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Euroligado: trote, susto e os 16 melhores
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Giancarlo Giampietro

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Foi um episódio assustador que, felizmente, não deu em nada e se transformou numa brincadeira sem nenhuma graça. O Panathinaikos recebeu o Barcelona em Atenas, na sexta-feira, para a saideira da primeira fase da Euroliga. Os dois times já estavam classificados. Era questão só de cumprir tabela, não era para chamar a atenção de ninguém.

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Mas aí algum desmiolado teve a seguinte ideia: ameaçar as autoridades de que uma bomba explodiria no ginásio olímpico da capital grega. Sim. Deu prazo até: ela estouraria em uma hora. O jogo estava no intervalo, com vitória tranquila do Barcelona, quando as autoridades evacuaram a arena. Ou quase evacuaram: integrantes da torcida organizada do time da casa não arredaram pé do ginásio… Depois de uma varredura completa no ginásio sem identificar nenhum explosivo, com cerca de uma hora de atraso, o jogo retornou. Era apenas um lamentável trote. Claro: melhor que seja assim, sem nenhum incidente, nenhum ferido. Mas não se faz uma coisa dessas.

Em quadra, as boas notícias se concentraram em Galatasaray, Nizhny Novgorod e Zalgiris Kaunas. Esses foram os times que conseguiram as últimas três vagas no Top 16 da Euroliga. O clube lituano, aliás, sofreu horrores para assegurar seu posto no…

Jogo da rodada: Zalgiris Kaunas 80 x 79 Dinamo Sassari

James Anderson comemora aquela que talvez tenha sido a cesta de sua vida

James Anderson comemora aquela que talvez tenha sido a cesta de sua vida

Na disputa pelas duas vagas restantes do Grupo A, o Zalgiris dependia apenas de seus esforços contra o lanterna Dinamo Sassari, uma das piores equipes da primeira fase. Antes de a bola subir, o clube fez uma bela festa para o legendário Arvydas Sabonis, seu presidente, que completava 50 anos. Estava tudo armado para uma grande celebração, né? Tanto que, ao final do primeiro tempo, o time da casa vencia por 49 a 37. Mas por pouco isso tudo não virou um desastre.

O Dinamo não entregou os pontos. Pelo contrário, resolveu brigar como não havia feito em sua primeira participação na Euroliga. Com uma defesa forte, permitiu apenas 13 pontos no terceiro período e descontou dez pontos do placar nessa. Manteve o ritmo no quarto final e virou o jogo, chegando a 75 a 66 com uma bandeja do armador dominicano Edgar Sosa, a três minutinhos do fim. Imagine o choque na belíssima Zalgiris Arena, uma das mais modernas da Europa? A essa altura, eles sabiam que o time precisava da vitória de qualquer maneira, uma vez que, no duelo de russos, o Nizhny Novgorod havia batido o Unics Kazan por 78 a 74. Se o Unics tivesse triunfado, os lituanos já estariam classificados. Não rolou, então teriam de resolver por conta própria.

Com sete pontos em sequência, quatro deles do cestinha americano James Anderson, o Zalgiris conseguiu reduzir a desvantagem para apenas uma posse de bola no minuto final. Cheikh Mbodj converteu um lance livre, após ter desperdiçado o primeiro, e levou o jogo a 78 a 75 para os visitantes. Robertas Javtokas converteu uma bandeja no ataque seguinte. Depois, os anfitriões mandaram Mbodj novamente para o lance livre e ele repetiu o expediente, errando o primeiro, convertendo o segundo (79 a 77). E aí veio o grande lance: com 7s1 no cronômetro, Anderson bateu para dentro, freou e subiu para o arremesso: não só fez a cesta, acertando a tabela, como sofreu falta de Giacomo Devecchi. Ele matou seu lance livre a 2s5 e garantiu a classificação.

A outra definição

Caiu o salário ou foi vitória mesmo? O Galatasaray comemora

Caiu o salário ou foi vitória mesmo? O Galatasaray comemora

O Grupo D tinha uma vaga em aberto, a do quarto colocado, entre Galatasaray e Neptunas Klaipeda, o estreante lituano, que jogava por dois resultados (ou uma vitória sua contra o Valencia, ou uma derrota do seu concorrente para o Olympiakos). O clube turco prevaleceu nessa, ao vencer seu jogo por 79 a 74, enquanto o Neptunas tomou um vareio na Espanha: 103 a 65.

