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Arquivo : Alex

Brasília apanha pela Liga das Américas naquilo que teoricamente faz de melhor
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Giancarlo Giampietro

Giovannoni reclama

O Brasília se habituou a dominar o NBB com seus jogadores mais talentosos que a média, explosivos, descendo em contra-ataques aparentemente poderosos, ainda mais com todo o entrosamento de anos entre Nezinho, Alex e Arthur, mais a adição de Giovannoni quando essa base de reencontrou no Distrito Federal.

Além disso, não dá para esquecer que os supercampeões nacionais também são famigeradamente conhecidos por sua catimba, o apreço pelo contato físico, a reclamação com a arbitragem, uma ou outra falta mais dura, para mostrar “quem manda”. O território é deles, afinal.

Mas e quando o adversário não está nem aí para nada disso – e, se quiser encarar, sobra um senhor cotovelo do pivô Fernando Martina? Quando não enxergam do outro lado nenhum cachorrão? E quando a arbitragem se mostra extremamente fria a cada contestação, petrificada, mas não por medo?

Aí o jogo tem que ser só na bola, e na bola o Lanús deu uma sova nesta quinta-feira, vencendo por grigantes 77 a 49 pela abertura do quadrangular final da Liga das Américas, em Porto Rico.

A vantagem chegou a ser de 69 a 34 ao final do terceiro período. Na última parcial, com a partida já decidida, a equipe brasileira venceu por 15 a 8. O que houve?

Os argentinos – e seus dois excelentes americanos, o pivô Robert Battle e o ala-pivô William McFarlan – simplesmente fecharam a porta na cara do Brasília, que se viu obrigado a investir em lances de um contra um, sem nenhuma inventividade em suas movimentações ofensivas, virando presa fácil.

Para entrar no garrafão foi extremamente complicado, resultando numa pontaria horrível de 35% nos arremessos de dois pontos para seus oponentes. Você soma isso com o fato de as sagradas bolinhas não terem caído dessa vez – foram 11,1%, 2/18, azar, né? – e tem uma ideia do que a defesa dos caras aprontou na partida. Para não ficar nenhuma dúvida, ainda se pode contrastar as sete assistências (sete do time todo, em 40 minutos de jogo, reparem) contra 16 desperdícios de bola para os campeões nacionais. Um estrago.

Contestando cada arremesso, cada posse de bola – quando o jogo ainda valia –, o Lanús conseguiu então atropelar os candangos justamente nos contragolpes, com 23 pontos contra apenas sete. Foi com um contra-ataque atrás do outro nos segundo e terceiro períodos, vencido por 26 a 12 e 24 a 9, que o time abriu sua expressiva liderança.

E isso chama bastante atenção: os brasileiros gostam de jogar desta forma, mas só de um lado da quadra? Porque a defesa em transição nesta primeira rodada do quadrangular decisivo foi um desastre. Completamente lenta, desnorteada, permitindo que os armadores, alas ou pivôs pudessem se aproximar de sua cesta com muita facilidade, trocando passes em high-low, em triangulações, ou batendo direto em infiltrações, mesmo, como no caso de Nicolás Laprovitolla, armador de seleção, que anotou 18 pontos e 5 assistências, matando seis chutes em oito tentativas de dois pontos.

Não dá para dizer que o Lanús é tão superior assim em comparação com o Brasília.

Dá para argumentar que foi uma daquelas noites em que “nada deu certo” – Alex acertou apenas um arremesso em oito, pontuando basicamente em lances livres; Arthur terminou com dois pontos; Guilherme foi com 4/12; Nezinho sozinho foi responsável por sete turnovers.

Mas não deixou de ser uma tremenda de uma lição de basquete .

*  *  *

O Lanús já enfrentou clubes brasileiros em quatro ocasiões neste torneio e venceu todas elas por mais de dez pontos de vantagem. Além da surra que aplicaram nos candangos nesta quinta, bateram o Flamengo por 83 a 69 na fase de semifinal e o Pinheiros em duas ocasiões: 86 a 74 na primeira fase e 87 a 72 nas semis. Afe. Ainda bem que não disputam o NBB, hein?

