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Pau Gasol vai ao ataque e ameaça pedir troca se Mike D’Antoni continuar no Lakers
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Giancarlo Giampietro

Senta, que já vem história

Pau Gasol simplesmente não quer mais ficar sentado ao lado de Mike D’Antoni

Com Dwight Howard afastado por lesão, Pau Gasol retomou seu posto de pivô titular no Los Angeles Lakers e arrebentou. Somou 45 pontos, 22 rebotes e, opa!, 33 arremessos de quadra nas vitórias sobre o Minnesota Timberwolves e o Detroit Pistons. Foi sua melhor sequência na temporada, ajudando o time a encurtar, nem que seja um tico, a distância para Houston Rockets e Portland Trail Blazers na disputa por uma suada vaga nos playoffs da Conferência Oeste.

Então tá tudo bem com o espanhol, né?

Pfff… Nada disso.

Em entrevista de impacto ao LA Times nesta terça-feira, o barbudo colocou ainda mais lenha na fogueira que é a temporada do Lakers. Como se precisasse. Aliás, fogueira que nada. Já chegou ao ponto de queimada geral.

Na entrevista ao principal jornal da cidade, de relevância nacional, Gasol simplesmente decidiu dizer que pode pedir uma troca para a diretoria,caso Dwight Howard e Mike D’Antoni permaneçam, juntos, no clube, na próxima temporada.

Acontece direto, sabemos: o jogador está frustrado num clube, cansado de perder ou cansado da cidade – dizem que evitam Portland, por exemplo, porque lá chove muito. Agora… Essa última do astro espanhol foi novidade e extremamente bizarro. Ele inovou: se entendi bem, trata-se de um “suposto futuro pedido de troca que, quem sabe, poderá vir a acontecer de acordo com uma eventual condição”.

É a cara de Gasol.

Sensível, magoado com o modo como é tratado no Lakers, injustiçado, sem ganhar o devido respeito pelo bicampeonato que deu ao time (ao lado de Kobe Bryant, Phil Jackson, Lamar Odom, Andrew Bynum e Derek Fisher, claro).

De certo modo, dá para entender. Gasol realmente já foi esculhambado por muita gente dentro da franquia, desde os tabefes que levou de Phil Jackson em quadra, na humilhante derrota para o Dallas Mavericks em 2011, aos constantes ataques venenosos da Mamba Negra. Por fim, foi despachado em transação que levaria Chris Paul para uma outra Los Angeles, até que David Stern resolveu por fim ao negócio.

Machuca.

(Mas não é o fim do mundo, né? Ainda mais quando seu salário beira os US$ 20 milhões anuais e quando não se pode perder de vista que estamos falando de uma liga na qual Wilt Chamberlain, Shaquille O’Neal, Patrick Ewing, Hakeem Olajuwon, Scottie Pippen, Charles Barkley, Gary Payton e tantos outras estrelas completamente vinculadas a uma franquia já foram trocadas.)

Magoado, de qualquer forma, Gasol partiu para o (contra-)ataque. Quando o time mais precisa de seus serviços, enquanto Howard mal consegue erguer o ombro direito sem dores, ele decidiu abrir o bico para valer, em direção a D’Antoni, treinador que não consegue encaixar os dois pivôs em seu plano de jogo e desrespeitou, sim, o espanhol quando o enterrou no banco de reservas em sua estreia, insinuando que o sujeito estava atrapalhando em quadra.

Quer dizer, Gasol primeiro afirma que a culpa não é do treinador. Que ele teria seu sistema, com um grandalhão cercado por quatro jogadores abertos, e que quem o contratou sabia disso. Mas não passa de uma observação meramente cínica. Afinal, na entrevista a TJ Simmers, ele passa o carro por cima.

Segura:

– “Tenho a sorte de fazer o que faço para viver e ganhando muitíssimo bem para isso. Mas o que dói é que essa oportunidade única que temos com jogadores tão bons não está sendo aproveitada ao máximo.”

– “Eles tentam decidir como posso ser produtivo nesta mistura, enquanto sei que não estarei em uma posição para fazer o que faço e nos ajudar a vencer mais jogos. É frustrante, mas não vai me impedir de jogar duro em qualquer função.”

– “Não vou me deixar afetar. Ele (D’Antoni) está bagunçando com minha temporada, mas não minha carreira. Sei o que já conquistei, e ainda acho que sou um dos melhores jogadores do mundo.”

– “Num mundo perfeito, gostaria de ver nós dois (ele e Howard) dominando como um par no garrafão e facilitando as coisas para nossos companheiros.”

– “Nada vai mudar, mas não tenho dúvida de que poderíamos coexistir e dominar um jogo atrás do outro. Acredito 100% que, se estivesse começando as partidas ao lado de Dwight, chegaríamos aos playoffs. Apenas não sei se sair do banco torna o time melhor e com chance de vencer mais jogos.”

Chega?

Tudo isso foi com o gravador ligado. Imagine em off.

O Lakers enfrenta o Brooklyn Nets nesta quarta-feira. Imaginem como serão amistosas as interações entre os dois (Gasol, aliás, diz que mal fala com o treinador, a despeito de terem marcado um jantar para tentar resolver as diferenças, um encontro que o espanhol acha que até piorou  as coisas). Imagine também a zona mista depois da partida diante da mídia nova-iorquina, que sabe uma coisa ou outra sobre espalhar um incêndio.

Dependendo da repercussão, o possível-suposto-eventual pedido de troca pode ser antecipado pela diretoria do Lakers, liderada por um Jim Buss que não gosta de levar desaforo para casa. Foi sua a decisão pela contratação de D’Antoni.

E, não precisa nem reler as declarações destacadas acima, para entender que Gasol deu seu recado: é ele ou eu.


Astros, diretoria e técnico dividem culpa em fiasco do Lakers
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Giancarlo Giampietro

Os astros do Lakers diante de um fiasco

Quem poderia imaginar?

Houve quem apontasse o banco de reservas repleto de inutilidades. Que a idade dos astros poderia ser um problema. Que Dwight Howard estava retornando de uma delicada cirurgia nas costas. Que Mike Brown não daria conta do recado – e, posteriormente, que Mike D’Antoni talvez também não representasse a combinação certa.

Já são muitas ressalvas no parágrafo acima, é verdade.

Mas, de novo: quem poderia imaginar? Com Kobe Bryant, Dwight Howard, Steve Nash, Pau Gasol, o Lakers haveria de encontrar um jeito de vencer. Batata.

Com a temporada se aproximando perigosamente de sua metade, a célebre franquia californiana não consegue se encontrar. Apresentamos um dia desses alguns números de seus concorrentes como Blazers e Rockets para dizer que a luta pelos playoffs no Oeste não estava – ou está – perdida. Desde que os caras arrumem seu próprio time, claro. E aí vieram mais duas derrotas lamentáveis contra Raptors e Bulls para complicar qualquer equação.

O que acontece de tão errado?

