Vinte Um

Arquivo : Marcus Camby

Scout conta a importância de Jason Kidd para o Knicks em sutis detalhes
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Giancarlo Giampietro

Jason Kiddi em ação

Havíamos escrito aqui sobre a influência positiva que o veterano Jason Kidd já exercia sobre seus novos companheiros Knickerbockers, como um dos componentes por trás forte início do New York Knicks. Para deixar bem claro que influência é essa, nada melhor do que acionar quem entende. Veja o que disse ao jornalista Ric Bucher, ex-ESPN, um scout da liga norte-americana (eles viajam para avaliar os adversários também, e não só atrás de calouros):

“Dê um baita crédito a Jason Kidd por fazer aquelas jogadas sutis, espertas e em prol do time que criam oportunidades e não aparecem no resumo estatístico: correr rapidamente para preencher um espaço no contra-ataque e então se deslocar para o outro lado da quadra para abrir espaço para alguém que venha de trás, por exemplo. Isso força seus companheiros que se importam mais com as estatísticas a serem menos egoístas. Nunca vi um atleta cujas habilidades tenham diminuído tanto, pensando fisicamente, e que ainda peça tanto respeito assim. Ao escalar Kidd com Chandler, o Knicks também ganha a combinação de liderança que esteve por trás do título do Mavs em 2011.”

(A entrevista desse olheiro foi feita bem antes da vitória impressionante do Knicks sobre o Heat nesta quinta-feira.)

Precisa dizer mais?

Não precisaria, mas o scout ainda tem outro comentário a fazer, exclusivamente do ponto de vista tático:

“Além disso, o Knicks tirou uma página do caderninho dos técnicos do Dallas ao colocar Kidd ao lado de outro armador que possa atacar via infiltrações com dribles que ele não consegue fazer mais. Note-se que, do outro lado, o Dallas sente muito sua falta. Eles não têm mais ninguém para organizá-los nos minutos finais. Ele teria se encaixado muito bem com Darren Collison e OJ Mayo.”

É isso: se você consultar os números de Kidd, vai pensar em um jogador decadente – o que de certa forma é verdade, se comparado com aquele dínamo do início da década passada, sempre beirando um triple-double de média. Poucos pontos, poucas aassistências, menos rebotes. Mas ainda um senhor ladrão de bolas e cada vez melhor no tiro de três pontos. De todo modo, numa olhadela rápida, não pareceria para muitos um grande jogador (ignorando o nome).

Que nada. Kidd ainda faz a diferença. Fica o convite para, nos tantos jogos do Knicks transmitidos por aqui, que observem o velhinho fora da bola para se captar esses detalhes sutis de que fala o scout, detalhes que fazem do basquete um jogo maior.

*  *  *

Outros motivos:

– Carmelo Anthony nunca esteve tão engajado assim em quadra. Para não dizer nunca, dá para resgatar seu empenho nos playoffs de 2009, quando, em parceria com Chauncey Billups (outro da estirpe dos “vencedores”), carregou a equipe até as finais da Conferência Oeste, no melhor resultado da franquia desde 1985. O melhor basquete de Carmelo – combativo na defesa, atacando o garrafão com ferocidade, sem se contentar com os chutes de média e longa distância muito mais cômodos –, o melhor resultado do Nuggets em 24 anos. Coincidência?

– É meio bizarro escrever isso, para ver a que ponto chegamos, mas a lesão de Amar’e Stoudemire foi, como eles dizem lá, a benção na desgraça. O ala-pivô tem mais de US$ 60 milhões para ganhar até 2015, mas, devido ao acúmulo de lesões, já não lembra em nada mais aquele furacão ofensivo dos tempos de Suns, perdendo impulsão e explosão. Justiça seja feita, por outro lado: ciente da redução de suas capacidades físicas, para compensar, Stoudemire refinou seu arremesso a um ponto em que não pode ficar livre em nenhum ponto da quadra. O problema: ele parou nessa. Para o jogador, o que vale é bola na cesta e pouco mais. Para alguém que ficou tanto tempo com a bola em mãos durante a carreira, sua média de 1,5 assistência por jogo é patética e se sustenta até mesmo numa projeção por 36 minutos de ação – já que ele nunca foi muito de descansar quando estava apto para atuar. E mais: apenas 7,3% das posses de bola em que foi acionado terminaram em um passe decisivo para um parceiro.

