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Arquivo : Leandrinho

Afeito ao drama, Lakers escolhe Mike D’Antoni e ignora pedidos por Phil Jackson
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Giancarlo Giampietro

Mike D'Antoni x Phil Jackson

Depois de fracassar com um Mike, Lakres escolhe outro, com Phil Jackson disponível

O Lakers deu na manhã desta segunda-feira mais uma boa amostra de que, em Hollywood, o dramalhão pode ser tão, ou mais importante do que o star power. Só assim para entender a mudança repentina de direção do alto comando da franquia (Jerry Buss pai, Jim Buss filho) na hora de contratar o próximo técnico do clube. Depois de se atirarem para cima de Phil Jackson em desespero, recuaram cheios de orgulho para suas trincheiras, ligaram para Mike D’Antoni ontem pela noite já sabendo que dessa vez ouviriam um “sim, senhores” de cara.

É até engraçado: a franquia divulgou comunicado bem cedinho – antes mesmo de o Twitter norte-americano sair da cama, especialmente em Los Angeles e seu fuso horário do Pacífico. Talvez para dar algum tempo, alguns minutos preciosos que fossem, para que jogadores, a liga toda, jornalistas e torcedores assimilassem aos poucos a surpreendente contratação. Se eles fizessem isso, digamos, ao meio-dia em LA, meio da tarde no Leste, era bem provável que toda a Internet mundial viesse abaixo, e o Vinte Um funcionaria apenas em um espaço virtual: a mente delirante de um blogueiro.

Existem duas correntes lá fora para tentar explicar a opção por D’Antoni:

1) a oficial, na qual a família Buss assegura que a preferência de toda a direção (Jerry Buss pai, Jim Buss filho e o gerente geral Mitch Kupchak) foi, sim, por D’Antoni, de modo unânime. Os três acreditariam que o ex-treinador de Nuggets, Suns e Knicks combina melhor com o elenco atual e que o sistema de triângulos seria muito semelhante ao de Princeton, considerado um fiasco neste início de campanha;

2) a teoria da conspiração, na qual os rumores dizem que Jackson teria pedido mundos e fundos para aceitar o emprego de volta, o que teria voltado a injuriar o ego do Buss filho, com quem já havia travado uma disputa ferrenha nos bastidores durante sua última gestão;

No fim, pode ter sido um pouco dos dois. Não são argumentos excludentes. Talvez por uma picardia contra o desafeto, Phil Jackson tenha feito algumas exigências inéditas. Vai saber: tem quem diga que sim, tem que diga que não, que exageraram na boataria e que não haveria nada de absurdo no pacote Zen. Então talvez a decisão tenha sido mais técnico-tática: instaurar o sistema de triângulos no meio de uma temporada, porém, também não seria muito fácil e, embora Kobe, Gasol, Artest e, alto lá!, Steve Blake estivessem habituados a ele, outros 12 jogadores começariam do zero. Mike D’Antoni, por outro lado, emprega um ataque muito mais simples e também bastante eficiente. O coordenador ofensivo do Coach K na seleção norte-americana também tem uma boa relação com Kobe e Howard. Sobre Nash, nem precisa dizer: é seu cabo eleitoral.

D'Antoni, amigão de Nash

Steve Nash acordou feliz nesta segunda-feira

Agora, ficamos por aqui com os argumentos razoáveis.

Não por achar que D’Antoni é uma mula irrecuperável. Seus times históricos do Phoenix Suns ficaram muito perto da glória no Oeste durante quatro, cinco anos. Apenas tiveram uma tremenda falta de sorte em alguns anos, ou se depararam com uma combinação Tim Duncan-Tony Parker-Manu Ginóbili-Gregg Popovich que foi boa o bastante para derrotar até mesmo o Lakers de Jackson nos playoffs. Dizer que o Suns fracassou com o ataque do “Sete Segundos ou Menos” seria subestimar demais o basquete do Spurs.

Mas tem um baita problema: se D’Antoni quiser colocar seus rapazes para correr mesmo depois de o adversário fazer uma cesta, como acontecia de praxe no Arizona, provavelmente vai ter de jogar o quarto período com Darius Morris, Jodie Meeks, Devin Ebanks, Jordan Hill e Dwight Howard. O restante da velharada estaria na enfermaria. O elenco do Lakers DEFINITIVAMENTE não foi feito para jogar em transição, quanto menos uma transição enlouquecida, intensa, sem-parar. A família Buss pode querer o showtime, mas ot ime aguenta?

Kobe, mais orgulhoso não tem, vai dizer que é como se fosse uma caminhada no paraque. Nash vai lembrar dos bons tempos, mas a quantidade de minutos jogados pela dupla durante toda a sua carreira não pdoe ser ignorada. Tem de maneirar com os velhinhos para tê-los inteiros nos playoffs – ainda mais com o Capitão Canadá distante do estafe mágico de preparadores físicos do Suns. Sem contar que o MettaWorldPeace que nunca foi um velocista. Nem Pau Gasol, também muito mais habituado a operar em meia quadra. O sexto Antawn Jamison já correu muito pelo Warriors no início deprimente de sua vida na liga que já está cansado disso também, aos cacarecos. Contra-ataque não combina.

Outro ponto: Quentin Richardson, Jim Jackson, Joe Johnson, Raja Bell, Leandrinho, James Jones, Tim Thomas, Jared Dudley e mesmo Shawn Marion foram atiradores de três pontos minimamente competentes que ajudavam a abrir a quadra para Nash operar seus pick-and-rolls com Amar’e Stoudemire. Seria uma ação que poderia ser replicada agora com Howard. Mas, sem chutadores com 40% de aproveitamento de fora, pode ser muito mais fácil de se conter. E mais: se Marion ficou magoado por muitas vezes achar que estava posto de escanteio, imaginem o quão feliz um Kobe Bryant ficaria nesse contexto. O astro precisa ser envolvido de todas as formas, e a bola nas mão de Nash o tempo todo não faria bem algum para a química do time nesse sentido.

Mike Woodson x Mike D'Antoni

Com uma mãozinha de Mike Woodson (e), D’Antoni conseguiu montar um Knicks com boa defesa no ano passado. Quem vai ajudá-lo em LA?

Estamos falando só do ataque. O lado da quadra que, pasme, talvez não estivesse precisando de reparos! Quando Brown foi demitido, a equipe angelina tinha a quinta ofensiva mais eficiente da liga. Jogando com Princeton e tudo. Posto mantido até esta segunda-feira: cliquem aqui para conferir. E o que dizer da defesa? Com Howard ainda recuperando a boa forma, a atual configuração do time se provou tão vulnerável como no ano passado. No geral, o Lakers simplesmente é mais lento que boa parte de seus concorrentes, para não der muito mais lento. Para proteger sua cesta, esse time tem de jogar com uma formação bem compacta e com muita disposição por parte dos jogadores. Brown, que havia montado grandes defesas durante toda a sua carreira, não conseguiu em Los Angeles. E D’Antoni jamais vai ser considerado um mestre retranqueiro – as más línguas se referem a ele como Mike No-D.

