Vinte Um

Arquivo : Dwyane Wade

Heat x Spurs, o último capítulo: o que está na mesa para o Jogo 7 das finais?
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Giancarlo Giampietro

LeBron James, tudo ao redor dele

Mais uma decisão para LeBron James

Alguém aí conseguiu dormir nas últimas 72 horas?

Miami Heat e San Antonio Spurs atingiram um nível de basquete neste histórico Jogo 6 das finais, com vitória para o time da Flórida, que é realmente complicado de discorrer a respeito. Daí um post simplório em primeiro lugar para questionar o quão imediatistas conseguimos ser, querendo comentar segundo a segundo, lance a lance uma partida que tem 48 minutos – ou 53, no caso da prorrogação que vimos na terça. Mania de julgar e martelar que não leva a lugar algum. Demora um tempo para digerir um jogo clássico destes:

Passadas seis partidas, o básico que sabemos sobre o confronto é o seguinte:

1) Não há muitos ajustes a serem feitos agora para o sétimo jogo – pelo menos aquele tipo de ajustes gerais de plano tático. Cada um já sabe o que esperar do outro, as cartas estão todas na mesa: virou um jogo de “small ball” contra “small ball”, mesmo, e vai ganhar o caneco aquele que executar com mais precisão; coisa que o Spurs fez por 40 e poucos minutos nesta terça-feira.

2) Por isso, dãr, Gregg Popovich deixou escapar uma enorme chance. Quando as equipes atingem seu ápice, o Miami é simplesmente melhor – e isso tem muito a ver com a capacidade atlética de seu elenco, mas, principalmente, pelo fato de ter LeBron James a seu favor. Difícil de imaginar como o Spurs poder ficar mais perto de uma vitória no sétimo do jogo do que já estiveram no duelo passado. Daí que…

3) O Miami Heat tem o momento psicológico todo a seu favor;

Oh, Manu, Where Art Thou?

Teria Manu mais um truque Jedi disponível?

Para o Jogo 7, a partir daí, ficam algumas outras perguntas:

– Será que o Miami pode, após tanto drama e esforço, abaixar a guarda? Levando em conta o histórico da equipe, será que o “momento psicológico” é realmente uma vantagem? Os atuais campeões se acostumaram a jogar da melhor forma nestes playoffs quando estão contra a parede, “desesperados”, como Erik Spoelstra gosta de falar. Há risco de entrarem extremamente confiantes e tomar um peteleco daqueles?

– Na bacia das almas, com muitos minutos jogados, os jogadores veteranos estão muito irregulares – com exceção de Tim Duncan; aqui estamos falando especificamente de Ginóbili e Wade. E aí, o que vai ser desses dois craques quebradiços? Qualquer atuação “para cima” de um deles pode ser o ponto decisivo para a derradeira partida.

– E o Ray Allen? Vem com tudo? O ala sofreu contra Bulls e Pacers de acordo com seus padrões, convertendo, respectivamente, apenas 23,5% e 34,5% de seus chutes de três pontos nessas séries. Contra o Spurs, porém, voltou a ser um matador implacável: 60%. Com Allen representando uma séria ameaça exterior, a defesa do Spurs fica em situação muito mais delicada. O mesmo vale para Shane Battier, que encestou cinco das suas últimas dez tentativas.

– Por falar em arremesso de três, Mike Miller vai acertar mais um descalço? : 0

– Tim Duncan ainda tem mais lenha para queimar? É meio inacreditável que o Spurs tenha desperdiçado daquela maneira um jogo de 30 pontos e 17 rebotes do pivô. Um pecado.  Num intervalo de dois dias o veterano conseguiria repetir um jogo vintage desses?

– Sabemos também que LeBron James consegue dar conta de Tony Parker, super-humano que é. E, uma vez que os ângulos de infiltração para o francês são fechados, os operários do Spurs se tornam menos eficientes. Pois não é necessária nenhuma dobra ou cobertura para conter o armador, fazendo com que a turma do perímetro fique mais grudada em seus respectivos alvos. Por isso era imperativo que Ginóbili jogasse minimamente bem, para que sua equipe tivesse outra via de escape ofensiva. Então… Para um último suspiro, por quanto tempo LeBron se dedicará a Parker?

– E a arbitragem? O padrão será mantido? O que vimos no sexto jogo foi, convenhamos, extremamente atípico: boa parte das jogadas polêmicas foram decididas a favor do time visitante e contra as superestrelas. Algo chocante até. LeBron mal podia acreditar. Foi contestado duramente em diversas infiltrações, e a juizada nem aí pra nada. Da mesma forma como aconteceu em cortes para a cesta de Duncan e Ginóbili do outro lado. Foi um jogo físico e solto. Esperemos que sigam nessa linha:  no turbilhão que cerca o próximo confronto, o emocional de todos será testado, inclusive o dos homens do apito.

– Será que esses dois timaços vão conseguir, de alguma forma, superar o que entregaram no Jogo 6?

Segura!


Ginóbili responde após capengar nas finais e deixa o Spurs a uma vitória do título
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Giancarlo Giampietro

Manu dessa vez parou para entrevista

Ginóbili, ufa!, fez jus a pelo menos uma entrevista para a ESPN; algo a que Green já se acostumou 🙂

Uma das discussões que sempre cercou minha, digamos, educação esportiva foi a de que se Pelé deveria ter parado, ou não, quando parou. E não estamos falando aqui de New York Cosmos, mas, sim, de sua decisão de ter se despedido do Santos antes e, principalmente, da Seleção Brasileira, alguns anos cedo demais. Um tema que, vez ou outra, era trazido à mesa da família, naquelas reuniões em que o futebol, claro, arranjava espaço, e o garoto acompanhava interessado.

Agora calma. Paciência, por favor. Antes que acredite que o sujeito aqui, depois de ter passado em branco no Jogo 4 das finais da NBA, possa ter entrado em uma espiral de loucuras e devaneios e ter perdido completamente a linha e se achado como um blogueiro boleiro, já antecipamos aqui, para acabar com a brincadeira que vamos falar sobre Manu Ginóbili – e um pouco sobre Dwyane Wade, Ray Allen e (!!!) Dany Green.

Antes, continuemos a digressão que, crê minha memória, era realmente algo recorrente na família Giampietro. Naturalmente, aquelas discussões dividiriam irmãos, tios, filhos e sobrinhos de dois lados: se enfileirariam aqueles que defendem fielmente que o seu ídolo deve largar tudo quando está no auge, enquanto outro grupo sonharia – ou exigiria – que o craque deveria ir até o limite, se testar até o fim, mesmo, para que soubesse quanto poderia ser bom.

E, aí, fica um pouco mais claro aonde queremos chegar com isso tudo, né?

Quando, alguns dias depois de Wade ter arrebentado com a defesa de sua equipe, Ginóbili, 35 anos, conseguiu dar o troco logo na partida seguinte, com sua melhor atuação em muito (muuuuuuuuito tempo), para ajudar o San Antonio Spurs a vencer o Miami Heat por 112 a 104, neste domingo. Resultado que deixa o time texano a um triunfo de conquistar o título da NBA depois de seis anos.

Como um todo, o desempenho do time de Gregg Popovich foi de embasbacar. Vejamos: foram 42 cestas de quadra em 70 tentativas, para um aproveitamento completamente inesperado de 60%. Mais 21 lances livres convertidos – dois a mais que os superatléticos adversários – e o rendimento de 40,9% de três pontos (sobre o qual falaremos mais adiante). Na defesa, limitaram essas mesmas aberrações físicas a 43% de pontaria geral. Uma discrepância de rendimento que, por si só, já poderia valer como um bom argumento para o triunfo.

Manu x LeBron

Nem LeBron conseguiu parar o craque argentino

Para entendê-la, no entanto, Ginóbili está no cerne. Pela primeira vez nestas finais o argentino conseguiu lembrar em algo aquele que foi um dos melhores jogadores da liga nos últimos dez anos. Atacando com destemor e criatividade, buscando lances que se iniciam malucos e terminam geniais (8/14 nos arremessos). Desafiando quem quer que fosse seu marcador (oito lances livres batidos). Mudando de direção, parando no meio do caminho, ou indo até o aro com sua canhotinha (24 pontos). Fazendo de suas barbaridades aceitáveis: foram três turnovers, mas dez assistências. Desta forma, ajudou a diminuir a pressão sobre Parker, Duncan e os atiradores de fora, uma vez que os defensores deveriam, enfim, voltar a se preocupar com a pimenta de seu jogo.

Comparando com os bons tempos, só uma coisa saiu do script: dessa vez ele não saiu do banco de reservas, como aquela fagulha que incendiou tantas vezes o ataque do Spurs. Numa de suas muitas cartas ­– e nada inédita, que fique claro –, Popovich puxou o narigudo para seu quinteto inicial e lhe deixou em quadra por 33 minutos. Nos últimos três jogos, ele havia atuado por 18, 23 e 26 minutos. E deu certo, minimizando o movimento anterior de Erik Spoelstra com a promoção de Mike Miller.

Mas só funcionou também porque, dessa vez, Manu conseguiu encarar a pressão da defesa do Heat sem perder a ousadia, mas nem a cabeça. Dessa vez seus passes e infiltrações foram precisos, ainda que duramente contestados. As coisas simplesmente se encaixaram para o craque em quadra. Pelo menos por uma noite que seja, voltou a ser grande e relevante.

Algo que só vai servir para estender a polêmica na família Giampietro. A do momento de os craques encararem essa grave decisão de seguir em frente com a carreira ou de mudar de vida. O torcedor do Spurs, rumo a Miami, obviamente já escolheu um lado nesta, mesmo que provisório.