Foi uma jornada memorável para o Galatasaray, que enfrenta sérios problemas financeiros. Antes mesmo da conclusão da primeira fase, o clube já perdeu três jogadores por conta de inadimplência (“atraso de salários”): Furkan Aldemir, hoje do Philadelphia 76ers, Pietro Aradori, que foi para o Estudiantes, e Nate Jawai, que foi para o Andorra – ambos da Liga ACB espanhola.

Por conta das baixas e de desfalques, o técnico Ergin Ataman só utilizou sete jogadores numa partida dramática dessas.  Grande líder da equipe, Carlos Arroyo chamou a responsabilidade e anotou 24 pontos em 36 minutos. O pivô americano Patric Young, ex-New Orleans Pelicans e corajoso toda a vida de topar uma oferta de quem não paga, somou 13 pontos e 13 rebotes. Embora classificado e com a primeira colocação assegurada, o Olympiakos jogou para ganhar, mas o coração e/ou o desespero do time de Istambul pesou mais. Agora só fica uma dúvida: que tipo de elenco o Galatasaray vai apresentar na próxima fase.

Os grupos do Top 16
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O Grupo F vai ser uma pauleira que só. O CSKA é o favorito, mas o Fenerbahçe vem dando sinais de que talvez nesta temporada esteja realmente pronto para desafiar os times mais tradicionais. De qualquer forma, é impossível cravar aqui quatro favoritos para as quartas de final. Do outro lado, a chave ficou mais esvaziada, tendo como grande atrativo a dupla Real-Barça – garantia de dois clássicos espanhóis! O Maccabi, por sua tradição, também estaria em boas condições, não fosse seu desempenho bastante irregular até aqui.

Os brasileiros
Marcelinho Huertas foi o destaque da vitória do Barça sobre o Panathinaikos por 80 a 67. O armador está desfrutando de maior autonomia no ataque catalão para atacar. Em Atenas, foram 17 pontos, 9 assistências e 7/12 nos arremessos, em 30 minutos. Já JP Batista se despede da Euroliga com 7,8 pontos, 2,1 rebotes e 45,5% nos arremessos e 81,8% nos lances livres  em dez partidas. Na saideira do Limoges, contra o CSKA Moscou, ele jogou apenas 7 minutos. Agora o time se concentra na Eurocup, na qual divide grupo com Cantu (ITA), PAOK (GRE) e o Kimkhi (RUS).

Lembra dele? Linas Kleiza (Olimpia Milano)
Depois de um looongo inverno, o ala-pivô lituano saiu da hibernação ao anotar 29 pontos em 31 minutos pelo time italiano em vitória por 101 a 96 sobre o Turow Zgorzelec, da Polônia. Foi sua maior contagem pessoal na Euroliga, a partir de oito bolas de longa distância em estonteantes 13 tentativas. Detalhe: ele havia perdido as primeiras quatro bolas de longa distância. Depois matou suas oito em sequência. Até então, o jogador ex-Denver Nuggets e Toronto Raptors, contratado a peso de ouro, havia anotado 13 pontos na oitava rodada, contra o Bayern de Munique. Ao final da primeira fase, em sua terceira Euroliga, suas médias são de 8,6 pontos, 2,7 rebotes e 37,5% nos arremessos de três.

Tuitando

O jogo contra o Panathinaikos também teve esse detalhe: Pascual completou 500 partidas como técnico do Barcelona, pelo qual ganhou uma Euroliga (foi o primeiro treinador europeu a conseguir esse feito), quatro Ligas ACB e três Copas do Rei, desde 2008. Ele acabou de renovar seu contrato até 2017.


O Laboral Kutxa enfrentou o Estrela Vermelha, em Belgrado, com ginásio vasio. O clube sérvio, no entanto, encontrou um modo, digamos, pitoresco para colocar a torcida na arquibancada, distribuindo fotos da rapaziada pelos assentos. Fernando San Emeterio achou o maior barato.


As jogadas da semana!


Semifinalista, Lituânia usou até Frankenstein pra ser o país do basquete
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Giancarlo Giampietro

Valanciunas, o futuro do país do basquete

Valanciunas, o futuro do país do basquete

O basquete comemora: a Lituânia está na semifinal da Copa do Mundo, pela segunda edição consecutiva, depois de ter batido a Turquia por 73 a 61 nesta terça-feira, num jogo que estava enroscado por três períodos, mas foi resolvido pela maior versatilidade – e talento puro, mesmo – dos bálticos no quarto final, em Barcelona.

