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Real acaba com jejum na Euroliga e consagra Nocioni
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Giancarlo Giampietro

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O Chapu primeiro jogou como um garoto. Depois, comemorou muito e chorou

“Basquete não é só arremessar, passar, driblar… Basquete também é ter coração. E ele tem um coração enorme.”

Em quadra, fazendo de tudo para conter as lágrimas, com tanto o que desabafar, foi com essa frase que o técnico Pablo Laso explicou a importância de Andrés Nocioni para a conquista do título da Euroliga pelo Real Madrid, a tão aguardada novena do clube, com vitória por 78 a 59 sobre o Olympiakos. A nona taça continental, aumentando sua distância para os demais concorrentes, como o maior campeão da competição. Foi uma definição perfeita para resumir o que havia acabado de testemunhar na cabine do Sports+, ao lado dos companheiros Maurício Bonato e Ricardo Bulgarelli.

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O Chapu foi para a quadra tanto na semifinal como na revanche deste domingo, com intensidade e garra absurdas, fazendo coisas que parecem impossíveis para alguém que beira os 36 anos. A correria desenfreada na transição defensiva, alguns atropelos rumo ao rebote e um par de tocos em que alcançava a bola no segundo andar. Quem poderia dizer que ainda tinha essa energia toda dentro de si? Ele estava por todos os lados, parecendo o ala de 11 temporadas atrás, quando escoltava Manu Ginóbili e Luis Scola rumo ao ouro olímpico em Atenas. Foi como se realmente tivesse voltado no tempo e recuperado uma energia de garoto. Ele realmente queria o título continental. Não só o garantiu, como também acrescentou ao seu currículo o título de MVP do Final Four.

“Você se sente satisfeito porque há muitas e muitas horas de trabalho para chegar a esse ponto, com muita dor no joelho, dor no no tornozelo, todos os dias, e tudo por isso, para uma conquista dessas”, afirmou o argentino, que terminou a etapa decisiva da Euroliga com médias de 12,0 pontos, 6,5 rebotes, 1,5 assistência e 1,5 toco. Números modestos, não? Que de modo algum vão quantificar o impacto que o veterano teve em quadra pelo Real, saindo do banco. “Ele é um veterano, mas ao mesmo tempo nos demonstrou ser jovem”, diz Rudy Fernández. “Essa força que tem na quadra nos deixa todos mais confiantes. Acontece logo de cara, quando vemos que o Chapu está jogando bem.”

O que nos remete a seus primeiros dias como jogador merengue, tendo chegado para simplesmente cobrir a saída de um craque como Nikola Mirotic, aquele que, taticamente, era o grande diferencial da equipe – um ala-pivô com habilidade para produzir dentro e fora, muito mais ágil e talentoso que a maioria dos atletas com quem duelava na Europa, talento que a NBA pôde admirar em seu primeiro ano de Chicago Bulls. Muitos, aliás, poderiam estranhar a opção por sua contratação. Afinal, era um perfil totalmente diferente. E que, por melhor que estivesse jogando pelo Baskonia, já está em reta final de carreira, torcendo para que não fosse a campanha em que, após anos e anos de batalha, estivesse quebrado. O argentino simplesmente dizia: não vou me equiparar a Mirotic em técnica, mesmo, mas talvez possa oferecer combatividade, aspereza e fibra ao time. Depois da festa no vestiário, confirmou a tese aos jornalistas presentes: “Foi para isso que vim aqui”.

É, pois é.

Georgios Printezis, também um leão ao seu modo, Brent Petway, Bryant Dunston, Othello Hunter… A linha de frente toda do Olympiakos pôde ver o quão combativo o Chapu ainda pode ser, entregando tudo o que tinha em quadra por um título inédito em seu currículo. Um troféu que Manu Ginóbili conquistou antes de se mudar para San Antonio, mas que Luis Scola não tem em sua coleção. Essa dupla vai ser sempre a referência quando formos pensar da geração dourada argentina, não tem jeito. São os craques da técnica, da definição dos pontos. O título da Euroliga e um raro prêmio individual, porém, vêm numa ótima hora, no ocaso de sua carreira, para se elevar o status de Nocioni – ele também é um craque ao seu modo, um craque de coração.

Algumas fotos da comemoração do argentino, com certa indiscrição:

Via Twitter do tampinha Facundo Campazzo. A legenda do armador falava alguma coisa sobre... Huevos

Via Twitter do tampinha Facundo Campazzo. A legenda do armador falava alguma coisa sobre… Huevos

Campazzo, de novo. Depois, Nocioni lembraria um selinho em Leo Gutiérrez durante a conquista do ouro olímpico em Atenas e brincaria: meu primeiro e meu segundo amor. Campazzo não jogou a final, mas foi listado pelo técnico Pablo Laso para a partida. É campeão da Euroliga.

Campazzo, de novo. Depois, Nocioni lembraria um selinho em Leo Gutiérrez durante a conquista do ouro olímpico em Atenas e brincaria: meu primeiro e meu segundo amor. Campazzo não jogou a final, mas foi listado pelo técnico Pablo Laso para a partida. É campeão da Euroliga.

Sai ovacionado de quadra. A galera toda gritando "Chapu". Até o Rei Felipe nessa : )

Sai ovacionado de quadra. A galera toda gritando “Chapu”. Até o Rei Felipe nessa : )

O selfie básico

O selfie básico

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Se um grande campeão precisa passar por grandes provações, testes, o Real Madrid  seguiu o script à risca. O time havia batido na trave nas últimas duas finais, entrando para a decisão sempre como favorito. A gestão Florentino Pérez deu atenção especial ao departamento de basquete e liberou os cofres para fazer grandes contratações. O elenco deste ano conta com nove atletas que jogaram a última Copa do Mundo e mais dois americanos de ponta no mercado europeu. Uma versão dos galácticos, por assim dizer. Tudo para acabar com o jejum de títulos europeus, que durava desde 1995. Com dois fiascos seguidos, imagine a pressão para cima de Pablo Laso, não importando o nível de basquete apresentado durante a temporada regular. Na campanha passada, houve um momento que sua equipe era, para mim, a melhor do mundo. Um estilo vistoso demais e avassalador em sua execução. De nada adiantava. Muita gente queria sua cabeça em meados de junho, julho. Pois o técnico sobreviveu e foi premiado com o título. Mesmo que não estivessem mais encantando como antes, foi algo justo. Não é lá muito fácil concordar com um ala enjoado como Rudy Fernández, mas ele tem razão ao dizer: “O basquete nos devia algo assim. Obrigado a todos que confiaram em nós”.

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Se houvesse como dar um prêmio de Co-MVP, ele deveria ser entregue a Jaycee Caroll. Aliás, os estrangeiros todos do Real roubaram a cena em Madri, para aliviar a barra das estrelas e queridinhos nacionais. Sergio Llull foi muito bem nesta decisão (com 12 pontos, 4 assistências e ótima defesa para cima de Spanoulis), mas Rudy Fernández, Sérgio Rodríguez e, principalmente, o capitão Felipe Reyes estiveram muito abaixo do esperado, visivelmente tocados pela pressão da final em casa. Carroll já parecia jogar um rachão, colocando em prática seu arremesso indefectível. Tem aquela munheca que lança a bola com um tanta rotação que, quando há um contato com a rede, parece que ela vai se enganchar, ou causar tanta fricção que poderia gerar fumaça. No terceiro período, quando o Olympiakos ensaiava mais uma de suas marchas assustadoras para virar o placar, esse gatilho anotou 11 de pontos em sequência, com direito a três bolas de fora, para apaziguar um pouco os ânimos madridistas. No final, foram 16 pontos em 20 minutos, com 80% no perímetro, além de também ter ajudado na contenção de Spanoulis. Vejam só:

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Foi um domingo de conquista dupla para o Real. De manhã, seus garotos faturaram o Adidas Next Generation Tournament, a versão juvenil da Euroliga, derrotando o Estrela Vermelha por 73 a 70 na decisão. A sensação eslovena Luka Doncic ganhou o prêmio de melhor jogador do evento, com médias de 12,3 pontos, 8,0 rebotes, 5,0 assistências e 1,3 roubo de bola, em 9 partidas. Ele só tem 16 anos. O torneio era sub-18. Quem também é mais jovem que a maioria dos concorrentes e comemorou ao lado de Doncic? O paulistano Felipe da Gama, pivô de 2,18 m e apenas 17 anos. Um projeto de longo prazo, mas de ótimo potencial, o único brasileiro presente em quadra nesse final de semana festivo na Europa.


A lenda de Spanoulis só cresce e agora desafia o Real Madrid
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Giancarlo Giampietro

Ele de novo

Ele de novo

Primeiro foi uma exibição assustadora de um jogador. Depois, entrou em quadra um timaço para definir a final da Euroliga 2014-2015.

Na abertura do Final Four em Madri, Vassilis Spanoulis voltou a torturar o CSKA, com todos os seus craques, torcedores plácidos e dirigentes cheios de careta nos primeiros assentos ao lado da quadra. O Olympiakos alcança sua terceira deicão em quatro temporadas, em busca do terceiro título. Agora, terão pela frente mais um oponente que sonha com a revanche: o time da casa, o Real, que destroçou o Fenerbahçe pela segunda semifinal.

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Lembrando: o clube grego foi bicampeão em 2012 e 2013 com viradas no último jogo para cima de CSKA e Real, respectivamente. Enquanto tiver sob a liderança de Spanoulis, os caras vão chegar.

O que o camisa 7 fez nesta sexta foi algo meio indescritível. Estava comentando a partida no Sports+, ao lado do chapa Rafael Spinelli, e houve uma hora em que fiquei simplesmente sem palavras. Para um analista, ao vivo na TV, parece o fim da picada, né? Mas é que sua exibição foi tão impressionante que por vezes que era de deixar qualquer um perplexo, mesmo. Veja o Luigi Datome, por exemplo:

(Não sei nem o que escrever para descrever Spanoulis. Lenda? História? Ou apenas Spanoulis? Estou totalmente chocado.)

Estamos todos, Gigi. Veja a reação de uma galera, entre atletas de NBA e Euroliga, frente ao que o craque grego fazia.   E foi o quê exatamente? Se você pega a linha estatística final da partida, vitória por 70 a 68, vai ver um atleta com 13 pontos e péssimo aproveitamento de 4-15 (26,6%) nos arremessos de quadra, em 32 minutos. Mais turnovers (quatro) do que assistências, tendo levado três tocos também durante a jornada.Vem cá: o que tem de especial nisso?  

Pois é. Mais uma vez percebe-se como é perigoso espiar uma linha estatística e avaliar que fulano tenha “brilhado”, “dado show” ou “ido mal”. Com esse rendimento numérico ridículo, Spanoulis foi ainda o cara da partida. Depois de errar seus primeiros 11 arremessos de quadra e só converter dois pontos no primeiro tempo na linha de lance livre, de passar em branco no terceiro período, ele voltou para a quadra com seis minutos restando no cronômetro e… Pumba.

   

Por 26 minutos, ele não conseguia fazer nada. De repente, decidiu que era a hora da matança. Fez, então, 11 pontos, seus seus últimos quatro arremessos no jogo, incluindo três arremessos de longa distância, para elevar a contagem do Olympiakos de 54 a 69, com a ajuda de quatro pontinho de Kostas Sloukas. O CSKA vencia por nove pontos a três minutos do fim e novamente entrou em colapso. O que leva um sujeito a ser tão confiante assim? 

O ala-armador francês Nando De Colo, que havia feito um excelente primeiro tempo, acabou descadeirado pelo veterano. É um grande jogador, mas falou um pouco mais do que devia em quadra e tomou a resposta mais dolorida: a de que ainda precisa crescer muito para se colocar num patamar de astro europeu. Foi o mesmo tipo de postura que o tirou de San Antonio, sem aceitar muito bem os minutos limitados com Gregg Popovich e que ainda não se justifica, tendo em base o que faz em quadra. Não há dúvida de que tenha muito talento, mas ainda lhe falta tarimba. Começou a forçar arremessos, cochilou demais na defesa e, ainda assim, foi mantido como referência ofensiva por parte de Dimitris Itoudis. O técnico grego, que fez uma primeira Euroliga formidável,  se atrapalhou em sua rotação nos momentos decisivos, promovendo diversas substituições. Não encontrou resposta para o camisa 7 alvirrubro.