Mas, calma.

Calma que tem mais.

O problema vai além do ponto de vista tático.

Nos últimos dois jogos do Lakers em casa, vitórias contra as babas que são Warriors sem Bogut e Kings sem Cousins, a torcida não parou de gritar por Phil Jackson. Star power, lembrem-se. Dirigir essa equipe não se limita a uma prancheta, a uma lousa mágica. Você precisa ser bom de relações públicas também para cruzar o caminho de Jack Nicholson, oras. Foi a grande dificuldade de Mike Brown por lá, tanto para convencer uma exigente base de seguidores, como para administrar seus atletas. D’Antoni sempre se deu bem com quem treinou, tirando Carmelo Anthony e Shaquille O’Neal. Em Nova York, porém, ele penou para lidar com a pressão. E lá vem chumbo grosso.

Seu início no cargo, aliás, já não vai ser dos melhores. É até difícil de acreditar, mas, entre Jackson e o novo técnico, o Mestre Zen, aquele que se arrastou para sair de quadra na humilhante derrota para o Mavs nos playoffs de 2011, é quem está mais saudável no momento. O escolhido acabou de passar por uma cirurgia no joelho e está impossibilitado de viajar. Ele foi anunciado, mas sua apresentação deve ficar só para terça-feira, no mínimo. Bernie Bickerstaff teria de seguir, então, como o interino até seu substituto juntar forças e se dizer pronto. Agora imagine uma noite qualquer em que o time vá para a quadra, tropece e, de repente, sem nem mesmo o cara chegar, os cantos por “We Want Phil!” fossem ecoados no Staples Center? Como fica?

É bom que Mike D’Antoni se apresse e corra tão rápido feito um Leandrinho.

Porque de drama o Lakers já está bem servido. Não precisa de mais.


Temporada da NBA começa desastrada para a família Rivers
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Giancarlo Giampietro

Era para ser uma celebração, né?

Quando um filho decide seguir a carreira do pai, e os dois têm a chance de se encontrar em atividade, numa NBA ainda? Que se estoure o champanhe. Mas, agora que acabou a garrafa, a família Rivers precisa se livrar da ressaca. O começo de temporada está complicado para Doc e Austin.

*  *  *

Por questão hierárquica, de respeito, comecemos pelo pai.

Com Pierce e Garnett ainda produtivos, o elenco reforçado por mais veteranos e também pernas novinhas em folha, o Celtics abriu sua campanha com a perspectiva de ser o único time do Leste capaz de desafiar o campeão Miami Heat. Por enquanto, sua luta, mesmo, é para chegar ao 50% de aproveitamento.

Doc Rivers

What’s up, Doc?

Em cinco jogos, duas vitórias e três derrotas. Vale o oitavo lugar no Leste, empatado com o Orlando Magic pós-Dwight Howard. O Orlando Magic de Glen Davis e E’twaun Moore, dois jogadores ex-Boston, diga-se. Em termos estatísticos, a equipe de ascendência irlandesa tem apenas o 20º ataque mais eficiente do campeonato e, pasme, a 19ª defesa eficiente. Ah! E as duas vitórias aconteceram contra  o Wizards, com Nenê e Wall de molho.

“Temos que fazer com que mais caras joguem com mais empenho e melhor. Sabe, eu não ligo se nós jogamos bem ou não, porque isso faz parte, são humanos. Se você vai fazer seus arremessos ou não, acontece. Mas apenas temos que jogar com mais concentração e cumprir com nossos sistemas de uma forma melhor”, disse Doc.

É um início decepcionante. Principalmente ao se constatar que o núcleo que Rivers tem em mãos é o mesmo da temporada passada, precisando basicamente integrar Courtney Lee e Jason Terry nos papeis de Avery Bradley e Ray Allen e dividir o restante dos minutos com reservas de pouco impacto até agora – e, por enquanto, nesta categoria está incluído Leandrinho. Não era para capengar tanto.

Os poréns são: a) ainda é muito cedo; b) no ano passado, aconteceu mais ou menos a mesma coisa. Pierce e Garnett levam um pouco mais de tempo para entrar em forma plena. Além disso, o Celtics só engrenou de verdade quando Bradley foi promovido ao quinteto titular, formando uma blitz defensiva no perímetro.

Ninguém em Boston vai tratar Rivers como se ele fosse um Mike Brown. Mas o laureado técnico vai ter muito mais trabalho para acertar sua máquina, pensando longe, numa boa posição nos playoffs do Leste, e o decorrente mando de quadra e uma fuga do Miami nas rodadas preliminares.

*  *  *

Austin e o tio Monty

Monty não vai ter a ajuda de Doc para refinar o jogo do impetuoso Autin Rivers

Tudo tem seu tempo, jovem.

Agora falemos de Austin.

O armador/escolta já foi considerado o melhor atleta de sua geração nos anos de High School. Acima do Monocelha nos rankings. De verdade. Nestes tempos, Rivers era um cestinha de mão cheia. Deixava os adversários malucos. Fosse por seu repertório vasto de movimentos ofensivos, fosse, especialmente, sua atitude. Cheio de bravatas, provocações, andando em quadra sempre com uma postura desafiadora, de que com ele ninguém podia.

Listado oficialmente com 1,93m de altura, frágil fisicamente, e, dependente muito mais de seu jogo de pés do que de suas capacidades atléticas, já teve problemas para traduzir seu jogo para o basquete universitário. Mesmo sob a orientação de um Coach K, num time de ponta, com outras opções em quadra para desafiar a atenção, não conseguiu se firmar como um prospecto de elite.

Ainda assim, foi escolhido em número dez pelo Hornets no Draft da NBA. O técnico Monty Williams teve bastante influência nesta decisão, sendo bem próximo de Doc e uma espécie de tio para Austin. Mas não que tenha sido tudo na base da amizade: o talento do jovem Rivers sempre foi muito polarizador. Uns creem que ele realmente pode ser uma força criativa e eficiência no ataque, que sua personalidade só colabora para isso, que ele não abaixará a cabeça para nada e será relevante nem que seja na marra. Do outro lado, os críticos acreditam que sua teimosia em jogar como se ainda fosse O Cara, sem se adaptar a adversários muito mais capacitados (nas mais diversas áreas), refletiria em números desastrosos na liga.

Por enquanto, esse segundo grupo está vencendo a queda de braço. Em quatro jogos, o garoto acertou apenas sete de seus, glup!, 32 arremessos de quadra. Ruim para 21,9% de aproveitamento. No confronto com o Spurs, transmitido aqui pela ESPN, vimos realmente uma seleção ofensiva escandalosa por parte do atleta: tiros em flutuação da cabeça do garrafão, arremessos de três precedidos por crossover supostamente matadores, bandejas aventureiras e uma porção de pedradas que, pelo menos, não quebraram a tabela novinha do ginásio do Hornets.