*  *  *

Não é só Ginóbili que vai sofrer contra a defesa do Miami. Mas, para refutar qualquer impressão de que possa ser um exagero discutir a aposentadoria do argentino, lembremos que suas médias nos playoffs como um todo eram meio desanimadoras, com 37,7% nos arremessos e 10,6 pontos em 25,4 minutos. Quer dizer, mesmo com Pop reduzindo seu tempo de ação para quase a metade de um jogo, o ala-armador não conseguiu responder de modo eficiente.

*  *  *

A resposta de Ginóbili não poderia ter vindo em hora mais providencial. Porque Wade conseguiu seu segundo ótimo jogo consecutivo, este fato também representando por conta própria outro milagre. De sujeito que mal conseguia correr ou pular direito na final do Leste , o astro do Heat foi novamente agressivo com a bola desde o início (igualando o número de chutes de LBJ, 22) e mantendo a produtividade (25 pontos, 10 assistências).

Acabou sobrando para Tiago Splitter, a promoção de Ginóbili foi para o Spurs enfrentar a formação mais baixa proposta por Spoelstra. Depois da dificuldade que o brasileiro encontrou na partida anterior, não é de se estranhar a mudança de Popovich. O catarinense foi para o banco e jogou por apenas dez minutos, com quatro pontos, dois rebotes e um toco. Boris Diaw também ganhou mais tempo de rotação (27) e justificou a confiança do técnico ao fazer um surpreendentemente – para não dizer estarrecedor – ótimo trabalho defensivo contra LeBron. Quando o astro passou a abusar de marcadores menores perto da cesta, o francês foi acionado e segurou a bronca. O ala do Heat conseguiu apenas uma cesta em oito chutes contra sua marcação – contra os demais, ele converteu sete em 14.

*  *  *

Ray Allen também resolveu alongar os braços em San Antonio neste domingo. O ala anotou 21 pontos e quase complicou a vida dos anfitriões em alguns momentos do segundo. Esse gatilhaço histórico já havia feito só 18 pontos nos últimos dois jogos em conjunto.

*  *  *

Mas, então, estamos assim: em meio a Ginóbili, Wade e Allen, quem imaginaria que o melhor shooting guard da série seria Danny Green? Matando 25 bolas de três pontos, muitas delas marcadas, com aproveitamento de 65,7% desta distância e média de 18 pontos, talvez já esteja na hora de perguntar outra coisa já: com mais uma atuação de gala, seria ele o MVP das finais?

(!?!?!)

Pensem: Manu estava capengando até dia desses. Parker deu uma desacelerada com a lesão que sofreu no Jogo 3. Tim Duncan, com 15,6 pontos, 11,2 rebotes e 1,8 toco, vem sendo fundamental, como sempre – e isso pode pesar tanto a favor, no caso de o saudosismo for mais influente, ou contra, para aqueles que já o viram fazer coisa muito maior e não se importariam.

 Então…

Talvez o maior concorrente do ex-Cavalier por este posto seja, epa!, Kawhi Leonard, considerando o excepcional trabalho defensivo em cima de LeBron, também mereceria no mínimo sua medalha de honra ao mérito.


Chalmers (!) lidera ataque balanceado do Miami, que estoura no 2º tempo e empata final contra Spurs
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Giancarlo Giampietro

RIIIIO!

Tem noite que os jornalistas esperando do lado de fora do vestiário do Miami Heat só ouvem uma coisa: RIO!

É “Rio” pra cá, “Rio” pra lá, aos berros.

E, por mais que a maravilhosa que seja a cidade, não se trata de nenhuma fixação específica sobre a capital carioca: mas, sim, a rotineira sessão de esculacho para cima de Mario Chalmers. Pouco maduro com a bola, ele era afeito a alguns lances destrambelhados, que deixavam seus companheiros atônitos.

Além das pontes aéreas em contra-ataque, da admiração com as loucuras de Chris Andersen e de andar de bicicleta por South Beach, o esporte favorito de LeBron James e Dwyane Wade era avacalhar com seu armador.

Imagino que nesta noite de domingo os gritos tenham sido os mesmos. Mas dessa vez com uma ternura nos gritos, elogiosos, celebrando o companheiro que conseguiu, ao menos por uma noite, superar Tony Parker.

Chalmers marcou 19 pontos e foi o cestinha do Jogo 2 contra o San Antonio Spurs, liderando um ataque superbalanceado para uma vitória por 103 a 84. Não é uma quantia de outro mundo, mas não é todo dia que você consegue ser o cestinha num time com LeBron, Wade, Chris Bosh e Ray Allen. E o mais importante: a pontuação de Chalmers aconteceu quando o jogo estava no pau ainda, com o Spurs ameaçando triunfar pela segunda vez na Flórida.

Depois da noite impecável de Parker na primeira partida, dessa vez foi Chalmers a completar uma atuação sem nenhum desperdício de posse de bola. Além disso, ele matou 6 de 12 arremessos no geral, duas em quatro de três pontos e todos os seus cinco lances livres. Pegou ainda quatro rebotes e deu duas assistências. Com ele em quadra, seu time venceu por 30 pontos de diferença.

Porque de “armador”, na verdade, Chalmers tem pouco em um time que já conta com dois excelentes condutores em outras posições no quinteto inicial. Para o jogador, o fundamental é aproveitar as chances que tem a partir da marcação dobrada que seus companheiros mais célebres atraem. Nesta partida, ele executou o que lhe cabe com agressividade e muita eficiência.

Na final da Conferência Leste, o jogador já havia feito a sua parte, diante de uma defesa fortíssima como a do Indiana Pacers, atacando George Hill com ousadia, sem se deixar intimidar por nada.

E esse é um traço do caráter do atleta – o destemor. Algo que vem desde os tempos de Kansas, pelo qual foi campeão universitário com direito a uma participação decisiva na final contra Memphis, encarando Derrick Rose, com direito a cesta de três pontos desequilibrada quase no estouro do cronômetro para forçar uma prorrogação.

Não percam de vista o seguinte: a final da NCAA é um dos maiores eventos esportivos de todos os Estados Unidos. Nível absurdo de pressão, e pra Chalmers aquilo parecia não dizer nada. Esse tipo de personalidade foi vital para sua sobrevivência num vestiário complicado e exigente.

Se os astros gritavam “RIO!”, talvez ele, sim, estivesse pensando em Copacabana ou algo do tipo.

*  *  *

Bosh x Manu

Bosh deixou as coisas um pouco mais difíceis para o Spurs no Jogo 2, ainda mais para Manu Ginóbili, em uma atuação horrível e destrambelhada

Tony Parker foi limitado a apenas 13 pontos e cinco assistências, com nove erros em 14 arremessos tentados, cometendo cinco turnovers. Seu marcador primário foi Chalmers, depois dos rumores de que LeBron talvez assumisse esse papel. Mas o crédito não pode ser todo dele, neste caso.

Erik Spoelstra dessa vez ordenou que seus jogadores fossem para baixo dos corta-luzes em cima do francês e que eles também fizessem a troca, com Haslem, LeBron ou Bosh recuando. Melhor que Parker arrisque seu arremesso melhorado de média distância, do que vá para a cesta com suas belas e velozes bandejas.

Bosh também foi muito melhor na proteção da cesta, atuando enfim como um pivô de força, protetor. Não terminou com nenhum toco, mas alterou diversos arremessos por parte do armador e outros. Tim Duncan (3-13 de quadra, nove pontos, irco!) surpreendentemente teve dificuldades ali debaixo, assim como Tiago Splitter.

(Em tempo: sobre o toco de LeBron para cima do catarinense? Digno de pôster e o tipo de jogada que, sinceramente, esperávamos acontecer aqui e ali: o catarinense nunca foi de saltar muito e acabou dando o azar de se deparar com o jogador errado na hora errada. Bom saber, contudo, que o brasileiro é daqueles que não dá a menor bola para isso. É do jogo, acontece. Sem criancices.

“Eu tentei fazer uma boa jogada. Fui para a enterrada e ele foi ainda melhor. Bloqueou. Tentei partir forte e ele estava bem ali. Ótima jogada para ele”, afirmou Splitter. Segue a vida.)

*  *  *

A sequência de 33 pontos contra 5 do Miami dos minutos finais do terceiro período em frente mostrou todo o potencial físico, atlético dessa equipe. Quando eles conseguem atingir essa quinta marca, fica praticamente impossível de se enfrentar. Foi o mesmo ritmo que usaram no Jogo 7 contra o Indiana Pacers. Nestas horas, as dobras defensivas se tornam sufocantes, com muitos desvios de direção e uma rotação e recuperações frenéticas.

MM e LBJ vibram

Baita vitória para o Miami, mas apenas uma vitória. Responderam bem, mas série só está 1 a 1. Não é que o placar geral tenha sido virado

Por isso é tão crucial para o Spurs cuidar da bola (foram 16 dessa vez, cinco no terceiro período), impedir ao máximo que eles entrem no contra-ataque, em quadra aberta. Porque, a partir daí, não só LeBron James se torna a arma mais letal do planeta, como seus arremessadores ganham espaço para atirar. E, se esses disparos começam a acertar o alvo, a coisa pode desandar rapidamente – o time da casa acertou 52,6% no perímetro, com destaque para as 3 em 3 de Mike Miller e as 3 em 5 de Ray Allen. Game. Set. Match.

