Vinte Um

Arquivo : Towns

Os prêmios de sempre e os alternativos da NBA 2015-16. Warriors na cabeça
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Giancarlo Giampietro

O que você acha que acontece quando um time vence 72 partidas num campeonato? Sucesso também nas premiações individuais. É só conferir os arquivos históricos da liga. Em 1996, o Chicago Bulls elegeu MVP (você sabe quem), técnico (idem) e sexto homem (Kukoc) e também deveria ter ganhado o de defensor também, seja com Pippen e Rodman, que foram afanados por Gary Payton — não à toa seu apelido era Luva. Que fique de aviso. De resto, o texto está imenso, com mais de 3.400 palavras, então chega de onda:

MVP: Stephen Curry

Número 1

Número 1

Te juro.

(Há quem ainda questione se Curry é o melhor jogador da NBA. Talvez nos playoffs LeBron James mostre quem manda ainda. Kevin Durant, 100% fisicamente, também pode construir boa argumentação. Mas não resta dúvida sobre quem foi o melhor jogador da temporada, e de muito longe. Curry é baixote, magrelo, não é o melhor defensor da paróquia — mas marca muito mais do que seus críticos lhe dão crédito –, faz parte de um esquadrão, mas… Foi o jogador mais influente do campeonato. Um número que não ganha tanta publicidade assim e que mostra o valor de Curry numa equipe de 73 vitórias: com ele no banco, o Warriors faz 13,6 pontos a menos por 100 posses de bola e toma 8,7 pontos a mais. Por melhores que sejam Draymond Green, Klay Thompson e Andre Iguodala, está claro quem faz a diferença aqui, e não exatamente por seu volume de pontos.

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Curry esteve acima da clássica marca de 30 pontos por jogo até este mês, mas agora caiu para a extremamente decepcionante marca de 29,8. Né? Foi o mais eficiente da temporada de ponta a ponta. Seus percentuais de arremesso: 50,2%, 45,2% e 91%, registrando mais uma campanha no belíssimo clube de 50-40-90. Para comparar, Klay Thompson, um grande chutador ao seu modo, terminou com 47%, 42,5% e 87%, respectivamente. Foram cinco conversões de longa distância por partida. Nunca um cestinha com mais de 25 pontos em média foi tão eficiente assim em seus arremessos. Com dois títulos em sequência, Steph se junta a Russell, Wilt, Kareem, Moses, Bird, Magic,  Jordan, Duncan, Nash e LeBron como atletas que conseguiram o repeteco em duas temporadas seguidas.)
Quem mais? Pela ordem, iria de Kawhi Leonard (subiu mais alguns degraus na escada rumo ao estrelato, sendo muito consistente e o melhor defensor dessa lista disparado), LeBron James (a despeito de todas as intempéries, dos diversos jogos em que se recusava a marcar, num papelão compensado por uma reta final avassaladora de temporada), Russell Westbrook-Kevin Durant (difícil separar a dupla, sendo que individualmente eles recuperaram um nível absurdo de dominância; posto isso, a equipe deles terminou com campanha inferior à dos concorrentes aqui citados).

Seleção da NBA 1
Curry, Westbrook, Kawhi, LeBron e Draymond

Seleção da NBA 2
Paul, Lowry, Durant, Millsap, Aldridge

Seleção da NBA 3
Lillard, Harden, Crowder, Paul George, Jordan

Com Kawhi e LeBron, sobrou para Durant

Com Kawhi e LeBron, sobrou para Durant

(Estaticamente, Harden ainda está na elite da liga. Aqui, ele conta como uma espécie de LeBron light: alguém que deu muito trabalho desde a pré-temporada, se apresentando fora de forma, sem fazer questão nenhuma de defender Kevin McHale. Agora, vem jogando muito desde janeiro. Experimente tirá-lo do Houston para ver onde iriam parar.

Boogie Cousins tem praticamente todas as suas métricas a seu favor. Mas chega uma hora que tantas derrotas assim pesam mais. A franquia é uma bagunça gigantesca, claro, mas não dá para dizer que ele não contribua para a confusão. Na hora de escolher apenas 15 nomes, isso pesa. Outro que perde pontos nessa linha é Jimmy Butler, com pesar.

Chris Bosh poderia entrar aqui, mas sua preocupante condição médica o afasta. O Miami fica sem um indicado, apesar da ótima campanha. É que não dá para pinçar Dwyane Wade, apenas para ter um deles. Whiteside jogou muito desde fevereiro. Dragic enfim disse a que veio, Luol Deng também se reencontrou. Os calouros ajudaram demais. Enfim, um conjunto muito forte. Assim como o de Boston, com Crowder ganhando destaque pela sua contribuição dos dois lados. O breve período em que ficou fora de ação provou sua relevância.

De qualquer forma, estamos falando da NBA, né? Talento não falta. Klay Thompson, Kemba Walker, Tim Duncan, Dirk Nowitzki, Kevin Love, Ricky Rubio, Al Horford, Andre Drummond bem sabem.)

Técnico do ano: Steve Kerr

De Luke para Steve, com carinho

De Luke para Steve, com carinho

O principal argumento contra Kerr talvez seja, na real, seu principal trunfo. Que é o fato de ter ficado afastado do banco por 43 partidas oficialmente, ainda que desse as caras no ginásio aqui e ali, para os jogos em casa. Ué, mas se ele nem era o estrategista em mais de meia temporada, como é possível ganhar um prêmio? Justamente por seu time ter assimilado tão bem seus conceitos, podendo, sei lá, jogar sozinho. Ou sob a orientação interina de Luke Walton, que não deve ser menosprezado de modo algum. O Warriors viveu suas melhores semanas na temporada quando arrebentou a concorrência logo no início de campanha, vencendo 24 partidas seguidas. Uma sequência que valorizou demais o passe de Walton no mercado.

Mas o mais relevante neste processo todo não foi justamente foi a cultura estabelecida por Kerr? Desde a temporada passada, essa cultura só ganhou força depois do título, com a confirmação de que seguiam o rumo certo Uma cultura com impacto fora e dentro de quadra. Em vez de se acomodarem, seus principais jogadores evoluíram, enquanto, isolando o estouro de Draymond Green em OKC, nenhuma tensão parece ter florescido nos bastidores. Chegaram a 72 vitórias, podendo garantir a de número 73 nesta quarta, a saideira. O recorde histórico da liga. Como não aclamar isso, ainda mais depois de testemunharmos o quão penosa foi a luta nas últimas semanas?

Não que os ajustes durante uma partida não importem. É que, por muito tempo, o Warriors simplesmente não se envolvia em tantos jogos parelhos assim para o intelecto de Walton ser testado. Na metade final da temporada, à medida que se aproximavam do recorde e que a tabela ficava mais complicada (com longa sequência como visitante e múltiplos duelos com Spurs e Thunder), Kerr estava de volta para ajudar seus jogadores a enfrentar a turbulência.

Aqui, a questão maior, claro, é saber o que pesa mais num voto? A campanha surpreendente, os ajustes em meio ao campeonato, com mudanças forçadas por lesões ou trocas, a reformulação de um sistema, tirar o máximo de cada atleta do elenco… Todos fatores que uns vão considerar mais relevantes que outros.
Quem mais? Gregg Popovich mudou de modo substancioso o estilo de jogo do Spurs, assimilou LaMarcus sem interromper a curva de ascensão de Kawhi Leonard e coordenou a defesa mais eficiente da temporada. Do ponto de vista da cultura, o trabalho de Brad Stevens em Boston é especial, levando seus jogadores ao limite de suas capacidades. Steve Clifford também reformulou seu ataque, indo na direção contrária de San Antonio, migrando para o exterior, e colheu grandes resultados. E aí tem a turma que tirou leite de pedra, com campanhas surpreendentes pensando no material que tinham: Terry Stotts, Rick Carlisle e Dave Joerger. Mais Brad Stevens e Dwane Casey. Que fase.

Defensor do ano: Draymond Green

Braço comprido, né, CP3?

Braço comprido, né, CP3?

É, foi o mesmo voto no ano passado. Mas vamos deixar claro que não embarco em nenhuma campanha contra Kawhi Leonard. Não há como não ficar boquiaberto com a pressão defensiva que o endemoniado ala do Spurs exerce sobre os adversários, com o par de mãos mais rápido do Oeste. No ranking defensivo de “Real Plus-Minus” do ESPN.com, Kawhi é o único jogador de perímetro que aparece entre os 30 primeiros colocados, com um honroso quinto lugar. É provável que ele ganhe de novo, se tornando apenas o segundo jogador de perímetro a levar o troféu por dois anos seguidos — e não dá para dizer que não seja justo. Os dois mereciam.

Então, se for para escolher um só que seja, ainda sustento a opinião de que Draymond é mais importante para o sistema defensivo do Warriors, que ainda é um dos cinco mais eficientes da liga. Kawhi, por sua vez, é o defensor mais assustador, individualmente, da liga. Recuperando o texto de 2015 levemente editado: “Green é quem dá o recado, quem dita a intensidade da equipe na hora de parar o adversário. Ele é daqueles que fala horrores – mas que justifica tudo em quadra. Além disso,  seu pacote de força física, inteligência, determinação e estatura mediana para a posição (2,01m oficialmente, mas não chega a tanto) permitem a Steve Kerr confiar num sistema de trocas na defesa. É curioso isso: o fato de ser considerado baixo ao deixar a Universidade de Michigan State fez com que caísse para a segunda rodada do Draft. Hoje, é algo que joga a seu favor de modo único – com sua envergadura fora de série, o centro de gravidade mais baixo (e forte) e o senso de posicionamento impecável, consegue marcar grandalhões numa boa. Ao mesmo tempo, é flexível o bastante para brecar as infiltrações de alas e armadores. Um canivete suíço defensivo que é a segunda principal ferramenta para o Warriors ser este timaço. Além disso, vale registrar que a defesa da equipe sentiu o desfalque de Iguodala, Bogut e Barnes por mais de 12 partidas cada. Para constar, no ranking acima citado, Green também aparece logo acima de Leonard.
Quem mais? Tim Duncan, que mal consegue correr de uma cesta para a outra, mas sabe preencher espaços como ninguém em meia quadra, Paul Millsap, que, entre os homens de garrafão, é aquele das mãos mais ágeis, Ian Mahinmi, aquele que apagou Hibbert da memória coletiva em Indiana. 

Jogador que mais evoluiu: CJ McCollum

Pode atacar, CJ

Pode atacar, CJ

Deve ser o favorito ao prêmio no mundo real.  Uma coisa é ter seu brilhareco numa série de playoffs que se encerrou em cinco jogos, anotando 17,0 pontos, dando 4,0 assistências e matando 47,8% de seus tiros exteriores. Outra é sustentar esse ritmo durante todo um campeonato, enfrentando defesas muito mais atentas em relação a suas jogadas favoritas, especialmente quando o elenco ao seu redor perdeu alguns nomes expressivos. No caso de McCollum, desde já uma das fontes favoritas de toda a mídia enebeana, por ter se formado em jornalismo. O armador do Blazers, na verdade, superou seu rendimento dos mata-matas do ano passado contra o Grizzlies, tanto em números absolutos como na média por minutos, finalizando sua campanha com 21,6 pontos e 4,4 assistências. Não foi só o caso de elevar os números simplesmente por ter ganhado mais tempo de quadra. Mais minutos traduzem em mais confiança, claro. E, com a moral elevada e a licença de Stotts e Lillard para chutar, o atleta de de 24 anos passou a disparar (17,9 chutes por jogo) e com qualidade (44,8% no geral, 42,1% de três e 82,7% nos lances livres, todos recorde em sua carreira). O próximo passo agora é se esforçar um pouco mais na defesa e procurar a linha de lance livre.
Quem mais? E não é que dava para colocar alguém do Warriors  também aqui? Steph Curry (anotou quase 5,0 pontos a mais por 36 minutos e superou em muito seu aproveitamento nos arremessos de quadra e de três) e Draymond Green (máquina de triple-doubles) evoluíram demais. Demorou, mas Kemba Walker enfim descobriu o que um bom arremesso de longa distância pode fazer para seu jogo e seu time. Giannis Antetokounmpo vai gradativamente realizando todo o seu potencial. Will Barton. Ian Mahinmi jogou tanta bola este ano que pode ter virado um problema para o Pacers: se a liga reparou, vai ganhar um aumento de mais de 200% salarial (ganhou US$ 4 milhões este ano).

Sexto homem: Andre Iguodala

Iguodala faz de tudo um pouco vindo do banco

Iguodala faz de tudo um pouco vindo do banco

Ok, repetindo a brincadeira de fevereiro, quando o timing era mais propício. Mas isso é como se fosse o Oscar, com um filme gigante de bilheteria e aclamado pela crítica fazendo a rapa. O time já igualou um recorde histórico de vitórias que 99% da liga julgavam inatingível. Então é bem por aí, mesmo. O cara foi MVP da última final saindo do banco de reservas, sendo recompensado por todos os sacrifícios que os treinadores esperam na hora de se compor uma rotação. Está certo que seus números não se equiparam aos daquela série decisiva, e nem poderiam ser, mesmo. Mas seu papel continua o mesmo. Assim como Green, Iggy oferece maleabilidade tática a Steve Kerr, por sua capacidade defensiva acima da média, a facilidade para organizar o jogo e fazer a bola rodar e, num bônus que poucos apostariam há dois anos, pela habilidade que desenvolveu para matar o chute de três da zona morta, convertendo 26 de suas 56 tentativas nesta temporada. O principal argumento contrário ao veterano e versátil ala é o de que perdeu 17 jogos até aqui. No geral, porém, ele acumulou mais de 1.700 minutos, superando, por exemplo, Shaun Livingston nessa contagem.
Quem mais? Patrick Patterson está envolvido em quase todas as escalações mais produtivas do Toronto Raptors; Enes Kanter arrebentou com as linha de frente de segunda da liga, mas ainda precisa melhorar a defesa; Will Barton apresentou seu cartão de visitas aos oponentes e foi um cestinha mais eficiente e regular do que Jamal Crawford, que, de todo modo, merece sua menção por seu espírito decisivo e via de desafogo para os titulares; Evan Turner, demos o braço a torcer, não se tornou um jogador que justificasse a segunda escolha do Draft, mas teve a sorte de Brad Stevens cruzar com o seu caminho, podendo explorar seus medianos, mas amplos recursos da melhor maneira que dá. 

Novato do ano: Karl-Anthony Towns

O Wolves tem sua jovem superestrela

O Wolves tem sua jovem superestrela

Além da categoria MVP, este é o único troféu que não exige muito da gente. Já  nem cabe mais comparar o garoto dominicano com os colegas de classe. Daqui para a frente, ele vai entrar na discussão sobre quem são os melhores da liga. Towns tem chute de média distância e logo mais vai matar de fora também. Nos arredores da cesta, tem força, munheca, movimentos e incrível calma para se impor contra gente muito mais experiente. E ele ainda sabe como é quando passar a bola. Na defesa, já se comporta como um alicerce dentro do garrafão. Meses atrás, David Thorpe, analista da ESPN e técnico dedicado ao trabalho individual com diversos atletas da liga, chegou a propor a tese de Towns seria ainda mais promissor que Anthony Davis. Muitos acharam que era conversa de maluco. Hoje, não soa nada absurda.
Quem mais? Jokic é o darling dos estatísticos, com produção por minutos extraordinária e um jogo ofensivo muito vistoso. Seus fundamentos de passe e chute vão deixar qualquer professor sérvio orgulhoso. Suas métricas avançadas são de arrebentar. Kristaps Porzingis, por mais que o Knicks tenha esfriado, ainda é uma das histórias mais legais da temporada. Justise Winslow não tem os números, mas já adquiriu respeito dos veteranos por sua capacidade como defensor. Devin Booker, Myles Turner, Jahlil Okafor e D’Angelo Russell tiveram seus lampejos, mas não a consistência para desafiar nenhum deste top 4.

Seleção dos novatos 1
(Tentando respeitar minimamente a formação)
Russell, Winslow, Porzingis, Towns e Jokic

Seleção dos novatos 2
TJ McConnell, Josh Richardson, Booker, Turner e Okafor

(Foi, de fato, uma classe de calouros bastante produtiva. Emmanuel Mudiay tem tudo para ser uma estrela, desde que aprenda a usar seu corpanzil para concluir jogadas perto da cesta, além, claro, de refinar seu arremesso. Willie Cauley-Stein merece mais do que o desleixo total de George Karl. Assim como o pivô, Rondae Hollins-Jefferson tem tudo para fazer parte de quintetos defensivos por anos e anos. Frank Kaminsky provavelmente vale menos do que quatro escolhas de Draft — se é que Danny Ainge ofereceu tudo isso, mesmo, a Charlotte –, mas se mostrou uma peça valiosa no tabuleiro de Clifford. Bobby Portis já tem um culto em Chicago. Justin Anderson pode muito bem ter salvado a temproada de Nowitzki. Trey Lyles casa muito bem com Rudy Gobert e Derrick Favors. Enfim… looonga a lista.)

Executivo do ano: Gregg Popovich/RC Buford

Gostou do almoço, Pop?

