Vinte Um

Arquivo : Ayón

México toma de assalto o grupo da Argentina e se recoloca no mapa do basquete das Américas
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Giancarlo Giampietro

O técnico Sergio Valdeolmillos e sua prancheta

Treinador Sergio Valdeolmillos e a equipe-sensação do torneio

Ter um ala-pivô de NBA, que já foi um jogador top na Liga ACB, em meio a um monte de adversários desfalcados, pode fazer toda a diferença nesta Copa América.

Né, Luis Scola Gustavo Ayón?

Com o ala-pivô do Atlanta Hawks em sua escalação, o México se transformou no bicho papão do Grupo A da Copa América, vencendo seus três primeiros jogos – da mesma forma que fez Porto Rico no Grupo B, de Brasil.

Se alguém estava escondendo jogos nos amistosos, temos o vencedor: a seleção mexicana, que trouxe seus jogadores desconhecidos para um giro de amistosos arqui no Hemisfério Sul e, na hora do vamos ver, adicionou um craque do quilate de Ayón para fazer a diferença. Mas vamos falar especificamente sobre ele um pouco mais adiante no torneio, mas só fica um aviso: de nada vale olhar sua ficha de estatísticas de NBA na hora de avaliar seus talentos. De todo modo, o que temos é uma surpreendente seleção, passados quatro dias.

“Eu bem que gostaria assumir que podemos chegar ao Mundial. É verdade que a soma de vitórias nos gera outra responsabilidade e motivação. Mas a análise que fazemos é que o México não tem uma história no basquete. Viemos com muita humildade”, afirmou o técnico Sergio Valdeolmillos.

Neste ponto, vale destacar a curiosa e relação entre México e o restante do continente.

Com gente da Patagônia ao Alasca, a cada dois anos, a Fiba realiza essa confraternização chamada Copa América, em que velhos conhecidos como Daniel Santiago, Hector Romero, Rubén Garces e outros tantos personagens se reencontram para colocar a conversa em dia. Figuras que o amaaaaante do basquete brasileiro – coisa piegas, hein? Mas vá lá… – aprendeu a achincalhar ou adorar, dependendo do gosto, que tem pra tudo. Nesse ambiente, contudo, os primos pobres da América do Norte parecem verdadeiros estranhos no ninho.

São pouquíssimas as referências que temos deles. Até outro dia desses “Eduardo Nájera” parecia sinônimo de “basquete mexicano”. Ou que tal “Horacio Llamas”? Algo natural, considerando que seja muito difícil o esporte se desprender da política e cotidiano de um país – e eles estão completamente virados para o Norte de sua fronteira, nesse sentido. Seus jogadores estão espalhados pelas universidades das diversas conferências da NCAA espalhadas pela Costa Oeste americana. Na contramão, a liga mexicana paga bem, aproveita americanos de maior quilate do que os que estamos acostumados a receber em clubes do NBB. E fica basicamente  por aí o intercâmbio dos caras.

Daí que corre-se o risco de assumir Ayón como o Nájera da vez, ignorando outros jogadores perigosos como o chutador Orlando Méndez, ala-armador com 14,3 pontos e aproveitamento de 50% nos tiros de três pontos até aqui, um perigo quando livre na zona morta. Os defensores precisam ficar colados para contestar seu arremesso, considerando sua baixa estatura.

Mas vale ficar de olho, mesmo, no ala-armador Jorge Gutiérrez, 24, 14,7 pontos de média e aproveitamento de 61,9% nos arremessos até aqui. O ex-aluno da Universidade da Califórnia não teve problema nenhum em ralar com Alex Garcia nos amistosos de preparação – foi um atleta que chamou muito minha atenção no confronto realizado no Paulistano, por seu primeiro passo explosivo e a habilidade para converter bandejas. Basicamente: um sujeito muito difícil de se conter quando ele bota na cabeça que seu destino final é a cesta.

E adivinha só?

Em seu perfil no site oficial, a Fiba coloca uma foto de… Gustavo Ayón, claro. Figura onipresente, num México que entrou de vez na briga por vaga Copa do Mundo.