Ele já havia sido eleito pelos dirigentes da Euroliga como o atleta mais temido na hora de partir para uma bola decisiva. Lá foi ele de novo, então. A lenda de Spanoulis só cresce. O Emanuel também está tentando digerir tudo isso:

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Ayón guardou o melhor para o fim: exibição completa contra o Fenerbahçe

Ayón guardou o melhor para o fim: exibição completa contra o Fenerbahçe

É essa a figura que vai desafiar o Real Madrid novamente. Os anfitriões venceram o Fenerbahçe, de Zeljko Obradovic, por 96 a 87. O placar conta só um pouco do que foi a partida. O primeiro tempo dos vencedores foi um primor, com 20 pontos de vantagem abertos (55 a 35), 18 assistências, oito bolas de três pontos convertidas e nenhum turnover. Zero. Uma aula ofensiva. Pareceu o Real da temporada passada, com um jogo vistoso, ainda com Nikola Mirotic na formação titular, correndo a quadra com criatividade, velocidade e inteligência – as três podem ser unidas, acreditem. Juntos, os Sergios, Rodríguez e Lllull, tiveram 25 pontos e 16 assistências, contra apenas dois desperdícios de posse de bola.

A surpresa foi ver Gustavo Ayón absolutamente dominar o garrafão. Não por que haja o que duvidar sobre as qualidades do mexicano, mas mais pelo fato de que a expectativa era a de que tivesse uma batalha com os excelentes pivôs  do clube turco. Ayón somou 19 pontos, 7 rebotes, 6 assistências e três roubos de bola. Além disso, converteu 8 de 11 arremessos de quadra, saindo excluído com cinco faltas. Ele contou com a ajuda de 12 pontos, 6 rebotes e muita luta por parte de Andrés Nocioni.

Na busca incessante pela novena, a nona taça continental no basquete, o gigante espanhol só não pode se empolgar tanto. “Não ganhamos nada ainda”, afirma Llull, que sabe que seu time vai ter de apagar um trauma de duas decisões perdidas por virada, a primeira contra o próprio Olympiakos. Revisar esse e outro episódio de seu passado recente pode ajudar o time do técnico Pablo Laso a se preparar da forma apropriada para a decisão. Não custa lembrar que, em 2014, no Final Four de Milão, o Real massacrou o Barcelona por 100 a 62 e acabou derrotado pelo Maccabi na final. Um clube de prestígio incontestável na Europa, mas que era um azarão na ocasião. Agora vão enfrentar um Olympiakos cheio de orgulho também. E com aquele matador. Sérgio Rodríguez sabe o que precisa ser feito: “Temos de tentar limitar Spanoulis”. Mas como lidar com uma lenda?


Dia de Final Four pela Euroliga: perspectivas para as semis
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Giancarlo Giampietro

O centro da quadra no Palácio dos Esportes em Madri

O centro da quadra no Palácio dos Esportes em Madri

O Final Four da Euroliga tem largada nesta sexta-feira. O Real Madrid é o anfitrião, tendo Fenerbahçe, CSKA e Olympiakos como seus concorrentes na fase decisiva do campeonato europeu de clubes. Pelas semifinais, o clube merengue vai encarar o estreante Fener. Do outro lado, os moscovitas tentam se livrar da fama recente de fregueses de Vassilis Spanoulis.  Os vencedores se cruzam na final domingo. O que está em jogo nesses confrontos?

Bem… Fora o título?

(…)

Toin-oin-oin-oiiiiim.

Isso, fora o título. A ideia aqui é apresentar o contexto em torno de cada um desses pretendentes, o que cada um vai levar para a quadra, em termos de trunfos (são muitos, afinal foram os times que sobreviveram a uma dura linha de corte, acima de 28 adversários) e possíveis limitações (mantendo a lógica, poucas). É impossível apontar um favorito. Concordo absolutamente com o CEO da liga, Jordi Bertomeu: é 25% para cada um. Ou talvez 26% para o Real e 23,3% para os demais, nas contas de Andrei Kirilenko, o craque do CSKA que anunciou que vai se despedir das quadras ao final da temporada. “As chances no Final Four são basicamente iguais para os quatro times. Não posso dizer que um time seja completamente melhor que o outro, diferentemente do ano passado, quando o Maccabi parecia correr por fora. Talvez o Real Madrid ganhe 1% a mais de chance que o resto por estarem em casa, mas acho que cada equipe que chegou aqui mereceu isso, e vão ser dois duelos muito interessantes para os torcedores”, diz o russo.

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Simbora:

Real Madrid

Real, pela nona taça. Agora vai?

Real, pela nona taça. Agora vai?

O que joga a favor: joga em casa… tem dois armadores fantásticos que se chamam Sergio, dinâmicos, agressivos, que se complementam muito bem e são um terror em transição – o elenco todo é formidável, mas a chave para o sucesso recente do Real passa por essa dupla, que oferece tanto no ataque (chute, infiltração, passe) e na defesa (pressão em cima da bola o tempo todo)…  O estilo de Rodríguez e Llull se encaixa perfeitamente com o de Rudy Fernández, ala atlético, talentoso e conhecido por sua capacidade de improvisar em momentos mais apertados, desde que 100% bem fisicamente, tendo sofrido uma torção no tornozelo em 30 de abril. “Não vou falar sobre minha lesão, pois me sinto bem”, disse… A liderança de Felipe Reyes, que realizou sua melhor temporada em muito tempo, com muita consistência e produção elevada em minutos controlados… O espírito combativo de Andrés Nocioni… O pacote multiuso de Gustavo Ayón… Muitas opções no banco de reservas.

O que estaria contra? Hã… jogar em casa? Sacumé, né? Jogar em casa coloca sua torcida ao seu lado, mas sempre vai levantar o receio de que não se pode decepcioná-la. No caso dos merengues especificamente, a tensão é muito maior pelo fato de o time ter perdido as últimas duas decisões, e de virada. Para os que acompanham o futebol tão bem como basquete, vão se lembrar de toda a expectativa que cercava a decisão da Champions League passada, contra o Atlético de Madrid. Toda a expectativa pela décima. Pois no basquete temos um cenário parecido, a busca pela novena, com hashtag #APorLaNovena, e tudo – o Real é o clube que mais venceu a Euroliga, mas não levanta a taça desde 1995. “Todo mundo nos está pedindo para ganhar o Final Four. Jogamos em cas, perdemos as últimas duas finais”, afirma o capitão Felipe Reyes. O veterano pivô ainda citou o fato de os rapazes do futebol terem caído frente a Juventus pelas semis da Champions como um fator a mais de pressão.

Fenerbahçe

O Fener de Bogdan-Bogdan silenciou os campeões do Maccabi nas quartas

O Fener de Bogdan-Bogdan silenciou os campeões do Maccabi nas quartas

O que joga a favor: Zeljko Obradovic, sem dúvida nenhuma. O sérvio busca sua própria novena, e por um quinto clube. Um dos times que guiou rumo ao título roi justamente o Real. Sabe quando? Sí, sí: em 1995. Será que seus jogadores e os torcedores do Fener confiam no seu poder de liderança e conhecimentos do riscado? Com a palavra, o ala-armador Bogdan Bogdanovic, seu jovem compatriota: “O técnico deixa tudo mais fácil para que possamos nos concentrar no jogo. Ele deixa tudo mais fácil”… Aliás, ‘Zoc’ estava totalmente à vontade na coletiva de apresentação do F4 nesta quinta, transformando o evento numa apresentação só sua de standup comedy. Quando soube que Nemanja Bjelica foi eleito o MVP da temporada, tirou uma com seu craque. “Nemanja pode jogar em qualquer posição, fazer qualquer coisa em quadra… Então, Nemanja, prove isso para mim na semifinal”, exclamou, dando aquele tapinha no ombro do compatriota. Sobre o Real de Pablo Laso? “O time gosta de correr, jogadas individuais, isoladas, marcação box com um, pressão quadra toda…. Mais alguma coisa, Pablo?”, sorriu para o adversário e ex-pupilo, um dos campeões de 95. Depois, falou mais sério e com toda a confiança da Sérvia: “Vi quase todas as partidas do Real Madrid nesta temporada: estamos preparados para enfrentá-los”…. Obradovic também tem ao seu dispor um elenco caríssimo e ainda mais versátil que o do oponente, com alas-pivôs (muito) altos, (muito) ágeis e (consideravelmente) habilidosos… Entre eles o MVP Bjelica… O Fener enfim conseguiu reunir suas peças estreladas num só time, crescendo muito durante a competição até varrer o Maccabi Tel Aviv pelas quartas de final, algo dificílimo de se fazer.

O que joga contra? Claro que qualquer um dos times que entram em quadra neste final de semana estarão pressionados. Mas, se fosse fazer um ranking, colocaria o Fener em segundo, a despeito dos traumas do CSKA (mais abaixo). Pois nenhum time turco jamais conquistou a Euroliga, e o investimento do país na modalidade tem sido dos maiores, se não o maior da Europa. A competição é patrocinada pela Turkish Airlines, por exemplo. E mais: o quanto Obradovic teria de paciência para seguir com o projeto adiante no caso de uma derrota neste ano? Não é fácil alcançar essa fase… O Fener tenta levantar o caneco, mas só terá dois jogadores em seu elenco com experiência nesse tipo de situaçao: Nikos Zisis e Jan Vesely. O quanto a cancha de um treinador pode compensar a sensação de novidade para seus atletas? Não que seja um elenco jovem. Mas um clima de F4 é outra história… A rotação de armadores ficou enfraquecida depois da lesão de Ricky Hickman, justamente um cara que foi campeão pelo Maccabi no ano passado.

CSKA Moscou

Kirilenko, perto do fim

Kirilenko, perto do fim

O que joga a favor: a melhor campanha de todo o campeonato, com 25 vitórias e apenas três derrotas, tendo engatado inclusive uma sequência de 15 triunfos consecutivos… Dimitris Itoudis pode ser um treinador principal estreante num Final Four, mas conquistou cinco títulos de Euroliga sendo o braço direito de Obradovic no Panathinaikos… Andrei Kirilenko está em ótima forma física, uma notícia excepcional para o basquete como um todo, que já o tinha como um ex-jogador em atividade devido a tantos problemas físicos que teve em sua curta passagem pelo Brooklyn… E é um AK-47 motivado, já decidido a se aposentar ao final do campeonato, buscando um troféu inédito para seu grande currículo. “Ele se uniu ao time pefeitamente. É surpreendente o quão bem está jogando. É a peça que nos faltava para ganhar o Final Four. Ele merece uma Euroliga”, afirma o armador Aaron Jackson… O fato de o americano Jackson ser o terceiro armador na rotação de Itoudis também nos diz muito sobre o poderio deste elenco. Só mesmo um par Milos Teodosic/Nando De Colo para rivalizar com os Sérgios do Real. Ou até mesmo superá-los: nesta temporada, o sérvio foi eleito para o quinteto ideal, enquanto o francês descolou uma vaga na segunda equipe.

O que joga contra? As recentes decepções. Com seu orçamento invejável e um time sempre fortíssimo em quadra, o CSKA convive com um jejum de títulos desde 2008, com um troféu conquistado justamente em Madri. Desde então, só ficou fora do F4 em 2011, tendo sido vice-campeão em 2009 e 2012 e caído nas semis em 2010 e nos últimos dois anos. O revés mais dolorido sem dúvida foi contra o Olympiakos na final de 2012, com cesta de Georgios Printezis a 0s7 do fim… E eles voltam a enfrentar o Olympikaos nesta sexta, tendo de superar esse trauma psicológico agravado pela surra que tomaram do clube grego na semi de 2013… Agora, por que eles não estariam mais pressionados que o Fener, então? Simplesmente pelo fato de o clube moscovita ser gigante demais no mercado europeu, como presença constante na briga pelo título e também pelo fato de ter uma torcida bem… Morna – e, de certa forma, mimada. O Palacio de Deportes de la Comunidad de Madrid (ou Barclay Card Center, desde julho de 2014…) vai bombar, e é provável que não se ouça nenhum pio dos russos nas arquibancadas, esmagados que serão pelos torcedores gregos. A cobrança vem muio mais de uma diretoria cheia de pompa.

Olympiakos

A celebração com Printezis na série dramática contra o Barça: cesta no estouro do cronômetro pelo Jogo 5

A celebração com Printezis na série dramática contra o Barça: cesta no estouro do cronômetro pelo Jogo 5

O que joga a favor: um núcleo formado por Vassilis Spanoulis, Printezis, Vangelis Mantzaris e Kostas Sloukas, que jogam junto há muito tempo e foram bicampeões em 2012-2013. Eles sabem o que é preciso fazer para chegar lá, não há dúvida, mostrando resiliência impressionante em ambas as conquistas, para derrubar times mais caros (CSKA e Real), correndo atrás do placar em ambas as decisões… Para tanto, contaram e contam com o poder de decisão de Spanoulis, já uma lenda viva do basquete europeu… Ser um azarão? É meio estranho se referir assim a um time que já conquistou dois títulos na década, mas, se o time não é uma surpresa nessa fase decisiva – tal como foi o Maccabi no ano passado –, em termos de poderio financeiro está claramente um degrau abaixo dos demais concorrentes. Além disso, as próprias conquistas já dão ao time uma proteção para qualquer eventualidade. “É o terceiro Final Four para nós em quatro anos, e não sei como. Acho que a pressão que sentimos agora é menor do que nos anteriores”, diz Printezis, também um matador na hora H ao seu modo, depois de bater o cronômetro mais uma vez nesta temporada em uma vitória emocionante sobre o Barcelona, no quinto e derradeiro jogo das quartas de final. “Ter menos pressão não significa que não estejamos preparados e com desejo de vencer de novo”, avisa.