Gostou do almoço, Pop?

oSim, eles conseguiram. Depois de quase duas décadas em torno de Tim Duncan, sem o superastro nem mesmo ter parado ainda, a dupla conseguiu tocar adiante a transição para um novo amanhã (é brega pacas isso, mas você nunca sabe quando vai ter a chance de usar).

Tudo começa com a descoberta de Kawhi Leonard, há um tempinho já, mas a chegada de Aldridge vem para ratificar. E a franquia fechou o negócio sem precisar sacrificar muito de sua base. Ele chegou para a vaga de Splitter, e pronto. Cory Joseph foi outro que saiu, para sorte de Dwane Casey, mas o Spurs sobrevive tranquilamente sem ele. Aí você também põe na conta as pechinchas por David Wesley, Jonathon Simmons e, claro, Boban Marjanovic. A base é tão forte que talvez não importe se Kevin Martin vai entrar no esquema a tempo para os playoffs.

E por que colocar Pop acima? Ele é o presidente do departamento. Na hora em que o Phoenix Suns realmente surgiu como ameaça para levar LaMarcus, quem apareceu para dar umas voltinhas com o pivô?

De qualquer forma, aqui está mais um prêmio complicado de avaliar por apenas um ano. O que o Warriors fez para esta temporada? Selecionou Kevon Looney no Draft, contratou Anderson Varejão de última hora, na vaga de Jason Thompson, que veio no negócio que os livrou do contrato de David Lee. Preferiram Ian Clark a Ben Gordon. Nada muito drástico. Mas precisava?

Quem mais? Neil Olshey não perdeu tempo em lamentar a saída de tanta gente boa, formou uma nova base mais jovem e muito mais barata, descolou mais escolhas de Draft e ainda vê o time seguir nos playoffs. Pat Riley gabaritou no Draft, ainda deu um jeito de escapar da multa da luxúria e ainda arquitetou a contratação de Joe Johnson. Coisa de mestre. Rick Cho, sempre pressionado por Jordan, mas que acertou demais na troca por Batum e Jeremy Lamb, além da subestimada contratação de Jeremy Lin. Masai Ujiri, pelas trocas que não fez em Toronto.

***PRÊMIOS ALTERNATIVOS***

Melhor jogador sub-23: Karl-Anthony Towns, que só vai chegar aos 21 no dia 15 de novembro e terá esse troféu assegurado até o ano que vem. Ponto.

Melhor segundanista: Andrew Wiggins, que cresceu no decorrer do campeonato. Mas estamos de olho em você, Jabari. Força aí.

Melhor estrangeiro: Dirk Nowitzki, com seu esforço heroico para conduzir um elenco bizarro do Mavs rumo aos playoffs. Al Horford acaba desclassificado aqui por ter jogado o universitário americano. As regras a gente inventa assim, na hora.

Melhor brasileiro: olha… difícil, hein? Sabemos que não foi a temporada mais produtiva para a legião de Magnano. Muito difícil separar um do outro. Leandrinho talvez? Por ter mantido seu papel regular no esquadrão do Warriors. De resto… Nenê ainda é o mais eficiente, mas voltou a perder mais de 30 jogos e dessa vez não passou nem dos 20 minutos de quadra. Splitter teve sua campanha sabotada por uma lesão séria no quadril. Anderson Varejão foi despachado por Cleveland e não encontrou espaço no Warriors. Demorou sete meses para Byron Scott perceber que Huertas faria mais bem ao Lakers do que Nick Young. Raulzinho era o titular de ocasião do Utah Jazz, mas foi derrubado por Shelvin Mack justamente quando estava se soltando. Cristiano Felício é uma grata surpresa nos minutos finais do campeonato.

Melhor importação da D-League: Tim Frazier. era para ele estar se preparando para a disputa dos playoffs em Portland, como assessor de Lillard e McCollum. Mas, quando Neil Olshey se envolveu em algumas trocas em fevereiro, para acumular mais escolhas de Draft, acabou sobrando para o armador de 25 anos, um dos salários mais baixos do elenco. Frazier teve de voltar à liga menor, então, mas sem se deixar abater. Depois de algumas semanas com o Maine Red Claws (filial do Boston), foi chamado novamente pela NBA para um serviço voluntário em New Orleans, que precisava da ajuda da Cruz Vermelha. Alvin Gentry ao menos encontrou um motivo para sorrir novamente. O baixinho se encaixou bem no esquema tipo “7-segundos-ou-menos” e vai terminar sua campanha pelo Pelicans com números interessantes (numa projeção por 36 minutos, são 17,0 pontos, 8,7 assistências e 5,6 rebotes, com 44,8% de três e 47,4% de quadra no geral). Se por alguma razão o clube não aproveitá-lo na próxima temporada, certamente aparecerão interessados.

Melhor resultado de troca: num ano de movimentações pouco alardeadas, dois pequenos negócios seriam fortes candidatos aqui. O primeiro foi a aquisição de Mario Chalmers pelo Memphis. De renegado em Miami, o armador estava virando figura salvadora em Memphis, cobrindo a ausência de Mike Conley com muita personalidade, até sofrer uma ruptura no tendão de Aquiles em Boston. A outra opção seria a ida de Ish Smith para Philadelphia (sendo que ele poderia ser o Tim Frazier do Pelicans neste final de temporada, vejam só). O ligeirinho  mudou a rotina do Sixers por pelo menos um mês, injetando ânimo, arrojo e maturidade em um jovem elenco. Mas esse efeito já não era mais sentido depois de um certo tempo. Então… Bem, vamos pensar a longo prazo aqui, e apontar a contratação de Tobias Harris pelo Detroit Pistons. O ala não só ajudou o time a chegar aos playoffs, como será uma figura relevante para os próximos anos sob o comando de SVG. A ver se Channing Frye apronta alguma coisa nos playoffs para entrar na conversa.

Time mais azarado: Memphis Grizzlies.

Maior decepção: Houston Rockets.

PS: obviamente não fui capaz de atualizar o blog diariamente nesta temporada, então talvez nem precisasse avisar, mas a rodada desta quarta-feira é tão especial, que… Tem de ser feito o registro. Nesta quinta, não vou conseguir publicar nada, por motivos de viagem a trabalho, com evento que paga o pão de cada dia logo cedinho pela manhã. Então vamos com algo sobre Kobe ou Warriors na sexta apenas, ok? Enquanto isso, de repente bate alguma inspiração para escrever algo minimamente decente sobre a aposentadoria de um dos atletas mais fantásticos e controversos da história da NBA.

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Jukebox NBA 2015-16: tudo ótimo para o torcedor do Timberwolves
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Giancarlo Giampietro

jukebox-wolves-supergrass

Em frente: a temporada da NBA caminha para o fim, e o blog passa da malfadada tentativa de fazer uma série de prévias para uma de panorama sobre as 30 franquias da liga, ainda  apelando a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Alright”, por Supergrass.

Com o placar apontando vantagem na casa de dois dígitos para o Golden State Warriors, pelo segundo tempo, você então decide que é a hora certa para dormir, dando a fatura como liquidada. Para acordar, abrir o aplicativo da NBA no celular como sua primeira atividade do dia – sim, é uma doença – e arregalar o olho remelento com o placar: o Minnesota Timberwolves venceu pela prorrogação, por 124 a 117. Em Oakland.

O Wolves?!

E por que não?

Coisa de duas semanas atrás, ainda que em casa, essa garotada já havia dado uma canseira nos atuais campeões. Agora, contra o mesmo oponente ainda mais desgastado – física e, principalmente, emocionalmente –, eles concluíram o golpe. Nos últimos 18 minutos da partida, desde o minuto final do terceiro período, eles venceram por 52 a 33, forçando a prorrogação no meio do processo até definir a contagem final. Sobrava energia: durante esse intervalo, foram 10 turnovers forçados e 23 lances livres cobrados, contra apenas dois dos oponentes, derrubando, por uma noite que seja, a tese de favorecimento da arbitragem, caseira ou pró-superestrelas.

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Quando o torcedor do Wolves – sim, eles existem, conheço pelo menos dois deles – vê uma partida dessas, então, só espera que seja o sinal do que vem pela frente. É aí que entra a empolgante “Alright”, do subestimado Supergrass, como trilha: “Nós somos jovens, corremos livres… Nós nos sentimos muito bem, tudo ótimo”. Quando você tem um pivô como Karl-Anthony Towns e um ala como Andrew Wiggins para desenvolver, mais um punhado de atletas interessantes, você vai se sentir que nem os caras do clipe acima. Sorridentes, empolgados, confiantes, desafiadores. É um futuro muito promissor, e não importa que a equipe tenha perdido mais de 50 jogos novamente.

Kartl-Anthony Towns, um ponto alto em grande estreia pela NBA

Kartl-Anthony Towns, um ponto alto em grande estreia pela NBA

Só precisa combinar com o proprietário Glen Taylor: que a franquia, como negócio, fora de quadra, não se torne um obstáculo insuperável. Ora, não custa lembrar que estamos tratando de um clube que completa agora 12 anos de jejum, distante dos playoffs desde 2004. Dos 17 jogadores que defenderam o time naquela temporada, a melhor de sua história, apenas Kevin Garnett está em atividade ainda, enquanto boa parte daquele elenco se aposentou há tempos. Fred Hoiberg e Latrell Sprewell que o digam.

Naquele ano, ainda sob o comando do saudoso Flip Saunders, o Minnesota alcançou a final do Oeste, superando pelo caminho o poderoso Sacramento Kings, até perder para o Lakers de Shaq, Kobe, Malone e Payton. Garnett estava no auge atlético, aos 27 anos, com médias de 24,2 pontos, 13,9 rebotes, 5,0 assistências, 1,5 roubo e 2,2 tocos, em 39,4 minutos. Ele era um animal incontrolável, basicamente.

Aquela boa sensação durou pouco. Na temporada seguinte, com Sam Cassell abalado por lesões e Sprewell cuspindo fogo por uma renovação contratual, a química do time se desintegrou. Saunders, depois de 10 anos no cargo, foi demitido com uma campanha de 25 vitórias e 26 derrotas. Seu amigo pessoal, o gerente geral Kevin McHale assumiu a barca e até foi bem, com 19 vitórias e 12 derrotas. Não bastou, todavia, e a equipe nem mesmo se classificou para os mata-matas. Acho que Kevin Love já ouviu essa história antes…

Um dos poucos acertos das diversas diretorias empossadas desde então, Love – que veio numa troca por OJ Mayo! – tinha tudo para ser o pilar do clube em uma nova fase. Mas nem mesmo quando dirigido por uma mente brilhante como a de Rick Adelman, com a companhia de Rubio, Kirilenko, Pekovic (ainda em forma) e Martin, conseguiu chegar aos playoffs. Obviamente que esses caras enfrentaram uma Conferência Oeste absurda e consistentemente fortíssima. Mas os seguidos engasgos de sua gestão foram mais determinantes.

Derrick Williams não impressionou muita gente em Minnesota

Derrick Williams não impressionou muita gente em Minnesota

Selecionar Wesley Johnson em quarto no Draft de 2010, com DeMarcus Cousins, Greg Monroe, Paul George e Gordon Hayward disponíveis, foi um erro, e tanto. Mas não tão grotesco assim, quando recuperamos o desempenho do mesmo David Kahn pelo Draft do ano anterior, quando tinha as quinta e sexta escolhas e foi com a dobradinha Rubio e Jonny Flynn, sem que ninguém entendesse. Foi um desastre em diversos níveis: eram dois armadores que não sabiam arremessar e dificilmente poderiam jogar juntos; Flynn, aquele que se apresentaria de imediato, enquanto o prodígio espanhol guiria em Barcelona, não combinava em nada com o sistema de triângulos de Kurt Rambis; mas, pior, se era para planejar uma futura dupla armação, um certo Stephen Curry estava ao seu dispor, além de Jrue Holiday, Ty Lawson, Jeff Teague  eBrandon Jennings. (E, se fosse para pensar em jogador para outras posições, poderia optar ainda por DeMar DeRozan ou Jordan Hill.)

Você acha que Kahn parou por aí? Não, em 2011, já desmoralizado, encarou o Draft como oportunidade de fazer caixa, para poder demitir Rambis e pagar seu último ano de contrato. Depois de selecionar Derrick Williams na segunda posição – mesmo que ele jogasse na mesma posição de Love e Michael Beasley… –, o gerente geral orquestrou uma sequência frenética e inacreditável de trocas envolvendo a 20ª escolha, faturando  a grana que precisava. Nomes como Donatas Motiejunas, Nikola Mirotic, Bojan Bogdanovic e Chandler Parsons aparecem como consequências desses negócios. O repórter Brian Windhorst, do ESPN.com, registrou tudo aqui. Santamãe, é de doer. Para desanuviar o dia, então, lembremos a piada recorrente de Bill Simmons, com o capitão Kirk pirando:

Demorou, mas o festival de trapalhadas custou a David Kahn seu emprego. Seu substituto seria um velho conhecido, Flip Saunders. O ex-treinador agora voltava como presidente do clube, chefiando o departamento de basquete. Nem mesmo seu carisma e currículo foi capaz de convencer Love a abraçar a causa, porém. Chegara a hora, então, de mais um processo de reformulação. Mas o que era para ser deprimente acabou virando esperança, rapidamente. Contando com uma ajudinha de LeBron James (que não quis saber de trabalhar com o garotão Wiggins em Cleveland), muita sorte (primeira posição num Draft com Towns) e um ótimo trabalho mo recrutamento de calouros, Saunders compôs este núcleo empolgante de hoje. Só é lamentável que o câncer não o tenha permitido ver a continuação do projeto. #RIP

Quando um time entra na última semana da temporada com apenas 26 vitórias e a quinta pior campanha no geral, é difícil de classificar isso como um sucesso. Mas, se pudermos ignorar que a equipe tenha a quarta pior defesa e o 14º melhor ataque do campeonato, se abstrairmos os números mais básicos, existem pontos positivos para se comemorar, que servem como base para o otimismo de uma torcida que já sofreu demais desde o ocaso da era Garnett. É só pegar a vitória em Oakland como exemplo, com 35.

A primeira grande notícia foi a estreia de Towns, que fez um campeonato magnífico para alguém de alguém que só vai fazer 21 anos no próximo aniversário da República brasileira. O dominicano (para o mundo Fiba) é um pivô perfeito para o basquete vigente. Na verdade, ele seria perfeito para qualquer época, de tantos recursos que tem. Seus fundamentos, flexibilidade e categoria em geral (a ponto de vencer um concurso de habilidades em Toronto) já o colocam nos grupos mais exclusivos da NBA.

Curry e Rubio até poderiam ter jogado juntos

Curry e Rubio até poderiam ter jogado juntos

Com 49 double-doubles, está empatado em terceiro, no ranking geral, com John Wall. Andre Drummond vem em primeiro, com 65, e Russell Westbrook em segundo, com 52. Aparece logo acima de Boogie Cousins, DeAndre Jordan e Pau Gasol. Ele já é o 15º atleta mais eficiente da liga. O oitavo em média de rebotes. O décimo em tocos. E o 27º entre os cestinhas, dividindo a bola com Wiggins. E pensar que, em abril do ano passado, boa parte dos scouts considerava que Jahlil Okafor estaria mais preparado para causar impacto como novato. Hoje não há sequer uma discussão possível entre um e outro.

Os números gerais de Wiggins, em projeção por minutos, não indicam muita evolução por parte do canadense. Agora, se for para dividir sua temporada mensalmente, os números ficam muito mais interessantes – assim como os dados avançados. Em janeiro, tinha médias de 19,4 pontos, só 3,8 rebotes e 1,6 assistência, com 43,8% de quadra e horripilante 17,1% em 2,2 chutes de três, batendo também 7,0 lances livres em 35,0 minutos. Em março, foram 19,7 pontos, 3,7 rebotes, 2,5 assistências, e com índices muito superiores na finalização: 50% de quadra, 42,9% de três, com 5,7 lances livres por 35,5 minutos. O volume de jogo não cresceu tanto de um mês par ao outro, mas o ganho qualitativo é indiscutível. De todo modo, para constar, em seus últimos cinco jogos, bateu a casa de 30 pontos três vezes, incluindo os 32 que anotou em uma partida memorável contra o Warriors. Ah, e por mais que esteja caminhando para sua terceira temporada como profissional, vale prestar a atenção em sua certidão de nascimento: é apenas oito meses mais velho que Towns. Ainda tem muito o que progredir.

Zach LaVine, também de 1995, 20 anos, foi outro que arrebentou em março: 17,8 pontos, 2,7 assistências, 2,0 turnovers, 49,8% de arremesso, 47,4% de três pontos, em 37,2 minutos. Parece que a comissão técnica, enfim, desistiu abortou o plano de torná-lo um armador, pelo menos por enquanto. Não creio que tenha fundamentos, muito menos cacoete para isso. Lembra muito o caso de um jovem Jamal Crawford, e é nesse tipo de jogador que ele pode se desenvolver, como um pontuador incendiário vindo do banco, ou um chutador perigoso escoltando Towns e Wiggins, mas muito mais atlético, com potencial para se tornar um defensor bem mais eficaz.

