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Rockets dispensa armador, mas contrata dois e volta a ter número máximo de atletas
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Giancarlo Giampietro

Primeiro foi dispensado o ala Diamon Simpson. Nesta terça, foi a vez de o Houston Rockets anunciar que o armador Courtney Fortson não faz mais parte dos planos da franquia para a próxima temporada da NBA.

Scott Machado em ação em Las Vegas

Scott, de preto, em ação em Las Vegas

Seria, então, um a menos no caminho de Scott Machado, certo?

Seria, não fosse a contratação de mais dois atletas pelo clube texano: o também armador Demetri McCarney e o ala-armador Kyle Fogg, segundo o setorista do Houston Chronicle, Jonathan Feigen.

McCarney, de 23 anos, foi revelado pela universidade de Illinois e que jogou a última temporada na Turquia, sem ter sido draftado por uma equipe norte-americana. Segundo consta, é um cara de perfil bem diferente do brasileiro nova-iorquino: mais alto, forte e voltado para a finalização de jogadas e passes pouco efetivos.

Fogg se formou pela universidade do Arizona, também passou direto pelo Draft e foi companheiro de Scott na liga de verão de Las Vegas. A parte bizarra: ele disputou apenas um jogo no torneio, ficou 22 minutos em quadra e marcou quatro pontos, mesmo número de desperdícios de posse de bola, aliás.

No vídeo abaixo, aliás, você pode ver Fogg vindo de ncontro ao brasileiro para cumprimentá-lo por uma bela assistência para o grandalhão Josh Harrelson em um contra-ataque. Mais interessante ainda agora: bem no finalzinho do clipe, repare no cabeludo que sai do banco para recebê-los. Trata-se do próprio Fortson. São as voltas e voltas do mundo, gente. Mundo pequeno esse. 🙂

Com a adição dos dois jogadores, o Rockets volta a atingir o número máximo de atletas que um clube da NBA pode ter numa pré-temporada: 20. Até o início do campeonato, lembrando, o gerente geral Daryl Morey precisa dispensar cinco deles, e aí está o risco para Scott Machado.

Difícil de entender, a não ser que McCarney e Fogg sejam encarados como ótimos reforços para o Rio Grande Valley Vipers, da D-League, já que os atletas que entrarem no training camp da NBA sob contrato com um clube são, por direito, exclusivos de sua respectiva franquia na divisão menor, caso não seja aproveitado.


Queridinho da América dá sua última cartada para tentar voltar à NBA
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Giancarlo Giampietro

Adam Morrison, Summer League Las Vegas 2012

Em 2005 e 2006, Adam Morrison foi um dos queridinhos da América. Com estilo hipster e muitas, mas muitas cestas, ele colocou a cidade de Spokane, sede da universidade de Gonzaga, láaaa no Noroeste dos Estados Unidos, no mapa esportivo do país.

Hoje, seis anos depois, ele afirma ter dado, na liga de verão da NBA de Las Vegas, sua última cartada para seguir no basquete profissional. O que aconteceu para seu conto de fadas chegar a esse ponto?

Bem, longa história.

*  *  *

Adam Morrison, darling da NCAAComeçando pelo conto: em sua temporada de junior (terceiro ano no College), 2005-2006, marcou 28,1 pontos por jogo e foi o cestinha de todo o basquete universitário. Por cinco vezes, quebrou a barreira dos 40 pontos, algo considerável na competição, mesmo se fosse contra adversários não tão respeitáveis.

Chamava atenção seu estilo de velha escola, com uma habilidade para acertar arremessos de todos os pontos da quadra, mesmo sem ser o mais explosivo ou atlético, longe disso. O cabelo era volumoso, com a franja estendida por toda a testa, o bigode, ralo, as meias escuras ficavam estiradas até a canela, num visual incomum para jovens de sua geração. Para completar seu status cult, também ajudavam bastante injeções de insulina que podia receber até mesmo no banco de reservas para controlar a diabete, diagnosticada aos 13 anos.

