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Arquivo : Erazem Lorbek

Brasil escapa com vitória na prorrogação contra Eslovênia. E aí?
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Giancarlo Giampietro

Splitter arrebentou novamente: 18 pontos, 6 rebotes e 3 assistências em 26 minutos

Splitter arrebentou novamente: 18 pontos, 6 rebotes e 3 assistências em 26 minutos

Em termos de dinâmica de placar, as coisas foram bem parecidas. Brasil abre baita vantagem no primeiro tempo e perde o controle da situação no segundo. Foi assim contra a Lituânia na véspera e contra a Eslovênia nesta sexta-feira.

Dessa vez, porém, a seleção brasileira escapou de quadra com uma vitória por 88 a 84, na prorrogação. Na casa do adversário, diga-se.

Os rapazes de Magnano chegaram a ter 19 pontos de vantagem no princípio do terceiro período, mais precisamente com 49 segundos jogados na parcial, com uma cesta de Anderson Varejão (48 a 29). Com 2min33s jogados, o placar era de 48 a 32. Ao final do período, a diferença já havia praticamente evaporado: 52 a 47.

A história, nesse sentido, foi praticamente a mesma. Mas o modo como chegamos a esse drama todo.

Contra lituanos, o Brasil construiu uma boa vantagem com base num ataque balanceado e nos disparos de longa distância de Rafael Hettsheimeir. Contra eslovenos, foi a vez da blitz. Aquela marcação bastante pressionada que Magnano instaurou na equipe há uns dois Carnavais e que, estranhamente, não vinha sendo muito aplicada neste giro de amistosos.

Larry Taylor foi o destaque aqui, infernizando a vida dos reservas anfitriões e até mesmo de Goran Dragic. O norte-americano forçou uma série de turnovers dos adversários, fez desarmes e desvios que certamente não lhe foram computados na tábua de estatísticas, mas que desestabilizaram o rival. Diversas cestas fáceis em contra-ataque resultaram deste abafa.

Raulzinho também teve um papel importante nesse abafa – e aqui cabe uma destaque: os melhores momentos brasileiros em Ljubljana até agora vieram com a dupla de armadores em quadra.

Nenê foi dominante na primeira etapa, fazendo um pouco de tudo em quadra no ataque e na defesa

Nenê foi dominante na primeira etapa, fazendo um pouco de tudo em quadra no ataque e na defesa

Os dois baixinhos mordiam, mais adiantados, e Nenê se movimentava de modo excepcional na cobertura, fechando corredores. Foram computados três tocos para o pivô no jogo, mas sua influência também foi muito além do que mostra a linha estatística. No primeiro tempo, sua atuação foi verdadeiramente primorosa.

No segundo, contudo, essa pegada não viria a se repetir – e também nem dá para esperar/cobrar que ela se sustente por uma longa sequência. O que é bom também. Para mostrar que mais e mais ajustes são necessários a pouco mais de uma semana da estreia no Mundial.

Dessa vez, a defesa brasileira permitiu que a Eslovênia trovejasse em quadra com suas cestas de três pontos. Depois de anular os donos da casa no primeiro tempo neste quesito, levando apenas um disparo em 11 tentativas, no segundo tempo foi permitido uma farra daquelas.

A Eslovênia terminou a partida com 13/28 (43%), que, por si só, já é um número bastante elevado. Descontadas as falhas dos primeiros 20 minutos, os caras mataram 12/17 nos 25 minutos restantes, para um 70% de embasbacar e atormentar – algo diferente do que aconteceu contra a Lituânia também, que usou muito mais os movimentos interiores.

Algumas bolas foram contestas, é verdade. Outras foram para trás da linha da NBA. Mas em geral a marcação chegou muito atrasada, isso quando chegou. Os esloveno se liberavam com corta-luzes simples em cima da bola ou com movimentação no lado contrário. Destaque para Klemen Prepelic (21 anos e espevitado que só), que converteu por conta própria 6 em 8 para liderar a remontada. Prepelic é uma figura emergente no basquete europeu, mas já vem chamando a atenção por sua seleção. Parece que os brasileiros não o conheciam muito bem.