Jogo de LaVine pode ter muito mais que enterradas

Jogo de LaVine pode ter muito mais que enterradas

Para deixar o jogo um pouco menos complicado para esses garotos, Ricky Rubio fez sua melhor campanha desde que chegou aos Estados Unidos, mesmo que seu arremesso ainda esteja bem abaixo da média. O chute pode não cair ainda, mas sua visão de quadra excepcional e seu senso de organização de quadra fazem toda a diferença. Observe o espanhol e veja o quanto ele canta as jogadas e o posicionamento para os companheiros. É um verdadeiro assistente e exerce uma influência enorme nesse sentido,  dos dois lados da quadra. O time ataca muito mais quando ele joga e cai na defesa com ele no banco, em suma.

Tem mais: Gorgui Dieng viu Towns dominar a zona pintada (e um pouco mais que isso), perdeu em produtividade, mas segue como um jogador de multifacetado, também de impacto relevante para a equipe.  Shabbazz Muhammad é uma excelente arma para tirar do banco, um cestinha explosivo, que foi muito importante no primeiro ano de Wiggins, aliviando a pressão física sobre Wiggins. Tyus Jones, penando de início com a capacidade explosiva da concorrência, vai se soltando aos poucos e pode agir sem pressa, enquanto Rubio distribui as cartas. Em Nemanja Bjelica vale a aposta. Vai chegar mais um novato de ponta este ano. É uma forte base para ser cultivada.

Em março, apenas com o mentor Kevin Garnett afastado, o time já foi razoavelmente competitivo, vencendo seis, perdendo nove. Desses nove reveses, sete vieram contra adversários posicionados na zona de playoff, enquanto um oitavo aconteceu com cesta de Mirza Teletovic no estouro do cronômetro, pelo Suns.  A tardia promoção de LaVine  contribuiu para isso, ajudando a espaçar um ataque sufocado. Se você tirar Tayshaun Prince da rotação e inserir mais um arremessador (alô, Buddy Hield), as coisas ficam mais interessantes, prontas para mais um passo em sua evolução. Só precisa de calma. a equipe tem hoje 26 vitórias, dez a mais que na temporada passada, mas é muito pouco ainda.

Em uma grande reportagem que esmiúça o trabalho do clube com Andrew Wiggins, Rob Mahoney conta uma anedota que diz muito sobre o estado do Timberwolves hoje. Um diretor estava preparado para levar os atletas para um jantar em Salt Lake City, mas teve de rever seus planos ao descobrir que o restaurante escolhido só permitia a entrada de glutões com mais de 21 anos. Quatro jogadores seriam barrados, então, sendo três deles titulares. Com essa garotada, vai levar um pouco de tempo ainda para eles sonharem em desafiar um rival do porte do Golden State Warriors por mais que uma ou duas noites.

Ainda não são todos os estabelecimentos que podem receber Towns e Wiggins

Ainda não são todos os estabelecimentos que podem receber Towns e Wiggins

A pedida? Ainda maaaaais sorte no Draft. A esta base promissora, Minnesota ainda vai poder adicionar, no mínimo, a oitava escolha do Draft deste ano. Isso, claro, se algo muito improvável acontecer: que três times atrás na tabela saltam à sua frente na loteria. Por outro lado, o clube tem 8,8% de chances de abocanhar a primeira posição. Independentemente do resultado, poderá adicionar mais um jovem talento, ou tentar uma troca por um sólido veterano. Então fica o apelo: por favor, Taylor, não detone isso.

A gestão: aí que mora o perigo. A morte de Flip Saunders não só foi um baque emocional para a franquia como também deixou todo seu departamento de basquete com um status de interino. Do gerente geral Milt Newton ao técnico Sam Mitchell, que foram avaliados pelo proprietário Glen Taylor durante o ano. Há poucos rumores sobre o futuro da dupla, até porque o clima de indefinição vem de cima.

Aos 74 anos, o bilionário Taylor está preparadíssimo para vender o clube e aumentar sua fortuna de US$ 2,3 milhões. Como já registrado na faixa sobre o Grizzlies, um dos acionistas minoritários de Memphis abriu negociações para fazer a compra. O negócio, no momento, está emperrado. O atual mandatário precisa agir, e rapidamente. Junho, com o Draft, e julho, com o mercado de agentes livres, já está chegando.  Se vai manter seu controle, pode decidir sobre Newton e Mitchell. Do contrário, se for para vender, o racional seria deixar que o novo grupo assumisse a bronca.

Tendo assistido Saunders na montagem do atual elenco, é de se imaginar que o atual gerente geral ganhe um voto de confiança, mesmo que não tenha uma extensão contratual de longa validade. No momento, pelo que tiramos da reportagem de Mahoney para a Spors Illustrated, há uma boa estrutura montada para desenvolver o elenco. Todos os jogadores são obrigados a se apresentar para uma sessão de treinos individuais, de fundamentos, de 30 minutos, antes que as movimentações táticas comecem. Os mais jovens ficam muito mais tempo nesse tipo de exercício e chegam a passar aproximadamente seis horas nas instalações do clube.

Mitchell ficará incumbido pelo desenvolvimento de Wiggins?

Mitchell ficará incumbido pelo desenvolvimento de Wiggins?

Seu departamento de preparação física parece bem sofisticado e criativo, preocupado em fazer exercícios específicos para cada atleta, dependendo dos movimentos que eles costumam fazer em quadra – algo que varia claramente de um armador para o pivô. Faz muito mais sentido do que simplesmente montar uma academia e deixá-los por conta, com os pesos e elásticos de sempre.Já a questão sobre Mitchell é mais delicada. No momento, ele não pode ser julgado por resultados, mas, sim, pelo processo que tenha conduzido durante a temporada. O fato é que, a despeito da badalação, não é um trabalho tão simples: nas competições juvenis e mesmo durante seu único ano em Kansas, Wiggins se habituou a se impor física e atleticamente. Num alto nível de jogo, precisa de mais. Mitchell, obviamente, não é o único responsável por esse trabalho, e sua comissão técnica vem fazendo um bom trabalho nessas tarefas individualizadas.

Para o canadense, há uma infinidade de detalhes que o superatleta precisa captar ainda se pretende, mesmo, se inserir na elite da NBA. Movimentação fora de bola, leitura das diferentes coberturas armadas para se conter alguém tão explosivo e concentração em tarefas defensivas foram alguns dos pontos levantados pela diretoria. Além da motivação.  “Simples assim: seus melhores jogos acontecem contra os melhores jogadores”, diz Newton. “É tudo o que precisamos ver: quando ele junta todas as peças, vai se tornar um desses jogadores top. Mas, nesta liga, os 14º e 15º jogadores podem te humilhar se você não se preparar para enfrentá-los.”

O senso comum dos bastidores da liga hoje é de que o técnico está ultrapassado, despreparado para conduzir jogadores tão talentosos, mas carentes como esses. Sua insistência com Tayshaun Prince, o tempo gasto com LaVine na reserva de Rubio e seus padrões de substituição são altamente questionáveis, assim como sua aversão ao arremesso de três pontos. Por outro lado, o treinador é uma figura popular dentro do vestiário. Mas seu cartaz é ainda maior que isso: o ex-ala é visto praticamente como prata da casa e adorado por Taylor. Como atleta, defendeu o clube por dez temporadas, sendo, inclusive, membro do primeiro elenco em 1989. Vão comprar essa briga?

Olho nele: Nemanja Bjelica

Bjelica tem o pacote técnico ideal para o stretch four que a NBA tanto cobiça

Bjelica tem o pacote técnico ideal para o stretch four que a NBA tanto cobiça

Além de um calouro bem cotado, o Minnesota pode ganhar mais um grande reforço para a próxima temporada: o talentosíssimo ala-pivô sérvio, já mais adaptado à NBA. É aquela história: a transição de craque de Euroliga para operário nos EUA nem sempre é fácil,mesmo aos 27 anos. Basta buscar na memória as dificuldades encontradas por Splitter em San Antonio.

“Ele provavelmente nunca penou tanto assim antes. Provavelmente sempre foi um dos melhores jogadores, ou um dos melhores em suas equipes. Agora ele olha para a quadra, e há muitas noites em que ele perde em força, rapidez e tamanho. Então tem uma curva de aprendizado”, disse o técnico Mitchell. Acho que as pessoas erram quando falam que ele tem 27 anos e veio da Euroliga, e que seria fácil. Não funciona assim.”

Depois de receber bons minutos nas primeiras semanas, Bjelica foi gradativamente sumindo da rotação, seja pela decisão do técnico de por Gorgui Dieng mais ao lado de Towns, pelos seus próprios erros e também por uma lesão no joelho.

Nestes últimos momentos de campeoanto, enfim foi resgatado pelo teimoso Mitchell. Estava na hora de reinseri-lo. O sérvio foi um grande investimento de Saunders. E válido. Bjelica tem a visão de quadra e a habilidade nos arremessos de três para ser uma peça complementar perfeita num time que já concentra muito o ataque em Towns e Wiggins. O palpite é que ele voltará pata seu segundo ano muito mais confortável, pronto para colaborar em uma campanha de retomada.

ndudi-ebi-card-wolvesUm card do passado: Ndudi Ebi. Se você  for conferir com cuidado o elenco da temporada 2003-04, aquele vice-campeão do Oeste, vai notar que apenas um atleta nasceu nos anos 80: o ala Ebi, de 1984, praticamente uma vareta. Assim como Garnett, Ebi entrou na NBA direto do high school.  Ao contrário do craque, deixou a liga apenas dois anos depois, jogando exatamente 19 partidas. Nem 20!

O que aconteceu foi o seguinte: preocupado em formar um time experiente em torno de KG, o clube queria deixar Ebi na D-League. Àquela época, porém, era proibido que jogadores em seu terceiro ano de contrato fossem aproveitados desta maneira. Uma regra bem besta, aliás. Daí que, sem ter a mínima confiança na produção imediata do rapaz, Kevin McHale tomou uma atitude drástica: mandou o jovem nigeriano para a rua. Tudo para poder contratar o inigualável Ronald Dupree. Se não se lembra dele, tudo bem. O máximo que o atlético e aguerrido ala fez em sua carreira foi a média de 6,7 pontos pelo Bulls, em 2004, como novato.

O episódio todo fica ainda mais esdrúxulo quando levamos em conta o contexto da escolha de Ebi. A franquia estava sob pesada punição da NBA, que lhe havia retirado até cinco escolhas de Draft devido a uma negociação ilegal com Joe Smith, em 2000. Antes de se tornar um dos andarilhos da liga com mais milhagem, ainda muito cobiçado, o ala-pivô assinou um contrato bem barato com o Wolves, supostamente animado para fazer dupla com Garnett. A liga fuçou, no entanto, é descobriu um acordo, em off, entre o jogador e o clube, de que, dois anos depois, renovariam por muito mais grana – o tipo de acordo que, diga-se, se repete por aí, mas difícil de ser provado. Revelado o escândalo, veio a dura punição, que depois seria abrandada: em vez de cinco escolhas, o clube perdeu três. Ainda assim, o estrago foi grande, envelhecendo a base, contribuindo muito para a saída de seu grande astro, desanimado, anos depois. Que Ebi tenha sido esse desperdício todo só deixou a situação deprimente demais.

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Quem dá menos? Luta pelo topo do Draft promete fortes emoções
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Giancarlo Giampietro

O ultraversátil Ben Simmons. Quem quer?

O ultraversátil Ben Simmons. Quem quer?

É o mundo bizarro da NBA.

Enquanto San Antonio, Cleveland e Oklahoma City fazem contas, quebrando a cabeça para ver o que fazer contra o tal de Golden State, na outra extremidade da tabela só estamos falando de sonhos e fantasias com o australiano Ben Simmons (e mais dois alas muito promissores, Brandon Ingram, de Duke, e Dragan Bender, da Croácia e do Maccabi).

Numa corrida que, no início, parecia de um cavalo só, com Philadelphia isolado e pimpão, a reta final promete fortes emoções até o dia 17 de maio, que é quando a liga vai realizar sua loteria de Draft, valendo prêmios imperdíveis! E quem vai ficar fora dessa?

Daí a estranheza pelos fatos decorrentes de uma noite basqueteira de segunda-feira (a outra, dia 8, no caso).

Daqui do sofá de casa, começou com a observação do jovem Ingram, o mais novo projeto do Coach K, em duelo bacana com Louisville, de Rick Pitino. Foi desses raros jogos da temporada universitária em que o nível técnico era alto, com pelo menos cinco atletas com aspirações plausíveis a grandes carreiras profissionais, nos Estados Unidos ou na Europa. Não demorou muito para entender por que o ala de Duke fez sua cotação crescer rapidamente sua cotação entre os scouts, melhorando a cada semana.  Ingram já tem hoje um talento natural impressionante. O chute elevado, a desenvoltura para driblar e a predisposição passar e encontrar companheiros livres em quadra… É difícil de resistir e de não babar na almofada, ainda mais quando nos damos conta de que se trata de um garoto que chegou aos 18 apenas em setembro, sendo um ano mais jovem que Simmons. Só mesmo seu corpo varetão desperta alguma preocupação, mas é só lembrar com qual forma Kevin Durant ingressou na NBA:

Vareta que só também. Tayshaun Prince é outro que nunca bombou

Vareta que só também. Tayshaun Prince é outro que nunca bombou

(A comparação entre um e outro, diga-se, pode ser feita do ponto de vista só do estilo de jogo por enquanto. Durant era muito mais produtivo em Texas em seu ano de calouro. Quer saber mais sobre Ingram? O DraftExpress, claro, tem vídeos e atualizações contantes. Ainda em inglês, você também pode conferir um scout detalhado elaborado pelo Rafael Uehara, colaborador sazonal aqui do blog.)

Mas voltemos ao a Duke x Louisville. No final, superando um cansaço evidente, o ala encontrou forças para dominar os rebotes defensivos e, em vez de acionar um ou outro armador mambembe do atual elenco dos Blue Devils, dessa vez saía ele com a bola, sem se incomodar com a pressão dos Cardinals, preparado para sofrer a falta e ir para o lance livre definir a parada. Detalhe: na temporada regular, seu aproveitamento ainda está abaixo de 70% na linha (67,9%, depois de ter convertido seis de suas oito tentativas na véspera, sem errar um chute nos minutos derradeiros). Terminou com 18 pontos, 10 rebotes, 4 assistências e 1 toco (mas alterou ou intimidou outros tantos), matando cinco de seus nove arremessos, cometendo três turnovers. Não são números de fazer o queixo despencar, mas não traduzem o modo como ele foi dominante, sem forçar nada em suas ações.

Enquanto o espigão dava mais uma vitória a Krzyzewski, a rodada da NBA começava em clima de motim. Não dava para entender nada. O Sixers chegou a abrir uma vantagem de 19 pontos para cima do Clippers. O Lakers contava com mais um repente milagroso de Kobe para incomodar o Pacers em Indiana, assumindo a liderança a 2min30s do fim. O Nets recebia o ascendente Denver Nuggets e fazia jogo duro. Da mesma forma como o Suns conseguia fazer frente ao Thunder, mostrando que a defesa de OKC ainda deixa muito a desejar em termos de consistência para um time que tenha sérias pretensões ao título.

De todo modo, junte as peças aí e se assuste: era como se, por uma noite que fosse, os lanterinhas da liga não tivessem mais nem aí para o que Ingram fazia por Duke, ou se Simmons estava beirando mais um triple-double absurdo por LSU. (Em tempo: para qualquer torcida em #NBATankMode, podem tranquilamente colocar Dragan Bender nesse bolo. Por mais que ele não esteja sendo tão aproveitado numa temporada de crise para o Maccabi, vale a pena se apegar ao prodígio croata, que também te deixa bobo em quadra. Foi assim que fiquei, pelo menos, quando pude vê-lo no ano passado em Nova York.)

Até que tudo voltou ao normal. O Clippers batalhou uma reação em Philly, forçou a prorrogação e tomou conta da situação. Paul George não quis saber de cortesias com seu ídolo de infância na Califórnia. Durant fez a diferença em Phoenix. E só o Nets saiu vencedor de quadra, com direito a uma cesta maluca de Joe Johnson no estouro do cronômetro, empolgando o chefão russo Prokhorov:

(O torcedor do Brooklyn – se é que ele existe, aliás – deve gelar com um vídeo desses: será que vem mais uma proposta de salário máximo para o veterano aí? Risos.)

Se o desafeto de Putin foi ao delírio, Danny Ainge não gostou nada, já que a escolha de Draft deste ano do Nets pertence a Boston, como vocês sabem. Nessa disputa pelos calouros mais badalados, cada vitória sua e derrota do adversário, pode fazer uma diferença danada. Para o mal, lembrem-se, já que é o mundo bizarro. Em muitos sentidos, isso é uma desgraça para a liga, com diversas equipes, nos últimos anos, fazendo de tudo para perder, ou sem se esforçar tanto para vencer. Enquanto o atual sistema do Draft for mantido, porém, é a regra do jogo, sem nenhuma infração que possa ser punida.