“Obviamente, vai haver alguns escorregões quando você tem 19 ou 22 anos, e seus hormônios estão malucos”, disse o Coach Monty. “Temos apenas de acertar isso. Acho que o jogo está rápido para ele (Rivers) agora, e acho que ele está tentando aplicar seu jogo, tentando fazer o que pedimos, mas vamos melhorar isso.”

De fato, é bom que o técnico trate de dedicar um tempo ao seu novo pupilo. Porque, em Boston, o papai Doc já está bastante ocupado.


Palavra-chave para Leandrinho na temporada 2012-2013: eficiência
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho em Boston

Tirando logo do caminho: para jogar no Boston Celtics, Leandrinho terá de fazer sua melhor temporada defensiva na NBA. É um pré-requisito. Lapsos de posicionamento fora da bola, pouca movimentação lateral e falta de combatividade são coisas que não serão aceitas por Doc Rivers e seu estafe, e o ala-armador tem toda o talento atlético do mundo para cumprir um bom papel na retaguarda. Não precisa virar um Ron Harper, mas vai ter de quebrar o galho, pelo menos.

Agora, o que precisa fazer a diferença para o ligeirinho é seu ganha-pão: colocar a bola na cesta. Foi como um explosivo pontuador saindo do banco de reservas que ele conseguiu construir uma sólida e duradoura carreira na liga norte-americana. É para isso que foi contratado e é isso que vai ter de fazer muito bem, com eficiência. Algo que ele vem perdendo nos últimos três anos.

Atrapalhado por uma insistente lesão no pulso direito, sentindo dificuldade para se adaptar após as mudanças para Toronto e Indianápolis, Leandrinho viu seus números caírem em diversas categorias ofensivas desde sua campanha de despedida em Phoenix. Foi um dos motivos para entender sua demora para encontrar um novo emprego.

Mesmo que não tenha muitos minutos para se soltar, o ala-armador precisa se concentrar em sua seleção de arremessos, não confundir velocidade com afobação e buscar seus pontos preferidos em quadra sem perder de vista o que se passa ao seu redor e sem trombar com Jason Terry. Nos mais diversos estudos avançados de estatísticas (Basketball Reference e John Hollinger, por exemplo), dois pontos em comum nas métricas do brasileiro são sua propensão cada vez menor para as assistências e uma curva consistentemente ascendente em desperdícios de posse de bola.

É bom que ele dê um jeito de remediar essas tendências negativas, tendo agora o amparo de uma aclamada comissão técnica e companheiros que cobram e apoiam bastante também, no time mais casca grossa destes tempos. Pois seu tempo de quadra regular pode ter prazo de validade – outra possível palavra-chave para o título seria “janeiro”, aliás.

O primeiro mês de 2013 deve ter o retorno de Avery Bradley, o ala-armador que tornou a defesa do Celtics ainda mais sufocante na temporada passado. A partir do momento em que o jovem ganhou a vaga de Ray Allen no time titular, o time melhorou num todo em sua contenção, sofrendo muito menos pontos por minuto. Da mesma forma ele causou um impacto individual: frequentemente os atletas que ele marcou perderam em rendimento, valendo isso até mesmo para um Dwyane Wade.

Quando Bradley voltar de sua recuperação de uma cirurgia no ombro, deve ser para jogar. Não importam seus 21 anos, no caso. Na verdade, a pouca idade é mais um fator complicador para o brasileiro na disputa por minutos, já que seu concorrente faz parte dos planos do presente e do futuro da franquia, em dupla com Rondo.

Tudo isso não é uma questão de mera descrença em Leandrinho. Para chegar ao ponto em que está, o cara precisou batalhar muito. A luta agora só continua. Em termos de capacidade atlética, seu potencial ainda é incrível.  Acontece apenas que, em Boston, seu pacote técnico-tático será bastante exigido. E o que ele fizer nesta temporada terá, obviamente, impacto no prolongamento de sua carreira na NBA.


Doc Rivers conta como pretende usar Leandrinho em Boston
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho vai sair do banco do Boston Celtics, provavelmente para substituir Rajon Rondo, mas isso não quer dizer que Doc Rivers vá forçar a barra e querer transformar o brasileiro num armador. Conforme escrito aqui há alguns dias, a gente sabe muito bem no que isso ia dar. Ufa.

Rajon Rondo e Doc Rivers

Doc escolhe um comitê para poupar Rondo

Na verdade, quando tiver de descansar Rondo por um tique e um taque, Rivers deve adotar a armação, condução da equipe por comitê. Vários jogadores em quadra que possam carregar a bola de modo decente e tocar o barco a partir daí. “Eu amo sua velocidade e sua habilidade para levar a bola, mas não temos um armador reserva, o que temos é mais um carregador de bola. Nossa teoria é que, se jogarmos três carregadores  de bola na quadra, alguém vai poder subir com ela – e este é o modo como vamos jogar com nossa segunda unidade”, explicou o técnico.

O bom é que Leandrinho já sabe o que o espera. Em entrevista ao Basketeria, já em Boston, ele afirma que foi informado sobre a escalação de Courtney Lee como titular e que ele jogaria ao lado de Jason Terry. “Vai ser difícil para um time que tiver marcando a gente porque vai ter que marcar um ou marcar outro, um vai ter que ficar livre”, afirmou, confiante.

Aqui é hora de colocar um bedelho: tanto Terry como Leandrinho estão acostumados a advogar em causa própria. Os dois reservas começaram suas carreiras com a esperança de se transformarem em armadores – Terry em Atlanta, Leandrinho em Phoenix –, mas esses experimentos foram abortados um ou dois anos depois pelos clubes. Passaram a ser aproveitados essencialmente como finalizadores, como os pontuadores saindo do banco de reserva para manter o pique de seus times no ataque. Como o próprio brasileiro afirma: “O Jason Terry tem mais ou menos o mesmo jogo que eu, eu gosto mais de ir lá dentro na cesta, ele gosta mais daquele chutinho de dois pontos. Mas eu tenho certeza que a gente vai se entender”.

Não vejo problemas de ego interferindo nesta situação. A dificuldade é assimilar apenas a química em quadra com o restante da equipe – Jeff Green e Jared Sullinger ou Brandon Bass, que não vão ficar muito contentes se alienados no ataque. Conduzir a bola é uma coisa. Fazer isso com a cabeça erguida, para criar para os outros é bem diferente.

Um ponto interessante na resposta do brasileiro sobre a dupla com Terry foi citar que o veterano jogava em Dallas ao lado de atletas semelhantes como Rodrigue Beaubois e Delonte West. “Então ele tá acostumado a jogar nesse situação de combo-guard”, disse. Isso mostra o quão preparados os atletas da NBA são. No sentido de que, antes de se reunir para valer com os técnicos e companheiros, Leandrinho já guardava essas informações na cabeça, num reflexo do trabalho de scout e repasse de dados, vídeos e obsevações que cada clube faz com seus jogadores.