Seus feitos ocupavam manchetes pelo país e dominavam o noticiário dos canais esportivos nas TVs fechadas. Era um darling, mesmo. A cena em que desaba na quadra, chorando muito, após uma derrota para UCLA nos mata-matas da NCAA, gerou muita repercussão. Uns elogiavam sua paixão pelo jogo, outros questionavam se ele era forte mentalmente para seguir adiante.

Em 2006, pulando seu último ano universitário, foi draftado em terceiro pelo Charlotte Bobcats. Michael Jordan, que havia acabado de assumir o controle das operações de basquete da franquia, dava seu aval.

*  *  *

Uma vez na NBA, o choque de realidade foi embaraçoso. Morrison tinha séria dificuldade para marcar seus oponentes, geralmente muito mais ágeis e mais fortes, penava para bater os 40% no aproveitamento de arremessos de quadra. Terminou o ano de calouro na reserva e mal-afamado. No início de sua segunda temporada, para piorar, sofreu uma grave lesão no joelho, perdendo todo o campeonato. Em 2009, foi trocado para o Lakers.

Adam Morrison, Draft BobcatsCom Phil Jackson, foi bicampeão da NBA, mas mal saía do banco, enquanto o ala Shannon Brown, que o acompanhou na transação e nada badalado, se tornava uma peça importante na rotação. Em 2010, foi dispensado pelo clube californiano.

Virou piada para os jornalistas, sempre lembrado como o caso de alguém que havia fracassado na liga. Desde então, tenta regressar sem sucesso. Jogou pelo Estrela Vermelha, na Sérvia, onde foi bem. Quando se transferiu para o Besiktas, da Turquia, voltou a se afundar na reserva, rompendo seu contrato em fevereiro deste ano.

*  *  *

“Estou aqui para ver se algo pode acontecer”, afirmou Morrison, antes de disputar a Summer League de Las Vegas pelo Los Angeles Clippers. Em Orlando, ele jogou pelo Brooklyn Nets. “Se eu jogar bem, talvez eu ganhe uma chance aqui ou talvez por outro time da NBA.”

Se não der certo? Ele descarta voltar para a Europa. “É muito longe e tenho duas filhas agora. Estou muito certo de que se nada acontecer agora, provavelmente eu irei para casa, concluirei meu curso (administração esportiva) e vou virar um técnico. Há um certo prazo para você perseguir algo. Se não der certo, então é hora de seguir em frente.”

Adam Morrison, cabeleira, mas sem bigodeNeste domingo, naquele que pode ter sido, então, seu último jogo como um profissional de basquete, ele marcou 26 pontos em 29 minutos contra o Celtics de Fabrício Melo. Converteu 9 de seus 15 chutes de quadra, quatro em seis de três pontos. Foi aplaudido pelos torcedores e até ouviu gritos de “M-V-P”. Mesmo que de brincadeira, gostou. “Nos últimos seis anos, eu fui só vaiado. Então foi bom isso”, afirmou.

Em Vegas, ele anotou 20 pontos por partida, com 55,1% nos chutes de quadra e incríveis 61,9% nos três pontos. “Só queria mostrar para as pessoas que posso jogar. Muito foi dito sobre mim, de que sou apenas um reserva, o que entendo”, afirmou. “Mas vim para cá muito por orgulho, para mostrar o que posso fazer. Se não der certo, posso dizer que estou feliz pelo que fiz e mudarei para algo diferente”.

Será que é o fim da linha ou a América se mostrará como aquela terra de segundas chances para o ala?

No Clippers, pode ser difícil, depois da contratação de Grant Hill e Jamal Crawford. Mas talvez haja algum clube por aí empenhado em testá-lo. A história precisa, realmente, de um final.


Doc Rivers confirma Fabrício Melo como um “projeto” do Celtics
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Giancarlo Giampietro

Ao avaliar o desempenho dos três calouros do Boston Celtics durante nas ligas de verão da NBA, o técnico Doc Rivers foi bem sucinto ao falar sobre o pivô Fabrício Melo: “Fab é apenas um projeto hoje e acho que ele será um jogador nesta liga em algum ponto. Não sei se vai ser no próximo ano. Pode ser”.