Aqui vão alguns personagens que dividem responsabilidade numa campanha sofrida e extremamente decepcionante:

A dupla Mitch Kupchak/Jim Buss: os relatos que vêm de Los Angeles são contraditórios. Há quem diga que Kupchak não tem nada com isso e que é apenas usado pela família Buss como a bucha de canhão, aquele que tem de dar a cara a tapa para imprensa, jogadores e torcedores, mesmo com seu papel cada vez mais reduzido na gestão do time. Mas há quem diga que ele ainda seja fundamental nas decisões, sim. Vai saber. O ponto é que, depois de reunir um elenco deste peso, de forma até milagrosa, impossível de não se elogiar, a diretoria falhou sofrivelmente num outro ponto que nem é tão importante assim, imaginem: encontrar alguém que fosse capaz de dirigir suas estrelas. A insistência com Mike Brown foi um erro desde o começo. Estava mais que claro que o especialista em defesa não tinha o estofo para manipular ou direcionar tantas cobras criadas. Depois de um ano de lo(u)caute, desperdiçaram por completo o training camp fundamental deste ano ao empregar alguém que já estava (moralmente) demitido há tempos. Não era nem mais uma questão de “se”, mas só uma questão de “quando”. Pois bem. Com a possibilidade de assinar com um certo Mestre Zen, disponível e interessado, decidiram fechar com…

Mike D’Antoni: considerando o árido cenário tático que testemunhamos no Brasil, não deixa de ser interessante observar um treinador que se mantenha fiel a suas próprias convicções e filosofia. Ele tem uma visão de basquete clara. Porém, quando você só sabe trabalhar de uma maneira, não importando o elenco que tem em mãos, essa característica pode ser qualificada como teimosia, para não dizer burrice. Por quatro anos, seu plano de jogo pelo Phoenix Suns causou um impacto enorme em toda a liga, a ponto de dobrar até mesmo seu maior rival, Gregg Popovich. E não me venham dizer que não deu certo, que era um brilhareco: o Suns jogou por dois anos a final do Oeste, perdendo para times com Tim Duncan, Tony Parker, Manu Ginóbili, Kobe Bryant, Pau Gasol e Andrew Bynum, foi para os playoffs sempre e venceu 230 partidas (média de 57,5 por ano). Agora… querer repetir essa fórmula com esse plantel do Lakers não faz o menor sentido por diversas razões: 1) hoje ele tem um Steve Nash ainda bem preservado, mas oito (8!!!) anos mais velho do que encontrou pela primeira vez no Arizona; 2) se há alguma deficiência a ser destacada no jogo de Pau Gasol, é sua reduzida velocidade – ele é ágil em seu jogo de pés e lê com facilidade o que acontece em quadra, mas nunca foi de correr de um lado para o outro. Além disso, por mais que se esforce e, de vez em quando dê certo, devido a seu pacote técnico invejável, jamais vai ser um Dirk Nowitzki na linha de três pontos; 3) na verdade, fora o promissor Earl Clark, o ainda inexpressivo Darius Morris e o pivô reserva e baleado Jordan Hill, não há velocistas no time para se querer correr; 4) também não há nem chutadores em excesso para se espaçar a quadra. Então esta seria uma boa hora para D’Antoni rever useus dogmas e se mostrar um treinador mais pragmático.

Pau Gasol: ele até pode se justificar com motivos razoáveis, como o fato de já ter sido trocado pelo Lakers no ano passado, no famigerado negócio vetado por David Stern. Ficou magoado. Depois vem o Kobe alternando críticas indiretas ou diretas com afagos para o barbudo. Aí chega Mike D’Antoni com um sistema que não favorece e até atrapalha seu estilo. Tudo bem, entendemos. Mas, para quem é conhecido como um dos atletas mais cerebrais, inteligentes da liga, o espanhol andou reclamando demais nos últimos meses. Ainda mais agora, quando D’Antoni alterou sua rotação, buscando uma solução mais adequada para seus talentos – colocá-lo no banco para que ele possa jogar o máximo de minutos que puder sem a companhia de Dwight Howard, ficando mais próximo da cesta, em seu hábitat. Gasol chiou e disse que sempre foi uma “estrela titular” em toda a sua carreira. Mais infantil que isso não tem. O espanhol poderia se sentar uma hora dessas para bater um papo com um certo argentino narigudo do Spurs. Dá para tomar um chá e repensar o discurso.

Kobe Bryant: liderar por exemplo era o que Michael Jordan fazia, doendo em quem doesse – Steve Kerr, inclusive, já foi esmurrado pelo astro em um treino, num ato de imbecilidade do maior jogador de todos os tempos. Kobe sempre admirou MJ. A língua de fora, muitos movimentos com a bola e, a cada ano de um modo mais intenso, sua atitude fora de quadra. O superastro não aconselha, não conversa. Ele cobra. Em público mesmo. Cobra porque não deixa de jogar duro em um treino sequer, um jogo sequer etc. Em sua melhor temporada em muito tempo, nada mais do que justo? Podia até ser o caso. Mas, num caldeirão borbulhante como o desta temporada, não ajuda nada esse estilo confrontador. Por um tempo, tá certo, ele se manteve ao lado de D’Antoni, assim como havia feito com Brown. Agora, já começa a questionar o comandante. De todo modo, seu comportamento acaba sendo mais nocivo dentro do elenco, alienando os companheiros. Gasol já sofreu horrores com suas intempéries, e agora diversos rumores dão conta de que sua relação com Dwight Howard não é das melhores.

Agora digam qual o elemento em comum que permeia toda a dissonância entre os cinco personagens acima?

O ego inflado e irredutível.

Jim Buss não toleraria se desculpar e resgatar Phil Jackson. Mike D’Antoni é (foi?) tão celebrado como um gênio no ataque na década passada, então não daria o braço a torcer e adaptari seu sistema ou mesmo descartá-lo por completo. Pau Gasol se cansou tanto de apanhar em Los Angeles e não permitiria que um D’Antoni qualquer passasse por cima de seu status de estrela. Kobe Bryant é pentacampeão, um dos maiores cestinhas da história, o ídolo de ídolos como Nicholson ou Denzel, então não ousem dizer que ele deveria rever sua conduta.

Se esses figurões não conseguirem encarar com franqueza o fiasco que virou o time, sem arrefecer na defesa de suas agendas, vai ficando cada vez mais provável que o Lakers não vá para os playoffs no Oeste.

Inimaginável? Nem tanto.


Dois dados para encorajar o Lakers na briga por uma vaga nos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Kobe x Lin

O Lakers de Kobe conseguirá superar o Rockets de Lin?

Em Los Angeles, com relação ao Lakers, a alternância entre céu e inferno pode acontecer com uma frequência alarmante. No momento, com o time vencendo duas partidas consecutivas desde o retorno de Dwight Howard, a tendência é que comece a ser pintado novamente um céu de brigadeiro – mas bem sutil, né, porque a depressão pelo incrivelmente fraco início de temporada foi bem forte.

Então, meu amigo torcedor angelino, levantamos aqui alguns dados que podem ser mais animadores do que o basquete apresentado pelo time de Mike D’Antoni até aqui:

– o Houston Rockets, atual sétimo colocado, não vai nada bem quando se depara com adversários do duríssimo Oeste. A barba de James Harden, até esta quarta-feira, esteve presente em apenas sete vitórias em 22 confrontos, tendo perdido para o Dallas Maverics nesta quarta. Mantendo esse ritmo, dificilmente vão ter um aproveitamento superior a 50% ao final do campeonato (afinal, joga-se mais em sua conferência do que contra os da outra). Sem contr que o Oeste vai ficando ainda mais forte agora que o New Orleans Hornets e o Mavs estão completos, com Eric Gordon e Dirk Nowitzki entrando em forma.