*  *  *

Nesta sexta, o Pinheiros enfrenta os argentinos pela terceira vez, então, neste torneio. Na primeira rodada, a equipe paulistana conseguiu uma boa vitória por 88 a 76 sobre os anfitriões do Capitanes de Arecibo – que tem três jogadores ex-NBA, os gêmeos Graham e o gigante PJ Ramos. Belo resultado, mas não vi o jogo. Seguem as estatísticas. Quem vencer entre Lanús e Pinheiros, então, vai ficar muito perto do título.


Com amistoso marcado, a NBA enfim ratifica descobrimento do mercado brasileiro
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Giancarlo Giampietro

Linha do tempo, vamos lá:

– 1984: Oscar Schmidt é draftado na sexta rodada pelo New Jersey Nets, mas nunca chega a fazer a transição para a liga norte-americana, numa época de raríssimos contatos entre a NBA e o mundo FIBA.

– 1988: vindo da universidade de Houston, a mesma de Hakeen Olajuswon, o pivô Rolando Ferreira é draftado pelo Portland Trail Blazers na 26ª escolha geral, a primeira da segunda rodada, já uma façanha e tanto. Ele encerra sua carreira na liga em apenas uma temporada, com 12 partidas disputadas.

– 1991: João Vianna, o Pipoka, disputa uma partida oficial pelo Dallas Mavericks e marca dois pontos contra o Spurs em San Antonio. Ele assinou contrato no dia 2 de outubro e acabou dispensado em 12 de novembro.

Nenê e o commish

Nenê podia ter sido do Knicks, mas foi para o Nuggets em marco brasileiro na NBA

– 2002: Nenê Hilário é selecionado na sétima colocação do Draft da NBA pelo Knicks, um feito histórico. É repassado de imediato ao Denver Nuggets, pelo qual jogou até o ano passado, quando foi trocado para o Washington Wizards. Em sua carreira, já tem garantidos mais de US$ 100 milhões apenas em contrato.

– Junho de 2003: É a vez de Leandrinho seguir a rota traçada pelo pivô são-carlense e deixar o basquete brasileiro para se preparar exclusivamente para o Draft. É selecionado pelo Spurs na 28ª escolha para ser repassado para o Phoenix Suns. Pelo clube do Arizona, foi eleito o melhor sexto homem de 2007, sendo um dos melhores arremessadores de três pontos do campeonato por dois anos seguidos.

– Setembro de 2003: Alex Garcia impressiona o técnico Gregg Popovich na disputa da Copa América no Porto Rico e assina como agente livre com o San Antonio Spurs. É dispensado em junho de 2014 e logo contratado pelo New Orleans Hornets. Acabou dispensado pelo novo clube em dezembro daquele ano.

– 2004: seguindo, uma rota diferente, o pivô Rafael Araújo, o Baby, é o oitavo no draft daquele ano, tendo se formado pela universidade de BYU – ao contrário do que teve no basquete universitário, porém, sua carreira na liga profissional dura apenas três anos, até que seu contrato com o Utah Jazz expirou em 2007. No mesmo recrutamento, Anderson Varejão sai em como o número 30, a primeira escolha da segunda rodada, pelo Orlando Magic, mas já é negociado pouco depois para o Cleveland Cavaliers. É ídolo da torcida.

– 2006: Marquinhos, com os mesmos agentes de Nenê e Leandrinho, também tenta a sorte nos EUA e é escolhido na posição 43 do draft pelo Hornets. Fica dois anos no clube, joga pouco (26 partidas no total) e é trocado nem fevereiro de 2008 para o Memphis Grizzlies, que não renovou seu contrato.

Alex, o da NBA

Alex, em novembro de 2004: um Hornet

– 2007: Tiago Splitter, jogando na Espanha, cai no colo do San Antonio Spurs no final da primeira rodada, novamente com a escolha 28, mas dessa vez o clube texano mantém o brasileiro. O pivô jogou mais alguns anos pelo Baskonia até se transferir. Virou titular na atual temporada e deve chegar bem cotado ao mercado.

– 2010: Paulão Prestes é escolhido pelo Minnesota Timberwolves, na segunda rodada (45ª), é aproveitado em jogos de liga de verão, mas não chega a firmar um contrato.

Esse é o campo esportivo.

No dos negócios, a liga desenvolveu seus laços com o país de modo bem tímido – ao menos do ponto de vista oficial, já que seu marketing já era disseminado por meio de suas partidas, site e produtos importados.