E o mais preocupante, na verdade, foi a demora para tirar o ala de ação – e a demora em geral para a equipe reagir ao que se passava em quadra. Foi apenas na prorrogação que ele passou a ser vigiado de modo adequado, a ponto de ser sacado da partida.

Nesse ponto, vale aprofundar:

– Foi o segundo jogo consecutivo em que o Brasil tomou um vareio a partir do intervalo; isto é, a partir do momento em que o treinador adversário teve a chance de conversar com seus atletas e refazer sua estratégia diante do que viu na etapa inicial;

– Magnano simplesmente não conseguiu estancar as coisas a partir daí; a Eslovênia venceu o terceiro período por 21 a 9. Num intervalo de nove minutos, o time local marcou 21 pontos e levou apenas quatro. Se estendermos a contagem até os primeiros quatro minutos do quarto final, a contagem ficaria em 33 a 8, quando os eslovenos abriram oito pontos de vantagem no marcador (62 a 54). O ataque era sofrível, novamente sem inventividade nenhuma, num problema recorrente;

– o time brasileiro é um dos mais experientes daqueles que vão entrar no Mundial; vai estar muito provavelmente entre os cinco, ou talvez até entre os três mais velhos do torneio.

Pois bem: se os eslovenos abriram oito pontos e ainda perderam, quer dizer ao menos que o Brasil não se perdeu por completo no sentido emocional e soube batalhar de volta a partida. E como?

Fazendo aquilo que nunca deve perder de vista: explorar seu jogo de pivôs. Esse é o ponto forte de um time que pode revezar Splitter, Varejão e Nenê (aquele que saiu do banco desta feita). E não adianta usá-los em abordagens simples de costas para a cesta. Tem de se usar sua mobilidade e inteligência, aproveitá-los em movimento para fazer estragos. Ainda mais contra um time que definitivamente não tem pivôs de ponta.

Juntos, nos seis minutos finais, Splitter e Varejão fizeram 13 dos 18 pontos da seleção. Os últimos deles num tapinha salvador do capixaba a um segundo do fim.

Aliás, uma cesta merecida em diversos sentidos: não só premiar o jogo interno, como também para premiar um o basquete de Varejão, daqueles caras que fazem de tudo para levar um time ao triunfo, mesmo que não brilhe tanto assim para as câmeras. O pivô havia desperdiçado dois lances livres com 19 segundos para o fim, mas deu um jeito de recuperar a bola duas vezes e garantir a porrogação.

No tempo extra, o time soube proteger sua cesta de maneira coesa e abriu seis pontos em 1min27s de ação (80 a 74). Marcelinho Machado foi para a linha de lances livres em diversas ocasiões e ainda acertou um raríssimo chute de longe para anotar seis pontos.

O Brasil tem agora quatro vitórias em sete jogos preparatórios. Neste sábado, vai testar sua inconstância contra o Irã, ainda na Eslovênia.

*  *  *

A Eslovênia é um time de respeito, mas, sinceramente, corre muito por fora no Mundial se formos falar em medalha. Desfalcado (para variar…), o time está uns dois degraus abaixo da Lituânia, por exemplo. Depende muito da criatividade e agressividade de Goran Dragic e dos disparos de três. Sem Erazem Lorbek e Gasper Vidmar, seu jogo de pivôs inexiste. Splitter e Varejão os esculhambaram com 34 pontos e 14 rebotes. Ponha os números de Nenê aí, e os três pivôs brasileiros tiveram 42 pontos e 17 rebotes.

*   *  *

Dragic, aliás, vem sendo poupado em alguns amistosos. Entrou em quadra com uma comprida proteção no braço esquerdo. Em determinado momento, depois de ser desarmado em seguidas ocasiões por Larry e após um pedido de tempo, voltou para quadra sem a braçadeira. No segundo tempo, foi muito melhor. Não parece estar 100% indo para o Mundial. O que não tira os méritos da pressão estabelecida pelo armador bauruense.

*  *  *

Ah, Leandrinho não jogou, por conta de uma inflamação na garganta. Sem o ligeirinho, a relevância de Machado na rotação de perímetro de Magnano cresceu. É algo para o qual a seleção está preparada para o Mundial, numa eventualidade? O veterano flamenguista não teve a tarde dos sonhos nos arremessos mais uma vez (4/11, só 2/7 para três), mas terminou com 13 pontos, sendo importante na prorrogação. O tipo de atuação que deve justificar, na cabeça do argentino, sua convocação. Giovannoni estava “fardado”, mas não foi utilizado novamente.