– O Blazers, oitavo colocado, tem saldo de cestas de 2,1 pontos negativos. Historicamente, as equipes que ficam no vermelho não conseguem chegar aos mata-matas. Mas como se explica, então, a atual campanha de 20 triunfos e 18 reveses do grupo liderado por LaMarcus Aldridge? O clube de Portland está muito bem em duelos extremamente equilibrados, decididos por três ou menos pontos (6-2) ou na prorrogação (5-1). Novamente: levantamentos estatísticos indicam que esse tipo de situação tende a se equilibrar e que há um pouco de “sorte” na decisão de partidas assim – na terça-feira passada, aliás, a equipe perdeu a primeira no tempo extra, diante do Denver Nuggets.

Depois de tantas lesões e percalços, a família Buss só espera que os astros se alinhem a seu favor para a segunda metade do campeonato, de olho especialmente nesses dois pontos negativos de ao menos dois concorrentes em melhor situação na tabela – vale acompanhar também o Golden State Warriors, que começou o campeonato defendendo como nunca, mas perdeu rendimento nas últimas semanas.

Agora, de nada vai adiantar que Rockets e Blazers tropecem, se o próprio Lakers não melhorar seu retrospecto contra os times do Oeste, tendo até esta quarta  9 vitórias e 16 derrotas.

Para isso, deve arrumar sua cozinha, com muitas tarefas pela frente, entre as quais se destacam: 1) decidir o que fazer com Pau Gasol quando o astro espanhol se reabilitar da concussão sofrida em quadra; 2) arrumar a defesa, que não pode depender exclusivamente do vigor físico de Howard ou Artest (a atuação de Kobe contra Brandon Jennings e o Bucks foi uma ótima notícia nesse quesito); 3) aproveitar o ala Earl Clark por mais minutos, mesmo com o retorno de Gasol, e ganhar desta forma um reserva que possa ser mais útil que Chris Duhon e Darius Morris.

Antes de chegar ao grupo dos oito primeiros também é necessário ultrapassar Minnesota Timberwolves e/ou Utah Jazz. Sem Kevin Love, o Wolves fica em uma posição muito delicada para tentar voltar aos playoffs pela primeira vez desde a saída de Kevin Garnett, e só mesmo um trabalho inesquecível de Rick Adelman poderia segurá-los no páreo. O Jazz, por outro lado, segue numa tocada bastante consistente – não empolga, mas também não decepciona –, sendo muito forte em casa (12 vitórias nas primeiras 16 partidas). Resta saber se continuarão firmes em março, depois de encerrada a janela de trocas. Al Jefferson e Paul Millsap estão no último ano de contrato e podem ser negociados.

De qualquer forma, ao conferir as próximas rodadas, o fanático pelo Lakers tem mais dois pontos para monitorar além da produção de Pau Gasol: quando o Blazers voltar a uma prorrogação e quando o Rockets tiver um confronto na parte ocidental dos Estados Unidos, vale a secada.


A NBA em números: Scott Machado, Kobe, Calderón e um pouco mais para entender a liga
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Giancarlo Giampietro

Abrimos o ano do Vinte Um com um apanhado de números que repassa algumas histórias que vão correndo pela NBA:

Daequan Cook, na fila do desemprego

Daequan Cook foi mais um jogador chutado para fora de Houston enquanto Scott fica por lá

– US$ 8,8 milhões foi a quantia que o Houston Rockets já gastou em salários de jogadores que nada ou mal aproveitou neste campeonato e foram chutados para fora, enquanto o armador Scott Machado segue no elenco, apesar de seu contrato não-garantido. Isto é, apesar da longa estadia na D-League ou no banco de reservas de Kevin McHale, os U$ 3 milhões consumidos pelo último dispensado, o ala Daequan Cook – que deu lugar ao ex-Spur James Anderson, com apenas dois meses de temporada –, são mais três milhões de razões que sinalizariam a confiança do clube no brasileiro nova-iorquino. Atualização: a imprensa em Houston dá como certo o interesse do time no ala-armador Patrick Beverley, um jogador muito atlético que deixou cedo o basquete universitário sem emplacar na NBA e, desde então, se fixou como uma promessa na Europa. Ainda não está claro quem seria cortado para que ele ser contratado…

7.964 pontos separam Kobe Bryant de Kareem Abdul-Jabbar pelo topo da tabela de cestinhas históricos da temporada regular da NBA. Sua média de pontos hoje é de 30,3. Caso ele não perca nenhum jogo até o fim da temporada regular e sustente este ritmo, terá diminuído essa contagem para 6.419. Para bater, então, a marca do ator de Lew Alcindor, digamos, nos próximos quatro anos, o ala do Lakers teria de sustentar uma média de 19,6 pontos, contando que jogasse as 82 partidas sempre. Neste campeonato ele já superaria, de todo modo, o mítico Wilt Chamberlain como o quarto maior pontuador da liga.

34% é o quanto o Golden State Warriors, no momento, vem melhorando seu aproveitamento em comparação ao ano passado, sendo a equipe que mais subiu de produção. A franquia californiana realmente é a grande surpresa do campeonato, e a surra que eles deram no Los Angeles Clippers veio para comprovar isso. Num milagre do basquete, o técnico Mark Jackson, assistido por Brendan Malone, conseguiu colocar o Warriors entre as dez defesas mais eficientes da liga, em nono, acima do Oklahoma City Thunder.

David Lee: uma enterrada para Blake Griffin assistir

David Lee e o Warriors são a grande surpresa da temporada e um dos times acima dos 50% de aproveitamento numa liga equilibradíssima. Já vamos falar mais dos caras

20 clubes têm mais vitórias do que derrotas ou flertam com um aproveitamento de 50%, num dos campeonatos mais equilibrados em muito tempo. Apenas Wizards, Cavs, Hornets, Hornets, Pistons, Suns, Magic, Raptors, Kings e Mavs por enquanto estão distantes de um retrospecto respeitável, situados na casa dos 30% de aproveitamento. O Leste agora contribui mais para essa maior competitividade, com sete clubes vencendo mais do que perdendo e seis com saldo positivo de cestas – pode parecer pouco, mas, levando em conta o que vimos da conferência nos últimos anos, é um baita avanço.

– Se o Oklahoma City Thunder tem a melhor campanha, com 77,4% de aproveitamento, 9,0 é o saldo de pontos do Spurs, o melhor da temporada, seguido de perto pelos 8,4 de Clippers e do próprio Thunder. Quanto maior esse número, maiores as chances da equipe no campeonato, segundo as estatísticas indicam. Para constar, o Bobcats é quem mais tomou sacoladas até aqui, com saldo negativo de 8,4, pior mesmo que o do lanterninha Wizards (-7,9). Ainda assim, a temporada da franquia de Michael Jordan só pode ser considerada um sucesso até agora, com oito vitórias. Oito! Boa!

0. Zero mesmo: o Toronto Raptors aniquilou o Portland Trail Blazers nesta quarta-feira sem contar com nenhum ponto de seus dois excelentes principais armadores, o Zé Calderón e o Kyle “Pittbull” Lowry. Eles jogaram por 45 minutos e tentaram apenas três arremessos de quadra, sendo dois para Lowry em 22 minutos e um para o espanhol em 23. Incrível. E quer saber mais? Juntos, eles somaram 22 assistências das 34 da equipe. Foram também 34 assistências para 41 cestas de quadra. Para comparar: o terceiro armador dos canadenses, John Lucas, completou os 48 minutos da rotação  e não perdeu tempo: meteu logo três pontos em seus três minutinhos de quadra.Sensacional. O técnico Dwane Casey deve ser um homem feliz nesta quinta. Depois de um início de campanha claudicante, o Raptors vem crescendo e pode entrar na briga por uma vaga nos playoffs daqui a pouco.