O que joga contra: a dependência de Spanoulis para produzir no ataque. O craque sofreu novamente com problemas no joelho durante a campanha, chegando a perder um mês de jogos. Mantzaris assegura que seu companheiro e ídolo de adolescência está tinindo: “Acho que neste ano vi seu jogo ainda mais maduro. Essa é uma das razões pelas quais estamos aqui, e ele realmente está em ótima forma”, diz o armador… A rotação de pivôs é vulnerável. Os americanos Bryant Dunston e Othello Hunter jogam pesado e tendem a acumular faltas (na temporada, tiveram média, respectivamente, de 3,0 e 2,6 por jogo). Depois deles, a terceira opção seria Vasileios Kavvadas, de 24 anos e que disputou apenas 11 jogos durante a temporada – não está preparado para um evento desses.

Os confrontos
CSKA x Olympiakos, 13 h (horário de Brasília): o aspecto psicológico já explanado acima é o componente mais intrigante da partida, não há dúvida. Cinco jogadores do CSKA (Kirilenko, Khryapa, Teodosic, Kaun e Vorontsevich) estavam em quadra durante o colapso de 2012, quando a equipe vencia a decisão por 19 pontos no terceiro período até ser derrotada por 62 a 51. Um episódio desses poderia servir para motivá-los a dar o troco, mas não dá para esquecer que logo no ano seguinte eles se reencontraram, e deu lavada do time de Pireus: 69 a 52.

Se formos reparar em ambos os placares, nota-se um escore baixo. É a receita de jogo que o Olympiakos vai tentar – e precisa – repetir nesta sexta, para poder desbancar os russos. Para tanto, ajuda o fato de terem a melhor defesa da competição. “Qualquer um pode ver por nossas estatísticas que começamos a partir da defesa, mesmo”, diz Mantzaris. No ataque, cronômetro explorado até o fim, e as combinações de pick and roll de sempre com Spanoulis, se aproveitando do corta-luz de figuras atléticas e vigorosas como Dunston e Hunter e rodeado por grandes arremessadores como Lojeski e Sloukas. Se o time grego não conseguir impor esse ritmo lento para a partida, tende a se lascar. “Acho que estamos na melhor forma possível. O Olympiakos é obviamente um dos times mais duros da Euroliga. Eles te forçam a jogar fora da sua zona de conforto, com um jogo amarrado.

O CSKA de Itoudis tem um plano tático muito mais aberto que o de Ettore Messina, para construir o melhor ataque da competição, com um jogo mortal em transição. Em meia quadra, porém, o time é igualmente eficiente, com o melhor aproveitamento de três pontos da competição (41,85%!), diversos atletas de excelente corte para a cesta (De Colo, Jackson, Weems, Hines) e toda a inteligência nos deslocamentos fora da bola de Kirilenko. Dá muito trabalho vigiar o veterano russo e ao mesmo tempo cuidar para que os chutadores não se desmarquem. Como se não fosse o bastante, é preciso cuidado com a tábua defensiva. “Algo importante para nós é o rebote, porque eles têm vários caras grandes que atacam a tabela, especialmente com Kirilenko na posição 3”, admite Hunter.

Real Madrid x Fenerbahçe: um confronto muito, mas muito intrigante. Os dois times têm capacidade de correr pela quadra toda, mas meu palpite é de que Obradovic vai querer desacelerar as coisas. Afinal, é com a transição a mil por hora que o Real pratica seu melhor basquete, e eles estarão jogando energizados pelo apoio da torcida. Então que tal forçá-los a jogar em meia quadra, numa partida de mínimos detalhes, e tentar usar a pressão do público a seu favor? Foi um estilo praticado pelo Fener  na reta final da temporada, com resultados excepcionais: 13 vitórias nos últimos 14 jogos. Detalhe: o time turco já venceu CSKA, Olympiakos e Maccabi Tel Aviv como visitante.

A grande questão para os turcos será a defesa contra Rodríguez e Llull. O garoto Kenan Sipahi, de 19 anos, pode ter grande responsabilidade para tentar parar um deles, ajudando Zisis e Andrew Goudelock. “Temos de afastá-los da linha de três pontos e também pará-los em transição. Precisamos bagunçar com a intensidade deles”, diz o cestinha americano. O melhor mesmo, é traçar uma estratégia coletiva para conter esses armadores inventivos e fogosos, com a ajuda de uma linha de frente bastante flexível, com Bjelica, Vesely, Preldzic e mesmo Erden. O que não quer dizer que os armadores do Real também não tenham preocupações defensivas. Algum deles vai ter de vigiar Goudelock de perto, mas bem de perto, mesmo. O mínimo de espaço é suficiente para o “MiniMamba” castigar do perímetro. Longe da cesta, vai ser bacana de ver o embate entre Rudy Fernández e Bogdan-Bogdanovic tabém. Isso se Obradovic não apelar a formações mais altas com Preldzic.
Esse grupo, inclusive, leva uma vantagem atlética considerável em relação aos pivôs do Real, cuja maioria é de jogo terrestre. Para combatê-los, o americano Marcus Slaughter deve ter um papel relevante. Os fundamentos de bloqueio e movimentação de pés de Reyes e Ayón serão muito exigidos para a coleta dos rebotes. Além disso, fica a questão sobre como os merengues vão reagir no momento em que Bjelica tiver a bola na cabeça do garrafão para a atacar a cesta de frente, com muito mais mobilidade. “Eles têm um jogador 4 que joga como armador. É um aspecto diferente na Europa. Não são muitos os jogadores que conseguem fazer o que o MVP faz”, diz Slaughter.


O Final Four 2015 da Euroliga em números
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Giancarlo Giampietro

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A maior competição de basquete do mundo (Fiba) aguarda um novo campeão. Nesta sexta-feira temos as semis, com o anfitrião Real Madrid, bastante pressionado, enfrentando o estreante Fenerbahçe, do legendário Zeljko Obradovic, enquanto o CSKA Moscou reencontra um pesadelo na forma de Olympiakos, clube pelo qual foi derrotado de maneira inacreditável na decisão de 2012.

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A disputa por medalhas acontece domingo. Antes de falar sobre os jogos em si, seus principais personagens e tal, segue um apanhado estatístico sobre o evento. #F4Glory:

17 – É a soma de títulos entre os quatro candidatos deste ano, com o Real puxando a fila, com oito, seguido por CSKA (seis) e Olympiakos (três). O Fenerbahçe luta pelo caneco pela primeira vez. O detalhe é que o Real não ganha a parada desde 1995, quando era dirigido por Zoc Obradovic, justamente o atual comandante do Fener.

16 – Os jogadores que já tiveram passagem pela NBA e que estão relacionados para os próximos quatro jogos. O clube que tem mais representantes nesse sentido é o CSKA Moscou, com Andrei Kirilenko (ele, mesmo), Nando De Colo (Spurs, Raptors), Demetris Nichols (Cavs, Bulls e Knicks), Sonny Weems (Raptors e Nuggets), e Victor Khryapa (Bulls, Blazers, alguém com quem a liga não teve paciência, infelizmente). Sempre com o asterisco de que nem sempre o selo da liga americana vale para alguma coisa no cenário europeu. Que o diga a dupla do Olympiakos Vassilis Spanoulis e Oliver Lafayette. Enquanto o genial armador grego foi desprezado de modo inacreditável por Jeff Van Gundy durante toda uma temporada em Houston, Lafayette, hoje da seleção croata, fez apenas uma partida em sua vida pelo Boston Celtics. Então o conceito de NBA é relativo: tanto Spanoulis merecia muito mais chances no time de Yao e T-Mac, como Lafayette passou batido por lá e só foi se desenvolver na Europa, mesmo.

AK 47 reencontra o Olympiakos após frustração em 2012

AK 47 reencontra o Olympiakos após frustração em 2012

15 – Levando em conta os atletas utilizados durante a campanha, o elenco dos quatro semifinalistas reúne 15 nacionalidades diferentes. A pátria com mais representantes numa Euroliga? Os Estados Unidos da América, claro, com um contingente de também 15 jogadores: Weems, Nichols, Aaron Jackson, Kyle Hines (CSKA); Andrew Goudelock, Ricky Hickman (Fenerbahçe); KC Rivers, Marcus Slaughter, Jaycee Carroll (Real Madrid); Brent Petway, Othello Hunter, Bryant Dunston, Lafayette e Tremmell Darden (Olympiakos). Os demais: 12 gregos, oito turcos, oito russos, quatro espanhóis, três sérvios, dois argentinos (nossos amigos Nocioni e Campazzo, ambos do Real). O resto aparece com um cada: Croácia, França, Lituânia, México, Bielorrússia, Geórgia, República Tcheca e Tunísia. Com a eliminação do Barça de Huertas, pelas quartas de final, e do Limoges de JP Batista, pela primeira fase), não restou nenhum brasileiro – no evento principal, no caso, pois nas finais do torneio juvenil, o Adidas Next Generation tournament, consta o pirulão Felipe dos Anjos, de 17 anos, pivô de 2,18 m do Real Madrid.

14 – Este é o 14º Final Four da carreira de Obradovic, o técnico do Fenerbahçe, com seis clubes diferentes, sendo o recordista disparado em ambos os quesitos. Em suas 13 tentativas anteriores, ganhou impressionantes oito títulos. Se fosse um clube, estaria empatado com o Real Madrid, o único octocampeão. Foi bem-sucedido com o Partizan Belgrado em 1992, o Joventut Badalona em 1994, o Real Madrid em 1995 e o Panathinaikos em 2000, 2002, 2007, 2009 e 2011. Tá bom? A única equipe que o sérvio falhou em levar ao F4 foi o Benetton Treviso, em 1998. Em termos de equipes, o CSKA Moscou é aquela que mais disputou as semis da Euroliga, chegando perto do título também em 14 ocasiões – no formato moderno, de 1988 para cá, já contando esta edição. Triunfou em 2005, 06 e 08. O Olympiakos tem dez aparições, enquanto o Real Madrid, oito. Entre os atletas, Victor Khryapa, um ícone do clube, chega ao seu décimo.

Zoc de novo, agora pelo Fener

Zoc de novo, agora pelo Fener

10 – Na revanche entre CSKA e Olympiakos, estarão presentes em quadra nove atletas que disputaram a histórica decisão de 2012, decidida com uma bola de Georgios Printezis no estouro do cronômetro. O próprio Printezis segue defendendo o clube grego, ao lado dos compatriotas Spanoulis, Vangelis Mantzaris e Kostas Sloukas. Pelo fronte russo, temos Kirilenko (que saiu e voltou, após passagens por Minnesota e Brooklyn), Khryapa, Teodosic, Sasha Kaun e Andrey Vorontsevich, além do pivô norte-americano Hines, que vive um momento especial, ou estranho, campeão há três anos e que virou a casaca.

7 – A Euroliga já anunciou as seleções da temporada. Dos 10 jogadores apontados, sete vão jogar o Final Four: Milos Teodosic (CKSA), Spanoulis (Olympiakos), Bjelica (Fenerbahçe) e Felipe Reyes (Real Madrid) no primeiro time, enquanto Nando De Colo (CSKA), Andrew Goudelock (Fener) e Rudy Fernández (Real) aparecem na segunda equipe. O gigante sérvio Boban Marjanovic, do Estrela Vermelha, completa o quinteto ideal, enquanto a segunda unidade conta ainda com o ala Devin Smith, do Maccabi Tel Aviv, e com o pivô croata Ante Tomic, do Barcelona.

Spanoulis, Teodosic, Bjelica, Reyes e Marjanovic

Spanoulis, Teodosic, Bjelica, Reyes e Marjanovic

6 – Os clubes da NBA possuem os direitos sobre meia dúzia de atletas dos quatro melhores clubes da temporada europeia. Caras que já foram draftados no passado, mas que ainda não cruzaram o Atlântico. São eles: Sasha Kaun (30 anos, CSKA/56º em 2008, pelo Cavs); Emir Preldzic (27 anos, Fenerbahçe/57º  em 2009, pelo Cavs, mas cujos direitos hoje pertencem ao Mavericks); Nemanja Bjelica (27 anos, Fenerbahçe/35º em 2010, pelo Minnesota Timberwolves); Bogdan Bogdanovic (22 anos, Fenerbahçe/27º pelo Suns, em 2014); Georgios Printezis (30, Olympiakos/ 58º em 2007, pelo Raptors, mas cujos direitos hoje pertencem ao Hawks; Sergio Llull (Real Madrid/34º pelo Rockets, em 2009).