Fab Melo, projeto do CelticsVeja bem. Esse é o treinador do Celtics, procurando minimizar qualquer expectativa em torno do brasileiro para o próximo campeonato, ciente de que vai ser difícil aproveitar o jogador em seu ano de calouro. Por isso é preciso (muuuita) calma também na hora de pedir o rapaz na seleção brasileira a cada convocação. Tem hora para tudo.

Por sorte de Fabrício, seu clube foi dos poucos que colocou a equipe de verão em ação tanto na Summer League de Orlando como na de Las Vegas, podendo disputar dez partidas. Pertinho do castelo da Disney, ele teve média de 15 minutos por jogo. Na cidade da jogatina, foram 17. A média de pontos subiu de 1,8 para 4,0 de um evento para o outro, enquanto a de rebotes caiu de 4,8 para 3,2.Em tocos, foi de 1,0 para 1,2. O aproveitamento de arremessos variou de 28,6% para 53,3%.

O pivô deu mostras de seu potencial. Movimentou-se com agilidade pela quadra, deu bons passes, protegeu o aro e matou seus chutes de média distância facilidade maior do que o esperado. Mas também deixou claro que ainda falta muito o que desenvolver em seu jogo: sua defesa no mano-a-mano é deficitária – em Syracuse, Jim Boeheim sempre investiu mais em marcações por zona – e seus movimentos ofensivos ainda são bem limitados, por exemplo.

“Este é apenas o sexto ano do Fab jogando, mas ele está melhorando a cada pedido de tempo. Seu condicionamento também está melhorando”, afirmou Tyronne Lue, armador que um dia já perseguiu Allen Iverson nas finais da NBA pelo Lakers e foi o treinador principal da equipe de verão do Celtics. “Acho que em Syracuse eles jogavam com defesa por zona o tempo todo, então ele poderia apenas ficar parado no meio do garrafão. Mas aqui você tem de subir, se apresentar em cima da bola e depois tem de recuperar seu lugar na rotação defensiva. Você, então, tem de tomar uma decisão, e há diversas coisas para se fazer. Acho que seu ritmo e condicionamento é um fator, mas ele vai ficar bem.”

Quando escolheu o mineiro de Juiz de Fora, o Celtics sabia o que estava contratando. É provável até que Fabrício passe um tempo na D-League, ainda mais que, na temporada 2012-2013, o clube afiliado Maine Red Claws passa a ser exclusivo da franquia que mais títulos venceu na NBA.

Danny Ainge e Rivers vão abordar seu desenvolvimento com paciência, enquanto Jared Sullinger, o outro novato de garrafão da equipe, já está pronto para batalhar de cara. Enquanto isso, cada dia na liga vai servindo realmente como uma lição para o pivô. Com o que aconteceu na semana passada: a poucos minutos de iniciar um confronto com o Sacramento Kings em Las Vegas, o armador E’twaun Moore e o pivô Sean Williams, com quem havia dividido a quadra por quase um mês, foram puxados de canto no ginásio para serem informados de que não jogariam. Eles haviam acabado de serem trocados para o Houston Rockets.


Scott Machado encerra em alta sua participação em liga de verão
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Giancarlo Giampietro

“Machado começou a perceber que ele pertence e essa confiança o ajudou a liderar o jovem Rockets”, “Scott Machado parece um jogador de NBA para mim, o jogador de Iona terminou com 20 pontos e seis assistências”, “Machado dando um show com seus passes aqui”, “Aceito definitivamente o hype de que Scott Machado merece estar em um elenco de NBA”.

Scott Machado em ação em Las Vegas

Scott, de preto, em ação em Las Vegas

As frases acima são todas tiradas de tweets de jornalista cobrindo ou assistindo aos jogos da liga de verão de Las Vegas durante toda a semana. Nesta quarta-feira, o Houston Rockets e Scott Machado encerraram sua participação, com quatro vitórias e uma derrota. A julgar pelos comentários, o brasileiro do Queens agradou um bocado, né?

