Vinte Um

Arquivo : Patty Mills

Vitória importantíssima para a seleção na estreia. E por que acharam que seria fácil?
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Giancarlo Giampietro

Seleção vence a Austrália na estreia olímpica

15 pontos e 10 assistências para Huertas na estreia sofrida

Quem falou que ia ser fácil?

Compreensível que se demonstre confiança em torno da seleção e era difícil, mesmo, segurar a euforia. Afinal, o time voltava a uma Olimpíada após 16 anos e vinha bem nos amistosos.

Mas… Daí a menosprezar a Austrália? Não se justifica.

Eles têm gente de NBA, atletas na elite da Europa há tempos – David Andersen é um dos jogadores mais bem remunerados no nível Euroliga por cinco ou seis anos já –, pivôs fortes, um técnico muito competente e um cestinha tão ou mais qualificado do que qualquer jogador brasileiro (Mills hoje tem muito mais facilidade para pontuar em jogadas individuais do que Leandrinho e Splitter, inegável).

O Brasil pode estar muito bem, ser considerado um favorito ao pódio, mas isso não servia para desqualificar nosso adversário de estreia.

Tivemos de ganhar o jogo, por  75 a 71. Não entramos com a partida já liquidada.

*  *  *

E, para quem perdeu a hora, como foi?

Bem, um primeiro quarto tenso. Huertas pressionado, chutes forçados, transição australiana funcionando, mas conseguimos apertar as coisas no final do primeiro quarto, ficando um pontinho atrás apenas. O segundo quarto seguiu travado, com os brasileiros dessa vez terminando com o pontinho na frente.

No terceiro quarto, por cinco, seis minutos, a seleção enfim apresentou um basquete de acordo com o que havia praticando nas últimas duas semanas. Em vez de atuar como presa, foi o time que optou por caçar os adversários, forçando sete desperdícios de posse de bola, enfim conseguindo sair de modo organizado no contra-ataque. Abriu 13 pontos de vantagem.

E aí veio algo inesperado: podemos esperar algumas bobagens aqui e ali de Leandrinho com a bola, uma falta de ataque mal marcada pelo árbitro, 300 chutes forçados de Machado, mas não estávamos preparados, não, para um equívoco sério de… Magnano!

O argentino fez um favorzão aos Aussies ao sacar o quinteto brasileiro em sua íntegra, justamente quando o time estava em alta. Em três minutos, a diferença já estava na casa  de cinco pontos. Não era hora para colocar o Caio, che.

Entendeu, Leandro?!?!?

Magnano dá aquela bronca em Leandrinho, mas dois cometeram erros graves na partida

Uma vez com o núcleo Huertas-Leandrinho-Nenê em quadra para iniciar o quarto final, voltou o respiro no placar. Não que tenha de ser obrigatoriamente desta forma daqui até o final do torneio. Não vai ser necessariamente com esses que o Brasil vai render seu melhor – quer dizer, no caso do armador, sim. Mas cada jogo tem sua história e, contra os australianos, o físico e a disciplina de Nenê foram muito mais eficazes.

Na metade do quarto final, porém, duas bolas de três convertidas por David Andersen voltaram a mexer com a partida. De repente, o placar voltava para a casa de cinco pontos, caminhando para o os minutos decisivos daquele jeito que cardíaco não gosta.

Um jogo parelho, dois minutos no cronômetro, e o que fez a seleção? Colocou a bola nas mãos de Leandrinho. No primeiro ataque, o ala fez tudo direitinho: gastou a posse de bola, encontrou uma brecha na defesa, bateu para dentro e descolou a falta de Andersen e dois lances livres. Tudo de acordo com o script, levando o placar para 73 a 67.

Muito bom para ser verdade?

Parece que sim.

Nas duas posses de bola seguintes, Leandrinho tentou uma descabida e egoísta bola de três pontos (com 52 segundos no relógio e vantagem de quatro pontos…) que a gente já viu acontecer diversas vezes. Inexplicável, mesmo.