Lembrando: com 3min49s restando no terceiro quarto, os texanos venciam por 62 a 61, após uma chute de Danny Green em flutuação. A partir dali, só deu Heat.  Não só a parcial terminou com dez pontos de vantagem 75 a 65, como, com menos de quatro minutos jogados do quarto período, o placar já era de 91 a 67, com uma cravada de LeBron.

*  *  *

Perder um jogo, aliás, em que LeBron tinha menos de dez pontos com quase três quartos disputados pode tirar o sono de alguns integrantes da comissão técnica do Spurs – menos o Popovich, que é não se abala com essas coisas, né?

Era uma atuação um tanto… Hã… Bizarra por parte do astro. Por um lado, dava para entender que ele não queria se precipitar perante aas armadilhas preparadas pelo Spurs. A tática de povoar o garrafão ou qualquer trecho de quadra à frente do supercraque foi mantida. O ala tinha, então, de decidir com sobriedade o que fazer diante dessa situação. Até aí tudo bem. Mas LeBron vinha com parcimônia demaaaaais. Era um pouco assustador.

Talvez por cansaço? Talvez por ter colocado na cabeça que era vital envolver todos os seus companheiros, a todo custo? De modo que se preservaria energia para arrebentar no quarto? Vai saber. Fato é que a arrancada de sua equipe no finalzinho do terceiro e início do quarto período nos poupou de mais uma daquelas discussões tipo Arquivo X para entender o que se passaria na cabeça do cara, que terminou com 17 pontos, 8 rebotes e 7 assistências, flertando com mais um triple-double.

*  *  *

Foram dez rebotes  para Bosh, um milagre em 31 minutos. Wade também deu sua contribuição. Por mais que sua linha final tenha sido de míseros dez pontos e seis assistências em 30 minutos, o ala-armador foi muito bem no primeiro tempo, atacando com agressividade, impedindo que o Spurs abrisse com as bombas de três de Danny Green. Na segunda etapa, sumiu do mapa novamente – e parece que será esse o seu papel na série, mesmo, uma vez que o joelho não permite muito mais.

*  *  *

Para fechar, algo típico sobre este Miami Heat. Quando saem as decolagens de contragolpe, quando as bolas de três caem, quando sua torcida deixa os coquetéis de lado para, enfim, gritarem, a postura que o time adota em quadra beira o inaturável. São poses e poses, como a de LeBron após o toco em cima de Splitter. Com a bola em jogo, ele para no centro do garrafão e se petrifica como uma estátua. E não deveria haver time mais atento a esse tipo de infantilidade do que o próprio Heat.

Ou será que eles já se esqueceram de uma provocação de Dwyane Wade bem na fuça dos reservas do Dallas Mavericks nas finais de 2011 e a reação que aquela exibição de soberba desencadeou? A estrela acertou um chute da zona morta e ficou com o braço erguido por uma eternidade, matutando provavelmente se havia, ou não, desferido a adaga final naquele Jogo 2. Sofreram uma virada incrível, perderam por 95 a 92, e a história do confronto se alternaria por completo.

Está documentado aqui, a 9min55s, com seu chute abrindo 15 pontos de vantagem:


Quais os desafios que aguardam Tiago Splitter nas finais contra o Miami Heat?
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Giancarlo Giampietro

Splitter pra mais dois pontos

Dificilmente Tiago vai encontrar um caminho tão livre assim para fazer a bandeja

Ele pode ser o primeiro brasileiro campeão da NBA. É o nosso melhor e mais consistente jogador na Seleção há anos. Decidiu tudo que é título na Espanha e na Europa em geral. Agora está no palco mais brilhante, chamativo, com um papel muito importante, encarando talvez seu maior desafio. Dá um frio na barriga intenso só de pensar. O que esperar de Tiago Splitter na decisão contra o Miami Heat? Vamos respirar fundo e tentar entender/projetar o que vem pela frente.

Ataque
A característica mais marcante do Miami Heat é sua capacidade atlética coletiva. São aqueles que representam, na prática, aquilo que se idealiza sobre a liga norte-americana em termos de exuberância física.  Erik Spoelstra pode mandar para quadra jogadores de muita velocidade e agilidade, impulsão e invariavelmente empenhados em fazer o serviço sujo. Quando levam isso ao máximo, se torna um inferno atacar contra esses caras – como Paul George descobriu no Jogo 7 das finais do Leste.

Um páreo duro, ainda mais para um jogador como Tiago, que gosta de produzir se esgueirando pelos mínimos espaços oferecidos por uma defesa, a despeito de seu corpanzil.

Além de muito inteligente, enxergando os diversos ângulos para se cortar para a cesta, o catarinense corre bem e se desloca por toda a quadra e também é bastante coordenado para um cara de seu tamanho, podendo receber o passe nas redondezas do garrafão em velocidade e, tal como o carteiro Karl Malone, entregar a carta no destino certo (sua  média na carreira é de 57,2% nos arremessos, sensacional).

Contra os mutantes de Miami, porém, essa habilidade para finalização será testada ao máximo. É preciso cuidado com a defesa que virá do lado contrário em seus pick-and-rols com Parker e Manu, especialmente quando LeBron tiver Dwyane Wade e Chris Andersen ao seu lado. Os três têm ótimo tempo de cobertura.

Só não dá para confundir precaução com receio, temor, mesmo que estejamos falando desses atletas de primeiríssimo time – e aqui, literalmente, já que são os atuais campeões.

Splitter nunca  teve o jogo mais vertical. É difícil, por exemplo, lembrar a última cravada, ou até mesmo um grande highlight de sua carreira nessa linha. E não teve problema nenhum para o pivô prosperar e se tornar um dos melhores do mundo (Fiba) em sua posição. Ele desenvolveu uma série de movimentos, digamos, criativos, para não escrever estranhos, mas que obviamente são úteis e eficientes.

Splitter se vira

Splitter vai precisar finalizar com autoridade, ao seu modo, contra uma defesa hiperatlética

Colocar isso em prática na NBA, envolto por jogo mais veloz, explosivo e aéreo que o da Liga ACB ou Euroliga, sempre foi visto como o grande desafio para o catarinense, alguém que foi analisado pelos scouts das franquias norte-americanas desde a adolescência na Espanha, uns bons deeeeez anos atrás.

“A evolução foi lenta, mas consistente. Claro que todo mundo quer chegar e jogar, se adaptar o mais rápido possível. Demorou um pouco, mas agora estou bem, com mais protagonismo tanto no ataque quanto na defesa”, disse o pivô em entrevista completinha a Daniel Neves, companheiro aqui do UOL Esporte.

Demora um pouco, mesmo, para captar o que se passa ao seu redor. Talvez Gregg Popovich o tenha segurado um tico demais da conta. Ou talvez ele só estivesse realmente esperando a plena adaptação de seu jogador. Mas o fato é que hoje o brasileiro está confortável e perfeitamente integrado ao plano de um dos maiores treinadores da história. Enfrentando quem quer que seja, com suas bolas heterodoxas, mesmo.

Dentre essas jogadas, aliás, o arremesso em flutuação pode lhe ser muito útil no confronto. É um chute que ele converte com boa frequência e pode ser utilizado quando o tráfego rumo ao aro estiver intenso. Além disso, como destacamos em outro post quando o rival ainda era o Golden State Warriors, é muito incomum que um pivô tenha esse tipo de bola, que até hoje surpreende os narradores e comentaristas da liga e, imagino, também os seus oponentes.

Veja aqui a sequência a partir de 1min01s, com seu floater em pleno funcionamento e os comentários de Jeff Van Gundy na sequência:

Um Splitter eficiente em quadra será fundamental para o Spurs. Se o pivô conseguir incomodar a defesa interior de Miami, estará criando um senhor problema para Spoelstra, que poderá ter dificuldade para decidir o que fazer na hora em que ele e Tony Parker jogarem em dupla.  “Vamos continuar fazendo nosso jogo. Todos os times têm brechas e vamos aproveitar tudo o que está à nossa disposição”, disse ao Daniel.

Fica a dúvida sobre que marcador seria designado para o brasileiro de cara. Muito provavelmente Chris Bosh nos primeiros minutos, com o técnico do Heat tentando preservar o jogador de um embate direto com Tim Duncan.  Além disso, resta saber se Spo vai optar por ficar com dois pivôs em quadra como fez contra o Indiana Pacers, ou se vai voltar com Shane Battier para sua rotação, confiando no ala para segurá-lo. Se esse duelo realmente acontecer, Splitter precisaria fazer de tudo para se impor em quadra no mano-a-mano, fazendo o oponente pagar pela estratégia de small ball, seguindo o exemplo dado por  David West.

Defesa
Vocês podem não acreditar, mas o mesmo time que é superveloz e atlético na defesa, também leva esse mesmo pacote para o ataque. :  )

A diferença que os percalços para Tiago aqui estão distantes da cesta, independentemente de quem estiver em quadra do outro lado – Haslem, Bosh, Battier, LeBron, Mike Miller ou Rashard Lewis. Ops, esqueçam o Lewis. Apenas Chris Andersen não fica posicionado desse jeito.

A ideia é espaçar bastante a quadra, abrindo trilhas para os cortes de LeBron e Wade. Por isso, os “pivôs” do Miami se afastam costumeiramente da área pintada, preparados para receber o passe e matar os chutes de média e longa distância. Splitter vai ter de persegui-los em muitas ocasiões no perímetro, mesmo Haslem, que, do nada, recuperou sua confiança e voltou a representar uma ameaça nesse quesito.

