Vinte Um

Arquivo : Alexandre Paranhos

Mercado da Divisão Nordeste: Boston está chegando lá
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Quem já leu os textos sobre a Divisão Central, a Divisão Pacífico, a Divisão Sudeste e/ou a Divisão Noroeste pode pular os parágrafos abaixo, que estão repetidos, indo direto para os comentários clube a clube. Só vale colar aqui novamente para o marujo de primeira viagem, como contexto ao que se vê de loucura por aí no mercado de agentes livres da NBA

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de 20 dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários:

Boston Celtics

Atlanta Hawks v Boston Celtics

Quem chegou: Al Horford e Jaylen Brown.
Quem saiu: Jared Sullinger (Raptors) e Evan Turner (Celtics).

O clube teve sua chance. Kevin Durant, no final das contas, realmente pensou na possibilidade de jogar em Boston. Mesmo que tenha optado pelo Warriors, para choque geral da liga, a mera consideração pelo Celtics deveria deixar o gerente geral Danny Ainge ainda mais encorajado com seu longo plano de reconstrução. Afinal, times como Lakers e Knicks não conseguiram nem mesmo marcar uma reunião com o ala.

E tem outra: não é que Al Horford seja um frustrante prêmio de consolação. Muito pelo contrário. O pivô dominicano se soma a uma base de jogadores competitivos, inteligentes e bem treinados e, sozinho, já vai fazer o produto de Brad Stevens melhorar consideravelmente em quadra, de tantos fundamentos e versatilidade em geral que oferece. Um time que venceu 48 partidas está basicamente trocando Sullinger por um All-Star. Nada mal.

Já a perda de Evan Turner não é algo para se lamentar tanto. A equipe perdeu, sim, seu condutor da segunda unidade, mas acho que dá para acreditar em um salto de qualidade para Marcus Smart e até mesmo para Terry Rozier, compensando. Além disso, a rotação ganha toda a vitalidade e capacidade atlética do número três do Draft, Brown. O jovem ala não está nada pronto como atacante, dependendo basicamente de investidas explosivas rumo ao aro para pontuar, mas já pode ajudar na contenção no perímetro, dando uma força para Jae Crowder contra alas mais altos e fortes.

De todo modo, Ainge não deve parar por aí. O gerente geral ainda busca mais um ou dois negócios, na forma de trocas, tendo ainda uma dúzia de ativos. A franquia obviamente aguarda o que OKC e Russell Westbrook pretendem da vida. Não custa insistir com Vlade Divac sobre DeMarcus Cousins também. Ou quiçá Cleveland já não se importe mais em segurar Kevin Love, precisando de reforços no perímetro devido ao fator Durant. Vai saber. Há sempre um negócio para se fechar por aí, desde que pelo valor certo – esta tem sido a filosofia paciente de Ainge, mesmo depois de um Draft no qual foi obrigado a selecionar seis atletas.

Uma eventual troca vai decidir o futuro de alguns desses jovens jogadores. É certo que Ante Zizic seguirá na Europa. De resto, ninguém sabe ainda o seu destino. O trator francês Guerschon Yabusele impressionou durante as ligas de verão e parece preparado para jogar na liga para já. Por ora, porém, não há espaço no elenco.

Brooklyn Nets

jeremy-lin-brooklyn-nets

Quem chegou: Jeremy Lin, Trevor Booker, Luis Scola, Greivis Vasquez, Randy Foye, Anthony Bennett, Justin Hamilton, Joe Harris, Caris LeVert e Isiah Whitehead.
Quem saiu: Thaddeus Young (Nets), Jarrett Jack (Hawks), Willie Reed (Heat), Wayne Ellington (Heat), Sergey Karasev (Rússia), Donald Sloan (China).