José Calderón x Kyle Lowry

Calderón e Lowry, nossos heróis altruístas da noite


Ainda é preciso paciência na hora de avaliar o renovado e irregular Los Angeles Lakers
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Giancarlo Giampietro

Fab Four do Lakers

Por Rafael Uehara*

As expectativas não poderiam ser maiores para o início de temporada. Depois de ser eliminado pelo Thunder em cinco jogos pela segunda rodada dos playoffs passados, o Lakers fez as duas maiores aquisições no mercado de verão, contratando Steve Nash e acertando a chegada de Dwight Howard via troca. Havia algumas dúvidas em relação ao tamanho do elenco da equipe e se Mike Brown era o homem certo para liderar esse grupo de estrelas, mas, em grande parte, a avaliação da crítica (oi!) era de que eles seriam uma superpotência e um candidato claro ao título.

Bem, caminhando para a conclusão do segundo mês de temporada, ainda não aconteceu. O Lakers perdeu 12 de seus primeiros 21 jogos, mesmo tendo encarado a décima tabela mais fácil  da liga até o momento, segundo os dados de Jeff Sagarin, do USA Today.  Mike Brown já é passado faz tempo, depois de a equipe ter perdido quatro de seus cinco jogos iniciais, e Mike D’Antoni assumiu o cargo. A mudança de técnico, por enquanto, ainda não foi significativa, já que eles perderam sete de 11 partidas com o novo comandante.

Kobe being Kobe

Não se esqueçam que Kobe estava por trás da mudança ofensiva de Mike Brown, hein?

As circunstâncias por trás dos tropeços em LA não podem ser  ignoradas, contudo. A equipe começou a temporada tentando empregar um novo ataque, o sistema de Princeton, porque Kobe Bryant havia feito um lobby especificamente pela volta de um sistema de leitura-e-reação (read-and-react), semelhante ao dos triângulos de Tex Winter e Phil Jackson. Nash, então, fraturou a perna no segundo jogo da campanha, em Portland. A direção da fanquia optou pela demissão de Brown, já sem aguentar mais tantas críticas de fora, especialmente por parte de, justo quem!, Magic Johnson – que, a despeito de ser um comentarista na ESPN, ainda continua, de algum modo, num papel de consultor da franquia… Vai entender.

D’Antoni chegou, mas o time ainda não conseguiu se reagrupar. Agora é a vez de Pau Gasol desacelerar devido a uma tendinite no joelho, que o forçou a perder os últimos quatro jogos. Ah, e não se esqueça que Howard ainda está trabalhando para voltar a sua melhor forma, a forma com que pode fazer a diferença em qualquer jogo, depois de sofrer uma cirurgia nas costas que lhe custou meses de jogos na temporada passada e de preparação para esta.

O Lakers tem alguns problemas crônicos que são realmente ameaçadores para a legitimidade de seu favoritismo. Fora Ron Artest, por exemplo, o time não tem alguém física ou atleticamente capaz para defender no perímetro. E, caso você pense em Kobe, tudo o que estará fazendo é expor uma certa desatenção na hora de ver o astro defender (ou, talvez, não defender nada) nos últimos três anos. De acordo com os dados da Synergy Sports, o Lakers é apenas o 14º na hora de defender jogadas no mano a mano, 22º ao marcar os arremessadores que usam corta-luzes para se desmarcar, 26º ao defender jogadores que cortam para a cesta e 18º na hora de cobrir contra-ataques.

Nash e Gasol no banco

Dois distintos senhores testemunhando o início fraco de campanha do Lakers

Estas estatísticas todas são focadas apenas na defesa exterior deles e que provam o porquê de a equipe ter tanta dificuldade diante de equipes dinâmicas como o Grizzlies e o Thunder – na verdade, até mesmo rivais como Knicks e Rockets já tiraram sua casquinha. E o retorno de Nash não vai resolver este problema. Com a atual configuração do elenco, a única solução para isso seria um Howard 100% em forma debaixo do aro – algo sobre o qual não sabemos ao certo ainda quando e se vai acontecer.

Aí também temos a questão envolvendo Gasol. O espanhol não combina com o sistema ofensivo de D’Antoni. É um esquema que não chama jogadas de post-up no garrafão, a principal via do jogador para pontuar. Por mais completo que seja, o jogo de Gasol não envolve corridas velozes pela quadra, cortes para a cesta e um arremesso com pontaria certaria que ofereça mais espaçamento. Realmente não parece algo que possa ser encaixado ali. Faria muito sentido para o Lakers negociar Gasol para receber alguns jogadores atléticos no perímetro e mais arremessadores. Mas isso também não é fácil – seriam necessários US$ 19 milhões para compensar seu salário, algo que pediria talvez mais de um time no negócio, sempre um desafio.

Então, no fim, a paciência se faz realmente obrigatória na hora de avaliar este Lakers. É claro que devemos prestar atenção em suas falhas, mas ninguém também tem de se desesperar no momento, já que é o seu começo. Ainda há dois terços do campeonato pela frente, e dá para dizer com segurança de que será uma equipe diferente ao final da temporada regular – se não forem os nomes estampados nas camisetas, definitivamente será o modo como eles estarão estruturados em quadra.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um para este mês. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.

PS: Durante dezembro, por motivos de ordem profissional (embora a gente goste mesmo é de férias, o Vinte Um vai ser atualizado num ritmo um pouco mais devagar. Voltamos no final do mês com tudo.

 


Em tom de vingança, Orlando vence Lakers de Howard com tática provocadora
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Giancarlo Giampietro

Hack-a-Howard em Los Angeles

Hack-a-Howard, numa vingança daquelas para o Orlando Magic

Se a vingança é realmente um prato que se serve frio, os rapazes do Orlando Magic entregaram a Dwight Howard uma bandeja com pedregulhos pontiagudos de gelo neste domingo.

E deve ter doído.

No jogo que marcou o reencontro do superpivô com seus ex-companheiros, o time da Flórida impôs ao Lakers mais uma derrota completamente embaraçosa. Daquelas que vão repercutir em novos rumores (e clamores) de troca envolvendo Pau Gasol certamente. O espanhol barbudo que se prepare.

De todo modo, quem foi para a cama com a cabeça mais cheia e atordoada certamente foi seu parceiro de garrafão, Dwight Howard. Que pancada que ele tomou na cuca!

O Orlando venceu por 113 a 103! Em Los Angeles!! Marcando 40 pontos no quarto período!!! Quarenta!!! E ainda tem mais exclamação pela frente!!!!!

Sabe por quê?

PORQUE ELES USARAM A TATICA DE HACK-A-HOWARD!

Mais humilhante que isso não dá. Nem perder para o Wizards. 🙂

O pivô foi parado com a bola em diversas ocasiões, sendo obrigado a cobrar 14 lances livres no período final (dos quais converteu sete). No total, ele bateu 21 lances livres, matando 9. Aproveitamento pífio. No final, ele saiu de quadra sem cumprimentar os (ex-?)amigos, talvez ofendido pela tática adotada pelos agora adversários. Chuim, que triste.