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Huertas elevou um pouco seu padrão, comparando com a péssima partida da véspera, mas ainda está aquém do que se espera, da segurança que ele oferecia em temporadas anteriores. Foram 6 pontos, 6 assistências e mais 3 turnovers para o armador, em 32 minutos.


Euroliga: Barça tenta superar lesões para confirmar favoritismo contra Panathinaikos
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Giancarlo Giampietro

Diamantidis x Navarro

Quanto mais Diamantidis x Navarro tivermos, melhor. Beeeeem melhor

O que daria para dizer é que existe um favorito para a conquista: o Barcelona, dono da melhor campanha da temporada regular, com 22 vitórias e apenas duas derrotas (uma em cada fase, para o CSKA Moscou em casa e para o Kimkhi em Moscou). O time de Marcelinho Huertas venceu suas últimas 12 partidas pelo Top 16. Os catalães venceram também 14 partidas com vantagem de duplo dígitos. Com a melhor defesa da Euroliga, seguraram seus adversários abaixo dos 70 pontos em 15 ocasiões, duas abaixo dos 50 pontos – a média geral foi de apenas 67,6 pontos sofridos.

A dificuldade, porém de cravar o Barça como o grande candidato ao título vem pelo fato de Xavier Pascual ter perdido dois alas de uma vez, na reta final do Top 16, incluindo o titular Pete Michael e o jovem Xavi Rabaseda. Mickeal foi afastado devido a embolia pulmonar e não joga mais nesta temporada, enquanto Rabaseda sofreu uma fratura por estresse na perna direita e só retornaria no caso de o clube passar pelo Panathinaikos.

A rotação de Pascual, desta forma, fica bastante danificada. Ele vai ter de contar com atuações vigorosas do australiano Joe Ingles – um talento, mas ainda inconsistente, e sem a pegada defensiva dos dois desfalques – ou apostar mais no garoto Alejandro Abrines, 19 anos, candidato ao “Draft” da NBA deste ano, que marcou 21 pontos em 21 minutos contra o Maccabi Tel Aviv na última rodada, mas ainda muito frágil fisicamente. Outra solução seria jogar com Huertas, Victor Sada e Juan Carlos Navarro ao mesmo tempo no perímetro, mas, por melhor defensor que Sada seja, ficaria difícil para ele bater de frente Jonas Maciulis, do Panathinaikos, por um longo período. Mesmo o vigoroso Michael Bramos já criaria problemas.

De qualquer maneira, coletivamente, o Barcelona tem uma defesa tão sufocante, que, mesmo avariada individualmente e caindo um pouco de rendimento, pode ser ainda o suficiente para brecar o ataque do Panathinaikos. Impressionou durante toda a fase regular a capacidade que o sistema de Pascual tem em empurrar os oponentes para longe da cesta, forçando arremessos de baixo aproveitamento, quase sempre contestados. Entrar no garrafão catalão é sempre um desafio ou uma aventura.

Sobre Huertas? Continua com o brilho de sempre ofensivo, com uma criatividade sem fim nos contra-ataques e muito tino para o jogo de pick-and-roll, facilitando muito a vida de seus pivôs. Seu tempo de quadra depende muito do confronto que a equipe tem. Se o jogo pede muito mais defesa ou a cobertura específica em um craque, dá mais Sada. Agora, se a equipe clama por um pouco de inventividade no ataque, o brasileiro prevalece. Duro que o embate das quartas de final não é dos mais favoráveis, do ponto de vista defensivo. Contra o Panathinaikos, vai ter as mãos cheias na defesa, lidando com o já legendário Dimitris Diamantidis, o croata Roko Ukic e o inconstante Marcus Banks. Provavelmente ele bateria de frente com Ukic, que é extremamente talentoso, mas nem sempre agressivo com a bola.

