Vinte Um

Arquivo : Zach Randolph

Memphis Grizzlies: moendo carne, batendo bife
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Giancarlo Giampietro

A torcida também vai tentar moer o adversário

A torcida também vai tentar moer o adversário

Lá pelos idos de maio de 2013, o que na era da Internet já é mais que um século atrás, havia o temor de que a cultura de “Grit & Grind” – praticamente impossível de se traduzir ao pé da letra, mas que tem a ver com a bravura do estilo de jogo do Grizzlies – estivesse seriamente ameaçada em Memphis. O técnico Lionel Hollins estava de saída, Tony Allen era agente livre, Zach Randolph também tinha futuro incerto. Mas o assistente Dave Joerger segurou muito bem as pontas desde que foi promovido,  o pitbull preferido da cidade tinha ganhado um novo contrato, e tudo caminhou bem. Mesmo com a lesão  de Marc Gasol, o time chegou aos playoffs e incomodou bastante. Ponto.

Aí que, ao final do campeonato, as coisas novamente ficaram tensas, de modo chocante. Subitamente, o CEO Jason Levien, que mal havia acabado de assumir a posição, foi derrubado pelo proprietário Robert Pera. Ao mesmo tempo, Joerger foi liberado para conversar com o Minnesota Timberwolves, de sua terra natal. No fim, o magnata tirou o antigo gerente geral Chris Wallace do ostracismo, para lhe reempossar, e decidiu segurar Joerger. Z-Bo ganhou sua extensão contratual. A estrutura, então, foi mantida.

Fora da cidade, pode ter certeza que caras como Blake Griffin, Kevin Durant, Tim Duncan e Dirk Nowitzki acompanhavam tudo com muita atenção. Qualquer passo em falso, qualquer sinal de derrocada do time poderia ser um alívio danado para eles. Afinal, estamos falando do time mais casca grossa da Conferência Oeste. Ou melhor: com a iminente derrocada do Indiana Pacers, já dá para falar no time mais pesado, aquele que a liga toda vai querer evitar. Ainda mais numa série de mata-mata.

Vai encarar? Ninguém quer

Vai encarar? Ninguém quer

Já escrevemos aqui qual a dificuldade de escolher os termos apropriados para explicar do que se trata o lema oficial desta geração do Grizzlies, elaborado num estalo de genialidade por Allen.  No final das contas, o melhor a ser feito é apelar ao populacho: trata-se do famoso moedor de carne. Esses caras fazem isso, como se o FedExForum representasse um grande açougue humano. Não é nem um pouco bacana bater de frente, de lado, ou de costas com gente com Randolph e, especialmente, Marc Gasol, por mais magro que o espanhol esteja esses dias. E aí você põe mais um corpanzil de Kosta Koufos na jogada e alguns alas que aporrinham a vida de qualquer um, e o que temos daí é uma das defesas mais sólidas e nocivas que se pode encontrar.

Tom Thibodeau tem o esquema e excepcionais marcadores em Chicago. Roy Hibbert e David West ainda vão tentar proteger uma fortaleza em Indianápolis. Mas o desgaste físico causado por essa galera encrespada de Memphis deve ser o maior tormento no longo e cansativo calendário de cada equipe.

De estrela a operário, Vince Carter segue relevante

De estrela a operário, Vince Carter segue relevante

O time: Z-Bo já não é mais o mesmo de sua primeira temporada de All-Star, justamente a primeira em Memphis. Mas seu jogo nunca dependeu de impulsão, explosão física ou elasticidade. Enquanto chega aos 33 anos, sua técnica e força física ainda causam estrago perto da cesta o mantêm produtivo. Suas características combinam perfeitamente com as de Gasol, que tem uma visão de quadra privilegiada encarando a cesta como um maestro na cabeça do garrafão, também matando bolas dali. Além do mais, o posicionamento dos dois pode ser facilmente intercambiável. Não sabemos muito bem o quão consciente Wallace foi ao montar essa dupla em 2010, mas deu muito certo. Para assessorar esse núcleo, quietinho da silva, Mike Conley se tornou um dos principais armadores da liga, vindo também sua melhor temporada.

O que sempre falta em torno dessa trinca foram arremessadores que metessem medo. Já não é um problema tão grave assim. Mike Miller fez o serviço em 2013-2014, mas preferiu seguir os passos de LeBron em Cleveland. Para seu lugar, todavia, chegou Vince Carter, que se reinventou em Dallas como atirador de três pontos e marcador e, aos 37,  chega com moral a Memphis. E o veterano não está solitário nessa.

De volta de lesão, Pondexter está preparado para enfrentar os alas mais fortes da liga

De volta de lesão, Pondexter está preparado para enfrentar os alas mais fortes da liga

Courtney Lee foi fruto de outra bela negociação incentivada pelo supernerd John Hollinger que deu certo. Ele liderou a NBA no aproveitamento de arremessos movimento na temporada passada e também consegue incomodar bastante os alas mais baixos, fazendo ótima dupla com Allen, um atacante arrojado, mas, no mínimo, inconstante. Por fim, em seu último sopro, Tayshaun Prince ainda tem envergadura para deixar as linhas defensivas mais rígidas esporadicamente. Em resumo: por mais que não sejam tão discutidos assim na grandes plataformas, este pode ser o elenco mais forte que o Grizzlies já teve.