“Que Dwight seja Dwight. Se ele quer sair da quadra, tudo bem. Ele perdeu. Eu me sentiria mal também. Não gostaria de dar a mão para ninguém”, afirmou o pivô Glen Davis, cuja contratação pelo Magic havia sido expressamente recomendada por Howard no ano passado.

Davis, depois, exagerou na dose: “Não estávamos nem pensando nele. Apenas queríamos esta vitória”.

A-hã.

Depois de todo o dramalhão que tomou conta da franquia na temporada anterior? Reencontro em Los Angeles? Certamente eles nem estavam pensando nele.

Jameer Nelson, por exemplo? Aquele que admitiu publicamente a mágoa com o pivô, que pedia nos bastidores um armador melhor ao seu lado? Decidiu ignorar uma incômoda tendinite, que o afastou de diversos jogos no mês passado e marcou 19 pontos e deu 13 assistências. Mas é claro que ele estava pensando na morte da bezerra.

*  *  *

Algo bastante irônico também para os donos do Orlando Magic deve ter sido assistir a uma partidaça do montenegrino Nikola Vuceic, com 17 pontos, 12 rebotes e quatro tocos em 40 minutos. Praticamente se equivalendo aos 21 pontos e 15 rebotes de Howard por conta própria. Assim como os 30 pontos de Arron Afflalo, principal peça que a equipe recebeu na megatroca por Howard, beirando os 34 de Kobe Bryant.

*  *  *

O Lakers volta a ficar com mais derrotas do que vitória, no mês de dezembro. Ai.

Ainda assim, num ano de muito equilíbrio na liga, eles ao menos estariam nos playoffs se a temporada tivesse acabado neste dia 2 de dezembro, classificando-se em oitavo. Mas todo mundo sabe que, em LA, isso não é o bastante.


O dilema Pau Gasol: deveria o Lakers tentar trocar o craque espanhol?
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Giancarlo Giampietro

Kobe gosta de Mike D; Gasol... Ainda incerto

Kobe já se encontrou no sistema de D’Antoni; Gasol está longe

Pau Gasol não gostou, Mike D’Antoni também, não.

Depois da derrota do Lakers para o Memphis Grizzlies na última sexta-feira, o quase sempre gentil e ponderado espanhol não se aguentou em seu canto, botou a boca no trombone e disse que se sentia um pouco jogado de canto pelo ataque californiano, que não estava recebendo a bola nos lugares em que preferia, próximo ao garrafão, de costas para o adversário, para colocar em prática sua baita envergadura e seu eficaz e belo jogo de pés.

“Todas as chances que venho ganhando são em arremessos. Gostaria de tentar algo mais perto da cesta, e não apenas em movimento no pick-and-roll, especialmente quando Dwight está lá embaixo. Mas vamos ver. Ainda estamos descobrindo o que fazer”, falou. “Eu costumo render quando entro no garrafão e crio a partir dali. Historicamente é deste jeito que tive sucesso, que fiquei renomado e garanti meus contratos. Mas tomara que eu possa encontrar um caminho ou que possamos encontrar um caminho para me abrir novas oportunidades, para que eu possa render e ser mais efetivo.”

É um baita de um comunicado endereçado ao técnico, não? Bem atípico, mas provavelmente Pau deve ter ficado irritado com alguma provocaçãozinha de seu caçula Marc em Memphis. Mas tambeem deve ter contribuído o fato de ele ter ficado no banco durante o quarto período inteiro. Acho. 😉

Pê da vida pela derrota, dois dias depois de já terem perdido para o Sacramento Kings em um jogo para se esquecer, D’Antoni deu na canela ao rebater: “Eu estava pensando em como eu gostaria de vencer esse jogo, é nisso que eu estava pensando Odeio quando os caras dizem que não receberam a bola. Isso não faz sentido nenhum. Todo mundo recebe a bola. A bola deve girar para todos”. Sok! Pow! Crash!

Depois: “(No garrafão) você já tem um cara como Dwight ali”.

Na noite seguinte, uma vitória arrasadora sobre o Dallas Mavericks por 115 a 89, os dois fizeram as pazes, ou pelo menos tentaram.

D’Antoni consentiu que precisa achar um jeito de descolar umas cestas mais fáceis para Gasol – mas do jeito que ele gosta? “Pau é um cara ótimo, não estava tentando desrespeitá-lo. Ele é e sempre vai ser um grande jogador, então vamos continuar mexendo e remexendo no ataque e trabalhando. Estamos tentando descobrir como envolvê-lo mais. Não apenas ele, mas Dwight tambeem. Não podemos ter nossos grandalhões arremessando quatro, cinco ou seis vezes”, disse o técnico. “Estamos nisso juntos (Tamo junto!). Leva tempo para entender as cosias. É um período de ajustes”, afirmou Gasol.

Nas últimas três partidas, ele teve 25 arremessos, média de 8,3 por jogo, abaixo dos 13,5 a que se habituou em sua carreira – e dos 12,4 da temporada toda, aliás. Em termos de produção geral, o espanhol vem com 13,4 pontos por jogo e apenas 43,4% nos arremessos, as menores médias desde que entrou na liga em 2001, e de longe.

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Esse boato corre Los Angeles há mais de um ano, no mínimo, mas creio que agora a pergunta realmente parece pertinente: será que não chegou a hora de o Lakers trocar Pau Gasol?

Usá-lo como uma espécie de Troy Murphy ou Channing Frye, o ala-pivô aberto da linha de três no ataque não faz o menor sentido. O problema: Howard ocupa tanto espaço no garrafão como Bynum fez na última temporada, e ainda é menos talentoso em alguns quesitos que facilitariam a vida do espanhol, já que não passa tão bem como o ex-companheiro e não consegue acertar nada a mais de dois ou quatro passos da cesta quando arremessa.

Numa liga em que os times atléticos, velozes e de jogadores extremamente versáteis, o Lakers ainda aposta numa formação mais tradicional e grande, com seus dois superpivôs lá dentro e um armador puro (que ainda não jogou diga-se) em Steve Nash. Vale esperar o retorno do canadense e sua reunião com o chapa D’Antoni para ver como o jogo coletivo vai se desenvolver? Talvez. Mas Nash e D’Antoni realmente vão ter de quebrar a cabeça para colocar a coisa para funcionar – e de um modo que não fira o orgulho do espanhol e que, mais importante, explore suas diversas habilidades.

A ordem agora é ter paciência com essa nova equipe, deixando os astros se entenderem – sem se esquecer que o Miami Heat perdeu para o Dallas Mavericks em seu primeiro ano e por semanas e semanas tinha um aproveitamento de 50% em sua campanha. Mas a pressão em Los Angeles, como Mike Brown e Phil Jackson podem testemunhar, se faz um pouquinho mais presente, né? Se o Lakers se arrastar com uma campanha medíocre até meados de fevereiro, aguarde para ver o burburinho aumentar.

Antes de fazer planos de troca para o barbudo, saibam de dois detalhe muito importantes:

– Gasol ganha US$ 19 milhões por ano (sim, são RS$ 38 milhões) e ainda em uma cláusula em seu contrato de que seu salário seria elevado em 15% caso seja trocado. Isto é, quem quiser tirar o pivô deverá arcar com um salário de quase US$ 22 milhões  – só Kobe Bryant ganha mais que isso na liga – ou convencê-lo a descartar esse gatilho. Ele toparia abrir mão de algum centavo para jogar no Hawks?