Hora de aprender um pouco mais sobre eles.

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O México não joga o Mundial desde 1974, quando terminou com a oitava colocação. Sua melhor classificação? Um oitavo lugar em…1967, no Uruguai, quatro anos depois de ter ficado, no Rio de Janeiro, em nono. Em termos de Olimpíadas, olha que coisa: ganharam um bronze histórico nos Jogos de Berlim 1936. O país não disputa essa competição desde Montreal 1976, quando ficou em décimo.

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Nono, sexto, décimo, sétimo, sétimo e ausente: esse é o retrospecto da seleção mexicana nas últimas seis edições da Copa América. Sim, eles nem jogaram em Mar del Plata.

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No Draft Brasil, o fuçador Luiz Gomes resgata a história de Manuel Raga Navarro, um craque mexicano que em 1970 chegou a ser draftado pelo Atlanta Hawks, em posição de pioneiro. Ele esteve presente nas campanhas da década de 60 citadas acima. Muito antes de Nájera e Ayón. Vale muito a leitura.


Seleção vence Canadá no último teste e vai para a Copa América vulnerável, mas na briga
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Giancarlo Giampietro

Magnano orienta. E vai precisar de mais

Rubén Magnano é um ótimo treinador.

Vamos lá, de novo. O Rubén Magnano? Um baita treinador.

Sabia? Campeão olímpico e tudo. Com a Argentina! Vice-campeão mundial, operado na final contra o Bodiroga, o Peja e o Divac. Deu uma cara nova para a seleção brasileira! Conseguiu o quinto lugar nos Jogos Olímpicos de Londres. Ganhou da mesma Argentina lá dentro. Com tantas façanhas, tem o respeito, imagino, irrestrito por parte de seus jogadores. Não há como não confiar num técnico desses.

Satisfeitos?

Se não, vai mais uma vez, sem cinismo algum: Rubén Magnano é um treinador que qualquer time deveria pensar em contratar.

Pronto, acho que deu.

Talvez agora possamos falar sobre a seleção brasileira livres da paranoia. E sem ter background algum no assunto.

A delegação tupiniquim desembarca nesta terça-feira já em Carcas, com a Copa América começando já na sexta. Em sua despedida da Copa Tuto Marchand, uma noite depois de ter sofrido uma derrota apertada contra Porto Rico, o time de – vejam só, ele mesmo! – Magnano venceu a jovem seleção canadense por 77 a 70, terminando sua campanha com dois triunfos e dois reveses. Ao menos, depois do vexame passado contra a Argentina, a intensidade defensiva foi resgatada.

Se, no torneio continental, a equipe conseguir manter esse padrão, essa tocada e evitar tropeços calamitosos, vai se meter entre os quatro primeiros e vai conquistar, na quadra, sua vaga para a Copa do Mundo da Espanha 2014. É simples: na teoria, basta ficar acima de um entre Argentina, Canadá, Porto Rico e República Dominicana. Que se tome cuidado com México, reforçado com Ayón, e a Venezuela, um time doido, jogando em casa, e pronto.

Posto isso, vai ser extremamente difícil me convencer de que Magnano tenha feito uma boa convocação para a temporada. Houve um sério erro de cálculo, e isso está escancarado na quadra. Metade de nosso elenco é baixa e veloz. A outra, nem tão alta assim, mas extremamente pesada. Para fazer isso conectar não vem sendo nada fácil, se é que vai acontecer. Esse descompasso só não vê quem realmente não quiser ou quem realmente ache que, no mundo, é tudo uma questão de “ame” ou “odeie”, preto e branco, e que ou se é “pró”, ou “contra”. Ou talvez esses estejam com a bandeira tapando a cara, distraídos ao tirar do saquinho um punhado de confetes ou qualquer coisa do tipo. Pode ser também.

