Drama em LA: Lakers vence, mas perde Kobe; mídia americana já teme por fim de carreira do astro
Giancarlo Giampietro
Pode parecer que falta assunto, né?
(Mas não falta, e tenho de arrumar um tempo para comentar de modo apropriado o triunfo do Pinheiros na Liga das Américas.)
Rapidinho, então, comentando a possível despedida de Kobe Bryant da temporada – e, de repente, glup!, de sua carreira.
Sim, pode parecer que falta assunto e também pode parecer sensacionalismo. Mas os primeiros relatos que vêm de Los Angeles informam que o superastro teria rompido seu tendão de Aquiles no pé esquerdo em mais uma vitória dramática do Lakers na tentativa de se apegar ao oitavo lugar dos playoffs no Oeste.
Ninguém tem ainda o diagnóstico correto ainda, não antes de se realizar uma ressonância magnética neste sábado, mas o setorista Dave McMenamin, do ESPN.com LA, diz que “você pode ver a lesão de Kobe no rosto de todas as pessoas no vestiário do Lakers: jogadores, técnicos, assessores, bicões e até mesmo na mídia”.
Tipo velório, mesmo.
O Lakers venceu por 118 a 116 – aiaiai, Stephen Curry, e se me cai aquele chute???? – e ainda mantém uma vantagem de uma vitória para cima do Utah Jazz,.
(O Jazz, aliás, bateu o Minnesota Timberwolves em casa, restando apenas duas partidas para ambos na temporada. A equipe de Salt Lake City precisa vencer apenas uma partida a mais para assegurar sua própria dramática vaga nos mata-matas – lembrem que, independentemente de uma eliminação já nas primeiras rodadas, a mera participação nos playoffs rende uma baita grana para os clubes, uma soma que, para Utah, seria ainda mais preciosa).
Ok, voltando: o Lakers venceu, se mantém em oitavo, e tal, mas pode ser que tudo tenha chegado ao fim, de todo modo, nesta sexta. Vai sempre ter esse temor de que, a essa altura, uma lesão dessas, que pediria cirurgia, possa encerrar uma das carreiras mais gloriosas do esporte, e esse foi o tom predominante na repercussão imediata na mídia norte-americana.
Por sua conta, Kobe sendo Kobe, ele fugiu de qualquer pegada apocalíptica, mas não conseguiu esconder a decepção pelo acontecido. Chorando – sim, Kobe Bryant chora! –, afirmou que “só esperava que a lesão não fosse o que ele já sabia que era”. Uma bela frase que podia se encaixar em qualquer canção de rock, né?
Em uma entrevista tocante, disse ainda que já consegue se irritar com quem pense que sua carreira terminou por aqui, que não conseguia andar, que se sentia simplesmente como alguém que não tinha mais um tendão de Aquiles e que, agora, só resta fazer o exame, passar por uma cirurgia e se recuperar.
E o Lakers?
Consegue seguir em frente depois de algo tão chocante assim? O time agora pode botar em prática a movimentação de bola com a qual Pau Gasol (triple-double contra o Warriors, com 26 pontos, 11 rebotes, 10 assistências, genial) sempre sonhou?
Nesse ponto, francamente, pouco importa.
Você pode odiar o Lakers. Odiar Kobe Bryant. Torcer para o Celtics. Ou para o Spurs. Você pode detestar tudo o que é notícia da NBA em geral. Mas você só não pode esperar que essa realmente tenha sido a última apresentação do craque.
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Antes de se retirar de quadra, depois da lesão, dando lugar a Ron Artest com 3min05s de jogo, Kobe converteu seus dois lances livres, empatando o jogo em 109 a 109. Não havia conseguido, desta vez, colocar seu time na frente. O Lakers bateu o aguerrido, mas ainda inexperiente Warriors, lembrando, por dois pontos.
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É meio que absurdo, mas era o preço que Kobe concordara em pagar. O sujeito teve média de 45,2 minutos por jogo neste mês de abril, o maior tempo de quadra de TODA a sua carreira em um mês, aos 34 anos, 17 de NBA.