Tendo isso em mente, vamos examinar quais são as chances de cada um para os últimos meses da temporada e o que está em jogo para eles? Os números números foram coletados em 16 de fevereiro de 2016, tanto do Baskeball Power Index (ESPN.com). Folia é isto:

Philadelphia 76ers, o 30º colocado no geral
Previsão de campanha: 15-67
Chances para entrar no top 3: 72,1%
Net rating na temporada: -10,1 pontos por 100 posses de bola
Net rating desde 26/12: -5,3 pontos
Campanha desde 26/12: 7 V, 15 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 49,2%
Restante da tabela: 15 em casa, 14 fora

Ish Smith, o baixinho, a lenda

Ish Smith, o baixinho, a lenda

Ainda estamos falando, segundo as estimativas matemáticas, dos grandes favoritos ao topo do Draft. Mas isso só se deve ao caótico Sacramento Kings, que, no momento, contribui ao #TankJob de Sam Hinkie com mais 9,0% de chances de colocar uma escolha no Top 3. Esse já é o primeiro reflexo da desastrosa troca que Vlade Divac fez com Hinkie durante as férias, dando ao Sixers o direito de inverter posições no Draft deste ano, entre outros mimos – tudo para se livrar dos salários de Nik Stauskas, Carl Landry e Jason Thompson. O Sacramento, que não sabe o que fazer com Boogie Cousins, George Karl, Rudy Gay e a vida em geral, vai ter de jogar muito para alcançar e ultrapassar Utah e Portland e tentar escapar da loteria. Não parece provável.

Por conta própria, com a pior campanha da liga, o Sixers já teria 63,1% de probabilidades de ficar com uma das três primeiras escolhas. Acontece que, desde o dia 26 de dezembro, o time subiu de patamar, graças ao improvável presente natalino de Jerry Colangelo em forma de Ishmael Smith. De equipe que flertava com o status de pior da história, passaram apenas à condição de time ruinzinho, como podemos notar pela evolução de seu saldo de ponto desde a contratação. Antes de Ish, Philly perdia por -12,9 pontos a cada 100 posses de bola. Desde então, essa diferença foi reduzida, para -5,3 pontos por 100 posses de bola.  Em outras palavras, ficaram mais competitivos e venceram 33% de seus jogos, contra os atrozes 6,2% de antes. Se mantiverem esse ritmo, poderão subir alguns degraus na classificação geral da liga, diminuindo suas probabilidades.

Por um lado, era de se esperar que Philadelphia mostrasse algum tipo de evolução durante o campeonato, pela juventude de seu elenco – a não ser que Jahlil Okafor terminasse encarcerado, claro. Então o mérito não é todo de Colangelo. Mas é inegável que a troca por Smith tem a sua impressão digital, pelo simples fato de o Sixers, pela primeira vez desde 2013, ter entrado num negócio em que pagou escolhas de Draft, em vez de cobrá-las. Sem contar o fato de que o próprio Hinkie deixou Smith ir embora em julho, sem nem mandar um abraço e sem ouvir o apelo interno de Nerlens Noel. Então talvez a projeção acima seja pessimista, ainda levando em conta, com muito peso, os resultados do plantel dos dois primeiros meses de temporada, que já não é mais o mesmo. A julgar pelas declarações de Colangelo, novos reforços podem chegar esta semana.

De todo modo, pensando no recrutamento de calouros, nada é muito certo. A matemática nem sempre joga a favor, algo que a franquia aprendeu de forma dolorida nos últimos anos. O clube nunca passou do terceiro lugar da lista, perdendo, em tese, Andrew Wiggins e D’Angelo Russell, para ficar com Joel Embiid e Jahlil Okafor. Está muito cedo para julgar quem é melhor que quem: o fato aqui é que, por mais desqualificados que tenham sido os elencos dos últimos anos, Hinkie não foi agraciado com a primeira escolha. Agora que estão vencendo mais jogos, o carma será zerado?

Los Angeles Lakers, o 29º
Previsão de campanha: 18-64
Chances para entrar no top 3: 55,3%
Net rating na temporada: -10,8 pontos
Net rating desde 26/12: -8,2 pontos
Campanha desde 26/12: 6 V, 19 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 51,2%
Restante da tabela: 17 em casa, 10 fora

O Lakers vai priorizando Kobe e deixando D'Angelo no banco. Quem sai perdendo?

O Lakers vai priorizando Kobe e deixando D’Angelo no banco. Quem sai perdendo?

Mais do que o desenvolvimento de Russell, Randle, Clarkson e Nance Jr., mais do que a aposentadoria de Kobe Bryant, neste final de temporada, o principal tópico de interesse para o torcedor e a diretoria do Lakers deveria ser a manutenção de sua escolha de Draft, a qualquer custo.

Sobre o progresso dos calouros: o simples fato de estarem entrando em quadra com regularidade tende a fazer deles melhores jogadores, não importando o que Byron Scott faça contra ou a favor. A diretoria talvez tente trocar Brandon Bass, Roy Hibbert, Lou Williams e Swaggy P nas próximas horas, mas não será tão fácil assim. Sobre Kobe? Acho que a liga inteira já deu conta, né? Agora é curtir as últimas semanas, com diversos jogos em casa, e fazer mais uma bela festa na despedida do Staples Center em 13 de abril, contra o Utah. Ainda mais com o craque, de alguma forma, elevando sua produção em fevereiro, mês no qual o time venceu dois de cinco jogos. A ironia é que, se Kobe sustentar um ritmo minimamente aceitável em quadra e se os garotos progredirem até abril, as coisas podem se complicar no front mais importante.

Vocês sabem: caso o Lakers escorregue no sorteio do Draft e saia do top 3, terá de mandá-la para Philly. Seria um desastre para um clube desesperado por mais talento em seu elenco e que não vem tendo sucesso na hora de recrutar agentes livres de primeiro escalão. Desculpe, Nick Young, há verdades que não podemos esconder. Tantos jogos em Los Angeles pode ser uma ameaça a esta ‘causa’, mas o time ainda tem de enfrentar muitos oponentes qualificados, o que talvez ajude a equilibrar a balança.

Brooklyn Nets
Boston Celtics, 28º (a)
Previsão de campanha: 22-60
Chances para entrar no top 3: 44,7%
Net rating na temporada: -7,4 pontos
Net rating desde 26/12: -8,7 pontos
Campanha desde 26/12: 6 V, 19 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 47%
Restante da tabela: 10 em casa, 18 fora

Boston Nets, Brooklyn Celtics. Uma torcida, uma só voz

Boston Nets, Brooklyn Celtics. Uma torcida, uma só voz

É, pois é. A troca por Kevin Garnett e Paul Pierce, na época, parecia uma boa ideia para o Brooklyn Nets, já que, na cabeça do russo Mikhail Prokhorov, era para seu time brigar o quanto antes para os playoffs. Se a impaciência era a palavra de ordem, fazia sentido adicionar os dois veteranos a uma base já rodada. O que Billy King poderia ter feito, porém, era lutar por uma proteção ao par de escolhas de Draft que encaminhou para Boston. Danny Ainge o roubou descaradamente.

O chefão do Celtics agora se vê nessa situação raríssima e extremamente favorável: não só a sua equipe briga pelo título da Conferência Leste (sendo azarão, ainda), como ainda pode faturar um calouro talentosíssimo em junho. Isso, claro, se um trunfo desse valor não for envolvido em uma troca que dê a Brad Stevens uma superestrela. Topa, ou não topa trocar? Creio que só se for por um Al Horford, ou mais. Tem de ser um cara que vá fazer a diferença sem dúvida nenhuma, e Horford seria uma evolução imensurável sobre Jared Sullinger ou Amir Johnson. Ainda assim, prestes a virar agente livre, o dominicano só valeria o preço se desse a entender, sem que a liga saiba, que topa renovar com a franquia.

O outro lado da questão a se ponderar é que você está falando, hoje, de 44% de chances de se inserir entre os três primeiros e de 13,8% para a escolha número um. Quer dizer, não estamos falando de certezas, de 100%, e mesmo esses números devem cair um pouco no momento que o Phoenix fique para trás, certo?  A julgar pela derrocada do Suns, sim (veja abaixo). Maaaas… entre tantos números acima, Ainge certamente está de olho na disparidade entre jogos dentro e fora de casa na tabela do Brooklyn. Ainda que, em termos de força dos oponentes, seja o calendário mais fraco entre os cinco citados, o Nets vai jogar várias partidas como visitante. E, até o momento, seu desempenho longe de Nova York é péssimo: foram 23 jogos fora e apenas quatro vitórias, para um aproveitamento de apenas 17,3%. (Mais: ainda existe uma pequena possibilidade de que Thaddeus Young e/ou Brook Lopez sejam trocados.) Epa.

Phoenix Suns, 28º (b)
Previsão de campanha: 24-58
Chances para entrar no top 3: 39,2%
Net rating na temporada: -7,3 pontos
Net rating desde 26/12: -14,3 pontos
Campanha desde 26/12: 2 V, 21 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 50%
Restante da tabela: 13 em casa, 15 fora

Jordan McRae não é a esperança de reviravolta do Suns

Jordan McRae não é a esperança de reviravolta do Suns

Ish Smith reestreou pelo Sixers justamente contra o Phoenix Suns, o que não poderia ser mais simbólico. Desde então, a pior campanha da liga pertence ao clube do Arizona, mais um que o deixou escapar, mesmo que não precisasse pagar tanto. (Nessa, porém, o gerente geral Ryan McDonough passa numa boa: ele fez uma proposta para o atleta em julho, mas foi recusado – o armador acreditava piamente que renovaria com Philadelphia).

Então, da mesma forma que o “BPI” da ESPN ainda não dá muito peso aos esforços recentes dos 76ers, o sistema também talvez precise de mais algumas semanas para se dar conta de que o Suns só tem uma direção em sua trajetória neste campeonato: para baixo. A máquina não sabe que as aparições de Jordan McRae (o cestinha da D-League) e de outros caras da liga menor serão cada vez mais frequentes.

É difícil de imaginar de onde sairão mais dez vitórias para a atual equipe, de acordo com a projeção acima, que o deixaria com a quarta maior probabilidade, abaixo do Nets. Eric Bledsoe está fora, Brandon Knight pode se juntar a ele logo mais e nem mesmo Ronnie Price (aquele que assumiu a vaga rejeitada por Smith) tem data para voltar, deixando o interino Earl Watson sem opções naturais para a armação – o talentoso Archie Goodwin vai ser, no máximo, um Jamal Crawford, driblando bem a bola, mas sem visão de quadra. Além disso, existe a perspectiva de trocas para PJ Tucker e, oxalá, Markieff Morris.

Quando assumiu a gestão do clube em 2013, todos esperavam que McDonough guiaria um processo de reformulação imediata. Acontece que seus primeiros movimentos como gerente geral foram tão bons que o Suns se meteu na briga por uma vaga nos playoffs. Leia mais aqui. Agora, com um plantel despedaçado e desacreditado em Phoenix, chegou a hora de buscar um talento de ponta do jeito mais fácil – mas também mais doloroso. Eles vão com tudo (ou muito pouco, com o jovem Devin Booker sendo uma grata revelação): um saldo de 14,3 pontos por 100 posses de bola é muito pior que o do Sixers até dezembro. Uma calamidade.

Minnesota Timberwolves, 26º
Previsão de campanha: 27-55
Chances para entrar no top 3: 30,9%
Net rating na temporada: -3,1 pontos
Net rating desde 26/12: -4,5 pontos
Campanha desde 26/12: 6 V, 19 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 54,1%
Restante da tabela: 13 em casa, 15 fora

Imaginem se Towns e Wiggins ganharem mais uma escolha nº 1?

Imaginem se Towns e Wiggins ganharem mais uma escolha nº 1?

Acho que o Minnesota só entra nessa lista por precaução. No papel, tem um elenco muito mais talentoso que o dos quatro acima, e Karl-Anthony Towns exercendo uma dominância precoce no garrafão, com 22,2 pontos, 12,4 rebotes, 2,0 tocos e aproveitamento de 58,9% nos arremessos em cinco partidas em fevereiro.. Dependendo do que o New Orleans Pelicans e Milwaukee Bucks decidirem fazer nesta semana, em relação a trocas, pode ser que “briguem” pela condição de quinta pior campanha da temporada.

Por enquanto, vamos respeitar os cálculos das máquinas da ESPN e manter o Wolves. Dos dados pinçados, só chama a atenção o fato de que Minnesota tem a tabela mais complicada daqui para a frente, em termos de qualidade da oposição. Agora, imaginem se eles dão sorte e vão para o topo? Teriam, de modo incrível, as três primeiras escolhas dos Drafts de 2014 a 2016. Sam Hinkie não suportaria isso.

Curiosidade: os confrontos diretos
Sixers: dois contra o Nets
Lakers: um contra o Nets, dois contra o Suns
Nets: um jogo contra o Wolves, um contra o Lakers e dois contra o Sixers
Suns: dois contra o Lakers
Wolves: um jogo contra o Nets


Os melhores da (metade) da temporada: Conferência Oeste
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Giancarlo Giampietro

Escrever uma artigo sobre prêmios de uma temporada qualquer da NBA pode ser um exercício de futilidade, certo? Por outro lado, dá ao blog, inativo por tanto tempo, a chance de recuperar o tempo perdido e abordar um ou outro protagonista da temporada. Então vamos roubar um pouco e dividir essa avaliação toda em duas listas, para cada conferência. A do Leste está aqui. Desta forma, ganhamos espaço para falar mais. E, claro, deixa a vida mais fácil na hora de fazer as escolhas:

Melhor jogador: Stephen Curry
Jura!? Afe. (Assim como Anthony Davis fez na primeira metade da temporada passada, Chef Curry no momento vai sustentando por ora o maior índice de eficiência da história da NBA, com PER de 32,94, contra os 31,82 do mítico Wilt Chamberlain em 1962-63. Será que ele vai manter o ritmo? O interessante dessa medição é que ela independe da quantidade de minutos jogados. Então não importa se o Warriors vai acabar com todas as partidas daqui para a frente em apenas três quartos. Não tem muito mais o que ser dito sobre alguém que arremessa mais de 10 bolas de três pontos por partida e converte 45,5% delas, ajudando na construção de uma média de 29,9 pontos em apenas 33,8 minutos. Aqui, porém, sou obrigado a concordar com Mark Jackson, algo raro levando em conta o discurso excessivamente religioso de seu ex-treinador: Curry é tão bom que, de certa forma, pode fazer mal ao basquete, se for visto como exemplo de jogador a ser seguido, imitado. Não é nada normal o que ele faz. Não é algo que se ensina da noite para o dia. Para alcançar este nível, requer-se talento natural, mas também muito treino. Muuuuuuuuuuito treino. E não seria bacana que a molecada de base saísse tentando imitar o ídolo máximo do momento sem ter isso em mente. Curry faz parecer fácil e correto, mas sua seleção de arremessos inclui bolas em um um nível de dificuldade absurdo de conversão. Não quer dizer que eventualmente um garoto de 12 anos hoje não possa superá-lo no futuro. Mas as chances são reduzidas.)Outros candidatos? Vindo de longe, e não por culpa deles, estão Russell Westbrook, Kawhi Leonard e Kevin Durant. Num degrau mais abaixo, mas com anos maravilhosos ainda, vêm Chris Paul, Draymond Green e o Boogie Cousins de janeiro.

Melhor treinador: Luke Walton
Santa mãe, muito difícil essa. Então vou apelar para a mais bonitinha das opções – e não em termos estéticos, que fique claro. 🙂

Mas é que não deixa de ser notável que Steve Kerr tenha ficado semiafastado de metade da temporada e que, quando retornou, tenha encontrado um time com campanha de 39 vitórias e 4 derrotas. Repetindo: 39 triunfos em 43 partidas, aproveitamento de 90,6%. Sendo o interino. O Golden State vem jogando tanta bola há muito tempo que corre-se o risco de subestimar a grandeza destes números todos que os caras apresentam, combinando novamente o melhor ataque com uma das melhores defesas da liga (a terceira mais eficiente, e, se há alguma crítica a ser feita a Walton, é a de que ele deixou a peteca flutuar um pouco para baixo nesse quesito… E blablabla). Mas a NBA nem reconhece a campanha do cara? Problema dela. Isso é só uma formalidade. Pois, se nos registros oficiais, o ex-ala do Lakers não tem currículo como treinador, a expectativa é que, pelo trabalho realizado, vá receber diversas propostas ao final do campeonato. Fora isso, vale a discussão sobre o quanto um técnico é importante para um time que tem um elenco formidável. É tentador dizer que esse conjunto joga sozinho. Até você perceber o que se passou em Cleveland nas últimas semanas e ver que não é bem assim. A gestão de egos na liga sempre exige muito.

Quem?! Eu?!

Quem?! Eu?!

Outros candidatos: que tal uma confissão, então? Optar por Walton era o caminho mais fácil, claro. Afinal, seria complicado de separar Gregg Popovich (de novo ele) e Rick Carlisle (idem!). Há um padrão aqui, que vocês vão reparar: na dúvida, ponto pro Warriors e sua temporada histórica. Merecem. E, se fosse para apontar o pior, era bem mais tranquilo: Byron Scott na cabeça!