Uma coisa a gente já sabia, antes do início do torneio: Scott era um dos melhores armadores puros, tradicionais dessa fornada e tinha tudo para colocar os talentosos do time texano para jogar. Nas duas primeiras partidas, as coisas não saíram muito bem: foram 38 minutos, seis pontos, seis assistências e oito desperdícios de bola. Pouco ou nada eficiente. A partir da terceira rodada, porém, o astral virou.

Na segunda-feira, contra Jimmer Fredette e o Sacramento Kings, foram dez assistências e seis pontos e três roubos de bola, ajudando a ofuscar os quatro turnovers. A seguir, na terça, seis assistiencaias, oito pontos, e mais três roubos de bola e os mesmos três erros contra o Portland Trail Blazers de Damian Lillard, pick seis do Draft. Nesta quinta, por fim, seu melhor jogo, diante do Chicago Bulls de Marquis Teague, armador campeão por Kentucky e 28ª escolha no Draft: 20 pontos, seis assistências e muito mais agressivo ofensivamente, acertando 6 de 14 arremessos e 7 em 10 lances livres.

“No segundo jogo, fiquei um pouco mais confortável, apenas me acostumando ao ritmo do jogo e aos companheiros ao meu redor. Uma vez que você começa a observar tudo, o as coisas vão ase ajeitando melhor. Isso me deixou confortável. Era eu passando e alguém recebendo e fazendo a cesta”, afirmou o brasileiro ao Houston Chronicle. O assistente técnico JB Bickerstaff corroborou: “Eles estão chegando agora, tentando descobrir como se encaixam aqui. Uma vez que ficam confortáveis, voltam a ser quem são, e Scott é um ótimo passador. Você viu ele fazer ótimas jogadas.  Ele acha os caras e consegue cestas fáceis, e é isso o que os armadores devem fazer”.

O ponto destacado por Bickerstaff faz todo o sentido: para as Summer Leagues, os clubes reúnem atletas que provavelmente nunca jogaram juntos antes e tiverm quatro ou cinco dias de rachão para entrosar. Sem contar a pressão psicológica de estar encarando um teste que, na cabeça dos garotos, pode ser definitivo, ainda mais no caso de Scott, que nem draftado foi.

As médias do armador foram de 8,0 pontos, 5,6 assistências, 2,5 roubos de bola e elevados 3 desperdícios por jogo – se computados apenas os últimos três jogos, saem ainda melhores: 11,3 pontos, 7,3 assistências e 3,3 roubos de bola, para 2,6 erros. Mas o mais importante: do primeiro jogo ao quinto e último, seu tempo de quadra foi elevado de 19 para 33 minutos, gradativamente. Começou no banco e terminou como titular. Se a confiança dele aumentou, a do técnico Kevin McHale em seus seviços também cresceu.

O brasileiro não depende apenas do clube de Houston. Qualquer interessado pode entrar em contato com seu agente. Mas o Rockets aparece no momento como ótima oportunidade, pois, hoje, só tem Jeremy Lin como armador. Há vagas, então, sempre condicionadas ao interminável rolo das negociações por Dwight Howard.

Daí vem o tweet talvez mais significativo, do repórter Jonathan Feigen, setorista do Chronicle, o diário local, que prestou mais atenção, supomos: “Scott Machado parece certo de que vá ser convidado para o training camp, com uma chance de entrar para o elenco, dependendo das mudanças que vêm por aí”.


Paulão tenta a sorte em Las Vegas
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Giancarlo Giampietro

Já que eles são novidade, natural que concentremos esforços para acompanhar a produção de Fabrício Melo, pelo Boston Celtics, e Scott Machado, pelo Houston Rockets, na Summer League de Las Vegas da NBA. Mas fica o convite, aqui, para que observem também por lá o Minnesota Timberwolves, que vai contar com um certo Paulão Prestes em seu elenco.