Foi algo que David West fez excepcionalmente bem pelo Pacers, contestando os chutes de longa distância até de Ray Allen – Shane Battier, então, nem se fala: foi reduzido a pó, a ponto de se tornar uma peça inútil para o Heat. O catarinense tem velocidade e movimentação lateral para dar conta disso, ainda que não esteja tão habituado a correr atrás de alas. Como o chapa Rafael Uehara mostra nesta edição aqui, com ações focadas na contenção de pick-and-roll:

Ao mesmo tempo que tem de vigiar essa turma, o brasileiro vai ter de ajudar, e muito, Kawhi Leonard na inglória missão para tentar incomodar LeBron James de algum jeito. A ideia é que ele ou Duncan se posicionem atrás de Leonard, centralizados, para desencorajar as infiltrações os atropelos do superastro. Uma ação que requer uma baita organização tática e sintonia fina com os companheiros.  “Não existe uma pessoa no nosso time que possa pará-lo [LeBron]. A única forma é adotar uma defesa forte no coletivo. Só assim conseguiremos enfrentar os astros do time deles”, afirmou o brasileiro ao Daniel.

Splitter x Z-Bo

Splitter lidou bem com Z-Bo na final do Oeste; Miami apresenta desafio bem diferente

Muitas vezes é quase como uma defesa por zona, com a limitação dos três segundos imposta pela NBA. Para alguém criado na Europa, não é problema algum. A verdade é que a promoção e efetivação de Splitter no quinteto titular do Spurs foi capital para a solidificação de uma defesa que andava estranhamente mambembe sob a orientação de Popovich. Sua mera presença física ao lado de Duncan ajuda a congestionar tudo.

De todo modo, poucos são tão grandes como um Roy Hibbert, dos raros casos capazes de intimidar LeBron. Nesse confronto, para o brasileiro vai contar muito mais sua aplicação e desenvoltura tática.

E aí?
Esses são apenas alguns dos pontos que envolvem Tiago Splitter num grande  e promissor jogo de tabuleiro que começa nesta quinta-feira e se estenderá para os próximos dias. Lembrando que o brasileiro se tornará um agente livre ao final da temporada. Dependendo do quão bem ele executar seu papel, o Spurs pode ter problemas para segurá-lo em seu elenco. Agora, se isso for ajudá-los a conquistar um título depois de seis anos, Popovich e Duncan aceitarão de bom grado. Vamos ver no que dá.


LeBron espera por mais ajuda de Wade e Bosh para bater Spurs sem heroísmo nas finais
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Giancarlo Giampietro

Quinto jogo da série entre Miami Heat e Indiana Pacers, na Flórida. O time da casa joga pressionado para defender seu mando de quadra, depois de os visitantes já terem vencido uma vez lá, no Jogo 2, e, para tanto, conta com o esforço supremo de LeBron James. Até que, durante a transmissão da TNT, o comentarista Reggie Miller não se aguenta diante do que vê e dispara de longa distância: “Esse time do Miami vai parecendo mais e mais o Cleveland do LeBron James”.

Depois, no Jogo 6, soltou logo que estavam assistindo ao “Miami Cavaliers”:

Pow!

Acho que Dwyane Wade já não teria gostado muito dessa, né? Mas a coisa piorou significativamente quando o próprio LeBron, na entrevista que sucedeu uma preocupante derrota, falou por conta própria algo na mesma linha: “Eu meio que voltei aos meus dias de Cleveland e apenas pensei: ‘Ei, hora de tentar fazer mais jogadas, de ser uma ameaça maior no ataque também’; era para ver apenas se os caras iriam me seguir, só para eu liderá-los da melhor maneira que poderia”.

Sok!

LeBron, Dwyane, e aí?

Não há crise entre os astros, mas o fotógrafo foi muito feliz neste corte, não?

O que vimos nesses dois embates foi isso, mesmo, especialmente na quinta partida. Com o Miami mais uma vez atrás do Indiana no placar ao final do primeiro tempo, o melhor jogador da liga se viu obrigado a carregar sua equipe a qualquer custo. A valente tropa comandada por Frank Vogel pagou o preço: ele anotou 16 pontos no terceiro período, e a parcial foi vencida por 30 a 13. Game over.

A defesa da equipe também voltou muito mais forte – mais sobre isso no tópico abaixo – e Udonis Haslem voltou a matar seus chutes de média distância. Mas o triunfo que começou suado e terminou tranquilo para o Heat aconteceu pela força da natureza chamada LeBron James. Ele deixou a quadra com 30 pontos, oito rebotes, seis assistências, essas linhas fantásticas que para o ala não passam de corriqueiras.

Só desta maneira para eles vencerem? Bem, no sétimo jogo, vimos que não necessariamente. Mas, em meio a esta briga de foice que se mostrou a série contra o Pacers, foi preciso. Porque, de uma hora para outra, o fanfarreado, famigerado e invejado Big 3 – que, para mim, sempre foi Big 2 + Bosh, aliás – havia se reduzido ao esquema de LeBron contra a rapa, com uma ou outra ajudinha de operários.

Há quem jure que, quando o desertor de Cleveland falou sobre os “maus e velhos” dias na cidade, não tinha a intenção de lançar uma indireta para seus companheiros. Que teria apenas achado graça da dinâmica do jogo e tal. Vai saber. Mas que foi merecido, não se discute.

Big 3?

Big 2 + Chris Bosh?

Entre Wade e Bosh, o (?) pivô foi o pior.

Naquele Jogo 5, somou sete pontos e cinco rebotes em 33 minutos. No geral, ele falhou em superar a marca de dez pontos nas últimas quatro partidas da série, vivendo noites miseráveis no ataque, com um aproveitamento de apenas 37,7% nos arremessos em sete jogos (contra 53,5% na temporada). De qualquer forma, talvez estivesse apenas em má fase? Ou talvez fosse muito difícil mesmo pontuar contra a defesa entrosada e combativa do Pacers? Talvez seu próprio time o estivesse ignorando, ou simplesmente não conseguiam encontrá-lo. De qualquer modo, para um sujeito de 2,11 m e ágil, haveria outras maneiras de contribuir se o jump shot não estava caindo, e não há desculpa para sua pífia média de rebotes: apenas 4,3 por partida. Inacreditável e inaceitável, embora não tão chocante, uma vez que apanhou apenas 6,8 no ano. Roy Hibbert meteu tanto medo assim?

“Não vou tentar dar nenhuma desculpa.Não me apresentei para meus companheiros hoje, e não vou deixar isso acontecer novamente. Estou realmente decepcionado comigo”, disse CB, que estaria incomodado por uma torção no tornozelo e não conseguiu evitar a derrapada.

Já Wade fechou o confronto com 15,4 pontos, 5,1 rebotes, 4,3 assistências, 1,1 toco e 1,3 roubo de bola. Não são números nada desprezíveis. O problema foi a inconstância durante o confronto – especialmente no intervalo entre os Jogos 4 6, em que matou apenas 11 de 34 tentativas de quadra, cometeu oito turnovers para apenas 11 assistências, com média de 12 pontos. Era um jogador que vinha vagando pela quadra nas últimas partidas e não parecia em nada com um dos melhores da história na sua posição.  Obviamente incomodado por um joelho estourado, perdeu muito de sua explosão e acabou mostrando como seu jogo depende ofensivo muito mais do físico do que técnica – já que lhe falta o fundamento mais básico do esporte, o arremesso. O Indiana ficava mais do que contente quando o veterano parava a sete, dez passos da cesta e soltava uma pedrada – foi facilmente contido por Lance Stephenson e/ou Paul George, facilitando a vida da defesa adversária como um todo, uma vez que a pressão só vem de LeBron. Nos Jogos 4 e 5, Mario Chalmers agrediu muito mais.

Ok, na hora de a onça beber água, a dupla reagiu, de certa maneira. Bosh teve nove pontos e oito rebotes (números medíocres), mas, epalelê!, somou três tocos, mostrando ao menos alguma garra defensiva, depois de conseguir apenas quatro bloqueios nas seis partidas anteriores. Já Wade teve um jogo muito mais enérgico, com 21 pontos e 9 rebotes (superando o “pivô”, reparem), seis deles na tábua ofensiva.

O esforço do ala-armador em especial foi valorizado, mas ainda não estava de acordo com suas capacidades. Ainda assim, tentou reforçar em quadra o apelo ao amigo de número 23. “Temos caras que individualmente querem jogar melhor. Mas nós temos de tentar ajudar um ao outro neste vestiário, sem deixar que o indivíduo se imponha por vontade própria”, disse. Nenhum nome foi citado, mas não precisa de dica nenhuma para entender quem seria o “indivíduo”, né? Especialmente depois de o supercraque ter feito suas controversas observações a respeito de como, de repente, tudo parecia com Cleveland.

Wade continuou com seu clamor (que também pode ser lido como “mi-mi-mi”, ficando a seu critério): “Nós temos de fazer um trabalho melhor para garantir que eu e Chris tenhamos nossas oportunidades para ter sucesso no decorrer dos jogos. É algo que temos de olhar como um time”.

Não há razão alguma para esse choro todo. Spoelstra cantou jogadas de pick-and-roll entre Wade e Bosh para o início das partidas contra o Pacers. Desde os tempos de Cavaliers, LeBron sempre foi conhecido como uma figura altruísta em quadra. Quem se lembra do lance em que ele foi avacalhado por ter passado uma bola decisiva nas mãos do ala Donyell Marshall num duelo com o Pistons nos playoffs? Aqui, a 1min25s:

É claro que ele está disposto a acionar seus companheiros de hoje, sempre esteve e vai continuar fazendo. Só precisa que cumpram sua parte no trato. A defesa do Spurs não é tão física, opressora como a do Pacers, mas funciona muito bem taticamente e foi a terceira melhora da temporada regular, com o brasileiro Tiago Splitter sendo fundamental aqui, inteligente que é na ocupação de espaços. Para derrubar os campeões do Oeste, também será uma batalha, e o Miami vai precisar da dupla que anda em baixa.

