e nada preparado para jogar na NBA. Mesmo assim, se inscreveu no Draft e foi premiado com a 29ª escolha pelo Spurs. Por causa da escala salarial imposta aos novatos, seu salário custa pouco mais de US$ 1 milhão.

Patty Mills: o terceiro armador na rotação de Popovich é o titular da seleção australiana e, quando Andrew Bogut não se apresenta, se torna o principal jogador de um time que sempre dá trabalho – e é dirigido, vejam só, por um assistente técnico de Popovich, Brett Brown. Então temos esse cenário: um atleta que não saiu muito valorizado da universidade de Saint Mary’s, mas que já tinha prestígio internacional. Mills foi selecionado apenas na posição 55 do Draft de 2009, dois anos antes de Joseph. Durante a temporada do lo(u)caute, assinou com o Melbourne Tigers, em seu país. Depois, foi para a China, para defender o Xinjiang Flying Tigers. Uma vez que não tinha mais contrato com o Blazers, quando a temporada chinesa se encerrou e voltou a ficar disponível para a NBA, assinou com o Spurs. Da espécie de formiguinha atômicas da liga, daquelas que pode botar fogo na quadra com sua habilidade ofensiva, custando também pouco mais de US$ 1 milhão.

Gary Neal: ala-armador que não teve a carreira universitária mais expressiva e começou a preencher seu currículo na Europa, a começar pela Turquia. Em 2008, teve uma passagem bastante discreta pelo Barcelona ao lado de um envelhecido Pepe Sánchez. Foi no Benetton Treviso em que se encontrou, jogando por um dos clubes mais tradicionais do continente. Em 2010, defendeu o Málaga novamente na Espanha. Até que, do nada – do ponto de vista de quem nunca havia ouvido falar do jogador –, fechou um contrato de três anos com o Spurs no dia 22 de julho daquele ano, que se tornou uma tremenda de uma barganha: salário de US$ 854 mil, aproveitamento de 39,8% nos tiros de três pontos e a capacidade de sempre poder oferecer um pouco mais em quadra quando Parker e/ou Ginóbili estão fora. Vira agente livre ao final do campeonato.

Nando De Colo: ala-armador francês de 25 anos, 1,95 m de altura e um talento natural impressionante, de movimentos fluidos, boa visão de jogo e arremesso em evolução. Ganhou quase 13 minutos de média durante o campeonato, mas, com Ginóbili novamente em forma, não sai mais do banco durante os playoffs. De qualquer forma, devido ao que mostrou em seu primeiro ano de liga, o Spurs já sabe que poderá contar com ele no futuro. Draftado na posição 53 em 2009, ficou na Europa por mais três anos, progredindo naturalmente, jogando na Liga ACB, a liga nacional mais difícil da Europa. Salário de US$ 1,4 milhão neste ano e no próximo.

Danny Green, versão Euroliga

Danny Green, em dias eslovenos

Danny Green: ala de 25 anos formado na tradicional Universidade de North Carolina, pela qual foi campeão em 2009 como titular. O único jogador da história dos Tar Heels a somar mais de 1.000 pontos, 500 rebotes, 200 assistências, 100 tocos e 100 roubos de bola. E é isso mesmo: fazia um pouco de tudo pela equipe, mas nada excepcionalmente bem, a ponto de ser questionado: será que poderia se transformar em um jogador de NBA? Os analistas com viés estatístico juravam que sim. Foi selecionado pelo Cleveland Cavaliers de LeBron James em 2009, na 46ª posição – percebam que estamos falando de mais um caso de jogador escolhido na segunda rodada do Draft. Não foi aproveitado pela franquia, porém, sendo dispensado em outubro de 2010. O Spurs o contratou em novembro e o dispensou duas semanas depois. Jogou na D-League até retornar a San Antonio para o final da temporada. Durante o lo(u)caute, assinou com o Union Olimpija, da Eslovênia, clube de Euroliga, e vinha em uma grande campanha até que exerceu uma cláusula de liberação quando a NBA garantiu sua temporada 2011-2012. Assinou por três anos e US$ 12 milhões.

Kawhi Leonard: o ala de apenas 21 anos já era bem cotado quando se candidatou ao Draft de 2011, mas o interessante foi como o Spurs conseguiu selecioná-lo. Leonard passou batido, de alguma forma, por 14 equipes até ser escolhido pelo Indiana Pacers a pedido do clube texano, em troca do armador George Hill, alguém que era natural de Indiana e se encaixava no plano de reconstrução de Larry Bird. Hill foi mais um que o Spurs selecionou em uma posição nada vantajosa (26ª em 2008) e que estava pronto para receber um aumento salarial que não se enquadraria no elenco de Popovich, mesmo sendo um dos favoritos do técnico. Antes de perdê-lo por nada, então, descolaram essa troca mágica. Hoje, Popovich jura de pés juntos que Leonard está destinado a virar um All-Star.