Desde o ingresso de Nenê e Leandrinho na liga norte-americana, em 2002 e 2003, essa virou meio que uma obsessão do basqueteiro nacional: avaliar a garotada que está surgindo, brincar de mercado futuro e projetar se cada um deles pode, ou não, emplacar uma carreira na NBA. Ser draftado, ser chamado para a seleção aos 18 anos, ser o cincão dos sonhos etc. Fab e Scott foram os últimos a fomentarem esse faniquito que envolve também Lucas Bebê, Raulzinho e, em breve, vai abraçar Lucas Dias.

Paulão Prestes na Lituânia

Paulão estava dando suas trombadas na Lituânia

Mas não faz muito tempo que, nesse contexto, a coqueluche era o Paulão, o força-bruta revelado pelo Ribeirão Preto e ex-aposta do Unicaja Málaga. Em 2007, ele comandou uma campanha histórica da seleção no Mundial Sub-19, terminando fora do pódio, mas com o quarto lugar. Em 2010, foi selecionado pelo Wolves na 45ª posição do Draft. Em 2012? Bem, parece que nem figura mais no imaginário coletivo nacional. Mesmo que ele tenha ainda apenas 24 anos.

Está certo que a carreira do pivô de Monte Aprazível (demais!) não evoluiu, nas últimas temporadas, como o esperado. Contribuíram para o progresso lento as constantes lesões do jogador e também seu complicado rolo com o clube espanhol – algo semelhante aconteceu com Vitor Faverani, embora mais por questões disciplinares do que físicas. Paulão foi emprestado diversas vezes, para o bem, ganhando experiência seja nas divisões inferiores ou na Liga ACB. Mas nunca foi o bastante para convencer o Málaga a aproveitá-lo para valer. Aos poucos, o clube se cansou de pagar seu salário, a relação se desgastou, acabou o namoro. Na última temporada, no fim, para se reerguer, Paulão foi parar na Lituânia, onde virou Paulo Sérgio Prestesas (mais que demais!).

Paulão Prestes, ex-Unicaja Málaga

Paulão, antigo projeto do Málaga, prefere um jogo mais lento

Terminada a jornada báltica, Paulão decidiu mudar drasticamente a direção de sua trajetória. Arrumou as malas e fez uma loooonga viagem rumo a Los Angeles, onde passou um mês treinando, refinando o jogo e o corpo, antes de mostrar serviço a David Kahn e Rick Adelman. Nesta segunda, ele abre sua participação no torneio de Vegas contra o Clippers.

Ao contrário de Fabrício e Scott, que ainda são projetos, Paulão entra em quadra com mais responsabilidade. Vem sendo observado pelos Wolves há dois anos e precisa mostrar de cara que merece uma vaga no clube na próxima temporada – ajuda o fato de eles terem dispensado Darko Milicic e trocado Brad Miller, aliás. No momento, há uma clara carência de pivôs no elenco, e eles talvez precisem de alguém mais barato, principalmente no caso de a volumosa proposta especulada por Nicolas Batum  não for coberta pelo Trail Blazers.

A má notícia? Os técnicos do Minnesota estão falando em incentivar um sistema uptempo em seu time de verão. Querem que atuem num ritmo acelerado. O quanto isso ajuda um pivô como o brasileiro, que é mais pesado e joga trombando de costas para a cesta? Não muito. Se for essa a proposta, mesmo, o paulista tem de se dedicar horrores aos rebotes defensivos: seria um modo de participar do jogo sem se deixar alienar pela correria.

* * *

Fab Melo e Scott Machado jogam nesta segunda também. O pivô do Celtics já vem com mais rodagem, depois de ter atuado semana passado na liga de Orlando.Também tem dois anos de contrato garantidos, então sobra tempo para falar sobre ele. O armador, porém, joga muito mais pressionado.

E como anda Scott? O brasileiro do Queens vai fazer sua terceira partida pelo Rockets. Contra o Raptors, na sexta-feira, ele ficou em quadra por 18 minutos e somou dois pontos, cinco assistências e quatro desperdícios de bola, acertando 1 de 6 arremessos. No sábado, contra o Wizards, ele jogou por 20 minutos e teve quatro pontos, uma assistência, quatro turnovers e 2/4 nos chutes de quadra.