Doc Rivers

What’s up, Doc?

Só um porém: Terry, na verdade, dividia a quadra por mais tempo com um certo Jason Kidd, simplesmente um dos armadores mais brilhantes que a NBA já teve. Um Kidd já envelhecido, cada vez mais limitado ao passe, que só conseguia uma ou duas bandejas por temporada – se feitas no contra-ataque, isolado na banheira. A pont de Terry ter muito volume de jogo com seus arremessos de média e longa distância para compensar a retidão do parceiro. Outro detalhe desse par que funcionava bem: mais alto e muito mais forte, Kidd cobria os alas na defesa, preservando Terry, que ficava na marcação dos armadores. (Para completar e constar: Delonte West também sempre foi mais passador do que o brasileiro. Beaubois, sim, é um atleta bem parecido em termos de ligeirinho).

A combinação entre Terry e Leandrinho é só mais uma peça que Rivers vai ter de encaixar em sua ajeitada máquina. No time titular, as coisas pouco mudam. De todo modo, o treinador tem um bom número de reforços para entrosar e envolver. Então sabe que precisa de um pouco de paciência para o time render de acordo com seu potencial – e a expectativa lá é brigar, sim, pelo título.

“Espero que tenhamos um ótimo início, mas também sou realista para saber que vamos estar bem longe de nosso melhor basquete na noite de abertura comparando com o que teremos no final da temporada, porque nós temos a habilidade de usar um monte de combinações diferentes”, afirmou. “Mesmo que possamos usá-las, elas têm de funcionar. Elas têm de se adequar. E leva tempo para a química e entrosamento. Apenas leva tempo. Considerando os diferentes grupos que podemos por em ação, acho que vai levar ainda mais tempo.”


Bom moço Leandrinho se junta ao time mais casca grossa da NBA
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho e sua boa conduta

Agora ao lado dos odiados do Celtics, Leandrinho vai ter de treinar sua cara de mal

A reputação de ligeirinho de Leandrinho na NBA é notória, né? Mas há uma outra característica pela qual o brasileiro é conhecido nos bastidores da liga: a de ser um boa praça, daqueles que se dá bem com todo mundo.

Por exemplo: em abril da temporada passada, já vestindo a camisa do Pacers, os relatos dos repórteres presentes na arena do Indiana era de uma baita algazarra no vestiário de visitante quando o ala-armador deu as caras por lá para visitar os ex-companheiros de Toronto Raptors.

Leandrinho agora leva seu bom-mocismo para a equipe que tem o elenco mais casca grossa do basquete profissional norte-americano. Kevin Garnett já bateu boca com meio mundo e, se precisar, vai provocar e discutir com a outra metade também. É daqueles que não perde a oportunidade de falar uma bobagem ou outra ao pé do ouvido para tirar os adversários… Hã… De sua zona de conforto. Aí você pega um Paul Pierce, que também não arreda o pé, um Rajon Rondo enfezado e tem um trio ternura daqueles que gosta de uma bagunça.

Como se não bastasse, eles vão lá e contratam um Jason Terry, um senhor catimbeiro e, magrelo daquele jeito, um produtor profícuo de bravatas. Pirado, e não só pelo aviãozinho que faz em quadra depois de suas cestas de longa distância. Dias depois de assinar com o Celtics, ele tatuou o mascote do clube em sua perna – veja esta foto feita se quiser.

Terry, aliás, foi um dos poucos agentes livres a aceitarem de cara uma proposta encaminhada por Danny Ainge. Geralmente, o cartola encontra dificuldade para convencer a jovem guarda a engrossar suas fileiras. O ala OJ Mayo, por exemplo, nem queria ouvir. Chris Paul, quando soube dos rumores de um interesse da franquia em uma troca, fez questão de soprar por todos os cantos que não aceitaria renovar seu contrato por lá.

O colunista Rich Levine, da Comcast Sportsnest de New England, tem uma teoria a respeito: “Obviamente, isso não é lá uma novidade. Nos últimos cinco anos o Celtics foram antagonistas de praticamente todos os times da liga. Há poucas jovens estrelas que Boston não tenha ofendido de algum modo. De um certo modo, essa vem sendo uma das principais armas do Celtics – a habilidade deles de irritar os oponentes.  Mas, depois de meia década de caos, o resultado é que a liga não curte muito o verde. Uma geração inteira de jogadores da NBA cresceram a ponto de odiar os C’s”.

Acho que Levine tem um ponto, não?

Teve muita gente que já sofreu na mão dos veteranos de Boston e quer dar o troco, sempre que possível. Leandrinho agora vai andar, ou melhor, correr e saltar com essa cambada. Mesmo que involuntariamente, seus dias de escoteiro acabaram.


Com Leandrinho, Celtics é o 1º clube a ter dois brasileiros no elenco. Mas faz sentido?
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho para três

Leandrinho agora leva seu arremesso para o Boston Celtics. Vai ter chance?

Com a contratação de Leandrinho pelo Boston Celtics, além de ser o mais vitorioso da história, o clube passa a ser também o primeiro a contar com dois brasileiros em seu elenco, com o ligeirinho se juntando ao novato Fabrício Melo.

Chega uma hora em que você apenas quer jogar. Ir para a quadra e ponto.

Só assim para explicar o acerto do ala-armador com a franquia, noticiado pelo Yahoo Sports nesta quarta-feira. Segundo o super-repórter Adrian Wojnarowski, que dá nove em cada dez furos da NBA, o brasileiro entrou em acordo para assinar um contrato de uma temporada.

De onde Doc Rivers vai tirar minutos para escalar Leandrinho é um mistério, e, por isso, de primeira assim, fica difícil de entender a motivação de ambas as partes para fechar o negócio.

Leandrinho x Celtics

Corintiano Leandrinho agora vai de verde e branco, mesmo. Tudo para fechar seu contrato

O Celtics acabou de assinar com Jason Terry e Courtney Lee, dois caras que chegam com a missão de ajudar Rajon Rondo na condução do time, em cuidar da bola e abrir mais uma opção de contra-ataque para correr com o armador.

Terry, em especial, costuma desempenhar o mesmo papel que o brasileiro cumpriu em toda a sua carreira na liga norte-americana: sair do banco para turbinar o ataque, sem a responsabilidade de marcar os melhores da equipe adversária. Os dois já foram eleitos os melhores sextos homens justamente por esta função. Se Leandrinho era o “Vulto Brasileiro”, Terry é o “Jet”. É de se esperar, aqui de longe, um, digamos, conflito de interesses entre os dois.