De qualquer forma, independentemente de ideologia política, educação ou credo, acho que todos concordamos que Facundo Campazzo e José Juan Barea são dois tampinhas muito difíceis de se marcar. Vocês devem se lembrar, por exemplo, do que o porto-riquenho fez contra uma defesa hiperatlética como a do Miami Heat, né? Ele continua o mesmo, embora escondido no Minnesota Timberwolves e sem a companhia de um Jason Kidd para escoltá-lo. Se o Brasil estivesse com Varejão, Splitter e Nenê, três grandalhões de excelente movimentação lateral, a coordenação da defesa de um pick-and-roll já teria de ser perfeitinha, para afastá-lo da cesta.

Agora, quando você está tentando frear Barea numa jogada dessas com Rafael Hettsheimeir envolvido na troca, fica mais difícil. Com JP Batista, apesar de sua inteligência em quadra, não muda muito. Se a segunda ou terceira opção é Caio Torres, ainda mais pesado, complica bastante. E, se o treinador não está confortável em dar mais minutos para o único pivô atlético que tem no elenco, danou-se. É exatamente este o cenário que temos na seleção hoje. Simples. Nossos quatro pivôs experientes são extremamente vulneráveis quando estão afastados da cesta.

Tendo pela frente gente como Luis Scola, Ricky Sánchez, Andrew Nicholson, Hector Romero, Gustavo Ayón e, por vezes, até Jack Martínez e Esteban Batista, o que acha que vai acontecer, e muitas vezes? Os pivôs vão precisar subir e marcar – e importante considerar aqui que não estamos falando apenas de contestar arremessos na linha de três. São raros, bem raros, aliás, o caso de “cincões” que joguem de costas para a cesta, plantados próximos do aro neste torneio. Mas, nem mesmo a presença desses gigantões como Eloy Vargas, dos dominicanos, ou o bom e velho Daniel Santiago anima muito. Por quê? É só ver o impacto que Santiago teve no quarto período, com corta-luzes imensos que garantiam a Barea um posicionamento cara a cara com um pivô/uma avenida. Resultado: bandeja. Neste ponto, fazem falta também jogadores mais atléticos para fazer a cobertura.

Desde que assumiu o cargo, Magnano procurou imprimir na seleção a ideia de que, se quisessem deixar para trás os dias de derrota após derrota, teriam de aceitar e aplicar seu ritmo defensivo extremamente exigente. Por isso a estranheza da lista que ele próprio compôs, com jogadores que não atendem exatamente aos seus princípios, incluindo aqui os dois que chamou a partir do momento em que os comunicados com pedidos de dispensa começaram a se empilhar. Lembram? Antes de João Paulo Batista o argentino já havia chamado Paulão, mais um que nunca foi conhecido por sua explosão em quadra. Veja bem: não é que sejam, individualmente, separados, jogadores ruins. O problema é que eles não batem com as necessidades deste grupo em específico.

Essas questões defensivas ficam ainda mais custosas quando combinadas com a ineficiência dos pivôs também apresentada do outro lado da quadra. Mesmo o talentoso Hettshimeir está com enorme dificuldade para produzir, enferrujado depois de uma temporada inteira no banco do Real Madrid. Caio só vem matando quando completamente livre – sem muita mobilidade, tem sido presa fácil para quem estiver ao seu lado disposto a combater. João Paulo é uma peça complementar, que deve ser mais usada dentro de um sistema do que como referência. Cristiano Felício deveria ter sido mais usado no torneio amistoso, mas não foi o caso.

Desta forma, a seleção fica extremamente dependente dos tiros de fora, que caíram com uma frequência saudável em Porto Rico (em geral, sem forçação de barra), e dos contra-ataques, que saem a partir da pressão na bola que Larry e Alex podem fazer por conta, a despeito da falta de cobertura. Se esses contragolpes não forem concluídos necessariamente com bandejas em linha reta, ao menos o jogo em transição pode proporcionar situações de desequilíbrio para serem aproveitadas com um ou dois passes a mais antes de as defesas se recomporem. Passes esses que, contra Porto Rico e Canadá, começaram a aparecer com maior frequência, ainda que numa frequência tímida. Espera-se que esse movimento ganhe mais força para o torneio que vale.