Não são números de encher os olhos, mas vale a ressalva da semana passada: a) as estatísticas não são tão confiáveis nesses torneios, b) os jogadores mal se conhecem, o desentrosamento é visível; c) há muita gente querendo matar a concorrência: o pivô compete com o armador, que compete com os alas, tudo por uma ou duas vagas restantes em cada clube; d) os times não necessariamente vão avaliar números: importa muito mais o modo como cada um se comporta em quadra.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Paulão em sua encarnação passada.


Vai com calma: 14 minutos para Fab Melo
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Giancarlo Giampietro

Vai levar um tempo, precisa de paciência. Nesta segunda-feira, o pivô Fabrício Melo jogou pela primeira vez pelo Boston Celtics, embora não seja exatamente sua estreia oficial pela franquia mais vitoriosa da NBA. Vocês sabem: estamos falando de Summer League, que é um misto de rachão com jogo para valer.

Fab Melo, Summer League

Fab Melo em um de seus dois chutes do dia

Quer dizer: vale muita coisa para uma série de atletas marginais, que jogam pela sobrevivência e contratos na liga, e dos novatos, que têm uma ótima chance de se adaptar aos desafios da liga. Por outro lado, o limite de faltas para cada jogador é de dez por partida, os juízes são muito menos exigentes e os técnicos nem querem, nem têm tempo de bolar muitas jogadas para a moçada. E não há nada de Kevin Durant, Derrick Rose ou Kevin Love por estas bandas.

Um contexto essencial para avaliar os números e jogos de Fab Melo – e posteriormente – Scott Machado durante esse tipo de torneio. Em relação ao pivô, pesa ainda mais o fato de ele ser encarado apenas como um projeto pela diretoria do Celtics. Não esperam um impacto por parte dele desde já.

Pois bem: nesta segunda, então, Melo participou da vitória do Celtics sobre o Oklahoma City Thunder, por 73 a 65. Reserva, o brasileiro jogou apenas por 14 minutos, somando dois pontos, dois rebotes e dois tocos – o número de tocos elevado em relação aos outros quesitos estatísticos repete um padrão de seu início em Syracuse. Chutou apenas duas vezes, convertendo uma bola de meia distância. Enquanto esteve em quadra, a equipe ganhou por seis pontos. O ala-pivô Jared Sullinger, selecionado no Draft apenas um posto atrás, ficou em quadra por 24 minutos e somou 20 pontos e seis rebotes, sendo o cestinha. Mas era esperado que ele estivesse mais pronto para jogar de cara, tendo muito mais tempo de basquete nas costas (sem trocadilho, já que há uma questão médica a respeito de sua condição física).

Melo e Sullinger entraram juntos em quadra quando faltavam 3min50s para o fim. Segundo jornalistas presentes, Fabrício não se intimidou em quadra e falou bastante com os companheiros na defesa, aproveitando-se do know-how que adquiriu sob o comando de Jim Boeheim na universidade.

O titular na sua posição foi Sean Williams, veterano draftado pelo Nets em 2007, que teve muitos problemas de indisciplina, drogas etc, e voltou a ser aproveitado na liga no ano passado, primeiro pelo Dallas e, depois, por Boston. Quatro anos mais velho que Fabrício, ele jogou os mesmos 14 minutos e terminou com seis pontos, quatro rebotes e um toco.


Filho de Stockton ganha chance no Utah Jazz
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Giancarlo Giampietro

Michael Stockton

Michael Stockton devolve o sobrenome aos registros históricos do Utah Jazz

Há um Stockton no elenco do Utah Jazz que disputa a Summer League de Orlando a partir desta segunda-feira. Michael Stockton, no caso, 22 anos e filho do legendário armador que ganha uma oportunidade de mostrar serviço para a franquia em que seu pai se consagrou.