E o que acontece? Quando você coloca lado a lado um fominha destes com um fominha como Carmelo, um competindo com o outro para ver quem é o xerife de Manhattan, não dá muito certo. São dois cestinhas excepcionais, mas que não sabem dividir a bola. Com a chegada de Kidd e uma aparente auto-reflexão de Anthony, as coisas mudaram um tanto. Quando retornar, o astro vai se enquadrar nesta nova realidade da equipe? Vai deixar o ego e o ciúme para lá? Toparia sair do banco de reservas? Em breve os tablóides e torcedores, técnicos e jogadores do Knicks vão saber a resposta.

– Além de Kidd, outros veteranos ajudam, imagino, a manter o restante concentrado em objetivos maiores. Kurt Thomas, Rasheed Wallace e Marcus Camby já aprontaram das suas, e muitas vezes, durante carreiras longínquas, mas hoje devem servir até como assistentes dos treinadores em quadra. Recomendável, de qualquer forma, monitorar o comportamento de Camby, que assinou com a equipe com a perspectiva de ser o terceiro pivô da rotação com Chandler e Stoudemire e hoje mal consegue entrar em quadra devido a atuações surpreendentes de Sheed.

PS: Durante dezembro, por motivos de ordem profissional (embora a gente goste mesmo é de férias, o Vinte Um vai ser atualizado num ritmo um pouco mais devagar. Voltamos no final do mês com tudo.


Mercado da NBA: panorama da Divisão Atlântico
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Giancarlo Giampietro

O post já vai ficar imenso, então vamos direto ao assunto. A partir desta quarta-feira, os clubes da NBA começaram a oficializar os acordos que trataram nos últimos dias, em período agitado no mercado de agentes livres. Nesta quarta, resumimos o Leste. Confira o rolo em que cada franquia da Divisão do Atlântico se meteu, ou não, abaixo:

Boston Celtics: a casa do quinto brasileiro da liga, o pivô Fabrício Melo, draftado como um projeto de longo prazo de um time que joga para vencer agora. O chefão Danny Ainge cuidou bem para que tivesse bastante espaço em sua folha salarial neste mercado. Muitos esperavam uma drástica reformulação no elenco. No fim, ele manteve sua base, renovando contrato com Kevin Garnett e Brandon Bass e acertando o retorno de Jeff Green, que ficou afastado do último campeonato devido a uma cirurgia no coração. Ainda assim, o técnico Doc Rivers lamentou muito a traumática saída de Ray Allen, que decidiu se transferir simplesmente para os arquirrivais do Miami Heat. Os boatos dão conta de que o veterano ala já não se bicava com Rajon Rondo de modo algum e ainda estaria com o orgulho bastante ferido por ter sido envolvido em diversas negociações (fracassadas) de Ainge nos últimos meses.  Como compensação, chega o tresloucado e ainda eficiente Jason Terry, de Dallas.

Deron ficou no BrooklynBrooklyn Nets: O  gerente geral Billy King conseguiu segurar o armador Deron Williams, renovou com Gerald Wallac e trouxe o ala Joe Johnson em uma troca –o salário absurdo do ala pouco importa para o bilionário Mikhail Prokhorov e, mais importante, Williams admitiu durante os treinamentos com a seleção norte-americana que sua contratação pesou muito na decisão de ficar no Nets. O bósnio Mirza Teletovic, destaque no basquete espanhol nas últimas temporadas, também é reforço. Já é o bastante? Nada, King ainda está pendurado no telefone tentando encontrar algum meio de resolver a saga que virou a tentativa de contratar Dwight Howard.

New York Knicks: o time de Manhattan agora tem um vizinho barulhento nas fronteiras nova-iorquinas e  teve de se virar para se manter em evidência no mercado. Se a negociação por Steve Nash naufragou, o clube ao menos vai poder contar com os veteranos Jason Kidd e Marcus Camby em atividade no Madison Square Garden na próxima temporada, na tentativa de trazer estabilidade ao seu elenco. Os alas JR Smith e Steve Novak renovaram. Ah, e você se lembra do Jeremy Lin? O armador aceitou uma proposta do Houston Rockets, mas o Knicks tem o direito de renová-la, não importando que tenham de pagar zilhões de dólares em multas a partir de 2015. Afinal, ele já rendeu mais que zilhões de dólares para a franquia em menos de seis meses. Já o ala Landry Fields pode ser o queridinho de Spike Lee, mas nem James Dolan parece disposto a cobrir a oferta feita pelo…