Sem contar o emergente Avery Bradley, mais um atleta que segue o protótipo de: não tão alto para ser um ala, nem tão habilidoso para ser um armador. Seria mais um “combo guard”, um “guard” que estará disponível para Rivers a partir de janeiro, enquanto se recupera de uma lesão no ombro. Quando retornar, é de se esperar que também ganhe seus minutos, pois é uma aposta de Danny Ainge, é jovem e um marcador implacável, cuaja presença no quinteto titular na temporada passada aumentou, e muito, a eficiência defensiva da equipe.

No fim, os minutos que estão sobrando na rotação são os de reserva de Rondo, e a gente sabe bem como Leandrinho se sai nesta. Nas últimas campanhas, sua vocação para assistências só caiu, enquanto sua predisposição aos desperdícios de posse de bola não foi reduzida. Ele caminhou cada vez mais para ser um finalizador do que um preparador de jogadas para os companheiros. Os estatísticos e olheiros de Boston devem ter tomado nota a respeito.

Outra questão em torno do brasileiro diz respeito a sua defesa. Com explosão física e envergadura acima do comum, ele tem o potencial para ser um marcador de primeira. Mas, mesmo no Phoenix Suns de D’Antoni, não necessariamente o time mais preocupado com a defesa, ele era questionado neste departamento. Em Boston, ou ele defende de maneira disciplinada, respeitando e executando o sistema, ou fica no banco.

Da parte do jogador, é compreensível o interesse em jogar por uma franquia com a história do Celtics. Além do mais, é uma equipe com chance de título para já, algo que ele afirmou que seria importante em sua decisão. De modo que, nos minutos que lhe forem reservados, é bom que produza bem, eficientemente, para que se mantenha na rotação de Rivers até o fim e possa tentar elevar seu status entre os demais diririgentes. Para tanto, já sai em desvantagem por ter perdido todo o training camp e boa parte da pré-temporad para assimilar uma nova carga tática.

Talvez Leandrinho não aguentasse mais esperar, mesmo. Depende muito de que tipo de oferta, sondagem ele andou recebendo por aí. O fato é que o ala-armador topou Boston. Uma aposta intrigante. Diante de uma torcida fanática, de uma mídia bastante combativa, o brasileiro será exigido ao máximo, e seu futuro na liga está na linha.

*  *  *

Em 2005 (2005!!!), Leandrinho chegou a dividir o vestiário do Phoenix Suns com o pivô Lucas Tischer, hoje do Brasília. Mas o grandalhão nunca chegou a entrar em quadra em partidas oficiais do clube do Arizona, pela temporada regular, tendo sido dispensado após três jogos de pré-temporada, com média de 1,3 ponto.

Com ótima impulsão vertical e extremamente forte, Lucas chegou a fazer barulho no Draft daquele ano, mas não foi selecionado. Ainda assim, ganhou sua chance para mostrar serviço em treinos e amistosos, mas acabou dispensado para que o Suns contratasse o ala-pivô Sharrord Ford, outro que não vingou na NBA.


Boston Celtics é o mais novo clube a tentar dar um jeito em Darko
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Giancarlo Giampietro

LeBron James, Darko Milicic, Carmelo Anthony, Chris Bosh, Dwyane Wade.

Os cinco primeiros selecionados, nesta ordem, no Draft de 2003 da NBA.

Histórico, não?

Darko Milicic, Pistons

Darko no dia do Draft de 2003

Não só pelas quatro três estrelas + Bosh que daí saíram como pela presença inusitada do então adolescente e multitalentoso pivô sérvio. No fim, ele não pôde sobreviver na liga para sustentar aquele status – hoje completamente descabido – de que poderia ter mais valor, sim, que Carmelo, Bosh e Wade (e Chris Kaman, Kirk Hinrich, Mickael Pietrus, Nick Collison, David West, Boris Diaw, Carlos Delfino, Kendrick Perkins, Leandrinho e Josh Howard, outros atletas de sólida carreira escolhidos naquele mesmo ano, diga-se).

Mas na época é o que jurava Joe Dumars, o gerente geral do Pistons que bancou Darko, para desespero dos torcedores mais hardcore da Motown. Estes só queriam saber de ver Melo integrado a um fortíssimo elenco que naquela mesma temporada se tornaria campeão da NBA.

Imagina só? Esse é um dos maiores “o que aconteceria se…” da história da liga norte-americana. O Pistons teria sido uma dinastia? Ou a presença de um cestinha e estrela como Anthony apagaria o brilho discreto de veteranos como Billups, Rip Hamilton e Ben Wallace? Eles seriam o mesmo time com a mesma química? Larry Brown iria tratar como o ala de Syracuse? Vai saber.

O que sabemos é que o técnico não tinha nenhuma paciência para lidar com um pivô que mal falava inglês, havia se tornado um milionário da noite pro dia e se deslumbrou com a vida luxuosa da NBA, mesmo que numa cidade industrial como Detroit – para ele, melhor do que qualquer coisa que tinha nos bálcãs, oras.

Darko virou uma piada na cidade – situação para qual o histérico e camaleônico Brown contribuiu muito, aliás – e, em 2006, foi trocado com o Orlando Magic. Por meia temporada, 30 jogos, ele teve seu melhor momento na liga, acreditem. Na reta final daquele campeonato, ao lado de Dwight Howard, mostrou alguns lampejos. Mas essa seria a história de sua carreira: lampejos, trocas, apostas, lampejos, trocas. Passou por Grizzlies, Knicks, Wolves. Agora é Danny Ainge e o Boston que apostam em tentar tirar algo valioso do sérvio, hoje com 27 anos.

O clube vai pagar pouco menos de US$ 900 mil por isso. Para os padrões da NBA, mixaria. Então não há risco nenhum na operação. Mas os torcedores do Wolves certamente aconselhariam os fanáticos de Boston a não se entusiasmarem muito, apesar de seu tamanho e de sua capacidade nos tocos que poderiam ser um bom complemento para a fortíssima defesa do Celtics. Afinal, ele foi dispensado em Minnesota ainda com US$ 10 milhões por receber. De tão apático que foi na última temporada.

O Celtics fez bons trabalhos com gente como Greg Stiemsma e Semih Erden nos últimos anos, então talvez Doc Rivers seja o homem para fazer do sérvio ao menos um pivô decente. O que só conclui uma história triste: pense apenas que houve um dia em que Darko era visto como um prospecto de superpivô. Um cara para 20 pontos, 10 rebotes e muitos tocos e assistências e tiros de fora. Um talento completo, plural.

Era só uma questão de tempo.

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Segundo a imprensa espanhola, Darko recusou uma proposta de US$ 6 milhões por três anos de contrato com o Real Madrid para tentar uma vez mais suas chances na NBA.

