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Sem Kobe, Gasol enfim vira referência em mais uma reviravolta no ano sem fim do Lakers
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Giancarlo Giampietro

E aí, Gasol?

Pau Gasol, agora a bola é sua, em mais uma reviravolta para o Lakers

Ah, o Lakers.

Será que já houve uma temporada tão estarrecedora como essa na NBA?

Adjetivo é o que não falta para avaliar uma situação tomada pela perplexidade. Penso de primeira aqui ainda em espalhafatosa, decepcionante, inacreditável, calamitosa, maluca e absurda. Mas dá para listar muito mais, num bombardeio psicológico para cima de Jim Buss, Mitch Kupchak e no pobre Mike D’Antoni.

Pode se fazer muitas críticas sobre o trabalho do treinador nesta campanha 2012-2013, mas o cara simplesmente não consegue repetir seu time uma vez sequer. É uma lesão e uma bomba atrás da outra, e o baque de perder Kobe Bryant, do modo como foi, talvez seja a adaga, a punhalada final.

Mas eles vão precisar lutar ainda, né? Não  dá para desrespeitar o astro desta maneira e largar tudo a duas (duas!!!) rodadas do fim, depois de tanto esforço do camisa 24. E o que fazer?

Apostar em Pau Gasol. O espanhol choramingou tanto na temporada, com razão em alguns momentos, de modo descabido em outros, que não deixa de ser irônico que, nos três jogos mais importantes do ano, a bola vai ser dele – e só dele. Está basicamente em suas mãos o destino da versão 2012-2013 do Lakers, o clube que já o trocou uma vez e não assegura sua permanência para a próxima temporada.

Sem Nash, sem Kobe, o pivô é o único jogador saudável do plantel de D’Antoni que pode criar de maneira consistente e produtiva por conta própria. Ele reclamou tanto nos últimos anos, ponderou em diversas ocasiões sobre a dependência/controle do ataque por Kobe, e agora chegou sua hora de voltar ao foco ofensivo, algo que não acontece desde a saída de Phil Jackson em 2011.

Pau Gasol, o da Espanha

Gasol, O Cara pela seleção espanhola. O Lakers precisa dele

Quem se lembra, inclusive, da ira do (ex-)Mestre Zen contra Gasol durante a humilhação que sofreram diante do Mavs nos playoffs daquele ano? Irado, o treinador dava estapeava o jogador, clamando por mais agressividade, numa cena de deixar qualquer Laker atônito. E o pivô não conseguiu dar resposta alguma.

Dessa vez, ou ele entrega, jogando com o grande capitão da seleção espanhola, ou seu time cairá para o nono lugar da conferência.

A boa notícia notícia é que o craque desperto neste mês, tendo retornado de uma lesão no pé que o tirou das quadras por mais de um mês. Em seis partidas em abril, ele tem médias de 19,3 pontos, 10,2 rebotes e espetaculares 6,7 assistências, além do aproveitamento de 6o,5% nos arremessos. Números de um All-Star, de um dos jogadores mais habilidosos da liga num crescimento que culminou no triple-double registrado na dramática e fatídica vitória sobre o Golden State Warriors (26 pontos, 11 rebotes e 10 assistências).

A ideia é realmente abastecer Pau Gasol no alto do garrafão e deixá-lo trabalhando em diversas situações de high-low com Dwight Howard, o grande receptor de seus passes, saltando com tranquilidade para converter as ponte-aéreas planejadas, criadas por seu companheiro. Confiante em seu arremesso e podendo causar estragos ao mesmo tempo como garçom, o espanhol ganharia, então, liberdade para atacar a cesta a partir do drible.

Resta saber, porém, como esse jogo funcionará sem a presença de Kobe em quadra.

Muito já se discutiu sobre a tendência do astro em prender demais a bola, como um buraco negro no ataque do Lakers, com consequências negativas, claro. Mas havia o ponto positivo nisso tudo, não? O respeito, a atenção que Kobe despertava como um assassino no um contra um  podia desestabilizar as defesas, abrindo espaço para seus companheiros operarem. Agora é a hora de conferir como as coisas funcionam para Gasol e Howard sem a perturbadora presença do cestinha no perímetro – pois, até onde sabemos, Jodie Meeks não amedrontaria tanto assim as defesas de Spurs e Rockets, os últimos dois adversários.

Steve Blake. Oh, não!?

Depender de Steve Blake para chegar aos playoffs certamente não estava nos planos de Buss e Kupchak

Caso Nash realmente não retorne – e que falta fazem os preparadores físicos de Phoenix, hein? –, outro que será subemtido a uma enorme pressão é Steve Blake Glup.

Sobrou para o veterano de 33 anos a responsabilidade de carregar a bola ao ataque até o momento de acionar Gasol. É uma função que ele simplesmente não executa com frequência desde a temporada 2006-2007, pelo Denver Nuggets. Desde então, atuando ao lado de Brandon Roy e Kobe, ele trabalhou muito mais como um escolta e arremessador do que como condutor primário.

Nos próximos 80 minutos de jogo, completarão a rotação de D’Antoni o jovem ala Earl Clark, o veterano Antawn Jamison, que tem o desafio de pontuar mais e com eficiência, e Ron Artest, que acabou de voltar de uma cirurgia no joelho em tempo recorde. E só, galera, tendo de enfrentar dois times classificados para os playoffs, que talvez não queiram poupar seus jogadores.