– O Lakers provavelmente vai querer incluir na transação um de seus veteranos armadores reservas: Chris Duhon ou Steve Blake. O que elevaria o valor dos salários para US$ 22 ou 24 milhões. É muito difícil que um time como o Rockets, cheio de bons e jovens jogadores, consiga construir um pacote que chegue a esse valor sem dar um time inteiro. Além disso, o Lakers não pode exceder o limite de 15 atletas em seu elenco, tornando a dinâmica da negociação bem complicada.

De todo modo, se quiser levar o plano adiante, é de se imaginar que o clube californiano vá atrás de um ala-pivô sólido, de bom arremesso de média e longa distância e de múltiplos chutadores e jogadores atléticos para o banco de reservas, algo que combina mais com  sistema de D’Antoni.


O Fantástico Mundo de Ron Artest: Ciúmes de você (ou “parem de encenar!”)
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Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

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"O que é isso!?", exclama o Metta World Peace

Gerald Wallace, na avaliação de Ron-Ron, faz uma de suas encenações em Hollywood

Tava preocupante. Nosso anti-herói estava completamente perdido em meio a essa confusão toda que tomou conta do Lakers nas últimas semanas. Kobe Bryant deu a cara a tapa sem parar, Dwight Howard continuou fazendo suas palhaçadas. Pau Gasol ganhou em Steve Nash um companheiro de ponderação. E Ron Artest sumido, sem ninguém lhe perguntar nada, ou sem tirar nada que valesse um destaque durante o caos. O que era incompreensível, considerando de quem estamos falando.

Mas tudo tem seu fim. O Metta World Peace ressurgiu das cinzas nesta madrugada, voltando com tudo no Twitter. Que alívio!

Talvez enciumado pelos elogios de Kobe Bryant ao ala Gerald Wallace, após a vitória dos angelinos sobre o Brooklyn Nets no Staples Center, Ron-Ron saiu para o ataque contra o adversário. Wallace, daqueles jogadores que não aliviam em coletivo, no rachão e talvez nem contra seus filhos no quintal de casa, somou cinco roubos de bola, três tocos, cinco rebotes e quatro faltas em 29 minutos. “Na defesa, ele foi uma equipe de demolição de um homem só”, disse Kobe.

Seu companheiro de Lakers não entendeu o jogo desta maneira, não. Para ele, o ala do Nets não parou de cavar faltas e se jogar em quadra (“flop”). Veja sua sequência de Tweets em tradução soltinha da silva:

1) “Qual foi a melhor encenação hoje? Das três que vimos?! Estou tão feliz que a NBA agora cobra US$ 5 mil por encenação”…

2) “As duas encenações do Gerald Wallace foram malucas… Risos… E eu na quadra pensando: “O que é isso!!!… É louco porque ainda sou forte, mas mais rápido.”

3) “Fiquei tão nervoso quando o Gerald Wallace se jogou. Risos. Achei que o juiz ia dar falta em mim. O Nic Batum já havia me pegado em Portland.”

4) “Posso entender que os jogadores estrangeiros façam encenação… Eles fizeram essa regra para os estrangeiros… Mas agora está fora de controle…”

5) “Os árbitros fizeram um bom trabalho hoje ao pegar as duas vezes que o Gerald Wallace se jogou… Mas eles perderam a encenação do Reggie Evans… Tudo bem… Eles vão pegar a próxima…”

Sensacional. Para os boleiros americanos, aqueles que começaram jogando nos parques de Nova York, ou aqueles dos colegiais de Indiana, quer dizer, entre o boleiro roots americano circula essa ideia mesmo de que o “flop” chegou aos Estados Unidos via Europa, mesmo.

Mas não que, em sua fase paz-e-amor, ele fosse esquentar a cabeça para sempre com isso.

Em seu próximo tweet, já mudou de assunto, avaliando os dons de estilista do rapper, empreendedor, marido da Beyonce e milionário Jay-Z. Ele adorou os novos uniformes do Nets, de Brooklyn, pertinho de sua vizinhança nova-iorquina.

6) “Tenho de conseguir uma camisa do Brooklyn! Essas camisas são animais! Jay Z é fantástico! Já tenho a jaqueta do Brooklyn no clipe que estou pra lançar.”


A crise do Lakers segundo Kobe Bryant: relembre as frases de impacto do astro
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Giancarlo Giampietro

Kobe Bryant

Para segurar Kobe Bryant, agora só com uma mordaça

Kobe Bryant está on fire.

E não só por seu ótimo início de campanha em quadra, a despeito de toda a turbulência por que passa o supertime (na teoria) do Lakers.

Ele está impossível também diante de microfones e gravadores, fazendo dos setoristas da equipe uns tremendos de uns sortudos. Como se eles já não tivessem o que dar de manchete com tantas contratações bombásticas, demissões, intrigas e difamações públicas nas últimas semanas. Fato é que, cada vez mais próximo do final de uma fantástica carreira, o ala se sente completamente seguro e livre para dizer o que bem entende, não importando as consequências.

Quem vai mexer com ele?

Tem o maior salário da liga, com US$ 27 milhões programados para este campeonato e mais US$ 30 milhões para o próximo. Dos poucos que possuem uma cláusula contratual que vetam uma eventual troca com a qual não concorde. Senhor de Los Angeles, o ídolo das celebridades. Intocável.

Então vai falar o que bem entender mesmo. Veja uma compilação com algumas de suas declarações recentes. Mais precisamente, desde o início de outubro. Tudo isso, então, em menos de dois meses:

“Acho que todos nós todos meio que estávamos esperando que fosse o Phil. Provavemente pegaram o Mike com a guarda baixa também. Mas estou animado. Para ser honesto, Mike era minha primeira escolha, porque nem sabia que Phil seria uma opção. Quando me disseram, respondi que adoraria, e foi isso. Então eles sabiam os dois de quem eu gostava. Já que obviamente não deu certo com Phil, então eles sabiam que tinham minha aprovação para fechar com o outro”, sobe a contratação de Mike D’Antoni, deixando claro que, dessa vez, foi consultado sobre o processo, depois de ficar irado com a contratação de Mike Brown, da qual ouviu pela primeira vez como eu e você: pela imprensa.

Kobe é o cara

Eu sou o cara, mas não sou fominha

“Ele é um gênio ofensivo. O ataque que ele instaurou na seleção dos EUA é a que nos levou para um caminho de duas medalhas de ouro. Sabemos todos qual o tipo de talento que tínhamos naquela equipe, então era importante que nós tivéssemos um ataque que fosse flexível, que fosse aberta e mantivesse todos envolvidos”, sobre a criatividade de D’Antoni no ataque.

“Vocês sabem o que sinto por Phil. Uma coisa que meio que me incomodou sempre foi o modo como em seu último ano eu não consegui dar para ele o que tinha de melhor, meu jogo normal. Entende? Porque eu estava jogando com uma perna só. E isso sempre me consumiu. No último ano de sua carreira não fui capaz de dar tudo o que tinha. Ele é um técnico muito grande para sair daquele jeito. É o que sinto pessoalmente. Para mim, levei isso no coração”, sobre a temporada 2010-2011 na qual o Lakers foi varrido pelo Dallas Mavericks na semifinal da Conferência Oeste, marcando a despedida de Phil Jackson.