Olho nele: Quincy Pondexter. O ala, que retorna de uma fratura na perna que o tirou por mais de 60 partidas da última temporada, foi esquecido deixado de fora do parágrafo acima propositalmente. Quando comparado a Allen, Lee, Carter e Prince, tem ainda menos fama, mas pode ser tão ou mais relevante que eles durante a jornada, desde que consiga sustentar um aproveitamento de três pontos próximo aos 39,5% que teve na temporada retrasada. Pondexter é mais alto e forte que Lee e Allen e mais forte e ágil que Prince, oferecendo um meio termo interessante.

Abre o jogo: “Tem tanto chão para isso, que não passa pela minha cabeça. Apenas quero fazer a porcaria do meu trabalho diariamente. Você nunca sabe o que pode acontecer em sete ou oito meses. A franquia pode decidir seguir em outra direção. Vamos ver como todos nos sentimos em julho. Toda essa conversa de agora não vai mudar isso”, Marc Gasol, sobre sua entrada no mercado de agentes livres ao final da temporada, sem firula alguma. Os bastidores da liga já dão como certa a investida de Phil Jackson e o Knicks pelo pivô em 2015.

Você não perguntou, mas… ao lado de San Antonio Spurs, Miami Heat, Oklahoma City Thunder e Los Angeles Clippers, apenas um clube venceu mais de 50 jogos nas últimas duas temporadas, não importando que desfalque tinha. Justamente a franquia que tem a ver com ursos-pardos, mesmo que eles não sejam encontrados tão facilmente assim em Memphis.

kevin-pritchard-grizzlies-cardUm card do passado. Kevin Prichard. Ele, mesmo, o ex-dirigente do Portland Trail Blazers e gerente geral de Larry Bird no Pacers, hoje. Se formos pensar em gente do passado da franquia, ainda em sua encarnação na Costa Oeste do Canadá, dá para lembrar da figura pastosa de Bryant Reeves, além de Anthony Peeler, Blue Edwards, Shareef Abdur-Rahim, Felipe López, entre outros. Mas está nos livros históricos – uns três, pelo menos – que foi Pritchard foi o primeiro jogador a assinar contrato com o clube. Assinou, mas não brilhou. Cortado antes de a temporada 1995-96 começar, não disputou uma partida sequer pela franquia. Naquele ano, faria dois joguinhos pelo Washington Bullets. Depois, adeus, NBA. Formado em Kansas, Pritchard chegou a ser, antes, reserva de Tim Hardaway e Sarunas Marciulionis no Golden State Warriors de Don Nelson. Jogou na Itália, na Espanha e na Alemanha. Mas foi como cartola, mesmo, que ele deixou sua marca. Foi o grande arquiteto da reconstrução do Blazers na década passada, depois dos anos de Jail Blazers, nos quais ganharam mais manchetes policiais do que esportivas. Seu relacionamento com o bilionário Paul Allen e sua trupe, porém, desandou a ponto de ele ser demitido do cargo de gerente geral cerca de uma hora antes do draft de 2010. Cruel. Ele ainda fez uma troca e selecionou Luke Babbitt e Elliot Williams. Vingança em prato frio de carne moída.

 


Na tabela 2013-2014 da NBA, os jogos (alternativos) que você talvez queira ver
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Giancarlo Giampietro

Com olançamento sempre adiantadíssimo de tabela, agora da temporada 2013-2014, a NBA já reservou em seu calendário – sem nem consultá-los, vejam só! – algumas noites ou madrugadas de suas vidas. E nem feriado eles respeitam, caramba.

Já é hora, então, de sentar com o noivo, avisar a namorada, checar se não é o dia da apresentação do filho, e que a universidade não tenha marcado nenhuma prova para essas datas: Kobe x Dwight, retorno de Pierce e Garnett com Boston, o Bulls abrindo a temporada contra os amáveis irmãos de Miami, Kobe x Dwight, as tradicionais visitas de LeBron ao povoado de Cleveland, Nets x Knicks, revanche Heat x Spurs, Kobe x Dwight etc. etc. etc. Não precisa nem falar mais nada a respeito.

Mas, moçada, preparem-se. Que não ficaria só com isso, claro. A liga tem muito mais o que oferecer para ocupar seu tempo de outubro a junho. Muito mais. Colocando a caixola para funcionar um pouco – acreditem, de vez em quando isso acontece –, dá para pescar mais alguns jogos alternativos que talvez você esteja interessado em assistir, embora não haja nenhuma garantia de que eles vão ocupar as manchetes ou a conversa de bar – porque basqueteiro também pode falar disso no bar,  sem passar vergonha. Pode, né?