Chocante, acidentada, atabalhoada, assombrosa, assombrada, estapafúrdia. É difícil escolher. Vai até o fim, mesmo, a penúria em uma temporada inclassificável do Lakers.


Kobe Bryant desabafa no Facebook: “Talvez o tempo tenha me derrotado. Mas talvez não”
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Giancarlo Giampietro

 

O desabafo de Kobe

As redes sociais supostamente estão aí para isso, afinal.

Para aproximar as pessoas, dar a chance para qualquer um se pronunciar, sem filtro.

E aqui está Kobe Bryant, falando, escrevendo diretamente para você e, ao mesmo tempo, por ele, mesmo. Como o próprio craque destaca, é um desabafo, é uma tentativa de assimilar a desastrosa lesão que ele sofreu na noite desta sexta-feira, uma aparente ruptura no tendão de Aquiles – ainda não fez ressonância magnética, mas todos no Lakers acreditam que é isso, e ponto. Se o diagnóstico for confirmado, ele não joga mais nesta temporada, que, aliás, pode durar apenas mais três partidas. E poderia perder praticamente todo o campeonato 2013-2014 também, já que esse tipo de lesão exige algo em torno de nove a 12 meses de recuperação.

Claro que, falando de quem estamos falando, o processo pode ser muito mais rápido. No momento, porém, até mesmo Kobe se dá ao direito de questionar se isso é possível. “Por que diabos isso aconteceu?!? Agora tenho de voltar de uma lesão dessas e ser o mesmo jogador ou até melhor aos 35 anos?!? Como eu poderia fazer algo assim?”, duvida. Como?

Segue aqui, então, uma tradução livre de um discurso raro – e inspirador – de um atleta no Facebook, tão incomum como a capacidade de o ala se manter em um altíssimo nível aos 34 anos, desafiando qualquer lógica da NBA. No momento em que publicamos este post, sua mensagem havia sido compartilhada 45.729 vezes:

“Isso é uma bobagem, uma m…! Todo o treinamento e o sacrifício aacabaram de voar pela janela, com um passo, um movimento que eu já fiz milhões de vezes! A frustração é insuportável. A raiva é fúria. Por que diabos isso aconteceu?!? Não faz sentido nenhum. Agora tenho de voltar de uma lesão dessas e ser o mesmo jogador ou até melhor aos 35 anos?!? Como eu poderia fazer algo assim?

Eu NAO TENHO IDEIA. Será que eu tenho a vontade, a perseverança consistente para superar isso? Talvez eu devesse simplesmente pegar a cadeira de balanço e falar sobre a carreira que passou. Talvez seja assim que meu livro se encerre. Talvez O Tempo tenha me derrotado. Mas, vai saber, talvez não! São 3h30 da madrugada, meu pé parece um peso morto, e minha cabeça está girando por causa dos analgésicos, e estou completamente acordado. Perdoem meu desabafo, mas qual o propósito das Mídias Sociais se a gente não vem aqui falar o que é real? Faz bem desabafar, colocar para fora. Sentir como se ISTO fosse a PIOR coisa que já aconteceu!

Porque depois de TODO esse desabafo, você chega a uma perspectiva real. Há questões/desafios muito maiores no mundo do que um Aquiles rompido. Pare de se lamentar, encontre um raio de esperança e vá para o trabalho com a mesma crença, com a mesma determinaçã, com a mesma convicção de sempre.

Um dia o início de uma nova, diferente jornada terá início. Mas hoje ainda não eesse dia.

“Se você me ver em uma luta com um urso, reze pelo urso”… Eu sempre amei essa citação. Isso é a mentalidade “mamba”: nós não desistimos, não nos acovardamos, não fugimos. Nós resistimos e conquistamos.

Sei que já é um longo post, mas é um Desabafo de Facebook (risos). Talvez agora eu possa realmente dormir um pouco e ficar animado para a cirurgia amanhã. É o primeiro passo de um novo desafio.

Acho que agora vou ser o treinador Vino o resto da temporada. Eu tenho fé em meus companheiros. Eles vão passar por isso. Obrigado por todas as suas orações e apoio. Muito Amor Sempre.

O Mamba vai nessa.”

 


Drama em LA: Lakers vence, mas perde Kobe; mídia americana já teme por fim de carreira do astro
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Giancarlo Giampietro

Kobe Bryant x Tendão de Aquiles

Kobe Bryant x Tendão de Aquiles

Pode parecer que falta assunto, né?

(Mas não falta, e tenho de arrumar um tempo para comentar de modo apropriado o triunfo do Pinheiros na Liga das Américas.)

Rapidinho, então, comentando a possível despedida de Kobe Bryant da temporada – e, de repente, glup!, de sua carreira.

Sim, pode parecer que falta assunto e também pode parecer sensacionalismo. Mas os primeiros relatos que vêm de Los Angeles informam que o superastro teria rompido seu tendão de Aquiles no pé esquerdo em mais uma vitória dramática do Lakers na tentativa de se apegar ao oitavo lugar dos playoffs no Oeste.

Ninguém tem ainda o diagnóstico correto ainda, não antes de se realizar uma ressonância magnética neste sábado, mas o setorista Dave McMenamin, do ESPN.com LA, diz que “você pode ver a lesão de Kobe no rosto de todas as pessoas no vestiário do Lakers: jogadores, técnicos, assessores, bicões e até mesmo na mídia”.

Tipo velório, mesmo.