Não foi a apresentação mais encantadora do torneio, uma que fique para a história, as a modalidade comemora, sim. Não deixa de ser gratificante testemunhar o sucesso alcançado por uma nação de estimados 3 milhões de habitantes (praticamente a mesma de Salvador) e área total de 65,300 km2 (três vezes menor que o Paraná) e que, com esses números relativamente tímidos, constitui um autêntico país do basquete.

Uma seleção com currículo de fazer inveja a qualquer país que não se chame Estados Unidos. O mesmo Team USA que bateu a Eslovênia nesta e que vão enfrentar na semifinal de quinta-feira, um adversário ao qual devem muito de seu apego religioso pela modalidade.

Frank Lubin, de jogador de time hollywoodiano a ídolo nacional na Lituânia

Frank Lubin, de jogador de time hollywoodiano a ídolo nacional na Lituânia

Sim, eu sei: direta ou indiretamente, todo basqueteiro deve reportar aos Estados Unidos, por intermédio de James Naismith. Ainda que tenha nascido no Canadá, foi em Springfield, no Estado de Massachusetts, que ele inventou essa brincadeira de bola ao cesto. Para os lituanos, porém, um dos patriarcas de fato tem outro nome: Frank Lubin.

Nascido em Los Angeles, filho de lituanos, Lubin era um pivô de pouco mais de 2,00 m de altura, que se formou pela UCLA – instituição que, nos anos 60 e 70, contaria com os jovens célebres Lew Alcindor e Bill Walton, vocês sabem. Lubin não fez nome como o futuro Kareem Abdul-Jabbar, mas pôde celebrar como campeão olímpico pelos Estados Unidos em Berlim 1936, a primeira edição do torneio olímpico – por aquele que teria sido o primeiro Dream Team, recebendo sua medalha dourada de ninguém menos que o próprio Dr. Naismith.

Depois da famigerada competição disputada no quintal de Adolf Hitler, Lubin aceitou um convite para conhecer e trabalhar como treinador na Lituânia, aonde seria como Pranas Lubinas – o que é muito mais legal, claro. Ele ainda veria, em 1937, o selecionado báltico conquistar seu primeiro EuroBasket, em Riga, na Letônia. Como jogador e técnico, ajudou a conquistar o torneio continental seguinte, em 1939, sendo MVP de uma competição em seu time fazia as vezes de anfitrião. Ele morreu aos 89 anos, de volta à Califórnia, em 1999, dois anos depois de entrar no Hall da Fama de sua universidade.

A noiva do Boris Karloff. Quer dizer, do Frankenstein. Mas não do Frank Rubin, que fique claro

A noiva do Boris Karloff. Quer dizer, do Frankenstein. Mas não do Frank Rubin, que fique claro

Se isso já não fosse instigante o bastante, saibam que Lubinas também poderia ser identificado como Frankenstein Lubin pelos seus compatriotas norte-americanos, num trocadilho óbvio com seu nome natural, mas que que também envolvia o time e o técnico pelo qual jogava nos Estados Unidos. Acreditem: ele defendia uma equipe amadora bancada pela… Universal Pictures, um dos pilares hollywoodianos. O treinador Jack Pierce fazia seus bicos como maquiador do estúdio. Quer dizer, mais provável que o basquete fosse o bico, né? Mas vamos lá: um de seus trabalhos foi a produção “The Bride of Frankenstein”, estrelada por Boris Karloff, o verdadeiro e único Frankenstein dos cinemas – Robert De Niro que nos perdoe. Segundo esse texto fantástico de Luke Winn para a Sports Illustrated, Lubin vestia fantasia e partia em direção aos torcedores antes dos jogos, em muitas das ações promocionais que faziam para os filmes da Univesal.

Sem maquiagem ou roupas estranhas, Lubinas ser um astro, mesmo, na Lituânia, aonde passou a ser conhecido como o “Avô do Basquete”. De qualquer forma, outros americanos, entre eles Konstantinas Savickas (que nasceu em Punsk, mas emigrou para a América do Norte quando criança), também foram instrumentais para ensinar e, naturalmente, popularizar o basquete por lá. Savickas, por exemplo, foi o treinador da seleção nacional até pouco antes do Europeu de 37.