Hora de rabiscar novamente a agenda, pessoal. Mexam-se:

– 1º de novembro de 2013: Miami Heat x Brooklyn Nets
Depois de encarar o Bulls na noite de abertura, de descansar um pouco diante do Sixers, lá vem o Nets para cima dos atuais campeões logo em sequência. Essa turma de David Stern não toma jeito. Querem colocar fogo em tudo. Bem, obviamente esse jogo não é tão alternativo assim, considerando as altíssimas expectativas em torno dos rublos do Nets. Mas há uma historieta aqui para ser acompanhada em meio ao caos: será que Kevin Garnett, agora que não se veste mais de verde e branco, vai aceitar cumprimentar Ray Allen? Quem se lembra aí de quando o maníaco pivô se recusou a falar com o ex-compadre no primeiro jogo entre eles desde que o chutador partiu para Miami? Vai ser bizarro para os dois e Paul Pierce, certamente. Assim como a nova dupla de Brooklyn quando chegar a hora de enfrentar o Los Angeles Clippers de Doc Rivers em 16 de novembro.

No hard feelings? KG x Allen

E o KG nem aí para esse tal de Ray Allen ao chegar a Miami

1º de novembro de 2013:  Houston Rockets x Dallas Mavericks
Sim, uma noite daquelas! Mas sem essa de “clássico texano”. O que vale aqui é o estado psicológico de Dirk Nowitzki e o tamanho de sua barba. Contra o Rockets, o alemão vai poder se perder no tempo, divagando no vestiário sobre como poderiam ser as coisas caso o plano audacioso de Mark Cuban tivesse funcionado: implodir um time campeão para sonhar com jovens astros ao lado de seu craque. Dois astros como Harden e Howard, sabe? Que o Houston Rockets roubou sem nem dar chance para o Mavs, que teve de se virar com um pacote Monta Ellis-Samuel Dalembert-José Calderón e mais cinco chapéus e três botas de vaqueiro para tentar fazer de Nowitzki um jogador feliz.

Hibbert x Gasol

E que tal um Hibbert x M. Gasol?

– 11 de novembro de 2013: Indiana Pacers x Memphis Grizzlies
Vimos nos playoffs: dois times que ainda fazem do jogo interior sua principal força, e daquele modo clássico (pelo menos que valeu entre as décadas de 70 e 90), alimentando seus pivôs, contando com sua habilidade e físico para minar os oponentes*. Então temos aqui David West x Zach Randolph e Roy Hibbert x Marc Gasol. Só faça figas para que eles não esmaguem o Mike Conley Jr. acidentalmente. Candidatos a título, são duas equipes que estão distante dos grandes mercados, mas merecem observação depois do que aprontaram em maio passado.  Não dá tempo de mudar. (*PS: com a troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, o Grizzlies deve adotar algumas das diretrizes analíticas de John Hollinger, provavelmente buscando mais arremessos de três pontos, mas não creio que mudem taaaanto o tipo de basquete que construíram com sucesso nas últimas temporadas e, de toda forma, no dia 11 de novembro, talvez ainda esteja muito cedo para que as mudanças previstas sejam totalmente incorporadas pelos atletas.)

– 22 de dezembro de 2013: Indiana Pacers x Boston Celtics
O campos da universidade de Butler está situado no número 4.600 da Sunset avenue, em Indianápolis. De lá para o ginásio Bankers Life Fieldhouse leva 17 minutos de carro. Um pulo. Então pode esperar dezenas e dezenas de seguidores de Brad Stevens invadindo a arena, com o risco de torcerem para os forasteiros de Boston, em vez para o Pacers local, time candidato ao título. Sim, o novo técnico do Celtics é venerado pela “comunidade” de Indianápolis e esse jogo aqui pode ter clima de vigília. (E, sim, mais um jogo do Pacers: a expectativa do VinteUm é alta para os moços.)

– 28 de dezembro de 2013: Portland Trail Blazers x Miami Heat
Se tudo ocorrer conforme o esperado para Greg Oden, três dias depois do confronto com o Lakers no Natal, ele voltará a Portland já como um jogador ativo no elenco do Miami Heat, deixando o terno no vestiário, indo fardado para a quadra. Da última vez em que ele esteve no Rose Garden, foi como espectador, sem vínculo com clube algum, sendo vaiado e aplaudido, tudo moderadamente. E se, num goooolpe do destino, o jogador chega em forma, tinindo, tendo um papel importante nos atuais bicampeões? Imaginem o tanto de corações partidos e a escala de depressão que isso pode – vai? – gerar na chamada Rip City.