O Lakers venceu por 118 a 116 – aiaiai, Stephen Curry, e se me cai aquele chute???? – e ainda mantém uma vantagem de uma vitória para cima do Utah Jazz,.

(O Jazz, aliás, bateu o Minnesota Timberwolves em casa, restando apenas duas partidas para ambos na temporada. A equipe de Salt Lake City precisa vencer apenas uma partida a mais para assegurar sua própria dramática vaga nos mata-matas – lembrem que, independentemente de uma eliminação já nas primeiras rodadas, a mera participação nos playoffs rende uma baita grana para os clubes, uma soma que, para Utah, seria ainda mais preciosa).

Ok, voltando: o Lakers venceu, se mantém em oitavo, e tal, mas pode ser que tudo tenha chegado ao fim, de todo modo, nesta sexta. Vai sempre ter esse temor de que, a essa altura, uma lesão dessas, que pediria cirurgia, possa encerrar uma das carreiras mais gloriosas do esporte, e esse foi o tom predominante na repercussão imediata na mídia norte-americana.

Por sua conta, Kobe sendo Kobe, ele fugiu de qualquer pegada apocalíptica, mas não conseguiu esconder a decepção pelo acontecido. Chorando – sim, Kobe Bryant chora! –, afirmou que “só esperava que a lesão não fosse o que ele já sabia que era”. Uma bela frase que podia se encaixar em qualquer canção de rock, né?

Em uma entrevista tocante, disse ainda que já consegue se irritar com quem pense que sua carreira terminou por aqui, que não conseguia andar, que se sentia simplesmente como alguém que não tinha mais um tendão de Aquiles e que, agora, só resta fazer o exame, passar por uma cirurgia e se recuperar.

E o Lakers?

Consegue seguir em frente depois de algo tão chocante assim? O time agora pode botar em prática a movimentação de bola com a qual Pau Gasol (triple-double contra o Warriors, com 26 pontos, 11 rebotes, 10 assistências, genial) sempre sonhou?

Nesse ponto, francamente, pouco importa.

Você pode odiar o Lakers. Odiar Kobe Bryant. Torcer para o Celtics. Ou para o Spurs. Você pode detestar tudo o que é notícia da NBA em geral. Mas você só não pode esperar que essa realmente tenha sido a última apresentação do craque.

*  *  *

Antes de se retirar de quadra, depois da lesão, dando lugar a Ron Artest com 3min05s de jogo, Kobe converteu seus dois lances livres, empatando o jogo em 109 a 109. Não havia conseguido, desta vez, colocar seu time na frente. O Lakers bateu o aguerrido, mas ainda inexperiente Warriors, lembrando, por dois pontos.

*  *  *

É meio que absurdo, mas era o preço que Kobe concordara em pagar. O sujeito teve média de 45,2 minutos por jogo neste mês de abril, o maior tempo de quadra de TODA a sua carreira em um mês, aos 34 anos, 17 de NBA.

 


Mais um jogo incrível de Kobe para o Lakers, que vai se segurando em oitavo
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Giancarlo Giampietro

Kobe Bryant no limite

Aguenta aí, Kobe

Imagine todo este esforço em vão?

Kobe Bryant, sinceramente, não pode nem pensar numa coisa dessas.

Não quando, aos 34 anos, no jogo de número 1.238 de sua carreira em temporadas regulares, a 77ª partida no atual campeonato, com média absurda de 38,4 minutos por embate, vindo de uma desgastante apresentação na véspera, ele ainda tira forças sabe-se lá de onde para somar 47 pontos, 8 rebotes, 5 assistências, 3 roubos de bola e 4 (!!!) tocos, convertendo todos seus 18 lances livres e matando 14 em 27 arremessos, para liderar o Lakers em (mais uma) dura vitória, dessa vez contra o Portland Trail Blazers, por 113 a 106.

A essa altura, nem importa mais contra quem e como, o que o superastro só quer saber é de uma vitória atrás da outra, restando muito pouco para o final da campanha, e seu time brigando do jeito que dá por uma suada-ao-mesmo-tempo-obrigatória-ao-mesmo-tempo-humilhante oitava colocação e classificação no Oeste.

Kobe, recorde no Rose Garden

Mais 47 pontos e contando para Kobe Bean

Está certo que não há mais nenhum resquício de rivalidade entre Lakers e Blazers, mas vencer no Rose Garden ainda é um páreo duro, e Bryant precisou de uma apresentação histórica para guiar seu time nessa, registrando mais um recorde na sua carreira: ninguém havia feito 47 pontos no ginásio de Portland até esta quarta. Muito menos alguém de 34 anos com a rodagem que os joelhos de Kobe têm.

Ao contrário do que fez contra o Hornets na terça, com uma atuação exuberante no quarto período, no qual 23 pontos, o ala dessa vez participou de mais uma virada angelina como distribuidor, na última parcial, dando três assistências para o velho companheiro Pau Gasol (também decisivo) nos primeiros cinco minutos, coloacando enfim seu time na frente. Ainda anotou oito pontos, claro.

Por mais controvérsias que a estrela do Lakers (ainda) possa despertar, esse tipo de jogo não tem como ser contestado. Dentro de alguma das grandes apresentações que vimos neste campeonato, a dele nesta quarta-feira seguramente está entre as cinco ou três melhores. Levando em conta o contexto do jogo, da temporada e de que ponto está na carreira, é simplesmente inacreditável, mesmo Kobe sendo Kobe.