 4 – A superpotência CSKA chega ao seu quarto Final Four consecutivo, tendo terminado em segundo, terceiro e quarto, respectivamente, nas últimas três edições. Após dois vice-campeonatos, o Real joga pela terceira vez seguida, enquanto o Olympiakos retorna após o bi de 2012 e 2013.

PS: O canal Sports+ transmite o Final Four da Euroliga com exclusividade. Estou nessa com a companhia dos chapas Ricardo Bulgarelli, Maurício Bonato e Rafael Spinelli.


Euroligado: que comecem as batalhas
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Giancarlo Giampietro

euroleague-playoffs-2014-15

A Euroliga abre nesta terça-feira sua fase de playoffs, sem grandes surpresas entre os oito finalistas. Agora o que isso quer dizer? Que a tendência é que tenhamos alguns confrontos bastante equilibrados na fase de quartas de final, com camisas de peso em quadra – são 31 títulos acumulados entre os participantes.

Mas obviamente não é só isso. Não adianta ter a sala cheia de troféus do passado. E os elencos que vão para a quadra nestes playoffs são, em geral, estelares. São 26 jogadores com experiência de NBA (sem contar os diversos atletas que já foram Draftados e eventualmente farão a transição), além de 29 atletas que disputaram a Copa do Mundo do ano passado.

(Embora aqui valha uma observação: há casos como o do armador americano-croata Oliver Lafayette, que disputou apenas uma só partida pelo Boston Celtics. A NBA está em seu currículo, fato. Mas quem vai dizer que isso significa mais do que todos os prêmios e títulos de uma lenda viva como Dimitris Diamantidis, que nunca pensou em jogar nos Estados Unidos? Enfim, a sigla é valiosa, mas não significa tudo na carreira de alguns caras.)

>> A cobertura da Euroliga 2014-2015 no VinteUm
>> A temporada europeia de Marcelinho Huertas

Nesta terça, a brincadeira começa com o CSKA e o Fener jogando em casa. Na quarta, entram os gigantes espanhóis em cena, também com mando de quadra. O Sports+, canal 228 da SKY, vai transmitir tudo com exclusividade. Vou comentar a primeira leva de jogos. Como gosta de dizer o companheiro Decimar Leite, é a melhor competição de basquete do mundo. Já que a NBA não conta.

Sem mais delongas, algumas observações sobre as séries:

CSKA MOSCOU X PANATHINAIKOS

– Títulos: 6 para cada um.
Passagem pela NBA: Nando De Colo, Sonny Weems, Andrei Kirilenko, Viktor Khryapa, Demetris Nichols (CSKA); Esteban Batista, DeMarcus Nelson, Antonis Fotsis, Gani Lawal (Panathinaikos).
Na Copa do Mundo: Milos Teodosic (CSKA). PS: a Rússia ficou fora, né? Em Londres 2012, 5 atletas do CSKA foram medalhistas de bronze; já o legendário Dimitris Diamantidis se aposentou da seleção grega.
Campanha: CSKA 22-2; Panathinaikos 12-12.

Como podemos notar pela discrepância entre as campanhas de ambos, dá para dizer que este deve ser o confronto menos equilibrado. Não duvido que pinte uma varrida para o clube moscovita, que só perdeu um jogo para Fenerbahçe e outro para Olympiakos – isto é, perdeu para quem podia, na fase Top 16. É um CSKA muito mais forte que o do ano passado, quando precisou do quinto jogo para despachar o mesmo Panathinaikos pelas quartas de final. É a única revanche aqui.

O time de Dimitris Itoudis chegou a vencer 15 partidas consecutivas nesta temporada. No geral, termina com o melhor aproveitamento da fase de grupos, com impressionantes 91,6%. Tem sido um trabalho excepcional do treinador grego, que, até o momento, perdeu apenas cinco partidas na temporada – as outras três aconteceram pela Liga VTB, o equivalente ao campeonato russo nesses dias, mas com participação especial de tchecos, letãos, estonianos e outro).

Está certo que o técnico tem um timaço ao seu dispor. Basta reparar com mais atenção nos nomes citados acima. É sempre um desafio pegar tantos jogadores de ponta e cuidar da química em quadra. Pegue um cara como Andrei Vorontsevich, por exemplo. O ala-pivô fez um grande campeonato. Na reta final, porém, teve de aceitar o retorno de Andrei Kirilenko, vindo da NBA, e de Victor Khryapa, recuperado de lesão. Apenas os principais nomes do basquete russo hoje, prontos para receber uma boa carga de minutos.

Desta forma, não deixa de ser curioso que o Panathinaikos, justamente o clube que deixou Itoudis escapar de seus domínios, vá agora testar suas habilidades de estrategista num mata-mata. Em Atenas, o grego foi braço direito de Zeljko Obradovic por 13 anos. Não se sabe se o clube grego permitiu sua saída sem muito esforço, ou se o treinador não tinha a intenção de seguir por lá depois de tanto tempo, mesmo que fosse o assistente.

O comandante da vez do Panathinaikos é o sérvio Dusko Ivanovic, bastante experiente e competente. Mas o treinador vai ter de fazer um dos melhores trabalhos de sua carreira para derrubar o CSKA, um time que tem mais velocidade, mais tamanho e mais elenco. Chumbo grosso. Para ter alguma chance, o time grego vai precisar defender demais e ainda converter seus arremessos de três pontos com um aproveitamento superior aos 37,6% que teve até agora – os russos mataram 41%. Pelo menos um entre os jovens Nikos Pappas e Vlantimir Giankovits também deve jogar em alto nível, para fortalecer a rotação de Ivanovic. Pappas, por exemplo, teve uma exibição incrível na melhor partida dos verdes na temporada, quando trucidaram o Real Madrid em Atenas. Duro é repetir esse padrão por pelo menos três partidas na série melhor-de-cinco.

Dimitris Diamantidis ainda tem um truque ou outro para oferecer como marcador, mesmo um passo mais lento. Isso se deve ao seu tamanho, envergadura e, claro, inteligência. Talvez seja o responsável por marcar Milos Teodosic, que faz a melhor Euroliga de sua vida. O sérvio, porém, não é a única força criativa no elenco dos russos. Nando De Colo também curte ótima fase, enquanto Sonny Weems, refugo do Denver Nuggets e do Toronto Raptors, se fixou com um dos grandes alas do basquete europeu. Para não falar do arranque do armador Aaron Jackson.

FENERBAHÇE X MACCABI TEL AVIV

Títulos: 6 para Maccabi, 0 para Fener.
Passagem pela NBA: Andrew Goudelock, Semih Erden, Jan Vesey (Fener); Jeremy Pargo, Joe Alexander (Maccabi).
Na Copa do Mundo: Bogdan Bogdanovic, Nemanja Bjelica, Emir Preldzic, Oguz Savas, Luka Zoric, Nikos Zisis (Fener).
Campanha: Fener 19-5; Maccabi 16-8.

No papel, também é difícil de imaginar o Maccabi fazendo frente ao Fenerbahçe. Por outro lado, este embate talvez sugira aquele debate de sempre sobre o peso da tradição num mata-mata. É muito simples dizer, por exemplo, que no ano passado o Olimpia Milano fraquejado contra os israelenses, caindo nesta mesma fase e abrindo caminho para o título da equipe então dirigida por David Blatt.

Que Blatt tenha acertado sua rotação externa, encontrando o papel ideal para o tampinha Tyrese Rice, que os veteranos Guy Pnini e David Blu tenham esquentado a mão nos arremessos de três pontos e qualquer outra sacada tática parecida não importar. Porque é sempre mais fácil falar de coragem, coração, garra – ou, claro, de amarelar, porque é sempre mais prazeroso, hoje em dia, detonar alguém.

De qualquer forma, o Fener realmente entra pressionado – apenas o Real Madrid tem responsabilidade maior. O clube investe demais há pelo menos três anos para tentar ser o primeiro clube turco a enfim conquistar a Euroliga. Esse é um fator que não pode ser subestimado. Considere que a maior companhia aérea do país é o principal patrocinador da competição. A primeira barreira, no entanto, já foi rompida: a equipe não disputava os playoffs há sete anos.

Foi para isso que eles contrataram Obradovic, o técnico com o assombroso currículo de oito títulos continentais. O sérvio teve carta branca para contratar quem bem entendesse, incluindo o armador Nikos Zisis já durante a temporada. Com o grego no seu elenco, o time ganhou estabilidade e consistência. Especialmente em jogos mais cadenciados. Sua presença se tornou ainda mais importante depois da lesão de Ricky Hickman – justamente o armador ex-Maccabi, o único atleta do elenco que já ergueu a taça. A despeito de o elenco ser caríssimo, a rotação de armadores ficaria seriamente comprometida sem ele. Ainda assim, o jovem Kenan Sipahi, de apenas 19 anos, ainda terá seus nervos testados aqui e ali. Se não estiver bem, é de se imaginar que o faz-tudo Emir Preldzic, um ala de 2,06 m, e Bogdan Bogdanovic conduzam a bola para dar um descanso ao titular.

O Fener continua tendo muita versatilidade em seu jogo. Tem pivôs altos, fortes e rodados como Savas e Erden para trombar com Sofoklis Schortsanitis e também tem espigões flexíveis como Jan Vesely e Nemanja Bjelica, que deverão fazer duelos interessantíssimos com Alex Tyus, Joe Alexander (aquele, ex-Bucks e Bulls) e Brian Randle, três dos homens de garrafão mais explosivos do campeonato. Bjelica merece uma vaga no quinteto ideal da competição, com um empenho notável nos rebotes, para não falar de toda a sua versatilidade no ataque.

Para o Maccabi, a corrida parece o melhor caminho, mesmo. Espaçar a quadra e procurar definições rápidas antes que a agora poderosa defesa turca se estabeleça. Para isso, depende bastante da criatividade e do temperamento do armador Jeremy Pargo. O torcedor do Flamengo se lembra dele, né?

A questão é que o americano perdeu muito do seu rendimento no decorrer da temporada. Por vezes, tenta o lance mais difícil e se atrapalha. Obviamente, o clube israelense espera contar mais com seus altos (quando está agredindo as defesas, invadindo o garrafão e servindo aos pivôs) do que os baixos (quando força a barra nos arremessos de três pontos e ignora os companheiros de modo inexplicável, uma vez que acerta apenas 28% dos chutes de fora). Num duelo com Andrew Goudelock, um cestinha muito mais qualificado, pode se perder caso queira “ralar” em quadra.

Outro embate interessante deve acontecer entre o jovem Bogdan-Bogdan e o veterano Devin Smith, um dos destaques do campeonato. Aos32 anos, o americano disputa a sua melhor Euroliga e teve seu contrato renovado até 2018. Na atual configuração do clube, é um dos poucos remanescentes da rotação que ganhou o título ano passado, ao lado de Schortsanitis, Tyus e do sempre regular Yogev Ohayon. E chega aos mata-matas com a confiança lá em cima, após ter anotado 50 pontos nas últimas duas rodadas para classificar o Maccabi. O ala-armador sérvio, contudo, tem muita personalidade e talento para lhe fazer frente.

A torcida em Tel Aviv está acostumada com grandes e tensas batalhas. A de Istambul, no basquete, nem tanto. Se o Fener perder um dos dois primeiros jogos, como vai reagir? Se depender de seu retrospecto como visitante, não será problema: o clube venceu 10 de 12 partidas fora, ficando cinco meses invicto nessas condições.

BARCELONA X OLYMPIAKOS

– Títulos: 3 Olympiakos, 2 Barça.
Passagem pela NBA: Juan Carlos Navarro, Maciej Lampe, Bostjan Nachbar (Barça); Othello Hunter, Vassilis Spanoulis, Oliver Lafayette (Olympiakos).
Na Copa do Mundo: Alejandro Abrines, Edwin Jackson, Mario Hezonja, Marcelinho Huertas, Ante Tomic, Navarro (Barça); Kostas Sloukas, Vangelis Mantzaris, Georgios Printezis, Lafayette (Olympiakos).
Campanha: Barça 20-4; Olympiakos 18-6.