– 13 de março de 2014:  Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks
O tão aguardado reencontro entre Zaza Pachulia com essa fanática torcida de Atlanta, que faz a Philipps Arena tremer a cada jogo do Hawks. Não dá nem para imaginar como eles vão se comportarem na hora de acolher de volta esse cracaço da Geórgia, ainda mais vestindo a camisa do poderoso Bucks de Larry Drew – justo quem! –, o ex-técnico do Hawks. E, para piorar as coisas, o Milwaukee ainda tentou roubar desses torcedores o armador Jeff Teague. Não vai ficar barato! (Brincadeira, brincadeira.) Na verdade, an 597otem aí o dia 20 de novembro, bem mais cedo no campeonato, que é quando Josh Smith jogará em Atlanta pela primeira vez com o uniforme do Detroit Pistons. Neste caso, os 597 torcedores do Hawks presentes no ginásio e que consigam fazer mais barulho que o sistema de som vão poder aloprar o ala sem remorso algum quando ele optar por aqueles chutes sem-noção de média distância, desequilibrado, com 17 segundos de posse de bola ainda para serem jogados.

Ron-Ron tem um novo amigo agora

Ron-Ron agora vai acompanhar Melo em Los Angeles

– 25 de março de 2014: Los Angeles Lakers x New York Knicks
Já foi final de NBA, Carmelo Anthony seria um possível alvo do Lakers no mercado de agentes livres ao final da temporada, Mike D’Antoni não guarda lembrança boa alguma de seus dias como técnico Knickerbocker. São muitas ocorrências. Mas a cidade de Los Angeles tem de se preparar mesmo é para o retorno de Ron Artest ao Staples Center. Na verdade, o ala já terá jogado na metrópole californiana em 27 de novembro, contra o Clippers, mas a aposta aqui é que apenas quando ele tiver o roxo e o amarelo pela frente que suas emoções vão balançar, mesmo. E um Ron-Ron emocionado pode qualquer coisa. Nesta mesma categoria, fiquem de olho no dia 21 de novembro para o reencontro de Nate Robinson, agora um Denver Nugget, com seus colegas do Bulls, a quem ele jurou amor pleno. Robinson também é uma caixinha de… Fogos de artifício, e não dá para saber o que sai daí. Ele volta a Chicago no dia 21 de fevereiro.

– 12 de abril de 2014: Charlotte Bobcats x Philadelphia 76ers
O Sixers lidera os palpites das casas de apostas a pior time da temporada. O time nem técnico tem hoje – o único nesta condição –, seu elenco tem uma série de refugos do Houston Rockets, eles vão jogar com um armador novato que não sabe arremessar e lá não há sequer um jogador que possa pensar em ser incluído na lista de candidatos ao All-Star Game. Desculpe, Thaddeus Young, nós amamos você, mas tem limite. E, Evan Turner, bem… Estamos falando talvez da última chance. Então, no quarto confronto entre essas duas equipes na temporada, Michael Jordan espera, desesperadamente, que o seu Bobcats esteja beeeeem distante do Sixers na classificação da Conferência Leste. Se não for em termos de posições, que aconteça pelo menos em número de vitórias. Do contrário, é de se pensar mesmo se, antes de o time voltar ao nome Hornets, não era o caso de fechar as portas.

– 16 de abril de 2014: Sacramento Kings x Phoenix Suns
Como!? Deu febre?!? Não, não, tá tudo bem. É que… no crepúsculo da temporada, essa partida tem tudo para ser uma daquelas em que ninguém vai querer ganhar. Embora os torcedores do Kings tenham esperanças renovada com um nova gestão controlando o clube, a concorrência no Oeste ainda é brutal o suficiente para que eles coloquem a barba de molho e não sonhem tanto com playoffs assim. Ou nem mesmo com uma campanha vitoriosa. Fica muito provável que esses dois times da Divisão do Pacífico estejam se enfrentando por uma posição melhor no Draft de Andrew Wiggins (e Julius Randle, Aaron Gordon, Jabari Parker, Dante Exum e outros candidatos a astro). Então a promessa é de muitos minutos e arremessos para os gêmeos Morris em Phoenix, DeMarcus Cousins mandando bala da linha de três pontos, defesas de férias e mais esculhambação.


Cultura “batalhadora” do Memphis Grizzlies fica sob ameaça após derrota no Oeste
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Giancarlo Giampietro

Tony Allen, the grit

“Grit & grind”.

Estou pensando até agora em qual seria a melhor tradução para a expressão eternizada por Tony Allen em Memphis. Virou sinônimo do basquete apresentado pelo Grizzlies nos últimos anos. Seria algo como “na raça” em português, essa coisa de “dar o sangue”, mas não sei bem se tem uma combinação desses termos que dê conta do que Allen quis dizer numa entrevista célebre em 8 fevereiro de 2011, após uma vitória na prorrogação sobre o Oklahoma City Thunder, por 105 a 101.

Nessa partida, o ala contribuiu com 27 pontos, cinco roubos de bola e três tocos, jogando por 40 minutos. Uma explosão estatística, porque era como estivesse tudo represado, mesmo. O veterano campeão pelo Boston Celtics não tinha um papel tão certo na rotação de Lionel Hollins, mas ganhou tempo de quadra considerável devido a uma lesão de Rudy Gay e uma suspensão para OJ Mayo.

“Só coração, afirmou naquelas entrevistas na saída de quadra. “Grit. Grind.”