*  *  *

Com duas vitórias seguidas, o Lakers volta a abrir um jogo de vantagem para o Utah Jazz na disputa pela última vaga dos playoffs do Oeste: são 42 vitórias e 37 derrotas, contra 41 e 38, respectivamente, de seu concorrente. Lembrando que, caso dê empate entre as campanhas, o time de Salt Lake City ganha o oitavo lugar devido ao retrospecto no confronto direto.

Em sua tabela, restam só mais três jogos, todos contra times já classificados para os mata-matas: Golden State Warriors, San Antonio Spurs e Houston Rockets. Os três em casa. Warriors e Rockets duelam no momento para ver quem fica em sexto – algo que pode ser bastante valioso, considerando que, hipoteticamente, seria melhor enfrentar o Denver Nuggets na primeira rodada do que San Antonio ou Oklahoma City. Spurs e Thunder, aliás, ainda se veem numa luta ferrenha pelo primeiro lugar da conferência. Isto é, pode ser que os três clubes ainda entrem empenhados pela vitória, sem poupar ninguém. Ainda mais o Spurs, que certamente preferiria evitar se deparar com o rival em uma série melhor-de-sete.

O Utah ainda precisa enfrentar duas vezes o Minnesota Timberwolves (uma em casa, a outra fora) e o Memphis Grizzlies na última rodada. O Wolves está eliminado de qualquer disputa, não vai ter Kevin Love de volta e vem com desempenho irregular. Ao mesmo tempo que bateram o Thunder no dia 29 de março, apanharam nesta quarta por 111 a 95 do Clippers e perderam para o Raptors entre um jogo e o outro. Já o Grizzlies ainda pode tirar do Nuggets o terceiro posto.

*  *  *

Após 12 anos consecutivos, o Dallas Mavericks está eliminado dos playoffs. Dirk Nowitzki entrou em forma tarde demais, o elenco também não correspondeu conforme o esperado, e as esperanças matemáticas da franquia texana se encerraram com uma derrota para o Phoenix Suns, outra potência da década passada da Conferência que agora encara um duro período decadente.


O Fantástico Mundo de Ron Artest: Um mutante
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Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

*  *  *

Apenas 12 dias depois de passar por uma cirurgia devido a uma ruptura de menisco, Ron Artest, o #mettaworldpeace, afirmou que volta a jogar pelo Lakers já nesta terça-feira, contra o Hornets. Inicialmente, o clube californiano previa que o ala fosse ficar afastado de quadra por até seis semanas. Fazendo as contas, então, quer dizer que ele volaria a jogar praticamente um mês antes do previsto.

Incrível! Alucinante! Como definiu Pau Gasol:

#mettaworldartQuer dizer, além de lunático, ótimo defensor e, ao que tudo indica, um parceirão, Ron-Ron já pode ser conhecido também como um mutante. “Eu o chamo de Logan agora, ele é o Wolverine. Extremamente impressionante”, afirmou Kobe Bryant, revelando uma inesperada predileção nerd, ao citar a grande estrela dos X-Men em uma conversa de basquete. Brook e Robin Lopez já têm companhia!

Artest está com a bola toda, agora, se sentindo. “Meus companheiros ficaram surpresos ao me verem trabalhando duro e correndo. Foram 14 anos sem problema algum, isso ajuda. Adivinhem só!”, tuitou no domingo, após ter revelado que seu médico, responsável pela operação, estava surpreso pela boa condição de seus joelhos a essa altura da carreira.

O único senão disso tudo é que, em forma, nosso anti-herói vai ficar mais tempo em quadra do que no sofá, abastecendo a Internet com suas preciosidades de pensamento, alegrando a moçada. Em entrevista recente, até o comissário David Stern afirmou que checa o Twitter duas vezes por dia e que a conta do ala do Lakers é uma ótima fonte de entretenimento.

\o/


Mavs e Lakers duelam mais uma vez, e há um time aqui que merece mais a vaga
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Giancarlo Giampietro

Dirk Nowitzki, versão barba

Dallas Mavericks e Los Angeles Lakers se enfrentam nesta terça-feira em um confronto direto valendo vaga nos playoffs do Oeste. Quer dizer, a título de informação, esse embate vale tecnicamente a nona posição da conferência, fora da zona de classificação – com o Utah Jazz reagindo e ocupando o oitavo lugar agora.

Mas, ok, sem se apegar tanto ao pé da letra, dá para dizer que é “um confronto direto pelos playoffs”. E, neste duelo de dois clubes que estranhariam demais assistir aos mata-matas do lado de fora, há claramente um time que merece mais a vaga do que o outro.

De um lado, está um time afeito ao circo, extremamente inconsistente, com uma intriga por semana na mídia, uma defesa porosa e a folha de pagamento mais cara da NBA, que havia sido moldada com um único objetivo, o título, e mais nada. Do outro, uma equipe que não se perde em seus próprios caprichos, não tem um só nome de expressão além de seu capitão – ainda que Shawn Marion mereça diversos elogios, mas em outra esfera –, e de alguma forma soube superar a lesão que tirou Nowitzki do início do campeonato para, desafiando todos os prognósticos, chegar ao mês de abril com chances claras de avançar. “Disso isto para um cara algum dia desses: estamos tentando a maior recuperação da história desde Lázaro”, disse Rick Carlisle.

E o melhor dessa reação é que o Dallas encaminhou tudo com muita discrição, sem alarde ou empolgação nenhuma. Do jeito que o alemão gosta.