Não dá para dizer que Sean Marks esteja recomeçando o projeto do zero, mas é quase perto disso, hein? Considerando o estado em que estava a franquia ao final da temporada passada, é bastante compreensível essa chacoalhada toda. O neozelandês tinha dinheiro para gastar, mas o clube não atrairia grandes nomes. Então optou por apostas em jogadores que ainda teriam potencial para ser explorado, na expectativa de que evoluam com mais tempo de quadra e possam formar um núcleo mais interessante daqui a dois anos, eventualmente. Sim, Jeremy Lin ainda se encaixa nesse perfil, ainda mais agora que ai reencontrar o técnico Kenny Atkinson, uma das principais figuras por trás das semanas de Linsanidade que viveu pelo Knicks há quatro anos.

Outros jogadores nessa linha: Hamilton, um pivô que jogou muita bola pelo Valencia na temporada passada e pode ser considerado um stretch 5, com bom chute da cabeça do garrafão; Bennett, um dos maiores fiascos da história do Draft, mas que ainda é jovem o bastante para não ser descartado de vez; e Harris, que entrou na liga com a reputação de ser um grande chutador de três pontos, mas que não impressionou a serviço do Cavs. Não são nomes que comovem tanto, mas vale a prospecção.

Lembrando também que a ideia inicial de Marks nem era contratar tanta gente assim. Acontece que, quando o Miami Heat e o Portland Trail Blazers decidiram cobrir suas polpudas (e um tanto ousadas) ofertas, respectivamente, por Tyler Johnson e Allen Crabbe, lhe restou dinheiro e poucos alvos no mercado. Aí ele optou pela contratação de veteranos como Scola, Vasquez e Foye, que são caras muito respeitados dentro do vestiário. Pensou em química. Mas será que tantos veteranos assim não podem roubar minutos preciosos dos mais jovens? Caras como Rondae Hollis-Jefferson, Chris McCullough, Sean Kilpatrick e os calouros LeVert e Whitehead deveriam ter a prioridade. Ou Brooklyn acreditaria que um quinteto Lin-Foye-Bogdanovic-Booker-Lopez seria competitivo no Leste?

New York Knicks

noah-jackson-knikcs-free-agency

Quem chegou: Derrick Rose, Joakim Noah, Courtney Lee, Willy Hernángómez, Brandon Jennings, Justin Holiday, Mindaugas Kuzminskas, Maurice N’Dour e Marshall Plumlee.
Quem ficou: Lance Thomas e Sasha Vujacic.
Quem saiu: Robin Lopez (Bulls), José Calderón (Bulls/Lakers), Jerian Grant (Bulls), Arron Afflalo (Kings), Derrick Williams (Heat), Langston Galloway (Pelicans) e Tony Wroten (Grizzlies).

É, Phil Jackson também trabalhou bastante nas últimas semanas. Quantas canetas foram necessárias para assinar tanta papelada? Desde a troca surpreendente com o Bulls por Derrick Rose (análise aqui) a contratações de veteranos com histórico de lesão, passando pela busca por talento na Europa, o Mestre Zen fez de tudo um pouco para tentar conduzir o Knicks de volta aos playoffs. Carmelo Anthony não aguentava mais. Agora está empolgadão com os nomes que chegaram. Deveria?

Em tese, Noah e Lee fortalecem bastante a vulnerável defesa da equipe. O Knicks pagou um preço caro por um dos marcadores mais inteligentes e aguerridos do basquete. Ele tem tudo o que Jackson ama em um jogador. Precisa ver apenas se o pivô – um dos meus cinco jogadores prediletos em toda a liga, acreditem – vai ter condições físicas para jogar a temporada toda em alto nível. Do contrário, vai ter de apelar a Hernángómez e Plumlee, que até são mais maduros que a média entre calouros, mas não estão à altura da missão. O espanhol tem força, munheca e movimentos para pontuar, mas não é um grande defensor. Já Plumlee vem com a grife Dukep-Coach K, joga pesado, não vai inventar onda nenhuma, reconhecendo todas as suas limitações com a bola. E bota limitação nisso.

O temor pela enfermaria naturalmente se estende aos armadores. Rose terá a companhia de Jennings, que tentará mostrar que a ruptura no tendão de Aquiles ficou no passado. Registre-se aqui uma curiosidade quase mórbida: vamos ver se os dois vão conseguir passar da marca de 70 jogos e de 40% nos arremessos.