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Houve também uma vez que em que vi Darko ser utilizado como o foco do ataque de uma equipe em alto nível, com confiança, e na qual ele brilhou, entregou. Acreditem. Foi pela seleção sérvia no biênio 2006-2007. Primeiro, no Mundial do Japão, ele somou 16,2 pontos e 9,3 rebotes, em seis partidas, com destaque para os 24 pontos e 12 rebotes contra os campeões olímpicos da Argentina e os 18 pontos e 15 rebotes contra os eventuais campeões da Espanha. Podem checar aqui, juro. Depois, no Eurobasket 2007 ele teve 14,7 pontos e 9,3 rebotes, números excelentes para um torneio Fiba. Depois disso? Nunca mais jogou por seu país.

Veja o grandalhão em forma:

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A contratação de Darko é mais um indicativo de que não devemos assistir Fabrício Melo por muitos minutos em Boston na próxima temporada. O jovem brasileiro agora vê três veteranos disputando o posto de reserva imediato de Kevin Garnett – Jason Collins e Chris Wilcox são os outros. O pivô vai precisar de um grande training camp para impressionar Rivers e conseguir seus minutos.


Splitter entra em seu último ano de contrato com o Spurs
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Giancarlo Giampietro

Tiago Splitter, Spurs

Sabe esse impasse todo por que está passando Leandrinho? A dificuldade de assinar um contrato que julgue justo ou um clube que lhe dê a chance de lutar pelo título, de ir longe nos playoffs? Pois o mesmo lenga-lenga noveleiro pode envolver outro brasileiro no próximo mercado da NBA. Quem? Tiago Splitter.

Mas ele não acabou de assinar com o Spurs, ué?

E não é estranho isso?

Parece que o catarinense ingressou na liga norte-americana ontem. Mas já se passaram dois anos e ele fechou um contrato de três temporadas com o clube texano.

Desta forma, a campanha 2012-2013 se torna ainda mais importante para o pivô. Com esta informação em mente, não é só mais uma questão de agradar a Gregg Popovich e conseguir mais minutos em quadra pelo Spurs. O que pega é que Tiago estará jogando pelo Spurs e também por um novo contrato. Aos 28 anos, ele ainda está no auge e sua expectativa, e a de seus agentes, claro, deve ser a de conseguir mais um pacote bem vantajoso em dólares para preparar um bom pé-de-meia para a reta final de sua carreira.

Devido ao período que levou entre seu Draft em 2007 e sua chegada a San Antonio, em 2010, Splitter pôde receber um salário acima da escala salarial designada para os calouros da NBA. De todo modo, ele ainda ofereceu um desconto para o clube, de acordo com seu valor de mercado na Europa.

Pivôs são sempre muito bem pagos na NBA – vide os inacreditáveis US$ 7 milhões que Kwame Brown tirou do Warriors e Bucks no ano passado e dos US$ 3 milhões que (ainda!) vai tirar do Philadelphia 76ers nesta temporada. Mas, por mais que o ex-sparring de Michael Jordan tenha sido uma tremenda decepção na liga, Kwame ao menos descolou a reputação de um “bom defensor no garrafão”. É o modo como ele é vendido hoje. E qual seria o slogan que acompanharia o brasileiro?

Na temporada passada, o próprio Popovich afirmou que ele já era um dos melhores da NBA na finalização de jogadas via pick-and-roll, com muita velocidade e inteligência nos deslocamentos para “mergulhar” no garrafão e fazer a cesta, embora tenha baixa impulsão. Desta forma, ofensivamente ele teve índices de eficiência altíssimos.  Nos playoffs, porém, regrediu e desagradou ao técnico – ou desagradou ao técnico e regrediu? Talvez a ordem importe aqui.

Será que os executivos da NBA já tomaram nota do potencial de Splitter? Seria o suficiente para buscá-lo no próximo mercado? Como Popovich vai rodar seus pivôs, agora que Duncan e Boris Diaw estão contratados por mais algumas temporadas? E sabe quem também joga pressionado neste ano? DeJuan Blair, outro que vai ter o passe nas mãos em 2013. Também vai querer jogar. Será que mais um ano de 20 e poucos minutos por jogo deixaria o pivô catarinense pê da vida, a ponto de querer voltar ao seu reinado europeu? Do outro lado do Atlântico, ele ainda é certamente cobiçado.

Uma boa jornada pelo Spurs seria o suficiente para resolver boa parte dessas perguntas e evitar a situação desconfortável em que está Leandrinho no momento.


Cinco motivos para entender por que Leandrinho ainda não tem clube na NBA
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho, pelo Indiana Pacers

Passam as semanas, o Vinte Um esteve em ritmo de férias por alguns dias preciosos e justíssimos, não caía nem goteira de ar-condicionado em São Paulo até esta terça-feira, as pesquisas eleitorais já assombram grandes e pequenas cidades, mas nada de Leandrinho assinar um contrato para a próxima temporada da NBA.

Entre os agentes livres disponíveis estão veteranaços em declínio como Tracy McGrady, Gilbert Arenas, Michael Redd, Mike Bibby, Kenyon Martin, Derek Fisher e jovens pouco provados como Donte Greene, DJ White, Derrick Brown, Armon Johnson e Solomon Alabi.

Não daria para enquadrar o ala-armador brasileiro em nenhuma dessas categorias. Ele nunca mais rendeu como nos tempos de correria com Mike D’Antoni, mas ainda pode ser um bom pontuador para o banco de reservas e teoricamente ainda estaria fisicamente no auge.

Então… Que diacho!?

Juntando alguns pauzinhos por aqui, vamos tentar entender o que se passa com o momentâneo desemprego de Leandro Barbosa:

Ray Allen, do Miami Heat

Ray Allen assina por menos com o Heat, não se aposenta e ‘rouba’ emprego na liga

1) Aposentar para quê?
Com a evolução das técnicas de preparação física, novos recursos medicinais, maior atenção com a alimentação e regras que inibem um contato mais forte – ou maldoso –, a NBA testemunhou em sua última década uma evolução atlética impressionante. Compare os vídeos de hoje com os da era dourada dos anos 80, e o impacto visual é mais ou menos o mesmo que temos ao colocar lado a lado o futebol de hoje com o de ontem. Inevitável no esporte.

Agora, atletas mais bem preparados tendem a ganhar em longevidade também. Não só eles se mantêm em atividade por mais tempo como ainda conseguem produzir de modo adequado. Peguem os casos de Grant Hill e Jason Kidd, que dividiram o prêmio de novatos do ano lá atrás em 1995 (!!!) e ainda são cobiçados hoje por clubes que brigam pelo título. Os dois, aliás, vão completar 40 anos durante a próxima temporada. Assim como Kurt Thomas, Juwan Howard (que pode virar assistente técnico do Miami Heat). Steve Nash e Marcus Camby começam o campeonato com 38 anos. Ray Allen e Jerry Stackhouse têm 37. Andre Miller, Kevin Garnett, Chauncey Billups, Antawn Jamison e Tim Duncan, 36.

Nem todos esses caras concorrem por posição com Leandrinho, mas o raciocínio aqui é válido na medida que estes vovôs todos estão ocupando vagas em elencos – basicamente, empregos – que, em outros tempos, já teriam sido entregues a outras gerações. Ainda mais aqueles que ainda conseguem ser bem pagos.