“Conhecendo-o do jeito que conheço, é só uma questão de saúde. Se ele se sente fisicamente pronto. Ele é um perfeccionista, todos sabemos disso. Se ele sente que pode vir aqui e dar aquilo que ele cobra de si próprio, então acho que estaria interessado”, empolgado com a possível volta do Mestre Zen.

“Ele ensina os caras a serem pensadores. Ele nos ensina as pequenas nuanças, os detalhes, os pontos intrínsecos do jogo que apenas alguns conhecem. Não é culpa dos outros, mas é que, quando estamos falando de basquete, ele está no nível dos gênios. É difícil para alguém assumir uma responsabilidade dessa com jogadores que cresceram sob esse tipo de tutelagem”, novamente falando o mundo sobre seu treinador predileto e, ao mesmo tempo, contando algo sobre os problemas de Mike Brown e algo que também vai ser um enorme desafio para D’Antoni.

“Estou muito velho para lidar com esse tipo de coisa. Tenho sido seu principal defensor. Estou realmente muito velho para esse tipo de coisa infantil. É ridículo. Todos aqui estão frustrados por ter perdido um jogo. Você fica nervoso. Mas não tem a ver com uma pessoa em particular. Deus, as pessoas estão entediadas (para criar algo disso)”, sobre a encarada que deu em Brown durante uma derrota para o Utah Jazz, flagrada pela TV local de Salt Lake City, discutida por jornalistas e torcedores em tempo real e reprisada de modo exaustivo na TV e na rede a ponto de virar um GIF animado etc.

“Jogar até os 40 anos não é algo que está fora de possibilidade. Sempre vai haver jogos no YMCA, peladas nos parques. Provavelmente vou jogar enquanto estiver vivo”, sobre… Hã… Jogar até os 40 anos.

“Tudo o que visto é novo”, ao ser questionado por um repórter sobre um agasalho marrom que estava usando.

“Vou dizer isso por ele: ‘Que todo mundo cale a boca’. Deixem a gente trabalhar e, no fim do dia, vocês ficarão felizes com os resultados. Apenas não entendo. Sem tentar morder minha língua e chamá-los de idiotas, mas é o que acabei de dizer na verdade, mas nesta cidade as pessoas já viram nós vencermos um monte de campeonatos com um ataque que era muito difícil de aprender. Eles sabem como as coisas funcionam. Então para eles serem estúpidos agora e pedirem para que Steve apenas fique driblando, para que só passemos para Dwight no garrafão ou que eu fique isolado com a bola, não vou dizer que isso é idiotice, mas está perto disso”, ainda tentando proteger Mike Brown em meio a uma saraivada de críticas no começo da temporada.

“Acho que é mais provável que os críticos ataquem Brown do que Phil. É justo porque Phil obviamente venceu, e Mike ainda não. Mas você tem de olhar para nossas filosofias ofensivas. É o mesmo tipo de filosofia”, sem perder o fôlego.

Phil Jackson e o afro de Kobe

O jovem Kobe Bryant orientado pelo já Mestre Zen

“As coisas vão ficar um pouco tensas porque não sou um soldado muito feliz agora”, depois da segunda derrota em dois jogos do Lakers no início da temporada.

“Não somos os caras mais rápidos do mundo, então temos de apoiar mais um ao outro”, sobre as dificuldades defensivas da equipe, que sofre principalmente para defender o pick-and-roll executado por armadores mais baixos e velozes.

“Torções de tornozelo nem me incomodam mais. Já virei o pé tantas vezes que não tenho mais nada ali embaixo” e “Eu nunca preciso de liberação. Ou eu estou pronto, ou não estou. Eles fizeram um ótimo trabalho me tratando e me deixando pronto. Já estamos juntos há muito tempo, então eles confiam no meu julgamento”, sobre os problemas físicos e quem decide se ele deve jogar ou não. Dica: não é o departamento médico.

“Prefiro ser compreendido como um vencedor do que como um bom companheiro de equipe. Queria que ambos andassem de mãos dadas toda hora, mas isso simplesmente não é real. Não tenho nada em comum com gente preguiçosa, que culpa os outros pela falta de sucesso  que tiveram. As coisas grandes vêm de trabalho duro e perseverança. Não tem desculpa. Esse é o meu jeito. Pode não ser certo para você, mas tudo o que posso fazer é dizer o que penso. Cabe a você entender que tipo de liderança se adequa melhor ao seu estilo”, mandando um recado no Facebook a vai saber quem (leia abaixo).

Kobe Bryant x Smush Parker

Escuta aqui, Smush, deixa de… Encher a paciência

“Dei para ele seus 30 minutos de fama. Tudo bem. Ele está jogando na China, né? Desejo boa sorte. Talvez algum dia ele volte para a NBA e veja como as coisas são de perto”, em contra-ataque verbal contra Smush Parker, depois de ouvir sobre as críticas que o ex-companheiro fez sobre sua suposta arrogância fora de quadra.

“Quase venci um prêmio de MVP com Smush Parker e Kwame Brown em meu time. Estava arremessando 45 vezes por jogo. O que deveria fazer? Passar para Chris Mihm e Kwame Brown…”, relembrando alguns ex-parceiros de quem provavelmente não sente muita saudade, ao ser questionado sobre a fama de fominha que o persegue.

“O que acontece é o seguinte: algumas pessoas são muito, mas muito burras. Continuo ouvindo que sou um jogador egoísta, que só quero saber de fazer cesta. Mas ninguém conquistou mais títulos do que eu na minha geração. Tenho cinco desses. Você não pode ser egoísta e ganhar um título, o que dizer de cinco? Esas discusão já deveria estar no caixão agora”, e segue o jogo.

“Não é justo. Jodie tem de me marcar a cada dia de treino, então fica ruim para ele”, sobre as chances reduzidas de o ala Jodie Meeks ganhar tempo de quadra na equipe.

“O time é meu. Eu tenho cinco anéis de campeão. O que vocês querem que eu diga?”, sobre quem seria o dono da nova formação estelar do Lakers.

Na verdade, Kobe, a gente quer que você diga mais. Muito mais mesmo.


Afeito ao drama, Lakers escolhe Mike D’Antoni e ignora pedidos por Phil Jackson
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Giancarlo Giampietro

Mike D'Antoni x Phil Jackson

Depois de fracassar com um Mike, Lakres escolhe outro, com Phil Jackson disponível

O Lakers deu na manhã desta segunda-feira mais uma boa amostra de que, em Hollywood, o dramalhão pode ser tão, ou mais importante do que o star power. Só assim para entender a mudança repentina de direção do alto comando da franquia (Jerry Buss pai, Jim Buss filho) na hora de contratar o próximo técnico do clube. Depois de se atirarem para cima de Phil Jackson em desespero, recuaram cheios de orgulho para suas trincheiras, ligaram para Mike D’Antoni ontem pela noite já sabendo que dessa vez ouviriam um “sim, senhores” de cara.

É até engraçado: a franquia divulgou comunicado bem cedinho – antes mesmo de o Twitter norte-americano sair da cama, especialmente em Los Angeles e seu fuso horário do Pacífico. Talvez para dar algum tempo, alguns minutos preciosos que fossem, para que jogadores, a liga toda, jornalistas e torcedores assimilassem aos poucos a surpreendente contratação. Se eles fizessem isso, digamos, ao meio-dia em LA, meio da tarde no Leste, era bem provável que toda a Internet mundial viesse abaixo, e o Vinte Um funcionaria apenas em um espaço virtual: a mente delirante de um blogueiro.