É isso, ou, apesar de todo o orgulho, que abram espaço para os atos de heroísmo de LeBron James. Talvez seja o bastante pelo bicampeonato. Talvez não.


Miami, enfim, iguala intensidade do Indiana, se livra de zebra e está na final da NBA
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Giancarlo Giampietro

Chris Bosh vive na defesa!

Até o Chris Bosh marcou bem nesta segunda. Aí complicou para o Indiana de David West

De tanto que se fala, pode parecer o discurso mais automático de todos, uma falácia, o clichê dos clichês. E nem sempre esse discurso explica tudo, mesmo. Mas que pode fazer diferença? Ô se pode.

Tudo isso para falar de “energia”, “intensidade”, “vontade”, “raça”. São quesitos que supostamente seriam obrigatórios para jogadores que ganham milhões e milhões por seus contratos – só de salário. Mas nem sempre é fácil, assim, de se explicar. Nem sempre estamos falando exatamente de coração: “cabeça” pode explicar isso muito bem: a concentração para executar aquilo que é necessário em quadra.

Paremos por aqui, contudo. Independem as razões para as oscilações de empenho na análise deste Jogo 7: uma vez que o Miami Heat enfim pôde fazer frente, mesmo, consistentemente, frente ao Indiana Pacers  nas pequenas coisas, na briga pelos rebotes, na aplicação defensiva, seu talento fez a diferença. Vitória por 99 a 76 e a vaga nas finais da NBA para enfrentar o San Antonio Spurs.

Comecemos pelos rebotes, a batalha que todos julgaram ser impossível para os atuais campeões desde o começo da série. Nesta segunda-feira, o time da casa dominou as coletas (43 a 36), em especial na tábua ofensiva (15 a 8).

LeBron, rumo ao aro

LeBron e o Miami agrediram muito mais o aro no Jogo 7, sem ajuda dos juízes

Destaque aqui para Chris Bosh. Sim, é possível! No caso, consegue pegar mais de cinco rebotes num jogo! Vocês podem não acreditar, mas ele apanhou nove nesta partida decisiva, um recorde pessoal na final do Leste. Mas a ovação fica por conta, mesmo, de Dwyane Wade. O ala-armador orgulhoso e quebradiço que  até mesmo superou Bosh no garrafão com nove rebotes – seis deles ofensivos! Spoelstra chorou ao checar as estatísticas finais, certeza.

Além disso, temos o caminhão de 21 desperdícios de posse de bola cometidos pelo oponente. Mesmo quando venceram o primeiro tempo período por dois pontos, os jogadores do Pacers não tiveram a chance de se sentirem confortáveis em quadra. Cometeram nos 12 minutos iniciais 9turnovers. Eram 15 ao final do primeiro tempo. Reparem, então: cometeram apenas seis na segunda etapa, mas, francamente, o confronto já estava decidido. Uma vez que o time da casa abriu 15 pontos antes de ir ao intervalo, a fatura estava praticamente liquidada.

Pois o Pacers depende em demasia de seu quinteto titular (mais a respeito em um artigo sobre o fechamento de temporada deles). Significava, basicamente, que seus cinco principais jogadores precisariam fazer um trabalho tão impecável a ponto de tirar uma desvantagem dessas em 24 minutos de jogo contra um time que tem LeBron James. Muito difícil.

Mas mais difícil ainda quando esse mesmo time está jogando com uma defesa dessas. É impossível jogar com esse tipo de suor o tempo todo, 48 minutos por partida. Quando eles conseguem, todavia, entregar por alguns – ou muitos – minutos uma defesa com um nível de pressão acima da média dentro das quatro linhas, fica muito difícil. E só assim, mesmo, para inverter o tabuleiro apresentado apresentado na série.

Penando por todo o confronto com Roy Hibbert debaixo da cesta, resolveram cortar, de uma vez por todas, seu acesso ofensivo. Em vez de parar o poste com a bola dominada, melhor evitar que ele a receba de vez, não? E taca Mike Miller flutuando para a cabeça do garrafão, Bosh (aleluia!) marcando de modo antecipado, nem que fosse com um posicionamento 3/4 consistente, Chris Andersen, Udonis Haslem, Wade, Chalmers, todos eles esticando bem os braços, procurando o passe, acotovelando, cutucando, incomodando, sufocando, desgastando. Sem contar a defesa exemplar de LeBron para cima de George: colado em seu jovem e emergente rival (só 7 pontos em 2/9 de quadra, com 4 assistências e três turnovers), sem perder a pose ou o foco. Impressiona demais mesmo quando não faz cesta.

Como se ele também não tivesse arrebentado no ataque, ué: foram 32 pontos em 40 minutos, 15 deles na linha de lances livres (traduzindo: agressividade ao extremo e sem a ajuda da arbitragem geralmente caseira da liga). Perdeu o medo de encarar Hibbert? Sim. Mas também enfrentou  menos o paredão do Indiana rumo ao aro, uma vez que o gigantão teve um raríssimo problema com faltas no duelo. Além disso, o astro desta vez contou com a ajuda de Wade (19 pontos, 7/15, 5 lances livres) e Ray Allen (10 pontos, todos no segundo quarto decisivo). Quem é vivo aparece, gente. Wade definitivamente não jogou como o craque de sempre, mas ao menos compensou a explosão reduzida com um pouco mais de coragem.

Com a vitória, o Miami se insere num grupo seleto de equipes a jogar a final da NBA por, no mínimo, três anos seguidos: apenas o Los Angeles Lakers (em seis ocasiões), o Boston Celtics (duas), Chicago Bulls (duas), Detroit Pistons (uma) e Knicks (uma, nos anos 50) deram conta disso.

Só mesmo, os elencos mais talentosos para se estabelecer desta maneira.

Desde que a habilidade natural esteja acompanhada por tudo aquilo que os técnicos imploram nessas gravações registradas em discursos inflamados durante paradas de tempo. Súplicas que podem parecer as mais banais. Mas que, no calor de uma decisão, podem fazer toda a diferença.

*  *  *

Pequenos detalhes. Dentro e fora de quadra. Como Erik Spoelstra  comprovou neste jogo ao limar Shane Battier de sua rotação e inserir Mike Miller. Para os técnicos conscientes, metódicos, é algo MUITO difícil de se fazer. Pense o seguinte: você ficou com um padrão de equipe por mais de 90 partidas no ano. Chega uma hora, porém, em que fica de frente para a parede. As coisas estão difíceis, tem de fazer algo. Mas primeiro você se sente obrigado a tentar até o último instante a reabilitação de um de seus homens de confiança. Até que chega a hora em que diz chega. E, para Battier, ao menos no duelo com o Pacers, chegou o fim. Toca botar Mike Miller, que estava afundado no banco de reservas, em quadra.

Mike Miller x Paul George

Mike Miller, mais do que um chutador e peça quase esquecida no banco do Miami. Talento

Miller foi muito bem em pouco tempo no Jogo 6 e mostrou que estava pronto. Na volta a Miami, não contribuiu em nada no ataque naquele fundamento que basicamente paga seu salário – o chute de longa distância –, mas mostrou por que já foi um agente livre cortejado por James e Wade para se juntar ao time. Porque ele pode fazer, sim, mais do que arremessar. Ótimo reboteador para sua posição, bom passador e um jogador inteligente que cobre bem os espaços dos dois lados da quadra. Fez a diferença em diversas posses de bola dessa maneira: ajudou muito nas dobras defensivas do segundo período derradeiro e conseguiu várias interceptações. Não por acaso, em sua linha estatística, o número mais elevado foi de roubos de bola: três. Parece nada, mas é muito mais do que o esperado e, ao mesmo tempo, descreve muito pouco o que ele fez em quadra.

E ter um Mike Miller como solução de última hora diz muito a respeito do desnível de talento nos dois grupos. O cabeludinho certamente seria o sexto homem do Pacers se estivesse do outro lado.

*  *  *

Frank Vogel foi duramente criticado por sua decisão de sentar Roy Hibbert na posse de bola final da prorrogação do primeiro jogo. Uma pane que acabou sendo custosa demais, e ele mesmo assumiu o erro. Neste Jogo 7, seu erro foi um o pouco mais sutil, mas também valeu como uma senhora derrapada. Ele falhou feio em sua rotação. Depois de vencer o primeiro período por dois pontos, abaixou a guarda muito rapidamente, ao descansar três titulares de uma vez (DJ Augustin, Sam Young e Tyler Hansbrough), permitindo a reação imediata – e a escapada dos adversários no placar. Uma coisa as estatísticas mais avançadas mostraram claramente na série: quando o Indiana tinha seus cinco titulares, juntinhos, ao mesmo tempo em ação, a equipe venceu o Miami Heat. Qualquer outra formação, porém, mesmo que fosse apenas um reserva acompanhando quatro titulares, deu Miami. Numa partida dessas, era hora de segurar um pouco mais as mudanças, mesmo que se corresse o risco de esgotar o quinteto inicial. Era a hora de ver como o oponente viria para quadra e, aí, tomar uma decisão. Mas tudo bem também: o que o treinador tirou de um plantel limitado desses é incrível, e, apenas em sua terceira temporada como o comandante, está crescendo junto com seus atletas.