Mas falemos sobre os veteranos professores. Enquanto a vasta maioria da liga quer jogar com mais velocidade, Pop, gradativamente, vai desacelerando o Spurs, saindo do 12º ritmo mais rápido em 2013-14 para o 9º mais lento neste ano. Creio que por duas razões: por respeitar o envelhecimento de seu eterno trio de ouro, mas também por entender que, correndo, ele jamais vai ganhar do Golden State. E aí entram em ação LaMarcus Aldridge, David West e o inigualável Boban Marjanovic. Quando o sérvio foi contratado, pensei se era realmente o melhor time para ele. Não haveria espaço algum. Vendo o Spurs jogar, porém, faz muito sentido. A equipe quer ganhar o jogo interior de qualquer jeito e estocou pivôs para isso. Boban é a apólice de seguro mais carismática e luxuosa da liga hoje. Mesmo que o gigantão sérvio pouco fique em jogo em seu ano de adaptação, esperando pelas deixas aqui e ali de Tim Duncan, a equipe é a segunda em percentual de rebotes, coletando 53,3% do que está disponível em quadra, atrás dos 53,9% da envergadura de OKC. Em rebotes ofensivos, estão na ponta. Na defesa, seu time é que o melhor contesta os arremessos nos arredores da cesta. E por aí vamos. Ao mesmo tempo, individualmente, cada jovem jogador adicionado ao sistema apresenta evolução constante. Seu desafio agora é recuperar a confiança e pontaria de Danny Green para os playoffs, enquanto regular os minutos de seus veteranos religiosamente.

Já Carlisle é aquele que mais tira leite de pedra no basquete americano – em, Boston, Brad Stevens desponta como seu sucessor nessa categoria. Quando um de seus alas está voltando de uma cirurgia de microfratura no joelho e o outro, pior, de uma no tendão de Aquiles, quando seu armador tinha, até outro dia, um dos cinco piores contratos da liga, quando é recomendável que seu principal jogador não passe dos 30 minutos por partida, quando seu pivô cabeçudo foi cedido de graça, quando o orgulhoso proprietário da equipe é humilhado por alguém que comemora quando fica em 50% nos lances livres… Bem, quando tudo isso acontece, você não espera que seu time 1) flerte com o top 10 de eficiência ofensiva, 2) tenha uma campanha vitoriosa e 3) esteja bem na luta por uma vaga nos playoffs, mesmo que sua tabela esteja entre as 12 mais duras. Se estivéssemos conversando em dezembro, Carlisle seria a escolha indiscutível, ao meu ver. Aos poucos, porém, com os adversários mais atentos e estudados, o feitiço perde um pouco de seu poder. A segunda metade da temporada promete ser desafiadora, mesmo que Chandler Parsons pareça em plena forma nesses últimos dias.

Para fechar, menção honrosa a Terry Stotts, ex-assistente de Carlisle.

Melhor defensor: Draymond Green
O melhor defensor do Oeste é o melhor defensor de toda a liga, não há dúvida, devendo ficar entre  Draymond, Kawhi Leonard e Rudy Gobert. A campanha do francês foi atrapalhada por sua lesão no joelho, que o tirou de quadra por mais de um mês.

Até Griffin sofre contra Draymond

Até Griffin sofre contra Draymond

Daí que, na minha cabeça, fica quase como se pudéssemos escolher os outros dois finalistas na moedinha. A tentação imensa é de apontar Kawhi, e tudo bem, sem se importar que ele já tenha vencido o prêmio oficial na temporada passada. Afinal, ele seria o símbolo de uma defesas mais sufocantes da história da liga. Todavia, talvez pensando por outro lado, o fato de a defesa do Spurs ser tão boa com ou sem ele, diga-se, possa enfraquecer, um tiquinho que seja, sua candidatura? Se você investiga os números do time de Pop, percebe que a máquina está realmente ajeitada de um modo em que as coisas funcionam independentemente da periculosidade do ala, ou de seus companheiros de quinteto titular. Os reservas entram e mantêm mais ou menos o mesmo padrão. Mas… coff, coff!… Claro que o sujeito é simplesmente um terror ao redor da bola, com mãos e pés muito ágeis, somando 2,1 roubos e 1,0 toco por 36 minutos, sendo uma ameaça constante ao oponente.  No ranking de Real Plus Minus do ESPN.com, ele aparece em sexto entre os marcadores, sendo o único jogador que não é escalado como pivô ou ala-pivô entre os 20 primeiros colocados. Kawhi impõe tanto medo que, em todo o mês de dezembro, ele só foi testado em 14 posses de bola por atacantes em jogadas de mano a mano, em 16 partidas. Menos de uma por jogo, e e ele sofreu a cesta em apenas três dessas tentativas. Ninguém quer encarar a fera.

Ainda assim… Hã… Vou de Draymond, devido seu papel fundamental no sempre subestimado sistema defensivo de Golden State – um sistema que dá sustentabilidade para o time atacar daquela forma avassaladora. O ala-pivô está no centro dessas atividades. Sem ele, a verdade é que provavelmente Steve Kerr teria de adotar outra abordagem (com todo o respeito a Andre Iguodala, Klay Thompson e Harrison Barnes, todos caras hoje combativos e capazes de fazer a troca e, em níveis diferentes de eficiência, incomodar o adversário com quem sobrarem, independentemente de quem).

Mas é Green aquele que dá maior versatilidade a esse tipo de cobertura, podendo fazer sombra tanto a um lateral mais explosivo como, ao mesmo tempo, exercer o papel verdadeiro xerife na proteção do aro. Consulte a seção de arremessos dos oponentes no NBA.com/Stats, filtre a turma toda por pelo menos 20 minutos jogados em média e cinco arremessos tentados por partida, e se surpreenda: o ala-pivô vai aparecer em terceiro na lista, permitindo apenas 42,4%% de aproveitamento a seus adversários quando debaixo da cesta. Acima dele estão apenas Gobert (bingo, com 39,8%) e Serge Ibaka (42,2%). Com a diferença de que Green é listado generosamente com 2,01m de altura. Que tal? Esse é o tipo de fator imensurável para uma equipe. Para se ter uma ideia, quando o ala-pivô vai para o banco, o Warriors leva em média 11,4 pontos a mais por 100 posses de bola. Uma diferença absurda. Vai de 98,8, que valeria como a segunda mais eficiente da liga, com ele em quadra para 110,2 sem, o que seria a pior de todas, pior até mesmo, creiam, que a do Lakers. Ao contrário do que acontece em San Antonio, em que as perdas e ganhos praticamente se sustentam com quer em que esteja em quadra, para o Warriors, só um jogador acompanha Green em termos de impacto defensivo: curiosamente, Stephen Curry. Lembrando que, das quatro derrotas sofridas pela equipe até o momento, Curry não jogou em uma e Green, em outra.

De qualquer forma, perguntem amanhã, e a moeda pode cair do outro lado. Dureza.
Outros candidatos: aqueles aqui já citados e Tim Duncan, invalidado por minutos limitados.

Melhor novato: Karl-Anthony Towns
Ele é tão bom, mas tão bom que, mesmo se tivesse sido draftado pelo Lakers, nem mesmo Scott ou Kobe poderiam atrapalhá-lo. Towns vai ser um All-Star por anos e anos e torna um talento raro como Andrew Wiggins como uma peça secundária até. Só precisa que o Timberwolves acerte na formação do elenco ao seu redor.

Para alguém que não ficava tanto tempo com a bola em mãos no supertime que Calipari montou em Kentucky no ano passado, o jovem pivô se mostra confortável demais em quadra. Com um arsenal daqueles, todavia, fica fácil de entender. Ele tem o chute de média para longa distância. Finaliza com força e categoria perto da cesta. Se os números de 16,1 pontos, 9,8 rebotes e 1,8 toco já impressionam, esperem só até Sam Mitchell permitir que jogue por mais que 29,4 minutos (em de poupar o veterano para os playoffs, né?!?!). Em 36 minutos, subiria para 19,7, 12,0 e 2,2, respectivamente. O quesito em que o garoto tem de ser trabalhado ainda é a hora de saber se livrar da bola. Se não tiver a chance de ir para a cesta, não é o fim do mundo: que tal olhar para os companheiros? Por enquanto, comete mais turnovers do que dá passes para cesta. Mas ele tem apenas 20 anos, com tempo para trabalhar isso nas próximas férias.
Outros candidatos: Nikola Jokic foi um tremendo de um achado dos olheiros internacionais do Denver, via segundo round. Também foi contratado no momento certo, esperando mais um ano na Sérvia para crescer. . Devin Booker vai terminar o ano em alta, com elogios de todas as partes. Demorou um pouco para George Karl lhe dar o devido espaço, mas Willie Cauley-Stein vai ajudar Sacramento na briga pela oitava posição do Oeste. Aqui, porém, é o mesmo caso da disputa pelo prêmio de MVP. Só incluímos essa moçada  por educação.

Melhor reserva: Will Barton
Aliás, fui me dar conta só agora de que faltou este no Leste. O post atualizado vai ser atualizado com… Lance Thomas, acho. Ou Jeremy Lin. Aqui, no Oeste, vamos com o surpreendente ala do Denver Nuggets, que veio de Portland na troca por Arron Afflalo – uma negociação que se mostra ultraproveitosa para o time do Colorado. Barton é o equivalente a Ty Lawson no Denver de tempos atrás, saindo do banco para botar fogo em quadra, correndo feito um presidiário em fuga no alto das Montanhas Rochosas, para marcar 15,1 pontos por jogo, a segunda melhor média entre atletas que tenham saído do banco pelo menos por 20 partidas, empatado com Jrue Holiday. Em pontos por jogo em transição, ele é o 11º da liga. No geral, na verdade, está entre os mais qualificados em qualquer medição ofensiva de contra-ataque. Em meia quadra, se transformou no chutador mais confiável do time em longa distância, sem comprometer na defesa. A combinação de perímetro com Gary Harris é muito promissora.


Outros candidatos: Enes Kanter é, disparado, o reserva com o melhor índice de eficiência da NBA, se intrometendo num grupo de caras como Kyle Lowry, Blake Griffin e Chris Bosh. Agora, como bem escreveu o mestre Marc Stein, do ESPN.com, um dia desses, existe um motivo para que um atleta tão produtivo como esse fique limitado ao banco e a 20 minutos por jogo: com salário de US$ 16 milhões, ele só joga de um lado da quadra. Por mais que a turma em OKC se esforce para dizer que o turco já não é mais um desastre defensivo, os números ainda não jogam a seu favor. Na lista do Real Plus Minus, ela aparece em penúltimo entre todos os pivôs da liga. Injusto? Nem tanto. Com ele em quadra, o Thunder leva 7,9 pontos a mais a cada 100 posses de bola. E não é que ele só jogue com reservas. Das dez escalações em que é mais utilizado, em quatro delas Kanter tem pelo menos a companhia de dois entre Westbrook, Durant e Ibaka. Sobre a questão ataque x defesa, o mesmo raciocínio vale para o unabomber Ryan Anderson, que atira muito e com precisão (39,4% dos três) de um lado e é metralhado do outro. Por coincidência, ou não, Anderson também é o penúltimo aqui. Com mais de 30 minutos em média, além do mais, é como se fosse um titular.

O que mais evoluiu: esse faz mais sentido esperarmos até o final da temporada, né? Steph Curry (glup!), Barton, CJ McCollum e Dwight Powell são algumas das possibilidades.

Melhor executivo: a mesma coisa. Melhor avaliar o conjunto da obra ao final. O combo Gregg Popovich/RC Buford, o gerente geral do Warriors, Bob Myers, do Warriors, e Neil Olshey, do Blazers, parecem os candidatos.

All-Stars: Curry, Westbrook, Kawhi, Durant e Draymond. Mais: Chris Paul, James Harden (a despeito de suas patéticas partidas iniciais), Klay Thompson, Gordon Hayward (sem Gobert, sem Favors, mantendo o time na luta), Dirk Nowitzki (sua regularidade pesa para assumir a vaga do lesionado Blake Griffin), Anthony Davis (não deu mais um salto, é cobrado pelo próprio técnico, mas ainda faz a diferença) e DeMarcus Cousins, o insano.
(Aos fãs de Damian Lillard, JJ Redick, DeAndre Jordan, Danilo Gallinari, Tim Duncan e LaMarcus Aldridge, desculpe.)


Draft da NBA: as 30 escolhas da 1ª rodada comentadas
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Giancarlo Giampietro

Os jogadores mais bem cotados reunidos no palco do Barclays Center, em NYC

Os jogadores mais bem cotados reunidos no palco do Barclays Center, em NYC

Galera, um breve comentário sobre cada um dos 30 calouros escolhidos na primeira rodada do #NBADraft. Com a cabeça fritando, deixo para fazer logo, no sábado, um balanço sobre quem saiu ganhando e quem saiu com mais dúvidas. Abaixo de cada seleção, um panorama histórico do que rolou nos últimos 20 anos nesta posição específica:

1 – Minnesota Timberwolves: Karl Towns (pivô, Kentucky, 19 anos)
Andrew Wiggins chegou primeiro. Agora, ele tem um pivô de igual potencial com quem brincar. Será, Minnesota? Será? A última vez que o clube teve um núcleo jovem tão promissor assim foi há 20 anos, com Garnett e Marbury. KG que provavelmente vai estender sua carreira para ajudar no progresso dessa dupla. O Wolves é o primeiro clube na história a unir três escolhas número de Draft seguidas, contando Anthony Bennett. Mas o ala-pivô, segundo os rumores, já estão de saída.

Ponto de vista histórico: Allen Iverson (1996), Tim Duncan (1997), LeBron James (2003), Dwight Howard (2004), Derrick Rose (2008), Blake Griffin (2009), John Wall (2010), Anthony Davis (2012)… Esses são os tipos que você sonha quando tem uma primeira escolha. Mas, cuidado, também pode dar nisto aqui: Michael Olowokandi (1998), Kwame Brown (2001), Greg Oden (2007), Andrea Bargnani (2006), Anthony Bennett (2011).

Towns é o quarto dos últimos oito jogadores número 1 do Draft a jogar por John Calipari na universidade (Derrick Rose, John Wall e Anthony Davis)

Towns é o quarto dos últimos oito jogadores número 1 do Draft a jogar por John Calipari na universidade (Derrick Rose, John Wall e Anthony Davis)

2 – Los Angeles Lakers: D’Angelo Russell (armador, Ohio state, 19 anos)
Mikan. Chamberlain. Jabbar. Shaq. Gasol… E sabe-se lá quem agora para o bola ao alto do time californiano. Mitch Kupchak surpreendeu a maioria dos especialistas ao escolher o armador que foi comparado por muita gente a James Harden em sua primeira e única temporada de universitário. Canhoto de excelente visão de quadra, criatividade no trato de jogadas e excelente arremesso, Russell é o tipo de jogador que a liga pede hoje. Agora é esperar que Kobe seja um bom mentor para o garoto. Com essa, o Lakers quebrou a banca de Sam Hinkie, o gerente geral do Philadelphia 76ers que esperava realmente contar com Russell para pilotar seu time em experimento.

Ponto de vista histórico: considerando que é a segunda posição, afe. Fujam! O torcedor do Lakers espera que Russell lembre muito mais um LaMarcus Aldridge (2006) ou um Kevin Durant (2007). Pelo menos, vai, um Tyson Chandler (2001). Agora, esse posto já rendeu gente como Stromile Swift (2000), Darko Milicic (2002),Michael Beasley (2008), Hasheem Thabeet (2009), Derrick Williams (2011). E ainda outra série de decepções em outra escala como Marvin Williams, Evan Turner e Jay Williams. Toc-toc-toc.

Magic aprovou:

3 – Philadelphia 76ers: Jahlil Okafor (pivô, Duke, 19 anos)
O Lakers simplesmente deu um enquadro em Philly. Sam Hinkie se viu, então, obrigado a pegar um pivô pelo terceiro ano ano seguido. Okafor vai para o mercado? Ou Embiid? O camaronês ainda lida com problemas de saúde, e o badalado calouro ao menos pode servir como uma apólice de seguro. De qualquer forma, é muito difícil de imaginar um ataque fucional com Okafor e Nerlens Noel em quadra. Nenhum deles tem chute de média para longa distância. O cultuado “Processo” fica em uma situação de constrangimento e ainda mais nebuloso.  

Ponto de vista histórico: Chauncey Billups (1997), Baron Davis (1999), Pau Gasol (2001), Carmelo Anthony (2003), Deron Williams (2006), Al Horford (2007), James Harden (2009)… Alguns dos excelentes nomes que saíram com o bronze. A verdade é que temos aqui uma lista bem sólida. Tirando Adam Morrison (2006), não há nenhum fiaaasco daqueles. Darius Milles foi uma tremenda decepção em 2000, com problemas fora de quadra e lesões, mas o fato é que aquela relação inteira daquele ano é horrorosa. OJ Mayo (2008) aparece aqui pelo simples fato de ter sido trocado por Kevin Love (o quinto) na noite do Draft. Memphis deixou passar essa. Ops.  

Nunca é demais, todavia, postar esta foto aqui, das mãos do “Big Jah”:  

Jahlil Okafor, hands, mãos, Duke

De novo: não é uma bola mirim

 

4 – New York Knicks: Kristaps Porzingis (ala-pivô, Letônia, 19 anos)
O jogador letão é um supertalento, já com duas temporadas de experiência como profissional na Liga ACB, a segunda maior liga nacional do mundo, o que rende maturidade. Mas vai encarar uma pressão enorme no Garden, e a primeira prova foram as pesadas vaias da torcida do Knicks presente no Barclays Center. Porzingis precisa ser visto como um projeto de médio prazo, especialmente do ponto de vista físico, num clube em que a expectativa é de reviravolta imediata. Como Carmelo Anthony vai reagir? E James Dolan? Ao menos o garoto encarou o chiado do público com muita personalidade de cara, dizendo ser um sonho jogar pela franquia, que entende a razão pelo descontentamento e que vai conquistá-los em quadra. Palavra de ordem: paciência.  