De resto, temos um Larry mais agressivo com a bola, procurando infiltrar mais do que brecar para os tiros ineficientes de média distância – fundamento o qual não domina. Alex vai fazendo de tudo um pouco. Giovannoni, adorando essa vida de cestinha designado, saindo do banco. Benite parece ter perdido o espaço na rotação – em seu lugar, faz muita falta um jogador vigoroso como Marcus Vinícius Toledo, de Mogi. Raulzinho fica estabelecido como o armador vindo do banco, preocupado mais em melhorar a pegada defensiva da equipe, já que Huertas vem se mostrando bastante frágil quando atacando no um contra um e está, para variar, sobrecarregado em suas responsabilidades ofensivas. Arthur vai ganhar uns minutos aqui e ali, dependendo do excesso de faltas dos companheiros.

Sim, essa seleção tem problemas e sérios. Que talvez pudessem ter sido remediados com uma lista melhor – e, por “melhor”, não é preciso pensar necessariamente em nomes, mas, sim, em características que fossem mais produtivas num coletivo.

Mas o time de – tcha-ram! – Magnano não é o único cheio de pendências para resolver. Porto Rico depende do estado de humor de seus talentosíssimos mas geniais armadores. A República Dominicana tem um banco ainda menor que o brasileiro. O Canadá, com seus talentos de NBA, está apenas em seu estágio inicial de evolução, como se fosse o Brasil de 2003. A Argentina parece mais azeitada, mas, por mais que seu elenco de apoio esteja surpreendendo, ainda estamos diante de um time que depende de Scola para avançar. E todos eles sofrem com os famigerados “desfalques”.

Fato é que, no momento, o Brasil está no meio do bolo. Vai ter de lutar, jogo a jogo, ciente disso, preparada psicologicamente para suportar a pressão. Para lidar com isso, é preciso contar com um comandante renomado e tarimbado.

Inicialmente, Magnano foi contratado com uma missão urgente: encerrar o jejum olímpico de qualquer maneira. Cumprida essa etapa, o basquete nacional pode pedir mais – e que os favores fiquem mais com a parte esportiva da coisa, a despeito de seu status de trunfo político numa gestão totalmente destrambelhada.

Entre o que se espera, está fazer do grupo limitado que ele próprio convocou uma unidade mais forte.

Afinal, é um excelente treinador.

Quem duvida?


Na ACB, Lucas Bebê deve se concentrar no desenvolvimento técnico de seu jogo, além do físico
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Giancarlo Giampietro

Lugar de Bebê é na quadra

Lucas ouve instruções em Vegas. Pelo Hawks, seria uma cena regular durante a temporada

Antes de desenvolver o físico, Lucas Bebê também tem muito o que progredir em termos de técnica.

No Atlanta Hawks, sobrando uma merreca de minutos na rotação interior, o pivô brasileiro teria muito tempo para puxar ferro, sim. Mas e a quadra? Como ficaria? Lembrando a declaração do seu agente, Aylton Tesch, ao Murilo Borges, da rádio Bradesco Esportes: “Se o Atlanta falar que vai dar de cinco a dez minutos de jogo para o Lucas e que, no final do ano, ele vai estar com 15 kg a mais de massa magra muscular e que vão fazer um trabalho extraquadra, de vídeo, para ele poder aprender mais o jogo da NBA, vale mais a pena do que se ele for jogar 25 minutos na Espanha, onde para condicionamento físico eles só querem que os atletas corram”, disse.

Lucas foi selecionado pelo Hawks no finalzinho de junho. Disputou a Summer League em julho. Ficou próximo de técnicos e dirigentes em Atlanta durante todo esse tempo, enquanto, paralelamente, Danny Ferry ia montando seu elenco para a próxima temporada da NBA. Encerradas essas contratações, não havia como garantir nem mesmo esses dez minutos com o técnico Mike Budenholzer, que tem Paul Millsap e Al Horford como seus principais pivôs, com os veteranos Elton Brand, Mike Scott, Pero Antic e Gustavo Ayón para assessorá-los, vindo do banco.