Do ponto de vista brasileiro, a prioridade aqui é monitorar o desfecho de temporada de Marcelinho Huertas, que foi para o banco do jovem Tomas Satoransky em fevereiro e viu sua produção despencar desde então. Nas últimas oito rodadas, o brasileiro anotou 33 pontos e distribuiu 26 assistências. Seja por baixa confiança ou devido a problemas físicos, acertou nestes mesmos jogos apenas 8 em 22 arremessos de dois pontos e 4 em 22 de longa distância. Individualmente, talvez seja sua pior fase com a camisa blaugrana. Contraditoriamente, depois de ter jogado muito na virada da primeira fase para o Top 16.

A queda de rendimento do antigo titular, porém, não abalou o sistema ofensivo do clube catalão que venceu todas essas oito partidas e só não atingiu a casa de 80 pontos no triunfo sobre o Estrela Vermelha (77 a 73). Com Satoransky, Xavier Pascual ainda ganha um defensor mais ágil e mais comprido em seu perímetro, resguardando Juan Carlos Navarro. Isto é: fica difícil de imaginar uma alteração aqui. Quer um resumo de como foi a temporada do brasileiro?

A grande atuação de Huertas contra o Fenerbahçe

Huertas vai reagir nos playoffs?

Caberá muito provavelmente ao tcheco e ao americano Brad Oleson, aliás, a grande missão da série: brecar Vassilis Spanoulis. Afinal, a importância do armador grego para sua equipe já se tornou um mantra da Euroliga: o Olympiakos só vai até onde o astro puder carregá-lo. Pelo segundo ano seguido, no entanto, o clube de Pireus vê sua grande referência chegar aos mata-matas longe de sua melhor forma. Está afastado das quadras desde o dia 13 de março, mas treinou por uma semana e vai para o jogo em Barcelona. A questão é saber qual o seu estado físico. Terá estabilidade e explosão para coordenar o jogo de pick-and-roll que faz tão bem? Todo o sistema ofensivo depende de seu talento para isso. A ideia é que ele quebre a primeira linha defensiva e vá lá dentro para atacar a cesta, municiar seus pivôs atléticos ou abrir a bola na zona morta para o tiro de três.

Se não conseguir ganhar o garrafão, Spanoulis acaba virando um mortal – ainda com um arremesso perigoso e boa visão de quadra, mas um mortal. Nesse cenário, cresce a relevância do americano-belga Matt Lojeski, um grande chutador (46,3% de três), que deveria até mesmo ser mais envolvido no plano de jogo da equipe. Oliver Lafayette, mais um armador americano-croata, também teria maior responsabilidade, uma vez que Kostas Sloukas não curte seu melhor momento. Fica aqui, de qualquer forma, pelo bem do basquete, a torcida para que o camisa 7 alvirrubro esteja bem. Afinal, pode ser um dos seus últimos duelos com “La Bomba”. Navarro e ele ocupam, respectivamente, as primeira e terceira posições no ranking de cestinhas da Euroliga.


A chave para o Olympiakos parece estar nessa turma de perímetro, mesmo. Que eles conseguirem um rendimento superior ao de seus concorrentes. No garrafão, a despeito da instigante diferença de perfis a estatura, técnica e leveza de Ante Tomic e Tibor Pleiss e a velocidade, força física e impulsão de Bryant Dunston e Othello Hunter, o Barça deve levar vantagem. A tendência é a de jogos amarrados, decididos em meia quadra. O Olympiakos teve a segunda melhor defesa do campeonato, enquanto o Barça teve a quinta.

REAL MADRID X ANADOLU EFES

– Títulos: 8 para Real Madrid, 0 para Anadolu
– Passagem pela NBA: Rudy Fernández, Andrés Nocioni, Sérgio Rodríguez, Gustavo Ayón (Real); Nenad Krstic, Stephane Lasme (Anadolu).
– Na Copa do Mundo: Fernández, Nocioni, Rodríguez, Ayón, Ioannis Bourousis, Sérgio Lllull, Felipe Reyes, Facundo Campazzo, Jonas Maciulis (Real); Cedi Osman, Krstic, Thomas Heurtel, Dario Saric (Anadolu).
– Campanha: Real 19-5; Anadolu 12-12.

Os dois times já haviam se enfrentado na primeira fase, com uma vitória para cada lado. A diferença é que o Anadolu pastou para vencer em seu ginásio, por 75 a 73, com cesta da vitória em tapinha no último segundo de Matt Janning, enquanto, na volta, os espanhóis arrasaram: 90 a 70.


o clube espanhol, basicamente, é aquele que joga mais pressionado. Não só por ser o maior vencedor do campeonato europeu de basquete, com oito títulos, e não levantar uma taça desde 1995, mas também pelo fato de ter perdido as últimas duas e finais e, principalmente, por saber que Madri é a sede do Final Four deste ano. Imagine o desespero merengue num caso de eliminação? Tão questionado – de modo injusto, ao meu ver –, o técnico Pablo Laso não pode nem pensar nisso.

Algo vital: cuidar para que Rudy Fernández esteja inteiro e saudável para o confronto. O genioso e talentoso ala lesionou as costas em jogo contra o Zaragoza e não vai nem enfrentar o Barça no Superclássico de domingo. Se Sergio Rodríguez foi o MVP da temporada passada, na atual é Rudy quem tem dado as cartas pelo time, atacando com eficiência (12,8 pontos, 38,4% nos arremessos de três, 3,3 assistências x 1,3 turnover) e ajudando ainda mais na defesa, pressionando as linhas de passe com muito perigo. Ao dos Sérgios, promovem um abafa no perímetro, buscando a tomada de bola e a saída em velocidade. O Real perdeu Nikola Mirotic, mas ainda é muito eficiente no contra-ataque.

Controlar os turnovers é algo fundamental para o Anadolu de Dusan Ivkovic. Se o jogo fugir do controle, um abraço. O que pega é que o Real também tende a levar a melhor no jogo interior. Quer dizer: tudo vai girar em torno de Nenad Krstic, o veterano do Anadolu que vive excelente momento. Se o sérvio mantiver o pique e não se complicar com faltas, pode até inverter esse panorama. Do contrário, não haverá como competir com as numerosas opções madridistas – outro time que possui pivôs para todos os gostos (Bourousis é alto, forte e chuta de fora; Ayón é dos jogadores mais inteligentes que você vai encontrar em quadra e faz um pouco de tudo, e o mesmo pode ser dito sobre Reyes; Slaughter e Mejri entregam capacidade atlética e vigor).

Rudy Fernández, o líder do Real 2014-2015: mais basquete, menos teatro

Rudy Fernández, o líder do Real 2014-2015: mais basquete, menos teatro

Stephane Lasme pode ter feito boa partida contra o Fener na última rodada, mas claramente não é o mesmo jogador dos tempos de Panathinaikos, com mobilidade reduzida. O jovem Dario Saric, em seu primeiro campeonato de ponta, será testado por Gustavo Ayón e Andrés Nocioni – bons duelos para o Philadelphia 76ers observar. Milko Bjelica vai bem no ataque, com sua capacidade para colocar a bola no chão e atacar o aro, mas não tem muita disposição para os embates defensivos.

O pivô sérvio, ex-CSKA, Thunder, Celtics e Nets, vem com média de 14,6 pontos nas últimas seis rodadas, se tornando a referência ofensiva. Isso, aliás, representa quebra no padrão apresentado até então pelo clube turco, uma vez que, no geral, o ala grego Stratos Perperoglou ainda é o cestinha, com apenas 10,6 pontos. Essa quantia ínfima reforça a noção de uma equipe equilibrada, com diversas opções. Um time perigoso, mas sem tanto poder de fogo também.

Levou um tempo para o armador Thomas Heurtel se entrosar com seus novos companheiros, o que é natural: ele se transferiu do Laboral para o Anadolu em meio ao campeonato. O reforço vai precisar chegar ao auge, mesmo, contra Rodríguez e Llull, dois dos melhores armadores da Europa, que atazanam a vida de qualquer um no ataque e na defesa. Para tanto, conta com a ajuda de Dontaye Draper, ex-Real, ganha uma motivação a mais para ajudar seu companheiro francês. É um excelente defensor e conhece os rivais como poucos. Também por isso, sabe que tem uma tarefa ingrata pela frente. A dupla orquestra o ataque mais solidário da história da Euroliga, com 22,0 assistências em média por partida.

O Anadolu chega aos playoffs capengando, precisando de uma ajudinha do Unicaja Málaga até. Ninguém vai subestimar as capacidades de Ivkovic numa situação dessas. Mas admito que me espantaria ver o Real fora do Final Four. No retrospecto, o clube espanhol venceu 13 dos últimos 14 confrontos.


Euroligado: status quo nas quartas de final
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Giancarlo Giampietro

Devin Smith: 28 pontos (7/10 de três) e 7 rebotes para garantir o Maccabi em Berlim

Devin Smith: 28 pontos (7/10 de três) e 7 rebotes para garantir o Maccabi em Berlim

No final, depois de uma boa dose de suspense, a Euroliga chega aos seus playoffs com oito equipes tradicionalíssimas. Oito equipes que qualquer apostador talvez pudesse acertar sem problemas caso registrasse seus palpites no início da temporada. Não houve espaço para surpresas, de fato. Pelo Grupo E, passaram, pela ordem: Real Madrid, Barcelona, Maccabi Tel Aviv e Panathinaikos. Pelo Grupo F, tivemos CSKA Moscou, Fenerbahçe, Olympiakos e Anadolu Efes.

O cruzamento é o tradicional, agora: primeiro contra quarto, segundo contra terceiro, tendo mando de quadra os cabeças-de-chave 1 e 2. Dá o seguinte:

Real x Anadolu
Barça x Olympiakos
CSKA x Panathinaikos
Fener x Maccabi

Só jogaços, mesmo. Difícil até escolher qual a série mais intrigante. A princípio, talvez Barça x Olympiakos. Mas qualquer uma dessas séries pode chegar ao quinto e derradeiro jogo tranquilamente. Ou melhor: nem tão tranquilo assim, né? Com muito estresse para ambas as torcidas.

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Juntos, os oito finalistas somam 31 títulos continentais. Os únicos que não venceram a competição são Fenerbahçe e Anadolu Efes, a dupla turca. Isso pode apontar uma “falta de tradição” em suas camisas, é verdade. Mas não se iludam: são dois dos maiores orçamentos da Europa. Orçamento que valeu para tirar do ostracismo as mentes geniais dos sérvios Zeljko Obradovic e Dusan Ivkovic, técnicos que, por conta própria, somam dez troféus. São oito para “Zoc” e dois para o “Duda”, o aprendiz e o mentor, comandantes respectivamente de Fener e Anadolu.

Como chegamos aqui?

Bem, havia três vagas em aberto na última rodada, vocês sabem. No Grupo E, Maccabi e Panathinaikos se garantiram depois de o clube israelense ter vencido o Alba Berlin, fora de casa, por 73 a 64. Os visitantes, atuais campeões, controlaram o placar praticamente o jogo inteiro, mas tiveram de suar para assegurar o triunfo no quarto final. A quatro minutos do fim, a vantagem era apenas de três pontos. Foi aí que o ala Devin Smith desequilibrou as ações, com chutes de longa distância. O americano, que teve seu contrato renovado, será daqueles que, ao se aposentar, vai poder se estabelecer em Tel Aviv, caso queira, e virar dirigente/embaixador do clube.

Estrela está fora, mas se despede fazendo festa com sua torcida fanática

Estrela está fora, mas se despede fazendo festa com sua torcida fanática

Com o resultado, o Panathinaikos foi para a quadra em Belgrado já classificado. Ufa! Pois, no que dependia de seus próprios esforços, as coisas poderiam ter complicado: os gregos perderam para o jovem e eliminado Estrela Vermelha por 69 a 68. Tivesse o Alba vencido, e o revés na capital sérvia teria resultado em sua eliminação. Mas, ok, damos um desconto aos verdes: a sensação de relaxamento é inevitável – mesmo que eles tenham batalhado até o final da partida e saíram derrotados.

Foi mais uma grande exibição de Boban Marjanovic, com 12 pontos, 16 rebotes e 3 assistências. O gigante sérvio deveria receber o prêmio de MVP do campeonato – mas talvez fique para trás na votação devido ao fato de sua equipe ter parado no Top 16. Resta saber se o Estrela Vermelha vai conseguir manter sua base para a próxima temporada. Marjanovic, Nikola Kalinic (14 pontos e 4 rebotes), Luka Mitrovic (11 pontos, 8 rebotes, 6 assistências e 3 roubos de bola) e Jaka Blazic (11 pontos) são todos caras de muito futuro e que vão certamente chamar a atenção dos clubes mais ricos – ou mesmo da NBA.