Ponto de vista histórico:  as coisas já ficam mais irregulares neste posto, mas ainda temos bons frutos. Chris Bosh (2003), Chris Paul (2005) e Russell Westbrook (2009) foram grandes achados. Lamar Odom (1999) abandonou o Clippers, mas seria uma peça importantíssima em títulos para o, hã, outro Los Angeles no futuro. Stephon Marbury (1996) e Antawn Jamison (1999) viraram All-Stars.

Porzingis, na fogueira. Phil Jackson vai ajudá-lo?

Porzingis, na fogueira. Phil Jackson vai ajudá-lo?

  5 – Orlando Magic: Mario Hezonja (ala, Croácia, 20 anos)
Dois europeus em sequência no Draft, e o encaixe de Hezonja com o clube da Flórida é praticamente perfeito. Aaron Gordon, Elfrid Payton e Victor Oladipo estão cheios de energia e pegada defensiva. O croata, de personalidade. O ala chega para oferecer chute de longa distância, arrojo e explosão no ataque. O vexame, aqui, fica por conta do Barcelona, que agendou um treino para a manhã desta quinta-feira, mesmo depois de a temporada ter se encerrado na quarta, sofrendo uma varrida do Real Madrid, e impediu que o garoto viajasse para Nova York. Adam Silver não teve quem cumprimentar.  

Ponto de vista histórico: mais ou menos o mesmo padrão, com Ray Allen (1996), Vince Carter (1999), Dwyane Wade (2003) e Kevin Love (2008) elevando o padrão, mas muito mais por conta de terem sido selecionados em anos de excelente safra. Nikoloz Tskitshvili (2002) e Shelden Williams (2005) foram grandes bombas.  

Alguns highlights da estadia de Hezonja em Barcelona:

6 – Sacramento Kings: Willie Cauley-Stein (pivô, Kentucky, 21 anos)
A segunda surpresa da noite. Cauley-Stein aparecia como um possível alvo do clube californiano, mas dois jogadores mais jovens e de maior potencial estavam disponíveis (Justise Winslow e Emmanuel Mudiay). Stein é visto pelos scouts como o melhor defensor deste Draft e vai dar cobertura a DeMarcus Cousins no setor. Isso, claro, se Boogie permanecer na capital californiana, numa franquia em desarranjo estarrecedor.  Caso Vlade Divac consiga contornar a crise entre o pivô e George Karl, ainda restará uma dúvida também em torno da parceria dos dois gigantes. O espaço para ação no ataque tende a ficar muito apertado. Por mais que Boogie tenha bom chute de média distância, é perto da cesta que vai fazer mais estragos e desestabilizar uma defesa. Outro ponto para acompanhar: Cauley-Stein, segundo consta, pensa (bem) fora da casinha e fala o que quer. Um jogador muito inteligente, de personalidade marcante. A ver se consegue se aproximar do igualmente veterano revelado por Kentucky.

Ponto de vista histórico: rapaz, que dureza. Wally Szczerbiak (1999), de alguma forma, foi eleito para o All-Star de 2002. Antoine Walker (1996) jogou em três. O brilho de Brandon Roy (2006) durou por quatro temporadas, até que seus joelhos disseram chega. Damian Lillard (2012) ao menos apareceu para o resgate seis anos depois. De resto, boas peças de apoio (Shane Battier, Danilo Gallinari, Chris Kaman) ou diversas bombas (Jonny Flynn, Epke Udoh, Robert Traylor, DeMarr Johnson…).

Está aqui o maluco beleza:  

7 – Denver Nuggets: Emmanuel Mudiay (armador, Guandong/China, 19 anos)
Imagine os pulos de alegria na base do Nuggets. O time deve encarar como uma dádiva essa escolha. Mudiay, há um ano, era cotado como o principal concorrente de Okafor a número um do Draft. Um armador alto, explosivo e agressivo, muito mais maduro do que a idade sugere –  maturidade turbinada pela experiência incomum que ganhou em um ano de profissional na China. Em vez de jogar por Larry Brown na NCAA, o garoto escolheu a rota chinesa para ajudar sua família financeiramente. Há uma forte especulação de que Ty Lawson esteja com os dias contados nas Montanhas Rochosas. Poderiam jogar juntos, mas a presença de Mudiay deixa o tampinha ainda mais disponível no mercado – algo que ele próprio reconheceu, se oferecendo imediatamente para Sacramento, aonde poderia reencontrar George Karl.

Mudiay, refugiado congolês que já jogou na China. Agora, em Denver

Mudiay, refugiado congolês que já jogou na China. Agora, em Denver

Ponto de vista histórico: vamos avançando, e, naturalmente, a quantidade de estrelas, diminuindo. Stephen Curry é a exceção em 2009, graças a David Kahn, que escolheu dois armadores antes dele. Rip Hamilton (1999) também foi longe. Assim como Luol Deng e Nenê, se formos compará-los com Chris Mihm, Charlie Villanueva, Randy Foye, Tim Thomas e, infelizmente, o falecido Eddie Griffin.

8 – Detroit Pistons: Stanley Johnson (ala, Arizona, 19 anos)
Mais uma surpresa. Com Justise Winslow disponível, o Pistons vai de Stanley Johnson. É preciso dizer que, durante boa parte do processo de avaliação para o Draft, havia dúvida para os scouts sobre quem seria o ala mais promissor desta fornada. Winslow conseguiu se distanciar de seus pares com um desfecho sensacional de temporada por Duke, enquanto Johnson teve problemas um tanto alarmantes no ataque para alguém já de corpanzil formado jogando contra amadores Há, de todo modo, uma vaga clara no perímetro do Pistons para ser preenchida. Agora o novato vai trabalhar com um excelente treinador como Stan Van Gundy para tentar preenchê-la.

Ponto de vista histórico: hã… Nenhum jogador deste grupo chegou a um All-Star. Nem mesmo Andre Miller, provavelmente o armador mais esnobado de sua geração. Rudy Gay (2006) e Larry Hughes (1998) foram outros que talvez tenham sonhado um dia. O mesmo não se pode dizer do brasileiro Rafael “Baby” Araújo, que foi colocado numa fria pelo Toronto Raptors em 2004.

9 – Charlotte Hornets: Frank Kaminsky (ala-pivô, Winsconsin, 22 anos)
A escolha pessoal de Michael Jordan. O que, historicamente, em termos de Draft, não quer dizer boa coisa. Kaminsky, por outros motivos, deve ser o calouro observado com maior curiosidade nesta temporada, pelo fato de ser um senior, um formando, algo que equivale a um idoso nos tempos de hoje. O grandalhão se desenvolveu ano após ano no Winsconsin até se tornar o principal jogador da NCAA nesta temporada. Pacote completo no ataque: chute, visão de quadra, mobilidade (para alguém de 2,13m…) e passe. Suas habilidades vão se traduzir para um cenário muito mais competitivo e atlético?

Ponto de vista histórico: se os gerentes gerais não conseguiram encontrar ouro no oitavo lugar, quem escolheu na posição seguinte se esbaldou. Olha que maravilha: Tracy McGrady (1997), Dirk Nowitzki (1998), Shawn Marion (1999), Amar’e Stoudemire (2002) e Andre Iguodala (2003). Isso para não falar de Andre Drummond em 2012 e Gordon Hayward em 2012. O nono lugar do Draft é mágico! Então a gente nem se importa com Ed O’Bannon (1997), Rodney White (2001), Mike Sweetney (2002), Ike Diogu (2005), Patrick O’Bryant (2006).

Frank, the Thank. Ele, mesmo

Frank, the Thank. Ele, mesmo

10 – Miami Heat: Justise Winslow (ala, Duke, 19 anos)
Pat Riley é um vencedor e, também, um cara de sorte. Muuuuita sorte. Um talento como Winslow caiu de modo totalmente inesperado em seu colo. O ala foi o motor por trás da conquista de Duke no Torneio Nacional da NCAA neste ano, jogando com atenção aos pequenos detalhes de um jogo, energia desmedida e um espírito contagiante. Excelente marcador, ainda um projeto em desenvolvimento no ataque, mas com um perfil que, sem dúvida, combina com a cultura interna da franquia da Flórida.

Ponto de vista histórico: Paul Pierce (1999), vocês sabem, vai para o Hall da Fama. Joe Johnson (2001) tinha tudo para seguir os seus passos, ganhou um caminhão de dinheiro, mas duvido que tenha virado pôster preferido de alguém. Aos 17 anos, Andrew Bynum foi uma aposta de risco do Lakers em 2005, de quem o clube tirou tudo o que podia e se livrou na hora certa. Brook Lopez (2008) e Paul George (2010) ainda têm história para escrever.

11 – Indiana Pacers: Myles Turner (pivô, Texas, 19 anos)
Larry Bird vem falando publicamente nas últimas semanas que chegou a hora de reformular o seu time. Dá todos os indícios de que deve abrir mão de Roy Hibbert. Nesta quarta, viu notícias locais dando conta de que David West vai exercer uma cláusula contratual para se tornar agente livre – nada oficial, por ora. Entra em cena Turner, um dos jogadores mais prestigiados de sua geração desde os tempos de colegial? O pivô tem tamanho, agilidade e tino para proteger o aro. No ataque, potencial para o chute de média e longa distância. Mas ainda é cru e precisa de tempo para segurar a bronca na liga.

Principais achados (relativo ao posto): Klay Thompson (2011), e só.

12 – Utah Jazz: Trey Lyles (ala-pivô, Kentucky, 19 anos)
A invasão canadense continua, ainda que Lyles tenha crescido em Indiana. Jogou o último ano inteiro fora de posição por Kentucky, devido ao excesso de pivôs qualificados dos Wildcats. Não é dos atletas mais impressionantes, mas tem muito fundamento, lembrando caras como Juwan Howard e Carlos Boozer. Vai compor uma rotação interessante de pivôs com Gobert e Favors e deixa o núcleo jovem do Utah ainda mais forte. É um jogador que já esteve em ação no Brasil, mais especificamente em São Sebastião do Paraíso, pela Copa América Sub-18 de 2012, ao lado de Andrew Wiggins.

Principais achados: ––

13 – Phoenix Suns: Devin Booker (ala, Kentucky, 18 anos)
O jogador mais jovem do Draft e considerado pelos olheiros como o arremessador de longa distância mais perigoso. Fundamento que é uma carência óbvia no elenco de Jeff Hornacek, especialmente para um ataque que tem o chute de três pontos como ingrediente fundamental. Booker é o quarto atleta de Kentucky selecionado entre os 13 primeiros, deixando a influência de John Calipari no basquete americano ainda mais abrangente. Curiosamente, o plantel do Suns deve contar com outros três atletas que passaram pelas mãos do Coach Cal. Eric Bledsoe, Brandon Kight (agente livre restrito) e Archie Goodwin jogaram lá no ano passado. Na segunda rodada, em 44º, o clube ainda optou por Andrew Harrison, um armador marrento de 1,95 m que não progrediu tanto assim pelos Wildcats, depois de muita badalação nos tempos de colegial. Parecia piada, mas, na verdade, a escolha foi feita a mando do Memphis Grizzlies, em troca do pivô Jon Leuer, que não tem contrato garantido.

Vejam a cara de garoto de Booker:

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Principais achados: Kobe Bryant (1996) (risos), Richard Jefferson (2001).

14 – Oklahoma City Thunder: Cameron Payne (armador, Murray State, 20 anos)
A cada processo de Draft surgem boatos sobre supostas promessas dos clubes a determinado jogador. O clube conta, informalmente, ao atleta que deles não vai passar. Aconteceu este ano com OKC e Payne, e aqui está o acordo confirmado. O jogador foi quem mais elevou sua cotação durante a temporada, mesmo atuando por uma universidade pequena, de pouca exposição. Considerado um armador completo, ainda que inexperiente, que deve brigar por espaço imediatamente com DJ Augustin na rotação de Billy Donovan.

Principais achados: Peja Stojakovic (1996).

15 – Washington Wizards: Kelly Oubre (ala, Kansas, 19 anos)
A primeira troca da noite, envolvendo escolhas do Draft! O Atlanta Hawks estava posicionado aqui, mas recebeu do Wizards o pick 19 e mais dois futuros de segunda rodada. De certa forma, uma escolha surpreendente para o Wizards, que já tem Otto Porter Jr. em seu plantel. Oubre é mais um jogador encarado como projeto de médio prazo (pacote atlético perfeito, o técnico nem tanto), depois de ter decepcionado em sua campanha por Kansas. Durante o período de testes privados pelos clubes, foi a grande estrela das entrevistas. Basicamente disse que faria pagar caro todos os que o criticaram e o ignoraram no Draft. O detalhe é que Oubre parece ser um dos queridinhos de Kevin Durant, aquele com quem o Wizards sonha contar em 2016. Espertinhos. Na cerimônia, de todo modo, o jovem ala calçou isto aqui:

Sem palavras?

Sem palavras?

Principais achados: Steve Nash (1996) (coff! coff!), Al Jefferson (2004), Kawhi Leonard (2011).

 16 – Boston Celtics: Terry Rozier (armador, Louisville, 21 anos)
A seleção que deixou todo mundo confuso tinha de pertencer a Danny Ainge, claro. Brad Stevens já conta com Isaiah Thomas, Marcus Smart e Avery Bradley. Todos baixinhos que não necessariamente armadores puros e gostam de advogar em causa própria no ataque. Dos três, apenas Thomas tem bom chute. Rozier vai para Boston com os mesmos moldesa, sendo um baixinho agressivo com a bola e também agindo feito pitbull na defesa, veloz em transição e duro na queda. Redundante, no final?

Principais achados: Ron Artest (1999), Hedo Turkoglu (2000), Nikola Vucevic (2011).

 17 – Milwaukee Bucks: Rashad Vaughn (ala-armador, UNLV, 18 anos)
Vaughn foi um jogador que fez sucesso durante o circuito de workouts para catapultar sua cotação para a metade da primeira rodada. Talentoso, teve alguns problemas no joelho e também com o restante da equipe em Vegas, acusado de fominha. Seu jogo se assemelha ao de OJ Mayo, como um ala-armador de bom arremesso, que pode criar individualmente. Mais uma promessa de um clube especulada pela mídia americana. O destaque da noite do Bucks, porém, foi a aquisição do venezuelano Greivis Vasquez em troca com o Toronto Raptors, cedendo uma escolha para o Draft de 2017 (com proteção para a loteria), além da 46ª neste recrutamento. Pagaram caro para ter um armador reserva.

Principais achados: Principais achados: Jermaine O’Neal (1996) (mais um!), Danny Granger (2005), Roy Hibbert (2008).

Vasquez vai jogar pelo seu quinto time diferente na NBA

Vasquez vai jogar pelo seu quinto time diferente na NBA

18 – Houston Rockets: Sam Dekker (ala, Winsconsin, 21 anos)
Um dos calouros mais experimentados do Draft, seguindo uma tradição nas seleções do Rockets. Dekker é um ala que chega para compor o banco de reservas, já pronto para entrar na rotação substituindo Ariza e, eventualmente, fazer o papel de ala-pivô aberto ao lado de Dwight Howard e Clint Capela. Muito inteligente no deslocamento fora da bola, forte fisicamente e com arremesso questionável. Se progredir como Chandler Parsons entre os profissionais, o Rockets ganha uma peça bem valiosa.

Principais achados: David West (2003), Ty Lawson (2009), Eric Bledsoe (2010).

19 – New York Knicks: Jerian Grant (armador, Notre Dame, 22 anos)
Então: lembra que o Atlanta Hawks havia descido para esta posição em negociação com o Wizards? Pois bem. O time resolveu sair de vez da primeira rodada ao repassar o pick ao New York Knicks, de Phil Jackson, que, depois do projeto Porzingis, anuncia um calouro mais preparado para entrar em quadra. Grant fez um grande campeonato por Notre Dame e quase ajudou o time a derrubar a poderosa Kentucky nos mata-matas. Filho do ex-jogador Harvey Grant. Para tê-lo, o Mestre Zen cedeu Tim Hardaway Jr. O ala vai disputar posição com Kent Bazemore (e, talvez, Thabo Sefolosha, dependendo da rapidez de sua recuperação) no banco de Mike Budenholzer.

Principais achados: Zach Randolph (2001), Jeff Teague (2009).

Delon Wright vai armar o Raptors de verão para Bruno Caboclo e Lucas Bebê

Delon Wright vai armar o Raptors de verão para Bruno Caboclo e Lucas Bebê

20 – Toronto Raptors: Delon Wright (armador, Utah, 23 anos)
O jogador mais velho selecionado até o momento. Para se ter uma ideia, Wright (irmão de Dorell, ala do Blazers) tem quatro anos a mais que Bruno Caboclo. Armador alto, especialista em combinações de pick-and-roll que vem para ser reserva de Lowry, ainda mais depois da troca de Vasquez para Milwaukee. Mais uma tacada esperta de Masai Ujiri, que enxugou sua folha salarial e conseguiu uma escolha extra de primeira rodada nessa, se municiando para um verão que promete ser movimentado para a franquia canadense.