Na equipe campeã naquele ano e em 1939, os grandes nomes ainda eram descendentes diretos como Juozas Jurgela,  Vytautas Budriunas,  Feliksas Kriauciunas e Pranas Talzunas, boa parte da região de Chicago. Depois do primeiro título, a Lituânia ganhou o direito de sediar a edição seguinte. Para tanto, o governo autorizou a construção do Kauno Sporto Hal (o hall dos esportes de Kaunas), que, na verdade, recebia só jogos de basquete. Teria sido o primeiro, digamos, templo construído apenas para a prática do bola ao cesto, algo que viraria realmente um culto por lá.

A esperança de sediar mais uma vez o torneio em 1941 e de lutar pelo tricampeonato acabou da pior forma, com o estouro da Segunda Guerra Mundial. A Lituânia se viu disputada por russos e alemães no início dos anos 40 e acabou anexada novamente na composição da União Soviética. Lubinas conseguiu escapar com sua família saindo de um navio da Estônia. A reconstituição desses fatos ajuda a entender bem a paixão do país pelo basquete, não? Era como se a modalidade representasse o sonho de independência, prosperidade e glórias.

Um outro Time dos Sonhos, por diversas razões

Um outro Time dos Sonhos, por diversas razões

A ponto de o time de 1992, a primeira seleção lituana constituída após a corrosão do antigo império comunista, ganhar a aura de um conjunto secular, sob a liderança do gigantesco Arvydas Sabonis. É uma grande história que envolve grandes craques de basquete, orgulho nacional, redenção e até mesmo o Grateful Dead. Virou imperdível documentário, já abordado por estas bandas.

Desde então, o mundo do basquete se habituou a dividir o pódio com os lituanos. Eles foram semifinalistas simplesmente por cinco torneios olímpicos em sequência, levando o bronze de Barcelona 1992 a Sydney 2000 – em Atenas e Pequim, terminaram em quarto. Sem contar que o ouro soviético de 1988, sabemos todos, é, no mínimo, 85% lituano, com seus jogadores atuando por um país que, de unido, só tinha o nome – se não bastasse o talento inigualável de um Saboni, com algumas cirurgias a menos, ainda contavam com Kurtinaitis, Marciulionis e Chomicius. Na Europa, também ganharam duas pratas, incluindo a do último campeonato, mais um ouro em 2003 e um bronze em 2007. Curiosamente, em termos de Mundial, têm menos sucesso que os russos, com apenas um bronze na última edição, contra duas pratas conquistadas pelos rivais.

Como eles fazem isso? Basta paixão e dedicação?

Claro que não.

No texto de Luke Winn para a SI, o secretário geral (ou: generalinis sekretorius) da federação Mindaugas Balciunas enfatiza o trabalho de formação de seus professores. “A razão para que a Lituânia seja tão forte é nosso sistema de preparação dos treinadores”, afirma o dirigente que ajudou a criar em 2010 até mesmo um programa de mestrado para técnicos, em parceria com a Universidade de Worcester, na Inglaterra (!?) e a Academia Lituana de Edudação Física, pela qual se formou. “Desde então, ele têm persuadido membros da atual seleção, incluindo o ala Linas Kleiza, a se inscreverem nesse curso”, relata Winn. Os estudos podem ser feitos  à distância. Mas o fato é que, nas escolas do país, já são diversos os bacharéis ensinando a molecada.

Acho que isso ajuda a entender um pouco, né?

A atual seleção lituana não conta com ninguém do porte de seus grandes nomes dos anos 80, ou de um Sarunas Jasikevicius, que se despediu da equipe após Londres 2012 e se aposentou nesta temporada – hoje é assistente do Zalgiris. Mas há uma combinação interessante de veteranos como os gêmeos Lavrinovic, o ala Simas Jasaitis e o pivô Paulius Jankunas com uma nova geração liderada por Jonas Valanciunas, o xodó do Toronto Raptors, que, aos 22, é um dos cinco atletas de 25 anos para baixo do elenco. A tradição vai seguindo adiante, como não pode deixar de ser.

“Nós somos um país pequeno”, admite Sabonis. “E o basquete é o melhor caminho para mostrarmos ao mundo quem nós somos.”