Já Lee acrescenta muito na contenção do perímetro. É um defensor muito mais intenso e capaz que Afflalo, que hoje só tem fama. Também arremessa bem e sabe jogar coletivamente, se movimentando pelo ataque, abrindo espaços, acostumado a jogar em função secundária. Definitivamente não vai brigar com Melo e Rose por arremessos. Baita contratação.

Por fim, completando o elenco, Kuzminskas é um ala que vive de oportunismo no ataque. Não é um cara que cria situações de cesta por conta própria, mas sabe aproveitar muito bem as rebarbas em rebotes ofensivos e cortes para a cesta pelo fundo da quadra. Imagino muitas assistências de Noah e Jennings para ele. Na defesa, é uma negação, e talvez seja superado por Holiday na rotação justamente por isso. N’Dour, o atlético senegalês que mal jogou pelo Real Madrid, deve passar mais tempo com o time da D-League do que com as estrelas.

Se estivéssemos em 2010, as contratações de Phil Jackson seriam bombásticas. Mas o calendário, salvo engano, aponta 2016. Se tirarmos o Warriors da dicsusão, talvez o Knicks seja o time mais interessante para se acompanhar na temporada que vem, pela combinação perigosa de egos, pelo simples fato de Rose e Noah estarem fora de Chicago e pela situação de Carmelo – mais um ano de fracasso, e o ala muito provavelmente vá forçar uma troca.

Philadelphia 76ers

Quem chegou: Ben Simmons, Dario Saric, Sergio Rodríguez, Jerryd Bayless, Gerald Henderson e Timothy Luwawu.
Quem saiu: Ish Smith (Pistons), Isaiah Canaan (Bulls) e Christian Wood (Hornets)
Quem chegou e nem ficou: Sasha Kaun

Pela primeira vez desde 2013, o Sixers vai abrir uma temporada em que o objetivo não são as derrotas. O Processo de Sam Hinkie foi abortado abruptamente na campanha passada, com o Clã Colangelo afanando todos os seus ativos, e agora o metódico, cultuado (por uns) e ridicularizado (por muitos) dirigentes tem de se contentar, de alguma forma, com o fato de que pelo menos a franquia conseguiu uma estrela em torno da qual pode se fortalecer, que é Simmons. Mesmo que ele já não esteja mais por lá para curtir esse desenvolvimento.

O novato australiano já encantou durante as ligas de verão com sua visão de quadra especial, lembrando muito um Jason Kidd de 2,08m de altura. Tal como era o caso do armador, porém, em seus primeiros anos de profissional, Simmons não representa absolutamente nenhuma ameaça como chutador, e isso vai ter um preço em seu ano de novato. Enquanto ele não der um jeito nesse fundamento, não deve entrar na pauta de um All-Star Game, por exemplo.

Com Saric e Rodríguez vindo da Europa, de todo modo, o Sixers certamente será um dos times mais divertidos da liga nas trocas de passe e jogo em transição. Depois de sofrer com armadores abaixo da linha da mediocridade, Brett Brown agora pode chorar de alegria no banco. Ele merece.

Fora isso, Henderson vai contribuir com profissionalismo, defesa e chutes de média distância, jogando em casa, enquanto o francês Luwawu se encorpa e se ajusta a um jogo no qual não será mais a figura mais atlética em quadra, como acontecia na Sérvia.

A missão de Colangelo agora deveria ser encontrar uma nova casa para Jahlil Okafor, cujos talentos ofensivos não se encaixam com o restante do elenco – independentemente, inclusive, do que acontecer com Joel Embiid. A rotação da linha de frente com Robert Covington, Jerami Grant, Simmons, Saric, Nerlens Noel e Richaun Holmes já é interessante o bastante.

Toronto Raptors

derozan-raptors-franchise

Quem chegou: Jared Sullinger, Jakob Poetl e Pascal Siakam.
Quem ficou: DeMar DeRozan.
Quem saiu: Bismack Biyombo (Magic), Luis Scola (Nets) e James Johnson (Heat).