Principais achados: Zydrunas Ilgauskas (1996) (abarrotado!), Jameer Nelson (2004).

21 – Dallas Mavericks: Justin Anderson (ala, Virginia, 21 anos)
A expectativa era a de que o clube texano escolhesse um armador para o lugar de Rajon Rondo – também levando em conta a iminência da saída de Monta Ellis. Tyus Jones, campeão por Duke, estava disponível, mas passou batido em detrimento de Anderson, um ala que supostamente apresenta um dos perfis mais visados da liga, o do “3 & D” – bom chute de três, pela zona morta, e capacidade para defender. Tipo o que Richard Jefferson tenta fazer hoje. Alternativa para Chandler Parsons no banco.

Principais achados: Boris Diaw (2003), Rajon Rondo (2006), Ryan Anderson (2008).

22 – Chicago Bulls: Bobby Portis (ala-pivô, Arkansas, 20 anos)
Um jogador que esperava ser escolhido pelo menos cinco posições antes e que, agora, deve ter ainda mais motivação para mostrar serviço em Chicago. Como se precisasse: não é dos pirulões que mais salta ou mais velozes, mas joga duro e deixa tudo o que tem em quadra. Tende a virar um dos preferidos da torcida do Bulls, que gosta desse estilo. A questão é: com Gasol, Noah, Gibson e Mirotic, vai jogar como? A não ser que venha troca pela frente.

Principais achados: –

23 – Broolyn: Rondae Hollis-Jefferson (ala, Arizona, 20 anos)
Alerta: troca! Alerta: troca! Hollis-Jefferson fazia todo o sentido para o Portland, que havia perdido Nicolas Batum na véspera e precisava de um ala defensivo para ajudar Lillard e McCollum. Mas o Brooklyn Nets simplesmente estava babando pelo jogador, considerado um dos melhores marcadores do Draft, e particularmente um dos meus prediletos deste recrutamento. Para ter o jogador de Arizona, a equipe nova-iorquina assimilou o contrato de Steve Blake e enviou ao Oregon um pivô do porte de Mason Plumlee, além do ala Pat Connaughton (escolha 41, via Notre Dame). Quer dizer: custou caro. Beeeem caro. Com Plumlee, o Blazers provavelmente não deve renovar com Robin Lopez. O quanto isso pode influenciar no destino do futuro de LaMarcus é difícil de dizer.

Principais achados: Tayshaun Prince (2002).

Mason Plumlee, campeão mundial, vai para Portland

Mason Plumlee, campeão mundial, vai para Portland

24 – Minnesota Timberwolves: Tyus Jones (armador, Duke, 19 anos)
Mais uma troca:  a escolha pertencia ao Cleveland Cavaliers, que vai receber as 31ª (Cedi Osman, ala-armador turco de 20 anos que tem mais dois anos de contrato com o Anadolu Efes) e 36ª (Rakeem Christmas, pivô formado em Syracuse, patrulheiro de garrafão), já pela segunda rodada . Jones impressionou a todos no torneio da NCAA por sua maturidade, coragem e controle de jogo, mas seu perfil (nada!) atlético parece ter desencorajado os dirigentes. Vai ser um ótimo reserva para Ricky Rubio – e um plano B interessante, no caso de o espanhol sofrer mais alguma lesão. Com tanto potencial físico em seu elenco, Flip Saunders poderia “arriscar” nessa.

Principais achados: Andrei Kirilenko (1999), Kyle Lowry (2006), Serge Ibaka (2008).

25 – Memphis Grizzlies: Jarell Martin (ala-pivô, LSU, 21 anos)
Um terceiro caso de promessa que já havia vazado. Um jogador muito atlético, de características diferentes às dos demais pivôs do elenco, com impulsão, velocidade, bom controle de bola para correr em transição, mas que não tem tanta habilidade assim para finalizar. Há quem especule que possa ser deslocado para o perímetro,  mas essa não seria uma mudança tão simples

Principais achados: Tony Allen (2004) (?)

26 – San Antonio Spurs: Nikola Milutinov (pivô, Sérvia, 20 anos)
O batalhão de revelações internacionais do Spurs não tem fim. Milutinov é um espigão de 2,13 m de altura e já de boa rodagem pelo time principal do Partizan Belgrado, com ótima mobilidade e impulsão. O ponto-chave  para o clube texano, contudo, é a possibilidade de deixá-lo em desenvolvimento na Sérvia, preservando desta forma um precioso espaço na folha de pagamento. Cada dólar pode fazer a diferença nos planos de atacar alguns dos principais agentes livres do mercado.

Principais achados: Kevin Martin (2004), George Hill (2008), Taj Gibson (2009) (?).

27 – Los Angeles Lakers: Larry Nance Jr (ala-pivô, Wyoming, 22 anos)
Uma escolha surpreendente do clube angelino. Nance estava cotado para a segunda rodada, mas impressionou os olheiros em sua preparação final para o Draft – o que é meio inusitado, considerando que eles já haviam tido a oportunidade de acompanhar o jogador por quatro anos na NCAA. Ah, sim, seu nome entrega uma obviedade: filho do ala-pivô que fez bela carreira por Phoenix Suns e Cleveland Cavaliers entre os anos 80 e 90, de quem herdou a capacidade atlética, estrelando muitas jogadas de efeito em sua carreira, concluídas com cravadas. A explosão seguiu inabalada mesmo depois de uma cirurgia no joelho sofrida em fevereiro de 2014. Outro problema de saúde: Nance precisa conviver com a chamada Doença de Crohn, que pode resultar, entre tantos efeitos colaterais, a perda de peso, fadiga, ou mesmo artrite. Bom arremessador de média distância com os pés plantados, deve compor a rotação de Byron Scott.

Principais achados:  Kendrick Perkins (2003) (?), Arron Afflalo (2007) (?), Rudy Gobert (2013) (ao que tudo indica).

28 – Boston Celtics: RJ Hunter (ala, Georgia State, 21 anos)
Tido depois de Devin Booker como o segundo melhor chutador do Draft. Curiosamente, a maior parte dos especialistas esperavam que ele saísse entre os 20 principais prospectos, enquanto Rozier supostamente estaria endereçado para esta faixa. Danny Ainge inverteu as coisas, mas consegue um jogador fogoso para seu grupo de perímetro. De qualquer forma, a backcourt de Brad Stevens fica bastante congestionada. Uma dupla estranha para o Celtics.

Principais achados: Leandrinho (2003), Tiago Splitter (2007).

29 – Brooklyn Nets: Chris McCullough (ala-pivô, Syracuse, 20 anos)
A temporada de McCullough por Syracuse prometia bastante até que ser encerrada por conta de uma lesão no ligamento cruzado anterior em janeiro. Antes, no colegial, vagou de um lugar para o outro, frustrando técnicos e olheiros pela falta de consistência em quadra. Ainda assim, seu potencial, com bom chute de média distância, instintos defensivos e muita impulsão, faz o Brooklyn Nets, desesperado por jovens talentos, apostar em sua seleção.

Principais achados: Josh Howard (2003).

Looney: sozinho na green room. Mas salvo pelo Warriors no final

Looney: sozinho na green room. Mas salvo pelo Warriors no final

30 – Golden State Warrors: Kevon Looney (ala, UCLA, 19 anos)
Não por coincidência, mais um prospecto que teve sua cotação prejudicada por questões físicas. Looney pode ter de passar por uma cirurgia nas costas no futuro e também tem problemas no quadril. O mais cruel, neste caso, é que o jovem versátil ala foi convidado para a liga para tomar parte da famosa “sala verde”, a região mais próxima ao palco, que reúne os calouros com maior probabilidade de sair entre os primeiros colocados. Dentre os relacionados este ano, o garoto foi o último, tendo ouvido seu nome quando já estava deixando a área. O consolo foi ser resgatado pelo atual campeão. Looney também se enquadra na categoria de projeto a longo prazo (seu melhor fundamento hoje é o rebote, mas também tem lampejos como condutor de bola e arremessador) e terá liberdade para se desenvolver sem cobrança alguma.

Principais achados: Gilbert Arenas (2001), Anderson Varejão (2004), David Lee (2005), Jimmy Butler (2011).


Prepare-se para o Draft da NBA. A loucura continua
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Giancarlo Giampietro

O Draft está marcado para as 20h (horário de Brasília, com transmissão gratuita via League Pass), mas, para quem está chegando só agora, a balada já começou faz tempo, gente. É como se fosse uma rave da NBA, com mais de 24 horas de negociações, rumores, blefes, contra-espionagem e tudo o mais. Nesta quarta-feira, três trocas foram fechadas – ou quase. Admito que me precipitei em escrever sobre Jeremy Lamb ao lado de Kemba Walker em Charlotte, pois restavam detalhes para que a transação fosse concluída, o que não aconteceu. O Memphis entrou na jogada e acabou interceptando Matt Barnes, que agora vai fazer uma dupla assustadora com Tony Allen. Quer dizer: a terceira troca aconteceu, mas foi fechada nesta quinta, com outras peças, o que não é o fim do mundo. Pois a liga toda está na pista, com  Danny Ainge, Sam Hinkie e Daryl Morey numa vibe que só. Imaginem os caras soltando aquele “U-RUUU” característico. Mas de terno e gravata.

A especulação mais instigante do momento envolve Sacramento Kings, Los Angeles Lakers e DeMarcus Cousins. Chegamos àquele ponto bastante instrutivo, aliás, para os torcedores em geral: o de que a palavra oficial de seus dirigentes não vale tanto assim. Vlade Divac e qualquer fonte ligada à diretoria asseguram que não têm a menor intenção de despachar o pivô. Essa é uma meia-verdade. Os caras prefeririam segurar o jovem campeão mundial. O que não os impede de já estarem em conversações adiantadas com o Lakers, discutindo nomes, e tudo o mais, além de manterem contato com qualquer outro clube interessado.

Acompanhe a cobertura do 21 para o NBA Draft:
>> 4 brasileiros retiram candidatura. O que houve?
>> Qual o cenário para os quatro brasileiros inscritos?
>> Promessa argentina pode repetir Caboclo neste ano
>> Georginho conclui Nike Hoop Summit com status no ar
>> Técnico americano avalia o potencial de pinheirenses
>> Apresentando Georginho, o próximo alvo da NBA
>> Lucas Dias e preparação para encarar mais um teste

>> Danilo Siqueira: muita energia em trilha promissora

Segundo o superfurão Adrian Wojnarowski, o Kings pede a escolha número dois do recrutamento desta quinta, Julius Randle e Jordan Clarkson, solicitando que o rival californiano ainda pegue o contrato de Carl Landry. O Lakers, segundo o mesmo artigo, não está interessado em envolver Randle neste negócio. O que é curioso, considerando que o ala-pivô número 7 do Draft passado fraturou a perna logo na primeira partida da temporada. O rapaz estaria rendendo muito nos treinos em El Segundo. Mas, se Sacramento estiver realmente disposto a aceitar um pacote desses, não há motivo para não entregá-lo. Cousins tem seus problemas de temperamento, mas jogou uma barbaridade nos últimos dois campeonatos e tem apenas 24 anos. É um cara em torno do qual você pode construir uma grande equipe. Mesmo no Oeste.

Por que Divac e seus comparsas aceitariam algo nessa linha? É que a classe deste ano vem sendo bastante elogiada pelos scouts em geral, com ótimas opções para as primeiras seis, sete escolha. Com o segundo pick do Lakers, porém, a esmagadora opinião é a de que você pode contratar um futuro All-Star. De resto, os scouts apostam em um bom volume de jogadores até a faixa de 20 a 25 do Draft. A partir daí, o consenso é de que a qualidade despenca sensivelmente, num nível muito inferior ao de anos anteriores. Então há muitos clubes que pretendem subir na lista, enquanto outros times topam até mesmo abrir mão de suas escolhas, de olho em veteranos ou em ativos para o futuro.

Quais são as possibilidades? Vamos apresentá-los aqui brevemente, oferecendo links mais detalhados (em inglês). Também vale desde já discutir qual o impacto que a geração pode ter como um todo e, depois, apresentar os pontos básicos para se entender como funciona o Draft – percebo que este processo ainda não está muito claro para muita gente. Claro que o leitor  viciado no noticiário do Draft provavelmente já até decorou tudo isso. Mas, simbora.

– Os espigões

Karl Towns pode se juntar a Duncan, LeBron, Monocelha e Olowakandi e Kwame como escolha número um de Draft

Karl Towns pode se juntar a Duncan, LeBron, Monocelha e Olowakandi e Kwame como escolha número um de Draft

A fornada deste ano está cheia de grandalhões promissores. O mais bem cotado é o dominicano Karl Towns, que já enfrentou a seleção brasileira enquanto adolescente. O jogador ficou um ano em Kentucky e progrediu bastante sob a orientação de John Calipari. Quando o vi pela primeira vez em amistosos e competições da Fiba, se mostrava mais como um ala-pivô flutuante, atuando longe da cesta, confiante em seu arremesso de média distância. O porte físico era um fator para isso. Em Lexington, no entanto, foi empurrado para o garrafão e teve seu jogo perimetral praticamente ignorado. Não que não pudesse produzir deste jeito. O objetivo era a expansão de seu arsenal – veja um vídeo de um de seus treinamentos regulares. Deu certo. Hoje não tem problema em encarar o contato perto da cesta e desenvolveu um bom gancho e jogo de pés. É bastante ágil para alguém de seu tamanho e protege o aro com destreza. Faz um pouco de tudo e, por isso, tem um potencial enorme e não deve passar do Minnesota Timberwolves, o primeiro. Leia o scout completo do dominicano feito por Rafael Uehara, que já colaborou aqui para enriquecer o blog.

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Por dividir espaço com uma série de prospectos muito prestigiados, Towns elevou aos poucos sua cotação entre os scouts. Durante boa parte da temporada, o pivô Jahlil Okafor, campeão universitário por Duke, foi considerado como o candidato número um. É um garoto com jogo de velha escola, extremamente talentoso de costas para a cesta, com um conjunto de movimentos talvez precocemente mais criativo que o de Al Jefferson, por exemplo, e mãos gi-gan-tes-cas. Quanto mais o observaram, porém, mais os olheiros se preocupam com sua mobilidade reduzida e o quanto isso pode lhe deixar exposto na defesa, especialmente numa NBA cada vez mais veloz. Também, por isso, questionam o quão motivado o jogador estaria para trabalhar e se tornar uma superestrela. O DraftExpress aborda essas questões. Seu perfil tem toda a identificação com a história do Lakers, clube habituado a jogar com pivôs dominantes. O Knicks, com o sistema de triângulos, também seria uma excelente pedida. Não deve passar daí.

Jahlil Okafor e uma bola que não é mirim

Jahlil Okafor e uma bola que não é mirim

Outros espigões bem cotados: Frank Kaminsky, já com 22 anos (dois anos mais jovem que Boogie Cousins, por exemplo), eleito o melhor jogador da NCAA por Winconsin, de 2,13 m de altura, mas com fundamentos de ala no ataque e um arremesso infalível, despertando interesse do Knicks, do Hornets, do Heat e do Pacers; Trey Lyles, companheiro de Towns e Kentucky, mas que jogou deslocado no perímetro o ano todo, também muito bem fundamentado, com um jogo comparado ao de Juwan Howard e Carlos Boozer,; Myles Turner, da Universidade do Texas, que une chute de longe e habilidade de tocos, uma combinação bastante cobiçada na liga de hoje; e Willie Cauley-Stein, mais um de Kentucky, um pivô de 21 anos e considerado o melhor defensor do Draft, capaz até de brecar armadores no perímetro. Esses atletas não devem sair entre os 4º e 17º lugares.

Se boa parte desses garotos realizarem seu potencial, a tese de que a NBA é hoje uma liga de armadores pode ser revisada.

– Os europeus
Apenas dois jogadores do Velho Continente estão projetados para as dez primeiras escolhas. Um deles também engrossa a categoria acima: o letão Kristaps Porzingis, que, de certa forma, tem a candidatura mais complexa, controversa deste Draft. Muito por se chamar Kristaps Porzingis, claro. Mesmo que tenha jogado duas temproas completas pelo Sevilla na Liga ACB, a liga nacional mais forte do mundo Fiba, e que haja dezenas de vídeos do ala-pivô disponíveis basicamente em qualquer lugar na rede, muitos nos Estados Unidos insistiram em chamá-lo de “homem misterioso”. Suas características de chutador nato, homem ágil e magro também ajudam e não ajudam. Muitos salivam ao assisti-lo, exagerando como sempre ao falar de Dirk Nowitzki e Andrei Kirilenko, enquanto outros fazem questão de lembrar de Andrea Bargnani, Nikoloz Tskitishvili e diversos jovens europeus que fracassaram na liga. Com quase 3.000 palavras, Rafael Uehara nos conta que o melhor, mesmo, é sempre o meio termo.