E aqui estamos de novo. Ao pé da letra, isso poderia ser: “Grão. Moagem.” : )

Mas é claro que ele não estava falando sobre fazer café, né? Coloquialmente, tem algo a ver como “coragem, bravura” para um, “triturar, desgastar, encher o saco” para o outro. Aí as coisas começam a fazer mais sentido.

No fim, porém, a tradução exata nem importa. Basta assistir a Allen e seus companheiros em quadra, que você entende rapidinho. O ala é um dos defensores mais insuportáveis – para os atacantes, diga-se – de toda a NBA. Isso se não for o mais impertinente, mesmo. Com mãos e pés extremamente ágeis, adora colar nos componentes, fungando no cangote a toda hora, em busca da bola ou de um desequilíbrio. Um pitbull babando para todos os lados. Jogando com o coração.

Aos poucos, esse comportamento foi conquistando Memphis, uma cidade conhecida por seu espírito operário, brigador, raçudo. Saca?

Quando Allen usou essas palavras, consciente ou involuntariamente, deu o passo definitivo para se tornar uma figura cult para os torcedores do Grizzlies – sim, eles existem –, que vestem camisetas personalizadas com a face do jogador, gritam seu nome sem parar durante as partidas e se matam de rir com entrevistas malucas e tweets crípticos na conta aa000g9 –, de “Anthony Allen”  e o número 9, enquanto o excesso de zeros significariam para… Vai saber. A atitude do atleta também influenciou seus companheiros de time e se enquadrou perfeitamente com o modo como Hollins imaginava sua equipe. As coisas se encaixaram: plano tático, dedicação do elenco, apoio do público.

Uma sinergia que muitas vezes corremos o risco de ignorar, seja pelo distanciamento, de não viver exatamente o que se passa em uma determinada cidade, seja pela realidade ainda bastante incipiente do NBB, ou pela concentração apenas no que se passa em quadra. Mas não se pode ignorar de modo algum que, na liga norte-americana, há duas facetas para se avaliar, tanto o clube (esportivo), como a franquia (negócios). São raros os caros que combinam ambos com sucesso. O Memphis Grizzlies conseguiu: seu produto tem uma identidade competitiva e mercadológica.

Grit & Grind, Mephis, Grit & Grind

“Nós não blefamos”, também virou campanha durante os playoffs para o Grizzlies

Conseguiu e agora encara um período de férias que pode ser crucial para sua prosperidade.

O proprietário anterior, Michael Heisley, fazia de tudo para fingir que não era muquirana, mas cortava gastos sempre quando podia, na estrutura da franquia. O novo dono, Robert Pera, não esconde de ninguém que pretende instituir um modelo de administração rentável. Seu estafe não vai cometer nenhuma loucura financeira, confiando que, com a visão analítica de John Hollinger a alguns bons caçadores de talentos, poderá formar um time barato e, ao mesmo tempo, na ponta, sem jogar todo esse trabalho fora.

Essa visão será duramente testada agora: o xodó Tony Allen e o técnico Hollins são agentes livres; ao mesmo tempo, a diretoria do clube não tem intenção alguma de levar sua folha salarial para além do aceitável – leia-se, a folha salaria pode até exceder o teto estabelecido pela NBA, mas não pode subir tanto assim a ponto de ultrapassar a linha da chamada “luxury tax”. Se fizerem isso, não só teriam de pagar impostos, taxas para a liga, como deixariam de receber o dinheiro recolhido de outros gastões como Lakers, Nets e Knicks. Para não ter perigo, hoje bancam apenas a 25ª folha da liga – ou a sexta mais barata.

Depois da campanha que a equipe cumpriu no Oeste, com uma defesa fortíssima e um elenco que acabou enfraquecido devido a trocas para se livrar de salários, Hollins está em alta, no topo da lista de Clippers e Nets, dois times que sonham com o título e que podem inflacionar seu preço. Sabe-se que o treinador não desfruta da melhor relação com a nova administração, questionando publicamente sua fixação por estatísticas. Há quem diga também que seu estilo confrontador, contestador pode ser difícil de ser controlado internamente, criando problemas de relacionamento com seus jogadores – Zach Randolph, outro que não tem sua permanência garantida devido ao volumoso salário, já não teria tanta paciência assim. Mas a torcida (“a comunidade”) o adora. É uma situação delicada.

Keep calm como?

Vão ficar calmos como agora, com tantas incertezas?

E há o caso de Allen. O ala ganhou em média US$ 3,15 milhões nas últimas três temporadas. Uma bolada para qualquer profissional, mas bem abaixo de seu valor de mercado. Pensem que seu companheiro Tayshaun Prince levou US$ 6,7 milhões neste ano (e vai levar mais US$ 15 milhões nos próximos dois anos). Em Boston, seu ex-time, Courtney Lee foi pago com US$ 5 milhões. Caron Butler ganhou US$ 8 milhões. Rip Hamilton embolsou US$ 6 milhões. Dá para ter uma ideia. Imagina-se que ele e seus agentes estejam prontos para pedir um aumento para ele ficar no clube, que tem cerca de US$ 57 milhões comprometidos já para 2013-2014 – é o que está aqui, descontando a grana de Jerryd Bayless, que também deve se tornar agente livre, com a luxury tax prevista para algo em torno de US$ 70 milhões. Assinar com Allen e reforçar o ataque exterior com arremessadores, uma carência evidente nos mata-matas, cuidando para que os gastos no futuro também não saiam do controle.