Masai Ujiri teve a chance de acrescentar Serge Ibaka ao finalista da Conferência Leste, mas não aceitou o preço cobrado por OKC (que era a nona escolha do Draft + Patrick Patterson + Cory Joseph + Norman Powell). Os dois reservas são figuras muito queridas no vestiário e compuseram uma segunda unidade que foi um dos pontos fortes do time canadense na última temporada. Joseph também é adorado em Toronto, um queridinho local. Powell deixou claro seu potencial nas últimas semanas do campeonato. Ainda assim… Por mais salgada que fosse a pedida, se o Raptors pretendia melhorar nessa temporada, talvez valesse a aposta. Ibaka seria um parceiro perfeito para Jonas Valanciunas e ainda supriria a inevitável ausência de Biyombo como protetor de aro.

Outra opção badalada que o clube vislumbrou foi Pau Gasol. Aparentemente, se não fosse a aposentadoria de Tim Duncan em San Antonio, o pivô espanhol estava muito disposto a fechar com Toronto. Taj Gibson também foi cortejado, mas as reviravoltas de mercado em Chicago impediram o negócio. Aí restou ao nigeriano a contratação de Jared Sullinger, por US$ 6 milhões.

Considerando os alvos primários, o ala-pivô não empolga muito. Não é ele que vai aproximar o Raptors do Cavs. Mas foi uma alternativa razoável e barata, para assumir os minutos de Luis Scola. Uma evolução. Sullinger é um reboteiro muito mais eficaz, também sabe passar a bola, embora seja um arremessador no mínimo irregular. Como ele vai se encaixar na equipe depende basicamente de seu condicionamento físico. Em Boston, teve constantes embates com a balança.

Já os calouros Poetl e Siakam entram no programa de desenvolvimento da franquia, que agora está lotado. Para um time que briga para se manter no topo da conferência, são diversos os jovens jogadores que não devem receber muita atenção de Dwane Casey na próxima temporada. Talvez o austríaco possa brigar por posição com Lucas Bebê, valendo a vaga de reserva imediato de Valanciunas.

***Receba notícias de basquete pelo Whatsapp***
Quer receber notícias de basquete no seu celular sem pagar nada? 1) adicione este número à agenda do seu telefone: +55 11 96572-1480 (não esqueça do “+55”); 2) envie uma mensagem para este número por WhatsApp, escrevendo só: oscar87


Faverani, Lucas Bebê, Raulzinho, Alexandre… A quantas anda a ‘invasão brasileira’ na NBA?
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Lucas Bebê e sua turminha nova

Lucas, Schroeder e Muscala aguardam as negociações do Haws para assinar, ou não

Está tudo indefinido no momento. Tudo depende de alguma coisa, ou de várias coisas, na verdade. Mas o contingente brasileiro, de uma hora para outra, poderia saltar de seis para 10 na NBA. Ou ser reduzido para cinco (Leandrinho e Scott Machado). Vai saber: é um período de incertezas, mesmo, com muitos times ainda bem distantes de tomar uma cara, enquanto outros buscam apenas alguns últimos retoques. Nesse furacão, Lucas Bebê, Raulzinho & Cia. são vistos como trunfos (“assets”) das franquias, peças num grande tabuleiro (para ficar numa metáfora mais básica), aguardando a hora de colocar as coisas no papel.

Mas vamos lá, tentar resumir e entender a quantas anda a invasão brasileira na liga. Por tópicos:

Vitor, de Valência para Boston?

Faverani em dupla com Fabrício?

Vitor Faverani (atualizado)
Aos 25 anos, estabelecido como um jogador de ponta na Espanha, Vitor foi testado pelo menos por quatro clubes da NBA – Knicks, Wizards, Celtics e Spurs – nas últimas semanas, mas já tem um bom emprego no Valencia, atraindo o interesse de Real Madrid e Barcelona ano sim, ano não. Não precisa se esgoelar para cruzar o Atlântico.