Porzingis fez um treino individual em Las Vegas, no dia 12, assistido por Phil Jakcson e muitos outros dirigentes. Teve um rendimento espetacular, inflando sua cotação. Mas qualquer dirigente mais dedicado já poderia ter assistido ao letão em diversas partidas em Sevilha

Porzingis fez um treino individual em Las Vegas, no dia 12, assistido por Phil Jakcson e muitos outros dirigentes. Teve um rendimento espetacular, inflando sua cotação. Mas qualquer dirigente mais dedicado já poderia ter assistido ao letão em diversas partidas em Sevilha

O outro? Mario Hezonja, o croata companheiro de Marcelinho Huertas no Barcelona, um gatilho excepcional, atlético, cheio de confiança, mas que não conseguiu mostrar tudo o que podia nos últimos anos, devido a uma concorrência muito forte no elenco do clube catalão – e também por certa implicância do técnico Xavier Pascual e dos dirigentes locais, que esperavam aproveitá-lo no futuro e deram um jeito de boicotar sua candidatura. Uma anedota bastante desagradável neste sentido? Hezonja tinha voo marcado de Barcelona para Nova York na noite de quarta-feira, caso seu time fosse varrido pelo Real Madrid nas finais da ACB. Aconteceu. E o que a diretoria fez? Marcou um treino para esta quinta, mesmo que a temporada tenha acabado. Totalmente bizarro, como se fossem um grupo de juvenis que precisassem de uma lição. Seria melhor ter praticado melhor antes de apanhar do Real, não? Claro que não era esse o caso. O objetivo implícito aqui era impedir que o croata comparecesse à cerimônia. O fato de ele não estar no Brooklyn não altera nada o seu status, diga-se. O garoto só foi privado do prazer de subir ao palco, tirar uma foto com Adam Silver e sorrir como jogador de NBA nesta quinta. Infantilidade é pouco.

Hezonja teve lampejos pelo Barcelona, mas não foi aproveitado da melhor forma

Hezonja teve lampejos pelo Barcelona, mas não foi aproveitado da melhor forma

Se os jogadores estrangeiros foram uma coqueluche no início da década passada, com o sucesso de Dirk, Gasol, Parker, Ginóbili, no momento enfrentam uma dura resistência, até pela falta de resultados. Desde o Draft de Yao Ming em 2002, nenhum atleta de fora dos Estados Unidos escolhido entre os dez primeiros se tornou um All-Star. Desta forma, o preconceito voltou e reforçado. Porzingis e Hezonja têm talento para enfrentar essa questão.

Outros talentos internacionais já estabelecidos em alto nível na Europa e que devem ser selecionados, provavelmente na segunda rodada: Willy Hernangómez, pivô do Sevilla de 21 anos, de jogo forte e maduro no garrafão, superprodutivo, mas com capacidade atlética limitada, Cedi Osman, fogoso ala-armador tratado como príncipe na Turquia, Arturas Gudaitis, trombador do Zalgiris Kaunas, Mouhammadou Jaiteh, mais um paredão francês, e Nikola Milutinov, mais um pivô grande e habilidoso da Sérvia.

De um modo geral, a safra de gringos é considerada bem fraca este ano. O que nos leva a crer que Georginho, caso tivesse mantido seu nome na lista, seria selecionado. Os agentes do armador do Pinheiros, porém, não se contentavam com isso. Queriam o comprometimento de um clube com o jovem brasileiro, com um plano detalhado para seu desenvolvimento. Por isso, optaram por sua retirada, ao lado de Danilo Fuzaro, Humberto Gomes e Lucas Dias.

– No perímetro
Entre os armadores, as opções são bem escassas.

A canhota de D'Angelo tem muitos fãs

A canhota de D’Angelo tem muitos fãs

Toda comparação é natural e inevitável para os scouts. É a forma mais fácil de eles se localizarem. Nesse processo, porém, os paralelos podem soar forçados também. Para D’Angelo Russell, já deu para se acostumar a ler os nomes de gente como James Harden e Stephen Curry. Só. O caso do armador de Ohio State é curioso, pelo fato de ele ter surpreendido os olheiros em sua temporada. O jogador recebia elogios ao entrar no basquete universitário, mas não me recordo de ser cotado como um talento de ponta. Isso mudou rapidamente, quando puderam ver que sua combinação de arremesso, visão de quadra, inteligência e maturidade já o destacavam em meio a uma concorrência muito mais forte do que a dos tempos de universitário. Há quem questione sua defesa e a falta de explosão em seu jogo. Não é o suficiente para lhe tirar do grupo dos quatro primeiros.

Seu principal concorrente é o explosivo Emmanuel Mudiay, que optou por ignorar a NCAA e jogar na China, na última temporada. Os clubes obviamente enviaram olheiros para lá, para avaliá-lo, mas o distanciamento resultou em menor exposição para o jogador que, um ano atrás, era considerado a grande ameaça a Okafor pelo topo do Draft. O potencial atlético é o mesmo de antes, todavia.

Cameron Payne, de Weber State, Tyus Jones, eleito o destaque do torneio nacional da NCAA por Duke, Jerian Grant, de Notre Dame, Delon Wright, de Utah, com perfis e idades diferentes, têm seus admiradores, mas não são vistos como jogadores que cheguem para serem titulares. Payne é o mais bem cotado, chamando atenção de Pacers, Suns e Thunder. Os outros quatro devem sair na segunda metade da primeira rodada.

Winslow, espírito e jogo vencedor

Winslow, espírito e jogo vencedor

A safra de alas é liderada por Justise Winslow, o motor por trás da conquista de Duke. Winslow tem um espírito que contagia e não deve passar do Detroit Pistons, em oitavo. Ele concorre diretamente com Hezonja. Num degrau abaixo estão Sam Dekker, vice-campeão por Winsconsin, Stanley Johnson e Rondae Hollis-Jefferson, de Arizona, e Kelly Oubre Jr., de Kansas. Deste grupo, Hollis-Jefferson é o meu preferido. Um trator aos moldes de Michael Kidd-Gilchrist.

O Utah Jazz recebeu 101 atletas (!!!) para atletas em seus testes pré-Draft. Georginho e Lucas Dias entre eles

O Utah Jazz recebeu 101 atletas (!!!) para atletas em seus testes pré-Draft. Georginho e Lucas Dias entre eles

– Mais links
O básico Mock Draft do DraftExpress, que tem o maior índice de acerto no recrutamento de calouros. Chad Ford, do ESPN.com, oferece outra perspectiva.

O guia do Bball Breakdown é um absurdo, com uma planilha em didática para especificar as qualidades de cada prospecto e as carências de cada clube.

Para perfis detalhados dos jogadores estrangeiros, recomendo, além do DX, o Eurohopes, cuja equipe já revelou até mesmo três scouts para a NBA.

Kevin Pelton, analista do ESPN.com com enfoque estatístico, produziu material bem interessante nas últimas semanas: as projeções numéricas dos candidatosuma defesa a Kristaps Porzingis e a produção positiva do talento internacional (ainda que sem produzir muitas estrelas).

– O Draft
É o recrutamento oficial de calouros da NBA. Hoje, são duas rodadas de seleção, com 60 escolhas no geral. Supostamente, cada clube deveria ter duas cada – mas eles podem envolvê-las em negociações, gerando um desequilíbrio ano após ano. O Philadelphia 76ers, por exemplo, tem seis picks nesta quinta-feira, sendo cinco na segunda rodada. Dificilmente vai aproveitar todas, então podem esperar que Sam Hinkie bagunce tudo mais tarde. Para variar.

Quais jogadores podem ser escolhidos? Apenas atletas de fora dos Estados Unidos que completem de 19 a 22 anos na temporada do Draft. Para aqueles que tenham estudado nos Estados Unidos, as regras mudam. Eles precisam ter pelo menos um ano de rodagem depois do high school, seja na NCAA ou no basquete profissional – em ligas estrangeiras, como Emmanuel Mudiay na China, ou na própria D-League da NBA, como aconteceu com PJ Hairston, Glen Rice Jr. e Latavious Williams no passado. Para os universitários, não há limite de idade. O pivô Bernard James, de Florida State, foi escolhido pelo Dallas Mavericks em 2012 aos 27, depois de ter servido ao Exército americano.

O fato de o jogador ser draftado não é garantia de que vá para a NBA. Os brasileiros Paulão Prestes e Raulzinho, por exemplo, já foram escolhidos por Minnesota Timberwolves e Utah Jazz, respectivamente, em 2010 e 2013, mas só foram aproveitados até agora em jogos de liga de verão, que não são oficiais. Cada caso é um caso. Paulão dificilmente vai jogar pelo Wolves, enquanto Raul ainda toca sua carreira na Europa em um ambiente mais propício ao seu desenvolvimento, seguido de perto pelos cartolas de Salt Lake City. Houve casos de atletas, porém, que simplesmente se recusaram a jogar nos Estados Unidos. Lá atrás, nos anos 80, foram vários, com Oscar Schmidt entre eles. Dejan Bodiroga é outro craque célebre que nunca teve interesse. Mais recentemente, tivemos o espanhol Fran Vázquez, selecionado pelo Orlando Magic na 11ª posição em 2005. Fechou a porta na cara do ex-gerente geral Otis Smith.


Loteria da NBA sorri para o torcedor do Lakers (e de Minnesota)
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Giancarlo Giampietro

Roda a roda! Bingo! Quem dá mais?

Parece gincana até, mas a loteria da NBA é coisa séria. Ou melhor, a liga americana conseguiu transformar até mesmo o sorteio da ordem de seu recrutamento de calouros num grande evento para TV. Um trabalho de marketing, de valorização do produto incomparável, fale a verdade. A audiência desta terça teve a maior audiência desde que a ESPN passou a transmitir a cerimônia, com um aumento de 10% em relação ao ano passado. Ajuda, claro, que Los Angeles Lakers e New York Knicks estivessem envolvidos no processo.

Para quem não viu, a ordem dos dez primeiros ficou a seguinte:

NBA Draft order, 2015

Pois é. O Minnesota Timberwolves, a pior campanha da temporada, conseguiu, hã, defender sua posição no topo da tabela, enquanto o Knicks, vice-lanterna, caiu para quarto. O Los Angeles Lakers, numa condição extremamente preocupante, poderia se ver obrigado a ceder sua escolha para o Philadelphia 76ers, caso ficasse fora do Top 5. Acabou, para alívio geral de Byron Scott, pulando para segundo. Enquanto o Philadelphia 76ers, que no final das contas não conseguiu ter nem mesmo o maior número de derrotas em seu questionado projeto, continuou em terceiro.

Alguns comentários, então, a respeito:

– Caso Flip Saunders não tente fazer nenhuma loucura, o Minnesota Timberwolves vai ter em seu elenco o número um dos últimos três Drafts. Isso jamais aconteceu na história da liga. E quem deve ser o primeiro colocado, o escolhido? A esmagadora maioria dos scouts aponta o jovem pivô Karl-Anthony Towns, de Kentucky, como o melhor prospecto. O torcedor brasileiro mais antenado vai lembrar que Towns já enfrentou a seleção brasileira vestindo a camisa da República Dominicana. É um talento formidável, mesmo, com muita versatilidade no ataque e uma presença defensiva respeitável. Tem apenas 19 anos e talvez só não esteja pronto para causar impacto imediato. Mas é visto como uma aposta segura em seu desenvolvimento. Acontece que, segundo as especulações de bastidores, entre todos os principais candidatos ao topo do Draft, o Wolves seria o único na dúvida entre Towns e o imenso Jahlil Okafor, de Duke. Saunders e seu estafe não estariam tão preocupados assim com as supostas deficiências do pivô (a falta de mobilidade ou interesse na defesa e o lance livre deficitário). Lembramos que Okafor começou a temporada por Duke como o candidato mais badalado, mesmo.

– Os dois são os favoritos a primeira e segunda escolhas. O que quer dizer que estariam dividos entre os lagos de Minnesota e os Lakers de Los Angeles.

Minneapolis_lakers_logo(…)

Sacou?

(Tu-tu-tun-tá!)

Para quem não pegou, o trocadilho vem do apelido Lakers. Não existem lagos em Los Angeles, gente. Essa foi apenas uma herança de uma franquia que saiu dos arredores da geralmente gélida Minneapolis para se basear em Hollywood, perto da praia. Uma mudança pouco estratégia, não é verdade? Aliás, a contraposição dessas duas cidades já gerou logo na noite do Draft a especulação de que os agentes dos novatos mais bem cotados possam fazer jogo duro com o Wolves, tentando empurrar seus clientes para o Lakers, que, além de qualquer fator geográfico ou climático, ainda é a segunda franquia mais vitoriosa da liga, a despeito dos fracassos recentes.

E aí? Quem está disposto a ser maltratado por Kobe?

– Só para ficar no clima piadístico ainda, talvez o fato mais comentado  que a própria definição do Wolves como o primeiro colocado – e a do Lakers, como segundo – tenha sido o de que Jahlil Okafor conseguiria segurar até 13 bolas de tênis em uma de suas mãos. Sim, mais de uma dúzia. Ver para crer:

A brincadeira aconteceu em um estúdio de gravação do Bleacher Report

A brincadeira aconteceu em um estúdio de gravação do Bleacher Report

Com a seguinte imagem, fica mais fácil de entender como é bem possível essa quantia:

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 – Sobre o Knicks: Phil Jackson não compareceu ao evento, que, talvez para os padrões vencedores do Mestre Zen, pode parecer humilhante. Os jornalistas mais combativos de Nova York, porém, relembraram o fato de Pat Riley ter subido ao palco no ano em que o Miami Heat teve a pior campanha de sua história. Fato é que, antes de tentar seduzir agentes livres para jogar ao lado de Carmelo Anthony e aceitar o sistema de triângulos, Jackson vai ter de se concentrar no Draft e caprichar na quarta escolha – ou trabalhar com o telefone sem parar para encontrar alguma proposta que lhe agrade. Seria uma bobagem o Knicks trocar o pick. Afinal, vai ter a chance de adicionar um jovem, barato e provavelmente talentoso jogador ao seu elenco. Caso queira fazer uma troca, vai ser obrigado a assimilar um salário muito provavelmente bem maior e que poderia interferir até mesmo nos planos a partir de julho. Sim, o técnico mais vencedor da liga, mas um executivo inexperiente ainda, está sob pressão, depois de uma campanha ridícula em Manhattan.

– A lista dos representantes dos clubes na loteria contou com gente como Larry Bird, Russell Westbrook, Byron Scott, Vlade Divac, Alonzo Mourning e Nerlens Noel. Cabia, então, para o Knicks um Jackson ou um Carmelo, não? Pelo menos alguém mais carismático – e que tenha muito mais responsabilidade sobre os problemas nova-iorquinos – do que o gerente geral Steve Mills. “Acho que estamos abertos a muitas coisas”, disse Mills, após a decepção do quarto lugar. “Sabemos que podemos conseguir um bom jogador nessa escolha, mas estamos abertos a conversas com os outros times e avaliar opções diferentes.”Se o Knicks mantiver seu posto no Draft, deve se dividir entre os armadores D’Angelo Russell (mais técnico, chutador, comparado a James Harden) e Emmanuel Mudiay (atlético, explosivo, no estilo de um Derrick Rose), dependendo de quem sobrar. O ala Justise Winslow, campeão por Duke, também correria por fora. Dia desses, inclusive, foi a um jogo do Yankees com Carmelo.

– Ficar em terceiro talvez tenha evitado mais dor-de-cabeça ao torcedor do Philadelphia 76ers. Sim, estamos cientes que os mais fanáticos abraçaram o projeto de Sam Hinkie com ardor, confiando naquilo que já se chama de O Processo, com caixa alta. O Processo é como se fosse uma pessoa já, sempre presente na tomada de decisão do dirigente. De qualquer forma, voltando ao ponto: a não ser que Wolves e Lakers sobrevivam, não vai passar nenhum pivô por eles, o que empurraria Philly para a seleção de Russell ou Mudiay, que cobririam a lacuna deixada por Michael Carter-Williams. Empilhar Okafor com Joel Embiid e Nerlens Noel não faria o menor sentido, ainda que o discurso seria o de que Hinkie não se importa com o entrosamento do time agora e esteja pensando no futuro.

– No final das contas, não teve nenhum susto. Do tipo: o Utah Jazz saltar da 12ª posição para a terceira. Se fosse o caso, a torcida do blog ficaria para Indiana Pacers e Oklahoma City Thunder, dois clubes que não tinham a menor intenção de participar da loteria, mas se viram forçados a entrar na roda devido a uma sucessão de graves lesões. Um novato de ponta seria uma bela recompensa. Não rolou: continua, respectivamente, em 10º e 14º. Vestido desta maneira, porém, não havia como Wess dar sorte ao seu clube:

Mais uma edição da Russell Fashion Week

Mais uma edição da Russell Fashion Week

– Uma atualização sobre Georginho e Lucas Dias: os dois estão treinando numa academia no Arizona neste momento, se preparando para um giro de treinos/testes individuais com os clubes americanos. A procura está grande, e pelo menos seis convites já foram feitos. Ambos estão listados para participar do adidas Eurocamp em Treviso, entre os dias 6 e 8 de junho. Danilo Fuzaro, que passa a ser discutido com mais frequência e aparecer nas projeções pré-Draft, também aguarda um convite para o evento, que dá exposição boa não só para os times americanos como também para grandes clubes europeus.


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