Outro ponto importante a se destacar no Barcelona é o crescimento de seus pivôs, com uma rotação que se provou muito sólida e versátil. Ante Tomic e Erazem Lorbek compõem a dupla de grandalhões mais talentosa do continente. O brutamontes Nathan Jawai, o Baby Shaq, australiano, e o enérgico CJ Wallace vêm do banco para complementá-los muito bem.

Por fim, fica o enigma em torno de Juan Carlos Navarro. Ninguém vai duvidar da coragem e do talento de La Bomba, que pode acabar, destroçar um adversário por conta própria com seus chutes de três pontos (aproveitamento de 51,1% no Top 16, em 45 tentativas) e constante movimentação ofensiva. Resta saber apenas se o seu corpo vai aguentar o tranco, depois de tanto desgaste na temporada. Ele teve de lidar com problemas no tornozelo e no joelho, perdendo as 12ª, 14ª e 16ª rodadas, e vinha com tempo bastante limitado, controlado por Pascual. O Barça precisa de seu cestinha em forma na melhor forma para encarar uma defesa também bastante forte do Panathinaikos. Ficamos na torcida, aliás, para que Diamantidis, defensor exemplar, seja escalado em sua contenção. Seria um duelo dos sonhos para se acompanhar.


Maior envolvimento de Huertas resulta em melhor ataque e favoritismo para o Barcelona
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Giancarlo Giampietro

Huertas vibra

Por Rafael Uehara*

A ineptidão no ataque custou ao Barcelona uma vaga na final da Euroliga na temporada passada. Durante todo o ano, o time foi dependente de Juan Carlos Navarro e Erazem Lorbek para conseguir suas cestas. E quando Navarro se viu obrigado a lidar com uma lesão crônica no pé no fim do ano e Lorbek teve uma atuação muita apagada contra o Olympiacos, o time catalão sofreu demais.

Ao chegar de Vitória, a esperança era que Marcelinho Huertas adicionaria uma terceira dimensão ao ataque barcelonista. Mas, como já havia ocorrido com Ricky Rubio, o técnico Xavi Pascual não deu tanta liberdade ao armador brasileiro dentro de seu esquema e, constantemente, confiou mais no reserva Victor Sada para terminar partidas, devido a sua grande capacidade defensiva, prioridade absoluta para Pascual.

Contudo, depois do fiasco em Istambul, a diretoria catalã reconheceu a necessidade de adicionar maior criatividade ao ataque, buscando os pivôs Ante Tomic e Nathan Jawai e o armador Sarunas Jasikevicius, o futuro membro do Hall da Fama, no mercado. Com esses reforços, o Barcelona abriu um pouco mão de seu pedigree defensivo, confiando na habilidade de Pascual de treinar aquele lado da quadra. Ao mesmo tempo, aprimorou o poder ofensivo no elenco.

Contudo, a melhoria que tem surtido o maior efeito para o ataque barcelonista este ano tem sido o maior envolvimento de Marcelinho Huertas. Esse acaba sendo o grande reforço.

Segundo o portal gigabasket.org, que mantém controle de estatísticas avançadas sobre a Euroliga, Huertas tem usado 23,2% das posses do time em seu tempo de quadra. Este percentual é cinco pontos maior do que na temporada passada, quando Marcelinho muitas vezes iniciava a jogada esquematizada e geralmente acabava no canto apenas como opção para o tiro. Neste ano, Pascual modificou o ataque para que seja um pouco menos pesado em jogadas individuais envolvendo Lorbek no garrafão ou em pick-and-rolls apenas envolvendo Navarro e Lorbek.

Uma fração maior do ataque agora envolve a criação no perímetro, resultando em mais oportunidades para Marcelinho contribuir para o time. Especialmente com seu perfeito tempo de bola usando os corta-luzes. Outro que vem sendo mais aproveitado é o ala australiano Joe Ingles (surpreendentemente encaminhado para a NBA no ano que vem).

O resultado tem sido um ataque mais potente, especialmente em comparação com o do ano passado. O Barcelona tem marcado em média 108,6 pontos a cada 100 posses de bola na Euroliga, uma considerável melhora de quase quatro pontos por 100 posses, além de apresentar agora um aproveitamento superior de 7% nos tiros de quadra. Na liga espanhola, o time tem marcado em média dois pontos a mais por jogo nessas primeiras 10 partidas.