A boa nova, porém, vem do site Tubasket.com: o Boston estaria interessado em lhe oferecer um contrato. “Dos quatro, o Celtics lhe quer em seu elenco”, afirma a publicação, sem dar muitos detalhes, contudo. Com a megatroca que fechou com o Nets, se despedindo de Pierce e Garnett, Danny Ainge já teria no mínimo 13 jogadores sob contrato – Fabrício Melo entre eles –, restando duas vagas para completar o plantel.

Horas mais tarde, o mesmo site espanhol foi adiante e colocou Faverani “muito próximo” de um acordo para se tornar o terceiro brasileiro a jogar pela histórica franquia. “Com o passar das horas, já temos novidades. Todas elas deixam o jogador cada vez mais próximo de Boston, onde esteve há duas semanas entrevistando dirigentes da franquia. Fontes próximas da operação confirmam ao Tubasket.com que o acordo está quase fechado, quase 100%”, escreveram. “Faltam detalhes, embora no principal exista um entendimento: dois anos de contrato mais um terceiro opcional.

Vitor passou batido no Draft de 2009, a despeito de ser seguido pelos olheiros da NBA por anos, admirados com seu talento, mas preocupados com seu comportamento fora de quadra.  Aos poucos, devarzinho, as coisas foram se ajeitando para o paulista de Paulínia. Aparentemente, duas semanas depois de entrevistado, para os cartolas da Beantown, não resta dúvida sobre seu amadurecimento. Vamos ver se eles fecham a negociação.

“Na parte com o time americano, está tudo praticamente certo. Agora precisamos esperar os dois times entrarem em contato, e isso demora um pouco mais. Eles irão pagar uma multa para ele deixar o Valência”, disse o agente Luiz Martín, ao Lancenet!.

Lucas Bebê
Danny Ferry, gerente geral do Atlanta Hawks, anda bastante ocupado nas últimas semanas. Com mais de US$ 20 milhões em salários para gastar, tentou Dwight Howard em vão, assinou com Paul Millsap, renovou com Kyle Korver, fechou com o operário DeMarre Carroll, vai se sentar com Andrew Bynum nesta semana (talvez até nesta terça) e ainda precisa ver o que fazer com Jeff Teague. Ele pode tanto estender um novo contrato para o pequenino, ou envolvê-lo em uma negociação por Brandon Jennings ou Monta Ellis.

Considerando toda essa movimentação, Ferry tem sob sua alçada nove jogadores – sejam contratados ou apalavrados. Restam quatro vagas para ele preencher um elenco mínimo para a próxima temporada. Uma certamente seria a do armador titular. Outra poderia ser de Bynum, mas precisa ver se há espaço na folha salarial para isso dar certo. Talvez não sobre grana. As outras duas ou três? Neste ponto entrariam Lucas Bebê e o alemão Dennis Schroeder, suas duas escolhas de primeira rodada do Draft deste ano, além de Mike Muscala, pivô apanhado na segunda rodada.Primeiro, trabalham com os agentes livres, depois com os calouros.

Lucas e sua icônica subida ao palco do Draft

Será que Bebê vai jogar na NBA de Stern ou na do próximo comissário?

Pensando primeiro no Hawks, o técnico Mike Budenholzer teria como opções de garrafão hoje o talentosíssimo Al Horford, Millsap, Carroll (numa formação mais baixa) e… só. Zaza Pachulia se foi, algo providencial. Bebê e Muscala, então, completariam a rotação. Mas, olha-lá, considerando sua inexperiência, esse grupo ainda fique muito frágil, por mais que queiram usar de small ball. Se o Hawks ainda mira os playoffs – e a contratação de Millsap só corrobora isso –, os cartolas do clube teriam de confiar muito em seus novatos para toparem batalhar com este elenco.

Agora, está pendente ainda a liberação do pivô brasileiro. Ele renovou seu contrato com o Estudiantes por mais dois anos. Poderia ficar na Liga ACB até 2015, confortável, se desenvolvendo. A renegociação, no entanto, permitiu que sua multa rescisória fosse reduzida, facilitando sua saída. Antes, estávamos falando de cerca de 2 milhões de euros, segundo a mídia espanhola, para que o carioca saísse este ano – em 2014, seria de graça. Para não ficar de mãos abanando, o time de Madri aceitou abaixar o valor pedido para agora, desde que no ano que vem também pudessem receber algo.