“Eu nem entendo o lado dos negócios”, disse o ala em meio ao confronto com o Spurs. “Quando chegar julho, alguém vai ter de se sentar comigo e explicar. Tudo o que sei é que sou um Grizzly e acredito que vou ser um Grizzly no final. Eu sangro azul. Acho que eles vão me manter aqui. Se não fizerem, entendo. Mas eu nem penso sobre isso. Eu apenas jogo. Eu amo estar em Memphis. Amo a cidade. Espero ficar.”

Será que correriam o risco de desagradar aos seus torcedores permitindo a saída de Allen e Hollins? Será que o Grizzlies seria o mesmo time sem eles ou um deles? Essa seria apenas uma decisão romântica ou de negócios? Em Memphis, já temos prova de que os dois aspectos estão interligados. “

Eu já vi nosso time de dois modos. Nós éramos terríveis, e o apoio dos torcedores era bem ruim. E agora está no auge, nunca foi assim. Não quero voltar ao que era antes”, disse Mike Conley Jr., um dos preferidos e intocáveis da nova gestão – quando assumiu, Pera e alguns de seus principais dirigentes convidaram o armador, Marc Gasol e só para um jantar. “Acho que seria fantástico se pudermos estabilizar o que temos e apenas seguir em frente. Obviamente com Lionel e o que ele já fez, todos os rumores envolvendo Zach… Zach é uma parte desta cidade, Tony é uma parte da cidade. Não seria a mesma coisa sem eles aqui.”

*  *  *

Leitura imperdível para compreender em detalhes a mudança por que passou a franquia nos últimos anos: o glossário do Grizzlies (em inglês),  para aqueles que estavam chegando a Memphis de última hora nestes playoffs, assinado por Chris Herrington. É bem engraçado. O jornalista conta que ainda hoje é possível ver os torcedores usando uniformes de Allen Iverson, cara que disputou apenas (!) três partidas por lá até ser dispensado, embora ainda pudesse fazer isto:

 Tarantino e RodríguezOutros destaques são o iraniano Hamed Haddadi, que foi despachado para Toronto este ano e depois repassado para Phoenix (“I drop-step. I go around Shaq. I dunk that shit”) e o apelido que o ginásio do Memphis ganhou: The Grindhouse, apelido sugerido por um torcedor a Tony Allen no Twitter.

Grindhouse foi como se tornaram conhecidos os cinemas norte-americanos que rodavam os exploitation films em suas sessões, aqueles filmes apelativos, que nem toda família pode se reunir para ver – até por isso também foi o título do projeto nerd conduzido por Quentin Tarantino e Robert Rodríguez, que lançaram em 2007 dois-filmes-em-um, embora ao Brasil eles tenham chegado separados.

Neste caso, pensando no ginásio, a despeito da fisionomia de Haddadi ou das entrevistas bizarras de Allen, não há nada muito bizarro desta maneira, como a mulher com uma metralhadora no lugar de uma perna. Dá para voltar até mesmo ao sentido literal, de que seria a casa em que os oponentes são triturados. Certamente nenhuma equipe olhou sua tabela deste ano e acreditou que uma visita a Memphis seria tranquila e acolhedora.

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Este aqui seria o hino preferido de Tony Allen para os jogos do Grizzlies:


Spurs varre Grizzlies e alcança 5ª final na era Duncan, a primeira com um relevante Splitter
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Giancarlo Giampietro

Timmy!

Tim Duncan está de volta a uma final de NBA depois de seis anos. Já não era hora

Segundo o próprio Tim Duncan, parecia uma eternidade. No caso, desde a última participação do San Antonio Spurs nas finais da NBA. Mas a espera acabou nesta segunda-feira com a quarta vitória em quatro jogos contra o Memphis Grizzlies, e, para o veterano, já não era sem tempo. Afinal, vejam só o absurdo: a última participação do clube texano na disputa direta pelo título havia acontecido em 2007. Não era sem tempo, então, hein, Timmy!?

Desde que o clube selecionou o pivô no Draft de 1997, haviam sido quatro decisões. Agora em 2013, 14 anos depois da primeira, eles agora partem para a quinta, com o jogador e o técnico Gregg Popovich como os únicos presentes em todas edições – enquanto Tony Parker e Manu Ginóbili chegam a este patamar pela quarta vez.

Não tem jeito. A competência acaba sendo premiada.