Numa teleconferência de imprensa láaaaaaa atrás em 2000, antes mesmo da chegada de Nenê a Denver, o comissário David Stern já ventilava a possibilidade de fazer um amistoso de pré-temporada no brasil. Lembro que, na mesma conversa, ele afirmava que dois jogadores brasileiros tinham chances de entrar na liga num futuro próximo: Guilherme Giovannoni e Jefferson Sobral. A história acabou sendo outra.

De todo modo, uma vez com Maybyner Hilário contratado, a NBA tinha, enfim, alguma âncora firme para evoluir com seus negócios. Mas foi bem aos poucos. O país recebeu algumas das edições do programa “Basketball Without Borders”, um camp coordenado por dirigentes e técnicos de suas franquias, reunindo alguns dos principais jovens jogadores do continente. O último foi em 2011, no Rio. Eventos esporádicos também foram realizados.

BWB no Rio

Atividade do BwB no Rio em 2011

Até que de um ano para cá as coisas esquentaram. Em 2012, começou a operar um escritório da liga no Brasil, localizado no Rio. “O país que receberá o Mundial de futebol e a Olimpíada chama a atenção do mercado internacional”, disse na época o vice-presidente da NBA para a América Latina, Phillippe Moggio, ao repórter Daniel Brito, então da Folha de S.Paulo (texto na íntegra para os assinantes). O próximo passo foi a criação de uma loja oficial online: “Vemos o Brasil como terceiro mercado para a NBA [atrás de EUA e China], é muito importante, pelo crescimento do país, seu bom momento, além da Olimpíada. É uma oportunidade muito grande”, disse Moggio.  Na ocasião, o dirigente garantiu que chegaria ainda o dia em que o país teria um jogo de pré-temporada, pelo menos. “É um compromisso que temos”, afirmou.

Durante a década passada, esse tipo de discurso havia sido repetido tantas vezes, em diversas ocasiões, que sempre foi recomendado um tico de desconfiança. Dessa vez não foi apenas falácia, enfim chegou o dia: 12 de outubro de 2013, com Washington Wizards enfrentando o Chicago Bulls na Arena HSBC, do Rio.

Ter uma arena de primeiro nível sempre foi visto como um grande impasse para a realização de um amistoso ou jogo da liga por aqui. O ginásio escolhido no Rio de Janeiro está de pé desde 2007, quando abrigou os Jogos Pan-Americanos. Na ocasião, apenas como espectador do evento, Leandrinho me disse o seguinte a respeito: “Com certeza (a arena) pode receber qualquer evento da NBA. Garanto que muita gente viria para o ginásio apoiar um time que tenha algum dos brasileiros”.

Em termos de infra-estrutura, a sede não mudou tanto assim para que pudesse ser esse o difrencial na decisão anunciada nesta terça-feira pela turma de Stern. A marcação do amistoso, enfim, ratifica o descobrimento do Brasil, como mercado, pela NBA.


Análise: Brasília vence jogo tresloucado com defesa sufocante de Alex sobre Marquinhos
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Giancarlo Giampietro

 Olivinha x Isaac

Algumas notas sobre o clássico entre Flamengo e Brasília, aparentemente as duas melhores equipes do basquete brasileiro. Uma vitória dos candangos por 82 a 70, impondo a segunda derrota do rubro-negros na atual edição da liga nacional:

– É claro que vai irritar muita gente, mas não dá para evitar a sugestão: se isso é o que há de melhor hoje no basquete brasileiro, então a coisa está feia, mesmo. Ficando evidente que os times participantes do NBB não conseguem dar aquele salto técnico tão aguardado.

(Pausa para que se digira essa colocação por alguns cucos…)

(Pronto.)

Que o ginásio borbulhando influencia no comportamento dos atletas decididamente – afinal, eles, por mais experientes que sejam, não estão nada habituados a entrar em quadra com tanta gente assim na plateia, mesmo que haja todo aquele espaço azul nas laterais da quadra para separá-los.

Que a rivalidade também contribui para tanto nervosismo. Havia muita tensão no ar, claro.

Mas chega uma hora que você espera que as coisas se assentem em quadra. Que os atletas tenham se aclimatado e passado a se concentrar tão somente no que precisavam executar em quadra, canalizando toda a energia do confronto de modo positivo.