2) A fila anda, de todo modo
Por mais que os velhinhos estejam durando, aguentando, a NBA também abastece seus elencos anualmente com calouros, alguns deles adolescentes, via Draft. São 60 novos possíveis jogadores por ano – dependendo do que acontece com as escolhas de segundo round ou com europeus que por vezes são escolhidos no primeiro, mas demoram um tico para deixar seus países.

Orlando Johnson, Pacers

Orlando Johnson foi selecionado pelo Pacers na segunda rodada do Draft e já tem seu contrato

Aqui a gente pode se concentrar apenas em jogadores que batem de frente com Leandrinho em termos de tempo de quadra, fazendo as contas de atletas que poderiam ser escalados como shooting guards ou aproveitados como combo guards ou somente guards pelos clubes da NBA.

E a má notícia: nos últimos três anos, o Draft de 2012 foi o que mais forneceu concorrentes diretos para Leandrinho, com 14 caras já sob contrato e com equipes diferentes. São eles: Bradley Beal (Wizards), Dion Waiters (Cavs), Austin Rivers (Hornets), Terrence Ross (Raptors), Jeremy Lamb (Rockets), Evan Fournier (Nuggets), John Jenkins (Hawks), Jared Cunningham (Mavs), Tony Wroten (Grizzlies), Orlando Johnson (Pacers), Will Barton (Blazers), Doron Lamb (Bucks), Kim English (Pistons) e Kevin Murphy (Jazz). Reparem em Ross e Johnson, dois que foram contratados justamente pelos ex-clubes do ligeirinho.

Em 2011, foram dez que ainda estão na liga. Em 2010, 12. Somando, temos 36 empregos a menos para a função de Leandrinho. Não quer dizer que esses calouros sejam melhores que o brasileiro. Mas eles ganham menos, seguindo a escala salarial para os novatos. Como diria o Capitão Nascimento: o sistema é f***.

3) New Deal
O locaute dos proprietários das franquias pode não ter freado a tendência de composição de novos supertimes na liga, mas certamente mudou a economia e seu modelo de gestão. Ainda é tudo muito novo, agentes e cartolas entraram nas negociações deste ano estudando, se testando, mas muita gente perdeu dinheiro.

Quem sofreu mais foi o pelotão intermediário, especialmente aqueles que não conseguiram renovar contrato com suas equipes  – para estender seu vínculo com um atleta, uma franquia em geral tem a chance de pagar mais que as outras 29 – e caíram no mercado. Justamente o caso de Leandrinho, depois que o Pacers fechou com Gerald Green por US$ 3 milhões, além de ter draftado Orlando Johnson.

Com as restrições das chamadas “exceções de mercado”, que os clubes poderiam usar para reforçar seus elencos sem se estreparem com o teto salarial, maiores penas para quem estourar o teto e o consenso de que não dá mais para gastar tanto assim a não ser que você trabalhe para o Lakers, ficou muito mais fácil para os atletas com demanda salarial mais baixa se encaixarem – paga-se muito para os astros e complementa-se os elencos com o que sobrar. Como o armador E’Twaun Moore, que acabou de assinar com o Orlando Magic depois de ser trocado pelo Boston e dispensado pelo Houston.

Vale o mesmo para muitos caras que passaram batido pelo Draft, mas conseguiram alguma reputação na Europa e agora estão de volta aos Estados Unidos, só para dizer que são, enfim, atletas de NBA: James White e Chris Copeland (Knicks), Jamar Smith e Dionte Christmas (Celtics), Brian Roberts (Hornets), PJ Tucker (Suns) e Reeves Nelson (Lakers).

4) Não era um bom mercado
De todo modo, vários jogadores de sua posição conseguiram mudar de clube neste ano: Ray Allen, Jason Terry, Courtney Lee, Nick Young, Lou Williams, Jamal Crawford, Randy Foye, Marco Belinelli e Jodie Meeks, por exemplo. Era muita gente concorrendo com Leandrinho, e vale a lei da oferta e procura.

Jason Terry

Até que Terry ficou bem de verde e branco

Deste grupo, Lee, Terry, Williams e Crawford fecharam por cerca de US$ 5 milhões anuais. Young fechou com o Sixers por uma temporada e US$ 6 milhões. Allen, para ingressar no campeão Miami Heat, aceitou ganhar menos: US$ 3 milhões, assim como Mayo fez com o Mavericks (US$ 4 milhões). Foye acertou com o Utah por US$ 2,5 milhões. Belinelli é quem vai ganhar menos neste grupo: US$ 1,9 milhão pelo Bulls. Meeks será o reserva de Kobe por US$ 1,4 milhão na vaga que um dia já foi bem cotada para Barbosa.

Precisa ver quais são – seriam? – as demandas salariais de Leandrinho. Avaliando o grupo acima, está claro que seu valor de mercado ficaria enquadrado em uma dessas faixas salariais. Será que ele pediu mais? Será que ofereceram menos? Na última temporada por Raptors e Pacers, ele embolsou US$ 7,1 milhões – no último ano de um contrato de US$ 25 milhões por quatro anos. É o tipo de contrato que hoje realmente não está mais disponível para jogadores de seu calibre. Com esta grana, hoje você contrataria um Jason Terry e Belinelli por exemplo.

Não ajudou o fato de o brasileiro ter jogado as Olimpíadas. É claro que os dirigentes esperariam a conclusão do torneio londrino para negociar para valer com seus agentes – tanto para avaliar seu jogo como pelo temor de alguma lesão. (E aqui, depois de tantas críticas que o cara recebeu nos últimos anos pela suposta falta de patriotismo, é importante notar que ele pode ter sacrificado um bom punhado de dólares para defender seu país. Alguém vai elogiar agora?).

5) E, no fim, sua produção já não é a mesma
Não é, contudo, apenas uma conspiração maligna dos astros ou das forças de mercado que deixa Leandrinho nessa situação complicada. Nos últimos campeonatos, o brasileiro simplesmente não foi o mesmo jogador que aterrorizava defesas sob o comando de Mike D’Antoni no Suns do “Seven Seconds or Less”.

Leandrinho, no auge pelo Suns

Cora, Leandrinho, corra: produção pelo Suns

Pode parecer cruel, mas é assim que as coisas funcionam nas negociações da NBA: não importam os problemas no pulso, na munheca que infernizaram a vida do ala por meses e meses. Também ninguém do outro lado da mesa vai pesar se as mudanças de cidade mexem com a cabeça do jogador, dificultam seu entrosamento etc.

Na hora de barganhar, os dirigentes vão apontar que sua média de pontos vem caindo. Sua pontaria foi de apenas 39,9% nos chutes de quadra pelo Pacers e de 42,5% no geral (contando os jogos pelo Raptors). A pior da carreira, igualando sua sabotada campanha de 2009-2010 devido a lesões.