São cinco pivôs bastante versáteis, oferecendo ao estreante treinador uma combinação de habilidades interessante. Nenhum deles tem hoje a combinação de envergadura e agilidade de Lucas para proteger o aro, mas, no conjunto, é um forte quinteto defensivo. De modo que restaria ao carioca apenas as atividades complementares – ou a D-League. E, entre a liga de desenvolvimento e Liga ACB, não há muito o que escolher, não.

Não só Bebê vai ganhar mais dindin na Espanha, como vai enfrentar uma concorrência muito mais qualificada, num ambiente esportivo trilhões de vezes mais estruturado. Sem contar a familiaridade do jovem atleta com seus companheiros e com a própria competição em si, montando um cenário mais favorável para sua evolução. Se você tem uma opção de continuar num time com tradição no tratamento de jovens, brigando pelos playoffs na segunda liga mais forte do mundo, não há por que abrir mão disso. Um atleta com a sua idade – 20 anos recém-completos – tem de jogar.

“Retornar ao Estudiantes vai permitir que ele continue a se desenvolver, jogando minutos significantes contra uma competição muito boa. Vamos monitorar de perto seu progresso enquanto ele trabalha em direção a cumprir suas metas como um jogador de basquete”, afirmou Danny Ferry, ao anunciar a decisão do clube.

Não adianta também ficar obcecado agora com os músculos do Bebê (frase engraçada, né?). Com o tempo ele vai ganhar o físico necessário para encarar a elite, lembrando que não há muitos Marc Gasols ou Roy Hibberts por aí mundo afora. E, se o plano de Tesch deu certo, o Hawks deve encaminhar um preparador físico para acompanhar o atleta na Espanha.

Agora fica a expectativa para que ele se mantenha concentrado, empenhado em refinar seu jogo e avançar mais na concretização de seu imenso potencial, a despeito se sua preferência por ficar nos Estados Unidos. Caso consiga repetir o salto qualitativo que teve de 2011-2012 para 2012-13, vai estar em condição muito mais vantajosa para fazer a transição para a NBA em 2014.

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Agora a parte chata de todo esse processo. E a seleção brasileira?

Lucas pediu dispensa no dia 18 de julho. Claro que, na NBA, as negociações são muito volúveis, uma palavra em julho não tem o mesmo peso em agosto. Naquela época, por exemplo, Gustavo Ayón ainda estava empregado pelo Milwaukee Bucks, antes de sobrar como uma barganha no mercado. Então talvez o brasileiro estivesse confiante, mesmo, de que fecharia com o Hawks para já. De modo que seria mais interessante ficar em Atlanta para afinar a relação com todos, da mesma forma que Vitor Faverani vai fazer a partir da semana que vem.

“Venho por meio desta solicitar o meu pedido de dispensa do grupo que se apresenta nesta quinta-feira, dia 18. Tal pedido se deve ao fato de eu encontrar nos Estados Unidos, disputando partidas válidas pela Summer League e em negociações contratuais para a próxima temporada da NBA. Este é um momento importante para a minha carreira, e que exige a minha permanência para que tudo seja resolvido o mais breve possível”, afirmou o pivô em comunicado oficial.

Em retrospecto, com a possibilidade de jogar na Espanha nunca descartada lá atrás – e, a cada dia que passasse, ela cresceria, naturalmente – , será que não valeria ter se apresentado a Rubén Magnano? Os treinos do argentino são intensos. Lucas poderia ter um bom espaço e já teria dado largada antecipada em sua temporada.

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No dia 4 de janeiro de 2014, Bebê vai ter uma rodada animada pela Liga ACB. O adversário é o Obradoiro, o que significa que ele vai enfrentar o compatriota Rafael Luz e, ao mesmo tempo, o jovem pivô Mike Muscala, seu companheiro de Draft no Atlanta Hawks. Muscala definiu seu futuro bem antes, assinando com o time que foi o oitavo colocado na edição passada do campeonato espanhol .