Façanha de veterano espanhol resgata época dominante de Oscar na Espanha
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Giancarlo Giampietro

Oriol Junyent, aos 36 anos, teve talvez a partida de sua vida na Liga ACB. O veterano pivô do Obradoiro (vulgo “Blu:sens Monbús”) arrebentou com o garrafão do CB Canarias neste fim de semana, chegando a um índice de eficiência de 31 pontos, devido aos 20 pontos, seis rebotes, 11 faltas recebidas e sete cestas em oito tentativas de quadra. Tudo isso em apenas 22 minutos de jogo. Afinal, ele já não é dos mais jovens em quadra e precisa de um descanso.

Mas não vamos falar aqui de Junyent, que foi revelado na base do Barcelona e viveu seus melhores anos no campeonato entre 2001 e 2005, mas nunca chegou a ser uma estrela ,com médias de 6,9 pontos e 4,4 rebotes na carreira.

Oscar, na época de Valladolid

Oscar jogou apenas por duas temporadas na Espanha, mas foi o suficiente para marcar seu nome

É que a façanha estatística do pivô – superar a casa de 30 pontos de eficiência aos 36 anos – permite que se resgate a época em que um certo Oscar Schmidt era dominante na Espanha, com esta mesma idade.

Calma. Não vamos fazer aqui uma apologia de que só contam os cestinhas e nada mais no basquete – Carlos Jiménez, Andrei Kirilenko já ganharam seus posts para reforçarem o outro lado do jogo, menos badalado e igualmente importante –, mas isso não quer dizer também que os muitos feitos históricos do legendário ala brasileiro não sejam de embasbacar.

O site da ACB recuperou quais os jogadores que conseguiram superar essa difícil barreira estatística com 36 anos no documento. E Oscar foi o segundo que mais vezes bateu este feito, em sete ocasiões. Também foi quem estabeleceu o melhor índice, e disparado: 50 pontos de eficiência numa só partida, e disparado. São dez a mais do que conseguiu o ala Bill Varner, norte-americano que fez carreira na Europa nos anos 80.

(Para registrar: George Gervin, primeiro grande ídolo do Spurs, o “Iceman” da NBA, aquele que completava as bandejas mais plásticas até hoje vendidas em imagens históricas da liga norte-americana, superou a casa dos 30 pontos de eficiência dos 36 para cima em oito oportunidades.)

Existem chutadores malucos e chutadores vorazes. Entre as duas definições, pode haver um oceano todo de pontos de diferença, como no caso do Mão Santa, que justificava com facilidade o criativo e simpático apelido. Sua munheca podia ser divina, mesmo. Para um sujeito ter 50 pontos de eficiência num jogo, ele tem de ser dominante na quadra.

Por exemplo: o líder nesse quesito durante o fim de semana foi o ala canadense Carl English, que conseguiu 37 pelo Estudiantes contra o Cajasol. Foram 32 pontos, sete rebotes, duas assistências e conversão de 11 chutes 19 tentativas de quadra, sendo 7/11 na linha dos três pontos. Nada mal. Nada mal, mesmo. Só vale lembrar que English hoje tem 31 anos, cinco mais jovem do que Oscar na época – e foram 13 pontos de eficiência a menos. Tentem, imaginar, então, a linha estatística do brasileiro.

Seja por suas intempéries como cidadão, pelo papel de patropi forjado nas cabines de transmissão ou por ter jogado até idade avançada, muitos podem se confundir na hora de avaliar o que o ala fez em quadra. Esse pequeno levantamento feito pela liga espanhola, porém, ajuda a refrescar a cuca, avaliar as coisas com mais calma e distanciamento e ver o quão importante o cara já foi em quadra.

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Oscar em ação no auge

Oscar para o ataque

Nas Olimpíadas de Seul-1988, Oscar marcou inacreditáveis 42,3 pontos por jogo, quase 20 a mais do que o talentosíssimo ala australiano Andrew Gaze fez (23,9). O Brasil terminou em quinto naquela edição, mesma colocação da equipe de Magnano em Londres-2012. Antes que o acusem de unidimensional, saibam que apanhou 7,8 rebotes naquela campanha.

Naquele torneio, a seleção foi eliminada nas quartas de final pela eventual campeã União Soviética, num jogo em que tiveram chance: 110 a 105, depois de terem vencido o primeiro tempo por cinco pontos. Oscar atuou por 37 minutos e marcou 46 pontos, convertendo 13 de 23 chutes de quadra (5/8 nos três pontos) e fantásticos 17 em 18 lances livres.