Existem duas correntes lá fora para tentar explicar a opção por D’Antoni:

1) a oficial, na qual a família Buss assegura que a preferência de toda a direção (Jerry Buss pai, Jim Buss filho e o gerente geral Mitch Kupchak) foi, sim, por D’Antoni, de modo unânime. Os três acreditariam que o ex-treinador de Nuggets, Suns e Knicks combina melhor com o elenco atual e que o sistema de triângulos seria muito semelhante ao de Princeton, considerado um fiasco neste início de campanha;

2) a teoria da conspiração, na qual os rumores dizem que Jackson teria pedido mundos e fundos para aceitar o emprego de volta, o que teria voltado a injuriar o ego do Buss filho, com quem já havia travado uma disputa ferrenha nos bastidores durante sua última gestão;

No fim, pode ter sido um pouco dos dois. Não são argumentos excludentes. Talvez por uma picardia contra o desafeto, Phil Jackson tenha feito algumas exigências inéditas. Vai saber: tem quem diga que sim, tem que diga que não, que exageraram na boataria e que não haveria nada de absurdo no pacote Zen. Então talvez a decisão tenha sido mais técnico-tática: instaurar o sistema de triângulos no meio de uma temporada, porém, também não seria muito fácil e, embora Kobe, Gasol, Artest e, alto lá!, Steve Blake estivessem habituados a ele, outros 12 jogadores começariam do zero. Mike D’Antoni, por outro lado, emprega um ataque muito mais simples e também bastante eficiente. O coordenador ofensivo do Coach K na seleção norte-americana também tem uma boa relação com Kobe e Howard. Sobre Nash, nem precisa dizer: é seu cabo eleitoral.

D'Antoni, amigão de Nash

Steve Nash acordou feliz nesta segunda-feira

Agora, ficamos por aqui com os argumentos razoáveis.

Não por achar que D’Antoni é uma mula irrecuperável. Seus times históricos do Phoenix Suns ficaram muito perto da glória no Oeste durante quatro, cinco anos. Apenas tiveram uma tremenda falta de sorte em alguns anos, ou se depararam com uma combinação Tim Duncan-Tony Parker-Manu Ginóbili-Gregg Popovich que foi boa o bastante para derrotar até mesmo o Lakers de Jackson nos playoffs. Dizer que o Suns fracassou com o ataque do “Sete Segundos ou Menos” seria subestimar demais o basquete do Spurs.

Mas tem um baita problema: se D’Antoni quiser colocar seus rapazes para correr mesmo depois de o adversário fazer uma cesta, como acontecia de praxe no Arizona, provavelmente vai ter de jogar o quarto período com Darius Morris, Jodie Meeks, Devin Ebanks, Jordan Hill e Dwight Howard. O restante da velharada estaria na enfermaria. O elenco do Lakers DEFINITIVAMENTE não foi feito para jogar em transição, quanto menos uma transição enlouquecida, intensa, sem-parar. A família Buss pode querer o showtime, mas ot ime aguenta?

Kobe, mais orgulhoso não tem, vai dizer que é como se fosse uma caminhada no paraque. Nash vai lembrar dos bons tempos, mas a quantidade de minutos jogados pela dupla durante toda a sua carreira não pdoe ser ignorada. Tem de maneirar com os velhinhos para tê-los inteiros nos playoffs – ainda mais com o Capitão Canadá distante do estafe mágico de preparadores físicos do Suns. Sem contar que o MettaWorldPeace que nunca foi um velocista. Nem Pau Gasol, também muito mais habituado a operar em meia quadra. O sexto Antawn Jamison já correu muito pelo Warriors no início deprimente de sua vida na liga que já está cansado disso também, aos cacarecos. Contra-ataque não combina.

Outro ponto: Quentin Richardson, Jim Jackson, Joe Johnson, Raja Bell, Leandrinho, James Jones, Tim Thomas, Jared Dudley e mesmo Shawn Marion foram atiradores de três pontos minimamente competentes que ajudavam a abrir a quadra para Nash operar seus pick-and-rolls com Amar’e Stoudemire. Seria uma ação que poderia ser replicada agora com Howard. Mas, sem chutadores com 40% de aproveitamento de fora, pode ser muito mais fácil de se conter. E mais: se Marion ficou magoado por muitas vezes achar que estava posto de escanteio, imaginem o quão feliz um Kobe Bryant ficaria nesse contexto. O astro precisa ser envolvido de todas as formas, e a bola nas mão de Nash o tempo todo não faria bem algum para a química do time nesse sentido.

Mike Woodson x Mike D'Antoni

Com uma mãozinha de Mike Woodson (e), D’Antoni conseguiu montar um Knicks com boa defesa no ano passado. Quem vai ajudá-lo em LA?

Estamos falando só do ataque. O lado da quadra que, pasme, talvez não estivesse precisando de reparos! Quando Brown foi demitido, a equipe angelina tinha a quinta ofensiva mais eficiente da liga. Jogando com Princeton e tudo. Posto mantido até esta segunda-feira: cliquem aqui para conferir. E o que dizer da defesa? Com Howard ainda recuperando a boa forma, a atual configuração do time se provou tão vulnerável como no ano passado. No geral, o Lakers simplesmente é mais lento que boa parte de seus concorrentes, para não der muito mais lento. Para proteger sua cesta, esse time tem de jogar com uma formação bem compacta e com muita disposição por parte dos jogadores. Brown, que havia montado grandes defesas durante toda a sua carreira, não conseguiu em Los Angeles. E D’Antoni jamais vai ser considerado um mestre retranqueiro – as más línguas se referem a ele como Mike No-D.

Mas, calma.

Calma que tem mais.

O problema vai além do ponto de vista tático.

Nos últimos dois jogos do Lakers em casa, vitórias contra as babas que são Warriors sem Bogut e Kings sem Cousins, a torcida não parou de gritar por Phil Jackson. Star power, lembrem-se. Dirigir essa equipe não se limita a uma prancheta, a uma lousa mágica. Você precisa ser bom de relações públicas também para cruzar o caminho de Jack Nicholson, oras. Foi a grande dificuldade de Mike Brown por lá, tanto para convencer uma exigente base de seguidores, como para administrar seus atletas. D’Antoni sempre se deu bem com quem treinou, tirando Carmelo Anthony e Shaquille O’Neal. Em Nova York, porém, ele penou para lidar com a pressão. E lá vem chumbo grosso.

Seu início no cargo, aliás, já não vai ser dos melhores. É até difícil de acreditar, mas, entre Jackson e o novo técnico, o Mestre Zen, aquele que se arrastou para sair de quadra na humilhante derrota para o Mavs nos playoffs de 2011, é quem está mais saudável no momento. O escolhido acabou de passar por uma cirurgia no joelho e está impossibilitado de viajar. Ele foi anunciado, mas sua apresentação deve ficar só para terça-feira, no mínimo. Bernie Bickerstaff teria de seguir, então, como o interino até seu substituto juntar forças e se dizer pronto. Agora imagine uma noite qualquer em que o time vá para a quadra, tropece e, de repente, sem nem mesmo o cara chegar, os cantos por “We Want Phil!” fossem ecoados no Staples Center? Como fica?

É bom que Mike D’Antoni se apresse e corra tão rápido feito um Leandrinho.

Porque de drama o Lakers já está bem servido. Não precisa de mais.