Não foi o que aconteceu, e o que vimos foi um jogo sem ritmo algum: é de atordoar a facilidade para se alternar entre sequências infindáveis de ataques e contra-ataques tresloucados, com um festival de decisões equivocadas, e um jogo travado pelo excesso de faltas duplas, reclamações e tantas explanações didáticas (bem didáticas, tudo explicadinho, direitinho, em prol do basquete, sabe? Bem direitinho mesmo e didático, tintim por tintim, não se enganem). Foram muitos erros de bandeja e em finalizações no garrafão.

– Na NBA, já é recorrente a discussão sobre a eficiência do famigerado “hero ball”: quando o sujeito põe a bola debaixo do braço nos segundos finais, pede para limpar a quadra e parte para o abraço, para as glórias. É ele contra a rapa. Já não é realmente o cenário mais indicado. No confronto desta quinta, vimos isso acontecer muitas vezes: individualismo exacerbado. Com uma diferença: muitas vezes apenas no início de uma posse de bola qualquer no segundo quarto. Ou no primeiro. Ou no fim do terceiro. Enfim…

– O resultando de tanto nervosismo e tentativa de heroísmo na frieza dos números: um aproveitamento muito baixo nos arremessos de quadra. O Brasília matou 30 em 70 tentativas de cesta (42,8%). O Flamengo foi de 22 em 66, o clássico 33,3%. Ugh. E não me venham dizer que foi por causa de duas muralhas defensivas. Muralha, mesmo, tem um nome. Vamos a ele…

– Também não chega a ser novidade, mas é preciso reconhecer mais um esforço louvável de Alex para conter seu companheiro de seleção brasileira, Marquinhos. Não dá para dizer que existe uma rivalidade pessoal entre os dois. Mas ambos sabem que é um duelo diferente, envolvendo dois jogadores de ponta, de seleção. E nós sabemos que esse é o tipo de jogo que Alex adora também. Pois o “Brabo” usou todo o seu vigor físico, aplicação e fundamento para anular um dos jogadores mais talentosos ofensivamente do campeonato.

Alex ainda terminou com 11 pontos, boa parte deles anotados no quarto final, mas a grande influência que ele exerceu sobre a partida foi na marcação, mesmo, se dedicando a arrancar o flamenguista de sua zona de conforto.

– Sobre Marquinhos, realmente foi um jogo bastante decepcionante. O ala não conseguiu reagir contra a defesa sufocante de Alex, se perdendo em quadra. Em vez de encarar o desafio, buscar mais infiltrações – já que o tiro de fora não caía… –, o ala fez o contrário: sucumbiu, recuou em quadra e insistiu em chutes de probabilidade muito menor de acerto. Encerrou sua participação com apenas uma cesta de quadra em dez tentativas.

Quando não brecava para buscar o arremesso, procurava rodar a bola. Mas, aturdido, cometeu uma série de erros. Foram cinco desperdícios no total, sem contar outros passes forçados quase interceptados pelos oponentes. Seria um jogo para esquecer, não fosse a necessidade de rever seu desempenho e tentar tirar uma lição disso.

– Fica a expectativa para que o pivô Paulão consiga dar um jeito em seu físico. Porque do jeito que está não dá. Naturalmente, vocês vão achar que o blogueiro ficou maluco, já que o rapaz somou 17 pontos e 10 rebotes no triunfo, sendo o jogador com melhor índice de eficiência da partida. Agora, tivesse o Flamengo um pivô mais ágil, como ficaria Paulo Prestes em quadra?

– Aliás, esse é um ponto constantemente destacado pelo professor Paulo Murilo em suas análises no Basquete Brasil (leitura obrigatória para avaliar o que se passa, ou não, com a tática no NBB) e que ficou evidente: lentos, Caio e Paulão ficam bastante deslocados em seus elencos, com um estilo que não combina com a vocação do restante dos companheiros. E, por falar em Paulo Murilo, fica uma dica para os basqueteiros cariocas de plantão, ou aqueles que possam dar um pulinho no Rio de Janeiro: o professor vai coordenar uma oficina imperdível de 28 a 31 de março.

– Nezinho: 4 acertos em 11 tentativas de três pontos. Onze. Algumas delas horrorosos, daquelas de tirar as crianças da sala.