(Reparem na linha daquela muralha que era o pivô Israel: 22 pontos e 11 rebotes contra um garrafão poderoso formado por Arvydas Sabonis e Alexander Volkov.)

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Com 2,05 m de altura, Oscar tinha esta vantagem: podia arremessar por cima da maioria de seus marcadores, o que lhe permitiu ser essa máquina de fazer cestas com idade avançada, mesmo quando sua capacidade atlética já não lembrava em nada a daquele ala que completava pontes aéreas com Carioquinha nos primeiros anos de profissional. Grosso modo, é como funciona com Dirk Nowitzki hoje pelo Dallas Mavericks.

Só assim para explicar como, aos 38, ele conseguiu, em Atlanta-1996, marcar 26 pontos contra os Estados Unidos, sendo marcado por gente como Scottie Pippen e Grant Hill. Neste torneio, porém, ele já não tinha mais a mesma eficiência, mas eram 38 anos, oras.

Dessa época, de todo modo, podem ter ficado os resquícios que o tacham de fominha inconsequente – bem, em Seul ele deu apenas oito assistências na campanha inteira, e, mesmo que a distribuição das estatísticas não fosse, naqueles tempos, das mais generosas, é muito pouco. Difícil, não há muito como negar a “fome”.  Também não era o melhor marcador, mas é difícil de acreditar que os 25, 30 pontos que ele fazia de um lado eram todos descontados precisamente do outro. Enfim, o Mão Santa pode não ter sido um jogador perfeito, completo. Mas foi um jogador único e mortal ao seu modo.

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Oscar é o maior cestinha de campeonatos mundiais, com 843 no total e 24,1 por jogo. Também é o maior cestinha, com 1.094 e 28,8, respectivamente. Foi sete vezes o cestinha do Campeonato Italiano e uma vez da liga espanhola. Eleito em 1991 um dos 50 melhores jogadores da Fiba, ao lado de Wlamir, Ubiratan e Amaury.

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Para fechar, um duelo entre Oscar e Drazen Petrovic em uma copa europeia de 1989 (Copa dos Vencedores de Copas Europeias, tá?). O brasileiro jogando pelo Caserta, da Itália, e o croata, pelo Real Madrid. Oscar leva o jogo para a prorrogação com um chute daqueles, mas acaba excluído no tempo extra com cinco faltas e 44 pontos. Petrovic beirou os 60 pontos e na prorrogação passava por marcação dupla no perímetro. Notem como o jogo era mais leve, as defesas mais vulneráveis e que ser um defensor no mano-a-mano ruim não era um fator restrito ao maior cestinha olímpico:


Geração lituana ganha seu próprio documentário: “The Other Dream Team”
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Giancarlo Giampietro

 

A seleção lituana de 1992 - "O Outro Dream Team"

Olha o visual de gente livre que eram os lituanos em 1992

Vamos deixar as coisas bem claras, pela ordem:

– o blogueiro não é filiado ao PCdoB, nem ao PCB – até porque os personagens do post queriam distância do regime nos anos 90;

– blogueiro nunca participou de um comício comunista (nem liberalista, diga-se) – idem;

– o blogueiro não está envolvido com os produtores do documentário abaixo – apesar de ter escrito recentemente sobre o Sabonis pai e o Sabonis caçulinha por uma coincidência dessas que até irritam, sabe?

Feito o esclarecimento, nos sentimos livres, então, para falar mais um pouco sobre o basquete lituano. Sim, eles mais uma vez. Mas agora vamos muito além do clã Sabonis e lembrar um pouco sobre a segunda grande história das Olimpíadas de Barcelona-1992. Se fazem 20 anos da aparição daquele “Dream Team” de que todos ouvimos falar, também dá para comemorar as duas décadas da seleção báltica que conquistou o bronze naqueles Jogos, uma medalha histórica.

The Other Dream Team, poster

Cartaz do documentário

Sabonis era acompanhado pelo brilhante armador Sarunas Marciulionis e pelo ala Arturas Karnisovas, belo cestinha, entre outras grandes figuras que são tratadas feito deuses em solo lituano. Foi a primeira grande competição em que o país pôde disputar como uma nação autônoma, fora da alçada soviética. Era um torneio para celebração, especialmente para o basquete, seu esporte de maior tradição. E a festa terminou com um final digno de cinema mesmo: uma vitória por 82 a 78 contra a CEI (Comunidade dos Estados Independentes, que reuniu os cacos do império da URSS). Foi a chance para eles provarem que as glórias soviéticas no basquete passavam muito pelo talento daqueles lituanos forçados a defender outras cores. É célebre a ausência do superpivô no pódio devido a sua bebedeira nos vestiários depois do jogo.