Kobe Bryant x OJ Mayo, Shawn Marion

Mayo, de contrato curto, e Marion, ainda um ótimo defensor, vão tentar parar Bryant

Tá certo que Dirk Nowitzki deixou bem claro há alguns meses que não estava nada feliz com a política de contratação de Mark Cuban para este ano. Uma vez que o ricaço dono do Dallas Mavericks não conseguiu convencer Deron Williams a retornar para casa, concordou com sua diretoria liderada por Donnie Nelson em assinar contratos de curto prazo, um ano de duração, com uma série de atletas, Chris Kaman e OJ Mayo entre eles. Geralmente, é o tipo de situação que gera instabilidade e pode dificultar bastante a vida de Carlisle, que até hoje não encontrou uma rotação certeira para sua equipe. (Depois, claro, o alemão disse que ainda confiava na capacidade de Cuban e Nelson de gestão e blablabla.)

Ah, também tem o fato de que Dirk Nowitzki ainda está deixando a barba por crescer. Faz tempo já. Prometeu que só a cortaria quando seu Dallas Mavericks, enfim, alcançasse a marca de 50% de aproveitamento na temporada. E, senhoras e senhores, isso é o máximo de excentricidade que Nowitzki pode cometer.

Sério: o que mais?

Qual foi o último incidente protagonizado pelo Sr. Maverick em quadra? Ou fora? Qual a grande polêmica que tenha envolvido uma carreira que já dura 14 anos, desde que estreou na liga aos 20 anos, no dia 5 de fevereiro de 1999, contra o Sonics, quando Seattle ainda tinha sua franquia e ainda tinha Gary Payton, Detlef Schrempf e Vin Baker em sua escalação inicial. Faz tempo que ele está por aí, e nada de controverso além das discussões de sempre sobre basquete podem ser atreladas a este superastro.

O jovem Dirk Nowitzki

Dirk Nowitzki, versão molecote

Porque Nowitzki só quer saber de jogar, e pronto. Ele pode não ter – ou fazer – o marketing de Kobe, mas é tão dedicado quanto em seus treinamentos, tendo relaxado apenas nos meses que sucederam seu tão esperado título em 2011, envergonhando-se depois da ‘má forma’ e pedindo desculpas. Suas sessões de verão com o mentor Holger Geschwindner já são legendárias, especialmente as que conduziam durante sua adolescência, com práticas heterodoxas para refinar seus fundamentos. Hoje, quando está em casa ou no hotel em viagem pelo país de noite, liga o League Pass e devora qualquer jogo que esteja passando, nem que seja Charlotte Bobcats x Detroit Pistons, como falou em grande entrevista ao obrigatório Zach Lowe, do Grantland. A sessão corujão pode durar mais de três horas.

Em Rick Carlisle, encontrou um treinador igualmente devoto ao jogo, sisudo até demais, depois de anos e anos de maluquices do genial, mas temperamental Don Nelson na década passada. Carlisle já costuma espernear mais, mas volta sua ira com maior frequência para a direção da liga, questionando arbitragens em geral. E qual técnico não faz? Fora isso, o armador Darren Collison ouviu poucas e boas durante a campanha também.

Cuban é o cara que quebra a monotonia, sempre alerta para provocar os adversários – ou Donald Trump – no Twitter, especialmente o próprio Los Angeles Lakers, adorando chamar a atenção. De todo modo, o método como conduz sua franquia é indefectível. Pegou um clube quebrado, sem apelo algum nos anos 90, e conseguiu transformá-lo em um dos mais valorizados da liga, com uma base de torcedores fiel, numa cidade que, antes, parecia ter olhos apenas para o Cowboys, da NFL.

Mas o mais próximo que o magnata se aproxima da quadra é nos assentos atrás do banco de reservas.

Quem joga, mesmo, são Nowitzki e seu Mavs, sem precisar fazer teatro, pirraça ou caso para nada para (tentar) ter resultado. Pode não ter o apelo de manchetes, nem nada. Mas cansa bem menos.


O Fantástico Mundo de Ron Artest: Energias positivas
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Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

*  *  *

Ron Artest smiley

Ron Artest pode estar fora do resto da campanha do Lakers, devido a uma ruptura de menisco no joelho esquerdo, que pediu cirurgia, mas isso não quer dizer que ele não possa fazer sua parte na desesperada briga da equipe por uma vaga nos playoffs da Conferência Oeste. Se ele não pode defender Shawn Marion, trombar com Paul Millsap ou fazer a segurança pessoal de Kobe em quadra, ele encontrou no Twitter sua nova missão na vida: atrair energias positivas para sua equipe.

Ele passou o sábado todo pregando na rede para que os torcedores não se desanimassem e que se unissem em torno de um elenco que mais criou intrigas durante todo o campeonato do que executou boas coberturas defensivas. Mas, olhaí, o negativismo. Certamente seria reprovado pelo Ron-Ron da paz mundial.

“Juntos!!!
Isso que é o novo cool.
Precisamos que todos os nossos fãs entrem para esse movimento.

O que você pode fazer para divulgar a palavra?”

Esse foi o primeiro tweet do ala, que depois explicou seu plano. “Queremos que todos os torcedores do Lakers promovam ‘juntos’ a cada dia. Não importa o quê, mas a primeira coisa que vier a sua mente deve ser equipe”, publicou. “Se você fizer isso, a energia positiva vai alimentar a equipe toda. Só conta a energia de um Laker. Se você não pensar em equipe, a energia cai”, continuou. “Vamos saber que a energia chegou quando todos os fãs nos alimentarem com os gritos, tweets e sonhos de ‘JUNTOS’. Você tem de pensar em cada membro da equipe.”