– Impressão, ou Alex está saltando ainda mais? O mesmo vale para Giovannoni, que, nos segundos finais, saiu com bastante facilidade do chão para dar duas raras cravadas.

– Sobre a transmissão: ponto para o SporTV por ter enviado sua equipe para o ginásio, dando a chance para que os telespectadores pudessem captar toda a pressão exercida pela torcida. Só uma observação: será que não dava para caprichar mais no cronômetro apresentado na tela? Dependendo do tempo de jogo, a visualização é extremamente difícil – e, sim, meus óculos estão com a lente correta. 🙂

PS: Siga o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.


Não adianta se empolgar: Scola avisa que não vai ser seu último Brasil x Argentina
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Giancarlo Giampietro

Luis Scola gigante

Luis Scola ainda tem pique para jogar muito mais

Uma das narrativas que acompanha a Argentina neste torneio masculino é a suposta despedida da Geração Dourada, que, depois de Londres-2012, chega de Manu Ginóbili, de Pablo Prigioni, de Andrés Nocioni, de não sei quem mais. Em alguns casos, deve até acontecer de fato. Só não incluam o Luis Scola nessa.

Aos 32 anos, o ala-pivô, que já torturou a seleção brasileira em uma ou outra ocasião, avisa que não está preparado para se aposentar dos compromissos da Argentina, independentemente de quem o estiver acompanhando nas futuras batalhas. (E esse é o ponto que já doeu em muita gente por estas bandas tropicais: fez chuva, fez sol, os astros se apresentaram, os astros folgaram, e o camisa 4 estava lá, como uma constante, enquanto se acumulavam desfalques do outro lado.)

“Não me sinto velho. O tempo assa, e temos um grupo de caras que estão aqui há mais de dez anos, claro, e uma hora isso chega ao fim. Mas eu não vejo desta maneira. No decorrer do caminho, houve muitos caras que já não estão mais com nós, e outros que entraram durante a jornada. Isso vai continuar acontecendo. Em algum momento, todos os caras de 2004 vão ter ido embora. Mas eu espero jogar mais. Alguns novos vão chegar e tomara que continuemos competitivos”, afirma o craque do Phoenix Suns ao Sporting News.

Não tem tempo ruim para ele.

Em todos os contatos que tive com Scola, o argentino sempre se mostrou um entrevistado educado inteligente, ligado. Nunca se importou se era um brasileiro, um porto-riquenho ou um americano com o gravador na mão. Um cara legal. Se perguntarem para Tiago Splitter, a quem teve como um irmão mais novo por muito tempo em Vitoria, na Espanha, vão ouvir muito mais que isso.

Em quadra, o argentino é uma aula ambulante. Quantos centímetros ele sai no chão? Consegue pular uma caixa de sapato? Caso consiga, pouca diferença faz. Com os pés no chão, já levou para a escolinha adversários de todo o continente e de alto gabarito com seu movimento de pernas criativo e bem fundamentado. Primeiro, então, ele tenta limpar espaço tecnicamente. Se for o caso, também aguenta bem o tranco, fortaleza que é. Na pior das hipóteses, arruma as coisas na munheca, com suas mãos gigantes que controlam a bola com muita facilidade.

Esse problemão vai cruzar o caminho de Splitter e Anderson Varejão (e Nenê?) novamente.

Rafael Hettsheimeir

Rafael Hettsheimeir voltou consagrado de Mar del Plata, mas não pôde ir para Londres

No ano passado, foi Rafael Hettsheimeir, para surpresa de todo o continente, quem se virou melhor contra o veterano. Atacou com personalidade, se virou na defesa e feriu o orgulho do cabeludo. O rapaz se lesionou, passou por cirurgia e está fora agora. Que seus compatriotas mais badalados se virem, então.

Algo interessante para se observar: em vez de insistir com Juan Gutiérrez por muito tempo, Júlio Lamas tem adotado uma formação mais baixa, com Nocioni, Carlos Delfino e Ginóbili ao mesmo tempo em quadra, numa formação parecida com a dos Estados Unidos. Neste caso, ele empurraria Scola para um duelo com Splitter, e Varejão teria de ficar atento a Nocioni, que voltou a chutar com confiança durante o torneio.

Seria importante fazer uma boa marcação individual sobre Scola, para que os demais defensores não precisem se desligar de seus respectivos oponentes e contestem seus chutes de longa distância de modo apropriado.