Entre 2007 e agora, é de se supor que por muitos momentos bateu a tentação de desmontar esse trio de estrelas. Especialmente em 2011, quando a equipe teve a melhor campanha da Conferência Oeste e acabou eliminada pelo mesmo Grizzlies logo na primeira rodada. Isso depois de eliminações para Dallas Mavericks (também na abertura dos mata-matas) e Phoenix Suns (nas semifinais) nos anos anteriores.

Mas Popovich e o gerente geral RC Buford, comandando as operações esportivas na franquia de propriedade de Peter Holt, se mantieram frios e pacientes. Em vez de mexer com seu núcleo central – mesmo enfrentando uma negociação contratual difícil com Tony Parker no meio do processo –, foram fazendo testes e trocas com os jogadores ao redor deles, até encontrar um equilíbrio ideal ao redor deles.

No ano passado, as coisas pareciam novamente bem encaminhadas, até que esbarraram no salto de qualidade de Kevin Durant e Russell Westbrook durante a final do Oeste. Neste ano, não tiveram a chance de uma revanche contra o Oklahoma City Thunder, que foi eliminado pelo Grizzlies na segunda rodada, já sem Wess, lesionado e operado. Pois os valentes de Memphis não foram páreo para a categoria e energia de um revigorado Spurs.

Depois de mudar sua identidade com o passar das temporadas, assimilando muito da filosofia do Phoenix Suns dos “Sete Segundos Ou Menos”, o time de Popovich retomou sua força defensiva, sem perder a destreza ofensiva, e chegou forte aos mata-matas. Forte em muitos sentidos, incluindo a saúde, sem nenhuma grave lesão aparente para seus principais jogadores.

Com o físico em dia, sobraram ao Spurs técnica, experiência, a cabeça e a determinação para despachar o Grizzlies em quatro jogos, com um placar de 93 a 86 no triunfo derradeiro.

Splitter x Z-Bo

Splitter: relevância muito além dos números

Técnica: seu elenco é muito mais volumoso do que o do Grizzlies, que disputava sua primeira final de conferência (experiência). Cabeça: com Tiago Splitter entre os destaques aqui, desestabilizaram as fortalezas Marc Gasol e Zach Randolph, que não conseguiam operar em uma zona de conforto durante toda a série. Determinação: explícita a cada contra-ataque, seja no ataque ou defesa, com os homens de preto – ou cinza – povoando os dois lados da quadra, sempre em maior número do que os adversários, e nas declarações de Tim Duncan e demais veteranos, que não viam a hora de voltar ao grande palco.

Agora eles esperam o desfecho da dura batalha entre Miami Heat e Indiana Pacers no Leste. Para os texanos, o interesse é que eles obviamente estendam o confronto por mais algum tempo. De todo modo, o início das finais da NBA tem data marcada: não antes do dia 6 de junho. Já é um bom período de descanso para os homens de Popovich.

Depois de tanto tempo, da “eternidade” por que teve de passar, porém, difícil vai ser conter a ansiedade de Tim Duncan. Este garotão de 37 anos.

*  *  *

Tony Parker foi absolutamente dominante nesta segunda, com 37 pontos contra o Grizzlies – 29 deles no segundo tempo, com um aproveitamento incrível de 15 arremessos convertidos em 21 tentados. Depois de sofrer uma torção de tornozelo na reta final da temporada regular, o francês se mostra completamente em forma, o que torna o ataque do Spurs algo muito mais poderoso. A forte defesa de Lionel Hollins não soube como lidar com a movimentação incessante do armador. Parker foi um terror tanto a partir do drible como na movimentação fora da bola, se aproveitando dos corta-luzes firmes e diversificados de seus pivôs. Splitter se destacou aqui, dando duas assistências para o companheiro.

*  *  *

A linha final de Tiago Splitter neste quarto jogo: 9 pontos, 2 rebotes, 3 assistências e 4 tocos, em 30 minutos. São números que não contam nem a metade da importância do brasileiro no confronto. Especialmente o par de rebotes. Supostamente, para um pivô, seria uma quantidade ridícula. Mas aí, realmente, é preciso ver o jogo para ver o que aconteceu de fato em quadra. Duelando contra pivôs de forte presença na tábua ofensiva, Zach Randolph em especial, o catarinense por muitas vezes se via obrigado a, prioritariamente, bloquear Z-Bo, buscar o contato e afastar o adversário da zona pintada. Ainda assim, o gordote apanhou quatro rebotes ofensivos. Mas foi um esforço e tanto por parte do pivô, numa atuação inspiradora que foi replicada por seus companheiros. Como Parker, mesmo, disse na entrevista pós-jogo, Splitter, Bonner, Diaw e Duncan devem estar saindo de Memphis com alguns bons hematomas. Tudo por uma boa causa.

No geral, o QI excepcional de Splitter ficou em evidência neste confronto, sendo constantemente elogiado pelos narradores americanos, e com razão. Ele fecha muito bem os espaços na defesa e também sabe como se deslocar do outro lado com a mesma facilidade, se apresentando como uma opção constante para os companheiros próximo da cesta. O melhor: muita gente está acompanhando seu desempenho neste momento. Prestes a se tornar um agente livre, o brasileiro caminha para receber um bom aumento.


