Vinte Um

EUA reúnem em Las Vegas grupo que deve formar base da seleção no Rio 2016

Giancarlo Giampietro

Coach K

Palestra (gratuita) do Coach K em Las Vegas: exposição para os jovens selecionáveis

É, Espanha, não tá fácil, não.

Se a geração de Pau Gasol e Juan Carlos Navarro ainda tem alguma ambição de subir ao degrau mais alto de um pódio em qualquer torneio internacional Fiba – se for num Mundial disputado em casa, melhor ainda ; ) –, as notícias que vêm dos Estados Unidos desde o final de semana não são nada animadoras. E, ok, o mesmo vale para Rubén Magnano e qualquer outro técnico de seleção com alguma ambição imediata de título.

Em Las Vegas, o Coach K acaba de reunir 28 jogadores para uma semana de treinamentos, mostrando que o trabalho de Jerry Colangelo na USA Basketball segue sério. Muito sério.

Veja bem: eles não vão disputar nenhuma competição este ano – não precisam jogar a Copa América por já estarem classificados para o Mundial, via Olimpíadas –, mas isso não impediu que o dirigente recrutasse mais de duas dúzias de jovens talentos para alargar as bases de possíveis convocados para as próximas temporadas.

Quem deu as caras por lá? Clique aqui e sinta o drama.

Alguns destaques: John Wall, Kyrie Irving, Ty Lawson, Paul George, DeMarcus Cousins, Anthony Davis, Greg Monroe, entre outros. De todos os jogadores convocados para este período de treinos, o ala-pivô Taj Gibson, do Chicago Bulls, era o mais velho, com 28 anos – mas acabou de ser cortado, devido a uma torção de tornozelo. As outras baixas são o ala Kawhi Leonard, recém-operado, e George Hill. Agora só sobraram jogadores nascidos entre 1987 (Lawson) e 1994 (o armador Marcus Smart, da universidade de Oklahoma State).

Alguns desses jogadores já chegaram ao nível de All-Star na liga norte-americana, outros estão no limiar. E não vai parar por aí. Para jogar o Mundial do ano que vem, a ideia é adicionar alguns ''veteranos'' da seleção americana, com Russell Westbrook, Kevin Love, James Harden e, claro, Kevin Durant já indicando que pretendem defender seu título. A ideia é essa, então: mesclar sangue novo, pensando adiante, com representantes das campanhas recentes para manter a hegemonia. Tudo sob a orientação precisa e educadora de Mike Krzyzewski, convencido a ficar no cargo.

Com o desgaste acumulado de mais três temporadas de NBA até que sejam realizados os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, é provável que pouco sobre da base bicampeã em Pequim e Londres para lutar pelo tricampeonato. De modo que muitos desses atletas agrupados em Vegas nesta semana podem dar as caras por cá, daqui a três anos. Hoje, eles ainda podem não ter a grife de seus antecessores, mas vem chumbo grosso de qualquer maneira.

A turma do Coach K

Escolinha do Coach K: passando as mensagens do programa

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Entre os 28 jogadores convocados para esta semana, dois casos reforçam a mentalidade profissional de Colangelo na condução das operações da USA Basketball: o caçula Smart e o ala Doug McDermott, da universidade de Creighton. Smart acabou de ser campeão mundial sub-19 na República Tcheca e McDermott defendeu os EUA na Universíade de Kazan. A presença dos dois entre tantas jovens estrelas da NBA manda uma mensagem: a de que todos teriam chance de fazer parte da seleção norte-americana, bastando cumprir algumas etapas do processo. Quer dizer: se você se ''sacrifica'' em um verão para, supostamente, jogar competições menores, pode ser premiado no futuro com uma vaga entre a elite.

Smart, por exemplo, é cotado como uma escolha top 5 no próximo Draft da NBA. Jogadores nessas condições já têm uma agenda (em todos os sentidos) cheia e tendem a abrir mão de compromissos com a seleção para acelerar suas classes e, ao mesmo tempo, trabalhar com seus treinadores superprotetores no campus. Na agenda política da NCAA, essas são coisas que pesam bastante. Já McDermott, também considerado um prospecto de NBA, embora em um patamar bem mais baixo, serve como um símbolo para outros atletas do segundo escalão: que mesmo eles podem ser valorizados caso topem jogar em torneios como a Universíade ou o próprio Pan-Americano.

É um modo criativo que Colangelo encontrou para fomentar a competitividade entre as diversas seleções norte-americanas.

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O promissor ala-armador Bradley Beal, do Washington Wizards, é outro que está contundido. Mas Krzyzewski ficou em cima do garoto, ainda adolescente. ''O Coach K ainda quer que eu vá. Eles querem que eu compareça mesmo que eu não vá participar dos treinos'', afirmou o jogador, que já foi obrigado a ficar fora da liga de verão de Las Vegas por seu clube.

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A comissão técnica do Coach K para o próximo ciclo olímpico tem duas novidades: Tom Thibodeau, o mestre defensivo do Chicago Bulls, e Monty Williams, o jovem e já badalado técnico do New Orleans Pelicans. O veterano Jim Boeheim, de Syracuse, segue no estafe. Combinando os sistemas de marcação por zona de Boeheim com os conceitos híbridos de This, já dá para imaginar o sofrimento das seleções que tiverem de atacar o Team USA.

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Colangelo fez as pazes com DeMarcus Cousins. O pivô integrou um time de sparrings (o Select Team) no ano passado para ajudar na preparação da seleção olímpica norte-americana e passou a pior impressão possível. Desceu a lenha nos treinamentos, reclamou horrores e deixou os técnicos horrorizados, hehehe. O Boogie de sempre, chamado publicamente de ''imaturo'' pelo dirigente.  Mas os recursos técnicos do pivô são tão chamativos que… Não há quem aguente estender o castigo, de modo que o jogador do Sacramento Kings ganhou mais uma oportunidade em Las Vegas. ''Isso não vai me incomodar de jeito nenhum. Ele me deu mais uma chance para chegar e provar meu valor'', disse o atleta. ''É uma grande honra só de ter meu nome aqui.''