Depois de se perder na expectativa pela luta de boxe entre “Bam Bam e Mike” na HBO local, ele voltou a falar sobre seu time, dizendo que começava uma nova temporada e ali iriam eles: “#juntosnossomosLAKERS”.

Ok. Aí neste domingo o assunto virou. Estamos falando de Páscoa, claro. Com a seguinte surpresa:

Metta Easter Bunny

Que trazes pra mim, Metta?

🙂

(Rindo pacas.)

Ok, passou. Ele disse o seguinte: “Foi divertido ser o coelhinho da Páscoa hoje. Espero que todas as suas crianças tenham gostado”.

Mas é claro que gostaram, ué!

Ainda mais depois disto aqui: “A propósito, bom trabalho com a energia positiva, torcedores! Está funcionando!”, se despediu.

Com isso, encerramos nossa programação relembrando o clássico dos Beach Boys:


Um ano atrás, chefão do Heat duvidava que recorde histórico de vitórias do Lakers poderia ser quebrado
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Giancarlo Giampietro

 “Acho apenas que o jogo é muito diferente agora. Mentalmente, não acho que os jogadores de hoje têm a disciplina suficiente para manter aquele tipo de concentração e foco por tanto tempo. Há muito mais coisas para distrair você. Se algum time tiver entre 20 e 25 vitórias em sequência, os jogadores talvez digam: “Ah, que se dane, vamos acabar com isso’. Haveria um nível tão grande de escrutínio e tanta cobertura de mídia, que seria algo na linha de: ‘Vamos apenas encerrar isso e recuperar a normalidade. Não consigo ver isso acontecendo (sobre a possibilidade de o recorde de 33 triunfos consecutivos do Lakers em 1971-72).”

Quem disse isso?

Pat Riley versão contracultura

Riley, futuro garoto-propaganda de Armani, em ação nos anos 70 pelo Lakers

Pat Riley, ala-armador reserva daquela equipe histórica do Lakers e presidente/gerente geral do Miami Heat hoje, a mesma equipe que já passou da casa das “20 para 25 vitórias” seguidas, tendo chegado a 27 nesta segunda-feira. Estão agora a apenas seis de atingir a marca registrada por Jerry West e Wilt Chamberlain quarenta anos lá atrás.

A declaração foi dada durante a temporad passada da NBA, antes da conquista do título pelo Heat. Mas não importava: a partir do momento em que Riley conseguiu aplicar um senhor golpe de bastidores em toda a liga, reunindo LeBron James e Chris Bosh com Dwyane Wade, a expectativa foi sempre a de dominação por completo pela equipe da Flórida.

No primeiro ano, já fizeram a final contra o Dallas Mavericks e acabaram surpreendidos um pouco por questão de arrogância, mas muito mais porque a química entre LeBron James e Dwyane Wade, em quadra, ainda estava longe da ideal – também não ajudou toda a postura de “nós contra eles, somos os vilões mesmo” adotada pelo elenco, que ficou com o emocional bastante abalado, e, claro, Dirk Nowitzki estava acertando tudo, Rick Carlisle é um estrategista travesso etc. etc. etc. Mas, que o Heat ainda não havia encontrando seu melhor jogo, disso não havia dúvida.

Na tempora passada, com Wade recuando um pouco, LeBron fazendo algum tipo de terapia e a chegada de Shane Battier para solidificar uma proposta de jogo mais agressiva e transgressora, conseguiram calar a oposição e pintar seu banner de campeão.

(Um parêntese sobre Wade: é engraçado como o estafe do jogador tem se empenhado em vender a história de que ele “se sacrificou como um verdadeiro campeão” em prol do time, deixando que LeBron tomasse conta da bola e da situação… Epa, mas não foi o próprio Wade que lá no verão de 2010 trabalhou intensamente para trazer seu “melhor amigo” para a Flórida ao lado de Bosh? Então qual era exatamente o mal-entendido para ser resolvido? Se eles planejaram tudo isso desde 2008, com muita gente garante ter acontecido, o simples fato de o astro ter demorado um ano todo para pereceber que o novo companheiro era o melhor jogador ali, todo o discurso adotado com atraso na virada da temporada passada para esta, emplacando até uma pauta na capa daSlam, não passa de balela. Wade é um baita jogador? Sem dúvida. Mas não precisa também querer a santificação.)

Agora, livres de pressão, depois de se aquecerem na primeira metade da temporada, enfim chegou o momento hegemônico. Aniquilando adversários, ou precisando de viradas nos últimos minutos, construíram uma sequência impressionante de vitórias, concretizando a profecia (quer dizer, parte dela, afinal LeBron falava em não apenas um, como múltiplos títulos). Nesta quarta-feira, o time vai a Chicago enfrentar o pretenso arquirrival Bulls (sem Rose? sem Noah? sem Hinrich?). No domingo, talvez o maior desafio: o San Antonio Spurs. Depois, o Knicks em casa.

Há todo um suspense agora para ver se o recorde vai ser igualado ou batido. Mas o mais importante, para Riley, talvez seja ver que, depois de tantas distrações, LeBron James e seu Miami Heat agora só estão concentrados, mesmo, em vencer.