*  *  *

Isso tudo para falar só de Scola. Melhor seria abstrair, então, os 20 pontos, 6 rebotes e 4,8 assistências de Ginóbili no torneio, né?

Magnano certamente adoraria. Mas não é o caso.

Alex vai perseguir o astro do Spurs pela quadra toda. Seu maior desafio no torneio. Ele tem capacidade para executar a missão, mas precisa tomar cuidado com excesso de agressividade e evitar faltas bobas em rebotes e fora da bola. O argentino é mais badalado, sabe vender (cavar) bem uma falta e vai tentar usar a arbitragem a seu favor. Se  o trio escalado for daqueles que vai para quadra como se fosse um baile de Carnaval, apitando sem parar, pode ser um problema.

Pelo que observamos dos amistosos em confronto direto e do torneio olímpico, Larry também deve ganhar seus minutinhos para testar o narigudo.

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Tiago Splitter

Splitter também pode atacar Scola, ué

Escrever dessa forma sobre os dois craques argentinos pode passar a impressão de que eles são os favoritos para este duelo de quartas de final. Não são: trata-se de um confronto muito equilibrado.

A velocidade e a capacidade atlética, por exemplo, sempre foram um trunfo da seleção brasileira neste clássico. Contra a envelhecida Argentina, essa combinação pode desequilibrar ainda mais. Para isso, precisam forçar erros e chutes desequilibrados na defesa para ganhar o contra-ataque. Preparados para isso os jogadores foram. Magnano conhece bem demais os adversários e pode atacá-los em seus pontos fracos.

Se Scola dá muito trabalho de um lado, do outro, se bem municiados, especialmente em movimento, os pivôs brasileiros também podem aprontar um bocado, por serem muito mais ágeis e velozes.

*  *  *

Num caso de jogo equilibrado até o fim, teoricamente a seleção brasileira tem mais gás render. Por outro lado, não consigo imaginar um cenário em que, na hora de matar ou morrer, batalhadores como Scola, Ginóbili e Nocioni simplesmente arrefeçam e aceitem o maior vigor adversário.

 


Na terceira partida brasileira, todos os olhos voltados para Andrei Kirilenko
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Giancarlo Giampietro

Na NBA, em meio a tanta gente talentosa, muitas lesões e campanhas medíocres do Utah Jazz, ele andava meio subestimado, esquecido. Na temporada passada, no entanto, de volta ao CSKA Moscou, onde é amigo do rei – dou o czar, que seja –, Andrei Kirilenko vem em uma fase esplendorosa.

Um adjetivo que soa sempre pouco exagerado, mas não consigo pensar em algo mais comedido para avaliar o basquete que o ala da seleção russa vem praticando nos últimos meses.

Andrei Kirilenko, Rússia

Kirilenko: mil e uma utilidades em quadra

MVP inconteste da Euroliga, recém-contratado pelo Minnesota Timberwolves por US$ 20 milhões em dois anos, AK47, em seu apelido infame, mas que também diz muito sobre seu jogo, estufa as linhas estatísticas de um modo único.  Suas médias na Euroliga: 14,1 pontos, 59,8% nos arremessos de dois pontos, 41,7% de três pontos, 7,5 rebotes, 2,4 assistência, 1,5 roubo de bola e 1,9 toco. Ataca de perto e de longe, defende pelo alto e embaixo… Falta o quê?

É esse russo que a seleção vai encarar nesta quinta-feira, pela terceira rodada olímpica. Para um time formatado nas posições  tradicional “1 a 5”, Kirilenko seria um 3 e/ou 4. Para o Brasil, isso representa um páreo duro.

Quem Magnano vai escalar para ficar no astro? Marquinhos aguenta o tranco? Leandrinho e Alex marcaram muito bem Luol Deng. Mas o russo é um pouco maior que o britânico, não precisa tanto da bola em suas mãos como Deng, para desequilibrar uma partida. Ele corta bastante para a cesta vindo do lado contrário. Ataca os rebotes ofensivos e pode arremessar rapidamente uma vez que receba o passe. Ele é um jogador muito atlético, comprido e alto. Varejão? Hoje muito lento para esse duelo.

Não sei bem qual seria a solução, não. O homem segue inspirado: nas duas primeiras partidas, ele teve médias de 25,5 pontos, 3 roubos de bola e 2 tocos.