Outro ponto bastante positivo: o time lidera a Euroliga em pontos no garrafão e o campeonato espanhol em enterradas, estatísticas indicativas de que a equipe vem buscando com proficiência as jogadas mais simples – e de mais probabilidade de acerto, isto é. Segundo o portal DraftExpress, Huertas seria o principal condutor nessa guinada ofensiva, registrando 6,6 assistências a cada 40 minutos em 18 jogos este ano.

O Barcelona está invicto na competição continental, vencendo todas as suas oito partidas até o momento. No campeonato espanhol, o time perdeu quatro de suas 10 partidas, um começo de temporada atípico, mas essas derrotas vieram por uma média de 5,5 pontos e três delas foram na casa do adversário.

Não há dúvida, porém, de que o time catalão é concorrente legítimo a ganhar a coroa europeia e ainda é favorito a reter o troféu doméstico (mesmo que o rival madrilenho tenha tido um começo de temporada fulminante com sua máquina de marcar pontos). Muito pelo equilíbrio que vem conseguindo, com seu ataque reestruturado fornecendo maior suporte a sua defesa ainda fantástica (que está a caminho de superar as marcas históricas estabelecidas pelo time da temporada passada). E o maior envolvimento de Marcelinho Huertas é a grande razão para isso.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um para este mês. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Os europeus que a NBA não consegue ou conseguiu aproveitar
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Giancarlo Giampietro

Fran Vázquez garante que, dessa vez, esperou pela NBA até o último momento antes assinar com o Unicaja Málaga por dois anos e tentar atrapalhar a vida de nosso Augusto. As propostas só não vieram.

Fran Vázquez, NBA Draft 2005

Vázquez só usou o boné do Magic, mesmo

No caso desse pivô espanhol, é melhor que não pronunciem o nome dele na arena de outro mundo do Orlando Magic, porque seu vínculo, ou melhor, não-vínculo com a equipe da Flórida é uma das vergonhas de sua história recente. Ele foi selecionado na 11ª posição do Draft de 2005, mas nunca jogou sequer um minutinho de azul e branco. Ele preferiu passar seis temporadas pelo Barcelona.

Uma cortesia do ex-gerente geral do clube, Otis Smith, que selecionou Vázquez sem nunca ter conversado direito com o jogador, sem saber seus planos, o quanto confortável ele estaria em fazer a transição para a liga norte-americana, sobre o quão disposto ele estaria a deixar seu país naquele momento ou em qualquer momento de sua vida.

Sete anos depois? Ele bem que tentou, mas a nova diretoria do Magic já não estava mais tão interessada assim, enquanto Smith curte algumc ampo de golfe por aí.

Ninguém sabe ao certo como seria a trajetória de Vázquez, hoje com 29 anos, se ele tivesse assinado de cara. Teria se entrosado bem com Dwight Howard? O par certamente teria um potencial defensivo. Mas isso vai ficar sempre no ar e no estômago dos vizinhos de Mickey Mouse.

Pensando no espanhol, essa é uma boa hora para lembrar alguns dos europeus que foram selecionados pelas franquias nos anos que passaram e nunca chegaram a cruzar o Oceano, pelos mais diversos motivos:

Frédéric Weis, pivô francês, aposentado desde o início de 2011, mundialmente conhecido pela enterrada inacreditável de Vince Carter na final das Olimpíadas de Sydney-2000. Acontece que, um ano antes daquele, digamos, incidente, ele havia sido escolhido pelo New York Knicks na 15ª colocação do Draft de 1999. Detalhe: um posto depois, o Chicago Bulls escolheu o jovem Ron Artest, da universidade de St John’s, produto do Queens (assim como Scott Machado) e o anti-herói preferido do Vinte Um.

Então quer dizer: os fãs do Knicks já não perdoariam Weis facilmente por essa suposta traição. Desde que foi eternizado por Carter, porém, Weis foi uma carta fora do baralho nova-iorquino. Ele só foi útil em uma pequena troca feita em 2008 na qual seus direitos foram repassados ao Houston Rockets em troca de Patrick Ewing Jr.! Não dá para ser mais irônico que isso, dá?