Camby em sua primeira passagem pelo Knicks

Camby, há 10 anos, pelo Knicks

Toronto Raptors: Steve Nash frustrou muitos nova-iorquinos, mas partiu o coração dos radicais torcedores do Raptors, que sonhavam com sua contratação para que ele, enfim, vestisse o uniforme de Capitão Canadá.  Pior: na tentativa de detonar os planos do Knicks, Bryan Colangelo encaminhou proposta para Fields que deixou muita gente perplexa. Seu plano era sabotar as negociações dos concorrentes com o Phoenix Suns. Mal sabia ele que havia mais gente poderosa no páreo. Como consolação, o dirigente fechou a contratação de Kyle Lowry em sequência. Ele pode não ter o apelo de Nash, mas é mais jovem, marca muito mais e vem em evolução contínua na sua carreira. Ainda falta assinar com o jovem pivô lituano Jonas Valanciunas.

Philadelphia 76ers: era o último ano de contrato, valendo US$ 18 milhões, mas o Sixers decidiu que não valia esperar: resolveram anistiar o ala-pivô Elton Brand pra já, mesmo, limpando sua folha salarial ­– embora tenha ainda a obrigação de arcar com o pagamento do veterano – para investir em outros atletas, como o ala Nick Young e o pivô Spencer Hawes, que vai ganhar um aumento em sua renovação contratual. Por enquanto é isso, mas há uma tímida expectativa de que o time possa se movimentar mais nas próximas semanas.  O ala novato Moe Harkless é mais um atleta de primeiro nível para o elenco.

Veja o que aconteceu até agora nas Divisões Central e Sudeste.

Na quinta, passamos a limpo aqui a Conferência Oeste.


Rumo ao Knicks, Kidd e Camby são mais 2 vovôs a cacifar na NBA
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Giancarlo Giampietro

Aos 39 anos, um dia depois do acerto de Steve Nash com o Los Angeles Lakers, Jason Kidd foi mais um veterano a surpreender no mercado da NBA e mudar de clube. Na semana passada, ele chegou a um acordo verbal com o New York Knicks, se desligando do Dallas Mavericks pela segunda vez na carreira.

Os termos do contrato de Kidd ainda não foram divulgados, mas as informações preliminares indicam que seria algo em torno de US$ 9 milhões por três temporadas. Fazendo as contas, ele jogaria até os 42. Camby iria até os 41, já que seu contrato também é de três anos, sendo o terceiro apenas parcialmente garantido.

Jason Kidd

Jason Kidd diz adeus a Dallas

Rapidamente: Kidd vem de sua temporada mais fraca na liga, com as menores médias de minutos, pontos, rebotes e assistências em seu jogo não mais tão dinâmico. Ainda assim, para o Knicks, é uma contratação perspicaz: o armador é extremamente respeitado pela nova geração e leva para a Big Apple uma influência apaziguadora, tentando fazer a ponte entre Amar’e e Carmelo – distância que em alguns momentos do campeonato passado parecia mais larga que o próprio Rio Hudson.

Já Camby se apresenta como um ótimo defensor na reserva de Tyson Chandler, fortalecendo a rotação de garrafão do Knicks com Amar’e Stoudemire. Ele retorna ao clube pelo qual viveu grandes dias na temporada 1999, alcançando a final para surpresa geral, no lugar de Patrick Ewing.

Agora, em termos de um grande cenário, é curioso ver como os vovôs estão lucrando nestas férias. Nash, 38, vai assinar por algo em torno de US$ 27 milhões por três anos. Mesma duração do novo contrato que será firmado entre o Boston Celtics e Kevin Garnett, 36, em vínculo de cerca de US$ 34 milhões. Teve também a ‘traição’ (nas palavras de Jarret Jack, veja bem) de Ray Allen, que trocou o Boston Celtics pelo Miami Heat.

Bela “aposentadoria” para a turma, não? Falta apenas Tim Duncan decidir se segue ou não jogando. Pelo Spurs, óbvio.

Não chega a surpreender. A preparação física, os cuidados alimentares, tratamentos médicos, todo esse conjunto em torno do desenvolvimento atlético dos jogadores só evoluiu nos últimos anos. Quem quiser vai se cuidar. É recomendável que não sejam exigidos por mais de 40 minutos de jogo? Claro. Pode ser que eles quebrem a qualquer jogo? Pode.  Mas, por enquanto, se não há sinal claro que indique isso, os cheques vão sendo cruzados sem controle.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Jason Kidd em sua encarnacão passada.


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