Essa história toda está, claro, muito mais bem contada no documentário “The Other Dream Team”, veiculado no Festival de Sudance deste ano, de autoria de Marius A. Markevičius. David Stern, Yao Ming, Bill Walton, Donnie Nelson, Pau Gasol e outras grandes personalidades do basquete estão entre os entrevistados estrangeiros, além das estrelas do filme.

 Entre os causos detalhados está o apadrinhamento da seleção lituana pelo grupo cult-hiponga californiano Grateful Dead, que ajudou sua preparação financeiramente e providenciou as tresloucadas camisetas que os atletas usaram em Barcelona, com a caveira que enterra, desenhada pelo artista plástico Greg Speirs. Veja mais no trailer abaixo.

Para o basqueteiro de plantão, a Lituânia deve ser realmente o país dos sonhos, em que o bola ao cesto é tratado como religião. Um país que sempre dá um jeito de produzir craques atrás de craques, embora não tenha a economia mais poderosa e nem a maior população da Europa. O jovem pivô Jonas Valanciunas, do Toronto Raptors, é hoje quem tem a missão de conduzir essa tradição. Independentemente do sucesso que obter com as novas gerações, com o lançamento desse promissor documentário, ao menos os grandes talentos produzidos em sua terra já têm memória garantida por um bom tempo.

 


O mítico Arvydas Sabonis em vídeos antes e depois das lesões
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Giancarlo Giampietro

Não faz realmente muito tempo desde que publicamos sobre o início de jornada do Sabonis caçulinha no Málaga, né?

Ao procurar vídeos do moleque de 16 anos foi natural, depois, esbarrar em imagens preciosas do pai, o legendário, para não dizer mítico Arvydas.

Sabe aquele papo de “você não imagina como era esse cara antes das lesões”? Quem viu tem a audácia de apontá-lo como o maior pivô da história. Audácia não por ser absurda a afirmação, mas, sim, porque essa seria uma discussão interminável, considerando tantos pesos pesados concorrendo. Só para definir o maior pivô norte-americano de todos os tempos é uma senhora encrenca. Imagine colocar os europeus na jogada.

Então vamos fugir correndo desse vespeiro, enquanto o ferrão não pega, e nos contentar apenas em postar alguns vídeos históricos do gigante russo. Donnie Nelson, vice-presidente do Dallas Mavericks e ex-assistente da seleção lituana – esperto o sujeito, hein? –, afirma num deles que ele era como o Dirk Nowitzki, só que ainda mais alto (2,21 m).

Bem, eu diria que isso ainda é pouco.

Dirk é um dos jogadores mais incríveis que já vimos, sua coordenação, sua habilidade para atacar a cesta, sua consistência. Um dos maiores da história.

Mas Sabonis – aí, sim, dá para cravar – ainda está num degrau acima. E não apenas pela altura ou pelas bebedeiras. O cara tinha o chute de três pontos, podia bater para dentro, mas também era um passador dos mais criativos e eficientes. Um tremendo reboteador. Um tanque de guerra fisicamente.

Tudo isso é um ótimo pretexto para gastar aqui o YouTube sem misericórdia.

Primeiro um sensacional compacto da final do Mundial Sub-19 em Mallorca, na Espanha, editado especialmente para mostrar a atuação dominante do pivô então com 18 anos… Apesar disso, os EUA seriam campeões num final de jogo apertadíssimo, liderados pela armação do jovem e futuro briguento Scott Skiles:

Agora, já no auge físico, reparem o quão explosivo ele era. Mobilidade incomum para alguém de seu tamanho. Seus defensores alegam que a desgastante agenda esportiva soviética contribuiria para algumas  de suas lesões e minar, aos poucos, seu corpo:

Nas Olimpíadas de Barcelona-1992, Sabonis, aliás, era só sorrisos ao defender sua Lituânia, depois da queda do regime soviético. Não obstante, em 1988 ele teve uma participação decisiva e empolgante. Veja ele em ação na semifinal de Seul num embate com um David Robinson, então com 23 anos. Mitch Richmond, Danny Manning, Dan Majerle, Hersey Hawkins e Stacey Augmon também estavam na derrota por 82 a 76 e teriam todos carreiras bastante produtivas na NBA.