Do outro lado, Mills errou seu disparo de longa distância, e o ala brasileiro voltou a se precipitar. Tentou acelerar para um contra-ataque, foi de ombro em direção a Joe Ingles e cometeu a falta de ataque. O lance até pode ser discutível, mas não haveria bate-boca se o brasileiro não tivesse se colocado naquela posição. Faltavam 44 segundos, não era hora de correr com a bola.

Leandrinho acabou excluído, e Machado entrou em seu lugar. O veterano ala, em sua primeira Olimpíada, ficou caçando borboletas na defesa e permitiu que um Ingles livrinho da silva, cortando pela porta dos fundos :), fizesse a bandeja e diminuísse para dois pontos o placar.

Foi aí que a sorte deu uma ajudinha.

Huertas controlava o jogo, gastando tempo até chamar um corta-luz impecável de Splitter, desmarcando o companheiro. O armador entrou no perímetro interno e faria um perigoso passe quicado para a zona morta. No meio do caminho, porém, a bola bateu no pé de um australiano e morreu, com nove segundos no relógio. Resultado: os brasileiro ganharam alguns segundinhos preciosos para atacar, exigindo que os oponentes fizessem a falta.

E, gasp!

Foi por um triz que Mills não roubou a bola, antes de cometer a falta em Huertas. O armador acertou os dois lances livres.

Vitória na estreia? Sim, e ufa. Mas, de novo: com o jogo jogado.


Brasil bate Austrália e agora faz últimos ajustes para enfrentar a… Austrália?
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Giancarlo Giampietro

Então é assim: em seu último amistoso antes das Olimpíadas, a seleção brasileira derrotou a Austrália por 87 a 71, neste domingo, e agora entra em sua semana decisiva, para fazer os últimos preparos e ajustes para enfrentar… a Austrália!

Tiago Splitter

SplitteR: 17 pontos e 2 rebotes neste domingo

Não é erro de digitação. Acabou sendo bastante estranho o timing dessa partida em Estrasburgo, na França, não?

O jogou não passou aqui no QG 21, que estava esvaziado devido a uma expedição providencial a um restaurante mineiro, recanto que  já se tornal tradicional aqui na Vila Guarani. A fome falou mais alto.

Mas, bem, estávamos falando que não vimos o jogo, então não dá para comentar nada de maneira muito apropriado. Se o time só desperdiçou a bola sete bolas e forçou o triplo de turnovers dos adversários, essa parece ter sido uma atuação bastante centrada, que manda aquele alô para os australianos, dominados do segundo quarto ao fim.

Em declaração ao site da CBB, Rubén Magnano fez questão de ressaltar que “não mostramos tudo o que temos”. Vai entregar o ouro para o bandido assim? Mas como fazer para ganhar a partida, de modo dominante assim, sem se expor demais? “A essência do jogo é uma só e não pode ser mudada, não há muito o que esconder”, comentou o técnico argentino.

Ontem escrevemos que não existe uma derrota que possa ser considerada legal. Da mesma forma que não há vitória que não venha em boa hora. Bacana, e tal, mas o que vale, mesmo, é o jogo do dia 29, né? Esperamos agora que os australianos tenham se impressionando com o recado dado, mas sem ter aprendido muito com ele.

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Nenê terminou o confronto com os Aussies com seu primeiro duplo-duplo dessa série de amistosos: 12 pontos e dez rebotes. Varejão apanhou outros 13 rebotes. E Splitter anotou 17 pontos. A trinca botou para quebrar, pelo visto, somando 37 pontos e 25 rebotes.

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Magnano colocou em quadra dessa vez todos seus 12 jogadores, depois de deixar Raulzinho no banco durante todos os 40 minutos do revés diante da França. O armador deu quatro assistências em 14 minutos. Caio jogou por oito minutos. Alex foi quem ficou mais tempo em quadra: 31 minutos. Huertas conseguiu um respiro, com apenas 18 minutos. Pelos australianos, ninguém jogou mais que os 27 minutos do talentoso ala Joe Ingles. Patty Mills jogou por 20 minutos, com 14 pontos e duas assistências. David Andersen por 22, com 16 pontos e 10 rebotes.

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Marcelinho Machado jogou por 20 minutos, arriscou nove arremeso, sendo seis deles de três pontos (para dois convertidos). Os australianos chutaram 26 vezes de longa distância, acertando apenas 31%.