Conheça os reforços baratos que ainda podem ser úteis na NBA
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Giancarlo Giampietro

Nate Robinson, sim, senhor

Nate Robinson, o melhor jogador da semana no Leste. Acreditem

Quem poderia imaginar que Nate Robinson, fazendo as vezes de Derrick Rose no Chicago Bulls, poderia ser eleito o melhor jogador da semana no Leste em alguma ocasião? Larry Brown e Doc Rivers, que perderam alguns anos de vida ao comandar o dinâmico e tresloucado baixinho, certamente não.

Mas, para o Bulls, ele se provou um reforço perfeito. O time mantém um padrão defensivo absurdo, sufocante, e está bem posicionado na briga pelos playoffs no leste. Mas uma hora é preciso fazer cesta para vencer uma partida, não? E Robinson sabe fazer isso muito bem. Nem sempre ele é o jogador mais consciente e empenhado em quadra, mas seus talentos ofensivos são inegáveis. Ganhando o salário mínimo para sua idade, com o contrato sem garantia alguma, que mal teria, então? Thibodeau liberou a contratação, e foi na mosca.

Na NBA, muitas vezes o mercado funciona como o do futebol brasileiro, com uma oferta muito grande de jogadores. É normal que alguns passem despercebidos e demorem em fazer parte da liga, assim como há inúmeros casos de jogadores já contratados e envolvidos em negociações apenas como contrapeso e que, do nada, se tornam peças fundamentais em seus novos clubes (exemplo: ver Clark, Earl na enciclopédia que vai sendo preparada para dar conta dessa temporada completamente maluca por que passa o Lakers).

Com o dia 21 de fevereiro, a data-limite para a realização de trocas se aproximando, veja alguns jogadores para quem não se dá muita bola, ou que são muito pouco aproveitados hoje em seus atuais clubes, e que poderiam ganhar mais oportunidades ou ajudar outras equipes na briga pelos playoffs:

Sai de baixo que é o Will Bynum

Se não tomarem cuidado com Will Bynum…

– Will Bynum, armador, Detroit Pistons.
Pelo que vem produzindo vindo do banco na Motown, é um alvo de certo modo óbvio, de tão bem que vem jogando, fazendo dupla com o calouro-sensação Andre Drummond. Tem médias de 9,1 pontos e 3,7 assistências na temporada, com 45,6% de acerto, em apenas 18,1 minutos. Nos últimos cinco jogos, mesmo com a chegada de Calderón, seus números são de 13,6 pontos e 5,6 assistências, com pontaria incrível de 53,8%. Esse baixinho que não foi draftado por nenhum time ao sair de Georgia Tech e brilhou pelo Maccabi Tel Aviv na Europa não tem nenhum ano a mais em seu contrato, recebendo US$ 3,25 milhões nesta temporada. Isto é, seria uma opção para reforçar o banco de qualquer candidato ao título sem custar muito e produzindo demais, colocando pressão nas defesas com seu jogo explosivo e atlético.

– Ronnie Brewer, ala, New York Knicks.
Já em sua quarta equipe na liga, Brewer começou o campeonato como titular em uma campanha surpreendente do New York Knicks, mas perdeu espaço na metade da temporada, antes mesmo do retorno de Iman Shumpert, tendo jogado mais de dez minutos apenas em uma partida das últimas 11 – uma vitória contra o Hornets no dia 13 de janeiro. Estranho: embora estivesse visivelmente fora de forma (se comparado ao físico que mostrou em Utah e Chicago) depois de passar por uma cirurgia, ainda oferece a qualquer time vencedor uma importante presença física e atlética, dedicada ao serviço sujo. Esteticamente, seu arremesso é uma das coisas mais feias em toda a NBA, mas ele compensa isso com ataques ferozes por rebotes ofensivos, uma defesa capaz de incomodar gente como Dywane Wade. Recebe o salário mínimo no ano: US$ 1 milhão.