Ainda que Bebê não tenha saído entre os 10 ou 15 primeiros, com salário mais alto, sendo a 16ª escolha, ganharia no mínimo $1,371 milhão (o valor poderia chegar até US$ 1,6 milhão, dependendo da boa vontade de Ferry) em sua primeira temporada. Estaria provavelmente em condições de pagar sua multa – lembrando que o Hawks pode contribuir com US$ 550 mil nesta conta. Financeiramente valeria a pena, ainda mais de olho no segundo contrato, costumeiramente mais generoso. Agora, essa remuneração só aumentaria de modo mais significativo desde que Lucas mande bem em quadra. Até agora, em todas suas entrevistas, o jogador manifesta confiança de que estaria pronto, sim, para fazer a transição.

Raulzinho (atualizado)

Raulzinho, ainda sem a farda

Espanha ou NBA? Pergunta importante para evolução, diz Raul

A situação é bem mais instável que a de Lucas. A começar pelo fato de ter sido escolhido na segunda rodada do Draft, o que lhe dá menos prestígio na hora de negociar. Mas, mais importante, é o fato de o Utah Jazz já ter assinado com Trey Burke, o n¡umero 9 do Draft, armador  como ele e eleito o jogador do ano do basquete universitário. Para ficar com Burke, a franquia gastou duas escolhas de primeiro round. Ele chega para ser titular, até que se prove o contrário (seu primeiro jogo não foi dos melhores, mas ainda está MUITO cedo para qualquer avaliação).

Por mais que o clube tenha, enfim, adotado uma rota de rejuvenescimento em seu plantel, permitindo a saída de Al Jefferson e Millsap para abrir espaço para os promissores Derrick Favors e Enes Kanter, seria muito raro o clube iniciar a temporada com dois armadores novatos dividindo o tempo de quadra. Improvável demais. Tanto que, na noite de segunda-feira, seus diretores se reuniram com John Lucas III em Orlando.

Não ajuda em nada Raul não ter conseguido uma liberação da Fiba para disputar a liga de verão de Orlando nesta semana. Ainda com contrato com o Lagun Aro GBC (ou San Sebastián Gipuzkoa BC), Raulzinho precisava de uma licença para participar dos amistosos e mostrar em que estágio está seu desenvolvimento. Demorou um pouco, mas chegou. Nesta terça, já estava apto para jogar contra o Houston Rockets. Com experiência de duas temporadas numa Liga ACB, tem grandes chances de impressionar.

No caso de o Utah fechar com um atleta mais rodado para ajudar Burke, valeria a pena para o brasileiro ser o terceiro armador? Duvido. Seria bem melhor seguir na Espanha como titular, enfrentando veteranos de alto nível, para, no futuro, tentar a NBA ainda mais consolidado.

“Não sei ainda quando sairá essa decisão sobre meu futuro”, afirmou o armador ao ESPN.com.br. “Meu agente Aylton Tesch está em contato com minha equipe na Espanha, assim como com o Utah Jazz, buscando aquilo que for melhor no momento. Mudar para NBA ou não? Não é algo a ser pensado ainda, tenho que pensar o que vai ser melhor para eu continuar evoluindo.”

Ainda sobre Raulzinho, uma coisa: sei que não temos muitas referências sobre Utah, ou Salt Lake City, vá lá… Mas que tal propormos um pacto coletivo e jamais lhe perguntar o que ele pensa sobre jogar no time que tinha John Stockton? Ok, uma lenda. Ok, um dos maiores da história. Ok, Stockton-to-Malone. Mas… A aposentadoria do carteiro do carteiro, já completou 10 anos. Quantos anos o brasileiro tinha quando o o sujeito disse adeus? Só 11. Então… Deixem que os filhos de Stockton, David e Michael, com o sobrenome nas costas e a função de armador em quadra, falem a respeito. É importante colocar isso porque muitas vezes nós, entidade conhecida como mídia, podemos criar uma história que não existe e, depois, cobrar a respeito.