Relembre, se preciso, “le dunk de la mort”:

Sofoklis Schortsanitis, o Baby Shaq grego! Cujo nome sempre foi um desafio para narradores e repórteres de Internet escrevendo os relatos de Brasil x Grécia na correria. (Oi!). O mais massa-bruta de todos, um terror no pick-and-roll simplesmente porque são poucos os que têm coragem de parar em sua frente quando ele recebe a bola partindo feito locomotiva para a cesta. Máquina de lances livres. Ganha uma boa grana na Europa, mesmo não tendo o condicionamento físico para atuar de modo eficiente por mais de 25 minutos por partida. Ele foi draftado pelo Clippers em 2003, na segunda rodada (34). Em 2010, quando venceu seu contrato com o Olympiakos, se aprsentou ao time californiano, mas foi recusado precocemente, algo estranho. Hoje seus direitos pertencem ao Atlanta Hawks.

Sofoklis Schortsanitis, locomotiva

Quem vai segurar Sofoklis Schortsanitis?

Erazem Lorbek, pivô esloveno que recusou o assédio firme do San Antonio Spurs neste ano, renovando com o Barcelona, para o bem de Tiago Splitter. Embora um pouco lento para os padrões da NBA, sem dúvida conseguiria se fixar, aos 28 anos, no auge. É extremamente técnico. Bons fundamentos de rebote, passe e arremesso – seja via gancho próximo do aro ou em chutes de média e longa distância. Seus direitos foram repassados ao Spurs pelo Pacers (que o selecionaram na segunda rodada do Draft de 2006, em 46º) na troca que envolveu George Hill e Kawhi Leonard.  Curiosidade: Lorbek chegou a jogar uma temporada por Tom Izzo em Michigan State, mas optou por encerrar sua carreira universitária para lucrar na Europa desde cedo.

Sergio Llull, armador espanhol, ainda aos 24 anos. Então dá tempo, ué, para ele jogar pelo Houston Rockets, não? Claro. Desde que ele não aceite a – suposta – megaproposta de renovação de contrato do Real Madrid, que lhe estariam oferecendo mais seis anos de vínculo, com um sétimo opcional. Sete!!! Parece negociação dos anos 60 até. Se esse acordo for firmado, o gerente geral Daryl Morey vai ter de se conformarm com o fato de ter pago mais de US$ 2 milhões por uma escolha de segunda rodada (34ª) no Draft de 2009 para poder apanhar esse talentoso jogador, um terror na defesa e cada vez mais confiante no ataque.

Dejan Bodiroga

Bodiroga, multicampeão na Europa

Dejan Bodiroga, ex-ala sérvio, para fechar no melhor estilo. Sabe, uma coisa me causa inveja: quando ouço as histórias daqueles que viram os grandes brasileiros de nossa era dourada. De não ter visto Wlamir, Ubiratan, Rosa Branca e cavalaria. Já aposentado, egoísticamente, Bodiroga entra para mim nessa categoria agora: “Esse eu vi (pelo menos)”.

Não sei qual o apelido dele na sérvia, mas deve ter algo derivado de mágico. Bodiroga foi selecionado pelo Sacramento Kings em 2005, na 51ª posição, mas nunca esteve perto de jogar na NBA. Seu estilo era muito peculiar, e também sempre houve a dúvida sobre como ele poderia traduzir seu jogo para uma liga muito mais atlética – ainda seria uma estrela? No fim, o sérvio nunca pensou em pagar para ver.

Na Europa, defendeu Real Madrid, Barcelona (no qual já atuou com Anderson Varejão), Panathinaikos, diversos clubes italianos. Pela seleção, foi três vezes campeão do Eurobasket, medalha de prata nas Olimpíadas de Atlanta-1996, bicampeão mundial. Em clubes, ganhou quatro Euroligas. Com 2,05 m de altura, mas de modo algum um jogador de força, ele era praticamente um armador com essa altura toda. Um passador incrível, um grande arremessador, conseguia também sucesso surpreendente também no mano-a-mano, investindo até mesmo contra defensores mais ágeis e fortes, devido a uma série de truques com a bola e muita inteligência. Um gênio. Aos 39 anos, já está aposentado e trabalha como cartola..


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