Mas a queda não acontece apenas em números absolutos. Numa projeção de pontos por minuto, se ele tivesse jogado 36 minutos por partida nas últimas duas temporadas, seu rendimento cairia de 19,8 pelo Raptors em 2010-2011 para 16,2 pelo Pacers no último campeonato. Essa média chegou a ser de 21 por jogo pelo Suns em 2008-2009. E Leandrinho é reconhecido na liga como um cestinha e pouco mais. Fato.

No caso das métricas mais avançadas, a coisa também não é muito boa. Não dá para explicar e detalhar todos estes números aqui – pois o post já está gigantesco o bastante –, mas, basicamente, dá para dizer que, no ano passado, o brasileiro teve sua pior atuação desde as duas primeiras temporadas de adaptação ao Suns, quando era usado muito mais como um armador, seja como reserva de Stephon Marbury ou de Steve Nash. O único fundamento que ele teria melhorado seria o rebote.

Tudo isso para…?
Segundo um informante do Bala, Leandrinho teria de procurar algum time mais fraco neste ano, em busca de números e exposição. Ele cita Cavs, Magic e Bobcats como alternativas. Acontece que os três clubes já estão acima do teto para a próxima temporada e, além disso, acabaram de se reforçar em sua posição, respectivamente com Dion Waiters, Arron Afflalo e Ben Gordon. Ele não teria tanto tempo de quadra assim, de qualquer jeito.

De julho para cá passou muito tempo, os clubes já estão com o planejamento avançado, elencos praticamente fechados. É como se não tivesse mais espaço para Leandrinho. Essa é a impressão que fica aqui de fora e a que seus representantes estão tendo de enfrentar.

A mesma fonte assinala que o ligeirinho agora teria de se contentar hoje com o salário mínimo para alguém com sua experiência, algo em torno de US$ 1,2 milhão. Caso seus agentes consigam algo além disso, merecerão uma medalha.

Desta forma, não seria estranho realmente se o ala desse prosseguimento a seus treinamentos com o Flamengo para jogar o NBB. Ou que tentasse a Europa – caso o estilo de jogo combinasse e caso não tivesse questões particulares que o afastassem de lá.

Porque tá russo, gente.


Teve entrega? Não importa: seleção faz sua parte, derrota Espanha e ruma ao mata-mata
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Giancarlo Giampietro

Seleção aplaudida: quarta vitória na primeira fase

Seleção aplaudida: quarta vitória na primeira fase sobre poderosa Espanha

Vamos colocar assim: dá para considerar no mínimo curiosa a decisão de Sergio Scariolo de manter Marc Gasol sentado por seis bons minutos no quarto final. Ainda mais considerando o carnaval que ele e seu irmão mais velho, que ficou fora por cinco minutos, estavam fazendo na defesa brasileira, e Felipe Reyes não produzia nada. Sergio Scariolo chegou a parar o jogo com 8min05s para o fim, quando sua vantagem havia caído de 11 pontos para quatro. Teve a chance de chamar a cavalaria, mas manteve seu quinteto. Ele só voltaria a pedir tempo aos 4min17s, quando o Brasil assumiu a liderança após bola de três de Leandrinho.

A Espanha entregou o jogo, então?

Sei lá. Não dá para cravar.

E quer saber? De que importa?

Marc Gasol

Marc Gasol marcou 20 pontos, deu 4 assistências e acertou 7 de 10 arremessos e foi punido por Scariolo no 4º período?

Assim como atropelou a apática China na quarta rodada, a seleção tratou de fazer sua parte nesta segunda-feira.

Mesmo que não tenha feito sua melhor partida na defesa, a equipe de Magnano compensou com seu melhor rendimento no ataque, bateu – sem Nenê, diga-se – um adversário que era tido como a segunda principal força das Olimpíadas e só pode ir cheio de confiança para os mata-matas.

Em 40 minutos, a seleção cometeu apenas nove desperdícios de bola, num controle excepcional do ritmo da partida. Buscou os tiros de três pontos muito mais em jogadas pensadas do que forçadas – homens posicionados na zona morta para o disparo em contra-ataque equilibrado, com o passe vindo de dentro para fora, corta-luzes fora da bola para livrar os alas etc. Acertou, no total, 51,4% de seus arremessos de quadra, disparado seu melhor aproveitamento no torneio. (Ingoremos qualquer número que venha do coletivo contra a China, tá?)

Se os espanhóis se empenharam, ou não, para vencer o jogo, eles que respondam a sus compinches.

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Aqui no QG 21, a opinião de uma só cabeça (quase) pensante é a de que, na real, faltou intensidade em boa parte do jogo para ambos os lados. Seria exagero dizer que, em alguns momentos de jogo, parecia muito mais um amistoso do que uma partida valendo algo nas Olmpíadas? Veja os números ofensivos combinados: apenas 25 erros cometidos e convertidos 51% dos arremessos de quadra (64 de 124). Não condiz com o histórico das equipes.

Huertas x Calderón

Huertas pôde descansar mais um pouco

Depois, em bate-papo rápido com o Murilo Garavello, gerente da casa aqui – e, nos bons tempos, um tratorzinho na hora de partir para a cesta, creiam –, ele levantou um ponto a ser levado em conta: com a classificação decidida, nenhum dos treinadores iria se submeter a um alto risco neste jogo. Faz sentido. Por que exatamente você vai gastar todas as suas energias, flertar com o limite para ter o direito de enfrentar França ou Argentina nas quartas?

Daí que, do lado brasileiro, essa pergunta é bem relevante, considerando que Nenê ficou fora do jogo nesta segunda. O pivô do Washington Wizards estava realmente incapacitado de jogar hoje ou foi meramente poupado, para preservar seu pé, para a batalhas maior que teremos na quarta-feira? Se for o segundo caso – como afirma Magnano –, sinal de que a seleção não encarou a Espanha como uma questão de vida ou morto. Mas também nem precisava.

(Se ele realmente voltou a sofrer mais do que a conta com as dores crônicas no pé, aí complicou um bocado. Está certo que nenhum time tem um jogo interior como o da Espanha neste torneio, mas não custa mencionar que Caio saiu excluído de jogo com cinco faltas em dez minutos.)

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Primeiro contra a Rússia. Agora contra a Espanha. Os dois adversários mais fortes da chave. E dois jogos em que Marcelinho Huertas descansou por oito minutos no quarto período simplesmente pelo fato de que sua presença não era necessária em quadra. E dessa vez quem segurou o rojão foi o caçula Raulzinho, que jogou por 16 minutos e foi bem, com seis pontos, quatro assistências e muita energia contra alguns de seus conhecidos de Liga ACB. No quarto período, tendo Larry ao seu lado por três minutos, comandou bem uma sucessão de contra-ataques brasileiros, acelerando a partida para Leandrinho deslanchar – ele marcou 12 pontos em seis minutos.