*  *  *

Depois do jogo de cartas e blefes entre Popovich e Spoelstra durante a temporada regular – nos dois confrontos diretos entre dois candidatos ao título, pelo menos um dos times poupou alguns de seus principais jogadores –, agora chegou a hora de eles e suas equipes se enfrentarem para valer em quadra. As finais começam no dia dia 6, quinta-feira, em San Antonio Miami, claro. Expectativa de um grande embate.

 


Miami Heat esquece jogo exterior para demolir a defesa do Indiana Pacers
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Giancarlo Giampietro

Quem falou que é obrigatório ter um grandalhão excepcional para se orquestrar um potente ataque interior?

Bem, o Miami Heat mostrou neste domingo contra o Indiana Pacers que uma coisa não tem a ver obrigatoriamente com a outra. A não ser, claro, que estejamos preparados para nomear Udonis Haslem, com seus surpreendentes 17 pontos e 7 rebotes no jogo 4, como o novo superpivô da liga.

LeBron James x Paul George

LeBron: calma com a bola, buscando sempre o jogo interior desta vez

Abrindo mão de seu jogo exterior, com um basquete extremamente agressivo e, ao mesmo tempo, e pragmático, a equipe da Flórida estraçalhou a melhor defesa da NBA para vencer por 114 a 96 e retomar o controle da Final da Conferência Leste, com dois triunfos em três partidas.

Antes de falar sobre o que o Miami fez em seu ataque, vale um breve comentário sobre a defesa de Indiana. Por mais forte que seja sua retaguarda, uma coisa esses caras não fazem bem, por questão de disciplina e princípios até: pressionar a linha de passe. Frank Vogel comunga da ideia de que seus marcadores devem ficar colados a seus respectivos adversários, sem fazer muitas dobras ou sair de um posicionamento mais adequado em busca de uma roubada ou toco. Desta forma, conseguem uma boa contestação aos arremessos de fora de seus oponentes, uma vez que os arremessadores não têm muito espaço para receber a bola e subir para o chute.

O que Erik Spoelstra ordenou, então, foi que os atuais campeões agredissem o garrafão dos donos da casa sem parar. Era preciso medir, calcular os passes na hora de fazer o jogo de costas para a cesta – no qual LeBron James foi mortal –, ou espaçar bem seus atletas e caprichar na movimentação de bola lateral para que os ângulos para as infiltrações fossem criados. Funcionou direitinho, com uma execução indefectível por parte de seus atletas.

Sente-se na cadeira e assimile  os seguintes números: aproveitamento 54,5% nos arremessos de quadra e apenas cinco desperdícios de posse de bola cometidos. Cinco turnovers em 48 minutos, um a cada 9 minutos e pouco. Impressionantes a precisão técnica e a consistência tática.

Eles tentaram apenas 14 disparos de três pontos, sendo que, no primeiro tempo, foram apenas cinco. Na verdade, dos 14 no total, quatro vieram nos últimos minutos de jogo, com a fatura já liquidada. Nas duas primeiras partidas, que valeram realmente até o último segundo, foram 40 arremessos.

LeBron arriscou apenas um chute de fora, sendo muito mais acionado nos arredores do garrafão. Dwyane Wade, então, não tentou nenhum – o que, no seu caso, é algo mais que positivo, já que nunca foi bom, muito menos medíocre neste fundamento (28,9% na média, 31,7% no melhor ano, 2008-09).

Sobre os cinco turnovers, um espetáculo, considerando que eles cometeram 20 na primeira partida e 14 na segunda. No primeiro tempo, cometeram apenas um. Não por acaso, combinando esses dois fatores, marcaram 70 pontos em 24 minutos, com média de 62,8% nos arremessos.

Esse rendimento é bastante possível quando você tem LeBron James e Dwyane Wade dividindo a quadra. A habilidade dos dois ou de (?) Mario Chalmers e Norris Cole, porém, está longe de ser a única explicação para o sucesso que o Heat teve contra o Pacers neste domingo. Tem muito mais a ver com planejamento e conscientização de seus jogadores.

Pode ter durado apenas 48 minutos, até porque o oponente virá com seus ajustes para o próximo jogo. De qualquer forma, foi uma exibição, e tanto, que vale o DVD gravado.

*  *  *

Udonis, gente, o Udonis!

A cesta ficou maior para Haslem neste domingo

Quem é vivo aparece. E Udonis Haslem, contrariando a forte boataria que se espalhou por todos os lados nos últimos meses, está vivo. Por essa Hibbert não poderia Vogel realmente não poderia esperar: “Será que ele vai arremessar 8 de 9 toda noite? Se ele fizer isso, provavelmente será uma série difícil para nós”, afirmou o técnico, irônico e inconformado.

Nos dois primeiros jogos do confronto, Haslem marcou três pontos. Digo: dois no dia 22 de maio e mais um no dia 24. Entendeu? Três pontos, tendo acertado apenas um de sete arremessos. Aí que, em sua visita a Indianápolis, ele resolveu matar oito de nove arremessos, muitos de média distância, algo que sempre foi sua especialidade, mas que ele havia perdido por completo.

Faz muito tempo que não saía nada nessa linha: contra o Milwaukee Bucks, na primeira fase, sua média foi de 7,5 pontos. Contra o Bulls, na sequência, 5,2 pontos. Na temporada regular? Pior ainda: 3,9 pontos.

Apesar da produção anêmica ofensiva, Spoelstra se manteve fiel a seu veterano, dando a ele a condição de titular em 59 partidas das 75 em que esteve disponível. O principal fundamento em o jogador ajuda, aliás, é o rebote, e ele está em quadra basicamente para batalhar debaixo do aro, compensando as limitações de Chris Bosh nesse quesito.

“Veja, nós conhecemos Udonis Haslem há uns dez anos. Ele provavelmente já disputou mais batalhas de playoff do que qualquer um neste vestiário. Ele sempre foi grande nos maiores momentos, quando você precisa dele, quando há adversidade”, disse o técnico do Heat, orgulhoso que só de sua escolha

Spo foi brindado com uma noite especial de Haslem, bem além de “apliação tática”. Por uma noite especial, o veterano ala-pivô, de 32 anos, resolveu a parada. “Meus camaradas continuaram me encontrando. O crédito é deles, eles me encontraram, e eu apenas arremessei com confiança”, disse. “Eu sempre quis contribuir de qualquer jeito que fosse. Hoje eu estava apenas acertando os arremessos.”

Simples assim? O Pacers espera que não.

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O Miami Heat venceu 23 de seus últimos 24 jogos fora de casa, contando a temporada regular, incluindo cinco nos mata-matas.


Lesão de Granger abre espaço para o Indiana Pacers ganhar um jovem astro: Paul George
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Giancarlo Giampietro

Dava um pôster, não fosse a derrota no fim

Paul George força a prorrogação com um arremesso quase acrobático de três pontos

Frank Vogel tem seus argumentos, mas admitiu que errou ao tirar Roy Hibbert de quadra para defender aquele que acabou sendo o último e fatal ataque do Miami Heat na primeira partida da final da Conferência Leste. Foi crucificado em praça pública, como se já não prestasse para mais nada, mesmo tendo sido um dos melhores treinadores nas últimas duas temporadas da NBA.

Entende-se, de alguma forma, toda a repercussão. O lance derradeiro, aquele no qual LeBron James mostrou toda sua inteligência e habilidade, batendo Paul George para uma bandeja de canhota, sem ter de enfrentar a cobertura de Roy Hibbert, pode já ter sido o momento capital de toda uma série. Vamos ver.

Mas, diante de toda a discussão sobre a decisão de Vogel em sacar de quadra sua muralha jamaicana, um ponto importantíssimo foi até subestimado: o simples fato de que o Indiana Pacers exigiu o máximo de seu adversário para ser derrotado – uma jogada genial de James no último segundo da prorrogação. Em Miami.

E isso foi possível apenas pelo sólido conjunto que Vogel desenvolveu nas últimas temporadas e, em especial, pelo desenvolvimento, sem alarde algum, de Paul George, a mais nova adição ao grupo de estrelas da NBA.

Paul George x LeBron James

George encara LeBron naturalmente

Seu jogo pode ser espetacular em muitas ocasiões, dada sua capacidade atlética incrível e o tanto de que depende sua equipe de sua criatividade e de seus recursos técnicos. Mas nada nas expressões faciais ou corporal de George sugere que ele esteja minimamente impressionado – ou, melhor dizendo, deslumbrado – com tudo isso. Ele age como tudo isso fosse muito natural, com a maior tranquilidade do Midwest americano. Uma postura bem diferente daquele calouro que ingressou na liga em 2011, até um pouco assustado, sem saber direito o que fazer com a bola. Sim, uma transformação incrível, que aconteceu até que por acidente.

Por meses e meses o Pacers tratou a tendinite nos joelhos de Danny Granger como algo solucionável, sem pânico. O ala fez um longo tratamento e foi retomando as atividades em quadra aos poucos. Quer dizer, tentando retomar. Quando chegou fevereiro, a dor não passava, sua condição física era deplorável, e a equipe foi obrigada a descartá-lo em definitivo para esta temporada. Um desastre, era o que qualquer torcedor da franquia teria dito em outubro de 2011. Meses depois, com a ascensão de George, a perda já não era tão irreparável assim, a ponto de muitos apostarem numa troca do veterano por alguém que pudesse dar suporte ao novo líder da companhia.