Mesmo que seja um oponente, do ponto de vista de se deleitar com o basquete pura e simplesmente, Kirilenko vale o ingresso.

*  *  *

Com Kirilenko e Viktor Khryapa lado a lado, a Rússia talvez seja o time que mais se assemelhe ao que os Estados Unidos nos oferece nessas Olimpíadas, com jogadores intercambiáveis. A diferença é que o técnico David Blatt costuma revezar dos “cincões”: sempre que sai Timofey Mozgov, ex-companheiro de Nenê em Denver, entra Sasha Kaun, e vice-versa.

*  *  *

O armador russo Alexey Shved, que também pode jogar como ala, é uma estrela em ascensão na Europa e acabou de ser contratado pelo Wolves também. Engraçado: para quem vem de Moscou, a neve de Minneapolis não devia assustar, mesmo. Muito habilidoso, alto, versátil da sua maneira – não é tão atlético ou agressivo como Kirilenko, mas se move pela quadra com muita facilidade –, também merece uma observação atenta.


A argentina de Scola (e Ginóbili)
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Giancarlo Giampietro

Manu Ginóbili, Argentina

Ele não chegou a ficar tão distante assim de sua seleção como Nenê, mas foi um bom período também.  Quando retornou no ano passado na Copa América de Mar del Plata, houve um certo estranhamento.

Mas calma. Não é questão de ser alarmista ou querer instaurar uma crise nos nossos vizinhos. Mais que natural.

Por melhor entrosamento que desfrute com seus companheiros de geração, a distância de muitos anos lhe apresentou uma seleção um pouco diferente do que estava habituado a acompanhar. Uma seleção que jogava muito mais em função de Luis Scola do que no passado. (Embora não dê para também o fato de ter se lesionado no final da temporada da NBA, com um braço quebrado).

Ginóbili terminou o Pré-Olímpico com 15,8 pontos, 4,0 assistências e 3,0 rebotes. Scola fechou com 21,4 pontos, 6,3 rebotes e 1,7 assistência. De modo algum são números fracos, baixos. Mas o que contava mais era a química que víamos em quadra, ainda mais nos confrontos decisivos.

Era um ala mais hesitante, apostando muito mais no seu tiro de três pontos do que nas infiltrações. Nos dois confrontos com o Brasil – uma derrota histórica e a vitória na final –, somou apenas 22 pontos, quatro assistências e oito desperdícios de posse de bola, com péssimo 7 arremessos certos em 21 tentativas de quadra.

Bem, na decisão do Super 4 desta sexta-feira, era outro Ginóbili, né? Foram 33 pontos de uma só tacada (43,4% dos pontos da equipe), com apenas quatro chutes de longa distância e um convertido. Procurou atacar, pressionar a defesa brasileira em seu interior, o que faz com destreza, mobilidade e inteligência únicas. Dessa vez, também, ele e Scola trabalharam bem em diversas combinações de dupla, e não houve quem o parasse.

Em suma, foi uma atuação de gala perante sua torcida, que sempre tem a sensação de que possa estar assistindo ao craque pela última vez na vida: não está claro até quando eles vão jogar e cada partida da geração dourada em solo argentino pode ser a de despedida.

Se for para Manu jogar desse jeito, que se despeça logo. 🙂

* * *

Foi um jogo absolutamente equilibrado, mas os argentinos levaram a melhor na maioria dos quesitos:

– Aproveitamento de quadra: 46% Argentina, 43% Brasil, que arremessou apenas quatro vezes a mais.

– Três pontos: 25% Argentina, 26% Brasil, que tentou, no entanto, sete chutes a mais (6/23 é péssimo, pior que 4/16).

– Rebotes: Argentina 36, Brasil 34.

– Assistências: Argentina 11, Brasil 9.

– Bolas perdidas: 9 a 9.

– Pontos no garrafão: Argentina 36,  Brasil 30.

Mas a maior vantagem, mesmo, para os donos da casa foi no número de faltas: 31 foram marcadas para os brasileiros, 18 para os argentinos, que bateram, desta forma, dez lances livres a mais (32 a 22).

Sim, a arbitragem fez alguma diferença além de Ginóbili. Mas a seleção podia também ter maneirado ou caprichado mais nos tiros de três pontos que tanto desagradam a Magnano.