Formado por uma universidade pequena de Salt Lake City – a Westminster College, jogando também futebol americano –, o também armador jogou a última temporada pelo BG Karlsruhe, clube que disputa a segunda divisão da Alemanha e esteve entre os últimos colocados durante todo o ano. Muito pouco? Ele nem se importa.

“Só queria uma chance, não importando onde ou em qual liga. Disse que iria para qualquer lugar”, afirmou o jovem Stockton, que se frustra um pouco por não saber falar alemão. “Há muito espaço para evoluir. Já consegui fazer algumas coisas boas, mas não que tenha nem arranhado a superfície do que posso ser como jogador. Não fiz muitas cestas, não fui espetacular, mas fui sólido.”

Michael não é o único descendente de John Stockton a tentar a carreira de jogador. Seu irmão mais novo, David, joga pela universidade de Gonzaga, pela qual o pai se formou nos anos 80.

John e Paul Millsap

John e Paul Millsap em 2007

Em sua posição, no time de verão do Jazz, Michael não terá vida fácil. Os titulares devem ser Blake Ahearn, veterano da D-League que terminou a temporada passada da NBA no elenco do Jazz, e o talentoso Alec Burks, lottery pick em 2011. O versátil Kyle Weaver também deve ser bastante utilizado.

* * *

Outra curiosidade na lista de jogadores do Jazz: o ala John Millsap, irmão mais velho de Paul, ala-pivô que é um dos destaques da franquia e um dos jogadores mais subestimados da liga. Aos 29 anos, ele tenta novamente cavar um espaço no clube pelo qual treinou em outras ocasiões – na última temporada, defendeu o Guaros da Venezuela, tendo já rodado por República Dominicana, Porto Rico, Argentina e Europa. Outro integrante do clã Millsap, Elijah, também joga profissionalmente, na D-League.


Troca do Houston abre espaço para Scott Machado
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado

Não faz muito tempo que questionamos aqui se o Houston Rockets era a melhor pedida para Scott Machado jogar uma Summer League da NBA e tentar descolar sua vaga na próxima temporada. Bem, obviamente nessa avaliação foi subestimada a volatilidade que a liga norte-americana oferece em seu mercado.

Uma semana atrás, o Rockets contava com dois ótimos armadores em seus planos: o esloveno Goran Dragic, agente livre eleito prioridade pela direção da liga para renovar seu contrato, e Kyle Lowry, um pitbull na defesa que evoluiu no ataque a cada temporada. Hoje, 17h (de Brasília) de quinta-feira, nenhum dos dois atletas mais faz parte do clube. Que coisa, hein?

Dragic acertou verbalmente na quarta um contrato polpudo com o Phoenix Suns, seu ex-time. Lowry ficou sabendo hoje que vai precisar arrumar as malas e se mudar para o norte. Destino: Toronto Raptors, em troca surpreendente. Enquanto isso, o gerente geral Daryl Morey tenta convencer Jeremy Lin a voltar para o clube, numa transação bem complicada, que dependeria da boa vontade do Knicks – e quem vai abrir mão de um jogador com potencial de marketing desses?

Aí, o que temos agora (bem, reforcemos aqui o “agora”, já que tudo mudou de uma hora para a outra): um Rockets sem armador titular para a campanha 2012-2013 e com o brasileiro criado no Queens, NY, perfilado para defender seu time no torneio de verão de Las Vegas. Uma exibição segura (ou, vá lá, brilhante) por lá pode lhe render ótimos e inesperados dividendos.

Scott Machado, que já está em Houston para iniciar os treinamentos naquela que pode ser sua nova casa, passou batido no draft, mas vê, exatamente uma semana sepois, sua sorte mudar, e para melhor.

*Atualizacão: 18h (horário de Brasília, hehe), o baixinho Aaron Brooks seria outro alvo do Rockets para a posição, no caso de as coisas com Jeremy Lin não darem certo. Brooks era do Rockets e havia sido trocado por Dragic. Não deu certo em Phoenix, jogou temporada passada na China devido ao locaute, não recebeu oferta e agora pode retornar a Houston para a vaga de Dragic, que está retornando ao Suns. Se não entendeu nada, tudo bem.