Méritos para a direção do Pacers, chefiada até o ano passado por Larry Bird, cujo trabalho teve sequência com o veteraníssimo Donnie Walsh e pelo irrequieto Kevin Pritchard, que teve paciência para ver o time se desenvolver em quadra sem Granger. E palmas ainda mais fortes para a comissão técnica liderada por Vogel, que, mesmo num time que briga por vaga nos playoffs, conseguiu desenvolver seus atletas mais jovens. Hibbert, em vez de um frágil alvo defensivo numa liga cada vez mais veloz, se tornou um dos melhores defensores da zona pintada. Lance Stephenson, de esquenta-banco e encrenqueiro, passou a bom soldado e ótimo escolta (defende bem, ajuda na armação e ainda oferece, quando necessária, uma válvula de escape com infiltrações ainda em desenvolvimento). Mas  salto mais significativo realmente foi de seu camisa 24. Veja um pouco do que o cara aprontou durante o ano:

George elevou suas médias em pontos, rebotes e assistências regularmente em suas três primeiras temporadas como profissional. O dado mais interessantes dentre esses foi o de passes para a cesta, que saltaram de 1,8 para 4,0 por 36 minutos de média, entre 2011 e 2013. Sinal de aprimoramento na leitura de jogo. Se ele ainda comete um número elevado de turnovers (2,8 a cada 36 minutos), estes erros com a bola subiram em menor proporção do o que de jogadas certas. Quer dizer, mesmo tendo muito mais volume de jogo este ano (ele trabalha com 23,5% das posses de bola de sua equipe, contra 17,8% da primeira campanha e lidera os playoffs em minutos jogados, com 545 em 13 partidas, 41,9 por noite), seu jogo progrediu em termos de eficiência. Bom para ser eleito o atleta que mais evoluiu na temporada. E o melhor – ou pior, dependendo do seu ponto de vista na Conferência Leste: aos 23 anos, ele está apenas começando.

Ainda fica evidente que George tem muito o que desenvolver em seus dribles – é na hora de enfrentar corta-luzes que ele costuma se atrapalhar mais – e nos arremessos em geral, mesmo próximo da cesta, considerando sua impulsão e agilidade. Sua dificuldade de média distância também acontece em decorrência do drible eficiente, já que não consegue se desvencilhar frequente e adequadamente dos marcadores. Veja seu quadro de rendimento nesta temporada:

Abaixo da média em chutes de média distância, na média em três pontos e ótimo na zona morta pela esquerda

No saldo geral, seus percentuais de dois e três pontos caíram.

Mas é normal que ele oscile desta maneira, sem estresse. Afinal, foi sua primeira temporada como protagonista, de modo que pôde, jogo a jogo, aprender com seus próprios erros, entendendo como as defesas vão encará-lo sem ter um Granger ao seu lado para aliviar a pressão. Além de qualquer número, o que se ressalta, mesmo, ao observar George em ação nestes playoffs é seu amadurecimento, no sentido pleno, esplicitado por sua capacidade assustadora de lidar com LeBron James e Dwyane Wade no mano-a-mano como se fossem adversários regulares. Confira a facilidade com a qual bate Wade em diversas infiltrações – por mais que Wade esteja com o joelho estourado, ainda estamos falando o mesmo cara eleito para o terceiro time da temporada, ao lado de James Harden e justamente de George:

É um amadurecimento e sobriedade que se refletem em suas entrevistas. Como nesta declaração aqui sobre a maior carga de responsabilidade que lhe coube no campeonato: “Sabia que, chegando ao meu terceiro ano, eu precisaria ter uma grande campanha. E, com Danny fora, isso ampliou o nível de desempenho de que eu precisaria, a consistência de que eu precisaria. Teria de segurar isso”.

Outra que chamou a atenção: quando soube que foi eleito aquele que mais evoluiu no ano, quando esperava, na verdade, ter mais chances de ganhar como o melhor defensor, ficando meio implícita de que era a sua preferência, na verdade. Mas que, tudo bem, ainda ganharia esse prêmio algum dia. Vogel, Bird, Walsh… Não poderiam ficar mais orgulhosos. Não são muitos os atletas que se orgulhem ou se apeguem tanto a sua capacidade defensiva.

Por isso, embora tenha lamentado a ausência de Hibbert naquela bola contra LeBron, acostumado a ter um grandalhão para lhe dar cobertura, George tratou de assumir sua própria falha. “Tenho de entender que é preciso fazer de LeBron um arremessador naquele ponto”, afirmou. “Foi diferente. Estou habituado a ser agressivo em cima da bola e ter Roy atrás. Mas, estando numa situação dessas, tenho de saber quem está em quadra comigo e o que queremos de LeBron.”

O ala do Pacers deu um passe extra na cabeça do garrafão e permitiu que o oponente fizesse o corte em direção ao aro. Um pequeno detalhe, mas que pesou tanto como a estratégia equivocada de Vogel:

Mão erguida, falha assumida, segue o jogo. “Nós temo de ficar com a cabeça erguida. Nós não temos muitos altos, nem muitos baixos “, afirma. Aqui só cabe um reparo: para Paul George e o Pacers em geral, parece é que apenas para o alto que eles vão.

*  *  *

Discreto em quadra, em constante evolução, talvez George só precise agora rever seus conceitos figurinísticos. Ele subiu assim ao palanque para falar sobre sua grande – mas frustrada – exibição contra o Miami Heat na quarta-feira:

Paul George na estica?

Lembra um pouco o figurino do Dunga, não?


Blake Griffin é a última adição a uma vasta lista de enfermos nos playoffs da NBA
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Giancarlo Giampietro

Marc Gasol x Blake Griffin, Memphis Grizzlies x Los Angeles Clippers

Blake Griffin é a última adição a uma tortuosa lista de enfermos da NBA

Blake Griffin entrou em quadra um pouco mais tarde que os companheiros de Clippers, sem nenhuma explicação. Bateu bola normalmente, procurou agrediu também como o de costume no primeiro quarto, mas ele simplesmente não conseguiu ser o mesmo durante a quinta partida da série contra o Memphis Grizzlies, que conseguiu a virada, fazendo 3 a 2 com uma grande vitória em Los Angeles.

Acontece que o (outro) clube de Los Angeles havia conseguido um milagre até esta terça-feira: na era de fontes anônimas amplificadas por Twitter e comunicação instantânea,  esconderam por mais de 24 horas o fato de que o ala-pivô era dúvida para a partida e que, se fosse para jogar, seria no sacrifício, devido a uma grave torção de tornozelo que sofrera na véspera. O jogador pisou no pé de Lamar Odom durante um exercício de garrafão e teve de se submeter a tratamento até minutos antes do confronto. Daí o atraso. Pois esse milagre, o da recuperação em tempo recorde, o clube não pôde fazer.

Uniformizado, mas nada pronto, foi limitado a apenas 20 minutos no total, seis no segundo tempo, e ainda encontrou um jeito de contribuir pelo menos com quatro pontos, cinco rebotes e cinco assistências, mostrando que sua mínima presença já atraía a defesa do Grizzlies, podendo, então, servir aos seus companheiros com sua habilidade mais subestimada: a visão de jogo/passe. Mas simplesmente não era o mesmo Blake Griffin: ele não bateu um lance livre enquanto esteve em quadra e penava com o jogo físico de Zach Randolph.

O astro do Clippers é apenas o caso mais recente – porque, pelo jeito, não dá pra falar em “último caso” – de lesões que vão interferindo de maneira direta e assustadora nos playoffs da NBA.

Se formos vasculhar o elenco dos 16 times que chegaram ao mata-mata, difícil encontrar alguém que esteja realmente 100%.

Vamos lá:

OESTE

– O Oklahoma City Thunder perdeu Russell Westbrook possivelmente para o resto dos playoffs devido a uma ruptura de menisco, tendo passado por uma cirurgia no sábado. Detalhe: a aberração atlética do Thunder nunca havia perdido um jogo sequer em toda a sua carreira, incluindo colegial e universidade, devido a qualquer tipo de problema físico.

Spliter is down

Splitter: tornozelo e desfalque

– O San Antonio Spurs precisou juntar os cacos ao final da temporada, com Tony Parker e Manu Ginóbili baleados. Eles parecem bem agora, mas o clube texano tem sorte de ter varrido o Lakers rapidamente para poder ficar um tempo a mais descansando e reabilitando Tiago Splitter, que sofreu uma torção de tornozelo esquerdo e perdeu o fim da primeira série. O clube espera que ele possa voltar para a segunda rodada.

– O Denver Nuggets já não conta mais com os serviços de Danilo Gallinari, cuja campanha foi encerrada ainda na temporada regular também por conta de danos em seu menisco. Além disso Kenneth Faried sofreu a sua própria torção de tornozelo, perdeu o primeiro jogo contra o Warriors e só foi lembrar nesta terça-feira o maníaco que é, subindo para cravadas e rebotes de tirar o fôlego.

– No Memphis Grizzlies, Marc Gasol tem de medir esforços para não agravar um estiramento muscular no abdome.

– O Golden State Warriors perdeu o ala-pivô David Lee por todo resto de campanha, devido a uma lesão muscular no quadril. Além disso, não pôde escalar o ala Brandon Rush durante todo o campeonato por conta de um joelho arrebentado.

– Se você for falar de lesões com Mike D’Antoni, o técnico do Los Angeles Lakers, é melhor tirar o lenço do bolso e se preparar para um dilúvio. Kobe Bryant estava fora de ação por conta de uma ruptura no tendão de Aquiles. Steve Nash precisou tomar injeções peridurais para enfrentar o Spurs, com lesões musculares e dores nas costas. Seu substituto, Steve Blake, também ficou no banco por conta de uma lesão na coxa. Pau Gasol teve de se virar com uma fascite plantar e tendinite nos joelhos. Ron Artest voltou para quadra sem nenhuma força na perna devido a uma cirurgia de reparo no menisco.