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LeBron

LeBron James contra o enfraquecido Orlando Magic

Jerry West, sujeito que era um maníaco em quadra, extremamente competitivo, hoje não liga se o seu recorde de vitórias seguidas será derrubado. Até Bill Russell deve ter ficado abismado de ver seu velho inimigo admirado pelo que vem acontecendo. “Acho que faz bem para a liga. Estou animado por meu amigo, Pat Riley, ser capaz de replicar isso agora como um executivo. Mas é mais especial como um jogador”, afirmou. O Logo, então, cogitou que o Miami pode não perder mais nenhum jogo até o final da temporada, o que seria um fenômeno completamente absurdo. “Pode não ter um fim. E isso que acho notável. Olho para a tabela deles e vejo um time ali que é excelente, obviamente o Spurs. Esse seria um jogo que me preocuparia, jogando em San Antonio, e eles vão ter Tony Parker de volta por lá.”

Por outro lado, só não peçam para West comparar diretamente o que o Lakers fez com o que vem acontecendo com o Heat. E faz sentido. Muita coisa mudou: antigamente, se viajava na classe econômica, como passageiros regulares em aviões menores. Hoje, os clubes têm seu próprio jato. Salário, regalias, preparação física, estrutura de scout e comissões técnicas, uma infinidade de coisas evoluíram.

Há também a questão sobre o produto apresentado em quadra. LeBron já apontou o fato de que, em 1972, a NBA ainda não reunia todos os melhores talentos dos Estados Unidos, já que enfrentava a concorrência da ABA, liga com a qual iria se fundir alguns anos mais tarde. Hoje os jogadores são muito mais atléticos também e todo o aparato de estudo do jogo pode facilitar ou dificultar a vida de qualquer craque. Por outro lado, talvez a mesma NBA hoje tenha jogadores até demais. “Li um comentário um dia desses dizendo que a liga hoje é muito melhor do que naqueles tempos. Pode ser o caso. Mas vejo alguns times bem pobres por aí”, afirmou West. Ele não citou ninguém, mas nenhum torcedor de Bobcats, Kings, Pistons e Suns vai se fazer de desentendido. “Vejo muitos jogadores na liga que não são nada bons. A expansão diluiu o talento. Então é difícil juntar muitos bons jogadores em um time hoje. E aí que você tem de dar muito crédito ao Pat e ao Heat. Eles juntaram três jogadores que a maioria dos times não tem. Dois deles são All-Pro. Não acontece muito”, completou. Gostou, Chris Bosh?


Armador veterano comanda a reação do Dallas Mavericks em busca pelos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Mike James para o chute

Mike James, ele mesmo, pode ajudar Nowitzki a enfim fazer a barba

E quem se lembrava do Mike James?

“Acho que meu nome realmente faz você se perguntar: ‘Quem?”, brinca o jogador. De fato: nome muito comum. Mike James.

Nos tempos de Detroit Pistons, ele foi apelidado de Pitbull por Rasheed Wallace. Era quando saía do banco de reservas mordendo, ao lado de Lindsey Hunter, hoje treinador do Phoenix Suns, para render Chauncey Billups e Rip Hamilton por alguns minutos, colocando muita pressão no perímetro, deixando a defesa de Larry Brown ainda mais insuportável. Conquistaram o título.

Foi certamente o melhor momento da carreira deste veterano, que entrou na NBA apenas aos 26 anos, como agente livre contratado por Pat Riley, em Miami. Da Flórida ele foi para Boston, até ser enviado para a Motown na mesma troca que envolveu Sheed. Depois – não percam a conta – jogou por Milwaukee Bucks, Houston Rockets, Toronto Raptors, Minnesota Timberwolves, New Orleans Hornets, Washington Wizards e Chicago Bulls. Em termos de produção estatística e relevância no elenco, surpreendeu em 2005-2006 quando marcou 20,3 pontos e 5,8 assistências em 79 partidas pelo Raptors, o que lhe rendeu um aumento significativo, praticamente de 100%.

Que mais?

James foi trocado cinco vezes e dispensado outras três. Ficou fora da liga em 2010-2011, aos 35 anos, quando acreditavam que sua trajetória na NBA havia chegado a um fim.

Para sorte de Rick Carlisle, Mark Cuban e Dirk Nowitzki, não era bem assim.

Ingressando na D-League, pela filial do Dallas Mavericks, provou que ainda tinha o que oferecer, mas, não se enganem, foi contratado mais como um quebra-galho, como reserva de Darren Collison, tendo assinado um contrato de apenas dez dias em 8 de janeiro. O titular, no entanto, estava decepcionando, e o veterano acabou assinando até o fim do campeonato, até ser promovido. De modo que, na sistemática abordagem de Carlisle, sem muita correria e com a ajuda de OJ Mayo para conduzir a bola, deu mais que certo.

“Estou como uma criancinha numa loja de doces. Vocês não entendem o quanto estou me divertindo”, afirmou James neste domingo, depois de ter anotado 19 pontos na vitória deste domingo em confronto direto com o Utah Jazz. Foi seu recorde na temporada.”Já que as pessoas dizem que eu não posso mais fazer parte deste jogo, estou curtindo muito esta fase”, completou.

Desde que James entrou para o quinteto inicial no dia 6 de março, o Mavs venceu oito partidas e perdeu três. Agora, com 34 vitórias e 36 derrotas no total, o time se vê novamente com esperanças de chegar aos playoffs, para manter viva uma sequência de participações nos mata-matas que começou em 2001.