Splitter faz seu melhor jogo nos playoffs e caminha para batalhas contra Gasol e Randolph
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Giancarlo Giampietro

Tony Parker, Kawhi Leonard e Manu Ginóbili foram os autores das jogadas decisivas para o San Antonio Spurs, enfim, eliminar o jovem e petulante Golden State Warriors na semifinal da Conferência Oeste, nesta quinta-feira. Mas uma das melhores notícias para Gregg Popovich foi a apresentação de Tiago Splitter nesta partida. A equipe texana venceu fora de casa por 94 a 82, num jogo que foi muito mais equilibrado do que o placar sugere, fechando a série em 4-2.

Tiago Splitter está de volta

Splitter desenferrujou contra o Warriors

Figura importante no esquema defensivo do Coach Pop, preenchendo espaços no garrafão, facilitando as rotações com seu posicionamento sólido, o catarinense dessa vez foi fundamental no ataque. Jogou por 31 minutos e terminou com 14 pontos, com seis cestas de quadra em oito arremessos, mostrando novamente toda a sua inteligência nos deslocamentos de pick-and-roll, se apresentando sempre como uma opção viável e de fácil encontro nos arredores do garrafão.

Mais importante, aliás, foi poder observar o pivô brasileiro se movimentando muito bem lateral e verticalmente, sem aparentar sentir nenhuma dor no seu tornozelo, depois da torção no tornozelo esquerdo durante o confronto com o Los Angeles Lakers pela primeira fase dos mata-matas. Bastante ativo, somou ainda 4 rebotes, 2 roubos de bola e 1 bloqueio, batalhando contra um limitado Andrew Bogut e o cavalar Festus Ezeli.

Splitter correu tão à vontade que, no primeiro tempo, chegou a matar uma bola em flutuação, feito Tony Parker, o que chamou a atenção de Jeff Van Gundy, comentarista da ESPN que não parece disposto a largar o cargo para voltar à liga como técnico. Van Gundy brincou que o pivô talvez seja o jogador mais alto na história da NBA a converter esse tipo de arremesso, daqueles que o jogador parte frontalmente rumo à cesta e chuta, digamos, à meia altura, ficando no meio do caminho entre um jump shot tradicional e a bandeja. Realmente. É um recurso raro para um homem de sua estatura (2,11 m), mas que consta de seu repertório há anos – e que, salvo engano, nem Dirk Nowtizki tem o hábito de fazer.

Depois de perder a primeira partida em San Antonio, o brasileiro teve atuações um tanto limitadas nos últimos quatro confrontos com o Warriors, mas com uma elevação constante de tempo de jogo – ele mal teve tempo de treinar no retorno de sua contusão. Ficou em quadra por 10, 19, 19 e 25 minutos, respectivamente, e, no geral, havia somado 18 pontos (4,5 em média). Era muito pouco, como provou nesta quinta.

Não tinha melhor hora para ganhar confiança. Pois a vida não será fácil nas próximas semanas…

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A melhor dupla de pivôs da liga

Marc Gasol e seu novo irmão, Z-Bo

Vem chumbo grosso pela frente. O Spurs reencontra o Grizzlies pela primeira vez nos playoffs desde a dolorida eliminação na primeira rodada de 2011, uma derrota que chegou a por em dúvida a continuidade da base Popovich-Duncan-Parker-Ginóbili. Na ocasião, os texanos eram os primeiros cabeças-de-chave e caíram por 4-2, tendo perdido o craque argentino cedinho no embate.

Splitter estava em sua temporada de novato e recebeu pouquíssimo tempo de quadra. Nos mata-matas, porém, com dificuldade para brecar Zach Randolph, Pop acionou o brasileiro, que até correspondeu numa fogueira dessas. Agora o contexto é bem diferente. O brasileiro ganhou o posto de titular na primeira metade do campeonato e seguiu em frente. E o Spurs precisa, e muito, de sua energia e talento para tentar anular, ao menos, atrapalhar a conexão cada vez mais azeitada entre o Z-Bo e Marc Gasol, hoje o detentor do título de melhor Gasol da liga.

Os dois combinam muito bem, podendo alternar a posição no high-low em sucessivos ataques. E não importa quem está no topo ou embaixo no garrafão. O pau come do mesmo jeito. É provável que o catarinense tenha a incumbência de lidar com Randolph no início do confronto, deixando o Big Marc para Duncan. De todo modo, qualquer um dos dois seria um páreo duríssimo. Com Gasol, Splitter está mais habituado, devido ao passado de ambos na liga espanhola. Contra Randolph, ele não terá descanso em nenhuma posse de bola, como pode atestar Serge Ibaka, que cansou de apanhar  e, invariavelmente, saiu perdendo na disputa por posição nas imediações da cesta. Vejam isto aqui:

Não subestimem de modo algum o quão difícil é segurar o Z-Bo no jogo de corpo e o quanto essas trombadas minam/desgastam/torturam a longo prazo.


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