Pelo Grupo F, somente a quarta vaga esteve em jogo, e o Anadolu precisou de uma tremenda força do Unicaja Málaga para evitar um vexame. Por mais que Ivkovic anunciasse que seu elenco estava sendo moldado para lutar pelo título daqui a um ano, cair na segunda fase seria um fiasco indiscutível.

No clássico turco, seu time foi derrotado pelo Fenerbahçe por 83 a 72. Foi um duelo muito parelho. O Fener, jogando em casa, abriu 11 pontos no primeiro quarto. Mas o Anadolu chegou a assumir a liderança, por 61 a 59, no quarto período. Acontece que os cestinhas Andrew Goudelock (24 pontos em 26 minutos, sensacional, acertando quase tudo que atirou para a cesta) e Bogdan Bogdanovic, nosso estimado Bogdan-Bogdan, (17 pontos) desequilibraram nos minutos finais. Para anotar: este foi o 37º duelo entre times dirigidos por Obradovic e Ivkovic. “Zoc”, que já foi armador de Ivkovic em seleções iugoslavas dos anos 80, agora leva a melhor no retrospecto, num retrospecto equilibradíssimo: 19 x 18.

Com isso, o Laboral Kutxa tinha a chance de completar sua reação minutos mais tarde. Mas o Málaga de Joan Plaza, lanterna da chave, mostrou caráter e competitividade diante de seus torcedores, vencendo por 93 a 84. O líder da Liga ACB controlou o placar do início ao fim. Ryan Toolson, sobrinho de Danny Ainge, marcou 17 pontos e comandou um ataque solidário, que teve todos os seus 12 jogadores relacionados fazendo ao menos uma cesta. Em grande fase, o ala-armador francês Fabien Causuer somou 21 pontos, 7 rebotes, 2 assistências e 2 roubos de bola em vão. Tivesse vencido, o clube basco avançaria.

Veja as 10 melhores jogadas da fase Top 16:


Euroligado: muito aperto, Real x Barça e a queda do invicto
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Giancarlo Giampietro

Rudy Fernández foi o MVP da rodada. Mais que merecido

Rudy Fernández foi o MVP da rodada. Mais que merecido

É, amigos, haaaaaja coração, expressaria o Galvão.

Foi uma semana de infartar na Euroliga, a 16ª da competição continental, e a sexta em sua segunda fase, o Top 16. A semana mais especial da temporada, sem dúvida. Das oito partidas disputadas, quatro foram decididas por três pontos ou menos no placar, enquanto outras três a vantagem do time vencedor não superou a barreira dos nove pontos, com direito, aqui, a um triunfo do Olypiakos sobre o CSKA Moscou, por 85 a 76, encerrando a invencilidade. A única sacolada? Foi justamente no superclássico espanhol, com o Real Madrid atropelando o Barcelona por 97 a 73, em casa. Alguns pitacos, então:

– Começando pelo duelo Real x Barça, o terceiro desta temporada 2014-2015. Cada um dos arquirrivais havia vencido uma vez, e os merengues levaram esse primeiro tira-teima com autoridade. Rudy Fernández jogou uma barbaridade. O ala primeiro deu o tom de uma defesa pressionada que desestabilizou o jogo exterior de um oponente que já não contava com Juan Carlos Navarro e Brad Oleson. O abafa permitiu que sua equipe jogasse em transição, do modo como adora fazer. Quando o Real encaixa seu contra-ataque, já deu para perceber que a atual configuração do Barcelona simplesmente vai comer poeira. Os catalães simplesmente não conseguem acompanhá-los – em contrapartida, numa partida mais truncada, de meia quadra, tendem a levar a melhor graças ao poderio de Ante Tomic. Rudy marcou demais e brilhou também no ataque, somando 22 pontos, 9 rebotes, 5 assistências e 3 roubos de bola em apenas 28 minutos. Os dois Sergios, Rodríguez e Llull, acompanharam o ritmo e acumularam 34 pontos e 10 assistências, dando um trabalho danado a Marcelinho Huertas, que se despediu de quadra com oito pontos e seis turnovers em 23 minutos. A única nota positiva para o Barça foi o desempenho do jovem Mario Hezonja, com 22 pontos em 28 minutos, matando cinco bolas de três pontos. O garoto de 19 anos, da Croácia, está com a confiança lá em cima. Veja alguns dos melhores momentos da partida que transmiti ao lado de Mauricio Bonato pelo Sports+:

– O desfecho mais polêmico valeu para Galatasaray 94 x 97 Maccabi Tel Aviv, definido na prorrogação. A equipe turca não se conforma com um toco do pivô Alex Tyus, do Maccabi, para cima do armador Erden Arslan, a seis segundos do final do tempo extra. Para eles, se tratou de uma bola claramente na descendente. A arbitragem validou o bloqueio. Em release divulgado na sequência, o Galatasaray escreve com todas as palavras: “A vitória nos foi roubada injustamente”. Confira o lance o vídeo abaixo – é um lance muito difícil, mesmo em slow… Ainda acho que a arbitragem acertou em sua marcação, todavia. Detalhe: com quatro segundos restantes no quarto período, o ala-pivô sérvio Zoran Erceg desperdiçou um lance livre que já poderia ter dado o triunfo ao clube turco, que teve uma grande reação na parcial. Outra: mesmo que a bola de Arslan tivesse caído, o Maccabi ainda teria a posse de bola e Jeremy Pargo poderia ter feito, da mesma forma, sua cesta heróica. Por fim: o técnico Ergin Ataman, que tanto protestou em quadra e durante a coletiva, não recebe salário há sete meses (se-te!!!!!!!) e estuda rescindir seu contrato, cansado de promessas não cumpridas. Já destacamos aqui que o Gala perdeu três jogadores ao final da primeira fase por conta de problemas de pagamento. Antes de atacar a organização da competição por um lance no máximo duvidoso, poderiam cuidar de suas próprias dívidas, né?

– Limitado a apenas dois pontos em derrota para o Anadolu Efes, Vassilis Spanoulis reagiu ao seu melhor estilo ao marcar 19 no importantíssimo triunfo do Olympiakos sobre o CSKA, que encerra sua sequência vitoriosa na Euroliga em 15. Os dois times agora estão empatados na liderança do Grupo F – terminar na liderança pode ser algo essencial, dependendo, claro, da classificação do Barcelona, que hoje está justamente em quarto do outro lado da chave e cruzaria com o líder aqui. Mas a expectativa é que o clube espanhol reencontre o rumo no segundo turno do Top 16 e consiga, pelo menos, ultrapassar o Panathinaikos na tabela e, quiça, o Maccabi, que está empatado com o Real na ponta (5-1). Em casa, os gregos perderam o primeiro quarto por 17 a 11, mas conseguiram assumir o controle do placar já no segundo período (vencido por 32 a 20). A estratégia foi não dar espaço algum para Milos Teodosic nas jogadas de pick-and-roll, cortando o mal pela raiz: os ágeis pivôs como Dunston e Hunter dobravam para cima do armador, sem tirando o arremesso e a linha de passe, num empenho irrepreensível. Do outro lado, também procuraram explorar as deficiências defensivas do sérvio sempre que possível – fez falta, então, para os russos o americano Aaron Jackson. Não há mais invictos agora na Euroliga.

– Na derrota custosa para o Zalgiris Kaunas, por 70 a 68, em casa, o Estrela Vermelha errou todos os 19 arremessos que tentou de três pontos. Todos, mesmo, inclusive o último, com o armador Marcus Williams buscando a consagração na última bola. Os caras já haviam desperdiçado 18 chutes de longa distância e ainda assim foram para a bola matadora. Peserverança: a gente se vê por aqui. O americano, aliás, errou cinco disparos, deixando seu aproveitamento na temporada cair para 30,1%. Tá ok! Seu compatriota Charles Jenkins desperdiçou outras quatro. Ao menos, tantos erros proporcionaram 17 rebotes ofensivos no geral para o time e mais um double-double de Boban Marjanovic, o último dos dinossauros, que marcou 17 e 10 em 27 minutos. O engraçado é que os visitantes lituanos acertaram apenas 3 bolas de três na partida. Mas só em 14 tentativas. James Anderson fez 22 pontos para eles.

– Se não há mais invictos, também temos agora ao menos uma vitória para cada participante do Top 16. O lanterninha Unicaja Málaga foi o que mais demorou para comemorar, batendo o Nizhny Novgorod por 85 a 76. O armador Jayson Granger, um jogador que cresceu demais nos últimos dois anos, fez 29 pontos em 25 minutos, acertando 9 de 13 arremessos de quadra e 9 de 10 lances livres. Pouco eficiente o uruguaio, né?

Devido ao adiantado da hora, a sessão vai ter um texto mais econômico hoje, ok?


Euroligado: oscilações acontecem, mas CSKA é uma constante
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Giancarlo Giampietro

Andrey Vorontsevich fecha a porta na cara de Tarence Kinsey

Andrey Vorontsevich fecha a porta na cara de Tarence Kinsey

O Top 16 da Euroliga vai se apresentando de maneira bem traiçoeira, com altos e baixos para todos os envolvidos. Menos para o CSKA Moscou, quer dizer. O clube russo se mantém como uma constante em vitórias e invencibilidade, mesmo quando oscila um pouco: na quinta semana da segunda fase, alcançou sua 15ª consecutiva ao derrotar o conterrâneo Nizhny Novgorod por 103 a 95, na prorrogação.

A cinco minutos do fim, parecia que estava tudo tranquilo para o gigante moscovita no confronto, vencendo por 11 pontos. Permitiu, contudo, uma recuperação para o emergente clube russo, precisando jogar um tempo extra para triunfar e ser o , com Milos Teodosic (25 pontos) cumprindo novamente com seu papel de finalizador em momentos de pressão. O CSKA agora é o único invicto nesta segunda etapa da competição continental.

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Isso porque o Olympiakos foi oprimido pelo Anadolu Efes de seu ex-mentor, Dusan Ivkovic, que deu uma aula de defesa, ao passo que o Real Madrid reencontrou o Maccabi Tel Aviv pela primeira vez desde a histórica final da temporada passada e saiu mais uma vez derrotado naquele que foi o…

O jogo da rodada: Maccabi Tel Aviv 90 x 86 Real Madrid
Boa parte das bases finalistas em 2014 estão mantidas, mas não dá para dizer que elas sejam as mesmas equipes. Ambas caíram,  principalmente o Real Madrid, que foi o melhor time europeu no último campeonato – isto é, até a decisão. Os espanhóis perderam muito em velocidade e capacidade atlética com a saída de Nikola Mirotic e Tremmell Darden. Ficaram mais vulneráveis na defesa e menos explosivos no ataque.

Mais toco: agora de Brian Randle contra Sérgio Rodríguez

Mais toco: agora de Brian Randle contra Sérgio Rodríguez

Ainda assim, têm um forte conjunto, com chances de ser campeão e capaz de abrir uma vantagem de nove pontos em Tel Aviv no primeiro tempo: 54 a 46. Na segunda etapa, porém, tomaram a virada, sendo derrotados por 12 pontos. O sistema defensivo do Real não conseguiu conter nem as infiltrações de Jeremy Pargo e MarQuez Haynes (tal como haviam sofrido com Tyrece Rice e Ricky Hickman no clássico anterior, perdendo o título), nem o jogo interior do peso-pesado Sofoklis Schortsanitis. Pargo deu nove assistências e só descansou 1min40s. O Baby Shaq grego também jogou mais que o normal: 28 minutos, o dobro de sua média na temproada, e somou 17 pontos e 8 rebotes.

No ataque, o trio Llull-Rodríguez-Fernández combinou para apenas 20 pontos e 8/24 nos arremessos, prevalecendo aqui a retaguarda do Maccabi, orientada por Guy Goodes a fazer a troca a cada corta-luz. O time israelense podia intensificar essas mudanças de marcação especialmente nos minutos em que Schortsanitis estava no banco, apostando na agilidade do restante de seus pivôs (Alex Tyus, Brian Randle e Joe Alexander, reforço para o Top 16 que não desperta boas lembranças no torcedor do Milwaukee Bucks). Felipe Reyes foi o único merengue a brilhar em Tel Aviv, com 20 pontos, 11 rebotes e 3 assistências, atingindo índice de eficiência de 35, que lhe valeria o prêmio de MVP da jornada, não tivesse sua equipe perdido.

Llull ao menos converteu uma cesta de três a menos de 20 segundos do fim para deixar o Real a dois pontos do Maccabi. De imediato, os visitantes fizeram falta em Alexander, parando o cronômetro e botando o americano em uma situação supostamente desconfortável no lance livre. Um dos fiascos do Draft de 2008, recuperado de diversas cirurgias vindo da D-League da NBA, o americano não se abalou com a pressão e matou seus dois chutes para selar a vitória.