– Jeremy Lin desfalcou o Houston Rockets no último duelo com o Thunder e é dúvida para o quinto jogo por conta de um músculo do peito.

Acha que é pouco? Vamos, então, ao…

LESTE

Dwyane Wade está com problemas no joelho, e o Miami Heat ao menos teve o luxo de poupá-lo do quarto confronto com o fraquíssimo Milwaukee Bucks, conseguindo assim a quarta vitória e a varrida.

– O New York Knicks enfrenta o Boston Celtics sem poder contar com Amar’e Stoudemire – embora ainda haja a esperança de que ele volte para uma eventual e bem provável semifinal de conferência. Pablo Prigiini perdeu um jogo da série com o tornozelo torcido. Tyson Chandler está com dores no pescoço e nas costas, com sua mobilidade claramente avariada.

Rose, de terno o ano todo

O mistério de Derrick Rose: irmão mais velho diz que armador está a “90%”

– O Indiana Pacers precisou apagar de seus planos qualquer contribuição que esperava de Danny Granger neste ano. Com tendinite no joelho, ficou em tratamento por mais de quatro meses, tentou voltar a jogar em cinco partidas em fevereiro, mas não tinha jeito mesmo. Mais um que foi para a faca. George Hill tem de maneirar em seus movimentos por conta de uma contusão no quadril que causa dores na virilha.

– O Chicago Bulls é como se fosse o Lakers desta conferência. Minha nossa. Derrick Rose ainda não passou um minutinho em quadra em uma longa, longa, loooooonga recuperação de uma cirurgia no joelho (ligamento cruzado). Joakim Noah vai mancando com sua fascite plantar. Kirk Hinrich estourou a panturrilha. Taj Gibson voltou contra o Brooklyn Nets de uma torção no joelho, mas sem danos mais sérios.

– No Atlanta Hawks, Josh Smith tem problemas no joelho e no tornozelo, Al Horford, na coxa, Devin Harris, no pé, e Zaza Pachulia fora do campeonato depois de passar por uma cirurgia no tendão de Aquiles.

– Por fim, o Boston Celtics não conta com Rajon Rondo (ligamento cruzado do joelho) e Jared Sullinger (cirurgia nas costas). Entre as diversas contusões de Kevin Garnett, a última a incomodar está no quadril.

Chega de tortura?

Tenho quase toda a certeza do mundo de que deixei escapar alguma lesão ou contusão neste balanço. E outra: essas são as questões físicas declaradas pelos times e jogadores. Vai saber o que cada um está escondendo no momento.

É realmente necessária uma reflexão por parte da liga a respeito. Sua temporada de 82 jogos chega a ser desumana, considerando o nível de esforço físico exigido no esporte hoje em dia.

Como seriam os playoffs da NBA se todos os times estivessem 100%? O Miami Heat provavelmente ainda seria o grande favorito ao título, tá certo. Mas a gente nunca vai poder realmente saber.

 


Após exílio de 9 meses, folclórico Chris Andersen se torna peça-chave para o Miami Heat
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Giancarlo Giampietro

Quem ainda acreditava no Homem-Pássaro?

Tirando Brook e Robin Lopez e sua fixação por histórias em quadrinhos, acho que ninguém.

Até que o Miami Heat topou abrir suas portas para Chris Andersen, o mítico Birdman. Primeiro, um contrato de dez dias. Depois outro. Até que decidiu renovar de vez com mais um jogador extremamente atlético para sua coleção, conseguindo um pivô que se encaixava perfeitamente com a nova proposta de jogo de Spoelstra. Acho que deu certo. Diga lá, Dwyane Wade?

“Ele é perfeito. Perfeito”, afirmou o ala-armador, que depois procurou filosofar sobre seu novo companheiro, tentando entender o fenômeno.

Chris Andersen, reforço perfeito

Joel Anthony? Ilgauskas? Pittman? Deixa disso, vai de Birdman

“Quando você olha para tudo que o Birdman é, o que as pessoas dizem que ele é e até mesmo o que ele é de certa maneira, ele não corresponde.  Mas quando você olha para o modo como ele joga, sua produção na quadra e do que precisamos, é um ajuste perfeito”, disse.

Bem, deu uma viajada, né? Mas o que dá para entender dessa avaliação é que, para Wade, é fácil observar Andersen e se concentrar apenas nas caretas, bandanas, os mais diversos cortes de cabelo e, especialmente, nas tatuagens, tirando daí uma conclusão simples de que estamos diante de um tresloucado, de um jogador irresponsável, rebelde.

Aí você pega este, digamos, problema de imagem e soma o fato de ele já ter sido banido da liga por uso de drogas e envolvido, no ano passado, em nebulosa investigação em Denver, que levou à apreensão de computadores em sua residência, e o resultado foi que a NBA como um todo se distanciou do pivô, que ficou nove meses parado.

Não que George Karl e a comissão técnica do Nuggets tivesse alguma reclamação, uma postura contrária ao jogador. A equipe simplesmente não tinha espaço mais em sua rotação de pivôs, na qual Timofey Mozgov mal entra em quadra. Mas, quando procurados pelos treinadores de Miami, avalizaram qualquer negócio.

O que Spoelstra enxergava no pacote técnico de Andersen? Um jogador capaz de ampliar o espaçamento da quadra para sua equipe – para cima. Sim ele poderia – e conseguiu – adicionar mais uma dimensão ao ataque e a defesa dos atuais campeões. Com muita impulsão e mobilidade, ótimo tempo de bola e muita munheca, representou uma evolução considerável para a equipe que já contou com o mão-de-pedra Joel Anthony nesta função.

Aproveitando-se de excelente movimentação de bola de sua equipe, dos espaços abertos em infiltrações por LeBron e Wade, Andersen converteu 60,36% de seus arremessos na zona mais próxima da cesta. Mas a melhor notícia ainda é o fato de que 90,24% de seus arremessos durante todo o ano saíram dessa região. Estamos falando de 111 em 123 arremessos no total, com muita consciência tática – veja no gráfico abaixo. Para comparar, no ano passado, 77,8% de suas tentativas foram nessa faixa de curtíssima distância para o aro.

Os arremessos de Chris Andersen

“Sabe, o clube me permite ser o jogador o que sou. Este tipo de liberdade dá uma grande margem de confiança para mim. Isso me inspira a voltar para o ginásio e trabalhar ainda mais duro, muito mais, para me esforçar em ser um jogador melhor”, disse Andersen, que tem 80% de suas cestas de quadra oriundas de assistências dos companheiros.

Além disso, com sua presença sui generis, o pivô se encaixou rapidamente em um elenco que o próprio técnico diz não ser dos mais fáceis: “Acho que este foi um ponto-chave com Cris, que ele se encaixou em um vestiário complexo. Você precisa ter personalidade, tem de ser confiante. Se não tiver a personalidade certa, você pode ser destroçado numa situação dessas”.

Hoje, o reforço é intocável. “Ninguém vai mexer com o Bird. Há dois caras que você não tem permissão para mexer aqui: ele e o UD (Udonis Haslem)”, afirmou LeBron.

A personalidade de Andersen é tamanha que ele dobrou até mesmo uma das regras pessoais de Spoelstra, que havia prometido que não se referiria a nenhum atleta por seu apelido e deixou escapar vez ou outra um “Bird” em suas entrevistas, se desculpando em tom de brincadeira na sequência.  E nem precisava se desculpar, nem nada. Com Andersen, ou Bird, no time, o Heat decolou, acumulando 38 vitórias em 41 partidas. “Por alguma razão, ele é diferente”, explicou Spoelstra.

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Não há dúvida de que Chris Andersen seja um personagem cult, e há um certo cuidado para valorizar sua marca. Um dia desses ele corrigiu um repórter sobre seu hábito de simular batidas com os braços em quadra como se fossem asas. “Batida. Eu bato apenas uma vez, então não são batidas.”

(Se bem que, na abertura do Harlem Shake do Miami Heat, ele bate o braço no mínimo umas 13 vezes:

Figura.

Já um dos queridinhos da torcida do Miami, agora com exposição nacional nos EUA, chegou a hora de Andersen se apropriar do codinome Birdman como sua marca profissional. “Eu preciso registrar. Estamos tentando”, afirma. Seu agente, porém, só esclarece algo. “Tudo o que ele faz vai para caridade. Ele está envolvido demais com ciranças. Vamos lançar a Fundação Freebird para ajudar crianças desfavorecidas. Qualquer um que estiver vendendo camisetas ilegais do Birdman na Internet está roubando dinheiro da caridade”, disse.

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Veja abaixo as duas participações de Andersen na disputa de enterradas do All-Star Weekend em anos consecutivos, 2004 e 2005. Destaque, claro, para sua épica apresentação no segundo ano, na qual testou a paciência de toda uma nação. Reparem também como seu corpo ainda estava limpinho, limpinho, e como Gilbert Arenas ainda era uma estrela naquela época:

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E aqui o Chris se junta ao PETA num belo esforço de relações públicas, exibindo todas suas tatuagens:

 

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Chris Andersen foi o primeiro jogador a ser promovido da D-League para a NBA, em 2001, pelo Denver Nuggets, clube no qual foi companheiro de Nenê por seis temporadas. Antes de defender o Fayeteville Patriotas na liga de desenvolvimento, passou pelo basquete chinês e pela extinta IBA (International Basketball Association).