A prancheta de Luke Walton

QI: durante o lo(u)caute da NBA, Walton foi assistente técnico na Universidade de Memphis

– Luke Walton, ala, Cleveland Cavaliers.
Calma, calma, calma. O torcedor do Lakers pode ter vontade de rolar no chão, com uma síndrome do pânico às avessas. Já faz tempo que ele supostamente não servia para nada no banco de Phil Jackson. O que ele poderia fazer hoje que ajudaria uma equipe de ponta? Bem, nunca é demais ter um passador inteligente em seu elenco, e isso o veterano faz como poucos, deixando seu genial pai orgulhoso. Em sua carreira, tem média de 4,7 assistências numa projeção de 36 minutos por jogo. Tem armador que se contentaria com algo assim. De todo modo, é uma habilidade para ser empregada homeopaticamente: o Walton filho também tem o corpo quebradiço, é extremamente vulnerável na defesa e lento. Mas pode ajudar a dar fluidez pontualmente a uma equipe que dependa demais de investidas individuais. Salário um pouco alto (5,6$ milhões), mas no último ano de vínculo e já com boa parte dele paga pelo próprio Cavs.

– Chris Singleton e Dahntay Jones, alas, Washington Wizards e Dallas Mavericks.
Tal como Brewer, são defensores implacáveis, fortes e atléticos, e pouco usados por seus atuais treinadores. Não porque não consigam mais perseguir os principais jogadores da outra equipe, mas essencialmente por estarem elencos em que suas habilidades são sobressalentes. Acabaram vítimas das circunstâncias. Singleton é praticamente um joão-ninguém na NBA, mas tem lampejos pelo Wizards que mostram o quão relevante pode ser em quadra – com 2,03 m de altura, ótima envergadura, está equipado para jogar nesta nova liga que testemunhamos, que não se importa muito com posições. Seria um ala ou um ala-de-força? Não importa: fato é que, na defesa,  conseguiria ao menos fazer sombra a caras como LeBron James e Kevin Durant. Acreditem. Já Jones é um pouco mais baixo, reduzindo sua cobertura a jogadores com porte semelhante ao de Wade.

Deem uma chance a Ayón

Ayón pode fzer muito mais do que simplesmente posar para uma foto vestido de Orlando Magic

Gustavo Ayón, ala-pivô, Orlando Magic.
Na encarnação passada do Vinte Um, já revelamos que o mexicano é o orgulho de Zapotán, com direito a música em sua homenagem e tudo (veja abaixo). Já não é pouco. Mas saibam também que, em seus tempos de liga espanhola, Ayón sucedeu caras como Scola, Splitter e Marc Gasol como seu jogador mais eficiente, posicionado entre os destaques de diversas categorias no principal campeonato nacional da Europa. Na NBA, teve um começo discreto, mas muito interessante pelo Hornets na temporada passada, mas vem sendo pouco aproveitado na Flórida, atrás do emergente Nicola Vucevic, do calouro Andrew Nicholson (aposta da franquia) e do veterano Big Baby na rotação de garrafão. Superatlético, inteligente, bom arremessador de média distância, faz de tudo um pouco em quadra e seria uma ótima opção num time bem estruturado, em que cada jogador tenha suas missões bem definidas em quadra.

Timofey Mozgov, pivô, Denver Nuggets.
Na verdade, praticamente o elenco inteiro do Nuggets poderia se enquadrar nessa brincadeira. Entre eles e o Clippers, estamos falando certamente dos times com mais opções em toda a liga. Mas destacamos o gigantão russo, que já foi alvo de muita chacota em Nova York e agora não consegue sair do banco de George Karl. E o que tem de tão especial, então? Bem, qualquer um que viu a seleção russa jogando nas Olimpíadas vai sair responder. Ele dominou Splitter e Varejão em confronto direto, por exemplo. Mas não foi só isso: de um trabalhão para qualquer oponente na campanha rumo ao bronze, com movimentos sofisticados para quem supostamente seria apenas mais um lenhador russo. Também está no último ano de contrato e, de todos os listados aqui, é o mais provável para mudar de clube – até Karl já falou abertamente a respeito, de que ele merecia mais tempo de quadra, mas que, com Koufos jogando bem e McGee aprontando das suas, não há muito o que fazer no momento.