Boris Diaw: figura estabelecida na liga, mas, completamente desmotivado em Charlotte, foi dispensado pelo Bobcats em março de 2012, com problemas de peso (coloquemos assim, de modo educado). Foi recolhido pelo Spurs no ato, para jogar ao lado de seu melhor amigo, Tony Parker, e virar titular num time que esteve muito perto de se garantir na final no ano passado até levar uma virada incrível do Oklahoma City Thunder. Renovou por dois anos e US$ 9,2 milhões. Mais um contrato abaixo do valor de mercado e, melhor, de curta duração.

Splitter, bons tempos

Splitter, MVP na Espanha

Tiago Splitter: o catarinense foi a 28ª escolha do Draft de 2007. Era uma estrela na Europa, o que deixava sua contratação complicada: ganhava bem pelo Baskonia e a escala salarial de novatos da liga não permitiria que os valores fossem equiparados – sem contar a multa rescisória exorbitante. Mas tudo bem: tempo a franquia, sempre brigando nos playoffs, tinha de sobra. Esperaram três anos e conseguiram mais uma barganha, pagando US$ 11 milhões por três anos de vínculo com aquele que era o melhor jogador da liga espanhola. Depois de duas temporadas de pouco tempo de jogo, despontou este ano como titular e peça fundamental para o fortalecimento da defesa do Spurs. Agente livre ao final da temporada, aos 28 anos.

DeJuan Blair: cotado como um talento top 10 no Draft de 2009, teve suas aspirações abaladas pelo exame médico oficial da liga, que constatou problemas estruturais em seu joelho. A ponto de ser escolhido pelo Spurs apenas em 38º. Titular nos dois primeiros anos, perdeu espaço este ano com a ascensão de Splitter. Último ano de contrato, valendo US$ 1 milhão.

Matt Bonner: escolhido como o 45º do Draft de 2003 pelo Chicago Bulls, começou jogando na Itália até retornar ao clube e ser trocado para o Toronto Raptors. Progrediu bem no Canadá e virou alvo de Gregg Popovich. Está na liga por uma só razão, e isso não tem a ver com seu cabelo ruivo: tem aproveitamento de 41,7% na carreira em arremessos de longa distância. Habilidade que encaixou com o plano de jogo de Popovich perfeitamente nos últimos anos, espaçando a quadra para seus astros brilharem. Salário de US$ 3,6 milhões, inferior ao que Steve Novak, ex-Spurs, ganha em Nova York.

Aron Baynes: mais um australiano observado em primeira mão por Brett Brown, o gigante de 2,08 m e 118 kg assinou com o Spurs no meio da temporada, depois de arrebentar pelo mesmo Union Olimpija na Euroliga, com médias de 13,8 pontos e 9.8 rebotes (liderava o torneio neste fundamento até seu time ser eliminado). Recebeu apenas US$ 239 mil este ano – pela metade do campeonato – e tem salário de US$ 788 mil para a próxima temporada.

Sobre Tracy McGrady, desnecessário elaborar. Uma contratação pontual para os playoffs, com uma medida de segurança que Popovich espera não ter de usar.

Fazendo um balanço de tudo isso: são seis jogadores de fora dos Estados Unidos (sem contar Parker e Ginóbili) e mais dois americanos que vieram do basquete europeu; apenas um desses operários foi escolhido entre os 20 primeiros do Draft (Leonard); cinco saíram apenas na segunda rodada do recrutamento de calouros, sendo que Baynes e Neal nem selecionados foram; três deles (Mills, Green e Bonner) foram dispensados rapidamente por seus primeiros times. Todos eles estão abaixo ou na conta em relação ao valor de mercado da NBA (considerando idade x produção).

Com um departamento de olheiros atentos, que não tem limites na sua caça a talentos, uma direção que não dá tiro no pé, assinando contratos curtos e de valores palatáveis para uma cidade como San Antonio, uma das menores da liga, a franquia estabeleceu um método de trabalho que virou exemplar para toda a concorrência. Hoje são vários os dirigentes formados dentro do clube texano que gerenciam outras franquias – Sam Presti, do Oklahoma City Thunder, o principal exemplo entre esses.

Moral da história? Não basta ter sorte para vencer – como ganhar a primeira escolha num Draft com Tim Duncan disponível, justamente depois de um ano em que o Spurs, já competitivo no Oeste, sofreu com diversas e diversas baixas, David Robinson entre elas, e ficou fora inesperadamente dos playoffs. Quando isso acontece, faz um brinde, sorriso bem aberto, e segue em frente. E, se puder coletar Tony Parker e Emanuel Ginóbili, respectivamente, nas 28ª e 57ª escolhas do recrutamento de novatos, melhor ainda.