Na trilha de Huertas
O brasileiro não precisou fazer muito em vitória de recuperação para o Barcelona sobre o Zalgiris Kaunas, por 89 a 72, em casa. Foram dois pontos, seis assistências e cinco rebotes para o armador, que errou todos os seus seis arremessos de quadra, em 21 minutos. Num jogo tranquilo, Xavier Pascual nem deu bola, podendo preservar seus principais atletas. No finalzinho, o técnico ainda tirou do banco o ala Emir Sulejmanovic, de 19 anos, de quem se espera muito na base do gigante catalão. Pascual, todavia, podia ter dado mais que 10 segundos para esse jogador que defendeu as seleções menores da Finlândia, mas vai jogar pela Bósnia-Herzegovina daqui para a frente. Uma das assistências de Huertas, de qualquer forma, poderia ter valido por, no mínimo, duas:

Veja a classificação geral do Top 16
Confira os resultados e estatísticas

Olho nele: Davis Bertans (Laboral Kutxa)
Alô, #SpursBrasil. Draftado por RC Buford em 2011, na 42ª posição, o ala está devidamente recuperado de uma cirurgia no joelho e vem recebendo extenso tempo de quadra nesta Euroliga, como titular do clube basco aos 22 anos. Com 2,08 m e um excelente arremesso, Bertans faz os olheiros profissionais salivarem há um tempão. Na vitória por 102 a 83 sobre o decepcionante Olimpia Milano, a revelação letã marcou 19 pontos em 16 minutos, castigando a defesa italiana com seu chute de fora (4-5 nos disparos para três pontos e 6-7 no geral). O problema é que o jovem jogador tende a estacionar no perímetro e forçar muito a barra nas bolas de longa distância, quando está claro que tem fluidez para fazer mais que isso. Pode ser muito mais que um clone magro de Matt Bonner.

Em números
7.000 – Dimitris Diamantidis ultrapassou a casa de 7 mil minutos de tempo de quadra na Euroliga, aproveitando-se das lesões recentes de Juan Carlos Navarro para assumir mais um recorde em sua carreira no basquete continental – ele já é o líder no ranking de assistências e roubos de bola. Ao todo, o legendário armador do Panathinaikos disputou 239 partidas do campeonato, empatando com seu ex-companheiro de clube e seleção Kostas Tsartsaris. Navarro jogou 266 vezes e segue em atividade, enquanto mais uma lenda grega, Theo Papaloukas, aposentado, tem 252. Para Diamantidis, o principal foi comemorar com mais uma vitória, e fácil, sobre o Galatasaray por 86 a 77, em casa. Ele fez uma de suas melhores partidas da temporada, com 14 pontos, 6 assistências e 5 rebotes, em 27 minutos.

1.288 – Na derrota para o Maccabi, Felipe Reyes, ícone do Real, se tornou o maior reboteiro da história da Euroliga, ultrapassando o talentoso e polêmico turco Mirsad Turkcan, primeiro de seu país a jogar pela NBA (em tímida passagem por New York Knicks e Milwaukee Bucks de 1999 a 2000, é verdade) e figura que liderou a competição nesse fundamento em três temporadas.

34 – Foi o índice de eficiência de Ante Tomic no triunfo do Barça, valendo mais um prêmio de MVP. O pivô croata somou 16 pontos, 9 rebotes, 5 assistências e 2 tocos, em 24 minutos de perfeição ofensiva (6-7 nos arremessos, 6-6 nos lances livres, nenhum turnover).

2 – O Anadolu Efes conseguiu algo impensável: limitar Vassilis Spanoulis a míseros dois pontos na vitória sobre o Olympiakos por 84 a 70. É até difícil de qualificar este feito. O armador jogou por 27 minutos e simplesmente não encontrou o rumo da cesta, errando todos os seis arremessos que tentou e terminando com três turnovers e apenas uma assistência. Tudo isso resultou num calamitoso índice de -5 na eficiência. Sua menor pontuação na temporada havia sido 9, contra o Laboral Kutxa e o Olimpia Milano. Mérito em quadra para os americanos Matt Janning e Dontaye Draper, que dividiram a responsabilidade de perseguir o astro e fizeram um trabalho excepcional de carrapato. Os grandalhões Stephane Lasme, Nenad Krstic e Dario Saric também ajudaram nessa, compondo sempre um paredão duplo para cima de Spanoulis, quando este chamava o corta-luz, ficando invariavelmente encurralado. Do ponto de vista de posicionamento tático e dedicação em quadra, foi uma aula de defesa do Anadolu no segundo tempo, com a orientação do professor Ivkovic, que foi, também, duas vezes campeão pelo clube grego (1997 e 2012). No ataque, apenas um anfitrião não pontuou: o caçula Furkan Korkmaz, ala-armador de apenas 17 anos.

As 10 jogadas da semana


Euroligado: Spanoulis e sua fama de matador
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Giancarlo Giampietro

O craque Spanoulis matando jogos

O craque Spanoulis matando jogos

Se você tem um jogo dificílimo na Euroliga, precisando de uma cesta de qualquer jeito, você vai querer a bola nas mãos de quem para buscar a vitória?

Quando questionados pelo site da Euroliga, os gerentes gerais dos times do Top 16 apontaram Vassilis Spanoulis como esse jogador. Ele recebeu 41,6% dos votos, contra 25% de um cara como Juan Carlos Navarro, que mete medo em qualquer defesa. Milos Teodosic ficou em quarto, com apenas 8,3%, o que é surpreendente.

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Contra o Fenerbahçe, nesta sexta-feira, o astro grego comprovou a fama. Ele não fez necessariamente A Cesta da Vitória, aquela no estouro do cronômetro, e tal, virando o placar. Mas foi um de seus chutes de três, a 17s8 do fim, que praticamente selou um grande triunfo do Olympiakos no…

Jogo da Rodada: Fenerbahçe 68 x 74 Olympiakos
Spanoulis é o tipo de jogador que não só cresce em momentos decisivos – e, não, com ele, essa definição não configura um clichê –, como também exige que o adversário planeje todo um sistema defensivo para contê-lo. Uma necessidade que aumentou drasticamente depois que ele comandou um bicampeonato europeu em 2012 e 2013.

Não: o Olympiakos não teve ou tem apenas um jogador decente em seu elenco. Mas é inegável que seu ataque depende muito das características de um armador completo e agressivo com ele. O camisa 7 representa um problema nas movimentações do lado contrário a e a partir do drible. Quando está com a bola, vai usar e abusar de corta-luzes para ganhar terreno perigoso e colocar a retaguarda em crise, uma vez que pode matar tanto o chute de três, como se esgueira em meio a grandalhões e finaliza próximo do aro.

Ciente dessas habilidades, a diretoria do clube de Pireus procura cercá-lo de pivôs explosivos, que possam receber passes em velocidade no corte para a cesta, e chutadores no perímetro, para espaçar a quadra. É tudo muito simples, mesmo, mas vá tentar parar isso.  No jogão transmitido pelo Sports+, com Rafael Spinelli e Ricardo Bulgarelli, o Fenerbahçe tentou e teve algum sucesso em Istambul, até que a partida caminhou para os momentos decisivos.

Zeljko Obradovic já dirigiu Spanoulis no Panathinaikos. Sabe muito bem como lidar com o cara. O que ele fez? Quando Spanoulis tinha a bola em mãos, procurou jogar com pivôs mais ágeis e atléticos, que pudessem confrontá-lo depois do corta-luz e se recuperar em tempo de reencontrar o pivô da vez, desfazendo a troca. Ter a flexibilidade de Jan Vesely e Nemanja Bjelica ajuda para isso. Quando o grego procurava se desmarcar sem a bola, a equipe turca também tinha ordem para fazer trocas imediatas, para que ele não ganhasse o mínimo espaço para ser acionado e atacar. Além disso, quando o cara conseguia passar pela primeira linha defensva, o Fener tinha envergadura e atenção para fazer uma boa cobertura e contestá-lo na zona pintada.

Com disse, deu relativamente certo: o armador errou todos os seus arremessos de dois pontos (0-4) e cometeu cinco turnovers – aliás, seu número de desperdícios tem sido elevado durante todo o campeonato, num reflexo de uma condição física que já começa a se deteriorar, encarando uma tendinite séria no joelho, que o abalou na temporada passada. Por outro lado, ainda conseguiu cavar cinco faltas, convertendo 7 de 7 lances livres. É a pressão que exerce mental e taticamente sobre seus adversários.

>> Veja a classificação geral dos grupos
>> Confira todos os resultados da liga

Até que, nos últimos dois minutos, Spanoulis desembestou ao converter oito dos nove pontos derradeiros para os visitantes. “Clutch”, é o que dizem, né? O craque terminou com 16 pontos e 6 assistências, matando 3/7 nos arremessos de fora, incluindo a bola decisiva a 17 s do fim, quando o placar estava empatado em 68 a 68. O chute obrigaria o Fener a buscar um ataque rápido para uma bola de dois pontos ou a tentar o empate direto com um chute de longa distância. Bogdan-Bogdan e Zisis, no entanto, se atrapalharam na reposição de bola, resultando num turnover e o fim das esperanças.

Talvez seja por isso que os dirigentes também o tenham selecionado como o principal líder da Euroliga, com 45,83% dos votos (novamente acima de Navarro), e, mais importante, como o jogador que seria a prioridade para contratação, com 33,3%, superando o superpivô Ante Tomic, com 12,5%.

Jan Vesely: impacto positivo para o Fener, atleticamente

Jan Vesely: impacto positivo para o Fener, atleticamente

De volta ao jogão, outra cartada tática importante: o técnico Giannis Sfairopoulos usou uma formação baixa por muitos momentos, com o americano Tremmell Darden – que o Real Madrid inexplicavelmente deixou sair… – marcando Nemanja Bjelica. Sua equipe não só não sentiu o impacto dessa decisão nos rebotes, como conseguiu tirar Bjelica de jogo. O ala-pivô sérvio, como já registrado aqui na semana passada, está jogando demais e é uma peça integral no ataque turco, devido a sua mobilidade, visão de jogo e arremesso incomuns para a posição. Em diversas ocasiões, é Bjelica quem já puxa o contra-ataque do Fener, sem perder tempo em acionar o armador. Esse jogo em transição pouco funcionou contra os gregos.

Nos minutos finais, sem poder contar com o sérvio e também sem poder explorar muito Jan Vesely (devido ao seu péssimo lance livre), o Fener se complicou. Andrew Goudelock (23 pontos em 32 minutos, 5-11 de três pontos) vinha convertendo tudo no ataque em jogadas de isolamento, mas se atrapalhou todo nas últimas posses de bola. De qualquer forma, o clube de Istambul está progredindo sob o comando de Obradovic, enfim. Pode ter duas derrotas em três rodadas pelo Grupo F, mas, ainda que em casa, perdeu para quem tinha de perder – o primeiro revés foi contra o CSKA –, e tem totais condições de dar o troco na volta. Olympiakos e CSKA lideram, invictos no Top 16.

Na trilha de Huertas
O armador brasileiro teve sua menor contagem de pontos (4) desde a 2ª rodada da primeira fase, e o Barcelona acabou perdendo mais uma pelo To p16, a segunda em três jogos, dessa vez para o Maccabi Tel Aviv, em Israel, por 70 a 68. Foi uma boa queda de produção para Huertas, que vinha numa sequência incrível pelo clube espanhol, com média de 21,7 pontos por partida nas últimas quatro jornadas – ele ainda deu sete assistências em 25 minutos, acertando de dois de oito arremessos. Com 20 pontos do fogoso Jeremy Pargo, o Maccabi encerrou uma sequência de oito derrotas nesse tradicional confronto europeu. O atual campeão continental chegou a abrir 11 pontos de folga no terceiro período, mas teve de resistir a uma preocupante reação dos visitantes no quarto final, com ótima participação do jovem ala croata Mario Hezonja.

Em números

Devin Smith, capitão do Maccabi, dá o toco em Maciej Lampe. Bonito na foto

Devin Smith, capitão do Maccabi, dá o toco em Maciej Lampe. Bonito na foto

500 – Contra o Barça, o Maccabi atingiu a marca de 500 vitórias na elite do basquete europeu, justamente em seu jogo de número 800.

69% – O trio de armadores Milos Teodosic, Aaron Jackson e Nando de Colo marcou 54 dos 78 pontos (ou69%) da vitória do CSKA Moscou sobre o Anadolu Efes, em Istambul. De Colo foi eleito o MVP da semana, aliás, com 34 de índice de eficiência, com 22 pontos, 7 rebotes, 2 assistências e 4 roubos de bola em 31 minutos. O CSKA tem 13 vitórias em 13 jogos.