Com os próximos três jogos em Dallas, há uma grande chance de o time chegar ao aproveitamento de 50%, algo que não acontece desde 12 dezembro, quando tinha 11 triunfos e 11 reveses, para, enfim, Dirk Nowitzki poder fazer a barba.

Kobe Bryant certamente está observando tudo isso, e, depois das finais de 2004, Mike James pode novamente estragar sua festa.


Nenê é decisivo contra Howard e interfere na luta do Lakers pelos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Nenê x Kobe

Não adianta segurar, Kobe. O Nenê já foi embora

Se, por um acaso, o Los Angeles Lakers ficar fora dos playoffs da Conferência Oeste, procurem se lembrar da noite de 22 de março, e do papel que Nenê pode ter nessa eventual eliminação da badalada – e hoje conturbada – franquia.

A que ponto chegamos, então: comemorar uma possível interferência do pivô numa briga em que sua equipe não está nem envolvida diretamente. Mas é isso, mesmo. Olhando a tabela, com o Washington Wizards numa draga tão lastimável, fica difícil, quase impossível de se imaginar grandes momentos esportivos, competitivos para o brasileiro na temporada.

De todo modo, aconteceu, está registrado: Nenê tratou de dar um jeito de deixar suas impressões digitais na cena do crime quando chegar a hora de avaliar o que deu de errado nesta temporada do Lakers.

Quando o relógio marcava 2min17s para o fim, Kobe Bryant estava na linha de lances livres para deixar a equipe da casa em vantagem por três pontos, 97 a 94.

O que se viu a partir daí foram, então, três posses de bola seguidas em que o paulista de São Carlos pediu a bola, assumiu a responsabilidade e pontuou. Quando restavam apenas 43 segundos no cronômetro, o placar era de 99 a 97 Wizards, com cinco pontos consecutivos de seu caríssimo pivô. E quer saber do que mais? Todos os cinco pontos saíram com ele enfrentando um defensor chamado Dwight Howard. Foram dois pontos em um giro no garrafão, com assistência de John Wall. Depois, um gancho em corrida paralela ao aro. Por fim, em outra arrancada agressiva para a cesta, forçou Howard a fazer falta. Na linha de lances livres, errou o primeiro e converteu o segundo.

No fim, Nenê terminou com 15 pontos, cinco rebotes e dois tocos. Acertou sete de 15 arremessos de quadra. Números que poderiam ser avaliados facilmente como “modestos” ou “bonzinhos” – mas nem sempre as estatísticas vão realmente contar toda a história.

Até porque, na verdade, ainda teve muita história nos 40 segundos finais: John Wall matou quatro lances livres, Kobe Bryant errou arremessos fáceis, fez um bem difícil, mas acabou perdendo o mais importante. Com pouco mais de 1 segundo para o fim, Howard conseguiu fazer um passe sensacional de sua linha de base, encontrando o ala na linha de três pontos do outro lado. Kobe se desmarcou de Trevor Ariza, fez um drible para ajeitar o corpo e teve tempo para subir e chutar. Deu aro.

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Por falar em Ariza, o jogador renegado pelo Lakers guardou sua melhor atuação da temporada para sua ex-equipe. Lembrem-se que ele estava na campanha do título em 2010, mas depois não teve seu contrato renovado, e sua vaga ficou com o lunático Ron Artest. Pois bem, a julgar pela expressão facial do ala durante a partida, ele foi para quadra pensando bastante a respeito. Como numa intervenção divina, ele acertou sua pontaria de três pontos e matou cinco de sete bolas de três pontos, fechando sua participação com 25 pontos, quatro assistências e quatro rebotes. Nem Phil Jackson poderia acreditar.

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Uma derrota preocupante para o Lakers.

(Como se eles precisassem de mais coisas com que se preocupar, aliás.)

O Wizards até se mostra competitivo desde o retorno de John Wall, vencendo agora seis de seus últimos oito jogos – mas foram dois triunfos contra o Phoenix Suns, um contra o Cleveland Cavaliers, um contra o New Orleans Hornets e um contra o Charlotte Bobcats, saca? Em Los Angeles, depois de tanto tempo de descanso, era uma vitória obrigatória.

O time não jogava desde segunda-feira, podendo descansar as costas de Howard e Nash, dar mais alguns dias para a reabilitação do tornozelo de Kobe (21 pontos, 11 assistências, 8/18 nos arremessos em 28 minutos) e ainda iniciar a reintegração de Pau Gasol ao time. Sim, o espanhol barbudo voltou após algumas semanas de ausência por conta de sua fascite plantar. Jogou por 20 minutos (roubando tempo de quadra de Earl Clark, um dos mais atléticos do elenco), ainda fora de ritmo, e somou quatro pontos e oito rebotes.

Mike D’Antoni ainda consegue respirar fundo pelo fato de que sua equipe ainda ocupa o oitavo lugar no Oeste, com duas vitórias de vantagem para o Utah Jazz. Mas haja coragem para brincar tanto com a sorte assim. Oras, foi a segunda derrota seguida do clube, depois de perderem para o mesmo Suns que o Wizards bateu duas vezes nos últimos dias. Afe.

Então volta a acender a luz de alerta. Do contrário, pode ser que, nas próximas semanas, mais alguns jogadores se juntem a Nenê numa lista de caras que, pelo menos, podem dizer que deram sua contribuição para ferrar com o poderoso Lakers.