Alexandre Paranhos

Alexandre, ele

Alexandre mal vestiu a camisa do Flamengo em jogos para valer. Dallas observa

Aposta de Leandrinho, o jogador revelado pelo Flamengo está inscrito no elenco de verão do Dallas Mavericks, que vai jogar na semana que vem em Las Vegas. É difícil dizer o que esperar do ala. Fisicamente, estamos falando de um jogador muito talentoso. Forte, vigoroso, com tremenda envergadura. Aparentemente, deu um duro danado nos Estados Unidos na preparação para o Draft e teria valorizado ainda mais esses atributos. Por outro lado, ainda é muito cru nos fundamentos e muito inexperiente – em alto nível,  isso nunca aconteceu; mal jogou no NBB.

Para agravar, faz muito tempo que o rapaz não disputa uma partida de verdade de basquete. Como, então, vai reagir diante da pressão de tentar uma vaguinha no clube texano, enferrujado e ainda enfrentando a famosa barreira da língua? (No Dallas, o atenuante ao menos fica por conta da predisposição histórica da franquia para trabalhar com estrangeiros).

Durante os treinos desta semana e, em Las Vegas, Alexandre deve convencer os técnicos e dirigentes de Mark Cuban de que merece ao menos um chamado para o training camp em outubro. Desta forma, mesmo que não entrasse para o elenco final, poderia seguir sob a tutela de Donnie Nelson na filial do Mavs da D-League, o Texas Legends.

Para constar: na liga de verão, os segundanistas Jae Crowder (ala) e Bernard James (pivô) saem na frente. Assim como o armador Shane Larkin, escolha de primeira rodada, o ala Ricky Ledo, do segundo round, e o israelense Gal Mekel, já com contrato garantido. De resto, o brasileiro teria de trombar com Christian Watford, calouro revelado por Indiana, DJ Stephens, calouro hiperatlético de Memphis, além dos pirulões Hamady N’Diaye, ex-Wizards, e Dewayne Dedmon, formado pela USC.

É uma trajetória surpreendente a de Alexandre, de qualquer maneira, que desperta muita curiosidade, ainda mais pelo simples convite por parte do Mavs.

PS importante: muito do que está explanado acima pode mudar com um sopro. Considerando a loucura que foi a noite do Draft – Raulzinho já experimentou o que é ser trocado – e toda a movimentação da intertemporada, basta um negócio inesperado para se fechar um elenco, abrir vagas etc. Há muita coisa em jogo ainda.


Draft: como está o status dos brasileiros que se candidatam à NBA
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Passada esta final eletrizante e memorável, é hora de nos dedicarmos ao próximo passo da NBA. Porque o show não pode parar.

É hora do Draft! Um dos meus períodos favoritos do ano, acreditem.

Não deu para comentar isso durante os últimos dias malucos – do ponto de vista pessoal –, mas as três brasileiros que se candidataram este ano decidiram manter a inscrição no processo de recrutamento de novatos da liga: Lucas Bebê, Raulzinho e até mesmo o ala Alexandre Paranhos. O que surpreende, bastante.

(Lembrando que Augusto Lima não pode ser incluído neste grupo em específico porque sua participação, devido ao ano de nascimento, já é automática. Assim como todo brasileiro que veio ao mundo em 1991.)

Lucas Bebê em Treviso

Bebê está subindo nas tabelas…

Desta forma, fazendo as contas, são pelo menos quatro os brasileiros tentando ingressar na liga efetivamente, restando agora menos de uma semana para a cerimônia do dia 27 de junho, no ginásio do Brooklyn Nets.

Agora estamos no ponto desse processo em que os prospectos vão cruzando os Estados Unidos de costa a costa para treinar em privado pelas equipes. Essas sessões podem alternar: há jogadores que se recusam a duelar com outros em quadra e são avaliados individualmente ou apenas entrevistados e examinados. Há aqueles que estão sedentos para esse tipo de batalha, para provar que têm condição de subir nos rankings de um time em específico.