Vejam ele ainda em tempos soviéticos, combinando lances de diversas partidas. Em um flash, podemos vê-lo dominando o garrafão brasileiro:

Para fechar, o material produzido pelo Hall da Fama (o americano), para o qual entrou em abril de 2011. Aqui temos personagens que cruzaram com o grandalhão falando em um resumo de sua carreira:


Sabonis caçulinha estreia pelo Málaga na vaga de Augusto e empolga lituanos
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Giancarlo Giampietro

Nestes tempos de vacas magras, começa quase sempre desta forma: o blogueiro sai clicando em tudo o que vê pela frente, gasta o scroll, abre uma nova janela, detona o mouse, rói a quina da mesa, coça a barbicha, está prestes a desistir até se safar com uma crônica de amistoso de pré-temporada europeia. Boa!

Domantas Sabonis, caçula de Arvydas

Domantas começa bem sua carreira com um sobrenome legendário

Fazia tempo que uma vitória como a do Unicaja Málaga sobre o Cibona Zagreb, por 89 a 57, não era tão comemorada abaixo da linha do Equador. Que massacre!

Bem, troquemos um termo antes de tudo: sai comemorar, entra “saltar aos olhos”. Pois o pivô Augusto Lima não participou do jogo devido a uma tendinite no ombro direito. Mais um problema físico para o jovem brasileiro, que vem tendo muita dificuldade para conseguir uma boa sequência em quadra.

Agora, se o Augusto não jogou, o que tem de bom aí nessa peleja para se destacar, ué?

Anotem aí, então: Domantas Sabonis.

Sabonis.

Nuff said!, exclamaria o Stan Lee, aquele senhorzinho simpático que fez ponta em tudo que é blockbuster da Marvel e é um dos padrinhos da cultura pop moderna – como se houvesse cultura pop medieval, claro.

É o filho do homem, de um dos maiores jogadores da história, gente. De apenas 16 anos, 2,05m de altura segundo a Fiba, magrelinho que nem o nosso Lucas Dias, e um dos destaques do Europeu sub-16 desta temporada, dividido entre Lituânia e Letônia. Teve 14,1 pontos e 14,4 rebotes de média e foi top 20 numa sacolada de estatísticas. Contra a Polônia, pela primeira fase, apanhou assustadores 27 rebotes – recorde nos torneios de seleções de base europeias, igualando o britânico Daniel Clark, que jogou contra o Brasil agora em Londres-2012. Mas o esforço do pivô não evitou a derrota por 77 a 69 e uma campanha horrível do país, que terminou em penúltimo.

Pois, assim como acontece com o prodígio do Pinheiros, o caçulinha Sabonis já começa a ser testado entre os marmanjos, e a imprensa lituana não se aguenta. Experimente dar um Google por “Sabonis Unicaja” para sentir a euforia. É “Šešiolikmetis D.Sabonis debiutavo „Unicaja“ gretose” para cá e  “D.Sabonis išbėgo į aikštę draugiškose “Unicaja” rungtynėse” para lá.

O garoto entrou em quadra justamente na vaga de Augusto.

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Domantas não é o único filho de Sabonis a tentar uma carreira no basquete, e nem é o primeiro a defender o Málaga. Seu irmão mais velho, Tautvydas, de 20 anos está no elenco de juniores do clube. Ele é um ala-pivô de 2,02m de estatura e coadjuvante de Jonas Valanciunas, aposta do Raptors, em sua categoria.

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Navegando pela pré-temporada dos clubes espanhóis, descobrimos também o ala Igor Ibaka no elenco do Cáceres, que disputa a fortíssima LEB Oro (segunda divisão) do país. Aos 20 anos, o irmão mais novo de Serge, porém, é apenas um convidado do time – não custa fazer gentilezas com o astro – e dificilmente será contratado. Segundo relatos da imprensa local, duvidam que ele consiga ir muito longe no esporte. “O Cáceres descarta por completo que o jovem Ibaka pode ficar e disputar a liga. Ele não está pronto para jogar na LEB Oro, e ainda falta ver se ele tem faculdades suficientes para ser um profissional de basquete”, publica o site Hoy.es. Mais cândido impossível. Aparentemente, neste caso as autoridades espanholas não precisam se preocupar em acelerar sua naturalização.


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