7 – Apenas sete atletas do Panathinaikos pontuaram na vitória tranquila sobre o Zalgiris Kaunas, em Atenas, por 77 a 58. O interessante é que, desses sete, seis terminaram com dígito duplo, entre 10 e 14 pontos. Dimitris Diamantidis terminou com sete pontos em quase 26 minutos, mas deu seis assistências. Com tempo de quadra significativo, o letão Janis Blums e o americano DeMarcus Nelson ficaram sem pontuar.

5 – Cinco dos oito jogos da semana terminaram com triunfo dos visitantes. Quem se aproveitou dessa onda foi o Olimpia Milano, que bateu o Unicaja Málaga por 84 a 77. Em seu reencontro com o Estrela Vermelha depois da melhor partida da primeira fase – que teve desfecho fatídico fora de quadra –, o Galatasaray conseguiu um importantíssimo triunfo em Belgrado: 74 a 65. O Estrela está na lanterna do Grupo E, enquanto o Málaga ocua a última posição do Grupo F, ambos com três derrotas até aqui.

0 – O armador americano Ben Hansbrough acumula 26min55s em três partidas pelo Laboral Kutxa na Euroliga e está zerado em pontuação até o momento, tendo tentado apenas dois arremessos. Além disso, tem o mesmo número de faltas pessoais que o de rebotes e assistências somados (sete). Quer dizer: nem sempre o selo de NBA diz muito sobre um jogador. Sim, estamos falando do irmão mais jovem de Tyler Hansbrough, que jogou junto dele no Indiana Pacers por uma temporada – sendo o terceiro armador da rotação, é verdade. Está cedo ainda, mas, para quem chegou para substituir Sasha Vujacic, é muito pouco. Sua equipe ao menos conseguiu a primeira vitória no Top 16 ao bater o Nizhny Novgorod, da Rússia, por 81 a 74, em casa, jogo que transmiti pelo Sports+. Um dos cestinhas do campeonato, o armador Taylor Rochestie marcou 24 pontos pelo Nizhny, acertando seis em sete chutes de longa distância.

Tuitando


As jogadas da semana!


Euroligado: Barça de Huertas atropela, Limoges de JP batalha
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Giancarlo Giampietro

Bongou-Colo (d): pura energia para o Limoges de JP

Bongou-Colo (d): pura energia para o Limoges de JP

Enquanto o Barcelona de Marcelinho Huertas segue invicto e arrasador, o Limoges de JP Batista faz de tudo para ainda se manter no páreo. Na oitava semana da Euroliga, os dois representantes brasileiros saíram de quadra satisfeitos com os resultados de suas equipes. Mesmo que eles tenham sido bastante diferentes. Acompanhem.

O jogo da rodada: Limoges 67 x 64 Unicaja Málaga
Não foi o duelo mais bonito, como o placar baixo não deixa mentir. Mas a maneira como chegamos a esse resultado foi para fazer levantar da cadeira até mesmo o torcedor francês mais contido. O Málaga chegou a abrir 20 pontos de vantagem ainda no primeiro tempo, fora de casa, e levou a virada.

Para ser mais preciso: o placar apontava 32 a 12 a favor do time espanhol com 16 minutos de jogo, depois de uma bandeja do ala Will Thomas. Mas os atuais campeões franceses batalharam pelo placar e conseguiram uma grande vitória que os mantém com chances de classificação para o Top 16, mesmo que numa situação ainda desfavorável.

João Paulo Batista já estava em quadra quando os espanhóis tinham essa larga diferença. O pivô, todavia, foi importantíssimo na reação dos donos da casa. Com quatro pontos e uma assistência, ajudou os donos da casa a reduzir a desvantagem para 13 pontos antes do intervalo.

No terceiro período, então, ele brilhou. O pernambucano foi mantido no quinteto inicial e marcou dez pontos na parcial, sendo sua quinta cesta de quadra justamente aquela que valeu pelo 41 a 41, o primeiro empate desde que os espanhóis abriram larga vantagem, com 28 minutos rodados no cronômetro.

A despeito da pressão, o Unicaja de Joan Plaza não ruiu. Controlou os nervos e fez um jogo parelho no quarto final, defendendo bem, ainda que seu ataque funcionasse aos tropeços. Aí foi a vez de o ala-armador Jamar Smith despontar. O americano, que chegou a assinar contrato com o Boston Celtics nos tempos de Fabrício Melo, converteu três bolas de longa distância e, junto com as cravadas de um sempre agressivo Nobel Boungou-Colo, foi instrumental na vitória.

Smith somou 18 pontos, cinco assistências e quatro rebotes. Bongou-Colo também contribuiu de modo versátil, com 12 pontos, sete rebotes e quatro assistências. O arremessador Ryan Toolson, sobrinho de Danny Ainge, anotou 15 pontos em 29 minutos pelos espanhóis.

O Málaga pode ter perdido, mas assegurou sua vaga na segunda fase, ao lado de CSKA Moscou e Maccabi Tel Aviv. Resta, então, só o quarto lugar em jogo, e o Limoges ainda sonha. Os franceses estão na lanterna do grupo, com dois triunfos e seis reveses, mesma campanha do Cedevita Zagreb. A equipe croata, por ora, leva a melhor tanto no saldo de pontos (-41 a -66) como no confronto direto (por ter vencido o segundo duelo por mais pontos). O ALBA Berlin é quem está mais bem posicionado, com três vitórias e cinco derrotas. Um detalhe, no entanto: o clube alemão encara o Limoges na próxima rodada e o Cedevita na última. A disputa promete.

Os brasileiros
Bem, já falamos do papel decisivo de JP Batista na virada. Então aqui ficam os números finais dele na partida: 14 pontos em 23 minutos, com uma jornada perfeita nos arremessos (6/6 nos chutes de quadra e 2/2 nos lances livres). Ele ainda pegou dois rebotes ofensivos, deu uma assistência e conseguiu uma roubada de bola.

Huertas contra Tony Taylor, jovem armador americano do Turow

Huertas contra Tony Taylor, jovem armador americano do Turow

Marcelinho Huertas pouco jogou na vitória do Barcelona sobre o Turow Zgorzelec, na Polônia. Isso tem pouco a ver com o basquete do armador, que somou cinco pontos e três assistências em apenas 15 minutos. É que essa foi a partida mais fácil do Barça na competição, mesmo, com placar de 104 a 65, dando a chance para o técnico Xavi Pascual preservar seus principais atletas. Até mesmo o adolescente Ludde Hakanson, sueco de apenas 17 anos, foi para quadra, jogando os últimos 8 minutos, com três pontos e duas assistências. O jovem croata Mario Hezonja marcou 15 pontos em 17 minutos.

Somente o CSKA Moscou se equipara ao clube catalão em termos de sequência de vitórias no campeonato. São os únicos invictos. O time moscovita, no entanto, tem melhor saldo de pontos: 129 a 112, depois de ter batido o Cedevita Zagreb em casa, por 97 a 79.

Um causo
O armador Daniel Hackett se meteu em uma enrascada durante a temporada de seleções deste ano. Insatisfeito com seu papel na Squadra Azzurra do basquete, o ítalo-americano simplesmente abandonou a concentração da equipe, sem avisar ou pedir permissão para ninguém. A atitude, claro, não pegou nada bem. A ponto de a confederação italiana suspender o atleta por seis meses de qualquer atividade basqueteira no país. Arrivederci!

Daniel Hackett, numa das atuações mais impressionantes da temporada. Perdoado

Daniel Hackett, numa das atuações mais impressionantes da temporada. Perdoado

O Olimpia Milano, seu clube, estudou rescindir seu contrato, sem pagamento. Afinal, com um gancho desses, ele perderia 26 jogos da liga local. O jogador, porém, pediu desculpas aos diretores e encontrou um meio termo: seu salário para a atual temporada foi reduzido, enquanto o contrato de 2015-2016 segue validado, integralmente. Mas por que bancar um cara que nem vai jogar?

O que pega é que, em jogos da Euroliga, em outra esfera, Hackett está liberado para atuar. Além disso, o Olimpia sabe que estava lidando com um atleta que pode fazer a diferença. Com 1,99 m, é alto e bastante ágil em sua posição para os padrões do Velho Continente. Pressiona os adversários demais em cima do drible e, no ataque, tem facilidade para concluir suas jogadas, embora seu arremesso ainda seja suspeito, especialmente quando em movimento.

Contra o Bayern de Munique, na quarta-feira, porém, caiu praticamente tudo, e na principal hora. O esquentadinho jogador anotou 19 de seus 25 pontos no quarto período e liderou o clube italiano a uma vitória no sufoco sobre o Bayern de Munique, em casa, por 83 a 81. Foi dele a cesta decisiva a 1s5 do fim. E agora? Estão todos satisfeitos com o acordo? O Olimpia Milano ficou muito perto da classificação no Grupo da Morte.

Em números
2.535
– Vassilis Spanoulis chegou a essa quantia de pontos para superar Jaka Lakovic e se tornar o terceiro maior cestinha da história da Euroliga, atrás apenas de Juan Carlos Navarro, o líder disparado, e de Marcus Brown, ala americano que defendeu sete clubes diferentes na Europa, com destaque para CSKA e Maccabi. Navarro tem 3.496 e ainda está em atividade. É praticamente impossível que qualquer atleta o supere. Já Brown tem 2.739 pontos, algo mais plausível para o craque grego. Spanoulis, por outro lado, já tem um recorde memorável a seu favor: é o único a integrar tanto o top 5 de pontos como de assistências da competição. Ele já deu 710 passes para cesta. Acima dele aparecem Sarunas Jasikevicius (4º), Pablo Prigioni (3º), Theo Papaloukas (2º) e Dimitris Diamantidis (1º). Só. Ah, e o Olympiakos, líder do Grupo D, bateu o Neptunas Klaipeda, da Lituânia, por 89 a 79 em casa.

98 – O Real Madrid se recuperou da derrota sofrida para o UNICS Kazan na semana passada. Ou quase isso. Contra outro rival russo, o Nizhny Novgorod, o time blanco venceu e marcou 101 pontos. Perfeito, certo? Não fossem os 98 pontos que sua defesa sofreu contra um time que não havia feito mais que 89 pontos até aqui – e contra o lanterninha Dínamo Sassari. O Real lidera o Grupo A, com seis vitórias e duas derrotas, mas seu desempenho jogo a jogo certamente já inspira preocupação para a torcida merengue. Nos últimos quatro confrontos, foram dois reveses e dois triunfos que combinaram para um saldo de apenas cinco pontos.

43 – Foi o índice de eficiência obtido pelo pivô D’Or Fischer, do UNICS, na vitória sobre o Sassari, com 23 pontos, 15 rebotes e 3 assistências, tendo errado apenas um arremesso em 11 tentativas. O americano de 33 anos vive fase excepcional. Contra o Real, sua linha estatística já havia sido de 25 pontos, 8 rebotes e 11-17 nos arremessos. Até aqui, o pivô errou apenas 11 de 55 chutes em oito partidas, para um aproveitamento absurdo de 80% de quadra. É o mesmo que ele mata nos lances livres.

2 – O Zalgiris Kaunas foi limitado a apenas dois pontos no primeiro quarto de uma derrota por 66 a 57 para o Anadolu Efes, um recorde negativo do torneio, que o próprio clube lituano compartilhava com outros três times. Na reta final do terceiro quarto, o Zalgiris, jogando em casa, havia convertido apenas sete cestas de quadra, uma dureza, com a defesa da equipe de Dusan Ivkovic sufocando. No final, os anfitriões terminaram com 15/53 nos chutes.

1 – Depois de quatro tentativas, Laboral Kutxa conseguiu a primeira vitória fora de casa, derrotando justamente um adversário que estava invicto como mandante: o Galatasaray, em Istambul, por 89 a 82. O veterano ala Fernando San Emeterio conseguiu sua maior contagem individual pelo torneio, com 25 pontos, mas foi o armador americano Doron Perkins quem decidiu o jogo no fim, com inesperados 9 pontos nos últimos minutos (mais do que ele havia feito nos últimos seis… jogos!). O clube basco, que já demitiu o técnico Marco Crespi durante a campanha, chega agora a dois triunfos seguidos e se posiciona bem na briga por vaga, assumindo a terceira posição do Grupo D, com 4-4. O Galatasaray está em quarto, com 3-5, superando o Neptunas nos critérios de desempate.

Tuitando

A mídia turca e a galera na Espanha estão dando como certa a transferência de Thomas Heurtel para o Anadolu Efes antes do Top 16 da Euroliga. O armador francês vai se tornar agente livre ao final da temporada, com a cotação em alta. É mais um jogador de que o clube basco vai ter de se desfazer para faturar uma graninha, depois de ajudar a desenvolvê-lo.

É, ao que parece o Olimpia Milano já concedeu perdão a Daniel Hackett.


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