* * *

Amistoso, ok, a derrota não é para ser levada tão a sério como resultado, mas não deu para não notar Magnano virando as costas para o compatriota Lamas ao final da partida, assim como o Alex se recusando a se levantar para cmprimentar Ginóbili. Ficaram pês da vida com a arbitragem.

* * *

Permitir a Juan Gutiérrez 20 pontos e 8 rebotes, com sete acertos em oito arremessos definitivamente não estava nos planos.

PS: veja o que o blogueiro já publicou sobre a seleção brasileira em sua encarnação passada.


Os ajustes de Varejão, a defesa de Alex, os passes de Nenê: começa bem a seleção
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Giancarlo Giampietro

Por motivos de razão conjugal – sacumé… –, atrasamos por toda a eternidade de um dia nossas notinha sobre a vitória do Brasil de Magnano sobre a Grécia.

(É legal escrever Brasil de Magnano, né?)

Depois de visto o VT nesta sexta, vamos lá:

– Repararam como o Anderson Varejão se sente muito mais confortável no ataque quando joga de verde e amarelo? Rebobine e tente achar algum clipe da Copa América de 2009, com Moncho, e confirmarás. Em Cleveland, o pivô teve mais liberdade na última temporada, mas dificilmente está livre, leve e solto com a bola nas mãos. Pela seleção, uma subta transformação. Ele corta com e sem a bola para o aro, gira, improvisa bandejas etc. Uma beleza. Sua agressividade defensiva é traduzida do outro lado.

Alex x Spanoulis

Alex sobe para bloquear Spanoulis

– Por outro lado, Varejão teve alguma dificuldade para conter o ala-pivô Georgios Printezis, que vive a melhor fase de sua carreira, diga-se. Mais ágil, combativo, igualmente energético, o jogador que fez a cesta do título da Euroliga pelo Olympiakos anotou dez pontos no quarto inicial do amistoso, se desgarrando facilmente do capixaba. A defesa é o forte de Anderson, mas nos últimos anos ele vem jogando muito mais como um “5”, cobrindo adversários mais fortes e pesados. No mundo Fiba, ele vai lidar com gente um pouco menor, que flutua bem mais. Isso vai pedir uma revisão de cacoetes do brasileiro. Natural, ainda mais para quem ficou tanto tempo inativo.

– Nenê sempre teve o passe como uma de suas habilidades mais subestimadas – lembram quando George Karl até implorava para o pivô ser um pouco mais egoísta? Varejão vai se cansar de fazer bandeja e ganchinho próximos ao aro, atento que está à assistências do companheiro. Os alas também devem ficar atentos quando cortam pelo garrafão.

– Foi bem divertido acompanhar Alex perseguindo Vassillis Spanoulis no primeiro tempo em São Carlos. É um páreo duro acompanhar o escolta grego, mas para o ala de Brasília isso não representa nenhum problema. Dá para dizer que ele até gosta. O veterano desfruta de uma situação bem cômoda no NBB, enfrentando pouca resistência. De qualquer forma, não deixa de ser uma pena que ele não esteja numa Euroliga, combatendo a cada rodada, tal como fez pelo Maccabi anos atrás. (PS: no quarto período, foi a vez de Larry cuidar bem do astro grego).

Varejão x Printezis

Varejão: diferenças no mundo Fiba

– No terceiro quarto, o garoto Raulzinho teve muitos problemas para encarar a marcação sob pressão oponente, especialmente com Nick Calathes fungando sem parar. Houve uma sequência em que ele cometeu três turnovers seguidos, resultando em contra-ataques para os gregos.

– O confronto com a Grécia apresentou também uma realidade bem diferente ao Brasil de Magnano (hehehe), comparando com o que vimos diante de nigerianos e kiwis. Contra um time mais estruturado, com cinco armadores/escoltas acima da média, a agressiva defesa brasileira forçou menos erros e pontuou menos em cestas fáceis. Mas não se avexem: o time elevou seu padrão ofensivo e venceu uma equipe de primeiro escalão, mostrando que tem mais recursos e opções para se impor.

– A Grécia é um grande time, mas perde muito sem Dimitris Diamantidis e os 15, 20 minutos de pancadaria com o Baby Shaq Sofoklis Schortsanitis.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre a seleção brasileira em sua encarnação passada