Esse tipo de treinamento produz muitas vezes causos e causos.

Nunca vou me esquecer dos relatos que vieram de Memphis no ano de 2003, quando Leandrinho seguia a trilha de Nenê. Há dez anos já! Caraca.

Pois bem, o ala-armador brasileiro havia acabado de fazer toda uma preparação especial sob a tutela de Ron Harper, em Cleveland. Aos poucos, começou aquele burburinho que aumentou consideravelmente num treinamento pelo Grizzlies, ainda gerido por Jerry West naquela época. Ali, Leandro bateu de frente, literalmente, com um prospecto vindo de Marquette, um certo Dwyane Wade. Segundo consta, o pau comeu nas atividades em quadra, e o hoje superastro do Miami Heat teria reclamado para West sobre o excesso de agressividade de seu adversário. Velha Escola, o Logo teria sorrido maliciosamente, se divertindo com o que via.

Um ano depois, em 2004, quem estava em turnê pré-Draft era o Rafael “Baby” Araújo. Formado por BYU, seu jogo não era nenhum mistério para os scouts e dirigentes. “Hoffa” (nos EUA) era cotado como um dos melhores pivôs daquela safra – pensem nisso: ele foi draftado em oitavo pelo Raptors, enquanto Anderson Varejão saiu apenas em 30º, via Orlando Magic, depois trocado para o Cleveland Cavaliers. Ainda assim, precisava provar seu valor nesses testes. E, para todo lugar que ia, parece que se cruzava com outro grandalhão, David Harrison, da universidade do Colorado. Dizem que chegou um momento em que os dois já não se aturavam mais, de tanta pancada que haviam trocado em um curto período. Até que saíram no tapa, mesmo.

 É por isso que passam os brasileiros agora.

Das notícias que temos, Lucas Bebê já treinou por Utah Jazz (14ª e 21ª escolhas) e Minnesota Timberwolves (9ª e 26ª). O brasileiro é visto hoje como um candidato certeiro ao primeiro round do Draft, e há quem já o coloque entre os 20 mais bem cotados depois da ótima exibição no camp de Treviso.

Em Utah, ele duelou com Mason Plumlee, jogador formado pelo Coach K em Duke, muito mais polido e três anos mais velho. Interessante que o Jazz esteja olhando para grandalhões também, quando o mais lógico seria buscar um armador . Talvez porque saibam que dificilmente vão manter Millsap e Al Jefferson, precisando preencher a rotação em torno dos ultratalentosos Enes Kanter e Derrick Favors. Já em Minnesota o carioca competiu com outro “marmanjo”, Jeff Withey, de Kansas, também com três anos a mais de cancha.

Augusto, por sua vez, lutaria por uma vaga no segundo round. Por isso, já foi testado pelo Wolves (que tem também as 52ª e 59ª escolhas), pelo Golden State Warriors (que, curiosamente, não tem nenhuma escolha de Draft, mas sempre pode se envolver em alguma troca ou simplesmente comprar uma, algo mais fácil na segunda rodada) e pelo Indiana Pacers (23ª e 53ª). Nas duas últimas sessões, o brasileiro concorreu com o iraniano  Arsalan Kazemi, prospecto da universidade de Oregon.

Sobre Paranhos, as informações são escassas. O ala ex-Flamengo, de potencial físico incrível, mas que mal jogou pelo clube carioca nos últimos dois NBBs, está sendo promovido nos Estados Unidos por Artur Barbosa, o irmão mais velho de Leandrinho. Artur enviou um email ao jornalista Henry Abbott, do blog ThrueHoop, da ESPN, para falar sobre o garoto. Em seu texto, revela que o ala foi testado pelo Houston Rockets. O Milwaukee Bucks foi outro que o observou de perto.

*  *  *

Sobre Raulzinho, não há relatos de que esteja treinando nos Estados Unidos, mas tenho uma pequena informação: há um time da Conferência Oeste bastante interessado pelo armador. Seu estafe ficou impressionado com sua exibição em Treviso, onde foi eleito o MVP do camp.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>