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Arquivo : Érika

Prévia olímpica: a chance de as meninas jogarem como um time
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Giancarlo Giampietro

Hortência e Érika

Hortência entra em quadra, mas não pode ser a 12ª jogadora infelizmente

A Iziane vai falar aqui e ali, mas, pelo menos nas próximas duas semanas, a ala maranhense é passado em termos de seleção brasileira. Esperemos que os colegas em Londres não atormentem as outras 11 legitimamente olímpicas com isso.

A aposta de Hortência na cestinha não deu em nada – ou melhor, só deu em mais polêmica –, e agora as meninas têm a chance de provar em Londres que talvez não valesse tanto esforço assim pela imprevisível jogadora.

Que elas possam se unir e fazer a melhor Olimpíada possível. E aqui não dizemos meramente no sentido de “grupo fechado”, “família Tarallo” e nhe-nhe-nhém. Vale isso, ok, mas valeria muito mais uma equipe unida em quadra em torno de um jogo coletivo, bem disputado, com defesa e ataque solidários.

Tem gente de peso que acredita nisso: alguém cujo apelido “Magic” de nenhum modo parecia heresia, mesmo que tivesse de sustentá-lo em tempos em que a memória de Earvin Johnson Jr., aquele camisa 32 do Lakers, ainda era bem viva. Enfim, Paula escreveu em seu blog no R7: “O jogo da Iziane jamais me encheu os olhos. Não gosto de quem joga por jogar, quem não sabe escolher a melhor opção, quem não lê o jogo, que não joga para equipe. Enfim, não faz minha cabeça”.

Continua a genial armadora e agora empreendedora: “Estou mais convencida de que está na hora de apostar em jogadoras que tenham em mente a importância de um TIME, e que o individual jamais pode se sobrepor ao trabalho do grupo”.

Estrela por estrela ainda temos uma pivô como Érika, uma força natural absurda. A jovem Damiris também está em ascensão e tem muitos recursos. Elas têm talento para desequilibrar, ainda que a ala-pivô, bem jovem, não precise desse tipo de responsabilidade por ora.

Mas, com a despedida de Iziane, o técnico Tarallo tem agora nos Jogos uma ótima oportunidade para envolver essas atletas de enorme talento em benefício de um conjunto, ao mesmo tempo em que pode armar esse conjunto, essa equipe de um modo que potencialize as qualidades e virtudes de suas atletas.

Se o time jogar bem, fazendo as coisas certas, as estrelas e o talento tendem a fluir naturalmente.

Nesse contexto, realmente não faria sentido algum impor qualquer medida forçosamente.

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Iziane volta a trair as companheiras de seleção
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Giancarlo Giampietro

Iziane, pela seleção

Iziane jogou o Pan, mas está fora das Olimpíadas

O Bala deu o furo ontem (vizinho taí pra isso!), Iziane está fora de Londres-2012, e imagino que a vontade de boa parte da galera era levantar a placa básica: “Eu já sabia!”

Nos últimos meses, Hortência, que apostou tudo na jogadora, e Iziane contaram com a sorte em termos do tabuleiro específico para “astros que vão, ou não, se apresentar, se comportar e jogar as Olimpíadas pelo basquete brasileiro”. A dupla Nenê e Leandrinho chamou muito mais atenção nesse caso, e a maranhense ia tocando sua vida com a seleção feminina com um pouco mais de sossego.

Ou melhor: certamente “sossego” não é o termo mais apropriado.

Não foi divulgado o motivo exato para o corte da cestinha. A CBB apenas cita “razões disciplinares”. Segundo consta, não houve briga, bate-boca com a diretora ou com o técnico. Então que tipo de episódio poderia acontecer para uma atitude tão drástica assim?

Ao que parece, não foi necessariamente um só ato abusivo que tenha motivado essa decisão. Nesta quinta-feira, teria acontecido apenas a gota d’água após “uma reincidência de erros”, como relatou Hortência ao Bala. Agora, se foi assim mesmo, a dúvida que fica: desde quando a ala vem aprontando (o time já está treinando há dois meses…)? A segunda: por quantas vezes as regras foram quebradas a ponto de o Brasil jogar apenas com 11 jogadoras um torneio tão ‘insignificante’?

São duas perguntas importantes para se responder uma terceira crucial: precisava o problema chegar a Estrasburgo, na França? Tão tardiamente assim?

Quais foram os erros anteriores que foram sonegados de modo que o time não jogará com força máxima uma Olimpíada?  E, no caso, nem por ter desfalque por lesão de última hora: o time simplesmente não vai conseguir escalar nem mesmo 12 atletas por causa de uma indisciplina que já havia sido detectada antes e não foi corrigida.

Isso deixa qualquer um envolvido com o processo pê da vida, para lá de chateado.

Antes de pensarmos em pátria e blababla maior, o fato é que Iziane deixou suas companheiras na mão. Se houve uma sucessão de deslizes por parte da jogadora, a ponto de ser inevitável o corte, dá para dizer que Adrianinha, Karla, Chuca, Joice, Franciele, Silvia, Clarissa, Damiris, Nádia, Érika e Tássia – respectivamente, do 4 a ao 15, pulando um número – foram traídas pela jogadora 8. Mais uma vez. E a CBB falhou em protegê-las.

*  *  *

Ao UOL Esporte, Iziane se recusou a comentar, informar ou falar qualquer coisa a respeito do(s) ato(s) que tenham motivado seu corte. “Não posso falar sobre isso. Minha assessoria publicou uma nota. Não posso falar com a imprensa”, afirmou. Justamente uma das atletas mais desbocadas do esporte brasileiro. Para a ESPN Brasil, teria falado em tom de indignação de que “sempre sobra” para ela”, segundo relatou José Trajano após conversa com o excepcional José Roberto Salim, que conversou com a jogadora durante o dia. Francamente: o que ela poderia dizer além disso? Sai técnico, entra técnico, e só há um denominador comum na história toda.

– Atualização (20h15): Mais tarde, em pronunciamento ainda na França, a ala abriu o jogo: passou algumas noites no quarto do hotel da seleção com seu namorado. “Sei que a atitude foi inadequada e que esta sanção não pune só a mim como todo o trabalho que realizamos”, disse. Pediu desculpas ao grupo e a Hortência.

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O Vinte Um espera que as 11 jogadoras restantes consigam superar essa e tentar, de algum modo, reverter a situação, juntando os cacos. Mas é difícil, claro. Por outro lado, não sei exatamente o quanto a seleção perde neste caso em quadra.

Antes que me acusem a ignorância, calma.

O talento da maranhense é inegável, é a pontuadora mais natural da equipe, ainda explosiva (infelizmente, em muitos sentidos). Mas, durante os amistosos, ela vinha muito mal, destrambelhada no ataque, um problema de longa reincidência também. Agora o foco, imagino, precisa ir para Érika no garrafão, nem que seja na marra – só não dá para esperar que a superpivô faça milagres. Damiris também deve ganhar mais oportunidades, a despeito de seu jogo deslocado para o perímetro.

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Faz tempo que não abordamos o basquete feminino por aqui – havia acompanhado bem mais de perto a versão anterior da seleção, o time de 2006 a 2008, com algumas meninas que já não fazem parte do grupo (a simpatia de Karen e Micaela era um destaque). Abrindo o jogo, fica difícil de dar conta de tudo, e por vezes é melhor não falar muito para não correr o risco de se passar por leviano.  Então para muitos a intervenção aqui pode parecer estranha. Mas é impossível evitar o caso Iziane. Vamos acompanhar todo o torneio olímpico e, na medida do possível, falar das meninas também no decorrer da temporada.